Nomenclatura Gramatical Mattoso
Nomenclatura Gramatical Mattoso
Nomenclatura Gramatical Mattoso
UNIVERSIDADE | Va T VI A fi FACULDADE
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P A R A N Á I I L I 11 f i I I FILOSOFIA
REVISTA DOS CURSOS DE LETRAS
Nomenclatura Gramatical n
Rio
1.° A U L A
Com isso, pego licença para concluir. Não foi meu propósi-
to explicar minuciosamente as prescrições da nova Nomenclatura
Gramatical Brasileira, mas tão somente, para corresponder à con-
fiança do nosso Diretório Acadêmico, na medida de minhas for-
ças, ressaltar alguns aspectos importantes e positivos que
ela trouxe para o progresso do ensino gramatical da língua por-
tuguêsa.
2. a A U L A
nada vale sem o outro, enquanto èsse outro sem êle fica incarac-
terizado. "Verde" sem "auri-" continua o mesmo verde, e "auri-"
designa por si só uma parte do pano; "verde" sem "garrafa" não
é o mesmo verde, e "garrafa" por si só nada tem que ver com o
pano.
Se passarmos ao plano da frase, temos analogamente a co-
ordenação em "João e Maria" como dois indivíduos distintos que
estão citados juntos. Mas em "João da Maria" temos uma subordi-
nação, pois se trata de um indivíduo único — o João, que se dis-
tingue de outros por ser qualquer coisa da, Maria (seu filho, seu
marido e assim por diante). Em "João e Maria" eu focalizo o João
e depois focalizo a Maria; em "João da Maria" eu só focalizo
João e procuro bem caracterizá-lo. Isto quanto a focuções. Quan-
to a orações, temos, de um lado, — "Disse mas mentiu", e, de
outro lado, — "Disse que mentiu". No primeiro caso, tenho duas
afirmações justapostas: afirmo que êle disse qualquer coisa e
afirmo que o que disse foi uma mentira. No segundo caso, a mi-
nha afirmação é só uma e refere-se ao que foi dito, caracterizan-
do-o em seu conteúdo. Da mesma sorte que em "verde-garrafa",
o elemento "garrafa" não faz sentido, na subordinação oracional
uma oração subordinada nada vale sem aquela a que modifica e
esta sem a sua subordinada fica incaracterística ou fragmentária.