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Produção Do Leite A2 e Melhoramento Genético Do Rebanho

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■ Artigo de revisão

Revista Interdisciplinar de Saúde e Educação


Ribeirão Preto, v. 1, n. 2, 2020. ISSN 2675-4827

Produção do leite A2 e melhoramento genético do rebanho*

A2 milk production and herd genetic improvement

Victoria Lopes Pacchiarotti1, João Padilha Gandara Mendes2, Luciano Menezes


Ferreira3

Resumo: O leite bovino é um importante alimento e produto do Agronegócio brasileiro,


porém, para agradar às exigências do consumidor o mercado necessita se reinventar
constantemente. Com isso, produtos como o leite com o selo A2 ganham destaque por
ser considerado de mais fácil digestão, visto que não possui, em sua composição,
peptídeos bioativos, relacionados ao desenvolvimento de alergias e outras doenças
humanas. O objetivo deste trabalho foi demonstrar a possibilidade da produção
exclusiva do leite A2 em fazendas no Brasil, abordando seu processo produtivo, suas
características e vantagens. Diante disso, observou-se que, para a obtenção de um
leite com essas características, é necessário o investimento em biotecnologias, como
a seleção dos animais e a associação da inseminação artificial com a fertilização in
vitro e transferência de embriões, possibilitando assim altos índices de produção de
bezerros/vaca/ano com o gene A2A2 e ainda provar a confiabilidade do sistema de
produção utilizando métodos de rastreabilidade eficientes, o que proporcionou a
obtenção do selo A2. No entanto, devido aos benefícios do leite A2 apresentados
nesse trabalho, acredita-se que o investimento realizado trará um excelente retorno
financeiro, pois esse projeto visa fazer com que pessoas que deixaram de beber leite
devido ao desconforto voltassem a consumi-lo.

Palavras-chave: Leite bovino. Produção do leite A2. Seleção genética. Agronegócio.

Abstract: Bovine milk is an important food and product of the Brazilian Agribusiness,
however, to please consumer demands, the market needs to constantly reinvent itself.
As a result, products such as milk with the A2 seal gain prominence for being
considered easier to digest, since it does not have bioactive peptides in its
composition, related to the development of allergies and other human diseases. The
objective of this project was to demonstrate the possibility of exclusive production of A2
milk on farms in Brazil, addressing it is production process, it is characteristics and
advantages. Therefore, it was observed that to obtain milk with these characteristics, it
is necessary to invest in biotechnologies, such as animal selection and the association

* Versão desenvolvida a partir de Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Medicina


Veterinária apresentado no Centro Universitário Barão de Mauá em 2019.
¹ Graduada em Medicina Veterinária pelo Centro Universitário Barão de Mauá. Contato:
victoriapacchiarotti@gmail.com
2 Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade de São Paulo (USP). Supervisor.

Médico veterinário da empresa Agrindus, fazenda Santa Rita (Descalvado, SP).


3 Doutorado em Medicina Veterinária Preventiva pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de

Mesquita Filho” (UNESP). Docente do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário


Barão de Mauá. Orientador. Contato: Luciano.ferreira@baraodemaua.br
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of artificial insemination with in vitro fertilization and embryo transfer, enabling high
production rates of calves/cow/year with the A2A2 gene and still prove the reliability of
the production system using efficient traceability methods, which provided for obtaining
the A2 seal. However, due to the benefits of A2 milk presented in this work, it is
believed that the investment made will bring an excellent financial return, as this project
aims to make people who stopped drinking milk due to discomfort to consume it again.

Keywords: Bovine milk. Production of A2 milk. Genetic selection. Agribusiness.

Recebimento: 10/11/2020
Aprovação: 14/12/2020

INTRODUÇÃO

O leite bovino é um importante produto do Agronegócio brasileiro,


responsável por gerar empregos e alimentar grande parte da população,
estando presente na maioria das casas brasileiras, independente da classe
social.
Atualmente, devido à grande pressão do mercado, a indústria de
alimentos necessita se reinventar constantemente para atender as expectativas
do consumidor, que está a cada ano mais exigente e preocupado com a saúde
e bem-estar, sendo fatores determinantes para a escolha de produtos.
Como exemplo, há o leite com selo A2, produto novo com crescente
destaque no mercado nacional, pois está relacionado ao aumento de proteína,
volume e queda dos níveis de gordura no leite, além disso, apresenta melhor
digestibilidade e não está relacionado ao desenvolvimento de alergias a
proteína do leite e doenças humanas, como a Diabetes mellitus tipo-1, diferente
de leites que contém a variante A1 (CORBUCCI, 2017).
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi demonstrar a
possibilidade da produção exclusiva do leite A2 em fazendas no Brasil,
abordando seu processo produtivo, suas características e vantagens.
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DESENVOLVIMENTO

Bovinocultura leiteira e o agronegócio

Atualmente tem-se uma produção de 816 milhões de toneladas de leite


por ano no mundo, com consumo médio de 116,5 kg de leite por habitante. Nos
últimos 10 anos, o Brasil apresentou taxas de crescimento anual de consumo
de leite superiores ao crescimento mundial, atingindo uma média de 2,7% ao
ano (NELSON, 2019).
Segundo projeções do Agronegócio feitas pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA) em 2018, deve ocorrer, nos próximos 10
anos (Figura 1), um crescimento na produção de leite de 2,1% ao ano,
podendo chegar a 3,3%. Isso significa passar de uma produção de 35,3 bilhões
de litros produzidos em 2018 para 43,4 e 48,1 bilhões de litros em 2028.

Figura 1: Projeção da produção e consumo de leite em 2018 a 2028.

Fonte: CGEA/DCEE/SPA/Mapa e SIRE/Embrapa, 2018.

Segundo a Embrapa Gado de Leite (2019), esse crescimento está


relacionado principalmente a melhorias na gestão das fazendas e na
produtividade dos animais, e não no número de vacas em lactação.
Outro fator importante destacado pelo MAPA (2019) é a incorporação de
tecnologias na produção leiteira, principalmente nos médios e grandes
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produtores, tais como a inseminação artificial e a FIV. Em relação à importação


e exportação (Figura 2), as projeções indicam um crescimento de 0,7% na
primeira e um crescimento de 29,07% na segunda no período das projeções
(NELSON, 2019).

Figura 2: Projeções de crescimento nas importações e exportações de 2018 a 2028.

Fonte: CGEA/DCEE/SPA/Mapa e SIRE/Embrapa, 2018.

Segundo a Pesquisa Trimestral do leite realizada pelo IBGE (2019), no


primeiro trimestre de 2019, adquiriu-se 6.201.280 litros de leite cru, onde
6.192.737 litros foram industrializados.

Constituintes do leite

O leite é composto de diversos elementos sólidos, representando cerca


de 12 a 13%, enquanto possui 87% de água. Dentre os componentes sólidos
do leite, estão os carboidratos (lactose é o principal), gordura, sais minerais,
vitaminas e proteínas (NELSON, 2019).
As proteínas representam cerca de 3 a 4% dos sólidos presentes no leite
e são divididas em proteínas do soro do leite, como as alfa-lactalbumina e beta-
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lactoglobulinas, e proteínas caseínas, como a alfa s1, alfa s2, kappa e beta-
caseína (CSN2). Dentro da CSN2 existem ainda 13 variantes, como A1 e A2
que são as mais comuns, e A3, A4, B, C, D, E, F, H1, H2, I e G, pouco comuns
(CORBUCCI, 2017).
Em relação à variante A1, estudos a relacionaram com a produção de
peptídeos bioativos, como a beta-casomorfina-7 (BCM-7) que são liberados
após hidrólise enzimática pelas enzimas gastrointestinais (CORBUCCI, 2017).
A BCM-7 está relacionada ao desenvolvimento de diversas doenças
humanas, como por exemplo a doença cardíaca isquêmica humana
(McLACHLAN, 2001), diabetes mellitus tipo-1 e desenvolvimento de alergias à
proteína do leite (CORBUCCI, 2017), arteriosclerose (TAILFORD et al., 2003),
síndrome da morte súbita infantil (SUN et al., 2003) e autismo (SOKOLOV et
al., 2014).
Já o leite que apresenta a variante A2 é indicado como um leite de
digestão mais fácil e menor produção de BCM-7, não estando, assim,
relacionado às doenças humanas citadas acima.
A diferenciação dessas duas variantes se dá pela substituição de
apenas um aminoácido na cadeia proteica (Figura 4). Enquanto a variante A1
apresenta um resíduo de histidina na posição 67 da cadeia, a variante A2
possui um resíduo de prolina nesta mesma posição da cadeia (BARBOSA et
al., 2019).

Figura 4: Fragmento da cadeia da beta caseína mostrando a diferenciação


entre as variantes A1 e A2.

Fonte: BARBOSA et al., 2019.


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Segundo Barbosa et al. (2019), a histidina, presente na variante A1 que


ocupa a posição 67 da cadeia da beta caseína, favorece a liberação do BCM-7
durante a digestão enzimática, o que não acontece na variante A2, em que a
histidina é substituída pela prolina e a liberação da beta-casomorfina-7 não
acontece, ou acontece em quantidades insignificantes.
O BCM-7, como já comentado anteriormente, está relacionado a
doenças ligadas ao sistema imune, cardiovascular, entre outros. Portanto, o
consumo de leite que possui esta variante pode ser considerado um fator de
risco à saúde humana (OLENSKI et al., 2010), sendo que a produção de BCM-
7 no leite A1 é duas a quarto vezes maior do que a produção no leite A2
(CORBUCCI, 2017). Com isso, faz-se necessária a busca por fontes de leite
que possuam apenas a variante A2, ou seja, animais genotipicamente A2A2,
uma vez que os animais que apresentem o genótipo A1A2 devem ter o leite
classificado como A1.
Ainda, segundo o que foi descrito por Barbosa et al. (2019), a beta-
caseína A2 é a forma original da proteína, sendo a beta-caseína A1
proveniente de uma mutação genética transversa, ou seja, uma mutação ao
acaso, e espalhou-se com a reprodução dirigida dos animais, feita com o
objetivo de aumentar a produção leiteira e com a migração de rebanhos
durante a colonização do homem.
Até o momento, sabe-se que a mutação genética do alelo que codifica a
produção de beta caseína A1 só foi observada em rebanhos bovinos, sendo o
leite de cabra, ovelha e búfala considerado como A2 (BARBOSA et al., 2019).
Segundo Barbosa et al. (2019), dentre as espécies bovinas também há uma
variação entre as espécies no que diz respeito às variantes A1 e A2 (Tabela 1),
sendo as raças zebuínas as que apresentam maior frequência do alelo A2 e, as
taurinas, menor frequência, estando a raça holandesa inclusa neste último
grupo.
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Tabela 1 - Comparação entre as raças bovinas de acordo com a porcentagem


de frequência do alelo A2 no rebanho.

Raças bovinas Frequência do alelo A2 no rebanho

Holandesa 0,25 - 0,55%

Gir 0,88 – 0,98%

Jersey 0,49 – 0,72%

Angus 0,05%

Ayrshire 0,28-0,52%

Brahman 0,01%

Guzerá 0,97%

Hereford 0,20%

Pardo Suíça 0,49 – 0,72%

Shorthorn 0,51%

Simental 0,56 – 0,63%

Fonte: Adaptado de Barbosa et al. (2019).

Alergia à proteína do leite e intolerância à lactose

O leite de vaca possui em sua composição características físico-


químicas que podem facilmente ser comparadas a antígenos, podendo
desencadear respostas imunes exageradas, sendo as proteínas as principais
relacionadas a alergias alimentares (COROZOLLA; RODRIGUES, 2018).
Alergia e intolerância alimentar são reações adversas à ingestão de
alimentos e são consideradas reações não toxicas, ou seja, que dependem de
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uma suscetibilidade do organismo do indivíduo. Podem ser classificadas em


reações imunomediadas e não imunomediadas, sendo a intolerância a lactose
uma reação adversa não tóxica e não imunomediada, enquanto a alergia
alimentar é imunomediada (COROZOLLA; RODRIGUES, 2018).
A lactose é o principal carboidrato presente no leite, considerado o
“açúcar do leite” e sua produção é feita na glândula mamária da maioria dos
mamíferos (COROZOLLA; RODRIGUES, 2018). Durante a digestão, a lactose
é hidrolisada pela lactase, uma enzima presente nas microvilosidades do
intestino delgado, que pode estar reduzida devido ao controle genéticos ou
doenças que causem a destruição da mucosa intestinal. A Intolerância a
lactose ocorre quando a lactose não é absorvida, gerando um aumento de
água e eletrólitos no intestino delgado e consequente aumento no peristaltismo,
cursando com dor abdominal, diarreia e liberação de gases devido a ação de
bactérias, causando eructação, flatulência e borborigmos (GALVÃO, 2013).
Já a Alergia a proteína do leite (APLV) é uma resposta imune adversa
que ocorre sob a exposição ao leite de vaca, cursando com sintomas que vão
desde manifestações gastrointestinais às sintomatologias respiratórias. É uma
das alergias mais comuns na infância, podendo-se desenvolver tolerância até
os 5 anos de idade (ROCHA FILHO; SCALCO; PINTO, 2014).
A APLV pode se manifestar de forma imediata (IgE mediada), ocorrendo
minutos após a exposição à proteína do leite, ou de forma tardia (não IgE
mediada), que podem demorar horas ou dias para se manifestarem após a
exposição ao alimento (ROCHA FILHO; SCALCO; PINTO, 2014). Como
sintomas da APLV imediata, podem ocorrer: manifestações cutâneas como
urticárias, que em alguns pacientes podem aparecer com o simples toque
direto do alimento na pele (urticária de contato), estando relacionadas ou não
ao angioedema; manifestações gastrointestinais, como prurido oral, edema de
língua, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia e em alguns casos,
melena; manifestações respiratórias como prurido nasal, congestão, rinorreia,
dispneia e sibilância e a anafilaxia pode ocorrer minutos a horas após a
ingestão do alimento, tendo envolvimento de pele e/ou mucosas e pelo menos
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um sinal respiratório, sendo a asma o indicador de maior gravidade (ROCHA


FILHO; SCALCO; PINTO, 2014).
Segundo Rocha Filho et al. (2014), os sintomas da APLV tardia
normalmente ocorrem a partir de manifestações gastrointestinais, como refluxo
gastroesofágico, esofagite, gastrite eosinofilica, enterocolite e constipação,
náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia e perda de peso, podendo ainda
cursar com sinais cutâneos e respiratórios.
Pesquisas realizadas pela Embrapa Gado de Leite (2017) sugerem que
a beta-caseína do leite A2 não causa reações alérgicas em pessoas com
alergia relacionada especificamente a essa proteína, que corresponde a cerca
de 30% das proteínas do leite, ou seja, pessoas com APLV, comprovadamente
relacionada a caseína A1, podem tomar o leite de vaca A2 sem apresentar os
sintomas da alergia (NEIVA, 2017).
Já em relação a intolerância a lactose, o leite A2 não pode ser indicado,
pois a intolerância não está relacionada a proteína, e sim ao carboidrato
presente no leite (lactose).

Digestibilidade do leite A2

O trato gastrointestinal possui receptores opioides em grande


quantidade. Com isso, os agonistas opioides (BCM-7) presentes no leite, que
contém a variante A1, ligam-se aos receptores podendo causar redução na
motilidade intestinal, atraso no trânsito intestinal e produção de muco, fato que
não ocorre no leite contendo a variante A2 (BARBOSA et al., 2019).
Em experimento realizado por Ul Haq et al. (2014) com o objetivo de
avaliar comparativamente o consumo das variantes A1 e A2 da beta-caseína
na resposta de mediadores inflamatórios no intestino de ratos e descrito
posteriormente por Barbosa et al. (2019), obteve como resultado um aumento
dos níveis de moléculas inflamatórias e dos componentes promotores da
resposta humoral IgE total e IgG nos animais que consumiram o leite com a
variante A1, indicando assim um maior efeito inflamatório nesses animais.
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Em outro estudo realizado por Ho et al. (2014) e também descrito por


Barbosa et al. (2019), com humanos adultos auto identificados como alérgicos
ao leite A1, avaliou a consistência das fezes com o intuito de estudar as
diferenças nos efeitos gastrointestinais desses indivíduos em relação ao
consumo de leite contendo a variante A1 e A2. Como resultado, obteve-se uma
relação significativa entre sintomas gastrointestinais no grupo que consumiu
leite com a variante A1, sugerindo assim um agravo na resposta inflamatória.

Seleção genética dos animais e produção do leite A2

Países como a Austrália e Nova Zelândia já comercializam o leite com


selo A2. Além disso, Estados Unidos e Reino Unido estão em ascensão quanto
à comercialização do leite com essa variante (BARBOSA et al., 2019). No
Brasil, a empresa Agrindus, fazenda Santa Rita localizada no município de
Descalvado, estado de São Paulo, foi a primeira fazenda brasileira com o selo
de certificação A2 e vem investindo cada vez mais nessa genética. Em 2016, a
fazenda começou um projeto para tornar o rebanho inteiramente A2A2, a partir
da genotipagem e seleção dos animais. O objetivo é ter, em 2021, 100% de
bezerras nascendo com o genótipo A2A2, com 2100 vacas em lactação e 80
mil litros de leite por dia.
No início da seleção, foi feita uma coleta de amostras de todos os
animais da fazenda e enviadas a um laboratório nos Estados Unidos para se
fazer um mapeamento genético do rebanho. Aqueles identificados como A2A2
foram separados e selecionados para dar origem a um rebanho exclusivamente
A2A2. A fazenda então, visando tornar o rebanho exclusivamente composto
por vacas com esse genótipo, investiu em melhoramento genético e seleção
dos animais.
As vacas com o genótipo A1 não são inseminadas, funcionando apenas
como receptoras de embriões A2A2, enquanto as vacas e novilhas A2 são
inseminadas ou mantidas como doadoras de embriões. Sendo assim, não é
necessário o descarte das vacas com genótipo A1 da fazenda. Já o sêmen
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adquirido é proveniente dos Estados Unidos e são exclusivamente de touros


A2, usado para inseminação artificial (IA).
Outro método bastante utilizado na fazenda é a fertilização in vitro (FIV)
para transferência de embriões, onde se faz a aspiração de ovócitos dos
folículos de vacas A2A2 com o auxílio de um ultrassom, para serem fertilizados
em laboratórios com sêmem exclusivamente de touros A2 e, depois de 8 dias,
é feita a transferência dos embriões para as receptoras A1, que irão gerar
bezerras A2A2.
A escolha das doadoras é feita levando em consideração os índices
zootécnicos, como por exemplo: produção de leite, conformação de úbere, vida
produtiva e células somáticas, além do gene A2, avaliados pelo marcador
molecular de nome Clarifide®, teste genômico que identifica essas
características desejáveis nos animais. Todas as doadoras são vacas secas
tiradas da reprodução.
Em média, obtém-se dois a três embriões por vaca, e a taxa de
mortalidade embrionária na FIV na Agrindus, em 2019, foi de 20%, uma
redução de 10% em relação ao ano de 2018. Grande parte do sêmem utilizado
é sexado, levando também a uma alta taxa de nascimento de fêmeas na
fazenda. Porém, pretende-se passar a utilizar somente sêmem sexado para IA
e FIV a partir de 2020.
Ao chegarem na Primeira fase da Bezerreira, é feita uma coleta de pelos
da cauda dos animais (Figura 5 A) aos três dias de vida para avaliação
genômica pelo Clarifide® (Figura 5 B), visando detectar o genótipo A2A2 nas
bezerras. Aquelas que apresentem essa variante recebem um brinco branco
(Figura 6) com a identificação “Vaca A2A2” que possui um código de barras
individual e um botom com chip para identificação na ordenha e no portão
identificador.
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Figura 5: Amostra de pêlo (A) coletada da cauda dos animais para avaliação
genômica pelo Clarifide® (B).

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 6: Novilha utilizando o brinco branco com a identificação “Vaca A2A2” e


botom amarelo com chip na orelha direita.

Fonte: Arquivo pessoal.


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Até o momento existem dois lotes de vacas A2A2 em lactação,


constituindo cerca de 28% do rebanho em produção. Essas vacas são
ordenhadas primeiro e todo o leite coletado é destinado ao laticínio da fazenda
para a produção de produtos da marca Letti®. O leite dos animais com genótipo
A1A1 ou ainda A1A2 é comercializado na forma fluida como sendo tipo A pela
Agrindus ou para outras empresas lácteas.
A fazenda possui um sistema de rastreabilidade vinculado a um mapa da
ordenha, onde é possível saber a hora em que cada animal entrou na ordenha,
em que local entrou, a hora em que a teteira foi colocada e que o animal saiu
da ordenha. Com isso, é possível garantir que todo o leite acondicionado
dentro do tanque e que será engarrafado é constituído apenas de leite A2,
garantindo assim a qualidade do produto e recebendo o selo de certificação A2.
Além disso, são feitas coletas diárias de material para análise e certificação de
que o leite presente nos tanques é de fato A2.
Esse sistema de rastreabilidade possibilitou também à fazenda o selo de
certificação Kosher (BDK), o qual certifica que o leite é produzido de acordo
com as recomendações judaicas. Membros dessa comunidade acompanham o
sistema de rastreabilidade remotamente através de câmeras e, em datas pré
estipuladas, a fazenda recebe um Rabino que avalia o processo completo de
produção dos itens que serão destinados à comunidade, desde os insumos até
o manejo dos animais na ordenha, demonstrando assim a confiabilidade do
sistema de produção.
Além dos selos de certificação A2 e Kosher, a fazenda ainda possui o
selo Verde, relacionado à sustentabilidade e a “pegada de carbono”. A “pegada
de carbono” indica a quantidade total de emissão de gases do efeito estufa
gerados por uma empresa durante seu processo de produção. Para adquirir o
selo Verde a Agrindus precisou provar também através de seu sistema de
rastreabilidade a quantidade e destino dos dejetos produzidos e seu
reaproveitamento. Por exemplo, água utilizada para a limpeza dos barracões
chega por gravidade e é coletada por um sistema de separador de sólidos, a
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parte sólida é utilizada como adubo orgânico e a parte líquida é usada para a
fertirrigação da lavoura, sem a necessidade de utilização de adubo químico.
Em 2019, a Agrindus ganhou o prêmio de "Melhor Iniciativa no Setor
Agropecuário" pelo pioneirismo na produção do leite A2 no Brasil e pelo
cuidado com a utilização de resíduos e dejetos, disputando com mais 681
projetos realizados no mundo. A premiação foi promovida pela “Fundación
MAPFRE”, na Espanha.
É feito um intenso projeto de divulgação, como a utilização do slogan “O
leite como sempre foi” pela marca Letti® e a participação do projeto “Beba mais
leite”. E, também, orientação em relação ao leite A2, visando trazer
conhecimento a população e evitar a disseminação de informações erradas,
com o intuito de fazer com que pessoas que haviam deixado de beber leite por
sentirem desconforto possam voltar a consumir o produto de forma segura,
sempre com a orientação de médicos e nutricionistas.
Segundo Neiva (2017), o consumo de leite A2 pode evitar transtornos
digestivos, pois quando digerido não forma o BCM-7, responsável por
desencadear processos alérgicos e que pode, além de provocar a APLV,
intensificar sinais neurológicos de pessoas que apresentem problemas como
autismo e esquizofrenia. Pode, ainda, influenciar no sistema cardiovascular,
pois a BCM-7 é também um oxidante do LDL, estando relacionado à formação
de placas arteriais (NEIVA, 2017).
Segundo Corozolla e Rodrigues (2018), o leite contém características
semelhantes a antígenos, sendo as proteínas as principais relacionadas às
alergias. Levando-se em conta que o leite é composto por 87% de água e
cerca de 12 a 13% de elementos sólidos (EMBRAPA, 2019), onde de 3 a 4%
desses sólidos são proteínas (CORBUCCI, 2017), conclui-se que as proteínas
compõem uma grande parcela dos sólidos do leite, podendo influenciar de
maneira significativa no processo digestivo, assim como em outros sistemas,
como o cardiovascular por exemplo. No caso de leites que possuem a variante
A1, a liberação de BCM-7 terá uma grande influência nos processos
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fisiológicos, podendo levar a diversos problemas, desde gastrointestinais até


cardiovasculares.
Assim como a Agrindus é a pioneira na produção do leite A2 no Brasil, a
Vinamilk, empresa de lácteos vietnamita, é a primeira a investir na produção do
leite A2 no país, importando os animais da Nova Zelândia com o intuito de
trazer benefícios aos consumidores e, também, provar a capacidade da
empresa a nível internacional. A revista Forbes Vietnã divulgou uma lista
contendo as 40 marcas mais valiosas do país, com a presença da Vinamilk,
com valor de U$2,28 bilhões, no topo pela terceira vez, provando assim o valor
e o potencial que o leite A2 apresenta no que diz respeito à valorização de
empresas e no agronegócio do país (MILKPOIT, 2018). Porém, para que isso
seja possível, é necessário investir em biotecnologias para promover um
melhoramento genético mais rápido do rebanho, como a inseminação artificial
(IA), a fertilização in vitro (FIV) e a transferência de embriões (TE).
A FIV associada à TE possibilitou a superação dos atuais índices de
produção de bezerros/vaca/ano da TE clássica, pois se pode utilizar desta
técnica em animais gestantes, lactentes ou que apresentem problemas de
infertilidade, além de possibilitar ainda o uso de bezerras como doadoras,
reduzindo assim o intervalo entre partos (RUMPF, 2007). Pode-se coletar, de
uma única doadora, em média 10 ovócitos por seção, onde oito serão
fertilizados, maturados e cultivados in vitro, é possível ainda repetir as seções
de punção a cada 15 dias, sem causar danos a doadora (RODRIGUES et al.,
2009).
Em média, a Agrindus obtém por volta de dois a três embriões por vaca,
semelhante ao que foi descrito por Rodrigues et al. (2009). Já a taxa de
mortalidade embrionária na FIV, em 2019, é de 20%, uma redução de 10% em
relação ao ano de 2018. Porém, mesmo com essa redução, as taxas de
mortalidade embrionária são maiores quando comparada ao estudo realizado
por Galli et al., em 2001, onde foi descrito que as perdas no primeiro trimestre
chegaram a 12%.
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Com a grande pressão do mercado e com a maior preocupação com a


saúde por parte dos consumidores, o leite com certificação A2 possui grande
potencial para o mercado, pois além de apresentar uma melhor digestibilidade,
não está relacionado ao desenvolvimento de APLV e doenças como a diabetes
mellitus tipo-1 (CORBUCCI, 2017), podendo ser considerado um alimento mais
saudável e com mais benefícios ao consumidor em comparação ao leite A1.
Para se conseguir o selo de certificação A2 é preciso apostar em
sistemas que tragam confiança e que possam provar que o leite que está
sendo engarrafado é de fato um leite puramente A2. Por isso, sistemas de
rastreabilidade vem ganhando destaque como importantes métodos de
diferenciação da produção, o que garante um maior controle de qualidade
nutricional, segurança alimentar e origem de produtos (MORGAN; WINCK,
2016). Diante disso, o sistema de rastreabilidade utilizado pela Agrindus é de
essencial importância no processo de fabricação do leite, agregando valor ao
produto, assim como os métodos de melhoramento genético e seleção
realizados pela fazenda, possibilitando que futuramente seja possível ter um
rebanho 100% A2A2.
Mesmo com todas as vantagens que o leite A2 possui sobre o A1, é
importante investir no marketing para promover e torná-lo de conhecimento
geral, pois atualmente é o consumidor que determina o mercado baseando-se
nas informações que tem acesso, como aparência e qualidade do produto,
riscos ou vantagens à saúde, e comprometimento da indústria em relação a
conservação do meio ambiente, por exemplo (SILVA, 2006). Portanto, o
intenso projeto de marketing realizado pela fazenda para promover o leite A2
no mercado é de fundamental importância para que as vantagens oferecidas
pelo produto sejam de conhecimento geral, agregando valor ao produto e
conhecimento da população em relação ao que estão consumindo. Além disso,
a obtenção do Selo Verde, relacionado à sustentabilidade, rende à Agrindus
um valioso diferencial na fabricação dos produtos Letti®.
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CONCLUSÃO

O leite com certificação A2 destaca-se no mercado por não apresentar


relação com algumas doenças humanas, diferente do leite que contém a
variante A1, sendo ainda uma alternativa para pessoas que possuem APLV,
possibilitando a elas, que antes sentiam desconforto ao ingeri-lo, possam voltar
a consumi-lo. Por fim, os resultados descritos neste trabalho demonstram a
possibilidade da produção exclusiva do leite A2 em fazendas no Brasil, sendo a
Agrindus o melhor exemplo dessa possibilidade. Contudo, para que isso seja
possível, é necessário que se tenha um alto investimento em melhoramento
genético e seleção de rebanhos bovinos, além de um sistema eficaz de
rastreabilidade, provando que o leite engarrafado é de fato exclusivamente A2.

Conflitos de interesse: Os autores declaram que não há conflitos de interesse.

Agradecimento: Agradecimento especial a Agrindus, Fazenda Santa Rita pelo auxílio


na coleta de informações a respeito do manejo reprodutivo e seleção genética dos
animais realizado na fazenda.

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