Diário II
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AULA 01
O texto traz a análise do documento como objeto informacional, partindo da hipótese que o
documento possui relação com sua condição de informar, e é essa utilidade que permite
enveredar o aspecto pragmático do documento uma vez revelando o seu caráter social e
simbólico da informação.
A noção de documento na versão clássica se fundamenta em O Traté de Documention de Paul
Otlet, onde o mesmo argumenta que é necessário além de uma bibliografia, uma bibliografia,
uma ciência e uma técnica gerais do documento, desenvolvendo: "A bibliografia elabora os
dados científico e técnicos relativos a este quádruplo objeto: 1⁰ o registro do pensamento
humano e da realidade exterior em elementos de natureza material, ou seja, documentos; 2⁰ a
conservação, circulação, atualização, catalografia, descrição e análise desses documentos; 3⁰ a
elaboração, com a ajuda de documentos simples, dos documentos mais complexos e com a ajuda
dos documentos particulares, o conjunto desses documentos; 4⁰ em último grau, o registro dos
dados cada vez mais complexos, exato, preciso, simples, direto, rápido, sinotico de forma
simultaneamente analítica e sintética; seguindo um plano cada vez mais integral, enciclopédia,
universal e mundial." A acepção otletiana é resumida em não pensar o documento pelo seu
conteúdo puramente intelectual. Trata-se do modo de produzir e modo de usar documentos.
Suzana briet, discípula de Otlet, concordava com a noção não do documento como algo já
estabelecido, mas algo que se revela e vinha a ser. A noção clássica por si só inspirou alguns
autores e versões, as quais se destacam a versão francesa e espanhalo.
Para Myriat, na versão francesa, o documento - se enfatiza a noção de Otlet - não é um dado,
mas o produto de uma vontade, aquela de informar ou se informar. Segundo ele o uso de um
documento é o elemento principal, esboçando a ideia de o "usuário faz o documento." Enquanto
na versão espanhola, Sagredo Fernandez e Izquierdo Arroyo pensam como Meyriat ao afirmar
que um documento só existe quando é utilizado como tal. O documento é em si um objeto
manufaturado (registrado em um suporte) e "mentefaturado" (conteúdo significante).
Dentro da noção clássica anglo-saxã, destaca se Fondin que diferenciava-se de Otlet na sua
abordagem sobre documentologia, ao dizer que ela não seria uma teoria de transmissão dos
saberes, mas da intervenção na produção e uso dos documentos. Fondin também acreditava que
a informação como objeto social que pode ser utilizado por diversas áreas recebe uma
abordagem que acaba por gerar ambiguidade.
TEXTO TRABALHADO NA AULA: Noção de Documento: de Otlet aos dias de hoje, de Cristina
Dotta Ortega
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Para Le Goff, os documentos não são neutros nem puros, mas resultam de um conjunto de
escolhas, agregados (conscientes ou inconscientes) e manifestações de decisões, registros
probatórios, ou seja, são representações objetivas e subjetivas no que diz respeito a sua produção
porque são ferramentas eficazes para satisfazer a necessidade de perpetuar decisões, opiniões e
acontecimentos. Portanto, não deve ser deixado para o passado, pois é representativo do mundo
de conhecimento de seus produtores, retratando a intenção de registrar determinado saber, é
produto da sociedade que o produziu, conforme as relações de poder existentes.
No percurso da Historiografia, o termo documento é utilizado para atribuir testemunho histórico
e supõe-se que essa questão acompanhou o fazer histórico desde os seus primórdios. No entanto,
esta ideia que partilha da pensamento positivista mantém raízes nos séculos XIX e XX.
Segundo a visão positivista da História, não há história sem documentos, principalmente os
escritos. No entanto, Fustel de Coulanges propôs outro ponto de vista sobre a questão dizendo
que: se faltar à História
monumentos escritos, esta deverá atentar-se às fábulas, aos mitos, aos sonhos da imaginação; às
marcar deixadas pelo homem por onde passou, aos elementos que representem toda a
inteligência humana; nesses é que reside a história.
No entanto, o uso de fontes não escritas - visuais, sonoras, materiais e imateriais - só foram
aceitas através das propostas da Escola dos Annales. Segundo Lefebvre, representante desta
Escola Historiográfica, a história é feita com documentos escritos, mas também pode fazer-se de
outras maneiras: com palavras, signos, paisagens. “Numa palavra, com tudo o que, pertencendo
ao homem, depende do homem, serve o homem, exprime o homem, demonstra a presença, a
atividade, os gostos e as maneiras de ser do homem”, cita Le Goff.
Outra contribuição importante para a noção de documento foi apresentada por Paul Zumthor.
Segundo o autor, o que transforma o documento em monumento é a sua utilização pelo poder.
Diante disso, Zumthor apresentou um ponto fundamental que vai de encontro com a noção
positivista de documento, dizendo que não existe documento objetivo. Essa visão enviesada
parte do interesse de uma sociedade cujos dominantes pretendiam que assim fosse, os quais
compreendiam o documento como prova de boa fé, autênticos; características difíceis de serem
pensadas com a ampliação dos meios de produção documental.
Bellotto trata a concepção de documento a partir da sua construção/proveniência. Para a autora,
a forma/função pela qual um documento é criado é o que vai determinar seu uso, é a razão de
sua origem e emprego, e não o suporte sobre o qual está constituído, o que vai determinar sua
condição de documento. Os documentos administrativos ou jurídicos servem, portanto, como
prova de uma ação e podem, em um segundo momento, serem utilizados para fins históricos.
Eles surgem, pois, para atender às funções administrativas e legais e servem para provar ou
testemunhar algo.
Senécal diz que um documento considerado administrativo tem a função de definir, controlar,
executar ou aconselhar sobre processos de trabalho, atividades ou itens para levar a cabo as
atividades de uma organização. Para Senécal, o mesmo objeto pode ser reconhecido como um
documento de arquivo se for possível perceber as características que confirmam as funções para
representar a pessoa ou entidade utilizadora desses documentos.
Couture apresenta várias maneiras de definir um documento, por exemplo, como um recipiente
de informações. Ao citar a Lei de Arquivos do Canadá, diz que os documentos são “todos os
elementos de informação, independente de sua forma e suporte, incluindo correspondência, nota,
livro, mapa, desenho, diagrama, ilustração gráfica, fotografia, cinema, microfilmes, gravação
sonora, vídeo ou toda reprodução destes elementos”. Para Couture, se pode definir o documento
de arquivo como um recipiente/suporte para o conteúdo
TEXTO TRABALHADO NA AULA: Percepções e aproximações do documento na historiografia,
documentação e ciência da informação, de Ismael Murguia
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Cada época tem suas questões a serem resolvidas, limitações a serem superadas e seu próprio
contexto. Quando Gutenberg inventou o tipo móvel no século XV, a proporção de produção e
distribuição dos livros aumentou consideravelmente.
Ortega argumenta essa foi uma questão que passou a fazer parte da realidade das bibliotecas e do
bibliotecário nos séculos seguintes, que foi sendo apaziguada por meio do desenvolvimento dos
conceitos de biblioteca pública, dos primeiros princípios da Biblioteconomia moderna, da
Bibliografia Especializada, da Documentação, entre outros.
O movimento neodocumentalista surge com a intenção de compreender como se configura essa
nova realidade, na qual o meio físico e o digital coexistem e se faz necessário identificar sua
relação para ser viável a conceituação do que é um documento, fazendo uso do suporte teórico da
Documentação clássica. Essa corrente de pensamento emerge de diferentes contextos, porém com
objetivos similares, por essa razão também há uma diversificação no termo pela qual é nomeada.
Neodocumentalista, neo-documentação e redocumentarização são os termos que aparecem nas
publicações encontradas sobre este movimento. Identificar uma data ou contexto exato do
surgimento desses termos é uma tarefa árdua, no entanto é possível traçar os rastros de suas
aparições.
Pedauque diz que ainda que por ser o conceito de documento onipresente na vida cotidiana e ser
objeto de pesquisadores e estudiosos de diversas áreas, não se sentia uma necessidade de definir
documento, por ser este considerado um conceito intuitivo e, sendo que o problema está
exatamente na falta de definição. A falta de clareza é hoje um problema: a forma eletrônica está
revolucionando o conceito de documento, mas não há como medir com precisão o impacto e as
conseqüências devido à falta de contornos claros [do conceito de documento].
Conforme Buckland fez se necessário retomar os preceitos documentalistas para entender as
novas maneiraa de se ver o documento conforme afirmarção de Buckland. Pois só
compreendendo o que é um documento na sua essência, com propriedades bem definidas é que se
torna possível identificar um documento em qualquer outro ambiente ou suporte que evolui
continuamente.
O entendimento sobre os grupos de pesquisa que discutem o documento sob a perspectiva de
estilo de pensamento e coletivo de pensamento auxiliam a refletir sobre a situação vivida
atualmente de aproximações entre a Ciência da Informação e a Documentação. Por muito tempo
corroborou-se a ideia de que as atenções dos estudos da Ciência da Informação deveriam se voltar
exclusivamente para a noção de informação, considerando ultrapassadas as discussões acerca do
conceito de documento. Conforme as novas tecnologias abriam caminhos na Ciência da
Informação, seu objeto de estudo (a informação) precisou se adaptar e foi se modificando
materialmente. Contudo essas mudanças começaram a se tornar tão abruptas que novos conceitos
e teorias se formaram.
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