Fundamentos Da Biblioteconomia e Ciência Da Informação U1

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Fundamentos da Biblioteconomia e Ciência da

Informação
Para uma melhor compreensão do conteúdo que envolve a
biblioteconomia e a ciência da informação, distribuímos nosso estudo
em três unidades. Na primeira unidade abordaremos aspectos
históricos da escrita e do registro do conhecimento, que culminaram no
surgimento das bibliotecas e da biblioteconomia. Passando por
questões filosóficas, éticas e de legislação que orientam a atuação do
bibliotecário e do profissional da informação.

Na Unidade 2 trabalharemos a relação entre Biblioteca e


e Biblioteconomia, como também enfatizaremos os marcos que
influenciaram a área da documentação. As definições de Arquivologia e
Museologia serão abordadas com o objetivo de ampliar o conhecimento
acerca das regras neste campo.

Na Unidade 3, estudaremos a contextualização da Ciência da


Informação, desvendaremos suas origens e aprenderemos sobre as
suas definições. Também veremos que há, no campo de estudo, uma
discussão acerca de dados, informação e conhecimento e, por isso,
vamos ver as diferenças entre cada um deles, suas formas e suportes
UNIDADE 1: PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DA BIBLIOTECONOMIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:

➢apresentar aspectos históricos do surgimento da escrita e da


biblioteca;

➢ informar como a biblioteconomia foi criada e seus fundamentos;

➢ citar características que o profissional bibliotecário necessita ter;

➢ discorrer sobre a legislação que rege a profissão do bibliotecário;

➢ apresentar o código de ética do bibliotecário;

➢ assinalar as instituições existentes na área biblioteconômica.


HISTÓRIA DA ESCRITA E ORIGEM DAS BIBLIOTECAS

O surgimento das bibliotecas acompanha a história da evolução da


humanidade, da necessidade e dos esforços em se comunicar. Da
criação de alfabetos rudimentares até o que conhecemos e utilizamos
atualmente, passando por várias maneiras de registrar as informações,
até a invenção do papel e da prensa, a fim reproduzir mecanicamente
os livros, a biblioteca teve seu papel nesse processo evolutivo.

Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_das_bibliotecas
Da mesma forma é importante compreender a importância da
comunicação, oral ou escrita, nesse mesmo processo, e chamar a
atenção para a necessidade da sua preservação e disseminação. O ser
humano, desde os primórdios, sempre teve necessidade de se
comunicar e de repassar seu conhecimento aos demais, para sua
família ou sua comunidade. Com o passar dos séculos, o homem
adquiriu o domínio da linguagem, estabelecendo a tradição oral como
forma de repassar conhecimento por meio de histórias, anedotas,
narrações de forma geral. Mas a tradição oral não deixa registros, conta
apenas com a memória dos que ouviram para continuar a tradição.
Dessa forma, houve um esforço de se iniciar uma linguagem escrita,
estabelecida pelos sumérios, por volta de 2500 a.C
Os primeiros registros eram simples, feitos de placas de argila,
chamados de escrita cuneiforme. Tinham como objetivo, além da
comunicação, o registro das transações comerciais que eram realizadas
na época. A pedra, a argila e os papiros foram utilizados como suporte
da informação, pois era nessas estruturas que as ideias e as
mensagens eram registradas. Como o papiro só era cultivado em
regiões quentes, foi necessário descobrir outro suporte para a escrita.
Dessa forma, o pergaminho, feito com o couro de carneiros ou cabritos,
começou a ser utilizado na Idade Média, sobretudo na Europa. Com o
surgimento do papel, ocorrido na China, em 105 a.C., e com o uso do
alfabeto latino com consoantes e vogais, originário no Séc. VII a.C., foi

possível a criação dos tipos móveis pelo alemão Johann Gutenberg


Esse invento, ocorrido no século XV, revolucionou a imprensa
permitindo cópias de livros em tempo menor, o que propiciou a
disseminação da informação e da cultura para um grande público.

Fonte: https://elpais.com/cultura/2021-04-14/la-revolucion-silenciosa-de-johannes-gutenberg-con-el-invento-de-la-
imprenta.html
Todos esses materiais (tábuas de argila, papiros, pergaminhos)
formavam um acervo que foi armazenado e, de alguma forma,
organizado. Esse local de armazenamento foi chamado de biblioteca.

Uma das bibliotecas mais famosas da antiguidade foi a Biblioteca de


Alexandria, no Egito. Estima-se que ela tenha sido construída por volta
do ano III a. C, a mando do rei Ptolomeu II. Ela reunia a maior coleção
de manuscritos do mundo antigo, cerca de 500 mil volumes. Mas
acabou sendo destruída por um incêndio que devastou grande parte do
seu acervo.

Na antiguidade, a função básica das bibliotecas era de servir de


armazenamento do material que nelas existiam.
Na Idade Média, as bibliotecas estavam inseridas nos mosteiros. As
ordens religiosas tiveram a função de preservar os livros e materiais
existentes. O conteúdo do acervo era sobretudo de âmbito religioso e
filosófico. O acesso era permitido apenas ao bibliotecário e aos monges
copistas, que faziam as cópias das escrituras religiosas, de textos de
medicina e de conteúdo filosófico.

Ainda na Idade Média começaram a surgir as bibliotecas universitárias.

Começando a apresentar um conteúdo mais amplo, além dos livros


religiosos. Elas apresentavam características muito próximas das
bibliotecas atuais, no que diz respeito ao acesso e à disseminação
democrática de informação (MORIGI; SOUTO, 2005).
Atualmente, com a evolução tecnológica, passa-se por outra mudança
no suporte informacional. Convivemos com o livro impresso, mas
paralelamente temos condições de acessar os e-books e outras
diversas plataformas de pesquisa on-line. Bibliotecas digitais e virtuais
estão ocupando um grande espaço e são uma alternativa para quem
não tem acesso à biblioteca física.

Fonte:https://hed.pearson.com.br/blog/plataformas-de-aprendizagem/biblioteca-fisica-x-biblioteca-virtual-veja-as-
diferencas
A história da escrita e dos suportes informacionais está fortemente
ligada ao surgimento das bibliotecas, com o início das práticas que
culminaram na biblioteconomia que conhecemos atualmente.

Originalmente, a biblioteca foi criada para armazenar os diversos


suportes informacionais que surgiram ao longo do tempo.

A biblioteconomia busca alicerçar seus saberes em conceitos e


técnicas elaboradas com intuito de aprimorar seus processos,
questionando e reelaborando seus métodos, a fim de acompanhar o
desenvolvimento informacional e atender plenamente seus usuários.

Por esse conceito, a biblioteconomia se ocuparia de propor e aplicar


regras para a organização de um acervo. Ortega (2004, p. 1)
afirma que Biblioteconomia é definida “no seu sentido restrito, como a
área que realiza a organização, gestão e disponibilização de acervos de
bibliotecas”.

De acordo com o Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia, de


Cunha e Cavalcanti (2008, p. 2), Acervo pode ser definido como um
“conjunto de documentos conservados para o atendimento das
finalidades de uma biblioteca: informação, pesquisa, educação e
recreação”. Ou seja, é toda coleção de materiais que fazem parte de
uma biblioteca: livros, CDs, DVDs, mapas, entre outros.

Existe uma função social muito importante por parte da biblioteconomia,

a partir do momento em que ela faz uma conexão entre os


que produzem conhecimento (pesquisadores ou das informações
registradas) e os que se utilizam desse conhecimento. A
biblioteconomia organiza, compila o conhecimento ou a informação que
gerará conhecimento, e faz a transferência, a disseminação aos que
dela precisam ou procuram.

Dado é considerado um elemento da informação, mas sozinho não


transmite nenhum conhecimento. Sem interpretação ele não tem
significado.

Informação são dados contextualizados que fazem sentido para a


pessoa que os recebe. Por fim, o conhecimento é a informação
aplicada, transformada em um saber, requer uma vivência da pessoa.
Informação é o conteúdo de um determinado documento. Documento é

o suporte em que a informação está registrada, é o suporte material de


algum registro. Os documentos possuem atributos e particularidades
que os diferenciam entre si.

As características de um documento, de acordo com Guinchat e Menou

(1994), podem ser atribuídas por aspectos físicos e intelectuais. Os


físicos são de acordo com o material, a forma, a produção, entre
outros. E os intelectuais dizem respeito ao objetivo, ao conteúdo,
originalidade, para citar algumas. Vamos identificar cada aspecto a
seguir. Quanto às características físicas, os documentos podem ser
qualificados, segundo Guinchat e Menou (1994), como:
✓Textual e não textual: textual são basicamente os que possuem texto
escrito, como livros, e-books, periódicos, documentos comerciais,
entre outros.

✓Quanto ao material: brutos (utilizados na antiguidade, como ossos,


pedra) e os utilizados atualmente, como papel, suportes magnéticos,
plásticos utilizados em CDs e outros materiais legíveis por máquinas.

✓Quanto ao modo de utilização: podem ser diretamente pelo homem,


por equipamentos especiais e de informática.

✓Quanto à forma de produção: podem ser brutos, os que são


encontrados na natureza, como minerais, plantas, fósseis, ou os
manufaturados, fabricados pelo homem, como amostras, protótipos
obras de arte e literárias, para citar alguns.

✓Quanto à periodicidade: alguns documentos são produzidos apenas


uma vez, como é o caso dos livros. Outros são produzidos de forma
seriada, como as revistas e jornais (chamados de periódicos).

✓Quanto à forma de publicação: podem ser publicados por editoras e


livrarias. E não publicados, nesse caso não são comercializados, e
sua divulgação é restrita. É chamada de literatura subterrânea ou
literatura cinzenta. Nessa condição se incluem os manuscritos, teses,
relatórios de estudos, produções de empresas, instituições em
formato impresso e eletrônico, mas sem controle de editoras.
Com relação aos aspectos intelectuais, os documentos podem ser
qualificados como:

✓Quanto ao grau de elaboração: primários, documentos que são


originais, elaborados pelo autor. Secundários, que fazem referência aos
documentos primários, como bibliografias e catálogos. Terciários são
desenvolvidos a partir dos documentos primários e secundários, como
índices, guias, dicionários.

✓Quanto à origem: pode ser a fonte ou o ator. A fonte pode ser pública,
privada, anônima, coletiva, divulgada. O autor pode ser pessoal,
coletivo, entidade, de domínio público. Quando o documento é de
domínio público, o acesso é liberado a todos, e qualquer pode
pessoa pode ter acesso a esses documentos.

✓Quanto ao tipo de documento: Nível formal – como monografias,


publicações periódicas, normas, patentes. Nível intelectual – são
documentos essenciais que dependem do interesse da biblioteca.

✓Quanto ao conteúdo: depende do assunto tratado, da sua


exaustividade, do grau de originalidade, do nível científico. Tudo é
relativo e depende da análise e do intuito do pesquisador.

Cada espécie de documento demanda uma análise do profissional da


informação a fim de poder tratar essa documentação, seja ela em qual
suporte estiver, para que as pessoas possam ter acesso ao seu
conteúdo.
POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Sabemos que o bibliotecário trabalha com dados e informações, e que

realiza processos para disponibilizá-los ao seu usuário.

Mas será que lugar de bibliotecário é apenas na biblioteca? A biblioteca


é o único local que trabalha com informações que precisam ser
organizadas para posterior uso?

Sua atuação não é restrita às bibliotecas, mas a diversas instituições


que trabalham com informação e documentação. Seu trabalho não é
apenas de realizar o processamento técnico, de preparação do material
para pesquisa, mas também de disseminar a informação, de
desenvolver ferramentas de pesquisa, de oferecer treinamentos
aos usuários para pesquisa e de utilização das mais diversas
ferramentas, de desenvolver ações culturais de incentivo à leitura,
ensino e pesquisa, fazendo a gestão disso, entre outras.

O bibliotecário possui um campo de trabalho amplo, pode atuar em


locais como: arquivos, museus, centros de documentação ou
informação, editoras, livrarias, centros de preservação e restauração de
documentos e obras de arte, emissoras de televisão, de rádio e jornal,
organização de bases de dados virtuais, centros culturais, centros de
imagem, além de atuar como consultor de modo autônomo. A
arquitetura da informação em sites também é uma área com forte
campo onde o bibliotecário pode trabalhar.
CONTEXTUALIZAÇÃO DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

Estamos passando por uma fase de desenvolvimento da humanidade,

que foi denominada sociedade da informação. É o mundo das


tecnologias, das informações rápidas, do avanço do conhecimento, das
facilidades digitais, do acesso ao mundo pelo celular em aparelhos
cada vez menores e mais potentes.

Manuel Castells é um grande pensador sobre essa era que estamos


vivendo e define que a sociedade da informação é uma sociedade que
utiliza da melhor maneira possível as tecnologias de comunicação e
informação disponíveis, de modo que elas se tornaram o elemento
central das atividades humanas.
O fato de as informações estarem mais acessíveis não é garantia de
aquisição de conhecimento. As pessoas precisam ter espírito crítico
para saber filtrar a imensidade dos dados e informações que estão
disponibilizadas. A sociedade da informação é fundamentada no
conhecimento, em um processo incessante de aprendizagem, em que
muito mais do que saber utilizar as tecnologias, as pessoas precisam
saber transformar essa informação em conhecimento. Essa habilidade é

chamada de competência informacional. As tecnologias permitem


novas formas de acesso às informações, mas para um resultado efetivo
demandam habilidades específicas, capacidade de explorar os recursos
informacionais digitais, conhecimento das tecnologias, entre outras.
No Brasil, o termo competência informacional tem sido usado na
biblioteconomia com uma visão mais pedagógica, no sentido de educar
o usuário para a utilização de ferramentas informacionais. São
consideradas competências informacionais, de acordo com Campello
(2003, p. 31): “

1) competência para lidar com informação;

2) informação para aprendizagem independente;

3) informação para responsabilidade social”.

Tendo em vista o contexto social atual, ter competência informacional


pode ser considerado uma necessidade tão básica quanto
a alfabetização. Isso não deixa de ser uma espécie de alfabetização
digital, a capacidade de dominar as ferramentas disponíveis na internet,
de fazer a seleção das informações pesquisadas, avaliando seu
conteúdo e verificando a confiabilidade das fontes.
Referencias

MATTOS, Miriam de Cassia do Carmo Mascarenhas. Indaial: Uniasselvi,


2020.
Bons estudos e até o
próximo encontro.

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