Jornalismo No Feminino A Mulher Jornalis
Jornalismo No Feminino A Mulher Jornalis
Jornalismo No Feminino A Mulher Jornalis
ABSTRACT
This article is a deployment of ongoing research on Journalism and gender, and
intends to reflect on journalists and female subjectivities in journalistic coverage.
From Foulcalt Lipovetsky ideas, among others, sought to identify the female subjec-
tivities having as empirical material semi-structured interviews with reporters from
the mainstream press. In this cases, was observed in the reports of the participants
that there are multiple subjectivities, created from a journalistic culture that does
not value women’s work, women’s identity and other aspects that influence the
journalistic practice.
Key-words: 1. Feminization of newsrooms; 2. Female subjectivities; 3. Press coverage.
RESUMEN
Este artículo es parte de una investigación continua sobre periodismo y género, y
propone una reflexión sobre las mujeres periodistas y las subjetividades femeninas
en la cobertura de noticias. A partir de las ideas de Foulcalt y Lipovetsky, entre
otros, buscamos identificar las subjetividades femeninas en material empírico
como entrevistas semiestructuradas con algunas periodistas de la prensa conven-
cional. Se observó en los informes de las mujeres participantes que hay múltiples
subjetividades, construidas a partir de una cultura periodística que no valora el
trabajo de las mujeres, la identidad femenina y otros aspectos que influyen en la
práctica periodística.
Palabras clave: Feminización de las redacciones; Subjetividades femeninas;
Cobertura periodista
Submissão: 29-9-2016
Decisão editorial: 2-11-2016
1
Acerca desse ponto, ver PArk, r. E. Um roteiro de investigação
sobre a cidade. In: VELHO, G. (Org.). O fenômeno urbano, rio
de Janeiro: Zahar, 1987.
2
Na enciclopédia Britânica, a definição de muckraker está
relacionada a um jornalismo de investigação: “any of a
group of American writers, identified with pre-World War I
refor and exposé literature. The muckrakers provided detailed,
accurate journalistic accounts of the political and economic
corruption and social hardships caused by the power of big
business in a rapidly industrializing United States”. (http://www.
britannica.com/EBchecked/topic/395831/muckraker)
3
Perfil do jornalista brasileiro – características demográficas,
políticas e do trabalho jornalístico em
2012 (BERGAMO; MICK; LIMA, 2012), relatório de pesquisa
elaborado pelo Núcleo de Estudos sobre Transformações no
Mundo do Trabalho, da Universidade Federal de Santa Catarina
(2012), em parceria com a FENAJ – Federação Nacional dos
Jornalistas, constatou-se que há uma feminização no perfil do
jornalista. A pesquisa está disponível em
http://webcache.googleusercontent.com/
search?q=cache:vQvfIEPD5T8J:perfildojornalista.ufsc.br/files/2
13/04/Perfil-do-jornalista-brasileiro-Sintese.pdf+&cd=2&hl=pt-
BR&ct=clnk&gl=br. Acesso em 20 jan.,2014.
3. Subjetividade feminina
A primeira ideia que surge quando se fala em
subjetividade é antagônica à de objetividade, po-
rém, o que a palavra abarca é bem mais complexo
que simplesmente uma oposição. Subjetividade está
associada à condição de ser sujeito, no sentido que
Foucault menciona quando discute a constituição do
sujeito e das relações de poder nesse processo: “não
sujeito a alguém pelo controle e dependência” e sim
“preso à sua própria identidade por uma consciên-
cia ou autoconhecimento” (FOULCAULT. In: DREYFUS;
RABINOW, 1995, p. 235).
Assim, nas relações de poder, conforme diz Fou-
cault na mesma obra, é necessário observar as “for-
mas de resistência e as tentativas de dissociar essas
relações” (1995, p. 234). Entre as formas de resistência,
as lutas “contra as formas de dominação (étnica, so-
cial e religiosa); contra as formas de exploração que
separam os indivíduos daquilo que eles produzem;
ou contra aquilo que liga o indivíduo a si mesmo e o
submete, deste modo, aos outros (lutas contra a sujei-
ção, contra as formas de subjetivação e submissão)”
(FOULCAULT. In: DREYFUS; RABINOW, 1995, p. 235).
4. Subjetividades múltiplas
Quando no início deste artigo mencionamos as
stunts girls na imprensa estadunidense, o objetivo foi
evidenciar que para conquistar um lugar em um espa-
ço de trabalho até então eminentemente masculino,
as jornalistas buscaram no disfarce um caminho para
conseguir informações exclusivas, acesso a dados e a
fontes que em uma situação normal de reportagem
não conseguiriam. A profissão era essencialmente
masculina (considerando todas as funções). Além
disso, os donos das empresas jornalísticas viam nes-
sas jornalistas um canal para ganhar mais dinheiro.
No entanto, como todo sistema mantém em si a sua
própria contradição, a iniciativa deu mais visibilidade
à mulher, e ajudou a legitimar a sua atuação nas
redações, reduto do masculino.
Para investigar indícios da subjetividade feminina
da jornalista que atua nas redações, optou-se por
uma leitura crítica do material empírico colhido em
estudo realizado pelas autoras sobre o tema gênero
e jornalismo, no qual foram entrevistadas semiestrutu-
radas com seis profissionais que atuavam em veículos
4
O termo é aqui usado em seu sentido lato, como opinião do
público em geral. Entende-se que o termo tem um uso científico
mais amplo, mas trata-se de um aspecto não enfocado neste
trabalho.
5
Informação presente no relatório de pesquisa sobre o Perfil do
Jornalista Brasileiro.
5. Considerações finais
Engels (1891) mostra que a transição da socie-
dade matriarcal para a patriarcal foi decorrente do
desejo masculino de centralização do poder familiar e
político, de um controle sobre o feminino. Esse contro-
le persiste, ainda que de forma implícita, perpetuado
por instituições como a família, a igreja e a escola
(BOURDIEU, 2010). Apesar das exceções personaliza-
das em figuras históricas de mulheres que quebraram
essa tradição, o tema somente passou a ser discutido
pelas mídias com surgimento do movimento feminista
no século XIX (sufrágio feminino). A partir desse ponto,
a luta das mulheres por uma igualdade reconhecida
pela lei e pela própria sociedade, o conflito encon-
trou eco na imprensa. Surge então uma pergunta:
se o jornalismo é, em si mesmo, uma atividade que
se fundamenta no respeito às desigualdades, e as
mulheres são a maioria dentro do jornalismo, por que
ainda há discriminação?
Em parte, a resposta está na própria mulher da
sociedade contemporânea que, a despeito do es-
Referências
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução: Plínio Dentzien,
Rio de Janeiro: Zahar, 2003.