00.140313022 - Dissertacao - MGSI - 2020 - Versao 20-10-2021 FINAL

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TÂNIA PATRÍCIA ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DO

SANTOS JORGE SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO


ESCOLAR (SIGE): UM ESTUDO DE
CASO

Relatório de Dissertação de Mestrado em


Gestão de Sistemas de Informação

ORIENTADOR
Professora Doutora Alcina Prata

Outubro de 2021
TÂNIA PATRÍCIA ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DO
SANTOS JORGE SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO
ESCOLAR (SIGE): UM ESTUDO DE
CASO

JÚRI

Presidente: Professor Doutor José Gaivéo


Orientador: Professora Doutora Alcina Prata
Vogal: (Grau, Nome, Instituição)
Vogal: (Grau, Nome, Instituição)

Julho de 2021
Dedicatória

Aos meus avós…


“Papai” Casimiro Jorge,
“Mamãe” Elisa Dias,
“Vovô” Orlando Santos
Meus anjos da guarda,
Que me iluminam de dia e de noite...
Eternas Saudades!

i
Agradecimentos
Finalmente chegamos ao fim de mais uma caminhada que, hoje, posso dizer foi alcançado
com sucesso. Esta dissertação é o fruto de muitas horas de reflexão, estudo, trabalho e,
também, representa a materialização de um objetivo pessoal que não seria possível sem a
ajuda de algumas pessoas.
Agradeço, primeiramente a Deus por me ter dado forças para continuar mesmo diante de
tantas adversidades.
O meu sincero agradecimento à Coordenadora da Unidade de Tecnologia de Informação e
Comunicação do Ministério da Educação de Cabo Verde, Dr.ª Rosa Monteiro, pela
disponibilidade e todo o apoio prestado, mesmo a 2918 km de distância. À Escola
Secundária Abílio Duarte e à Escola Secundária Cónego Jacinto Peregrino da Costa por me
terem aberto as portas e, assim, possibilitado este trabalho, à minha orientadora Professora
Dr.ª Alcina Prata que conduziu a realização deste trabalho.
Por fim, de modo especial, agradeço à minha Mãe pelo apoio e amor incondicional e por
ser sempre a minha maior incentivadora, e a toda a minha família pelo suporte. Minha
gratidão à Kelly Tavares, por todo o apoio ao longo desta jornada.
Muito obrigada a todos que, de forma direta ou indireta, contribuíram para que esta
dissertação se tornasse uma realidade.

ii
Glossário
EBO – Ensino Básico Obrigatório
ES – Ensino Secundário
ESAD – Escola Secundária Abílio Duarte
ESCJPC – Escola Secundária Cónego Jacinto Peregrino da Costa
GSI – Gestão de Sistemas de Informação
LBSE – Lei de Base do Sistema Educativo
ME – Ministério da Educação
NTIC - Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação
NOSI – Núcleo Operacional da Sociedade de Informação
PMN - Programa “Mundu Novu”
RAFE – Unidade de Reforma da Administração Financeira do Estado
SI – Sistemas de Informação
SIGE – Sistema Integrado de Gestão Escolar
TI – Tecnologias da Informação
TIC – Tecnologias da Informação e da Comunicação

iii
ÍNDICE

Dedicatória ..................................................................................................................... i

Agradecimentos ............................................................................................................ ii

Glossário ..................................................................................................................... iii

ÍNDICE ..................................................................................................................... iv

ÍNDICE DE FIGURAS .............................................................................................. vii

ÍNDICE DE TABELAS.............................................................................................. vii

ÍNDICE DE GRÁFICOS ........................................................................................... viii

Resumo ..................................................................................................................... ix

Abstract ...................................................................................................................... x

CAPÍTULO I ................................................................................................................ 1

Introdução ..................................................................................................................... 1

1 Contextualização do Tema ........................................................................... 2

1.1 Objetivos Gerais ........................................................................................... 3

1.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 3

1.3 Problemática ................................................................................................. 3

1.4 Metodologia de Investigação ........................................................................ 4

1.5 Estrutura do Trabalho ................................................................................... 6

CAPÍTULO II ............................................................................................................... 7

2 Revisão da Literatura ................................................................................... 7

2.1 Sistemas de Informação e a Organização ..................................................... 7

2.2 Sistemas e Tecnologias de Informação: Mudança Organizacional e


Mudança Estrutural ............................................................................................................ 9

2.3 Sistemas de Informação na Educação ........................................................ 12

2.4 Tecnologias de Informação e Comunicação em Cabo Verde..................... 14

2.5 Tecnologia de Informação e Comunicação no Ensino em Cabo Verde:


Programa “Mundu Novu” ................................................................................................ 15
iv
2.6 Sistema Integrado de Gestão Escolar - SIGE ............................................. 17

2.6.1 Principais Funções do SIGE ................................................................... 19

2.6.2 Fases de Implementação do SIGE .......................................................... 22

2.7 Considerações Finais .................................................................................. 23

CAPÍTULO III ............................................................................................................ 25

3 Apresentação da Organização .................................................................... 25

3.1 Breve História ............................................................................................. 25

3.1.1 Localização ............................................................................................. 25

3.1.2 Missão/Visão/ Valores ............................................................................ 25

3.1.3 Competências .......................................................................................... 26

3.2 Sistema Educativo Cabo-verdiano.............................................................. 29

3.3 Recursos Humanos ..................................................................................... 33

3.4 Estrutura Organizacional ............................................................................ 33

3.5 Programas e Projetos .................................................................................. 34

3.6 Considerações Finais .................................................................................. 36

CAPÍTULO IV ........................................................................................................... 38

4 Estudo de Caso ........................................................................................... 38

4.1 Metodologia ................................................................................................ 38

4.2 Métodos e Técnicas de Recolha e Análise de Dados ................................. 38

4.2.1 Entrevista ................................................................................................ 39

4.2.2 Questionário ............................................................................................ 39

4.3 Análise e Discussão de Dados Obtidos ...................................................... 41

4.3.1 Caraterização das Escolas e dos Participantes ........................................ 41

4.3.2 Análise da Entrevista .............................................................................. 43

4.3.3 Análise do Questionário .......................................................................... 51

4.3.3.1 Grupo I – Dados Pessoais e Profissionais ............................................ 51

4.3.3.2 Grupo II – Acesso a Infraestruturas Físicas e Tecnológicas ................ 52

4.3.3.3 Grupo III – Satisfação com a formação para o uso do SIGE ............... 56
v
4.3.3.4 Grupo IV – Perceção dos professores em relação ao SIGE ................. 59

4.3.3.5 Grupo V: Contributos para a melhoria do SIGE .................................. 64

4.3.3.6 Correlação entre perceção dos professores sobre o SIGE, e a satisfação


com a formação e com os acessos às infraestruturas físicas e tecnológicas ................ 65

4.3.3.7 Diferenças entre as escolas................................................................... 66

4.4 Considerações Finais .................................................................................. 67

CAPÍTULO V ............................................................................................................. 68

Conclusão e Perspetivas de Trabalhos Futuros........................................................... 68

Conclusão................................................................................................................ 68

Perspetivas de Trabalhos Futuros ........................................................................... 69

Bibliografia ................................................................................................................. 71

Anexos 75

Anexo 1 – Brochura do Programa “Mundu Novu” ............................................... 75

Anexo 2 – Autorização das escolas ........................................................................ 93

Apêndices.................................................................................................................... 95

Apêndice 1 – Perfil do Professor ............................................................................ 95

Apêndice 2 – Perfil do Aluno ............................................................................... 103

Apêndice 3 – Perfil dos pais e/ou encarregados de educação ............................... 108

Apêndice 4 – Guião de entrevista ......................................................................... 109

Apêndice 5 – Transcrição das entrevistas ............................................................. 112

Apêndice 6 – Questionário ................................................................................... 127

vi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Metodologia de Investigação ....................................................................... 6
Figura 2 - Fases de mudança nas organizações determinadas pelas TI ...................... 11
Figura 3 – Escola Antiga vs Nova Escola................................................................... 17
Figura 4 – Intervenientes do processo do SIGE ......................................................... 18
Figura 5 – Fases de Implementação do SIGE ............................................................. 23
Figura 6 – Localização do Ministério da Educação. ................................................... 25
Figura 7 – Agenda da Educação, 2016 ....................................................................... 31
Figura 8 – Nova Organização do Sistema Educativo ................................................. 32
Figura 9 – Organograma do Ministério da Educação ................................................. 34
Figura 10 – Organização do Plano Estratégico da Educação, 2017-2021 .................. 35
Figura 11 – Objetivos, Indicadores e Metas Gerais para os anos 2017-2021 por
Programa .............................................................................................................................. 36
Figura 12 - Média da satisfação com o acesso a infraestruturas físicas e tecnológicas
.............................................................................................................................................. 55
Figura 13 – Satisfação com os acessos a infraestruturas físicas e tecnológicas ......... 56
Figura 14 - Média da satisfação com a formação ....................................................... 58
Figura 15 – Satisfação com a Formação para o uso do SIGE ..................................... 59
Figura 16 - Média da perceção dos professores em relação ao SIGE ......................... 63
Figura 17 – Perceção dos professores sobre o SIGE após inversão de alguns itens... 64

ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Diferenças na organização do sistema educativo (1990, 1999, 2000) ...... 30
Tabela 2 – Alterações da LBSE .................................................................................. 32
Tabela 3 – Caraterização da ESAD ............................................................................ 41
Tabela 4 - Caraterização da ESCJPC .......................................................................... 42
Tabela 5 - Caraterização da amostra de professores de acordo com as variáveis
sociodemograficas ................................................................................................................ 52
Tabela 6 – Satisfação com o acesso a infraestruturas físicas e tecnológicas .............. 54
Tabela 7 – Satisfação com os acessos a infraestruturas fisicas e tecnológicas ........... 56
Tabela 8 – Satisfação com a formação para o uso do SIGE ....................................... 57
Tabela 9 – Satisfação com a Formação para o uso do SIGE ...................................... 59
Tabela 10 – Perceção dos professores em relação ao SIGE ....................................... 61
Tabela 11 – Perceção dos professores sobre o SIGE após inversão de alguns itens .. 64
vii
Tabela 12 – Relação entre perceção dos professores sobre o SIGE, e a satisfação com
a formação e com os acessos às infraestruturas físicas e tecnológicas ................................ 66
Tabela 13 – Diferença entre as escolas com recurso a teste t ..................................... 66

ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – SIGE nas escolas ..................................................................................... 23

viii
Resumo
Partindo da premissa de que melhorar a qualidade da Educação em Cabo Verde é um dos
objetivos primordiais do Governo, a presente dissertação tem como propósito a Análise da
Implementação do Sistema Integrado de Gestão Escolar (SIGE) em Cabo Verde, com o
objetivo de compreender o impacto que o SIGE tem junto da comunidade educativa, bem
como avaliar o grau de satisfação com a utilização do mesmo, da formação inicial e
contínua e, também, fazer com que o presente estudo possa servir de base para a
implementação de melhorias nas escolas.
Do ponto de vista metodológico recorreu-se ao estudo de caso, apoiado numa abordagem
mista (quantitativa e qualitativa). A entrevista e o questionário tiveram um grande peso
enquanto instrumentos de recolha de dados. Foi realizada uma entrevista às diretoras da
Escola Secundária Abílio Duarte e da Escola Secundária Cónego Jacinto Peregrino da
Costa e foi aplicado um questionário aos professores das duas escolas, que envolveu um
total de 150 amostras, de um universo total de 175 professores.
As conclusões do presente estudo apontam, de forma geral, para a satisfação dos professores
com a implementação do SIGE nas escolas. Não obstante, reconhecem haver ainda, uma série
de questões que precisam ser melhoradas, sendo as mais citadas, a nível do acesso ao SIGE,
melhoria da lentidão e bloqueio do sistema e melhoria na ligação à internet e a nível da
simplificação do SIGE torná-lo mais intuitivo.

Palavras-chave: SIGE, Sistemas de Informação, Tecnologia de Informação e Comunicação em


Cabo Verde, Educação.

ix
Abstract
Based on the assumption that improving the quality of Education in Cape Verde is one of
the primary objectives of the Government, this dissertation aims to analyze the
implementation of the Integrated School Management System (SIGE) in Cape Verde,
whose objective is to understand the impact that SIGE has with the educational community,
as well as the assessment of the degree of satisfaction with the use of it, initial and
continuous training, and also make the present study serve as a basis for implementing
improvements in schools.
From a methodological point of view, a case study was used, based on a mixed approach
(quantitative and qualitative). The interview and the questionnaire had a great weight as
data collection instruments, in which an interview was conducted with the directors of the
Escola Secundária Abílio Duarte and the Escola Secundária Cónego Jacinto Peregrino da
Costa and a questionnaire was applied to the teachers of both schools, which involved a
total of 150 samples, from a universe of 175 teachers in total.
The conclusions of this study point, in general, to the satisfaction with the implementation
of SIGE in schools, on the part of teachers. But they recognize that there are still many
issues that need to be improved in terms of access to the SIGE, being improvement in the
slowness and blocking of the system, simplifying and making the SIGE more intuitive,
improving the internet connection the most mentioned.

Keywords: SIGE, Information Systems, Information and Communication Technology in Cape


Verde, Education

x
CAPÍTULO I
Introdução
Devido ao avanço das novas tecnologias, do impacto económico e das mudanças que os
Sistemas de Informação (SI) produzem nas organizações e na sociedade, estas têm
desenvolvido, ao longo dos anos, as suas tarefas de maneira mais eficiente e produtiva, com
menores custos, aperfeiçoando a qualidade dos produtos ou serviços oferecidos e ganhando
vantagens competitivas face à concorrência.
A tecnologia exerce uma grande influência em vários setores da sociedade, sendo que o
contexto das organizações está inserido num cenário repleto de mudanças e transformações
tecnológicas, a fim de proporcionar maior eficiência, controle, segurança e até mesmo a
reestruturação dos seus processos produtivos.
Com a introdução das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) na educação a
comunidade educativa tem a possibilidade de comunicar, partilhar informações, construir
conhecimento e trocar experiências de forma mais eficiente. Temos, assim, a oportunidade
de quebrar a barreira das paredes da sala de aula e da escola, integrando-a com a
comunidade que a rodeia, a sociedade da informação e com outros espaços produtores de
conhecimento.
O desenvolvimento de softwares específicos para a educação mostra que, quando estes são
utilizados de forma adequada, auxiliam o processo da construção do conhecimento trazendo
ganhos para toda a comunidade educativa com efeito direto no processo de ensino-
aprendizagem que se torna mais estimulante e eficaz.
Para os professores destacam-se vantagens como a fluidez e a rapidez na comunicação com
os seus alunos e os respetivos pais e/ou encarregados de educação; a possibilidade de
consulta, a qualquer momento, dos dados pessoais dos alunos; a consulta do seu horário das
turmas; a possibilidade de disponibilizar material de apoio aos alunos; aprovar a partilha de
conteúdos com os seus pares, entre outras.
Para os gestores, destacam-se ganhos de várias ordens, entre os quais, o registo de
professores; consulta e alteração de informações dos professores; fazer as
matrículas/inscrição dos alunos de forma menos burocrática; constituição de turmas
associadas aos horários dos professores, entre outras.
Para os alunos, permite o acesso ao histórico escolar com maior rapidez; maior controlo da
assiduidade, entre outras.
Contudo, há que reconhecer que a introdução dos softwares específicos para educação
requer que o professor acrescente ao seu perfil novas competências, como por exemplo no

1
domínio das TIC. Essas competências adquiridas pelos professores fazem com que as
informações transmitidas à organização sirvam de base à tomada de decisão.
A tomada de decisão pelos órgãos de administração e gestão escolar passam por
desenvolver uma estratégia para a organização, e pautam a sua ação em função, por um
lado, dos grandes objetivos educativos, consagrados nas leis gerais do país (Constituição da
República), de modo particular, na Lei de Bases do Sistema Educativo, e, por outro lado,
em função da informação que lhes é facultada pelo sistema de informação escolar.

1 Contextualização do Tema
O Sistema Integrado de Gestão Escolar (SIGE) é um sistema que permite às escolas do
ensino básico e secundário estarem interligadas em rede a um sistema comum,
maximizando a comunicação e a gestão e minimizando os custos. Permite ainda, uma
interação rápida entre as escolas, os alunos e os pais e/ou encarregados de educação.
Este sistema foi introduzido no ensino de Cabo Verde em 2010, como experiência piloto na
escola secundária Abílio Duarte, na cidade da Praia, e na escola secundária Jorge Barbosa,
na ilha de São Vicente.
O presente trabalho tem como objetivo principal estudar o impacto que o SIGE irá gerar nos
seus utilizadores, quebrando paradigmas existentes no contexto da gestão escolar, isto é, suas
reações, as mais diversas possíveis, uma vez que quando se fala em mudança as pessoas
tendem a resistir, pois é da natureza humana ir contra algo novo, desconhecido.
Armando Rocha Trindade (Conselho Nacional de Educação, A Sociedade da Informação na
Escola, 1998) defende que a introdução dos Sistemas de Informação (SI) nas escolas
permite democratizar o acesso às inovações tecnológicas relacionadas com a Informação e
Comunicação, dota os estudantes de autonomia em relação às fontes do saber não ficando
estes limitados apenas ao conhecimento adquirido na sala de aula através dos professores.
Antes da implementação do SIGE, a gestão escolar era feita com base em documentos
produzidos nas escolas sem que existisse qualquer padronização para a sua elaboração.
Esses documentos podiam ser enviados para os serviços de estatística do Ministério da
Educação (ME), conforme as solicitações. O maior constrangimento com a falta de um
sistema integrado de gestão escolar eram as dificuldades em aceder às informações dos
integrantes da comunidade educativa em tempo útil e de forma segura.
Neste contexto, Cabo Verde procurou desenvolver e implementar os seus objetivos básicos
a nível da educação, acompanhando o ritmo de desenvolvimento dos outros países, com a
implementação de um software chamado Sistema Integrado de Gestão Escolar (SIGE).

2
1.1 Objetivos Gerais
É objetivo geral da presente dissertação a análise da implementação do Sistema Integrado
de Gestão Escolar (SIGE) tendo como objeto o caso específico do arquipélago de Cabo
Verde.
Com o intuito de dar resposta à problemática que tem sido a implementação dos SI em
Cabo Verde, com esta análise, pretende-se estudar, por um lado, o impacto que o SIGE tem
no seio da comunidade dos professores cabo-verdianos após a implementação do sistema,
avaliar o grau de satisfação com a utilização do mesmo e avaliar a formação inicial e contínua
recebida. Por outro lado, pretende-se que o presente estudo possa servir de base para a
implementação de melhorias nas escolas, onde a implementação do SIGE é já uma realidade.

1.2 Objetivos Específicos


Atendendo ao objetivo geral exposto anteriormente, no ponto 1.1, os objetivos específicos
são:
 Compreender as especificidades do SIGE;
 Analisar comparativamente as diferentes perceções dos professores;
 Analisar as contribuições do SIGE na melhoria dos resultados de gestão escolar;
 Analisar os efeitos da implementação do SIGE, referentes à mudança de práticas;
 Analisar e avaliar a importância, necessidade e grau de satisfação relativos à
formação inicial e contínua recebidas sobre a utilização do SIGE.

1.3 Problemática
De modo a cumprir os objetivos previamente apresentados é necessário responder a algumas
questões, daí que a problemática sobre a qual recai este estudo se divida em:
 Como avaliar o SIGE em Cabo Verde e a sua mais-valia para as escolas do país?
 Que impacto tem o SIGE nos utilizadores do sistema?
 Qual é o grau de satisfação dos utilizadores do SIGE em relação à formação inicial
e contínua recebida sobre a utilização do SIGE?

Logo, foram formuladas as seguintes hipóteses:


 H0 = A implementação do SIGE não tem um impacto positivo na comunidade
escolar.
 H1 = A implementação do SIGE tem um impacto positivo na comunidade escolar.

3
1.4 Metodologia de Investigação
Nesta subseção abordam-se o método estudo de caso, as tipologias de investigação
quantitativa e qualitativa e é feita uma breve análise de conteúdo (através do uso de
documentos, dados de observação do participante, elaboração de entrevistas, questionários,
etc.), uma vez que a metodologia utilizada para o desenvolvimento da presente dissertação
se baseou nestas ferramentas.
Para Stake (1995), o estudo de caso “estuda a particularidade e a complexidade de um
único caso, conseguindo compreender a sua atividade no âmbito de circunstâncias
importantes”.
Yin, 2010, p. 39, defende que o estudo de caso pode ser definido de duas formas. A
primeira como “uma investigação empírica que investiga um fenómeno contemporâneo em
profundidade e em seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o
fenómeno e o contexto não são claramente evidentes”. O estudo de caso é usado quando
pretendemos compreender um fenómeno da vida real em profundidade como é o caso em
questão. Na segunda, o autor faz a definição técnica do estudo de caso e afirma que “a
investigação do estudo de caso enfrenta a situação tecnicamente diferenciada em que
existirão muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados, e, como resultado conta
com múltiplas fontes de evidência, com os dados precisando convergir de maneira
triangular, e como outro resultado beneficia-se do desenvolvimento anterior das
proposições teóricas para orientar a recolha e a análise de dados”.
A dupla definição apresentada pelo autor mostra que o método estudo de caso é muito
amplo e recorre a lógica do projeto, a técnicas de recolha de dados, a abordagens
específicas e a análise dos dados.
Quanto à abordagem à investigação quantitativa, esta baseia-se na crença de que os seres
humanos são compostos por partes que podem ser medidas e o investigador define as
variáveis de forma operacional, recolhe metodicamente dados verificáveis junto dos
participantes e analisa-os com a ajuda de técnicas estatísticas (Fortin et al., 2009). Para o
mesmo autor, a investigação qualitativa recai sobre a crença de que existem várias
realidades e que cada realidade é baseada na perceção do indivíduo e muda com o tempo.
Isto é, a investigação qualitativa tem em conta a globalidade dos seres humanos,
particularmente a sua experiência de vida e o meio em que se insere. A amostra, a recolha
de dados, a análise e a interpretação são repetidas várias vezes e deve-se assegurar que os
dados ou os resultados da investigação refletem as experiências dos participantes e não do

4
investigador.
Segundo Stake (2012), a investigação quantitativa privilegia a explicação e o controlo,
enquanto a investigação qualitativa privilegia a compreensão das complexas inter-relações
entre tudo o que existe. Stake diz, ainda, que a investigação qualitativa tem uma
caraterística holística, empírica, interpretativa e empática. Isto é, a caraterística holística
está relacionada com a sua contextualidade bem desenvolvida, está orientada para o caso e
procura compreender mais o seu objeto do que compreender como ele difere dos outros.
Sendo empírica, a investigação está orientada para o que se passa no terreno e coloca a sua
ênfase em coisas observáveis, incluindo observações feitas pelos informadores. Na
interpretativa os seus investigadores confiam mais na intuição, com muitos critérios
importantes não especificados e está orientado para o facto de a investigação ser uma
interação investigador-sujeito. A última caraterística, a empática, foca-se na
intencionalidade do ator, procura os quadros de referência do ator, o compromisso de valor
e, apesar de ser planeado, o seu plano é emergente e reativo.
A presente dissertação tem, essencialmente, um caráter exploratório e para a elaboração e
fundamentação teórica do mesmo as metodologias utilizadas foram a revisão bibliográfica,
a documentação interna do ME, a pesquisa através da internet, o trabalho de campo e
também a realização de questionários e entrevistas (Figura 1), para que fosse possível
descrever todo o processo, sendo que a entrevista e o questionário tiveram particular
importância enquanto instrumentos de recolha de dados.

5
Figura 1 - Metodologia de Investigação

METODOLOGIA
- Estudo de Caso

TÉCNICAS DE
ABORDAGEM RECOLHA DE DADOS
- Quantitativa - Inquéritos
- Qualitativa - Análise Documental
- Observação

INSTRUMENTOS DE
RECOLHA DE DADOS
- Questionário
- Análise de Conteúdos
- Guião de Entrevista

Fonte: Elaborada pela própria autora

1.5 Estrutura do Trabalho


O trabalho é constituído por cinco capítulos e respetivos subcapítulos: No primeiro capítulo
é feita a introdução com a contextualização do tema, a problemática, os objetivos gerais e
específicos, a metodologia e a estrutura do trabalho. No segundo capítulo é apresentada a
revisão da literatura, onde é abordado o estado da arte, o contexto das Novas Tecnologias
da Informação e Comunicação (NTIC) em Cabo Verde, as TIC no ensino em Cabo Verde e
a implementação do Sistema Integrado de Gestão Escolar (SIGE) nas escolas. No capítulo
seguinte, é apresentada a organização, através da sua história, missão, valores, visão e
competências, assim como a estrutura organizacional. No quarto capítulo, é apresentado o
caso em estudo, assim como os métodos utilizados para o estudo, a análise e discussão do
resultado. No último capítulo, são apresentadas as conclusões da pesquisa realizada, bem
como as perspetivas de trabalhos futuro. Por fim, são apresentadas as Referências cuja
intenção é evidenciar todos os artigos, livros, publicações online e outros documentos
consultados para a elaboração da presente dissertação.

6
CAPÍTULO II
2 Revisão da Literatura
Atualmente, devido às necessidades sociais de um mundo interligado na forma de redes, da
própria dinâmica da produção de conhecimento associada ao rápido crescimento das
Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), estão a ser acelerados os processos de
mudança, que transformam a economia, globalizam processos, destroem barreiras e
diminuem distâncias, exigindo uma visão sistémica, complexa e transdisciplinar dos
fenómenos.
Face à grande utilização das TIC e à cada vez maior tendência de produção de documentos
e informações digitais, é fundamental pensar em Tecnologias de Informação (TI) como
apoio à geração, reprodução e gestão de documentos digitais sem deixar de fora dessa
gestão os documentos que já tenham sido produzidos em formato impresso.
Assim sendo, neste capítulo são abordados conceitos relacionados às TIC, nomeadamente,
os Sistemas de Informação Organizacional, as TIC em Cabo Verde e na educação e o
Sistema Integrado de Gestão Escolar (SIGE).

2.1 Sistemas de Informação e a Organização


A utilização de instrumentos de suporte à realização de operações cognitivas e de
comunicação é tão antiga como a humanidade, o aparecimento e a disseminação do
computador digital logo após a II Guerra Mundial levou a que, em poucas décadas, se
verificassem alterações profundas no funcionamento das organizações e da sociedade no
que diz respeito à utilização de informação.
Os Sistemas de Informação (SI) encontram-se em forte processo de formação e expansão, e
estão em constante mutação inserindo a sociedade contemporânea num processo de
mudança tendo como principais responsáveis as TIC.
João Álvaro Carvalho (2005, citado por Amaral et. al 2005) diz que, por meados da década
de 1950, deu-se a entrada dos computadores nas organizações devido à automatização de
tarefas de processamento de informação para a produção de resultados necessários em
processos organizacionais – processamento de dados. Apesar do processamento desses
dados ser relativamente simples, o grande volume das operações precisava da participação
de um elevado número de funcionários na realização dessas tarefas. O autor afirma ainda
que, a natureza dos computadores e o facto de serem vistos como automatizadores de
tarefas de processamento de informação, levaram a que a sua introdução nas organizações
fosse vista como um problema tecnológico. Além da máquina em si, dos seus componentes

7
eletrónicos e do software que garantia o seu controlo, o maior problema era a criação dos
programas capazes de descrever as operações da empresa a realizar pelo computador. Para
lidarem com tais problemas os profissionais eram formados pelas empresas que fabricavam
e distribuíam os computadores, porque as linguagens de programação e as plataformas de
construção de programas eram específicas a cada marca, sendo os computadores uma
máquina recente, não existia ainda formação específica, quer a nível do ensino superior
quer de formação profissional. Ao longo do tempo, a função desempenhada pelos
computadores nas organizações foi-se ampliando a outros tipos de tarefas – “a fabricação
assistida por computador, a produção de informação de gestão e o apoio à tomada de
decisões, são exemplos de áreas organizacionais que, até ao final da década de 1970,
tinham sido objeto de suporte por computadores” (Ein-Dor&Segev, 1993).
Amaral (1994, citado por Zorrinho et al. 2005), define Gestão de Sistemas de Informação
(GSI) como um conjunto de atividades que constituem a área funcional das organizações
responsável pela gestão do recurso informação e de todos os recursos envolvidos no
planeamento, desenvolvimento e exploração dos seus SI.
Henrique Marcelino (1990, p. 8, citado por Caldeira, 2005), defende o conceito de Sistema
de Informação Organizacional como “o conjunto de meios e procedimentos que, através de
mecanismos de representação têm como finalidade explícita ou resultado implícito fornecer
aos diferentes membros da organização uma percepção do estado e do funcionamento da
dita organização e do seu meio envolvente (sistema de informação de gestão) e suportar de
modo operacional as atividades do sistema de operações cujo objeto seja informação
(sistema de informação produtivo) ”.
Laudon e Laudon (2001, cit. por Lopes et al., 2005), definem SI como “um conjunto de
componentes inter-relacionadas que colecionam (ou acedem), processam, armazenam e
distribuem informação para suportar a tomada de decisão e controlo numa organização”. Já
Ein-Dor, (1993, cit. por Lopes et al., 2005) diz que o SI é um sistema computadorizado
com uma interface para o utilizador, em que o computador não esteja fisicamente embutido,
ou seja, o computador é percetível aos olhos do utilizador.
Tendo em conta as várias definições, considera-se que um SI inclui o trabalho da
organização do tipo informacional e ajuda as organizações a atingir os seus objetivos
através da recolha, armazenamento, processamento e distribuição da informação. Conclui-
se, assim, que os SI são encarados sob uma perspetiva social e tecnológica (Lopes et al.,
2005).

8
2.2 Sistemas e Tecnologias de Informação: Mudança Organizacional e Mudança
Estrutural
Para o Zorrinho (1991) o desenvolvimento das tecnologias de suporte aos SI,
nomeadamente o crescimento das capacidades de memorização, transmissão e gestão de
dados provocou uma transformação do papel do SI nas organizações. Para o autor, além do
papel de instrumento de apoio à tomada de decisão, os SI atuam sobre o padrão de análise
da organização e dos sistemas, condicionando comportamentos, atitudes e desempenhos,
consequentemente, constituem um instrumento indireto de gestão.
Lopes et al., 2005, afirma que a mudança organizacional é, hoje, crucial para a
sobrevivência das organizações, e as que não se adaptarem estão condenadas a não
sobreviverem, pois, o ambiente de estabilidade que existia no passado alterou-se e novas
ameaças surgem diariamente nas organizações. Assim sendo, as organizações têm de
antecipar a mudança e responder de uma forma inovadora.
A mudança organizacional é objeto de estudo de várias disciplinas que se ocupam da
análise das implicações provocadas pelas várias mudanças que assolam os sistemas sócio-
organizacionais. Este facto dá-se, pelo surgimento das novas mudanças da tecnologia, das
estruturas, do mercado, das formas e dos modelos de organização de trabalho, dos
processos de gestão, das atitudes e dos valores, das relações com os clientes, entre outras
(Ferreira, 1996:323, cit. por Rodrigues).
Davenport (1993), SI e a mudança organizacional, in Castro et al., Desenvolvimento de SI:
Os SI e a mudança organizacional (pp. 17). FCA – Editora de Informática, afirma que as TI
foram consideradas como sendo o instrumento mais influente para transformar as
organizações, mas que o sucesso das organizações passa, essencialmente, pela mudança dos
SI, sendo estes necessários e críticos. Embora as TI sejam importantes para a mudança
organizacional, estas, por si só, não derivam mudanças significativas para a organização,
pelo que é de extrema importância a sua integração com os SI e o facto de os SI
acrescentarem valor às organizações confirma o papel crucial que as atividades de
intervenção de SI têm para as organizações.
De acordo com os autores Serrano et. al (2004, pp.28), a revolução das TI, devido à sua
capacidade de penetração em todos os âmbitos da atividade humana, está a provocar
complexas mudanças na economia e nas organizações. E a capacidade, ou não, das
sociedades para dominarem e direcionarem o desenvolvimento da tecnologia define, em
boa medida, o seu destino, ao ponto de podermos dizer que, ainda que por si mesma não
determine a evolução histórica e a mudança social a tecnologia capacita as sociedades para

9
a transformação.
Como resultado da sua progressiva implementação na sociedade e nas organizações, os
colaboradores dedicam a maior parte do seu tempo à gestão da informação, uma vez que,
esta é fundamental para a realização das suas funções. Como consequência, todos os
colaboradores, realizam em menor ou maior grau, quatro funções informacionais básicas:
1) Planificação, 2) Tomada de decisões, 3) Resolução de problemas e 4) Avaliação de
resultados, com isto, todos devem ser comunicadores, processadores e criadores da
informação.
Serrano et. al (2004), diz ainda que, as tecnologias se tornaram elemento-chave das
organizações. Inicialmente eram confinadas às atividades internas e, atualmente,
alcançaram cenários de diversas áreas como negócios, social, político, educativo, científico,
obrigando, deste modo, a novas formas de trabalho, de comunicação, e de organização,
tanto no campo organizacional como pessoal.
Assim sendo, relativamente às tecnologias de informação, a mudança é fortemente incitada
pela concorrência crescente no ambiente empresarial e na constante procura de vantagens
concorrenciais nos produtos e nas técnicas de produção, nas técnicas de penetração nos
mercados e nas técnicas e instrumentos de gestão das organizações. Esta estratégia cria,
obrigatoriamente, uma necessidade de atualização dos métodos de gestão, da formação dos
colaboradores e dos produtos, face à velocidade da mudança (Zorrinho, 1991, pp.39).

Quando se fala em mudança podem encontrar-se diferentes classificações na literatura e


consoante os critérios de classificação, pode ser classificada pelo impacto que causa na
organização ou pela forma como se processa (Lopes, 2005).
Os SI inicialmente eram limitados às atividades internas das organizações, atualmente,
alcançaram, outros cenários mais diversos. É o caso do ambiente educativo, de negócios,
social, político e científico, o que consequentemente levou a novas formas de trabalhar,
organização e de comunicação, tanto a nível organizacional como pessoal (Serrano et al.,
2005).
De acordo com Serrano et. al, 2005, e tal como pode ser observado na Figura 2, podem-se
considerar três fases diferentes de mudança organizacional proporcionada pelas tecnologias
de informação.

10
Figura 2 - Fases de mudança nas organizações determinadas pelas TI

Fonte: Livro Gestão do Conhecimento, 2005

1ª Fase – The Back Office (Eficiência Operacional)


Esta fase é caraterizada pela implementação de sistemas de mainframes1 e
microcomputadores, para automatizar as funções internas das organizações, que incluem
contas de clientes, salários, inventários e uma rudimentar base de dados. Os computadores
serviram às organizações como ferramentas de cálculo de grande eficácia e para guardar
expedientes pessoais. O seu impacto global na posição competitiva era muito pequeno e
não afetava os processos de tomada de decisão.
2ª Fase – The Front Office (Eficácia de Gestão)
Esta fase, década de 80, iniciou-se com a introdução do computador pessoal, distribuíram-
se computadores por toda a organização, com uma estrutura conhecida como “sistemas
cliente-servidor” (LAN), generalizou-se o uso de correio eletrónico e de sistemas gestores
de documentação e sistemas de base de dados corporativos e departamentais. Com as
aplicações de produtos informáticos a intenção era aumentar a produtividade e os
rendimentos e a reorganização requerida começaram de forma gradual, ainda que
impercetível, a transformar a natureza fundamental do trabalho e da organização.
3ª Fase – The Virtual Office (Vantagem Competitiva)
Esta fase teve início na década de 90, com o uso alargado da internet e da World Wide
Web2 (www). A rede e a web, combinadas com as novas e superiores capacidades das redes
na organização integrada, deram como resultado um salto qualitativo nos métodos de

1
Mainsframes – computador de grande porte capaz de realizar processamento de dados complexos e
são usados como sistemas centrais em grandes organizações.
2
World Wide Web (www) – é um sistema de documentos dispostos na Internet que permitem o acesso
às informações apresentadas no formato de hipertexto.
11
transformação organizacional. Nesta nova fase, existem quatro elementos que combinados
configuram o ciberespaço: intranets3, extranets4, internet5 e world wide web. Estes quatro
elementos têm uma grande importância estratégica na definição da posição competitiva das
organizações.

Concluindo, se em circunstâncias normais os tempos já são de mudança e a implementação


de soluções organizacionais integradas que possibilitem informação correta e atempada aos
decisores já é fundamental, imagine-se a importância desta situação perante um contexto
como o da pandemia COVID-19. A pandemia, para além de dizimar milhares de vidas,
condenou centenas de empresas à falência e colocou milhares de empresas em sérias
dificuldades. Na realidade, este cenário obrigou as organizações a adaptarem-se a uma nova
realidade de um dia para o outro. Foi necessário adotar medidas rigorosas de isolamento e
distanciamento social que fizeram estagnar quase por completo toda e qualquer atividade
presencial. Todavia, a necessidade de retoma das atividades produtivas, da economia, dos
negócios e da dinâmica da sociedade, fez com que as organizações recorressem aos
sistemas de informação para que fosse possível continuarem as suas atividades de forma
remota e, de repente, o mundo passou a acontecer online, ou seja, “em poucos dias ou
semanas, as organizações foram capazes de se adaptarem a vários níveis, desde a forma
como gerem o seu negócio, até à forma como gerem as suas instalações e recursos humanos
(Samartinho & Barradas, 2020). Assim sendo, se o desenvolvimento e maior integração dos
sistemas organizacionais já tinha um papel crucial na melhoria do desempenho das
organizações (Zorrinho et. al., 2005), mais passou a ter no contexto pandémico.

2.3 Sistemas de Informação na Educação


Com o desenvolvimento tecnológico, a Escola como organização deve encontrar o
equilíbrio entre a valorização da experiência pessoal de cada um dos seus profissionais e a
experiência vivida por outras pessoas, noutros pontos do planeta. Para isso dispõe de
muitos meios de comunicação que são ao mesmo tempo uma fonte de enriquecimento, de
conhecimento e de abertura ao mundo. Aliás, segundo Tornero, 2007, “(…) no início do
século XXI, a Internet está a tornar saberes e documentos acessíveis a toda a gente, quase
3
Intranets – rede privada dentro de uma organização que está de acordo com os mesmos padrões da
Internet, acessível apenas por membros da organização, empregados ou terceiros com autorização de acesso.
4
Extranets – rede privada que utiliza a tecnologia da Internet e do sistema de telecomunicações
públicas em segurança da partilha de informação de uma empresa ou operações com os fornecedores,
parceiros, clientes ou outras empresas.
5
Internet – é um conglomerado de redes que permite a interconexão descentralizada de computadores
através de um conjunto de protocolos.
12
sem limitações, em qualquer parte do planeta. Impulsionado pela tecnologia, o discurso
consumista promove a ideia de uma nova revalorização do conhecimento – mas de um
conhecimento expandido e global, que se estende por todas as épocas e todos os espaços”.
Os meios de comunicação e a tecnologia estão de tal forma incorporados na vida social que
passaram a fazer parte do modo de vida das atuais sociedades. Dos vários meios de
comunicação, destacam-se em diversas áreas da atividade humana, tornando-se os
equipamentos tecnológicos (computadores, smartphones, etc.) importantes em todas as suas
aplicações, na vida em sociedade. Segundo Abrantes, 1999, “com a cada vez maior
utilização dos computadores, dos media e dos audiovisuais, entrámos, provavelmente,
numa nova fase”.
Os meios de comunicação implementaram-se na sociedade e, consequentemente, é
imperativa a sua presença na escola, contribuindo para a renovação da mesma.
Sendo a comunicação a essência da Escola, torna-se fundamental, para que isso
aconteça, que a mesma ofereça os meios de acesso à informação a toda a comunidade
educativa constituída por docentes, pessoal não docente, discentes, pais/encarregados de
educação, empresas, instituições oficiais e público em geral. As TIC fizeram desaparecer as
distâncias e, por conseguinte, operaram-se transformações na sociedade. As informações
mais atualizadas podem ser postas ao dispor de qualquer um, em qualquer momento e em
qualquer parte do mundo. É facilitada a interatividade, possibilitando não só emitir e
receber informações, como também dialogar, discutir e transmitir informações e
conhecimentos sem qualquer limite de tempo ou distância.

Segundo Delors (1988), “esta livre circulação de imagens e de palavras, que prefigura o
mundo de amanhã, até no que possa ter de perturbador, transformou quer as relações
internacionais, quer a compreensão do mundo pelas pessoas; isto é um dos grandes
aceleradores da mundialização” segundo Delors (1988). Com a situação pandémica
provocada pela COVID-19, de acordo com Dotta et. al (2020), um número elevado de
professores, com ou sem o apoio adequado, passaram a utilizar as TIC para transmitir
conteúdos, enviar e recolher atividades, ou mesmo para esclarecer dúvidas aos alunos. A
pandemia da Covid-19 modificou totalmente a forma como a socialização nos meios
escolares acontecem e até o processo de ensino e aprendizagem teve que se adequar a uma
nova realidade mediada por computadores e Sistemas de Informação (SI) que possibilitam
o ensino remoto (Adedoyin; Soykan, 2020; Daniel, 2020; O’leary, 2020, cit. por Júnior e
Frogeri, 2021).

13
2.4 Tecnologias de Informação e Comunicação em Cabo Verde
A comunicação entre as dez ilhas de Cabo Verde foi um enorme desafio, ao longo de vários
séculos. Logo, as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) possibilitaram
ligar as ilhas por meio de algum tipo de rede que poderia ajudar a resolver os problemas de
comunicação que persistiram durante muitos anos.
Antes de 1998 a utilização das TIC no setor privado era igualmente subdesenvolvida, tendo
como principal cliente o Governo. Nesta altura, houve algumas experiências com
consultores estrangeiros, para administrar bases para o setor no país, mas, esses projetos
foram considerados bastante caros e mal sucedidos.
Com as falhas nessas experiências, em 1998, o Ministério das Finanças viu que os seus
sistemas de informação eram lentos, caros e incompletos, fundaram a Unidade de Reforma
da Administração Financeira do Estado (RAFE). Inicialmente limitada ao Ministério das
Finanças, rapidamente a atuação da RAFE se alastrou pela Administração Pública,
contribuindo para o início do processo de modernização de outros setores do Estado. Em
resposta à crescente procura e de acordo com a visão estratégica do Governo, foi criado,
por resolução do Conselho de Ministros, em julho de 2003, o Núcleo Operacional da
Sociedade de Informação (NOSI), como unidade operacional da Comissão Interministerial
para a Inovação e Sociedade de Informação, presidida pelo Primeiro-Ministro de Cabo
Verde.
Cabo Verde ocupa um lugar de liderança na África Ocidental no que se refere às TIC,
segundo os dados divulgados pela União Internacional das Telecomunicações (UIT) no seu
relatório anual de TIC’s “Medindo a Sociedade de Informação 2016”. Em África, Cabo
Verde ocupa o 1º lugar a nível da sub-região da África Ocidental e 4º lugar a nível do
continente, já no ranking mundial o arquipélago ocupa o 96.º lugar com o índice de 4.60.
O ICT Development Index (IDI6) obtido por Cabo Verde é resultado da média de três sub-
índices: infraestruturas e acesso (com o peso de 40%), em que o país obteve o índice de
5.02; intensidade do uso das TIC (peso de 40%), com o índice de 4.03 (uma evolução
positiva de 11 posições em relação a 2015 que ocupava o lugar 88ª e índice de 3.24); e,
finalmente, o sub-índice capacitação dos utilizadores (peso 20%), em que o índice obtido
foi de 4.89.
De acordo com o Programa Estratégico para a Sociedade da Informação (2005), “o
desenvolvimento das TIC para a afirmação de uma sociedade de informação e
conhecimento é uma opção estratégica, pois são ferramentas centrais da modernização e

6
ICT Development Index (IDI) – Índice de Desenvolvimento de TIC.
14
internacionalização da economia. As TIC são um fator de inserção ativa de Cabo Verde na
economia global, ajudou a romper as barreiras do determinismo insular para estar em
sintonia com o mundo, acompanhando as mudanças, participando na evolução do
conhecimento e do saber, estando perto dos centros de decisão, detetando oportunidades e
pô-las ao serviço do seu próprio desenvolvimento”.
As NTIC são hoje o centro das sociedades modernas e exercem um papel crucial no
desenvolvimento social e económico. O seu potencial é, hoje, reconhecido como fator-
chave para aumentar a produtividade e a qualidade de vida, particularmente para a maioria
dos povos do mundo vivendo em países em desenvolvimento ou em economias em
transição.
O Governo de Cabo Verde, na sua estratégia de desenvolvimento, atribui papel relevante à
sociedade de informação e do conhecimento na melhoria da competitividade da economia
cabo-verdiana. No entanto, o enquadramento legal existente para o desenvolvimento das TIC
em Cabo Verde não está ainda suficientemente regulamentado e o que existe está mais
configurado para as telecomunicações que constituem um dos eixos principais das TIC, mas
mesmo assim, não as absorvem em toda a sua extensão (NOSI, 2005).

2.5 Tecnologia de Informação e Comunicação no Ensino em Cabo Verde: Programa


“Mundu Novu”
O acesso à informação e ao conhecimento, associado ao desenvolvimento de novas
competências, tem desempenhado um papel crucial no desenvolvimento dos países,
permitindo aos mesmos desenvolver vantagens competitivas.
Na perspetiva de acompanhar as mudanças promovidas pela utilização das TIC, o Governo
de Cabo Verde, através do Ministério da Educação (ME), introduziu as TIC no plano
curricular do ensino secundário e tem vindo a estimular a sua utilização por todo o meio
educativo.
Uma das maiores prioridades do Estado Cabo-verdiano tem sido a aposta na educação. Essa
aposta começou com a implementação do programa “Mundu Novu” (Anexo 1 – Brochura
do Programa “Mundu Novu”), implementado pelo Governo da VIII Legislatura 2011 –
2016, com o objetivo de modernizar o processo de ensino através da utilização das TIC,
criando um novo paradigma de ensino interativo. Pese embora o programa tenha sido
concluído em 2016 o objetivo é melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem;
aumentar significativamente o nível de conhecimento dos cabo-verdianos; tornar Cabo
Verde mais competitivo na economia global e promover a equidade social na Sociedade de
Informação, através da redução das assimetrias sociais e da infoexclusão.
15
O alcance deste programa incide sobre o sistema educativo, o modelo económico do país e
o equilíbrio social entre a população. Os diversos setores do sistema educativo, bem como
outros stakeholders como associações ou diáspora, tiveram um papel fundamental na sua
execução.

Objetivos principais:
 Modernizar o processo de ensino através da utilização das TIC;
 Melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem;
 Aumentar significativamente o nível de conhecimento dos cabo-verdianos;
 Tornar Cabo Verde mais competitivo na economia global;
 Promover a equidade social na Sociedade de Informação, através da redução das
assimetrias sociais e da infoexclusão.

De acordo com a Brochura do Programa “Mundu Novu”, o programa dá ênfase a 3 pontos


principais: 1) Sistema de Ensino, onde o foco recai no desenvolvimento das pessoas e das
suas competências, tendo como principais objetivos incentivar a participação dos cidadãos
na escola, em todas as camadas sociais, reduzindo a abandono escolar, aumentar o
percentual de população em todos os níveis de ensino prolongando o número de anos de
participação dos cidadãos na escola, acelerar as capacidades de aprendizagem da população
e a aprendizagem de novas competências e áreas do conhecimento para o mercado de
trabalho. 2) Economia, o foco é estimular a competitividade e o desenvolvimento do país,
apostando no desenvolvimento do setor das TIC e da competitividade económica para atrair
investimentos, incentivar o empreendedorismo para a criação de novas empresas e negócios
e a criação de competências TIC para assegurar o suporte operacional ao Programa. 3)
Social, onde a ideia principal é a redução das assimetrias sociais e da infoexclusão,
garantindo a democratização do acesso à informação por parte de todos os cidadãos de
Cabo Verde, gerar novas oportunidades para as camadas mais desfavorecidas e incentivar a
utilização da internet pelos alunos aos restantes elementos da família

Novo Paradigma de Ensino


O novo paradigma de ensino implica a mudança da forma de funcionamento da sala de aula
em vários aspetos (Figura 3). Neste novo formato de aprendizagem o professor funciona
como um facilitador, agilizando e facilitando o acesso dos alunos ao conhecimento.
O objetivo de cada aluno não será apenas maximizar o conhecimento adquirido, mas

16
potenciar as suas capacidades numa equipa de trabalho e na comunidade.

Este novo paradigma obriga a que os professores tenham:


 Uma preparação para os novos desafios, em termos do seu novo papel e
posicionamento na sala de aula. É fundamental gerir esta mudança facilitando a
vida aos professores e evitando que se criem barreiras;
 Uma formação adequada às novas competências que é necessário ter,
nomeadamente no âmbito da utilização de novos equipamentos e conteúdos
programáticos interativos.
Figura 3 – Escola Antiga vs Nova Escola

Fonte: Documentação Interna ME

Isto é, o programa “Mundu Novu” teve como responsabilidade equipar com os recursos
tecnológicos todas as escolas públicas, do ensino básico e secundário e promover a
formação dos professores na área das TIC em educação.

2.6 Sistema Integrado de Gestão Escolar - SIGE


O SIGE é uma ferramenta desenvolvida pelo Núcleo Operacional da Sociedade de
Informação (NOSI7), no ano de 2009, como experiência piloto na escola secundária Abílio
Duarte, na cidade da Praia (ilha de Santiago), e na escola secundária Jorge Barbosa, na ilha
de São Vicente, em parceria e sob as orientações do ME, com o objetivo de dotar as escolas
de um sistema informatizado de gestão escolar ligado à rede do estado, melhorando, assim,
a comunicação entre a escola, os alunos e os pais e/ou encarregados de educação.
O objetivo foi criar um sistema único de gestão escolar, a nível do ensino secundário (ES) e

7
NOSI (Núcleo Operacional da Sociedade de Informação) – iniciou com a fundação da Unidade de
Reforma da Administração Financeira do Estado (RAFE), em 1998. Inicialmente limitada ao Ministério das
Finanças, rapidamente a atuação da RAFE se alastrou pela Administração Pública, contribuindo para o início
do processo de modernização de outros setores do Estado.
17
ensino básico obrigatório (EBO), em todo o território nacional, permitindo às escolas
estarem interligadas em rede a um sistema comum. Dentro deste contexto, o Sistema de
Informação para Educação (SIE) viabilizou a criação de um sistema único de gestão escolar
em todo o território nacional e a ligação em rede das unidades educativas a um sistema
comum, maximizando a comunicação e a gestão e minimizando os custos.
Este sistema permite às escolas do ES e do EBO melhorar a sua gestão, permitindo uma
integração rápida entre elas e os alunos e também com os pais/encarregados de educação.
A Figura 4 demonstra os intervenientes do processo do SIGE que funcionam de uma forma
simultânea e de acordo com as suas funções perante o sistema.

Figura 4 – Intervenientes do processo do SIGE

Escolas Pais e/ou


Ministério da
Secundárias/ Professores Alunos Encarregados
Educação
Ensino Básico de Educação

Fonte – Elaborada pela própria autora

Os intervenientes do processo do SIGE funcionam de uma forma interativa desde o ME ao


Encarregado de Educação formando um ciclo, mas as ES por sua vez, mantêm uma relação
direta e exclusiva com os professores e encarregados de educação.
O contributo no reforço da política de governação de TIC no setor da educação, a ampla
integração de dados, os procedimentos harmonizados e o princípio “Write Once, Read
Many”, em que garantem a não duplicação de dados dentro do sistema, são, também,
algumas das principais vantagens do SIGE.
Outras vantagens do SIGE são: permitir a organização do fluxo de trabalho e integração dos
vários setores da educação; permitir a todos os intervenientes criar planos de ação para um
futuro de sucesso; possibilitar uma gestão clara; facultar transparência à vida escolar dos
alunos; ser uma ferramenta de trabalho que facilita o dia-a-dia do professor relativamente
aos processos burocráticos inerentes à sua função como, por exemplo, escrita dos sumários,
marcação de faltas, agendamento de avaliações e atribuição de notas; permitir maior
interação entre os professores e os pais e/ou encarregados de educação; ajudar os diretores
de turma a ter informações cruciais sobre cada aluno da sua turma.
18
O sistema foi desenvolvido, inicialmente, pelo NOSI, no governo do Partido Africano da
Independência de Cabo Verde (PAICV), mas, posteriormente foi assumido pelo gabinete da
Unidade de Tecnologia da Informação e Comunicação do Ministério da Educação.
O SIGE implica automaticamente a mudança de comportamento e paradigma dos gestores,
professores e toda a comunidade educativa.
Os alunos são os maiores beneficiários pelo facto de terem inúmeras vantagens perante o
sistema como o acesso aos conteúdos interativos disponibilizados pelos professores, acesso
às notas online, aumento de rapidez no acesso às informações (como dados da turma,
horário, etc.); mais transparência e rapidez no acesso ao histórico, para além de que o
sistema garante uma integração com o Sistema de Ensino Superior, facilitando o processo
de candidatura a bolsas de estudos, entre outros.
Já em relação aos professores, estes também beneficiam do sistema sob vários aspetos,
como por exemplo, agendamento dos sumários, marcação de faltas, agendamento das
avaliações, envio de recados aos pais e/ou encarregados de educação, dentre muitas outras
opções que lhes permitem mais tarde fazer consultas, disponibilizar conteúdos para os
alunos, bem como disponibilizar as pautas e horários para consulta online.
Da mesma forma, as Escolas, de uma forma geral, podem aproveitar as oportunidades
dadas pelas TIC a fim de modernizar os processos administrativos e de gestão interna. Os
pais e/ou encarregados de educação podem consultar e acompanhar constantemente a vida
escolar dos seus educandos, a partir do dossier do aluno disponível no portal “Porton di
Nôs Ilha” ou a partir do telemóvel visto que podem receber mensagens com informações
sobre notas, faltas, propinas8, reuniões de entre outras informações pertinentes.

2.6.1 Principais Funções do SIGE


De acordo com a documentação interna do ME, o SIGE possui três principais perfis, cada
um com as suas funcionalidades:
Perfil do Ministério de Educação – onde é feita a parametrização inicial do
sistema de acordo com as orientações da Direção Nacional da Educação.
No perfil do ME são criados e parametrizados os seguintes campos:
 Disciplinas;
 Plano de Estudo;
 Elementos e critérios de Avaliação;

8
Em 2017 a educação passou a ser gratuita até ao 12º ano, mas é possível consultar o histórico das
propinas dos períodos anteriores a 2017.
19
 Ano Letivo;
 Período;
 Apoios dos alunos;
 Natureza das disciplinas;
 Escalão das Propinas;
 Configuração das Escolas;
 Entre outras parametrizações.

O perfil do ME tem acesso a informações de todas as escolas do país, pode-se dizer que é o
perfil do administrador do SIGE.

Perfil de Administração das Escolas


No perfil de administração das escolas são criados e parametrizados os seguintes campos:
 Plano de Estudo;
 Horários;
 Pautas;
 Inserem-se Alunos e Professores;
 Cria-se a ficha dos alunos e professores no sistema;
 Criam-se as Turmas;
 Cria-se a Agenda Virtual da escola;
 Propinas dos alunos.

O perfil da administração da escola tem autorização de acesso somente às informações da


sua escola.

Perfil dos Professores


No perfil dos professores são criados e parametrizados os seguintes campos:
 Informações Pessoais;
 Minhas Turmas (onde cada professor tem a lista com toda a informação dos seus
alunos);
 Gestão de Disciplinas – onde o professor pode:
 Agendar as avaliações;
 Atribuir notas;
 Introduzir conteúdos;
20
 Consultar os horários de coordenação e das aulas;
 Conselho de Turma – onde o professor pode:
 Atribuir a nota final do trimestre para cada aluno;
 Visualizar o histórico escolar do aluno num determinado ciclo;
 O professor diretor de turma tem acesso às notas de todos os alunos e
reunindo o conselho da turma confirmam as notas e atribuem o comportamento
e ou o aproveitamento final;
 Agenda Virtual – o professor pode agendar os eventos da sua turma.

No perfil dos professores o acesso à informação varia conforme se o professor tem cargo de
diretor de turma ou não. Caso tenha direção de turma, tem acesso a todas as informações da
sua turma relativas a outras disciplinas. No caso de não ser diretor de turma tem acesso às
informações apenas da (s) disciplina (s) que leciona.

Os professores e as escolas têm o acesso ao SIGE através da plataforma IGRP – Integrated


Government Resource Planning9 (https://nosiapps.gov.cv), desenvolvida pelo NOSI, em
que, também inserem os respetivos nomes de utilizador e a palavra-passe (Apêndice 1 –
Perfil do Professor).
O professor também possui um aplicativo mobile, “SIGE – Livro de Ponto” que pode ser
descarregado da play store. O aplicativo funciona offline podendo o professor marcar faltas,
escrever o sumário e quando tiver acesso a uma rede o aplicativo faz a sincronização para a
base de dados.

Existem, também, vários outros perfis destinados aos intervenientes dos serviços centrais,
nomeadamente:
 Direção Nacional da Educação;
 Recursos Humanos;
 Inspeção-Geral da Educação;
 Delegações escolares;
 Serviço de Estudos, Planeamento e Cooperação.

Para além desses perfis temos um produto denominado de “Nha Dossier” que pode ser

9
IGRP – Integrated Government Resource Planning (Planeamento Integrado de Recursos
Governamentais).
21
acedido no site Porton di Nôs Ilha (https://portondinosilhas.gov.cv/), destinado aos alunos,
pais e/ou encarregados da educação, onde é possível fazer o acompanhamento do histórico
escolar dos alunos e consultar as suas informações gerais (Apêndice 2 – Perfil do Aluno e
Apêndice 3 – Perfil dos pais e/ou encarregados de educação).
Aqui, alunos, pais e/ou encarregados de educação podem aceder às seguintes informações:
 Identificação (informações gerais do aluno);
 Informação escolar (informações sobre as disciplinas do aluno e os seus
respetivos professores);
 Notas/ Faltas (notas trimestrais, avaliação sumativa e faltas);
 Documento (documentos anexados ao processo do aluno);
 Propina (consultar os dados das propinas, valor das prestações, estado do
pagamento…);
 Termo de matrícula do aluno;
 Recados (o encarregado de educação pode interagir com o diretor de turma
enviando um email para a sua caixa de correio);
 Calendário de testes.

Para aceder a estas informações é preciso um código que os alunos e encarregados da


educação poderão solicitar gratuitamente nas escolas ou na Casa do Cidadão, através do
serviço do Service Center cujo número de contacto é o 8002008.

2.6.2 Fases de Implementação do SIGE


O SIGE foi implementado em 2009, numa 1ª fase como experiência piloto em duas escolas
secundárias do país, uma na ilha de São Vicente (Escola Secundária Jorge Barbosa) e outra
na ilha de Santiago (Escola Secundária Abílio Duarte).
Numa 2ª fase, no ano de 2014, deu-se início à disseminação do SIGE.
Na 3ª fase do projeto, em julho de 2018, concluiu-se a implementação, com sucesso, em
todas as escolas secundárias do país.
Em setembro de 2018 iniciou-se a implementação do SIGE nas escolas do Ensino Básico
Obrigatório do país, sendo que em Fevereiro de 2019 essa implementação foi concluída
com sucesso.
Atualmente, o SIGE está a funcionar em todas as escolas públicas do Ensino Básico e
Obrigatório, Ensino Secundário e já em algumas escolas privadas.

22
Figura 5 – Fases de Implementação do SIGE

2014 2019
•Ano da •Conclusão da
implementação implementação
•Disseminação por nas ES •Conclusão da
•2 Escolas-piloto outras escolas do implementação - EBO
(ESAD e ESJB) país •Início da
implementação no

2009
EBO
2018

Fonte: Elaborada pela própria autora

Em termos estatísticos, atualmente o SIGE está implementado em 395 escolas do Ensino


Básico Obrigatório, 43 escolas do Ensino Secundário e em 7 Escolas Privadas (Gráfico 1),
perfazendo um total de 445 escolas.
Gráfico 1 – SIGE nas escolas

SIGE nas Escolas


1%
10%

89%

ES - Ensino Secundário EBO - Ensino Básico Obrigatório EP - Ensino Privado

Fonte: Elaborada pela própria autora

2.7 Considerações Finais


Cabo Verde tem dado uma notória prioridade à educação e à formação, tendo
implementado reformas bem-sucedidas, no sentido de melhorar, progressivamente, o
funcionamento do sistema de ensino e a qualidade dos serviços prestados às crianças,
jovens e adultos.
23
O objetivo é habilitar, desde cedo, os alunos do ensino básico e secundário, em que a
aprendizagem e a familiarização com as NTIC são determinantes para o reforço sustentável
das capacidades nacionais.
São prioridades do Governo: equipar tecnologicamente e ligar as escolas através da Rede
Escolar; promover condições equitativas de acesso às TIC nas escolas do país; agilizar
processos de gestão no sistema educativo e a partilha de informação entre as escolas e o
ME; formar professores e gestores do sistema educativo para ministrarem formações em
TIC e para utilização das TIC nos processos de ensino; e, por fim, apostar na formação
contínua dos professores.
Neste sentido, com a implementação do SIGE, pretende-se incentivar a utilização das TIC
nas escolas, tanto pelos professores como pelos alunos, pais e/ou encarregados de
educação.

24
CAPÍTULO III
3 Apresentação da Organização
Neste capítulo é apresentado um breve historial da organização, sendo que a generalidade
das informações foram recolhidas da documentação interna disponibilizada pelo Ministério
da Educação de Cabo Verde e do respetivo site (https://minedu.gov.cv/).

3.1 Breve História


O Ministério da Educação de Cabo Verde, abreviadamente designado por ME, é um serviço
central da administração direta do Estado dotado de autonomia administrativa. Trata-se da
entidade responsável pela execução das políticas relativas às componentes pedagógica e
didática da educação pré-escolar, dos ensinos básico, secundário e técnico, superior e da
educação extra - escolar e de apoio técnico à sua formulação, incidindo, sobretudo, nas
áreas do desenvolvimento curricular, dos instrumentos de ensino e avaliação e dos apoios e
complementos educativos.

3.1.1 Localização
O ME localiza-se na Av. Cidade de Lisboa - Edifício do Palácio do Governo, CP nº 111,
Várzea - Praia, Cabo Verde, como se pode verificar na Figura 6, sendo o edifício onde se
concentram os escritórios que dirigem toda a atividade do ME.

Figura 6 – Localização do Ministério da Educação.

Fonte: Google Maps

3.1.2 Missão/Visão/ Valores


Missão
O ME é o departamento governamental que tem por missão definir, executar e avaliar a
política nacional do sistema educativo, para a educação pré-escolar, os ensinos básico,
25
secundário e técnico, a educação extraescolar, o ensino superior, a investigação científica, o
desenvolvimento tecnológico, bem como a ação social escolar.
Visão Estratégica
Com a nova orgânica, pretende-se dotar o ME de uma estrutura de materialização das
políticas educativas, científicas e tecnológicas, para responder aos desafios da educação e
da formação de excelência, capaz de assegurar o sucesso escolar, a qualificação e a
formação superior, a promoção científica e tecnológica, visando o cumprimento dos eixos
estratégicos de desenvolvimento de Cabo Verde, na perspetiva de educação para o
desenvolvimento.

Valores
O ME assenta num conjunto de convicções, princípios e valores, nomeadamente:
Compromisso com a sociedade – contribuir para uma formação cívica do indivíduo,
designadamente através da integração e promoção de valores democráticos, éticos e
humanistas no processo educativo, numa perspetiva crítica e reflexiva;
Contributo para o aumento da produtividade – desenvolver uma ação educativa que
promova atitudes positivas em relação ao trabalho, à produção e à inovação nas atividades
económicas, como fatores de progresso e de bem-estar;
Identidade cultural – estimular a preservação e reafirmação dos valores culturais e do
património nacional e internacional;
Identidade linguística – valorizar as línguas nacionais: a cabo-verdiana e a portuguesa,
através do seu ensino, com metodologias diferenciadas e do desenvolvimento de estudos
linguísticos;
Cidadania e respeito pelos direitos humanos – contribuir para o conhecimento e o
respeito dos direitos humanos e desenvolver o espírito de tolerância e solidariedade.

3.1.3 Competências
Na sequência da sua missão, são atribuições do ME:
 Definir, promover e executar as políticas destinadas à educação pré-escolar, aos
ensinos básico, secundário, técnico profissional, à educação extraescolar, a
ações complementares da inclusão socioeducativa, da orientação vocacional e da
ação social escolar;
 Definir, promover e executar as políticas educativas para o ensino superior e nos
domínios da ciência e da tecnologia, prevendo estratégias de reforço da

26
investigação para o desenvolvimento nacional, nesses domínios;
 Promover a igualdade de oportunidades de acesso e de sucesso, a todos os
cidadãos, nos diversos graus de ensino e em todas as atividades educativas;
 Preparar, executar e acompanhar, os programas e projetos educacionais, numa
perspetiva reflexiva avaliativa permanente do sistema educativo, com vista à sua
adequação às necessidades de desenvolvimento do país e ao seu alinhamento
com as tendências globalizadas de desenvolvimento educacional;
 Melhorar a qualidade, o rendimento e a funcionalidade das instituições,
designadamente pela introdução de novos métodos e práticas de gestão, para a
melhoria científica e pedagógica, administrativa e financeira, da formação
docente, discente e não docente;
 Garantir a aprendizagem das línguas cabo-verdiana e portuguesa, bem como das
línguas estrangeiras, em todos os ciclos de ensino e formação;
 Promover uma cultura e uma prática de igualdade e de não-violência, nas
abordagens e nos espaços educativos, implementando estratégias preventivas da
discriminação.

Compete, designadamente, ao ME no domínio específico do ensino e formação de quadros:


 Desenvolver a educação pré-escolar, de forma harmoniosa e articulada;
 Garantir o direito à educação e à escolaridade obrigatória e universal a todo o
cidadão;
 Desenvolver, consolidar e alargar a obrigatoriedade de frequência ao ensino
secundário;
 Criar condições para a integração das crianças e adolescentes com necessidades
educativas especiais no sistema de ensino;
 Promover a igualdade e a equidade no acesso e no sucesso educativo;
 Incentivar o ensino privado e cooperativo;
 Promover o desenvolvimento da educação, da formação e de oportunidades para
a aprendizagem ao longo da vida;
 Participar na elaboração e na execução da política global de desenvolvimento,
de capacitação e qualificação dos recursos humanos;
 Organizar o âmbito e a natureza da ação social escolar;
 Promover a descentralização, a autonomia e a participação em decisões de
gestão da educação e dos processos formativos.
27
Compete, ainda, ao ME, designadamente, em matéria do ensino superior e nos domínios da
ciência e tecnologia:
 Promover a igualdade de oportunidades de acesso a todos os cidadãos ao ensino
superior e a outras atividades de investigação;
 Planificar, coordenar e promover a articulação entre a formação de nível pós-
secundário e o ensino superior, no país e no exterior;
 Preparar, executar e acompanhar, numa perspetiva reflexiva avaliativa
permanente do sistema de ensino superior e investigação, os programas e
projetos, em ordem à sua adequação às necessidades de desenvolvimento do
país e aos progressos da ciência e tecnologia;
 Melhorar os meios e serviços da formação académica superior, visando a
qualidade científica e os resultados, os métodos e técnicas pedagógicas e outras
condições gerais facilitadoras do sucesso, para este subsistema;
 Orientar a política nacional para a ciência e para a tecnologia e respetivos
sistemas de organização, financiamento e execução;
 Fomentar e coordenar as atividades de investigação científica e de
desenvolvimento tecnológico, bem como monitorar os respetivos programas e
projetos;
 Coordenar a cooperação científica e tecnológica estabelecida com entidades
internacionais, ao abrigo dos acordos de cooperação bilaterais ou multilaterais,
em colaboração com o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Comunidades e
demais serviços públicos envolvidos;
 Preparar a proposta de orçamento para a ciência, a tecnologia e do planeamento
plurianual das atividades de investigação científica e do desenvolvimento
tecnológico;
 Promover o desenvolvimento, a modernização, a qualidade, a competitividade e
a avaliação do ensino superior, da ciência e tecnologia, visando o seu
alinhamento com as necessidades e orientações nacionais e internacionais;
 Apoiar as iniciativas e projetos de investigação universitários, entre outros, que
visem o desenvolvimento e a disseminação da cultura científica e tecnológica,
através de programas de incentivos à formação da comunidade de investigadores
e o apetrechamento dos laboratórios, centros de investigação e centros de
documentação.
28
3.2 Sistema Educativo Cabo-verdiano
O Sistema Educativo Cabo-verdiano está integrado no conceito de economia do
conhecimento que, da base ao topo, oriente os jovens para um domínio proficiente das
línguas, das ciências integradas, das tecnologias e para a construção de um perfil
cosmopolita aberto ao mundo, capaz de interiorizar valores intrínsecos ao saber ser, saber
fazer e estar, de responsabilização mútuas, enquanto membros da comunidade, de
preparação para a aprendizagem ao longo da vida, cultura de investigação, experimentação
e inovação.
De acordo com o Plano Estratégico da Educação, a organização do Sistema Educativo está
consagrada na Lei de Bases de 1990, que foi revista no ano 2010. Uma análise comparativa
do sistema educativo cabo-verdiano em 1990 e 2010, feita pelo ME, permite concluir não
ter havido mudanças significativas nos direitos e deveres, objetivos gerais e princípios
educativos. O subsistema Ensino Escolar que, na Lei de Base do Sistema Educativo
(LBSE) – Tabela 1 – de 1990, se dividia em 4 níveis (ensinos básico, secundário, médio e
superior) passou a compreender 3 níveis, tendo sido abolido o ensino médio10. As
alterações significativas introduzidas na revisão da lei no ano de 2010 têm a ver com a
dimensão da obrigatoriedade e da gratuitidade do ensino e com a organização e duração dos
níveis e ciclos de ensino.

10
O Instituto Pedagógico que era de nível médio passou a ser considerado uma Instituição de Ensino
Superior.
29
Tabela 1 – Diferenças na organização do sistema educativo (1990, 1999, 2000)
LBSE 1990 / 1999 LBSE 2010
Ensino Básico
O ensino básico (6 anos) é universal e obrigatório. O Estado garante a educação obrigatória e universal até ao
10º ano de escolaridade.
O Estado promove a criação de condições para alargar a
escolaridade obrigatória até ao 12º ano de escolaridade.
O ensino básico abrange 6 anos de escolaridade, O ensino básico é universal, obrigatório e gratuito com a
organizado em 3 fases (2 anos cada). duração de 8 anos. Compreende 3 ciclos sequenciais: o 1º, de
4 anos; e o 2º ciclo e o 3º ciclo, de 2 anos cada.

Ensino Secundário
O ensino secundário tem a duração de 6 anos e O ensino secundário tem a duração de 4 anos e organiza-se
organiza-se em 3 ciclos de 2 anos cada. em 2 ciclos sequenciais de 2 anos cada.

O ensino secundário organiza-se em 3 ciclos: O ensino secundário organiza-se em 2 ciclos:


- 1º ciclo ou tronco comum (7º e 8º anos); - 2º ciclo - 1º ciclo da via do ensino geral, que constitui um ciclo de
com uma via geral e uma via técnica (9º e 10º anos); - consolidação do ensino básico (1º ao 8º ano) e orientação
3º ciclo com uma via geral e uma via técnica (11º e escolar e vocacional (9º e 10º anos);
12º anos). - 2º ciclo com uma via do ensino geral e uma via do ensino
técnico (11º e 12º ano).

A educação especial é destinada a deficientes e A educação especial é a modalidade de educação escolar


poderá ser desenvolvida em instituições específicas ministrada preferencialmente em estabelecimentos regulares
desde que o grau de deficiência o justifique. de ensino a favor de alunos portadores de necessidades
educativas especiais.

Fonte: Documentação Interna do Ministério da Educação (Plano Estratégico da Educação


2017-2021)

O ME verificou, ao longo do desenvolvimento do Plano Estratégico, que o sistema


educativo configurado pela LBSE (2010) não foi implementado no referente ao
alargamento da escolaridade e subsequentes alterações curriculares e organizativas.
Continuou a vigorar a organização do sistema educativo contemplada na Lei de Bases de
1990. Foi efetuada uma reflexão sobre o sistema vigente e delineado um Projeto Educativo
com base nos desafios da LBSE (revista em 2010), que conduziu à redefinição das metas
educacionais (2016-2021) e à identificação clara das prioridades educativas num quadro de
planeamento estratégico – Agenda da Educação (Figura 7).

30
Figura 7 – Agenda da Educação, 2016

Fonte: Documentação Interna do Ministério da Educação (Plano Estratégico da Educação


2017-2021)

Na planificação foram equacionadas alterações (Tabela 2) a serem introduzidas na Lei de


Bases no domínio da configuração dos níveis e ciclos de ensino e da gestão pedagógica,
com aplicação a partir do ano letivo 2017/18.

31
Tabela 2 – Alterações da LBSE
LBSE 2010 Alterações identificadas
A educação pré-escolar é de frequência facultativa. A educação pré-escolar é de frequência obrigatória.

O ensino básico é universal, obrigatório e gratuito com O ensino básico é universal, obrigatório e gratuito até
a duração de 8 anos. ao 8º ano para crianças, jovens e adultos.
Compreende 3 ciclos sequenciais, o 1o de 4 anos; o 2o Compreende 2 ciclos sequenciais, sendo o 1º de quatro
ciclo e o 3º, de dois anos cada. anos, o 2º igualmente de 4 anos.

O ensino secundário tem a duração de 4 anos e O ensino secundário tem a duração de 4 anos e
organiza-se em 2 ciclos sequenciais de 2 anos cada: organiza-se em 2 ciclos sequenciais de 2 anos cada,
- 1º ciclo da via do ensino geral, que constitui um ciclo divididos numa via do ensino geral e numa via do
de consolidação do ensino básico e orientação escolar e ensino técnico.
vocacional;
- 2º ciclo com uma via do ensino geral e uma via do
ensino técnico.
Educação de adultos: Educação de adultos na perspetiva da educação ao
- Ensino básico de adultos, organizado em 3 fases de 2 longo da vida:
anos cada (6 anos). - Ensino básico de adultos, organizado em 2 fases: a 1ª
- Ensino recorrente para adultos (ensino noturno de (1º e 2º anos); a 2ª (3º, 4º e 5º anos), durante 6 anos.
qualquer ciclo ou nível). - Ensino secundário (técnico) de 4 anos, com 2 ciclos
de 2 anos cada (pós-laboral).
- Ensino superior (pós laboral).

Fonte: Documentação Interna do Ministério da Educação (Plano Estratégico da Educação


2017-2021)

A organização do Sistema Educativo que está implementada atualmente, de acordo com o


Plano Estratégico da Educação, está sintetizada na Figura 8, que a seguir se apresenta.

Figura 8 – Nova Organização do Sistema Educativo

Fonte: Documentação Interna do Ministério da Educação (Plano Estratégico da Educação


2017-2021)
32
3.3 Recursos Humanos
A gestão de recursos humanos é da competência da Direcção-Geral de Planeamento,
Orçamento e Gestão (DGPOG) e a sua execução prática dá-se através do serviço dos
recursos humanos, formada por uma equipa de trabalho com 12 técnicos, perfazendo uma
proporção de 600 funcionários para cada técnico.
O serviço tem por missão a conceção e a coordenação da execução de políticas de
desenvolvimento dos recursos humanos, docentes e não docentes dos estabelecimentos de
ensino e de serviços do ME, assim como a conceção e o apoio técnico-normativo à
formulação destas políticas e à sua monitorização e avaliação, em prol da melhoria da
qualidade de serviço público de educação.
De acordo com o ME, a gestão dos recursos humanos na administração pública cabo-
verdiana é sustentada por um conjunto de normas e procedimentos legalmente definidos e a
definição das estratégias da gestão, no setor educativo, depende das articulações com as
outras estruturas do Estado, da sua capacidade de resposta, mas também das limitações
orçamentais. Em consequência, o deficit de planeamento influencia, pela negativa, a gestão
dos recursos humanos, pois têm trabalhado mais em função da demanda política do que em
critérios sustentáveis de integração do pessoal, sobretudo a nível do pessoal docente.
Para se superar esta situação, precisará ser elaborado um vasto estudo sobre o pessoal do
ME, com o propósito de avaliar a situação atual e tomarem-se medidas de otimização que
devem constar de um Plano de Desenvolvimento dos Recursos Humanos e contribuir para a
implementação do Sistema Nacional de Gestão de Recursos Humanos em Educação.

3.4 Estrutura Organizacional


A estrutura organizacional “refere-se à forma pela qual as atividades de uma organização
são divididas, organizadas e coordenadas (Stoner & Freeman, 2009:230).
Para Teixeira (2005), a estrutura organizacional é o conjunto de relações formais entre os
grupos e os indivíduos que constituem a organização, caraterizando as funções de cada unidade
da organização e os modos de colaboração entre as diversas unidades, sendo normalmente
representada num diagrama que tem o nome de organograma.
Segundo Mintzberg (2010:20), “a estrutura de uma organização pode ser definida simplesmente
como o total da soma dos meios utilizados para dividir o trabalho em tarefas distintas e em
seguida assegurar a necessária coordenação entre as mesmas”.
O tipo de estrutura adotado por determinada organização pode revelar um fator
extremamente importante para o sucesso do negócio e na gestão de pessoas, de acordo com
Camara et. al. (2010).
33
A estrutura organizacional do ME, de acordo com a sua Lei Orgânica, assemelha-se a uma
estrutura organizacional funcional, onde as funções são divididas por departamentos,
acreditando-se ser mais dinâmica, de maior coerência e abrangência.

O organograma da Figura 9 representa a estrutura do Ministério da Educação.

Figura 9 – Organograma do Ministério da Educação

Fonte: Website do Ministério da Educação

3.5 Programas e Projetos


Para o período de 2017-2021, o Plano Estratégico da Educação que está alinhado com
estratégias e padrões nacionais e internacionais apresenta uma agenda para a educação,
consensualizada com os parceiros do desenvolvimento.
O plano é orientado por um conjunto de objetivos estratégicos e de metas associadas, o que
pressupõe uma visão holística e um esforço de coerência entre as políticas setoriais. A
universalização do acesso, a eficiência interna e externa do sistema, os resultados das
aprendizagens e a gestão do sistema educativo foram os principais pontos a serem
analisados e as mudanças propostas foram as que garantissem uma educação de qualidade,
inclusiva e que possibilita oportunidades de aprendizagem para todos, ou seja, são
34
enquadradas em três eixos estratégicos: o acesso equitativo, a qualidade e relevância e a
gestão eficiente e eficaz (Figura 10).
O Plano Estratégico da Educação está organizado em Programas e Projetos organizados por
subsistemas e níveis educativos:
 Educação Pré-escolar – universalização do acesso;
 Ensino Básico obrigatório11 – as bases para a vida;
 Ensino Secundário – consolidação e reforço do Ensino Secundário;
 Educação Superior, Ciência e Inovação;
 Gestão Educativa – o pilar da mudança.

Figura 10 – Organização do Plano Estratégico da Educação, 2017-2021

Fonte: Documentação Interna do Ministério da Educação (Plano Estratégico da Educação


2017-2021)

De acordo com o Plano Estratégico da Educação 2017-2021, foram incluídas no programa


temáticas transversais que convergem para se assegurar maior coerência ao nível setorial e
o cumprimento dos objetivos estratégicos através de intervenções sustentáveis.
A Figura 11 mostra o objetivo geral e o seu indicador e meta para avaliar o impacto destes
programas ao longo do período 2017-2021.

11
Nota: Ao longo do documento umas vezes é referenciado como Ensino Básico Obrigatório,
Educação Básico Obrigatório e Ensino Básico Integrado, sendo que são usadas com o mesmo significado.
35
Figura 11 – Objetivos, Indicadores e Metas Gerais para os anos 2017-2021 por
Programa

Fonte: Documentação Interna do Ministério da Educação (Plano Estratégico da Educação


2017-2021)

Os Programas subdividem-se em Projetos que se estendem num conjunto de operações para


a realização dos objetivos inicialmente definidos, com Planos de Ação que sintetizam os
objetivos, as metas, as atividades, os resultados esperados e as estimativas e fontes de
custos e com as Matrizes de Indicadores.

3.6 Considerações Finais


O ensino cabo-verdiano possui um caráter centralizador, cabendo ao governo zelar pela
criação de um conjunto de políticas que visam assegurar a todos os cabo-verdianos uma
educação comum indispensável ao exercício da cidadania e fornecer-lhes os meios para
progredir no trabalho e nos estudos posteriores.
Para isso, investir fortemente na educação pré-escolar, conferindo centralidade ao
atendimento das crianças com idades compreendidas entre os 4 anos e a idade da entrada
para o ensino básico é um dos grandes desafios do Governo. Outro desafio nacional é
assegurar o acesso pleno de crianças e jovens dos 6 aos 17 anos aos ensinos básico e
secundário, incluindo a ampliação da oferta educativa técnico profissional.
36
Assim sendo, o objetivo estratégico é reforçar a qualidade dos serviços prestados pela
equipa central e descentralizada visando a eficácia, a eficiência e a efetividade da
implementação das políticas de educação, de forma a garantir uma educação de qualidade a
todos os cabo-verdianos.

37
CAPÍTULO IV
4 Estudo de Caso
Nesta seção explicam-se e analisam-se as diversas atividades desenvolvidas ao longo desta
pesquisa, de acordo com as metodologias mencionadas no capítulo I.

4.1 Metodologia
De acordo com o mencionado no capítulo I (Metodologia de Investigação) a metodologia
aplicada para esta investigação foi o estudo de caso, tendo-se recorrido a uma abordagem
quantitativa e qualitativa.
Com a metodologia definida pretendia-se analisar os impactos do SIGE nas escolas,
principalmente junto dos seus utilizadores – professores e diretores das escolas. A primeira
tarefa a ser executada foi a pesquisa bibliográfica, onde foram explorados os aspetos do
tema em questão, que serviram de orientação para a condução da investigação.
Depois de efetuada a pesquisa bibliográfica, iniciou-se o estudo e a análise de documentos
existentes e da documentação interna do Ministério da Educação (ME) de Cabo Verde.
Os dados recolhidos inicialmente foram de caráter qualitativo, o que significa que os
inquiridos puderam facultar pormenores descritivos relativamente ao assunto. Os dados
foram recolhidos através de documentos, de entrevistas, de conversas, de consultas, da
análise das informações constantes nos Websites, na forma de funcionamento do software
e, também, através de inquéritos por questionários.

4.2 Métodos e Técnicas de Recolha e Análise de Dados


Os métodos mais utilizados para efetuar a recolha de dados ou medir as variáveis, de
acordo com Hill&Hill (1998), são as entrevistas e os questionários, tendo sido estes os
métodos de recolha utilizados no presente estudo de caso.
O método questionário é o mais vulgar, de acordo com Hill&Hill (1998), por ser mais fácil
aplicar e mais fácil de analisar de forma quantitativa. Pode ser utilizado para medir factos e
para medir satisfações e opiniões e, ao aplicar-se o questionário, as respostas obtidas
formam uma amostra tirada do universo das respostas possíveis.
Para Lessard-Hébert (1990), na investigação qualitativa a entrevista possui uma ligação
clara com outras formas de recolha de dados, nomeadamente com a observação.
Os métodos quantitativos e qualitativos não se excluem nem são opostos, mas
complementam-se num processo de investigação pelas suas potencialidades e fragilidades.
Contrário do método qualitativo, o método quantitativo é mais específico pelas recolhas,

38
tratamento e análise dos dados em estudo e deve-se ter em conta que, estatisticamente, até
os dados de análise qualitativa podem ser tratados quantitativamente.

4.2.1 Entrevista
A entrevista carateriza-se por um contato direto entre o investigador e os seus
interlocutores. Este método distingue-se pela aplicação dos processos fundamentais de
comunicação e de interação humana e quando são corretamente valorizadas, permitem
recolher informações muito importantes (Quivy e Campenhoudt, 1992).
Segundo Bogdan & Biklen (2010, cit. por Pereira et. al., 2011), “uma entrevista é utilizada
para recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador
desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspetos
do mundo.”
Para Tuckman (2000) as vantagens da entrevista, em relação ao questionário, são as várias
hipóteses que o investigador tem de particularizar as questões a cada entrevistado e
aprofundar o tema. A desvantagem reside no número limitado de entrevistados a que pode
ser aplicada, a maior margem de erro pela menor padronização e a limitada fiabilidade que
tem em relação ao questionário.
Para este estudo de caso, foi feita uma entrevista às Diretoras da Escola Secundária Abílio
Duarte (ESAD) e da Escola Secundária Cónego Jacinto Peregrino da Costa (ESCJPC),
tendo por base um guião de entrevista composto por 35 perguntas (Apêndice 4 – Guião de
entrevista).
A natureza da entrevista é semidiretiva, também chamada semiestruturada com perguntas
semiabertas. Apesar de ter sido elaborado, previamente, um conjunto de perguntas guia, em
muitos momentos as perguntas não foram formuladas tal e qual foram previstas no guião. A
principal preocupação foi criar um ambiente agradável que permitisse que os entrevistados
se sentissem à vontade, o que permitiu a recolha de informações muito importantes. Quanto
ao local, as entrevistas ocorreram nos gabinetes das diretoras, das respetivas escolas.

4.2.2 Questionário
O questionário é definido como um instrumento de investigação que visa a recolha de
informações baseando-se, geralmente, na inquirição de um grupo representativo da
população em estudo. O questionário contém uma série de questões que abrangem um tema
de interesse para o investigador, não havendo interação direta entre este e os inquiridos.
Ghiglione e Matalon, 1993, defendem que “a construção do questionário e a formulação
das questões constitui, portanto, uma fase crucial do desenvolvimento do inquérito” e
39
afirmam que o questionário deve ser rigorosamente estandardizado, quer a nível do texto,
quer a nível da numeração das perguntas. As questões devem ser colocadas da mesma
forma, sem explicações suplementares, para isso as questões devem ser claras, e sem
qualquer ambiguidade de forma a garantir a comparabilidade das respostas de todos os
indivíduos inquiridos.
Para escrever um bom questionário é crucial, num primeiro momento, a especificação em
detalhe: dos objetivos da investigação; das hipóteses; das escalas de resposta das perguntas
do questionário; e dos métodos para analisar os dados recolhidos (Hill&Hill, 1998, pág.2).
Assim, tendo como base as questões colocadas nos objetivos desta investigação, para o
presente estudo foi feito um inquérito por questionário (Apêndice 6 – Questionário) aos
professores da Escola Secundária Cónego Jacinto Peregrino da Costa e da Escola
Secundária Abílio Duarte, com 1 pergunta aberta (pergunta na qual o inquirido se
pronuncia livremente sobre o assunto) e 60 perguntas fechadas (que se caracterizam por
recorrer às chamadas respostas em escala Likert12, ou seja, o inquirido escolhe, da escala, o
valor que melhor se ajusta à sua opinião). A escala Likert permite ao inquirido expor o seu
grau de concordância ou discordância em relação a cada afirmação. Definiu-se dois
extremos como “Discordo totalmente” e “Concordo totalmente”, em escalas de 1 a 5,
conforme se pode verificar:
1 – Discordo Totalmente
2 – Discordo
3 – Não Concordo Nem Discordo
4 – Concordo
5 – Concordo Totalmente

Antes do questionário ser aplicado foi realizado um pré-teste em 10 professores, da


ESCJPC, com o intuito de validar o questionário e garantir que, quando o mesmo fosse
aplicado, seria de preenchimento intuitivo, as questões colocadas seriam claras e dariam
resposta aos problemas colocados.
O questionário é constituído por cinco grupos de questões, nomeadamente: I) Dados
Pessoais e Profissionais; II) Acesso às Infraestruturas Físicas e Tecnológicas; III) Formação
para o uso do SIGE; IV) Perceção dos professores em relação ao SIGE, V) Contributo para
a melhoria do SIGE.

12
Escala Likert – é um tipo de escala de resposta psicométrica usada habitualmente em questionários,
e é a escala mais usada em pesquisas de opinião.
40
4.3 Análise e Discussão de Dados Obtidos
Nesta subseção pretende-se apresentar os dados recolhidos através do questionário aplicado
aos professores, bem como os dados das entrevistas realizadas às diretoras das duas escolas.

4.3.1 Caraterização das Escolas e dos Participantes


Nas tabelas Tabela 3 e
Tabela 4, podem verificar-se as principais informações relativas à caraterização da ESAD e
da ESCJPC, localizadas nos bairros do Palmarejo e da Várzea, respetivamente.
Tabela 3 – Caraterização da ESAD
Caraterização da Escola Secundária Abílio Duarte
Nome Escola Secundária Abílio Duarte
Organismo Ministério da Educação
Órgãos Assembleia, Conselho Diretivo, Conselho Pedagógico e Conselho da
Disciplina
Atividade Estabelecimento de Ensino
Morada Palmarejo, Praia - Cabo Verde
Ano de início de atividades 2002
Nº de Sala de Aulas 31
Nº Sala de Atividades 1 Salão Nobre
Nº casas de banho 13
Sala de informática 2
Refeitório/Cantina 1
Biblioteca 1
Instalações desportiva 2
Laboratórios 3
Sala de professores 1
Ciclos de estudo 1º e 2º ciclos, Ensino Secundário
Horário 07:30-12:30 / 13:00-18:00
Regime 2 períodos (manhã e tarde)
Áreas Ciência e Tecnologia, Económico-social e Humanística
Nº de pessoal administrativo 21
Nº de professores 96
Nº Alunos 2230
Fonte: Documentação interna da ESAD

41
Tabela 4 - Caraterização da ESCJPC
Caraterização da Escola Secundária Cónego Jacinto Peregrino da Costa
Nome Escola Secundária Cónego Jacinto Peregrino da Costa
Organismo Ministério da Educação
Órgãos Assembleia, Conselho Diretivo, Conselho Pedagógico e Conselho
da Disciplina
Atividade Estabelecimento de Ensino
Morada Várzea, Praia - Cabo Verde
Ano de início de atividades 1992
Nº de Sala de Aulas 26
Nº Sala de Atividades 1 Sala de Cultura cabo-verdiana "Sabu TxoTxó", 1 Oficina (Desenho e
Educação Visual e Tecnológica, 1 Clube de Francês, 1 Espaço de Informação
e Orientação); 1 Anfiteatro, 1 Clube Ecológico
Nº casas de banho 6
Sala de informática 1
Refeitório/Cantina 1
Biblioteca 1
Instalações desportiva 2
Laboratórios 1
Sala de professores 1
Ciclos de estudo 1º e 2º ciclos, Ensino Secundário
Horário 07:30-12:30 / 13:00-18:00
Regime 2 Períodos (manhã e tarde)
Áreas Ciência e Tecnologia, Económico-social e Humanística
Nº de pessoal administrativo 13
Nº de professores 79
Nº Alunos 1327
Fonte: Documentação interna da ESCJPC

O questionário foi aplicado aos professores da Escola Secundária Abílio Duarte (ESAD) e
da Escola Secundária Cónego Jacinto Peregrino da Costa que utilizam o SIGE, autorizado
previamente pelas respetivas diretoras (Anexo 2 – Autorização das escolas), tendo sido
distribuído em formato digital.
Na escolha das escolas para aplicação do questionário foi considerado como critério, no
caso da ESAD, o facto de ser uma referência a nível nacional e ter sido a escola-piloto para
o programa “Mundu Novu”/SIGE, no âmbito da política de integração das TIC na
educação, promovida pelo Ministério da Educação. No caso da ESCJPC, foi escolhida por
ter tido o SIGE implementado alguns anos mais tarde que a ESAD, dando por isso uma
perspetiva diferente devido ao menor número de anos de experiência na utilização do
sistema.
Na 4ª semana de outubro de 2020 foi aplicado o questionário tendo a amostra incidido
sobre um total de 175 inquiridos. Foi possível inquirir apenas uma parte da população da
ESAD e da ESCJPC, que são compostas por 96 e 79 professores, respetivamente. Dos 96
questionários entregues na ESAD obtiveram-se 85 respostas, equivalente a 88% da

42
população, e dos 79 entregues na ESCJPC obtiveram-se 65 resposta, correspondente a 82%
da população, totalizando, assim, 150 respostas.

Também foi aplicado o método da entrevista às diretoras das duas escolas, permitindo
assim a recolha de informação pertinente sobre o SIGE.

4.3.2 Análise da Entrevista


Após a realização das entrevistas, as questões que a compõem foram divididas em cinco
grupos, nomeadamente: Grupo I – Enquadramento do SIGE; Grupo II – Acesso às
Infraestruturas Físicas e Tecnológicas; Grupo III – Implementação do SIGE; Grupo IV –
Formação para o uso do SIGE; Grupo V: Perceção dos Diretores em relação ao SIGE. Mas
se esclarece que, relativamente à identificação das diretoras e às escolas a que pertencem
não é fornecida qualquer informação, na medida em que lhes foi assegurada
confidencialidade.

O Grupo I – Enquadramento do SIGE é composto por 8 perguntas:


1. Quais acha que são os principais objetivos do SIGE?
Nesta questão pode-se verificar que as duas diretoras apontam como principal objetivo do
SIGE a otimização do tempo do trabalho.

Diretora 1: “Otimizar o trabalho, a nível geral, num tempo mais eficaz e eficiente…Torna
mais célere o trabalho, se antigamente os professores tinham mais de uma hora numa
reunião de avaliação hoje conseguem fazer isso em 5min.”
Diretora 2: “O objetivo foi facilitar os professores na sua gestão diária, facilitar os pais e
encarregados de educação no acompanhamento escolar dos filhos, ou de uma forma geral,
facilitar toda a comunidade educativa.”

2. O programa é gratuito ou a escola paga alguma coisa?


As respostas das diretoras foram unânimes, o programa é gratuito e financiado pelo
Governo de Cabo Verde.

3. Na sua perspetiva o SIGE é, sobretudo, mais útil a quem? Direção, alunos ou


professores? Ou acha que é útil a todos de igual modo?
Quando questionadas sobre a quem o SIGE é mais útil, as respostas foram unânimes e

43
responderam que é útil a todos tendo em conta o perfil de cada utilizador, conforme os
trechos abaixo.

Diretora 1: “Eu acho que o SIGE é útil para todos. Para os professores, o SIGE permite-
lhes fazer um trabalho com maior exatidão, minimiza o tempo de avaliação e controlo de
turma. Para o aluno, pais e encarregado de educação, estes conseguem consultar e
acompanhar a evolução do aluno a nível de avaliação, faltas, comportamento, etc, em
tempo real (…).”
Diretora 2: “É útil para todos, professores, alunos, pais e encarregados de educação,
cada uma com a sua importância dentro da responsabilidade que tem.”

4. De quem partiu a iniciativa de implementar um sistema integrado de gestão escolar


na sua escola?
Tal como sucedeu na questão anterior, também nesta questão ambas as entrevistadas deram
a mesma resposta, nomeadamente, que a iniciativa partiu do Governo, em parceria com o
NOSI e o ME.

5. Que benefícios acha que procuravam obter com o sistema?


Quando se colocou esta questão às diretoras, a diretora 1 apontou a celeridade, otimização
do tempo e padronização como principais benefícios, já a diretora 2 aponta a facilidade de
acesso à informação e, também, a redução dos custos financeiros.

6. Que características procuravam no SIGE?


Ambas concordam com “acelerar o processo” como uma das caraterísticas procuradas no
SIGE. Além de acelerar os processos administrativos, a diretora 2, refere a questão de ser
possível haver maior controlo da assiduidade com o SIGE, consultar o histórico escolar dos
alunos e facilidade de comunicação entre a escola e o encarregado de educação, que
antigamente eram mais morosos.

7. O que existia na escola antes do SIGE? Existia algum outro software?


Relativamente a esta questão da entrevista, as respostas das diretoras encontra-se no trecho
transcrito a seguir:
Diretora 1: “Antes do SIGE lançávamos as notas no excel e depois tínhamos que imprimir
para verificar um a um as notas dos alunos e o excel só servia para o lançamento de

44
notas.”
Diretora 2: “Existia a “Pautinha do Professor”. Era uma pauta onde já existia uma
fórmula integrada, onde os professores lançavam as suas notas, de seguida eram
impressas.”
Isto é, antes do SIGE, essa gestão era feita conforme a decisão de cada escola com base na
sua experiência, não existia uma padronização de procedimentos.

8. Como é que a escola recebeu a proposta da implementação do SIGE?


A diretora 1 e a diretora 2 não desempenhavam o cargo de direção aquando da proposta de
implementação, porém ambas acreditam que, embora tivesse havido alguma resistência, a
escola recebeu a proposta de forma positiva e concordaram que o SIGE trás muitos
benefícios à comunidade escolar.

O Grupo II – Acesso às Infraestruturas Físicas e Tecnológicas é composto por 3 questões:


10. Foram disponibilizados aos utilizadores equipamentos (computadores, tablet,
portáteis) para acederem ao SIGE?
Sobre este assunto, as diretoras têm a seguinte opinião:
Diretora 1: “Sim, não foi oferta mas o ME conseguiu parceria com a empresa de
telecomunicações CVTelecom, que permitiu que os professores conseguissem comprar
tablets a um preço simbólico, bem abaixo do valor no mercado. Também, já tinham sido
equipadas as escolas com portáteis, no âmbito do programa “Mundu Novu”. Foi também,
introduzido o “Pen Net” porque na altura o acesso à rede wi-fi era insuficiente e todas as
salas não tinham ponto de acesso.”
Diretora 2: “Podemos dizer que a nossa escola é uma escola abençoada, porque desde o
início, em 2002, já dispúnhamos de uma sala de informática já equipada. Quando foi
introduzido o projeto “Mundu Novu” foi disponibilizado a cada sala um computador e
uma data show. A nível de internet, como referido anteriormente, foi colocado um servidor
de internet que serve como placa mãe que gera rede para a toda escola.”

Ou seja, ambas concordam que foram disponibilizados equipamentos para que fosse
possível o acesso ao SIGE.

11. Existem computadores disponíveis, em número suficiente, para utilização por


parte de todos os utilizadores do SIGE?

45
As diretoras responderam que sim, que a escola dispõe de computadores suficientes para
todos, conforme se transcreve de seguida:
Diretora 1: “A meu ver, sim. Tendo em conta que, atualmente, todos os professores têm
um portátil ou tablet próprio, consideramos que temos computadores em números
suficientes.”
Diretora 2: “Sim, existe e a escola está a trabalhar cada vez mais na melhoria dos
equipamentos. Existe tanto para os professores como para os alunos.”

12. Concluindo: Considera que a sua escola está preparada, tecnologicamente ou tem
meios técnicos suficientes, para o SIGE?
Ao serem questionadas se as suas escolas estavam preparadas tecnologicamente ou tem
meios técnicos suficientes para o SIGE, as respostas foram semelhantes, ou seja, ambas
afirmaram que as suas escolas estão preparadas.

O Grupo III – Implementação do SIGE, é composto por 8 questões:


13. Participou da implementação do SIGE na sua escola?
As duas diretoras não participaram da implementação do SIGE na qualidade de diretoras,
mas sim como professoras. No entanto, como a diretora 2 fazia parte da direção
pedagógica, pôde participar no processo de digitalização dos dados da escola numa
iniciativa interna da instituição. Este processo veio a facilitar a introdução dos dados no
SIGE na altura da sua implementação.

14. Existiram discrepâncias entre o sistema e os processos existentes nas escolas?


A diretora 1 acredita que não houve discrepância, mas refere que há documentos de alunos,
com datas inferiores a 2016, que ainda se encontra em formato de papel. Já a diretora 2
explica que não houve discrepância no processo porque a escola, por iniciativa própria,
tinha os dados digitalizados pelo que o SIGE pôde ir buscar as informações a essa “base de
dados”.
15. Como foi a implementação do SIGE na escola? De forma faseada e por módulos
ou implementou-se logo o sistema todo de uma vez?
As respostas de ambas as diretoras a essa questão foram unânimes, a implementação foi
feita de forma faseada.

16. Em que fase de implementação está o SIGE atualmente? Já terminou?

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De acordo com as respostas, O SIGE continua a ser atualizado ao longo do tempo,
conforme as necessidades.

17. Quais os problemas que surgiram na fase de implementação do SIGE? Como


foram resolvidos?
O principal problema apontado pelas diretoras aquando da implementação do SIGE foi,
essencialmente, a resistência por parte de alguns professores. A diretora 1 referiu outras
limitações como a má qualidade da internet e a sobrecarga na rede que fazia com que a
aplicação ficasse indisponível. A diretora 2 referiu que existiam professores com menos
habilidades a nível das novas tecnologias. Tanto o problema da resistência à mudança como
o da falta de prática no uso das tecnologias foram colmatados através de formações
adequadas.

18. A comunidade escolar foi envolvida na implementação do SIGE?


Nesta questão as respostas foram muito semelhantes, e de acordo com os trechos
apresentados:
Diretora 1: “Sim. Além do ponto focal, os professores que aprenderam mais rápido a
trabalhar com o SIGE sempre estiveram disponíveis para ajudar os colegas com maiores
dificuldades.”
Diretora 2: “Sim. Existe uma equipa técnica e além disso, existe um espírito de
solidariedade muito forte entre os professores o que fez com que quem tivesse maior
domínio do sistema ajudasse o colega com maiores dificuldades.”

19. Existiu resistência à mudança? Como contornaram esta situação? O fator idade
teve influência?
Ambas concordaram que houve resistência à mudança, mas a diretora 2 discorda da diretora
1 que afirma que o fator idade influenciou na questão da resistência à mudança. Na opinião
da diretora 2 a resistência à mudança deveu-se sobretudo a alguma falta de motivação e
empenho das pessoas em se adaptarem.

20. Como se deu a participação dos integrantes que compõe a escola (pais, alunos,
professores, e os demais integrantes da comunidade escolar) nas decisões escolares
antes e depois do SIGE?
Tendo em conta que, antes da implementação do SIGE, ainda não eram diretoras das

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respetivas escolas, consideraram não estar aptas a responder a esta questão.

O Grupo IV – Formação para o uso do SIGE, é composto por 3 questões:


21. Houve formação para os utilizadores do SIGE? De que forma? Acha que foi
suficiente? Na sua opinião o que deveria ter sido diferente?
No que respeita à formação, ambas concordam que foram ministradas ações de formação
presenciais. Já na questão se a formação foi suficiente, a opinião das diretoras foi
divergente. Para a diretora 1 a formação, com a duração de duas semanas, não foi suficiente
uma vez que era muita informação a ser assimilada, pelo que deveria ter sido uma formação
de, no mínimo, um mês. A diretora 2 acha que a formação foi suficiente e que houve
sempre um acompanhamento de perto por parte de um técnico do NOSI, além de existir o
apoio da equipa técnica.

22. A sua escola já realizou, por iniciativa própria, ações de formação sobre o uso do
SIGE?
Nesta questão as respostas obtidas foram semelhantes o que se pode confirmar conforme
apresentado de seguida:
Diretora 1: “Sim, o ponto focal do SIGE teve formação contínua para atualização, e os
próprios professores pediram formação.”
Diretora 2: “Sim, os tutores ou multiplicadores de formação, podemos assim chamar,
ministraram formações para atualização, por iniciativa da escola.”

23. Existe uma equipa técnica para auxiliar na utilização do SIGE?


Nas duas escolas existe uma equipa técnica disponível para dar apoio sempre que
necessário, de acordo com as diretoras.

O Grupo V – Perceção dos Diretores em relação ao SIGE, é composto por 12 perguntas:


24. Qual a importância do SIGE na execução das suas atividades como diretor(a)?
Pode-se verificar, de acordo com as respostas abaixo, que o fator apontado como de
extrema importância é a facilidade e rapidez no acesso aos dados e à realização de tarefas.

Diretora 1: “É muito importante, por exemplo a secretaria faz o serviço de emissão de


certificados, currículos, etc, mas no caso de indisponibilidade do funcionário eu posso
emitir ou até mesmo o subdiretor-pedagógico. Como a informação já está no sistema é só

48
imprimir e carimbar. Além disso, conseguimos receber documentos enviados pelo ME, mas
é só a direção que tem acesso a essa parte da aplicação.”
Diretora 2: “O SIGE veio a revelar de total importância para a gestão da escola. Por
exemplo, se me pedirem os dados dos professores eu consigo ter acesso a esses dados sem
ter que pedir à secretária que me forneça esses dados que estão em papel, o mesmo
acontece em relação aos alunos, dados estatísticos entre outros. Ou seja, consigo ter
acesso às informações de toda comunidade escolar com maior rapidez.”

25. Quais são as funcionalidades do SIGE que mais valoriza?


Quando questionadas a este respeito as respostas foram iguais, ambas consideram que todas
as funcionalidades do SIGE são importantes.

26. De que forma os utilizadores (diretores, professores, alunos, pais e/ou


encarregados de educação) acedem ao SIGE?
Para esta questão as respostas foram unânimes, o acesso ao SIGE dá-se através do IGRP,
introduzindo o email institucional e a password. Já os alunos, acedem através de uma outra
plataforma.

27. Caso não tenham acesso ao SIGE, os alunos, pais e/ou encarregados de educação
têm acesso a algum outro tipo de plataforma?
De acordo com as diretoras, o acesso dos alunos dá-se através do site “Porton Di Nôs Ilha”,
com o código e o número de documento do aluno.

28. Como era a sua gestão antes e depois da implementação do SIGE?


A diretora 1 não se sentiu apta para responder a esta questão pelo que se citar apenas a
opinião da diretora 2:
Diretora 1: Não se aplica
Diretora 2: “Quando o SIGE foi implementado tinha o cargo de subdiretora pedagógica e
professora, dentro desse perfil posso dizer que depois da implementação o SIGE permitiu
ter uma maior supervisão e controlo dos professores, de que apoio precisam ou seja,
facilitou a escola na sua gestão. Se antes tínhamos que recorrer ao livro de ponto físico
para analisar a assiduidade dos professores e também dos alunos, hoje conseguimos isso
com maior rapidez, em tempo útil, através do SIGE.”

49
29. Que mudanças ocorreram no modelo administrativo após a implementação do
SIGE?
Tendo em conta que, antes da implementação do SIGE, ainda não eram diretoras das
respetivas escolas, ambas consideraram que não estavam aptas para fazer esta comparação.

30. Acha que o SIGE teve alguma contribuição nos resultados dos indicadores de
avaliação externa?
Durante a gestão das duas diretoras ainda não foram feitas avaliações formais, mas a
diretora 2 afirmou ter havido uma melhoria significativa na prestação de serviços da escola
à comunidade.

31. Considera que o SIGE contribuiu para a otimização e uniformização dos processos
de gestão administrativa da escola e dos professores?
Ambas concordam que o SIGE contribuiu para a otimização e uniformização dos processos
de gestão administrativa da escola e dos professores.

32. Quais são os impactos positivos e negativos do SIGE?


A nível de impactos positivos, a diretora 1 e a diretora 2 apontaram a otimização do tempo,
a redução dos custos e a facilidade de acesso à informação em tempo útil.
Já a nível de impactos negativos, a diretora 1 apontou o problema que têm tido na questão
da assiduidade do aluno, pois o sistema tem tirado (reprovado), automaticamente, o aluno
da turma quando este atinge o limite da falta, sem nenhum alerta prévio, ainda que estas
faltas sejam justificadas. E no caso, só a direção poderá inserir, novamente, o aluno na
turma. Outro aspeto negativo referenciado pela diretora 1 é a parametrização do campo
comportamento do aluno, em que se o aluno atingir 3 faltas o SIGE avalia automaticamente
o comportamento do aluno como sendo “suficiente” ainda que, seja uma falta por motivos
de força maior. Nessas situações a direção tem que intervir e mexer no sistema para fazer
essa alteração porque o professor não tem essa autonomia. Neste momento, só as turmas de
7º e 8º têm esse parâmetro atualizado de forma a permitir que o professor tenha maior
autonomia, mas os restantes anos continuam com o critério antigo, de acordo com a diretora
1.
A diretora 2 aponta como impactos negativos do SIGE, a questão de encarregados de
educação que não têm condições para acederem ao SIGE, quer por questões de habilidades
informáticas quer por meios técnicos insuficientes, refere, também, o risco dos professores

50
entrarem em monotonia e não verificarem e acompanharem com regularidade os dados
introduzidos, neste sentido, alerta sempre para o cuidado de fazerem a gestão das turmas
diariamente.

33. Considera importante que os alunos tenham acesso ao IGRP - SIGE? Porquê?
Nesta questão as respostas foram unânimes, ambas concordam que os alunos deveriam ter
acesso ao SIGE através do IGRP, e justificaram como sendo de extrema importância que os
alunos pudessem ter acesso aos materiais de estudo através da aplicação, além de facilitar a
comunicação entre os professores e os alunos, iria diminuir a impressão de papéis,
minimizando assim os custos.

34. Considera importante que os pais tenham acesso ao IGRP - SIGE? Porquê?
Ao serem questionadas se partilham da mesma visão quanto ao acesso dos pais e
encarregados de educação através do IGRP-SIGE responderam que não e justificaram que
poderia causar sobrecarga na aplicação.

35. De uma forma global como avalia a aplicação SIGE?


De forma global a diretora 1 avalia o SIGE como sendo muito bom, embora aponte que há
ainda pequenos ajustes a serem feitos e que com o tempo acredita que será possível
melhorar. Quanto à diretora 2, também, avaliou de uma forma muito positiva a aplicação
SIGE.

4.3.3 Análise do Questionário


Nesta seção apresentam-se os resultados relativos à perceção que os professores têm do
SIGE, assim como à satisfação relativa ao acesso a infraestruturas físicas e tecnológicas da
sua escola, à qualidade de formação recebida, assim como os contributos de melhorias
sugeridas. Para o tratamento e análise dos dados recolhidos através do questionário,
recorreu-se ao software IMB SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) 21 e Excel
Microsoft 365.

4.3.3.1 Grupo I – Dados Pessoais e Profissionais


A presente amostra é constituída por 150 professores com idades compreendidas entre os
28 e os 61 anos, sendo a média de idades verificada de aproximadamente 41 anos
(Média=41.53, Desvio padrão=6.25). Pode-se verificar que 97 (64.66%) dos inquiridos são

51
do sexo Feminino e 53 (35.33%) são do sexo Masculino. Mesmo que os 25 professores que
não responderam ao questionário, tivessem respondido, continuaria a ter-se mais
professores do sexo Feminino do que do Masculino. Estes números confirmam esta
tendência com base nos dados publicados no Anuário da Educação 2015 – 2016, pelo
Instituto Nacional de Estatística (INE) de Cabo Verde. Um número superior leciona na
ESAD (n=85, 56.67%) (Tabela 5).
De acordo com a mesma tabela, também se constata que a esmagadora maioria tem apenas
a licenciatura (n=115, 76.67%) e um número mínimo o doutoramento (n=4, 2.67%). Este
facto deve-se à exigência do Ministério da Educação (ME) em ter no seu quadro
professores qualificados com o nível de licenciatura, de acordo com o Plano de Cargos,
Carreiras e Salários aprovado em fevereiro de 2013. Ou seja, o doutoramento não é uma
exigência.
Verifica-se que a maioria dos inquiridos (84) não sabe o ano da implementação do SIGE
nas suas escolas. Quanto ao tempo de serviço, destacam-se os professores com um número
mais elevado de anos de serviço (Mais de 15 anos – n=83, 55.33%). Apenas 2 (1.33%) tem
5 ou menos anos de serviço.

Tabela 5 - Caraterização da amostra de professores de acordo com as variáveis


sociodemograficas
(M, Dp; Min-Max)
Idade
41.53, 6.25; 28.00-61.00
Género N (%)
F 97 (64.66%)
M 53 (35.33%)
Habilitações N (%)
Bacharelato 13 (8.67%)
Licenciatura 115 (76.67%)
Mestrado 18 (12.00%)
Doutoramento 4 (2.67%)
Escola N (%)
ESCJPC 65 (43.33%)
ESAD 85 (56.67%)
Ano de implementação N
2009/2010 32 (21,33%)
2015/2016 34 (22,66%)
Não sei 84 (56%)
Tempo de Serviço N (%)
5 ou menos anos 2 (1.33%)
6-10 anos 27 (18.00%)
11-15 anos 38 (25.33%)
Mais de 15 anos 83 (55.33%)
Fonte: Elaborada pela própria autora

4.3.3.2 Grupo II – Acesso a Infraestruturas Físicas e Tecnológicas


No que respeita à satisfação dos professores com o acesso a infraestruturas físicas e
52
tecnológicas do estabelecimento de ensino em que lecionam constatou-se o que se
apresenta na Tabela 6, e se resume de seguida:
 Um número superior concorda totalmente com as questões “Na minha escola
existe uma sala específica, equipada com meios tecnológicos, que me permite o
acesso ao SIGE” (n=110, 73.33%), “Existem computadores disponíveis na
escola, em número suficiente, para utilização por parte de todos os professores.”
(N=42, 28.00%), “Foram disponibilizados equipamentos (tablet, portáteis) para
que fosse possível aceder ao SIGE fora da escola.” (n=99, 66.00%), “Na minha
escola existe uma equipa técnica de apoio sempre que solicitado.” (n=98,
65.33%) e “A minha escola está preparada, tecnologicamente ou tem meios
técnicos suficientes, para o SIGE” (n=58, 38.68%).
 A maioria concorda com as questões “As salas de aulas estão equipadas para
que seja possível aceder ao SIGE.” (n=49, 32.67%) e “A equipa técnica de
apoio ao SIGE, na minha escola desempenha, um trabalho excelente.” (n=78,
52.00%).
 Mais professores afirmam discordar com as questões “Os computadores ligados
à internet são em número satisfatório.” (n=50, 33.33%) e “A ligação à internet
em relação às necessidades de uso da escola é excelente.” (n=66, 44.00%).

Estes resultados vão de encontro com os investimentos feitos pelo ME, no âmbito do
programa “Mundu Novu”, onde o principal objetivo foi equipar as escolas com meios
técnicos e tecnológicos. De facto, existe um ponto fulcral em cada escola que apoia toda a
comunidade educativa quando necessário. No entanto, a nível de acesso à internet ainda há
muitas melhorias a fazer.

53
Tabela 6 – Satisfação com o acesso a infraestruturas físicas e tecnológicas
DT13 D14 NCND15 C16 CT17
Acesso a Infraestruturas Físicas e Tecnológicas
n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)
49
AIFT1.As salas de aulas estão equipadas para que seja 22 16 19 44
(32.67
possível aceder ao SIGE. (14.67%) (10.67%) (12.68%) (29.33%)
%)
AIFT2.Na minha escola existe uma sala específica,
1 5 1 33 110
equipada com meios tecnológicos, que me permite o
(0.67%) (3.33%) (0.67%) (22.00%) (73.33%)
acesso ao SIGE.
AIFT3.Existem computadores disponíveis na escola, em
37 33 7 31 42
número suficiente, para utilização por parte de todos os
(24.68%) (22.00%) (4.67%) (20.67%) (28.00%)
professores.
AIFT4.Foram disponibilizados equipamentos (tablet,
8 6 0 37 99
portáteis) para que fosse possível aceder ao SIGE fora da
(5.33%) (4.00%) (0.00%) (24.67%) (66.00%)
escola.
AIFT5.Os computadores ligados à internet são em número 8 50 6 38 48
satisfatório. (5.33%) (33.33%) (4.00%) (25.33%) (32.00%)
AIFT6.A ligação à internet em relação às necessidades de 26 66 0 47 11
uso da escola é excelente. (17.33%) (44.00%) (0.00%) (31.33%) (7.33%)
AIFT7.Na minha escola existe uma equipa técnica de 9 3 2 38 98
apoio sempre que solicitado. (6.00%) (2.00%) (1.33%) (25.33%) (65.33%)
AIFT8.A equipa técnica de apoio ao SIGE, na minha 7 22 15 78 28
escola desempenha, um trabalho excelente. (4.67%) (14.67%) (10.00%) (52.00%) (18.67%)
AIFT9.A minha escola está preparada, tecnologicamente 27 20 3 42 58
ou tem meios técnicos suficientes, para o SIGE. (18.00%) (13.33%) (2.00%) (28.00%) (38.68%)
Fonte: Elaborada pela própria autora

Ainda de acordo com a Figura 12, podemos ver os resultados médios obtidos em cada uma
das questões associadas à satisfação com os acessos a infraestruturas físicas e tecnológicas,
concluindo-se que existe uma tendência para os professores estarem mais satisfeitos com o
facto de na sua escola existir uma sala específica, equipada com meios tecnológicos, que
lhes permite o acesso ao SIGE (M=4.64) e menos com a ligação à internet existente
(M=2.67).

Legenda:
13
DT – Discordo totalmente
14
D – Discordo
15
NCND – Não concordo nem discordo
16
C – Concordo
17
CT – Concordo totalmente
54
Figura 12 - Média da satisfação com o acesso a infraestruturas físicas e
tecnológicas

Fonte: Elaborada pela própria autora

De modo a analisar a satisfação geral dos professores com os acessos a infraestruturas


fisicas e tecnológicas, calculou-se uma nova variável através da média das respostas obtidas
em cada uma das questões sobre este assunto. Os resultados obtidos, expostos na Tabela 7
e Figura 13, revelam que existe uma tendência para os professores se sentirem ligeiramente
satisfeitos com os acessos em causa, considerando os valores médios obtidos (M=3.71,
Md=3.78, Dp=0.76) numa escala que varia entre 1 a 5 pontos e o coeficiente de simetria
assimétrico negativo obtido.

55
Tabela 7 – Satisfação com os acessos a infraestruturas fisicas e tecnológicas
M18 Md19 Dp20 Mín21 Max22 CS23 CC24
Satisfação com Acesso a Infraestruturas Física e Tecnológicas 3,71 3,78 0,76 2,00 5,00 -1.25 -2.23
Fonte: Elaborada pela própria autora

Figura 13 – Satisfação com os acessos a infraestruturas físicas e tecnológicas

Fonte: Elaborada pela própria autora

4.3.3.3 Grupo III – Satisfação com a formação para o uso do SIGE


Conforme os resultados da Tabela 8, verificamos que:
 A maioria concorda totalmente com as questões “Aprendi a trabalhar com o
SIGE através de colegas.” (n=46, 30.67%), “Considero que foi muito útil a
última formação ministrada sobre o SIGE” (n=94, 62.67%), “Sinto necessidade
de realizar mais ações de formação para o uso do SIGE” (n=55, 36.67%) e “As
formações sobre o SIGE permitiram-me melhorias de desempenho no trabalho”
(n=76, 50.67%).
 Um número mais elevado concorda com as questões “As ações de formação
promovidas pelo Ministério da Educação foram muito satisfatórias.” (n=80,
53.33%), “Eu tive uma excelente formação ministrada pela escola.” (n=72,
48.00%), “A formação inicial no uso do SIGE foi excelente, consigo trabalhar e

Legenda:
18
M – Média
19
Md – Mediana
20
Dp – Desvio Padrão
21
Mín – Mínimo
22
Máx – Máximo
23
CS – Coeficiente de Simetria
24
CC – Coeficiente de Curtose
56
ajudar os outros.” (n=63, 42.00%) e “De uma forma geral, estou satisfeito com
as formações que foram dadas” (n=68, 45.33%).
 Mais professores discordam totalmente com a questão “Não tive qualquer
formação sobre a utilização do SIGE.” (n=136, 90.67%). E, também, a maioria
discorda totalmente da afirmação “Não fiquei satisfeito com a formação
ministrada sobre o uso do SIGE.” (n=65, 43.33%)

Entende-se destes resultados que, apesar de terem sido ministradas formações para a
utilização do SIGE, 43.33% não ficaram satisfeitos com as formações recebidas. Há
uma necessidade de obter mais formações, uma vez que muitos professores afirmaram
que a duração da formação foi curta para a quantidade de informação que tiveram de
assimilar sobre o software, o que faz com que alguns professores recorram, no dia-a-
dia, à ajuda dos colegas para trabalharem com o SIGE. São poucos os professores que
afirmaram não terem tido qualquer formação sobre o SIGE, mas tendo as escolas uma
equipa de apoio foi possível ajudar esses professores no sentido de permitir que todos
estivessem aptos para trabalhar com o software.
Apesar de algumas lacunas existentes no que diz respeito às formações, de forma geral,
os professores estão satisfeitos com as formações que lhes foram ministradas.

Tabela 8 – Satisfação com a formação para o uso do SIGE


DT D NCND C CT
Formação para o uso do SIGE
n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)
FO1.As ações de formação promovidas pelo Ministério da 0 14 27 80 29
Educação foram muito satisfatórias. (0.00%) (9.33%) (18.00%) (53.33%) (19.33%)
FO2.Eu tive uma excelente formação ministrada pela 1 21 38 72 18
escola. (0.67%) (14.00%) (25.33%) (48.00%) (12.00%)
FO3.Não tive qualquer formação sobre a utilização do 136 6 1 4 3
SIGE. (90.67%) (4.00%) (0.67%) (2.67%) (2.00%)
31 33 26 14 46
FO4.Aprendi a trabalhar com o SIGE através de colegas.
(20.67%) (22.00%) (17.33%) (9.33%) (30.67%)
FO5.A formação inicial no uso do SIGE foi excelente, 17 26 3 63 41
consigo trabalhar e ajudar os outros. (11.33%) (17.33%) (2.00%) (42.00%) (27.33%)
FO6.Considero que foi muito útil a última formação 0 2 8 46 94
ministrada sobre o SIGE. (0.00%) (1.33%) (5.33%) (30.67%) (62.67%)
FO7.Sinto necessidade de realizar mais ações de formação 14 22 21 38 55
para o uso do SIGE. (9.33%) (14.67%) (14.00%) (25.33%) (36.67%)
FO8.As formações sobre o SIGE permitiram-me melhorias 0 4 3 67 76
de desempenho no trabalho. (0.00%) (2.67%) (2.00%) (44.67%) (50.67%)
FO9.Não fiquei satisfeito com a formação ministrada sobre 65 52 4 22 7
o uso do SIGE. (43.33%) (34.67%) (2.67%) (14.67%) (4.67%)
FO10.De uma forma geral, estou satisfeito com as 5 17 3 68 57
formações que foram dadas. (3.33%) (11.33%) (2.00%) (45.33%) (38.00%)
Fonte: Elaborada pela própria autora

57
Também conforme a Figura 14, pode observar-se, pelos resultados médios obtidos em cada
questão, que existe uma maior tendência para os professores concordarem que a formação
realizada sobre o SIGE foi muito útil (M=4.55) e para discordarem mais com o facto de
nunca terem tido algum tipo de formação sobre o SIGE (M=1.21).

Figura 14 - Média da satisfação com a formação

Fonte: Elaborada pela própria autora

Também se analisou a satisfação em geral com a formação para o uso do SIGE. Para este
efeito, foram inicialmente invertidos os itens FO3, FO4, FO7 e FO9 que enunciavam as
questões pela negativa de modo a proceder ao cálculo adequado, e num sentido positivo, da
satisfação. Este cálculo foi igualmente efetuado através da média de todos os itens ou
questões colocadas sobre o assunto.
Deste modo, conforme a Tabela 9 e a Figura 15, os resultados médios obtidos (M=3.81,
Md=3.90, Dp=0.61), e considerando uma escala que varia entre 1 e 5 pontos, e de acordo
com coeficiente de simetria assimétrico negativo obtido, nota-se uma tendência para os
professores se sentirem bastante satisfeitos com a formação realizada sobre o SIGE.

58
Tabela 9 – Satisfação com a Formação para o uso do SIGE
M Md Dp Mín Max CS CC
Satisfação com a Formacão para o uso do SIGE
3,81 3,90 0,61 2,00 5,00 -2.87 -0.64
Fonte: Elaborada pela própria autora

Figura 15 – Satisfação com a Formação para o uso do SIGE

Fonte: Elaborada pela própria autora

4.3.3.4 Grupo IV – Perceção dos professores em relação ao SIGE


Na Tabela 10, estão expostos os resultados obtidos para cada uma das questões colocadas
sobre a perceção que os professores têm do SIGE. De acordo com a mesma pode-se afirmar
que:
 A maioria concorda totalmente com as questões “Considero importante a
implementação do SIGE na escola.” (n=126, 84.00%), “O SIGE facilita muito a
realização do meu trabalho.” (n=100, 66.67%), “A insuficiência dos meios
tecnológicos tem sido um constrangimento na utilização do SIGE” (n=55,
37.33%), “A conexão à internet é uma limitação para o uso do SIGE.” (n=107,
71.33%), “Acontecem bloqueios frequentes na utilização do SIGE.” (n=87,
58.00%), “Tenho pouca autonomia quando surge um ou outro bloqueio.” (n=72,
48.00%), “O SIGE foi implementado porque é mais confiável.” (n=72, 48.00%),
“O SIGE permite realizar as minhas tarefas de forma mais rápida.” (n=109,
72.67%), “O SIGE foi implementado porque é mais cómodo.” (n=87, 58.00%),
“O SIGE permite uma maior organização do fluxo de trabalho.” (n=82,
54.67%), “No geral, eu acredito que o SIGE é fácil de usar.” (n=75, 50.00%),
“O SIGE permite-me maior controlo na gestão das turmas.” (n=100, 66.67%),
“O SIGE facilita a comunicação entre os professores, pais e/ou encarregados de
59
educação.” (n=69, 46.00%), “O SIGE permite consultar processos dos alunos
(contatos, propinas, notas…) em qualquer lugar com acesso à Internet.” (n=85,
56.67%), “O SIGE permite enviar recados aos pais e/ou encarregados de
educação.” (n=83, 53.33%), “O SIGE permite a uniformização dos
procedimentos, a transparência e a não duplicação de dados.” (n=100, 66.67%),
“Os alunos deviam ter acesso ao SIGE através do IGRP.” (n=62, 41.33%), “O
SIGE é uma aplicação segura.” (n=84, 56.00%), “A utilização do SIGE aumenta
a minha eficácia no trabalho.” (n=78, 52.00%), “As vantagens da utilização do
SIGE superam as desvantagens.” (n=107, 71.33%), “O uso do SIGE na gestão
escolar aumentou a produtividade.” (n=73, 48.67%) e “O SIGE contribuiu para
a melhoria na qualidade do trabalho.” (n=89, 59.33%).
 Um número superior de professores apenas concorda com as questões “Foi fácil
aprender a utilizar o SIGE.” (n=68, 45.33%), “Seria importante que o SIGE
permitisse aos professores partilhar materiais de estudo.” (n=66, 44.00%) e
“Globalmente, avalio de forma muito positiva a aplicação SIGE.” (n=71,
47.33%).
 Uma proporção mais elevada refere não concordar nem discordar com a questão
“Inicialmente, o SIGE era pouco intuitivo.” (n=64, 42.67%).
 São mais os professores que discordam com a questão “Tenho dificuldades de
comunicação com a equipa técnica quando surgem problemas.” (n=46, 30.67%).
 A maior parte dos professores discorda totalmente das questões “O fator idade
influencia a adaptação ao SIGE.” (n=81, 54.00%), “O não funcionamento do
SIGE tem pouco impacto no meu trabalho diário.” (n=65, 43.33%), “O SIGE
permite enviar recados (e-mails) aos alunos.” (n=62, 41.33%), “Acho a
aplicação SIGE de difícil utilização.” (n=67, 44.67%), “A minha utilização do
SIGE é voluntária.” (n=107, 71.33%) e “Não estou satisfeito com a introdução
do SIGE na realização das minhas tarefas diárias.” (n=105, 70.00%).

Ainda que, a maioria dos professores admitisse a importância do SIGE no ambiente escolar,
como uma ferramenta de trabalho importante para o seu dia-a-dia, apontam a insuficiência
dos meios tecnológicos como um dos constrangimentos para a utilização do SIGE. Mais de
metade dos inquiridos apontaram a conexão à internet como uma limitação e, embora ao
longo dos anos tenha vindo a melhorar, ainda é uma dificuldade devido à acessibilidade
fora do ambiente escolar. Mesmo com algumas limitações o SIGE tornou possível o

60
aumento da produtividade e melhoria na qualidade do trabalho, isto porque alguns
processos se tornaram menos morosos, como por exemplo a avaliação dos alunos e, de
forma geral, os professores avaliam de forma muito positiva a aplicação SIGE.

Tabela 10 – Perceção dos professores em relação ao SIGE


DT D NCND C CT
Perceção dos professores em relação ao SIGE
n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)
PP1.Considero importante a implementação do SIGE na 0 0 1 23 126
escola. (0.00%) (0.00%) (0.67%) (15.33%) (84.00%)
0 1 1 48 100
PP2.O SIGE facilita muito a realização do meu trabalho.
(0.00%) (0.67%) (0.67%) (32.00%) (66.67%)
81 6 3 5 55
PP3.O fator idade influencia a adaptação ao SIGE.
(54.00%) (4.00%) (2.00%) (3.33%) (36.67%)
PP4.A insuficiência dos meios tecnológicos tem sido um 25 21 22 26 55
constrangimento na utilização do SIGE. (16.67%) (14.00%) (14.67%) (17.33%) (37.33%)
PP5.A conexão à internet é uma limitação para o uso do 4 6 8 25 107
SIGE. (2.67%) (4.00%) (5.33%) (16.67%) (71.33%)
21 29 64 22 14
PP6.Inicialmente, o SIGE era pouco intuitivo.
(14.00%) (19.33%) (42.67%) (14.67%) (9.33%)
PP7.Acontecem bloqueios frequentes na utilização do 1 14 29 19 87
SIGE. (0.67%) (9.33%) (19.33%) (12.67%) (58.00%)
PP8.Tenho dificuldades de comunicação com a equipa 21 46 44 10 29
técnica quando surgem problemas. (14.00%) (30.67%) (29.33%) (6.67%) (19.33%)
PP9.Tenho pouca autonomia quando surge um ou outro 2 9 43 24 72
bloqueio. (1.33%) (6.00%) (28.67%) (16.00%) (48.00%)
PP10.O não funcionamento do SIGE tem pouco impacto no 65 51 1 16 17
meu trabalho diário. (43.33%) (34.00%) (0.67%) (10.67%) (11.33%)
2 2 31 43 72
PP11.O SIGE foi implementado porque é mais confiável.
(1.33%) (1.33%) (20.67%) (28.67%) (48.00%)
PP12.O SIGE permite realizar as minhas tarefas de forma 0 2 0 39 109
mais rápida. (0.00%) (1.33%) (0.00%) (26.00%) (72.67%)
1 9 24 29 87
PP13.O SIGE foi implementado porque é mais cómodo.
(0.67%) (6.00%) (16.00%) (19.33%) (58.00%)
PP14.O SIGE permite uma maior organização do fluxo de 2 7 22 37 82
trabalho. (1.33%) (4.67%) (14.67%) (24.67%) (54.67%)
4 40 1 68 37
PP15.Foi fácil aprender a utilizar o SIGE.
(2.67%) (26.67%) (0.67%) (45.33%) (24.67%)
1 24 0 50 75
PP16.No geral, eu acredito que o SIGE é fácil de usar.
(0.67%) (16.00%) (0.00%) (33.33%) (50.00%)
PP17.O SIGE permite-me maior controlo na gestão das 0 0 1 49 100
turmas. (0.00%) (0.00%) (0.67%) (32.67%) (66.67%)
PP18.O SIGE facilita a comunicação entre os professores, 15 9 11 46 69
pais e/ou encarregados de educação. (10.00%) (6.00%) (7.33%) (30.67%) (46.00%)
PP19.O SIGE permite consultar processos dos alunos
5 1 12 47 85
(contatos, propinas, notas…) em qualquer lugar com acesso
(3.33%) (0.67%) (8.00%) (31.33%) (56.67%)
à Internet.
62 17 29 32 10
PP20.O SIGE permite enviar recados (e-mails) aos alunos.
(41.33%) (11.33%) (19.33%) (21.33%) (6.67%)
PP21.O SIGE permite enviar recados aos pais e/ou 6 3 23 35 83
encarregados de educação. (4.00%) (2.00%) (15.33%) (23.33%) (55.33%)
PP22.O SIGE permite a uniformização dos procedimentos, 0 0 6 44 100
a transparência e a não duplicação de dados. (0.00%) (0.00%) (4.00%) (29.33%) (66.67%)
PP23.Seria importante que o SIGE permitisse aos 7 2 10 66 65
professores partilhar materiais de estudo. (4.67%) (1.33%) (6.67%) (44.00%) (43.33%)
PP24.Os alunos deviam ter acesso ao SIGE através do 23 6 2 57 62
IGRP. (15.33%) (4.00%) (1.33%) (38.00%) (41.33%)
67 44 2 30 7
PP25.Acho a aplicação SIGE de difícil utilização.
(44.67%) (29.33%) (1.33%) (20.00%) (4.67%)

61
PP26.O SIGE é uma aplicação segura. 5 1 6 54 84
(3.33%) (0.67%) (4.00%) (36.00%) (56.00%)
PP27.A utilização do SIGE aumenta a minha eficácia no 2 1 0 69 78
trabalho. (1.33%) (0.67%) (0.00%) (46.00%) (52.00%)
107 12 14 14 3
PP28.A minha utilização do SIGE é voluntária.
(71.33%) (8.00%) (9.33%) (9.33%) (2.00%)
PP29.As vantagens da utilização do SIGE superam as 0 2 0 41 107
desvantagens. (0.00%) (1.33%) (0.00%) (27.33%) (71.33%)
PP30.O uso do SIGE na gestão escolar aumentou a 3 3 1 70 73
produtividade. (2.00%) (2.00%) (0.67%) (46.67%) (48.67%)
PP31.Não estou satisfeito com a introdução do SIGE na 105 39 0 3 3
realização das minhas tarefas diárias. (70.00%) (26.00%) (0.00%) (2.00%) (2.00%)
PP32.O SIGE contribuiu para a melhoria na qualidade do 0 3 3 55 89
trabalho. (0.00%) (2.00%) (2.00%) (36.67%) (59.33%)
PP33.Globalmente, avalio de forma muito positiva a 0 17 4 71 58
aplicação SIGE. (0.00%) (11.33%) (2.67%) (47.33%) (38.67%)
Fonte: Elaborada pela própria autora

Ainda de acordo com a Figura 16, conforme os resultados médios obtidos em cada uma
das questões, podemos constatar que existe uma tendência mais elevada para os professores
concordarem mais com o facto de o SIGE ter mais vantagens que desvantagens (M=4.69),
permitir um melhor controlo na gestão das turmas (M=4.66) e facilitar muito a realização
do seu trabalho (M=4.65). Por outro lado, existe uma menor tendência para concordar com
o facto de não estarem satisfeitos com a introdução do SIGE nas suas tarefas diárias
(M=1.40) e também de sua utilização ser voluntária (M=1.63%).

62
Figura 16 - Média da perceção dos professores em relação ao SIGE

Fonte: Elaborada pela própria autora


63
Analisando no geral as perceções dos professores sobre o SIGE, após a inversão dos itens
PP3, PP4, PP5, PP6, PP7, PP8, PP9, PP10, PP23, PP24, PP31, para o cálculo da variável
média, podemos observar da Tabela 11 e Figura 17, que existe uma tendência para uma
perceção mais positiva do SIGE, conforme os resultados médios obtidos (M=3.61,
Md=3.63, Dp=0.26) numa escala que varia entre 1 e 5 pontos e do coeficiente de simetria
assimétrico negativo obtido.

Tabela 11 – Perceção dos professores sobre o SIGE após inversão de alguns itens
M Md Dp Mín Max CS CC
Perceção dos professores em relação ao SIGE
3,61 3,63 0,26 2,85 4,28 -2.10 1.28
Fonte: Elaborada pela própria autora

Figura 17 – Perceção dos professores sobre o SIGE após inversão de alguns itens

Fonte: Elaborada pela própria autora

4.3.3.5 Grupo V: Contributos para a melhoria do SIGE


No que respeita aos contributos para melhoria do SIGE, as respostas obtidas foram
agrupadas, permitindo verificar que:
A maioria dos professores sugeriram “Melhoria na lentidão e bloqueio do sistema”, com 18
respostas, seguindo “Simplificar e tornar mais intuitivo o SIGE”, e “Melhorar a conexão da
internet” com 16 e 12 respostas, respetivamente. São, também, outras sugestões de
melhoria a “Melhoria dos equipamentos tecnológicos” (n=7); “Palavra passe com maior
validade” (n=6), “Apostar na formação” (n=6); “Funcionar offline” (n=5); “Criar alertas”
(n=5); “Anexar conteúdos” (n=4); “Bloquear acesso dos alunos e pais antes do lançamento
da nota final” (n=4); “Mudar o critério de avaliação do comportamento do aluno” (n=3);
“Melhoria nos relatórios com dados estatísticos” (n=3); “Possibilidade de agendar sumário

64
com antecedência” (n=3); “Alterações - fazer atualização automática” (n=2); “Adaptar às
dimensões dos vários dispositivos e sistemas operativos” (n=2); “Bloquear os feriados no
calendário da agenda coletiva” (n=2); “Acesso às notas de todas as diciplinas dos alunos
das turmas que leciona” (n=2); “Não permitir que outros utilizadores possam alterar as
notas” (n=1), sendo que este comentário significa que o sistema não deva permitir que os
outros professores tenham permissão para alterar notas que não sejam as das suas
disciplinas; “Existir tempo limite para realização de cada tarefa” (n=1); “Reencaminhar
falta inserida para o contato do encarregado de educação” (n=1).
Ao avaliar estes resultados, pode-se perceber que alguns professores (6) sugeriram a falta
de formação como um contrangimento, poder-se-ia considerar como um problema mas, não
se se considerar que uma grande maioria (136 - 90,67%), comparativamente a estes 6, num
universo de 150 professores responderam terem tido formação. Também, pode-se perceber
que apesar das tabelas anteriores terem verificado uma grande percentagem de professores
que apontaram o constragimento com a conexão à internet, o bloqueio frequente do SIGE, a
necessidade de obterem mais formações, a insuficiência dos meios tecnológicos, entre
outros constrangimentos, verifica-se que a maior parte deles não apresentaram sugestões
de melhoria nesse sentido, e isto pode dever-se, talvez, ao facto do questionário ser
demasiado exaustivo, à falta de tempo para o seu preenchimento ou por não possuírem
conhecimento suficiente sobre as TIC.

4.3.3.6 Correlação entre perceção dos professores sobre o SIGE, e a satisfação com a
formação e com os acessos às infraestruturas físicas e tecnológicas
A correlação determina o grau de associação entre variáveis. O coeficiente de correlação
pode variar entre +1 (existe uma relação direta entre as variáveis) e -1 (existe uma relação
inversa entre as variáveis), sendo o valor nulo indicador de que não existe uma relação
linear entre as variáveis.
Na Tabela 12, apresentamos os resultados relativos à correlação verificada entre a perceção
dos professores sobre o SIGE e também a sua satisfação com os acessos a infraestruturas do
seu estabelecimento de ensino e com a formação recebida sobre o SIGE. Os resultados
obtidos permitiram concluir que:
 A satisfação com os acessos e com a formação sobre o SIGE estão positivamente
e significativamente associados (r=0.33, p<0.001), o que significa que uma maior
satisfação com os acessos está associada também a uma maior satisfação com a
formação do SIGE.

65
 A perceção que os professores têm do SIGE está positivamente e
significativamente associada, com a sua satisfação com os acessos às
infraestruturas (r=0.43, p<0.001) e, também, com a formação existente sobre o
SIGE (r=0.42, p<0.001), o que parece significar que uma maior satisfação com os
acessos e também com a formação sobre o SIGE está relacionado com uma
perceção mais positiva dos professores sobre o SIGE.

Tabela 12 – Relação entre perceção dos professores sobre o SIGE, e a satisfação


com a formação e com os acessos às infraestruturas físicas e tecnológicas
1 2 3
1 - Satisfação com acesso a Infraestruturas 1
2 - Satisfação com a formacão sobre o SIGE 0,33*** 1
3 - Perceção dos professores sobre o SIGE 0,43*** 0,42*** 1
***p<0,001
Fonte: Elaborada pela própria autora

4.3.3.7 Diferenças entre as escolas


Procurou-se verificar as diferenças existentes entre as duas escolas em que os professores
lecionam, visto que o SIGE foi implementado desde 2009 na ESAD e na ESCJP apenas em
2015. Com recurso ao teste t para amostras independentes, podemos constatar, conforme a
Tabela 13, que a satisfação com a formação sobre o SIGE (t=0.57, p>0.05) e também as
perceções dos professores sobre este sistema (t=0.47, p>0.05) são semelhantes dada a
ausência de diferenças significativas entre as duas escolas. Apenas a satisfação com as
infraestruturas difere significativamente entre as duas escolas (t=-4.41, p<0.05), sendo mais
elevada nos professores da ESAD (M=3.93, Dp=0.66) comparativamente aos da ESCJPC
(M=3.41, Dp=0.78), isto porque em relação ao acesso a infraestruturas a ESAD é uma das
escolas mais bem equipadas tecnologicamente a nível nacional.
Tabela 13 – Diferença entre as escolas com recurso a teste t
Perceções sobre o SIGE Escola onde trabalha N Média Erro Desvio T (p)
ESCJPC 65 3,41 0,78 -4.41 (0.000)
Satisfação com acesso a infraestruturas
ESAD 85 3,93 0,66
ESCJPC 65 3,84 0,69 0.57 (0.569)
Satisfação com Formacão sobre SIGE
ESAD 85 3,78 0,55
ESCJPC 65 3,62 0,26 0.47 (0.640)
Perceção de professores sobre o SIGE
ESAD 85 3,60 0,25
Fonte: Elaborada pela própria autora

66
4.4 Considerações Finais
A síntese do capítulo que aqui se apresenta permite compreender melhor os dados
proporcionados pelas entrevistas e pelos questionários realizados.
Ao longo do capítulo foi feita a análise das entrevistas realizadas às diretoras da ESAD e
ESCJPC, onde foi possível perceber que ambas as diretoras concordam que ainda há
melhorias a serem feitas, mas avaliaram de forma positiva o SIGE
Foi feita a apresentação e a discussão dos resultados obtidos através da aplicação do
inquérito por questionário a 150 professores, 85 da ESAD e 65 da ESCJPC. A amostra é
constituída por 64.66% de inquiridos do sexo feminino e 35.33% do sexo masculino,
maioritariamente com o grau de habilitação de licenciado.
Percebe-se que as variáveis sociodemográficas analisadas não têm influência
estatisticamente significativa sobre o grau de satisfação com a implementação do SIGE, o
que vai ao encontro dos resultados de Venkatesh et al. (2003), que assumem que, quando a
utilização das tecnologias é voluntária, as variáveis sociodemográficas não têm influência
estatisticamente significativa, porém, os resultados obtidos são opostos às sugestões de
Malhotra e Galletta (1999) que sugerem que as questões sociais possuem uma influência
significativa na utilização de uma nova tecnologia.
No que diz respeito aos acessos às infraestruturas físicas e tecnológicas, os resultados
obtidos tendem para uma ligeira satisfação, já na satisfação com a formação os resultados
apontaram se sentirem bastante satisfeitos e avaliam de forma muito positiva o SIGE,
apesar de algumas limitações.

Isto é, de acordo com as análises dos dados recolhidos, pode-se verificar que, a maioria dos
inquiridos estão satisfeitos com a implementação do SIGE na sua escola.

67
CAPÍTULO V
Conclusão e Perspetivas de Trabalhos Futuros
Neste capítulo é apresentado um breve resumo das atividades desenvolvidas ao longo da
dissertação e do seu contributo para um conhecimento mais aprofundado sobre o Sistema
Integrado de Gestão Escolar (SIGE), bem como do estudo de caso e das propostas que dele
provieram, culminando com as principais conclusões e, por fim, encerrando o capítulo com
as perspetivas de trabalho futuro.

Conclusão
Concluído, o presente trabalho de investigação, que teve como principal objetivo analisar a
implementação do SIGE nas escolas e o seu impacto no ambiente escolar em Cabo Verde,
podem agora apresentar-se as conclusões derivadas do estudo.
No mundo atual e globalizado em que vivemos, os professores e todo o seio educativo,
precisa de estar alinhado com a evolução das novas tecnologias de informação e
comunicação e para isso, precisam estar capacitados para realizarem as suas funções com
competência e comprometimento. Esta investigação iniciou-se procurando responder a
algumas questões, nomeadamente:
 Como avaliar o SIGE em Cabo Verde e a sua mais-valia para as escolas do país?
 Que impacto tem o SIGE nos utilizadores do sistema?
 Qual é o grau de satisfação dos utilizadores do SIGE em relação à formação
inicial e contínua?

Uma entrevista semiestruturada foi aplicada às diretoras das duas escolas (Escola
Secundária Abílio Duarte – ESAD e Escola Secundária Cónego Jacinto Peregrino da Costa
– ESCJPC), onde as mesmas puderam manifestar as suas opiniões relativamente à
implementação do SIGE.
As duas diretoras apresentam uma opinião muito positiva em relação à implementação do
SIGE nas escolas, apontam que houve mudanças positivas que ocorreram a nível de
processos de trabalho, no entanto, chamam a atenção para a dificuldade de alguns
encarregados de educação que não têm condições para acederem ao SIGE por questões de
habilidades informáticas e/ou por meios técnicos insuficientes, bem como a importância
dos professores acederem e introduzirem, diariamente, as informações no SIGE, de forma a
evitar perda de dados ao longo dos trimestres e sobrecarga do sistema nas alturas das
avaliações.
68
Com base nas informações recolhidas, através do inquérito por questionário, aplicado aos
professores das escolas ESAD e ESCJPC, foi possível comprovar que:
 Existe uma tendência para os professores se sentirem ligeiramente satisfeitos
com os acessos às infraestruturas físicas e tecnológicas – Apesar de os
professores afirmarem existir meios disponíveis que lhes permitem o acesso ao
SIGE, não se pode ignorar a necessidade de apostar em equipamentos mais
modernos bem como, na melhoria da qualidade da internet;
 Existe uma tendência para os professores se sentirem bastante satisfeitos com a
formação realizada sobre o uso do SIGE – No entanto, alguns apontaram a
necessidade de realizar mais formações e de maior duração, desta forma
permitiria uma maior autonomia e segurança no manuseio do SIGE no dia-a-dia,
sem que fosse necessário recorrer à ajuda dos colegas;
 Existe uma tendência para uma perceção dos professores mais positiva em
relação ao SIGE – Não se pode negar os benefícios e mais-valias que o SIGE
trouxe para a comunidade educativa, pois melhorou significativamente o tempo
de execução das tarefas diárias, das avaliações, entre outras vantagens.

Quando confrontados possíveis sugestões de melhoria, nota-se que, apesar de terem


apontado limitações como por exemplo, o bloqueio frequente da aplicação,
constrangimento com a internet, entre outras, a maior parte dos inquiridos não deram a
conhecer as suas opiniões quanto a possíveis soluções e isto pode dever-se à pouca
sensibilidade ou conhecimento que detêm das TIC.
Face aos resultados obtidos com este estudo, pode-se afirmar que, de forma geral, os
professores estão satisfeitos com a implementação do SIGE nas escolas. A satisfação com a
formação sobre o SIGE e as perceções dos professores sobre o sistema são semelhantes e,
apenas a satisfação com as infraestruturas difere significativamente entre as duas escolas,
sendo mais elevada nos professores da ESAD comparativamente aos da ESCJPC.
De acordo com os participantes, houve mudanças positivas na estrutura organizacional,
pedagógica, administrativa e na escola. Assim, os objetivos traçados no início da
investigação foram atingidos, uma vez que foi possível conhecer a perceção dos professores
sobre a nova modalidade de gestão.

Perspetivas de Trabalhos Futuros


Apesar do resultado da pesquisa apontar para um impacto positivo da implementação do

69
SIGE nas escolas, é sabido que esta investigação não está isenta de limitações tais como a
dificuldade de acesso a informações e a impossibilidade de propagar os resultados do
presente estudo a todas as escolas do país.
Neste sentido, para futuras investigações seria uma mais-valia um estudo que abranja todas
as escolas do país contempladas com o SIGE, procurando conhecer o grau de satisfação de
todos os utilizadores; Apostar na formação contínua dos professores a nível do SIGE e das
TIC, com o intuito de melhorar as suas competências enquanto docentes e indivíduos
pertencentes de um mundo marcado pelas novas tecnologias; Melhorar a qualidade da
internet; Em relação à duração das passswords, tendo em consideração as condições
técnicas, financeiras e sociais de Cabo Verde sabe-se que de momento não seria possível
uma substituição da autenticação com login e password, por uma autenticação biométrica
(por exemplo, baseada na impressão digital, ou reconhecimento facial ou comando por
voz), mas é uma solução a ser pensada para o futuro como melhoria no SIGE como forma
de tornar a vida do utilizador mais simples; Outra sugestão seria a criação de condições
para um ensino-aprendizagem misto (b-learning25), ou à distância (e-learning26), que se
mostrou de extrema importância diante do contexto atual da pandemia COVID-19, onde o
mundo teve de se adaptar a novas formas de trabalhar e estudar. Com base nisto também se
propõe a integração de ferramentas adicionais de comunicação como chats e fóruns de
debates entre professores e alunos bem como, de partilha de materiais de estudo; Adaptar o
SIGE a diferentes dispositivos e sistemas operativos. Isto é, torná-lo numa interface mais
responsiva, de forma a se adaptar automaticamente quando utilizada através de outros
dispositivos, como por exemplo através de um smartphone, desta forma disponibilizaria o
mesmo conteúdo, sendo a diferença a forma como o conteúdo é distribuído na tela; E por
fim, faria sentido, melhorar as parametrizações de algumas funcionalidades do SIGE, bem
como permitir que os professores tenham autonomia para alterar as palavras passes, mesmo
após estas terem expirado, através da aplicação SIGE, pois tornaria esse processo mais
rápido e eficiente.

25
B-learning – formação em regime misto ou semipresencial.
26
E-learning – ensino totalmente à distância.
70
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72
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https://doi.org/10.2307/30036540

74
Anexos
Anexo 1 – Brochura do Programa “Mundu Novu”

75
76
77
78
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80
81
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88
89
90
91
92
Anexo 2 – Autorização das escolas
Autorização da Escola Secundária Cónego Jacinto Peregrino da Costa

93
Autorização da Escola Secundária Abílio Duarte

94
Apêndices
Apêndice 1 – Perfil do Professor
Login

95
Início

Dados Pessoais – Meus Dados Pessoais

96
Sala de Aula – Livro de Ponto

97
Gestão da Disciplina – Lista de disciplinas; Menu Principal Professor; Coordenação

Gestão da Disciplina – Lista de disciplinas

Gestão da Disciplina – Menu Principal Professor

98
Gestão da Disciplina – Coordenação

Conselho de Turmas

99
Diretor de Turma

Envio Recados – Enviar Recados

Meu Horário – Consulta

100
Minhas Turmas

101
Vídeos Tutoriais

102
Apêndice 2 – Perfil do Aluno
Login

103
Identificação do aluno

104
Informação escolar

105
Notas e faltas

Documentos

106
Propinas

107
Apêndice 3 – Perfil dos pais e/ou encarregados de educação
Login

108
Apêndice 4 – Guião de entrevista
Guião de Entrevista – Diretor (a)
A presente entrevista insere-se num projeto de investigação desenvolvido no âmbito da
Dissertação do Mestrado em Gestão de Sistemas de Informação, pelo Instituto Politécnico
de Setúbal, Portugal, com a qual se pretende saber qual o impacto do SIGE – Sistema
Integrado de Gestão Escolar nas escolas em Cabo Verde.
Esta entrevista está a ser aplicada, exclusivamente, ao (à) Diretor (a) deste estabelecimento
de ensino secundário que utiliza o SIGE. Para as questões apresentadas não existem
respostas corretas ou incorretas, solicita-se apenas que as suas respostas sejam verdadeiras.
A entrevista será gravada e transcrita, mas o seu conteúdo será utilizado apenas para fins
académicos.
Muito obrigada pela sua colaboração!
Mestranda Tânia Patrícia Santos Jorge (tania.jorge91@hotmail.com)

Grupo I – Enquadramento do SIGE


Pretende-se abordar questões de forma a nos dar a conhecer mais sobre o SIGE.
Quais acha que são os principais objetivos do SIGE?
O programa é gratuito ou a escola paga alguma coisa?
3. Na sua perspetiva o SIGE é, sobretudo, mais útil a quem? Direção, alunos ou
professores? Ou acha que é útil a todos de igual modo?
4. De quem partiu a iniciativa de implementar um sistema integrado de gestão escolar na
sua escola?
5. Que benefícios acha que procuravam obter com o sistema?
6. Que caraterísticas procuravam no SIGE?
7. O que existia na escola antes do SIGE? Existia algum outro software?
8. Como é que a escola recebeu a proposta da implementação do SIGE?

Grupo II – Acesso às Infraestruturas Físicas e Tecnológicas


Neste grupo pretende-se saber quais as condições em relação à infraestrutura física e
equipamentos tecnológicos disponíveis na escola para o uso pedagógico.
10. Foram disponibilizados aos utilizadores equipamentos (computadores, tablet, portáteis)
para acederem ao SIGE?
11. Existem computadores disponíveis, em número suficiente, para utilização por parte de
todos os utilizadores do SIGE?

109
12. Concluindo, considera que a sua escola está preparada, tecnologicamente ou tem meios
técnicos suficientes, para o SIGE?

Grupo III – Implementação do SIGE


Pretende-se saber a participação, evolução e mudanças ocorridas com a
implementação do SIGE.
13. Participou da implementação do SIGE na sua escola?
14. Existiram discrepâncias entre o sistema e os processos existentes nas escolas?
15. Como foi a implementação do SIGE na escola? De forma faseada e por módulos ou
implementou-se logo o sistema todo de uma vez?
16. Em que fase de implementação está o SIGE atualmente? Já terminou?
17. Quais os problemas que surgiram na fase de implementação do SIGE? Como foram
resolvidos?
18. A comunidade escolar foi envolvida na implementação do SIGE?
19. Existiu resistência à mudança? Como contornaram esta situação? O fator idade teve
influência?
20. Como se deu a participação dos integrantes que compõe a escola (pais, alunos,
professores, e os demais integrantes da comunidade escolar) nas decisões escolares antes e
depois do SIGE?

Grupo IV – Formação para o uso do SIGE


Pretende-se saber qual é o grau de satisfação dos diretores em relação à formação
inicial e contínua para o uso do SIGE.
21. Houve formação para os utilizadores do SIGE? De que forma? Acha que foi suficiente?
Na sua opinião o que deveria ter sido diferente?
22. A sua escola já realizou, por iniciativa própria, ações de formação sobre o uso do
SIGE?
23. Existe uma equipa técnica para auxiliar na utilização do SIGE?

Grupo V – Perceção dos Diretores em relação ao SIGE


Neste grupo pretende-se compreender as atitudes dos diretores em relação à utilização
do SIGE.
24. Qual a importância do SIGE na execução das suas atividades como diretor(a)?
25. Quais são as funcionalidades do SIGE que mais valoriza?

110
26. De que forma os utilizadores (diretores, professores, alunos, pais e/ou encarregados de
educação) acedem ao SIGE?
27. Caso não tenham acesso ao SIGE, os alunos, pais e/ou encarregados de educação têm
acesso a algum outro tipo de plataforma?
28. Como era a sua gestão antes e depois da implementação do SIGE?
29. Que mudanças ocorreram no modelo administrativo após a implementação do SIGE?
30. Acha que o SIGE teve alguma contribuição nos resultados dos indicadores de avaliação
externa?
31. Considera que o SIGE contribuiu para a otimização e uniformização dos processos de
gestão administrativa da escola e dos professores?
32. Quais são os impactos positivos e negativos do SIGE?
33. Considera importante que os alunos tenham acesso ao IGRP - SIGE? Porquê?
34. Considera importante que os pais tenham acesso ao IGRP - SIGE? Porquê?
35. De uma forma global como avalia a aplicação SIGE?

111
Apêndice 5 – Transcrição das entrevistas

Transcrição da Entrevista – Diretora 1


Data da Entrevista: 03/11/2020
Nome do Entrevistador: Tânia Jorge
Nome da entrevistada: AV
Tipo de entrevista: Presencial
Hora de início e de término: 15:00 – 16:00
Duração: 01:00

Grupo I – Enquadramento do SIGE


Pretende-se abordar questões de forma a nos dar a conhecer mais sobre o SIGE.
1. Quais acha que são os principais objetivos do SIGE?
R: Otimizar o trabalho, a nível geral, num tempo mais eficaz e eficiente…Torna mais
célere o trabalho, se antigamente os professores tinham mais de uma hora numa reunião de
avaliação hoje conseguem fazer isso em 5min. As notas já estão todas introduzidas no
SIGE, antigamente tinham que imprimir a pauta e verificar, atualmente não têm essa
necessidade. Antigamente os professores tinham que utilizar o livro de ponto, hoje em dia
com o SIGE não é preciso o livro, é feito na aplicação. Em termos económicos diminuiu o
custo, por exemplo, a aquisição de livros de pontos (em papel)…agora é desnecessário. O
professor pode agendar o seu sumário no SIGE e consegue ter um controlo máximo sobre o
aluno na sala de aula. Esse controlo se aplica aos professores como também aos diretores,
alunos, pais e encarregados de educação, que conseguem aceder as informações em tempo
útil.

2. O programa é gratuito ou a escola paga alguma coisa?


R: Sim, é financiado pelo Governo.

3. Na sua perspetiva o SIGE é, sobretudo, mais útil a quem? Direção, alunos ou


professores? Ou acha que é útil a todos de igual modo?
R: Eu acho que o SIGE é útil para todos. Para os professores, o SIGE lhes permite fazer um
trabalho com maior exatidão, minimiza o tempo de avaliação e controlo de turma. Para o
aluno, pais e encarregado de educação, estes conseguem consultar e acompanhar a evolução
do aluno a nível de avaliação, faltas, comportamento, etc, em tempo real, através da

112
plataforma “Porton Di Nôs Ilha”, sem ter a necessidade de se deslocar até a escola.
4. De quem partiu a iniciativa de implementar um sistema integrado de gestão escolar
na sua escola?
R: Iniciativa do Governo em parceria com NOSI e ME.

5. Que benefícios acha que procuravam obter com o sistema?


R: Celeridade, otimização do tempo, unificação/padronização (entre escolas), facilitar o
trabalho dos professores e direção.

6. Que caraterísticas procuravam no SIGE?


R: Procuram uma forma de acelerar o processo. Através do SIGE é possível enviar os
dados estatísticos, emitir uma declaração, marcar os sumários, agendar as reuniões, emitir
certificado de nota, comportamento, etc do aluno, em tempo útil com maior rapidez.

7. O que existia na escola antes do SIGE? Existia algum outro software?


R: Antes do SIGE lançávamos as notas no excel e depois tínhamos que imprimir para
verificar um a um as notas dos alunos e o excel só servia para o lançamento de notas.

8. Como é que a escola recebeu a proposta da implementação do SIGE?


R: Não estava na direção na altura da implementação do SIGE, que ocorreu em 2016.
Acredito que a escola recebeu a proposta de bom agrado, mas como tudo há sempre um
bocado de resistência para tudo que é novo e desconhecido, com o tempo percebemos que a
implementação do SIGE foi uma ideia excelente, pois os trabalhos que faríamos em uma
semana, passamos a fazer em um dia, por exemplo.

Grupo II – Acesso às Infraestruturas Físicas e Tecnológicas


Neste grupo pretende-se saber quais as condições em relação à infraestrutura física e
equipamentos tecnológicos disponíveis na escola para o uso pedagógico.
10. Foram disponibilizados aos utilizadores equipamentos (computadores, tablet,
portáteis) para acederem ao SIGE?
R: Sim, não foi oferta mas o ME conseguiu parceria com a empresa de telecomunicações
CVTelecom, que permitiu que os professores conseguissem comprar tablets a um preço
simbólico, bem abaixo do valor no mercado. Um tablet que custaria 27000$00 foi vendido
por 3000$00. Também, já tinham sido equipadas as escolas com portáteis, no âmbito do

113
programa “Mundu Novu”. Foi também, introduzido o “Pen Net” porque na altura o acesso
à rede wi-fi era insuficiente e todas as salas não tinham ponto de acesso.

11. Existem computadores disponíveis, em número suficiente, para utilização por


parte de todos os utilizadores do SIGE?
R: A meu ver, sim. Tendo em conta que, atualmente, todos os professores têm um portátil
ou tablet próprio, consideramos que temos computadores em números suficientes.

12. Concluindo: Considera que a sua escola está preparada, tecnologicamente ou tem
meios técnicos suficientes, para o SIGE?
R: Sim. Há um ano atrás foi feito uma cooperação com a China e foi instalado uma rede net
mais rápida, wi-fi, banda larga, além disso inseriram mais pontos de acesso nos edifícios
administrativos e salas de aula. Os alunos também têm acesso à internet ilimitado.

Grupo III – Implementação do SIGE


Pretende-se saber a participação, evolução e mudanças ocorridas com a
implementação do SIGE.
13. Participou da implementação do SIGE na sua escola?
R: Não fiz parte como diretora, mas já trabalhava como professora na escola.

14. Existiram discrepâncias entre o sistema e os processos existentes nas escolas?


R: Na minha visão, como professora, não houve discrepância, embora na parte
administrativa os ficheiros dos alunos nas datas inferiores a 2016, que foi o ano da
implementação do SIGE, ainda estão a ser necessárias consultas em papel.

15. Como foi a implementação do SIGE na escola? De forma faseada e por módulos
ou implementou-se logo o sistema todo de uma vez?
R: Foi feita de forma faseada. Primeiro, tivemos formação com um técnico enviado pelo
ME, com duração 1-2 semanas. Depois foi criado um ponto focal do SIGE, que ainda existe
até hoje, que é um membro da escola e essa pessoa foi recebendo formação para dar apoio
aos professores e direção.

16. Em que fase de implementação está o SIGE atualmente? Já terminou?


R: Continua sempre a ser melhorado, tem havido atualizações que são feitas pela UTIC -

114
ME. Por exemplo, hoje temos o livro de ponto que é uma novidade, pode ser baixado na
play store e os professores podem introduzir o sumário em offline. Quando chegar num
ponto com internet é feita a sincronização e a informação é importada para o SIGE. Têm
também a elaboração do horário através do SIGE, que é muito mais rápido que o modelo
antigo.

17. Quais os problemas que surgiram na fase de implementação do SIGE? Como


foram resolvidos?
R: Resistência da parte de alguns professores e falta de conhecimento ao nível de
informática. Foi necessário realizar mais formações contínuas para colmatar essas
dificuldades. Na altura tínhamos a questão da qualidade da internet e durante as reuniões de
avaliação havia sobrecarga na rede e a aplicação ia abaixo. Mas fomos superando essas
dificuldades ao longo do tempo.

18. A comunidade escolar foi envolvida na implementação do SIGE?


R: Sim. Além do ponto focal, os professores que aprenderam mais rápido a trabalhar com o
SIGE sempre estiveram disponíveis para ajudar os colegas com maiores dificuldades.

19. Existiu resistência à mudança? Como contornaram esta situação? O fator idade
teve influência?
R: Sim, os professores com mais idade apresentaram maior resistência.

20. Como se deu a participação dos integrantes que compõe a escola (pais, alunos,
professores, e os demais integrantes da comunidade escolar) nas decisões escolares
antes e depois do SIGE?
R: N/A

Grupo IV – Formação para o uso do SIGE


Pretende-se saber qual é o grau de satisfação dos diretores em relação à formação
inicial e contínua para o uso do SIGE.
21. Houve formação para os utilizadores do SIGE? De que forma? Acha que foi
suficiente? Na sua opinião o que deveria ter sido diferente?
R: Sim, houve formação, mas na altura não foi suficiente porque era muita coisa, muita
novidade. Teve a duração de duas semanas e, a meu ver, deveria ter sido, no mínimo, um

115
mês.
22. A sua escola já realizou, por iniciativa própria, ações de formação sobre o uso do
SIGE?
R: Sim, o ponto focal do SIGE teve formação contínua para atualização, e os próprios
professores pediram formação.

23. Existe uma equipa técnica para auxiliar na utilização do SIGE?


R: Sim, existe uma equipa técnica da escola. Em caso de dificuldade maior, existe uma
equipa da UTIC-ME que vêm dar apoio, caso necessário.

Grupo V – Perceção dos Diretores em relação ao SIGE


Neste grupo pretende-se compreender as atitudes dos diretores em relação à
utilização do SIGE.
24. Qual a importância do SIGE na execução das suas atividades como
diretor(a)?
R: É muito importante, por exemplo a secretaria faz o serviço de emissão de certificados,
currículos, etc, mas no caso de indisponibilidade do funcionário eu posso emitir ou até
mesmo o subdiretor-pedagógico. Como a informação já está no sistema é só imprimir e
carimbar. Além disso, conseguimos receber documentos enviados pelo ME, mas é só a
direção que tem acesso a essa parte da aplicação.

25. Quais são as funcionalidades do SIGE que mais valoriza?


R: Todas. O SIGE otimiza o tempo de trabalho.

26. De que forma os utilizadores (diretores, professores, alunos, pais e/ou


encarregados de educação) acedem ao SIGE?
R: Os professores e a direção acedem através do IGRP, introduzindo o email institucional e
a password. Já os alunos, acedem através de uma outra plataforma.

27. Caso não tenham acesso ao SIGE, os alunos, pais e/ou encarregados de educação
têm acesso a algum outro tipo de plataforma?
R: Os alunos, pais e encarregados de educação têm acesso através do site “Porton Di Nôs
Ilha”, com o código e o número de documento do aluno.

116
28. Como era a sua gestão antes e depois da implementação do SIGE?
R: N/A

29. Que mudanças ocorreram no modelo administrativo após a implementação do


SIGE?
R: N/A

30. Acha que o SIGE teve alguma contribuição nos resultados dos indicadores de
avaliação externa?
R: Durante a minha gestão a escola ainda não foi avaliada.

31. Considera que o SIGE contribuiu para a otimização e uniformização dos processos
de gestão administrativa da escola e dos professores?
R: Sim

32. Quais são os impactos positivos e negativos do SIGE?


R: Positivo…Tudo o que já referi anteriormente, otimização do tempo, custos, etc…
O impacto negativo, para mim, tem a ver com a assiduidade do aluno. O aluno atinge o
limite de faltas e o sistema tira, automaticamente, o aluno da turma (o aluno fica reprovado)
mesmo que essas faltas sejam justificáveis, pois ele não dá nenhum alerta de que o aluno já
atingiu um determinado número de faltas. E só direção pode voltar a inserir o aluno no
sistema.
Em termos do comportamento, por exemplo, se o aluno tiver três faltas o sistema assume
comportamento suficiente porque o SIGE avalia o comportamento só em termos de faltas e
o conselho de turma não têm autonomia para essa avaliação. Esta situação acaba por
prejudicar o aluno, porque ele pode faltar por motivos de força maior e ele ser
extremamente bem comportado e por causa dessa parametrização tem afetado a sua
avaliação. Nessas situações a direção tem que intervir e mexer no sistema para fazer essa
alteração porque professor não tem essa autonomia. Neste momento, só as turmas de 7º e 8º
têm esse parâmetro atualizado de forma a permitir que o professor tenha maior autonomia,
mas os restantes anos continua com o critério antigo. Portanto, é uma questão que precisa
ser revista e resolvida.

33. Considera importante que os alunos tenham acesso ao IGRP - SIGE? Porquê?

117
R: Sim. Em vez de criar turmas virtuais, os professores poderiam partilhar materiais de
estudo no SIGE e os alunos teriam acesso. O professor e o aluno poderiam comunicar com
maior rapidez, além de diminuir a impressão de papéis, minimizando assim os custos.

34. Considera importante que os pais tenham acesso ao IGRP - SIGE? Porquê?
R: Não faz muito sentido os pais terem acesso ao IGRP – SIGE, poderia provocar uma
sobrecarga na aplicação.

35. De uma forma global como avalia a aplicação SIGE?


R: Avalio como sendo muito bom. Há ainda pequenos ajustes a fazer mas, acredito, que
com o tempo conseguiremos melhorar cada vez mais a nível de atualizações.

118
Transcrição da Entrevista – Diretora 2
Data da Entrevista: 06/11/2020
Nome do Entrevistador: Tânia Jorge
Nome da entrevistada: AV
Tipo de entrevista: Presencial
Hora de início e de término: 15:00 – 16:00
Duração: 01:00

Grupo I – Enquadramento do SIGE


Pretende-se abordar questões de forma a nos dar a conhecer mais sobre o SIGE.
1. Quais acha que são os principais objetivos do SIGE?
R: O objetivo foi facilitar os professores na sua gestão diária, facilitar os pais e
encarregados de educação no acompanhamento escolar dos filhos, ou de uma forma geral,
facilitar toda a comunidade educativa.
Aos professores permite o registo diário do sumário, faltas, nota dos alunos e essas
atividades podem ser registadas a partir de qualquer lugar que tenha acesso à internet sem
que seja necessário fazê-lo de forma presencial.
Permite aos alunos acompanhar a vida escolar à distância, sem ser necessário deslocar até à
escola para saber a sua avaliação e faltas, a mesma coisa para pais e encarregados de
educação.
Resumindo, o SIGE vem sendo mais um acréscimo para toda a comunidade educativa no
que tange a sua organização e funcionamento, a nível da escola.

2. O programa é gratuito ou a escola paga alguma coisa?


R: O SIGE é gratuito, é financiado pelo Governo e foi criado em parceria com o NOSI
mas, atualmente, está sendo comandado pela UTIC.ME

3. Na sua perspetiva o SIGE é, sobretudo, mais útil a quem? Direção, alunos ou


professores? Ou acha que é útil a todos de igual modo?
R: É útil para todos, professores, alunos, pais e encarregados de educação, cada uma com a
sua importância dentro da responsabilidade que tem. É útil ao professor porque lhe permite
escrever o sumário e ao mesmo tempo tem um livro de ponto offline que pode escrever o
sumário, mesmo que não haja internet, e posteriormente o sistema faz a sincronização
quando tiver acesso a uma rede de internet. Além da escrita do sumário, o SIGE lhe permite

119
fazer toda a gestão diária das suas tarefas.
Para o aluno, é útil porque lhe permite consultar as suas avaliações e faltas, sem ter a
necessidade de se deslocar à escola, o mesmo acontece com os pais e encarregados de
educação.

4. De quem partiu a iniciativa de implementar um sistema integrado de gestão escolar


na sua escola?
R: Iniciativa do Governo em parceria com NOSI e ME.

5. Que benefícios acha que procuravam obter com o sistema?


R: Maior acessibilidade à informação, pois permite aos utilizadores aceder às informações
a partir de qualquer lugar que tenham acesso à internet. Diminui o tempo de trabalho, o que
era feito em 1h00 ou 1h30 pode-se fazem em 30 minutos, mas para isso é necessário que os
professores tenham inserido no sistema os dados ao longo do trimestre. O SIGE permitiu,
também, reduzir os custos financeiros, se antes tínhamos que imprimir as pautas várias
vezes ao corrigir alguma informação, hoje já não é necessário.

6. Que caraterísticas procuravam no SIGE?


R: Por exemplo, com o SIGE podemos registar o sumário que é um dos pontos altos que
comprova que o professor efetivamente deu a aula, permite registar a pontualidade e
assiduidade e ao mesmo tempo a direção tem acesso a essas informações. Permite também
acelerar a comunicação entre o professor e o encarregado de educação, através de recados
enviados através do SIGE, possibilita a consulta de todo o histórico escolar do aluno. A
ideia do SIGE foi facilitar os processos, o SIGE atualmente nos permite elaborar horários
com maior celeridade, o que antigamente era mais moroso.

7. O que existia na escola antes do SIGE? Existia algum outro software?


R: Existia a “Pautinha do Professor”. Era uma pauta onde já existia uma fórmula integrada,
onde os professores lançavam as suas notas, de seguida eram impressas.

8. Como é que a escola recebeu a proposta da implementação do SIGE?


R: Na altura não desempenhava o cargo de diretora mas, como professora recebemos a
proposta de braços abertos. É claro que, como tudo que é novo precisa do seu tempo para o
entendermos e adaptamos, mas os professores receberam o SIGE da melhor forma, pois

120
viram no SIGE benefícios para o desempenho das nossas funções no dia-a-dia. A
introdução de algo novo tem o seu constrangimento, por exemplo precisávamos de uma
internet rápida, de energia elétrica sempre disponível, mas de forma geral não tivemos
grandes problemas em relação a isso, pois trabalhamos com a rede do estado ou seja,
tínhamos uma internet que embora não era banda larga como temos agora. A escola agora
tem banda larga (internet de alta velocidade), que foi introduzida no final do ano letivo
passado, no âmbito de um projeto com a China (cooperação Governo-NOSI-China), mas
mesmo antes nós já tínhamos rede de internet interna que permitia que todas as salas de
aulas tivessem um ponto de acesso à internet.

Grupo II – Acesso às Infraestruturas Físicas e Tecnológicas


Neste grupo pretende-se saber quais as condições em relação à infraestrutura física e
equipamentos tecnológicos disponíveis na escola para o uso pedagógico.
10. Foram disponibilizados aos utilizadores equipamentos (computadores, tablet,
portáteis) para acederem ao SIGE?
R: Podemos dizer que a nossa escola é uma escola abençoada, porque desde o início, em
2002, já dispúnhamos de uma sala de informática já equipada. Quando foi introduzido o
projeto “Mundu Novu” foi disponibilizado a cada sala um computador e uma data show. A
nível de internet, como referido anteriormente, foi colocado um servidor de internet que
serve como placa mãe que gera rede para a toda escola.
11. Existem computadores disponíveis, em número suficiente, para utilização por
parte de todos os utilizadores do SIGE?
R: Sim, existe e a escola está a trabalhar cada vez mais na melhoria dos equipamentos.
Existe tanto para os professores como para os alunos.

12. Concluindo: Considera que a sua escola está preparada, tecnologicamente ou tem
meios técnicos suficientes, para o SIGE?
R: Sim, mas é claro que devemos procurar sempre melhorias uma vez que, os
equipamentos são utilizados por várias pessoas, o que faz com que o seu prazo de validade
diminua. Mas de modo geral, estamos sim bem equipados, inclusive a nossa escola é a
única do conselho da Praia que está inserida na plataforma IBM – A Nação África Digital e
temos uma professora que é coordenadora da TIC a receber formação para no futuro vir dar
a formação aos outros professores. Temos duas salas de informática devidamente
equipadas, a sala dos professores, também, com equipamentos informáticos e a biblioteca

121
dos alunos, além do laboratório “WebLab” que é um projeto do ME e da China

Grupo III – Implementação do SIGE


Pretende-se saber a participação, evolução e mudanças ocorridas com a
implementação do SIGE.
13. Participou da implementação do SIGE na sua escola?
R: Não como diretora mas sim como professora e subdiretora pedagógica. Mas participei
na digitalização dos dados, podemos chamar assim, que foi um processo interno.

14. Existiram discrepâncias entre o sistema e os processos existentes nas escolas?


R: Não, porque a escola já tinha, internamente, os dados digitalizados que foi uma
iniciativa da própria escola então o SIGE foi buscar os dados aí.

15. Como foi a implementação do SIGE na escola? De forma faseada e por módulos
ou implementou-se logo o sistema todo de uma vez?
R: Foi feita de forma faseada.

16. Em que fase de implementação está o SIGE atualmente? Já terminou?


R: O SIGE já está funcional mas vão fazendo atualizações, conforme as necessidades.

17. Quais os problemas que surgiram na fase de implementação do SIGE? Como


foram resolvidos?
R: Como era algo novo exigia algum domínio das novas tecnologias de informação e
comunicação, na ótica do utilizador e nem todos os professores tinham as mesmas
habilidades mas fomos colmatando essas dificuldades com a formação. Uma das
dificuldades que solicitamos melhorias foi na questão da visualização, não conseguíamos
ver as avaliações todas na horizontal. Por exemplo, para ver as notas de todos os elementos
de avaliação tínhamos que abrir várias janelas porque não conseguíamos ver a informação
toda na linha horizontal. Mas não é um constrangimento maior face aos benefícios.

18. A comunidade escolar foi envolvida na implementação do SIGE?


R: Sim. Existe uma equipa técnica e além disso, existe um espírito de solidariedade muito
forte entre os professores o que fez com que quem tivesse maior domínio do sistema
ajudasse o colega com maiores dificuldades.

122
19. Existiu resistência à mudança? Como contornaram esta situação? O fator idade
teve influência?
R: O SIGE foi bem recebido pelos professores conforme tinha referido anteriormente mas,
como tudo que é novo tem as suas limitações. Não acho que o fator idade influência, acho
que tem mais a ver com a motivação da pessoa e empenho em se adaptar.

20. Como se deu a participação dos integrantes que compõe a escola (pais, alunos,
professores, e os demais integrantes da comunidade escolar) nas decisões escolares
antes e depois do SIGE?
R: N/A

Grupo IV – Formação para o uso do SIGE


Pretende-se saber qual é o grau de satisfação dos diretores em relação à formação
inicial e contínua para o uso do SIGE.
21. Houve formação para os utilizadores do SIGE? De que forma? Acha que foi
suficiente? Na sua opinião o que deveria ter sido diferente?
R: Sim, houve formação presencial e tivemos sempre o acompanhamento de um técnico do
NOSI, além de existir um ponto focal na escola. Por isso, houve um acompanhamento de
perto da parte do ponto focal e do NOSI. E sempre que houver atualizações no sistema nos
é dada uma nova formação de atualização.

22. A sua escola já realizou, por iniciativa própria, ações de formação sobre o uso do
SIGE?
R: Sim, os tutores ou multiplicadores de formação, podemos assim chamar, ministraram
formações para atualização, por iniciativa da escola.

23. Existe uma equipa técnica para auxiliar na utilização do SIGE?


R: Sim, existe uma equipa técnica da escola para dar apoio na utilização do SIGE.

Grupo V – Perceção dos Diretores em relação ao SIGE


Neste grupo pretende-se compreender as atitudes dos diretores em relação à utilização
do SIGE.
24. Qual a importância do SIGE na execução das suas atividades como diretor(a)?
R: O SIGE veio a revelar de total importância para a gestão da escola. Por exemplo, se me

123
pedirem os dados dos professores eu consigo ter acesso a esses dados sem ter que pedir à
secretária que me forneça esses dados que estão em papel, o mesmo acontece em relação
aos alunos, dados estatísticos entre outros. Ou seja, consigo ter acesso às informações de
toda comunidade escolar com maior rapidez.

25. Quais são as funcionalidades do SIGE que mais valoriza?


R: Considero o sistema todo importante, não consigo pegar em um para sobrevalorizar
porque todos os parâmetros são importantes, conforme o perfil.

26. De que forma os utilizadores (diretores, professores, alunos, pais e encarregados


de educação) acedem ao SIGE?
R: Os professores e a direção acedem através do IGRP, introduzindo o email institucional e
uma password. Os alunos acedem através de outra plataforma.

27. Caso não tenham acesso ao SIGE, os alunos, pais e/ou encarregados de educação
têm acesso a algum outro tipo de plataforma?
R: Os alunos, pais e encarregados de educação acedem através do site “Porton Di Nôs
Ilha”, com o código e o número de documento do aluno.

28. Como era a sua gestão antes e depois da implementação do SIGE?


R: Quando o SIGE foi implementado tinha o cargo de subdiretora pedagógica e professora,
dentro desse perfil posso dizer que depois da implementação o SIGE permitiu ter uma
maior supervisão e controlo dos professores, de que apoio precisam ou seja, facilitou a
escola na sua gestão. Se antes tínhamos que recorrer ao livro de ponto físico para analisar a
assiduidade dos professores e também dos alunos, hoje conseguimos isso com maior
rapidez, em tempo útil, através do SIGE.

29. Que mudanças ocorreram no modelo administrativo após a implementação do


SIGE?
R: N/A

30. Acha que o SIGE teve alguma contribuição nos resultados dos indicadores de
avaliação externa?
R: Formalmente, não teve ainda nenhuma avaliação. Houve uma melhoria significativa na

124
prestação de serviços da escola à comunidade. Mas, tem que se ter um grande cuidado
porque existe uma franja populacional (pais e encarregados de educação) que podem entrar
no SIGE, pois têm estruturas para poder acompanhar (internet, computador ou acesso
facilitado), por outro lado temos a outra franja que não tem as mesmas condições e é aí que
entra o papel da direção em trabalhar para que esses pais e encarregados de educação
tenham acesso às mesmas informações, através de encontros periódicos. Infelizmente, nem
todos os pais têm acesso, não só por falta de habilidade como equipamentos tecnológicos.

31. Considera que o SIGE contribuiu para a otimização e uniformização dos processos
de gestão administrativa da escola e dos professores?
R: Sim

32. Quais são os impactos positivos e negativos do SIGE?


R: Os impactos positivos, tudo que já foi referido anteriormente como a redução dos custos
financeiros, otimização do tempo, acesso à informação em tempo útil, etc…
Em relação aos impactos negativos, além da questão dos pais que não têm acesso ao SIGE,
quer por questões de habilidades informáticas quer por meios técnicos insuficientes, há que
se ter um cuidado para que os professores não entrem na monotonia de não verificar e
acompanhar com regularidade os dados introduzidos, porque os professores devem estar
sempre atentos para verem se realmente não há nenhuma falha. Neste sentido, alerto
sempre aos professores para terem esse cuidado em fazer a gestão da sua turma
diariamente, porque o SIGE não substitui a função do professor, ele serve apenas para nos
ajudar e facilitar as nossas tarefas no dia-a-dia.

33. Considera importante que os alunos tenham acesso ao IGRP - SIGE? Porquê?
R: Sim. Tendo por base as necessidades que sentimos diante da conjuntura atual (Covid-
19), em que fomos obrigados a nos adaptar faz sentido os alunos terem acesso, através da
aplicação, aos materiais de estudo.

34. Considera importante que os pais tenham acesso ao IGRP - SIGE? Porquê?
R: Na minha opinião não acho importante os pais e encarregados de educação terem acesso
ao SIGE através do IRGP, penso que como está, através do site Porton Di Nôs Ilha, faz
mais sentido até por uma questão de sobrecarga da aplicação.

125
35. De uma forma global como avalia a aplicação SIGE?
R: Avalio de uma forma muito positiva a aplicação SIGE.

126
Apêndice 6 – Questionário
Questionário sobre a perceção da utilização do SIGE - Professores
Exmo.(a). Senhor (a) Professor (a),

O presente questionário insere-se num projeto de investigação desenvolvido no âmbito da


Dissertação do Mestrado em Gestão de Sistemas de Informação, pelo Instituto Politécnico
de Setúbal, Portugal, com a qual se pretende saber qual o impacto do Sistema Integrado de
Gestão Escolar (SIGE) no trabalho docente Cabo Verde.

É um instrumento que está a ser aplicado, exclusivamente, aos professores dos


estabelecimentos de Ensino Secundário que utilizam o SIGE. Como sabe, para as questões
apresentadas, não existem respostas corretas ou incorretas, o mais importante é que as suas
respostas sejam verdadeiras.
De se referir, ainda, que as respostas e os resultados do presente estudo são, respetivamente,
anónimas, e confidenciais, pois serão utilizadas para fins meramente académicos.

O preenchimento do presente questionário tem a duração aproximada de 10 minutos.

Muito obrigada pela sua pronta e valiosa colaboração.


Mestranda Tânia Patrícia Santos Jorge (tania.jorge91@hotmail.com)

Grupo I – Dados Pessoais e Profissionais


Assinale com uma cruz (x) as suas respostas:
DPP1. Género � Feminino � Masculino
� Prefiro não responder

DPP2. Idade: _____________

DPP3. Habilitações académicas � Bacharelato �Licenciatura


(assinale apenas o grau mais alto) � Mestrado � Doutoramento
� Outro ____________________________________

DPP4.Qual a sua área de ____________________________________________


formação?
DPP5. Escola Secundária onde � Escola Secundária Cónego Jacinto Peregrino da Costa
trabalha � Escola Secundária Abílio Duarte

DPP6. Disciplina (s) que leciona


atualmente: ____________________________________________

DPP7. Tempo de serviço � ≤5 anos � 6-10 anos


� 11-15 anos � Mais de 15 anos

DPP8. Ano da Implementação do


SIGE na escola onde trabalha: ______________________________________________

127
Grupo II – Acesso às Infraestruturas Físicas e Tecnológicas
Neste grupo, são-lhe apresentadas afirmações relacionadas com as diferentes dimensões de
utilização do SIGE acompanhadas, cada uma, por uma escala do tipo Likert que vai de 1 a
5, nos termos que são descritas em seguida. Para cada afirmação, indique, por favor, com
uma cruz (x) o número que melhor descreve as condições que vem presenciando nas
infraestruturas física e tecnológica disponíveis na escola para facilitar a utilização do
SIGE.
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo 3 – Não concordo nem discordo
4 – Concordo 5 – Concordo totalmente

Não concordo
nem discordo
totalmente

totalmente
Concordo
Concordo
Discordo

Discordo
AIFT1 As salas de aulas estão equipadas para que seja possível aceder
1 2 3 4 5
ao SIGE.
AIFT2 Na minha escola existe uma sala específica, equipada com meios
1 2 3 4 5
tecnológicos, que me permite o acesso ao SIGE.
AIFT3 Existem computadores disponíveis na escola, em número
1 2 3 4 5
suficiente, para utilização por parte de todos os professores.
AIFT4 Foram disponibilizados equipamentos (tablet, portáteis) para que
1 2 3 4 5
fosse possível aceder ao SIGE fora da escola.
AIFT5 Os computadores ligados à internet são em número satisfatório. 1 2 3 4 5
AIFT6 A ligação à internet em relação às necessidades de uso da escola
1 2 3 4 5
é excelente.
AIFT7 Na minha escola existe uma equipa técnica de apoio sempre que
1 2 3 4 5
solicitado.
AIFT8 A equipa técnica de apoio ao SIGE, na minha escola
1 2 3 4 5
desempenha, um trabalho excelente.
AIFT9 A minha escola está preparada, tecnologicamente ou tem meios
1 2 3 4 5
técnicos suficientes, para o SIGE.

128
Grupo III – Formação para o uso do SIGE
Neste grupo pedimos-lhe que avalie o seu grau de satisfação em relação à sua formação
inicial e contínua para o uso do SIGE. Por favor responda a todas as questões marcando
uma cruz (x) na resposta que melhor descreve a sua opinião.
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo 3 – Não concordo nem discordo
4 – Concordo 5 – Concordo totalmente

Não concordo
nem discordo
totalmente

totalmente
Concordo
Concordo
Discordo

Discordo
FO1 As ações de formação promovidas pelo Ministério da Educação foram
1 2 3 4 5
muito satisfatórias.
FO2 Eu tive uma excelente formação ministrada pela escola. 1 2 3 4 5
FO3 Não tive qualquer formação sobre a utilização do SIGE. 1 2 3 4 5
FO4 Aprendi a trabalhar com o SIGE através de colegas. 1 2 3 4 5
FO5 A formação inicial no uso do SIGE foi excelente, consigo trabalhar e
ajudar os outros. 1 2 3 4 5
FFO6 Considero que foi muito útil a última formação ministrada sobre o
1 2 3 4 5
SIGE.
FO7 Sinto necessidade de realizar mais ações de formação para o uso do
1 2 3 4 5
SIGE.
FO8 As formações sobre o SIGE permitiram-me melhorias de desempenho
1 2 3 4 5
no trabalho.
FO9 Não fiquei satisfeito com a formação ministrada sobre o uso do SIGE. 1 2 3 4 5
FO10 De uma forma geral, estou satisfeito com as formações que foram
1 2 3 4 5
dadas.

129
Grupo IV – Perceção dos professores em relação ao SIGE
Neste grupo pretende-se compreender as atitudes e o grau de satisfação dos professores
em relação à implementação e utilização do SIGE. Por favor, responda a todas as questões
marcando uma cruz (x) na resposta que melhor descreve a sua opinião ou perceção sobre os
diferentes aspetos do SIGE.
1 – Discordo totalmente 2 – Discordo 3 – Não concordo nem discordo
4 – Concordo 5 – Concordo totalmente

Não concordo
nem discordo
totalmente

totalmente
Concordo
Concordo
Discordo

Discordo
PP1 Considero importante a implementação do SIGE na escola. 1 2 3 4 5
PP2 O SIGE facilita muito a realização do meu trabalho. 1 2 3 4 5
PP3 O fator idade influencia a adaptação ao SIGE. 1 2 3 4 5
PP4 A insuficiência dos meios tecnológicos tem sido um
1 2 3 4 5
constrangimento na utilização do SIGE.
PP5 A conexão à internet é uma limitação para o uso do SIGE. 1 2 3 4 5
PP6 Inicialmente, o SIGE era pouco intuitivo. 1 2 3 4 5
PP7 Acontecem bloqueios frequentes na utilização do SIGE. 1 2 3 4 5
PP8 Tenho dificuldades de comunicação com a equipa técnica
1 2 3 4 5
quando surgem problemas.
PP9 Tenho pouca autonomia quando surge um ou outro bloqueio. 1 2 3 4 5
PP10 O não funcionamento do SIGE tem pouco impacto no meu
1 2 3 4 5
trabalho diário.
PP11 O SIGE foi implementado porque é mais confiável. 1 2 3 4 5
PP12 O SIGE permite realizar as minhas tarefas de forma mais
1 2 3 4 5
rápida.
PP13 O SIGE foi implementado porque é mais cómodo. 1 2 3 4 5
PP14 O SIGE permite uma maior organização do fluxo de trabalho. 1 2 3 4 5
PP15 Foi fácil aprender a utilizar o SIGE. 1 2 3 4 5
PP16 No geral, eu acredito que o SIGE é fácil de usar. 1 2 3 4 5
PP17 O SIGE permite-me maior controlo na gestão das turmas. 1 2 3 4 5
PP18 O SIGE facilita a comunicação entre os professores, pais e/ou
1 2 3 4 5
encarregados de educação.
PP19 O SIGE permite consultar processos dos alunos (contatos,
1 2 3 4 5
propinas, notas…) em qualquer lugar com acesso à Internet.
PP20 O SIGE permite enviar recados (e-mails) aos alunos. 1 2 3 4 5
PP21 O SIGE permite enviar recados aos pais e/ou encarregados de
1 2 3 4 5
educação.
PP22 O SIGE permite a uniformização dos procedimentos, a
1 2 3 4 5
transparência e a não duplicação de dados.
PP23 Seria importante que o SIGE permitisse aos professores
1 2 3 4 5
partilhar materiais de estudo.
PP24 Os alunos deviam ter acesso ao SIGE através do IGRP27. 1 2 3 4 5
PP25 Acho a aplicação SIGE de difícil utilização. 1 2 3 4 5
PP26 O SIGE é uma aplicação segura. 1 2 3 4 5
PP27 A utilização do SIGE aumenta a minha eficácia no trabalho. 1 2 3 4 5

27
IGRP – Integrated Government Resource Planning (Planeamento Integrado de Recursos
Governamentais).
130
PP28 A minha utilização do SIGE é voluntária. 1 2 3 4 5
PP29 As vantagens da utilização do SIGE superam as desvantagens. 1 2 3 4 5
PP30 O uso do SIGE na gestão escolar aumentou a produtividade. 1 2 3 4 5
PP31 Não estou satisfeito com a introdução do SIGE na realização
1 2 3 4 5
das minhas tarefas diárias.
PP32 O SIGE contribuiu para a melhoria na qualidade do trabalho. 1 2 3 4 5
PP33 Globalmente, avalio de forma muito positiva a aplicação
1 2 3 4 5
SIGE.

Grupo V: Contributos para a melhoria do SIGE


CM1.Se fosse convidado a dar a sua contribuição para a melhoria do SIGE o que sugeriria?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
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