Aula 2-Epistemologia Na Antiguidade
Aula 2-Epistemologia Na Antiguidade
Aula 2-Epistemologia Na Antiguidade
Caro estudante,
após termos feito a introdução à Filosofia e Epistemologia, nesta unidade, reservamos apenas
para as várias ideias de filósofos da Grécia Antiga, que contribuíram para o desenvolvimento da
epistemologia. Assim sendo, partiremos dos pré-socráticos, Sócrates, passaremos pelos sofistas
que, por sinal, foram os contemporâneos de Sócrates e terminaremos a nossa unidade com as
ideias de Platão e Aristóteles. Mas, nesta aula trataremos apenas dos pré-socráticos até Sócrates.
A matéria sobre Platão e Aristóteles, iremos abordá-la na próxima aula.
No entanto, para Parmênides, observando o que está por trás das aparências é possível
entender a realidade, o que implica em descobrir a essência das coisas perguntando: “O que é?” É
a partir desta premissa que Parmênides criou a teoria do ser, na qual defende que toda mudança é
ilusória, pois a essência do ser é sempre a mesma, permanece imutável. Entretanto, Heráclito e
Parmênides chegaram a uma mesma conclusão: existe um descompasso entre a realidade e o
entendimento, seja este tributário dos sentidos ou da razão. Na realidade, com estes pensadores,
são fundadas duas lições: a partir de Heráclito o conhecimento seria resultado dos elementos
capitados pelos sentidos, o que seria continuado pelos empiristas (Veremos sobre os empiristas,
mais adiante quando estivermos a falara da indução) na entrada da modernidade. Ao passo que
Parmênides estabelece a centralização na razão, um prelúdio do racionalismo cartesiano (também
veremos quando estivermos a tratar da epistemologia moderna).
Sobre Sócrates.
A informação que se tem sobre Sócrates é, deveras, controversa, pois ele não escreveu
nada, tudo o que se sabe sobre ele foi nos dado a conhecer por seus discípulos, como Xenofonte,
Platão, entre outros.
Nascido em 470 a.C., foi executado em 399 a.C., quando Atenas perdeu a Guerra do Peloponeso
contra Esparta. Sócrates ensinou que o sistema filosófico é o valor do conhecimento humano.
Antes de Sócrates questionava-se a natureza, depois de Sócrates, questiona-se o homem. O valor
do conhecimento humano (Humanismo). Por isso que Marcondes (2001, p. 30) afirma que
Sócrates não só é o marco da filosofia, como também é a ponte que contribuirá para a chegada da
mudança de paradigma sobre o conhecimento, ou a nova forma de abordar o mundo e os
fenómenos.
“CONHEÇA-TE A TI MESMO”, frase escrita no portal do templo de Apolo; cuja frase era a
recomendação básica feita por Sócrates a seus discípulos. Na qual fundamentava a necessidade
do conhecimento do próprio homem antes deste preferir explorar e dominar a natureza devia
dominar a si como o homem que vive na natureza. Socrates confrontou-se fortemente com seus
contemporâneos, os sofistas, de quem iremos falar a seguir.
Sócrates foi um grande crítico dos sofistas, (Protágoras, Górgias e Isócrates) não
concordava que eles cobrassem pelos ensinamentos que ministravam, bem como descordava
totalmente com a forma deles de ensinar. Para levar as pessoas a ascender à escala do
conhecimento, Sócrates irá usar dois métodos essências: ironia e maiêutica. Na ironia Sócrates
fazia-se passar por ignorante e fazia perguntas aos seus discípulos, como forma de lhes levar a
dizer o que pensam e reconhecer, de certa forma, os seus limites e/ou a sua ignorância. A
maiêutica foi um método que ele transpôs da medicina, uma vez que ele era filho de uma mãe
parteira e os parteiros usavam esse método para ajudarem as mulheres a dar luz. Sócrates trouxe
este método para a filosofia para ajudar os seus discípulos a dar luz, neste caso do conhecimento,
isto é ajuda-los a conhecer. Para a melhor compreensão sobre a aplicação dos métodos socráticos
de ironia e maiêutica leia a Diálogo da autoria de Platão intitulado Mênon, da página 19 à 25.
Isócrates também usou a arte da retórica para persuadir, utilizando a mitologia para
validar sua argumentação, inaugurando a manipulação política do povo pelo orador, fundando
uma escola de eloqüência. Um estilo de construção do raciocínio que iludia as pessoas, levando a
aceitar fatos totalmente destoantes da realidade. Justamente diante da utilização política da
linguagem pelos sofistas, o pensamento socrático tencionava demonstrar como a realidade era
mais complexa do que aparentava. Para conhecer a realidade, seria necessário afastar as ilusões
perpetuadas pela linguagem e os sentidos, o que é expresso pela famosa alegoria do mito da
caverna. O personagem Sócrates duvidava que a filosofia pudesse ser ensinada, como propunham
os sofistas, achava que as inquietações deveriam brotar de dentro de cada um. Também ao
contrário dos sofistas, a tradição socrática buscava um conhecimento absoluto e inquestionável,
julgando que era possível sim conhecer a realidade, bastava sair da caverna, buscar a verdade por
trás das aparências.
Neste sentido, o conhecimento só era limitado pela própria ignorância do sujeito. O que é
expresso pela frase: “só sei que nada sei”. Simbolismo que significa que quanto mais
aprendemos, mais percebemos saber pouco, pois ainda resta muito a conhecer. A ideia é que, ao
sentir-se ignorante, o sujeito se coloca em uma postura de constante aprendizado, sendo possível
conhecer realidades provisórias que vão se substituindo e expandindo o conhecimento
acumulado. Na realidade um princípio básico que iria forjar o que entendemos por ciência hoje,
se entendermos teorias como verdades provisórias adoptadas até que outras venham substituí-las,
justificando assim, o enriquecimento da produção científica.
Bibliografia consultada
BLAUNDE, José. (2018). A filosofia do conhecimento científico de Gaston Bachelard: Uma
urgência para a epistemologia africana? Maputo, imprensa universitária-UEM.
MARCONDES, Danilo. (2001) Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos à
Wittgenstein. 6ª ed., Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed.,
CHAUÍ, Marilena. (2002). Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. 2ª
ed., São Paulo: Companhia das Letras.
Tarefas
1. A quem pertence a frase: “O homem é a medida de todas as coisas, das que são enquanto
são e das que não são enquanto não são”?
2. O que distingui o pensamento epistemológico dos pré-socráticos e dos sofistas?
3. Comente sobre as Máximas Socráticas “só sei que nada sei” e “só sei que nada sei”
tendo em conta a contribuição das mesmas para a construção da epistemologia socrática.
a). Diga por que razão a sofística relativiza o conhecimento.
4. A partir da leitura do Diálogo de Mênon e Sócrates indique 2 momentos em que usa-se a ironia
e outros 2 em que se sua o método da Maiêutica.
5. Faça um estudo comparativo e nele aponte as diferenças entre os pré-socráticos, Sócrates, e os
Sofistas.