Resumo Alergologia
Resumo Alergologia
Resumo Alergologia
ALERGOLOGIA
RINITE
- Inflamação e ou disfunção da mucosa de revestimento nasal;
- Sintomas nasais característicos: obstrução nasal, rinorréia anterior e posterior, espirros, prurido nasal e hiposmia;
- Comumente ocorre por 2 ou + dias consecutivos, por mais de 1 hora ao longo dos dias;
1. CLASSIFICAÇÃO
- Baseia-se nos seguintes critérios: dados clínicos, frequência e intensidade dos sintomas, citologia nasal, fatores etiológicos, fenótipos (clínica,
padrão temporal, gravidade, duração, controle, resposta aos tratamentos e presença de comorbidades);
- Rinite Crônica: (rinites infecciosas) agudas, autolimitadas, causadas por vírus e/ou bactérias; (rinite alérgica) forma mais comum, induzida por
inalação de alérgeno em indivíduos sensibilizados; (rinite não alérgica, não infecciosa) grupo heterogêneo, pacientes sem sinais de infecção e
sem sinais sistêmicos de inflamação alérgica, como rinite induzida por droga, rinite do idoso, rinite hormonal, rinite da gestação, rinite
ocupacional não alérgica, rinite gustatória e rinite idiopática; (rinite mista) rinite com mais de um agente etiológico, conhecido ou não;
a. ENDOTIPOS DA RINITE
- Mecanismo subjacente à gênese da doença, identificado pela dosagem de IgE específica e total, eosinófilos nasais e sanguíneos, contagem de
neutrófilos, citocinas e mediadores, permitindo tratamento direcionado e maior prevenção da doença;
- Os marcadores de endotipos devem ser complementados por avaliação da função nasal, como a permeabilidade e fluxo nasal, para confirmar
a obstrução nasal e provocação nasal com ar frio para determinação da hiper-reatividade nasal;
- Com resposta imunológica tipo 2 - resposta alérgica imediata com presença de IgE específica, influxo de eosinófilos, basófilos e linfócitos T à
mucosa nasal e sintomas nasais agudos;
- Com resposta imunológica tipo 1 - IL-7 gera o influxo de neutrófilos e linfócitos T CD4 1 produtores de IFN-gama, como fundo para uma rinite
infecciosa;
- Rinite neurogênica - expressão aumentada de canais receptores potenciais transcientes nos nervos trigeminais e concentrações elevadas de
substância P (provoca obstrução nasal e aumento da permeabilidade vascular), neurocininas e peptídeo relacionado ao gene da calcitonina
(CGRP), presente na rinite gustativa, rinite do idoso e rinite idiopática com hiper-reatividade nasal;
- Disfunção epitelial - decorre da inflamação primária ou secundária devido a resposta imunológica tipo 1 ou 2, sendo dividida na via da disfunção
ciliar primária ou secundária ou na via de barreira disfuncional com expressão reduzida da zônula ocludens1 e ocludina-1, facilitando a migração
subepitelial de moléculas exógenas imuno-estimulatórias;
2. RINITE ALÉRGICA
a. EPIDEMIOLOGIA
- Doença crônica mais prevalente;
- Acomete 26,6% das crianças entre 6 e 7 anos, 32,4 % dos adolescentes entre 13 e 14 anos;
- Nas regiões sul e sudeste, a prevalência dos sintomas nasais ocorre entre maio e agosto, que são os meses mais frios do ano;
- A frequência de quadros persistentes de rinite é responsável por 20% de todas as formas de rinite alérgica;
b. QUADRO CLÍNICO
- Sintomas cardinais: espirros em salva, prurido nasal intenso, coriza clara e abundante, obstrução nasal;
- O prurido nasal pode induzir ao hábito de fricção frequente do nariz com a palma da mão (saudação alérgica);
- Podem ocorrer episódios recorrentes de epistaxe relacionados à friabilidade da mucosa, episódios de espirro ou ato de assoar o nariz
vigorosamente;
- Comumente é acompanhada de prurido ocular e lacrimejamento, podendo ocorrer também prurido do conduto auditivo externo, palato e
faringe;
- Alguns pacientes podem ter como sintomas predominantes os oculares, como prurido ocular, hiperemia conjuntival, lacrimejamento, fotofobia
e dor local;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Obstrução/Congestão Nasal – queixa frequente, que pode ser intermitente ou persistente, bilateral ou unilateral, alternando com o ciclo nasal
e mais acentuada à noite – pode se associar com respiração oral, roncos, voz anasalada e alterações no olfato - quando grave pode interferir
com a aeração e com a drenagem dos seios paranasais e da tuba auditiva, resultando em cefaleia ou otalgia, com queixas de diminuição da
acuidade auditiva;
- Pode ocorrer astenia, irritabilidade, diminuição da concentração, anorexia, náuseas, desconforto abdominal e tosse;
- Características faciais típicas: olheiras, dupla linha de Dennie-Morgan, prega nasal horizontal (frequente hábito de coçar a narina com
movimento para cima);
- Esses sintomas podem ocorrer em qualquer idade, iniciando-se na infância;
c. FATORES DESENCADEANTES
- Quando o indivíduo sensibilizado é submetido à exposição
alergênica de modo continuado, os sintomas ocorrem ao longo de
todo o ano, de modo perene;
**a rinite pode ser classificada como intermitente ou persistente,
de acordo com o número de dias na semana e no ano em que o
indivíduo apresenta sintomas**
- A rinite pode ser desencadeada ou agravada pela exposição a
aeroalérgenos, que são elementos proteicos solúveis de baixo peso
molecular, que podem se tornar dispersos no ar e penetrarem o
epitélio respiratório;
- Alérgenos de maior relevância clínica: oriundos de ácaros da poeira, de baratas, de fungos, de pelos, de saliva e urina de animais domésticos,
de restos de insetos e de alimentos;
- Outros fatores que atuam como desencadeantes: mudanças bruscas de clima, inalação de irritantes específicos (odores fortes, gás de cozinha,
fumaça de cigarro, poluentes atmosféricos e ocupacionais), inalação de ar frio e seco, ingestão de anti-inflamatórios não hormonais;
Aeroalérgenos
Ácaros da Poeira Domiciliar
- Apresentam cerca de 20 componentes alergênicos, sendo os principais as partículas fecais, cobertas por proteases resultantes de resíduos de
degradação da lisina;
- Ácaros mais comuns: Dermatophagoides pteronyssinus, Dermatophagoides farinae e Blomia tropicalis;
- Os alérgenos de Dermatophagoides (DP) dos grupos 1 (proveniente das partículas fecais) e 2 (proveniente da epiderme) são os principais;
- Outros alérgenos conhecidos: DP 10 (tropomiosina também presente em baratas e camarão), DP 23 (revestimento intestinal do ácaro, sendo
liberado nas fezes), DP 5, DP 15, DP 18, DP 21 e outros;
Fungos
- Alérgenos importantes que se proliferam principalmente em ambientes úmidos, como em plantas no interior do domícilio;
- Principais fungos: Clodosporium sp, Aspergillus sp, Alternatia sp, Penicillium natatum;
Baratas
- Desprendem continuamente as proteínas oriundas da renovação e decomposição corporal, saliva, secreções e de material fecal, que compçoe
a poeira domiciliar;
- Espécies mais comuns: Blatella germânica e Periplaneta americana;
Animais
- Formas de sensibilização: (exposição direta) presença do animal no ambiente; (exposição indireta) transporte passivo do aeroalérgeno;
- Gatos – alérgeno principal é produzido pelas glândulas sebáceas e secretado na pele;
- Cães – alérgeno produzido pelas glândulas sebáceas – fonte menos potente de alérgeno;
- Animais Roedores (hamsters) – proteínas altamente alergênicas
- A exposição a animais domésticos em fase precoce da ida, antes da ocorrência de sensibilização, pode ter efeito protetor quanto à sensibilização
e posterior manifestação alérgica;
Alérgenos Ocupacionais
- Potencialmente presentes na poeira do trigo, do trabalho em madeira e em produtos detergentes;
- Alergia ao látex em trabalhadores da área de saúde pode se manifestar com sintomas de rinite;
- Os sintomas nessas encontram-se presentes especialmente nos dias de trabalho, com melhora clínica em feriados e finais de semana;
Pólen
- Ocorre principalmente na região Sul do Brasil, devido as modificações climáticas e estações do ano melhor definidas, de modo que o cultivo de
plantas alergênicas gera a alergia sazonal por polinose;
- Comumente ocorre a conjuntivite alérgica, além da rinite;
Irritantes da Mucosa Respiratória
- O contato com os irritantes mais importantes no desencadeamento de sintomas, em pacientes com rinite alérgica, acontece pela exposição ao
fumo e aos inúmeros poluentes intra e extradomiciliares;
- Fumo – maior agressor e principal poluente inalável, agredindo diretamente o epitélio nasal, ao alterar o batimento muco ciliar e induzir
inflamação nasal eosinofílica não alérgica em fumantes passivos, de modo a poder desencadear a agravar a rinite alérgica;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Outros poluentes intradomiciliares: perfumes, desodorantes, produtos químicos oleosos da limpeza doméstica, odores fortes e gás de cozinha
- Poluição ambiental – poluentes que aumento o risco de doenças alérgicas; óxidos de nitrogênio (NO), dióxido sulfúrico (SO2), ozônio (O3),
materiais particulares com diâmetros < 10 Um - a associação entre emissões industriais e veiculares aumenta o risco de rinite alérgica;
Outros Fatores Associados
- A inflamação crônica nos pacientes com rinite faz com que esses apresentem resposta exagerada a estímulos inespecíficos físicos ou químicos;
- As mudanças bruscas de temperatura podem induzir sintomas nasais em pacientes com rinite alérgica, pelo estímulo de fibras C (não
adrenérgico e não colinérgico) e do sistema nervoso parassimpático;
- Os anti-inflamatórios não hormonais (AINH) podem desencadear ou agravar a rinite alérgica e asma em adultos;
- A alergia alimentar raramente induz sintomas de rinite de modo exclusivo, apesar de comumente ocorrerem sintomas nasais nas reações
anafiláticas desencadeadas por alimentos;
d. FISIOPATOLOGIA
- Resulta da reação inflamatória de hipersensibilidade com
participação de anticorpos IgE a alérgenos específicos decorrentes
de sensibilização alérgica prévia, iniciada na infância;
- Inicia-se na infância, com sintomas e sensibilização alérgica
iniciadas antes dos 2 anos de idade;
- O desequilíbrio entre a imunidade inata e a adaptativa e os fatores
ambientais são críticos para o desenvolvimento da reação alérgica;
- As células epiteliais ativadas/danificadas secretam citoquinas,
como linfopoietina tímico estrômica (TSLP), IL-33, IL-17, IL-25 e
outras citoquinas e quimioquinas que afetam células linfoides
inatas do grupo 2 (ILC2) e linfócitos do tipo 2 (Th2) diretamente ou
via células apresentadoras de antígenos (APC) situadas intra-eítélio
ou abaixo do epitélio nasal;
- As células ILC2 expressam CRTh2, CD127 (receptor de IL-7_ e ST-
2, o receptor para IL-33, que expressam preferencialmente
citoquinas Th2, como IL-5 e IL-13, aumentando a reação alérgica
inflamatória local do tipo Th2;
- Células T ativadas durante a reação alérgica proliferam e secretam IL-4, IL-5, IL-9 e IL-13, que promovem a secreção de anticorpos IgE,
estabelecendo o cenário para a reação imediata à reexposição ao alérgeno específico;
- Com a provocação nasal com alérgeno ocorre aumento de receptor da quimioquina CCR4 e de fatores transcricionais STAT6+ e GATA3+;
- A desregulação de fatores de transcrição Th1 podem ser responsáveis pela resposta Th2 exagerada em rinite alérgica;
- O epitélio e suas interações com a ILC2 através das citoquinas derivadas de células epiteliais TSLP e IL-33 são importantes no desenvolvimento
e progressão da inflamação nasal;
e. DIAGNÓSTICO
- Inclui: história clínica, antecedentes pessoais e familiares de atopia, exame físico e exames complementares;
- Presença de sintomas cardinais + identificação do possível alérgeno desencadeante pelo teste cutâneo de hipersensibilidade imediata ou IgE
específica;
- Deve-se investigar a intensidade, frequência dos sintomas, evolução, fatores desencadeantes e/ou agravantes (tabagismo ativo/passivo,
natação), medicamentos em uso, presença de comorbidades, outras doenças alérgicas (asma, conjuntivite alérgica e eczema atópico);
- Rinoscopia Anterior: mucosa nasal pálida, edemaciada, com secreção clara e mucoide abundante e hipertrofia de conchas inferiores;
Diagnóstico Etiológico
- O diagnóstico de alergia e a identificação dos alérgenos mais relevantes são importantes pela perspectiva de intervenções preventivas, como
o controle ambiental, a escolha do tratamento farmacológico e a imunoterapia específica com alérgenos;
- Exames mais importantes devido a especificidade e sensibilidade: testes cutâneos de hipersensibilidade imediata (TCHI) pela técnica de puntura
e avaliação dos níveis séricos de IgE alérgeno-específica;
Teste Cutâneo de Hipersensibilidade Imediata (TCHI)
- Determina a presença de sensibilização alergênica;
- Orienta medidas de higiene do ambiente e imunoterapia específica quando clinicamente relevantes;
- Realizado por puntura com aeroalérgenos para o diagnóstico de alergia respiratória;
- Evidenciam reações alérgicas mediadas por IgE;
- Possui alta sensibilidade e especificidade;
- Possui alto valor preditivo negativo, podendo excluir alergia como possível causa dos sintomas nasais;
- A reatividade cutânea a alérgenos é menos intensa nos extremos da vida, havendo maior chance de resultados falso-negativos em crianças
menores e idosos;
- Devem ser realizados com alérgenos padronizados, escolhidos conforme a relevância clínica pela história, idade do paciente, profissão,
ambiente e distribuição regional de alérgenos;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Contraindicações: presença de eczema extenso ou dermografismo, uso de anti-histamínico orais, uso de corticosteroides tópicos por mais de
7 dias;
IgE Sérico Total
- Sua elevação é um indicador indireto de atopia, juntamente a eosinofilia no sangue periférico e na secreção nasal;
- O IgE total apresenta valor diagnóstico limitado para a triagem de doenças alérgicas, mas relaciona-se a maior probabilidade de encontro de
IgE específica;
- Causas de IgE total elevada: infecção pelo HIV, aspergilose pulmonar alérgica, sinusite fúngica alérgica, linfomas, tuberculose, parasitoses com
ciclo pulmonar;
- Os valores séricos mais elevados de IgE total apresentam especificidade de 95%, com sensibilidade que não ultrapassa 55% em asmáticos e
30% em pacientes com rinite;
IgE Sérica Específica
- Pode representar apenas a sensibilização atópica;
- Não deve ser valorizada na ausência de sintomas alérgicos;
- Apresenta limitação da sua acurácia diagnóstica em pacientes < 4 anos;
- Apresenta sensibilidade de 89% e especificidade de 91%;
- Sua determinação pode ser feita por diversos métodos imune enzimáticos e imunofluorométrico, que exigem punção venosa, laboratório
especializado e resultado demorado;
- Vantagens: não apresenta interferência de medicações e condições da pele, ausência de risco de reações alérgicas graves, possibilidade de
maior número de alérgenos padronizados, melhor reprodutibilidade e sem interferência da técnica na realização do exame;
Diagnóstico por Componentes Moleculares Alergênicos (Microarray)
- Detecta IgE específica para os componentes moleculares alergênicos;
- Realizado com o sangue do paciente, identificando o componente alergênico e a família de proteína a que pertence, além de permitir averiguar
a reatividade cruzada entre os diferentes alérgenos, determinar e monitorar o perfil de reatividade molecular do paciente ao alérgeno e
possibilitar personalizar os extratos para imunoterapia específica com alérgeno;
- Indicação: pacientes com polissensibilização e na investigação etiológica das comorbidades;
Teste de Provocação Nasal (TPN)
- Útil no diagnóstico da rinite alérgica e não alérgica, da rinite ocupacional;
- Deve ser realizado por médicos especializados, em locais apropriados, com extratos alergênicos padronizados;
- Avalia a resposta nasal por escore de sintomas e usa-se o método objetivo de monitoramento;
Avaliação da Cavidade Nasal
- A avaliação da cavidade nasal é necessária para a avaliação estrutural, uma vez que as referências anatômicas podem influenciar na função e
na fisiopatogênese das rinites;
Rinoscopia Anterior
- Realizada com espéculo nasal e luz frontal;
- Permite visão adequada das narinas, do vestíbulo nasal, da região da válvula nasal e da porção anterior das conchas inferiores e do septo nasal;
Endoscopia Nasal
- Permite o exame minucioso e completo da cavidade nasal, da rinofaringe, oro, hipofaringe e laringe;
- Pode-se acoplar sistemas de vídeo e foto aos endoscópios rígidos ou flexíveis, documentando os achados do exame;
- Permite a coleta de material de áreas específicas do nariz para exames bacteriológicos e citopatológicos;
Citologia Nasal
- Objetivo: diagnóstico diferencial das rinites eosinofílicas (predominância de eosinófilos na secreção nasal > 10%) e não eosinofílicas;
- A eosinofilia nos processos inflamatórios nasossinusais, alérgicos e não alérgicos, é fator de pior prognóstico clínico;
- Rinite Alérgica - rinite eosinofílica em paciente com história clínica de alergia, restes alérgicos positivos ou níveis de IgE sérica específica e
aeroalérgenos;
**se o paciente com rinite eosinofílica apresenta TPM e citograma nasal negativos indica rinite eosinofílica não alérgica (RENA)**
- Rinite infecciosa – citologia nasal com predominância de neutrófilos;
Exame Bacteriológico e Bacterioscópico
- Não é necessário para o diagnóstico de rinite alérgica;
- Pode ser usado para diagnosticar comorbidades;
- Solicitado para pesquisa do agente etiológico da rinite infecciosa, buscando orientar a prescrição do antimicrobiano;
Teste de Avaliação do Olfato
- Teste de baixa disponibilidade e de alto custo;
Testes de Permeabilidade Nasal
- Inclui: rinomanometria anterior e posterior computadorizada, rinometria acústica e pico de fluxo nasal;
- Não são técnicas diagnósticas, mas permitem quantificar a obstrução nasal, avaliar a resposta ao teste de provocação nasal e monitorizar a
resposta ao tratamento clínico e/ou cirúrgico;
- Seus achados apresentam baixa correlação com o sintoma obstrutivo nasal;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Rinomanometria Computadorizada – teste dinâmico de permeabilidade nasal baseado nos fluxos ventilatórios da inspiração e expiração
medidos em ml/s, em relação à pressão volumétrica nasal em Pascal, assim calculando a resistência nasal, ou seja, a relação entre o fluxo aéreo
e a pressão intranasal – o fluxo ventilatório nasal é inversamente proporcional à resistência das vias aéreas superiores;
- Rinometria Acústica – teste estático que calcula a área de secção transversal do nariz e o volume de toda ou partes da cavidade nasal desde a
narina até a rinofaringe – exame não invasivo que se baseia na análise de ecos refletidos pelas fossas nasais diante da exposição a um estímulo
sonoro – não depende da cooperação do paciente, sendo uma das mais adequadas para a avaliação pediátrica;
Pico de Fluxo Nasal (PFN)
- Forma mais simples, prática e barata de mensurar a função nasal;
- Depende do esforço e outros fatores podem alterar seus resultados;
- Limitações: incapacidade de avaliar as narinas separadamente, falta de acurácia na avaliação de pacientes cm obstrução nasal acentuada;
Avaliação por Imagem
Raio-X
- Raio-X dos Seios Paranasais (Incidência de Caldwell e Waters) - não tem papel no diagnóstico da rinite alérgica ou da rinossinusite - baixa
sensibilidade e especificidade;
- Radiografia lateral de Crânio ou as Rinofaringe – permite o diagnóstico de obstrução nasal por hipertrofia da tonsila faríngea (adenoide) ou por
outros processos tumorais da rinofaringe;
TC ou RM
- Possuem papel limitado no diagnóstico da rinite alérgica;
- Pode ser necessário na avaliação de quadros inflamatórios e infecciosos crônicos, em complicações de quadros infecciosos agudos e na
avaliação de processos tumorais benignos e malignos;
Complementares
Biópsia Nasal
- Importante quando existem lesões tumorais ou granulomatosas;
- Não é indicada para o diagnóstico de sinusite;
Questionários
- Distúrbios do Sono – ocorrem em 25 a 40% das crianças – investigados com a polissonografia, diários de sono e questionários que investigam
a resistência para dormir, duração do sono, ansiedade para dormir, despertar noturno, parasonia, alteração da respiração no sono e sonolência
diurna;
- Qualidade de vida em relação aos diferentes tratamentos da rinite alérgica;
f. COMORBIDADES
- Inclui: asma, conjuntivite alérgica, rinossinusite aguda e crônica, otite média com efusão, tosse crônica, alterações do desenvolvimento
craniofacial dos respiradores bucais em crianças, apneia e hipopneia obstrutiva do sono;
Rinoconjuntivite Alérgica
- Forma mais comum e branda das alergias oculares;
- 90% das doenças alérgicas apresentam rinoconjuntivite como comorbidade, pois o reflexo naso-ocular frequentemente está envolvido na
etiopatogenia, de modo a justificar a melhora dos sintomas oculares ao tratar os sintomas nasais;
- Sintomas: prurido ocular, sensação de queimação, fotossensibilidade, lacrimejamento, vermelhidão, edema palpebral, lesões da córnea
(ulceração, microerosões e ceratocone – correlacionam-se com a intensidade e continuidade do prurido);
Respirador Oral e Síndrome da Apneia/Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS)
- 3 a 26% da população pediátrica apresenta ronco e/ou respiração bucal;
- Fatores genéticos, funcionais e ambientais determinam o crescimento inadequado do complexo dentofacial;
- Causas frequentes de respiração bucal: rinite alérgica e/ou hipertrofia adenoamigdaliana;
**a rinite alérgica deve ser sempre investigada em crianças sintomáticas com adenoides hipertróficas**
- Síndrome da Face Alongada – maior altura vertical do terço facial inferior, com alturas faciais anterossuperior e total maiores, estreitamento
alar basal, incompetência labial e arco maxilar comprido e estreito, com distância intermolar estreita e ângulo mandibular aumentado com
mandíbula retrognata e rodada, palato em ogiva, assoalho nasal curto, erupção excessiva dos molares, mordida aberta e cruzada - ocorre em
crianças com rinite alérgica que apresentam respiração bucal por tempo prolongado durante a fase de crescimento facial;
- A rinite alérgica piora o quadro obstrutivo, aumentando o trabalho inspiratório;
Otite com Efusão
- Pacientes atópicos podem ter comprometimento das extremidades da tuba auditiva por inflamação alérgica, tanto da rinofaringe quanto da
orelha média;
- Pacientes com rinite alérgica apresentam maiores riscos de apresentarem disfunção tubária na infância;
- Todas crianças com otite média com efusão recorrente devem ser investigadas para alergia;
Rinossinusite Infecciosa
- A rinite alérgica é frequentemente associada a rinossinusite infecciosa, uma vez que esta gera a inflamação persistente da mucosa nasossinusal;
- Os pacientes com riossinusite crônica ou recorrente devem ser avaliados do ponto de vista alérgico, pois se confirmada a rinite alérgica deve-
se controlar as alergias antes da realização de procedimentos cirúrgicos – a rinite alérgica é um fator preditivo negativo para o sucesso do
tratamento cirúrgico endoscópico da rinossinusite crônica;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
Asma
- 50% dos pacientes asmáticos apresentam rinite alérgica;
- A presença de rinite incorretamente tratada ou não tratada em asmáticos pode aumentar em até 3 vezes o risco de exacerbações;
- Frequentemente encontra-se hiperresponsividade brônquica entre pacientes com rinite, ou seja, associa-se a um forte risco para o
desenvolvimento de asma;
- A rinite e a asma apresentam fatores desencadeantes comuns, processo inflamatório das mucosas nasal e brônquica semelhantes e ocorrência
simultânea de indução da inflamação brônquica por provocação nasal com alérgenos e inflamação nasal por provocação brônquica;
- Deve-se sempre buscar manifestações de asma em pacientes com rinite e vice-versa, uma vez que negligenciar o controle de uma dificulta o
controle da outra e limita o benefício do tratamento na melhora de qualidade de vida do paciente, sendo necessário o tratamento tópico
simultâneo de ambas;
g. TRATAMENTO
Anti-Histamínico H1 (Anti-H1)
- Medicamentos de 1ª linha;
- Mecanismo de Ação: atua sobre os receptores H1 (principal
receptor envolvido na sinusite) como agonistas inversos,
interferindo na ação da histamina sobre as terminações nervosas
sensoriais, na estimulação reflexa parassimpática das secreções
glandulares e na vasodilatação e aumento da permeabilidade pós-
capilar;
- Efeitos: (1) melhora os sintomas da fase imediata, como prurido
nasal, espirros, rinorreia e sintomas oculares; (2) sub-regula a
inflamação alérgica nasal, reduzindo a expressão de citocinas
inflamatórias, moléculas de adesão e a ativação de células
epiteliais, eosinófilos, basófilos, mastócitos e células T;
- Apresentam início de ação entre 30 min e 1 hora, com duração de 8 a 12 horas para a 1ª geração e 24 horas para a 2ª;
- Formas de Apresentação: (orais); (tópicos nasais) eficácia similar aos compostos orais, com início de ação mais rápido e maior efetividade no
controle da obstrução nasal, porém gosto amargo que pode dificultar a adesão;
1ª Geração/Clássicos/Sedantes
- Apresentam alta lipofilicidade e facilidade de penetração na barreira hematoencefálica;
- Possui baixa seletividade pelo receptor da histamina, apresentando efeitos conforme o receptor que age;
- Ação no receptor H1 do SNC - sedação, diminuição da atenção, cognição, aprendizagem, memória e desempenho psicomotor;
- Ação no receptor muscarínico colinérgico - secura da boca e olhos, retenção urinária, taquicardia sinusal, midríase e constipação intestinal;
- Ação no receptor de serotonina - aumento do apetite e ganho de peso;
- Ação no receptor alfa-adrenérgico - tonturas e hipotensão;
- Ação em canais iônicos cardíacos - aumento do intervalo QT e arritmia ventricular;
- Ex.: Clorfeniramina e Hidroxizina;
2ª Geração/ Não Clássicos / Não Sedantes
- Baixa passagem pela barreira hematoencefálica, com poucos efeitos adversos sobre o sistema nervoso central;
- Elevada potência, longa duração de ação (24 horas);
- Alta afinidade com os receptores H1, pouco ou nenhum efeito anticolinérgico, antidopaminérgico e antisserotoninérgico;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Excelente perfil de segurança, devendo ser priorizados e podendo ser usados por 1 a 4 semanas em casos persistentes e moderados/graves;
- Ex.: Loratadina, Desloratadina, Cetirizina, Levocetirizina;
Descongestionante Sistêmico
- Fármaco pertencente ao grupo dos estimulantes adrenérgicos ou adrenomiméticos;
- Mecanismo de ação: vasoconstrição, gerando alívio rápido do bloqueio nasal;
- Inclui: Pseudoefedrina e Felilefrina;
Pseudoefedrina
- Descongestionante oral mais usado;
- Disponível no Brasil em combinação com anti-histamínico H1;
- Pertence à família das anfetaminas, devendo ser usada com cautela devido a sua ação psicotrópica e potenciais efeitos colaterais
cardiovasculares;
- Contraindicações: paciente < 4 anos (maior risco de toxicidade) e as formulações de liberação prolongada com doses de 120 mg são
contraindicadas para < 12 anos;
Descongestionante Tópicos Nasais
- Inclui: dipropionato e beclometasona (DPB), budesonida (BUD), propionato de fluticasona (PF), duroato de mometasona (FM), furoato de
fluticasona (FF) e ciclesonida (CIC);
- Liberação conforme a faixa etária: (> 2 anos) duroato de mometasona (FM), furoato de fluticasona (FF); (> 4 anos) budesonida (BUD), propionato
de fluticasona (PF); (> 6 anos) dipropionato e beclometasona (DPB) e ciclesonida (CIC);
- Farmacodinâmica - ordem decrescente da afinidade de ligação ao receptor: FF > FM > PF > DPB > CIC > BUD;
- Farmacocinética: (lipofilia) relaciona-se com a solubilidade, a facilidade de passar pela membrana celular e o tempo de permanência no tecido
nasal, gerando efeito maior e mais duradouro e maior eliminação pelo clearence mucociliar do epitélio nasal, reduzindo os efeitos adversos
locais, de modo que se dispõem em ordem decrescente de maior lipofilia como FM > CIC > FF > DPB > BUD; (biodisponibilidade sistêmica)
velocidade e extensão da entrada do fármaco na circulação sistêmica, dependendo da dose absorvida pela mucosa nasal, da dose absorbida da
degluticação, da efetividade da metabolização na 1ª passagem pelo fígado e da ligação com proteínas plasmáticas na corrente sanguínea – a
droga ideal deve apresentar alta lipofilia, baixa disponibilidade sistêmica e clearence sistêmico rápido;
- Seu efeito terapêutico depende da deposição do produto na cavidade nasal, sendo essa influenciada pela forma do corticoide, de modo que o
em forma de spray 50% deposita-se na parte anterior da cavidade nasal e apenas 25% alcança o meato nasal médio e o corneto médio;
- Recomenda-se 1 a 2 instilações em cada narina, até 2x/dia, conforme o produto e a intensidade dos sintomas, não devendo exceder a dose
final de 400 mcg/dia;
- Efeitos Adversos Locais: lesões, irritação da mucosa, disfunção ciliar, sangramento e perfuração septal – depende da dose empregada e da
técnica de aplicação (não devem ser direcionados para o septo nasal);
- Efeitos Adversos Sistêmicos: efeitos oculares, efeitos sobre o crescimento, maior reabsorção óssea, efeitos cutâneos e interferência no eixo
hipotálamo-hipófise-adrenal – associam-se diretamente com a dose e a formulação empregada;
- O aumento da dose dos corticosteroides não garante aumento da eficácia, mas aumenta o risco de efeitos adversos;
- Devem ser evitados em gestantes, devido aos possíveis efeitos teratogênicos – a budesonida pode ser usada na menor dose e menor tempo se
necessário;
- Após iniciar o tratamento com corticosteroides, o paciente deve ser avaliado em no máximo 8 semanas, de modo que se estabilizado, diminui
para a menor dose necessária para mantê-lo controlado – o tempo de manutenção depende da resposta clínica às reavaliações do paciente, que
variam conforme a gravidade da rinite, o tempo da doença, as comorbidades associadas e a aderência ao tratamento;
Associação Corticosteroide e Anti-Histamínico Tópico Nasal
- Ex.: anti-H1 (cloridato de zelastina 127 mcg/jato) e corticosteroide (proprionato de fluticasona 50 mcg/jato);
- Indicação: pacientes > 12 anos de idade, com sintomas persistentes moderados ou graves e sem controle com anti-histamínicos e/ou
corticosteroide;
Cromoglicato Dissódico
- Mecanismo de ação: estabiliza a membrana dos mastócitos e impede a liberação dos mediadores químicos desta célula;
- Para sua eficácia, deve ser utilizado continuamente, de forma profilática, antecedendo a exposição ao alérgeno;
- Atua pouco sobre a obstrução e o alívio dos sintomas quando usado apenas na crise;
- Apresenta excelente perfil de segurança, sendo uma alternativa em lactentes;
- Disponível em formulações de soluções para uso tópico nasal a 2 e 4%;
- Apresenta meia-vida curta, devendo ser usado 4 a 6 x/dia – dificulta a adesão ao medicamento;
Antagonistas de Receptores de Leucotrienos
- Mecanismo de Ação: inibe os leucotrienos, que são mediadores lipídicos da resposta inflamatória, responsáveis por causar vasodilatação,
exsudação plasmática, secreção de muco e inflamação eosinofílica;
Montelucaste de Sódio (MS)
- Único composto disponível no Brasil;
- Controla os sintomas e melhora a qualidade de vida do paciente;
- É a alternativa terapêutica ideal para pacientes com asma e rinite alérgica concomitante, nos casos de rinossinusite crônica com polipose nasal,
na doença respiratória exacerbada com aspirina;
- Opções: sachê de pó granulado ou comprimido mastigável de 4 mg para crianças entre 6 meses e 5 anos, comprimido mastigável de 5 mg para
crianças entre 6 e 14 anos e comprimido de 10 mg para > ou = 15 anos;
- Efeitos Adversos: dor abdominal, cefaleia, sonolência e agitação;
Antagonistas de Receptores de Leucotrienos Associados a Anti-Histamínico Oral
- Combina levocetirizine 5 mg com montelucaste de sódio 10 mg;
- Disponivel para pacientes maiores de 18 anos;
Imunoterapia Alérgeno Específica (ITE)
- Tratamento modificador da evolução natural da doença alérgica;
- Mecanismo de Ação: induz anticorpos específicos da classe igG4 contra o alérgeno, que atuam como anticorpos bloqueadores capazes de
prevenir a ligação de complexos alérgeno-IgE a células B e células dendríticas – as modificações no número de células T surgem durante a fase
inicial da ITE e precedem o aumento nas concentrações de IgG alérgeno-específicas, que atingem pico em 3 meses – durante a imunoterapia a
tolerância é induzida pela geração de células T reguladoras (Treg) alérgeno-específicas, que secretam IL-10 e TGF-Beta, que suprimem a resposta
proliferativa e de citocinas contra o alérgeno, inibindo a ativação mediada por células T e B e a resposta T específica contra o alérgeno;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Beta-estradiol e progesterona aumenta a expressão dos receptores H1 da histamina no epitélio nasal humano e em células do endotélio
vascular e induzem a migração de eosinófilos e/ou na sua degranulação;
- A testosterona diminui a ativação e a viabilidade eosinofílica;
6. RINITE INDUZIDA POR FÁRMACOS
- Subgrupos: (eventos adversos de tratamentos sistêmicos) uso prolongado de aspirina, ibuprofeno, AINES, betabloqueadores, sedativos,
antidepressivos, contraceptivos orais, fármacos para o tratamento da disfunção erétil, drogas peptidérgicas; (rinite medicamentosa) ocorre por
abuso de descongestionante nasal, sendo recomendado sua descontinuidade;
7. RINITE POR IRRITANTES
- Sintomas desencadeados pela inalação de diversos produtos químicos e gases, partículas de óleo diesel, fármacos e fatores físicos (ar muito
frio ou seco, exposição excessiva à luz), que atuam diretamente sobre as terminações nervosas da mucosa, provocando mecanismos reflexos ou
vasodilatação intensa com transudação de líquido, decorrente do sistema nervoso autônomo parassimpático;
- Cursa com obstrução nasal, rinorreia aquosa e espirros, que variam conforme o tipo e concentração dos produtos inalados;
- Poluentes extra-domiciliares: monóxido e dióxido de carbono, compostos de enxofre, de nitrogênio, compostos orgânicos, compostos
halogenados, material particulado e ozônio – podem lesar a mucosa respiratória;
- Poluentes intradomiciliares: fumaça de cigarro – gera irritação da mucosa, com produção excessiva de muco, espessamento do revestimento
epitelial, diminuição da frequência do batimento ciliar, retenção de secreção com os poluentes contidos;
- Tratamento – afastar do contato com as substâncias, medicamentos sintomáticos tópicos ou sistêmicos;
8. RINITE GUSTATIVA OU ASSOCIADA À ALIMENTAÇÃO
- Caracterizada pela rinorreia aquosa que acontece após a ingestão de alimentos quentes ou condimentados ou apimentados;
- Induzida pelo reflexo gustatório associado ao sistema neural parassimpático peptidérgico hiperativo, não-colinérgico, não-adrenérgico;
9. RINITE EMOCIONAL
- Quadro de rinite desencadeado por sobrecarga psíquica, física, intelectual e emocional e no ato sexual (estimulação autonômica e
parassimpática);
- Sintomas: obstrução nasal, congestão nasal, rinorreia aquosa, alterações olfativas, ansiedade e depressão;
- Tratamento – equilíbrio entre trabalho e lazer, exercícios físicos e atividades para relaxamento e autoestima;
10. RINITE ATRÓFICA
- Tratamento: lavagem salina, associada a antibióticos locais e sistêmicos e estrógenos;
Ozenoza
- Atrofia osteomucosa do nariz que leva à formação de crostas e secreção mucopurulenta, exalando mau cheiro;
- Sintomas: cefaleia, hiposmia, obstrução nasal e epistaxe;
- Etiologia possivelmente secundária à Klebsiella azenae;
Secundária
- Ocorrência rara e reversível;
- Pode ser causada por exérese de tumores nasais ou turbinectomias amplas, granulomatose crônica, rinossinusite crônica, traumatismo e
radiação;
11. RINITE SECUNDÁRIA A VARIAÇÕES ANATÔMICAS ESTRUTURAIS
- Principais alterações estruturais que dificultam o resultado do tratamento da rinite: alterações da válvula nasal, desvio do septo, perfuração
septal, hipertrofia óssea de conchas uni ou bilateral, degeneração polipoide de concha média, atresia coanal e hipertrofia acentuada de
adenoides;
- Para sua análise deve-se realizar rinoscopia e endoscopia nasal;
- Tratamento: correção da variação anatômica;
12. RINITE IDIOPÁTICA
- Pacientes com rinite não-alérgica que não possuem etiologia clara e conhecida dos sintomas nasais;
- Deve-se à hiper-reatividade nasal;
13. RINITE ALÉRGICA LOCAL (RAL)
- Fenótipo com quadro clínico similar ao da rinite, com resposta
alérgica nasal em pacientes com teste cutâneo de
hipersensibilidade imediata negativo e IgE sérica específica
indetectável, mas com produção local de IgE específica e liberação
de mediadores inflamatórios;
- Quadro Clinico: espirros, coriza, prurido e obstrução nasal;
- Pode ser classificada em sazonal, perene, profissional, persistente
e intermitente;
- Comumente se manifesta como rinite persistente com
intensidade moderada-grave;
- Tratamento: anti-H1 sistêmicos e corticosteroide tópico nasal +
evitar exposição ao agente etiológico;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
URTICÁRIA
- Padrão de reação cutânea, devido ao edema da derme superficial, com o súbito aparecimento de urticas, que podem ser acompanhadas por
angioedema;
- Urtica – lesão elementar dermatológica que apresenta como características típicas: (1) edema central de tamanho variado, circundado por
eritema reflexo; (2) prurido associado, devido ao edema dos corpos capilares; (3) natureza efêmera, com a pele retornando ao aspecto normal
em 1 a 24h – produzida pela liberação de mediadores, como a histamina liberada pelos mastócitos presentes em torno dos vasos da derme;
1. EPIDEMIOLOGIA
- Extremamente frequente;
- 0,1% da população apresenta urticária;
- 15% a 23% da população apresentará pelo menos 1 episódio de urticária ao longo da vida, desses 50% continuarão a apresentar a doença em
1 ano após o episódio inicial e 20% continuarão a apresentar a doença por mais de 20 anos;
- Ocorre em qualquer idade, mas apresenta maior incidência em adultos jovens;
- Em 50% dos casos ocorre urticária associada ao angioedema, em 40% dos casos ocorre urticária isolada e em 10% dos casos ocorre angioedema
isolado;
2. ETIOPATOGENIA
- Comumente regride em algumas horas, dias a semanas após a interrupção do fármaco desencadeante;
**os AINES agravam 20 a 30% dos casos de urticária crônica durante a fase de atividade da doença, devido à inibição da prostaglandina E2, que
inibe a degranulação mastocitária por via imune ou pela produção dos cisteinil leucotrienos**
ALIMENTOS
- Mais frequentemente responsáveis: ovos, peixes, nozes e frutos do mar;
- Causas: proteínas intrínsecas do alimento, aditivos (salicilatos, ácido cítrico, azocorantes, derivados do ácido benzoico), corantes, aromatizante;
INALANTES
- Raramente estão associados à produção de urticária;
- Inalantes frequentemente associados: inseticidas, poeira, polens, penas, cosméticos (pós, perfumes, lâques e desodorantes), desodorizantes,
desinfetantes e outros;
PARASITOSES EM GERAL
- Pode determinar a urticária por mecanismos imunológicos ou por mecanismos não imunológicos, como a partir da ação de polímeros biológicos
diretamente sobre os mastócitos;
INFECÇÕES
- As bactérias, fungos e vírus, a partir de antígenos próprios podem gerar urticária;
- Urticária produzida por focos infecciosos: focos dentários, sinusites, otites, focos broncopneumônicos, gastrintestinais e urinários, leveduroses,
dermatofitoses, hepatite, coxsackioses e mononucleose;
DOENÇAS INTERNAS
- Não é causa frequente de urticária;
- Pode se associar com lúpus eritematoso sistêmico, linfomas, leucemias, câncer visceral, hipertireoidismo, febre reumática e artrite reumatoide
juvenil;
AGENTES FÍSICOS
- As urticárias físicas apresentam uma ampla variedade de estímulos desencadeantes, com formas clínicas variáveis;
- A luz, calor, frio e pressão podem produzir urticárias de substrato imunológico ou não imunológico;
- Nas formas tradicionais participam mecanismos não específicos, como o menor limiar de ativação mastocitária ou maior reatividade das células-
alvo – ex.: pacientes com dermografismo, que apresentam hiper-reatividade brônquica à histamina;
- Mecanismos mais específicos podem ser relevantes na urticária solar e por calor;
CONTACTANTES
- Raramente a absorção de substância por via cutânea determina urticária;
- Substâncias associadas: alimentos, substâncias têxteis, pelos e salivas de animais, artrópodes, vegetais, medicamentos, cosméticos e antígenos
em suspensão aérea;
- Urticária de Contato – forma especial de dermatite de contato dérmica, que pode ser acompanhada, raramente, por urticária generalizada –
surge na pele ou mucosas, 30 a 60 minutos após o contato com o agente causal e desaparece em 24 horas;
FATORES PSICOGÊNICOS
- Comumente são agravantes - podem ser considerados agentes etiológicos primários, após a exclusão de outros fatores causais;
ANORMALIDADES GENÉTICAS
- Podem determinar formas especiais de urticária, como o edema angioneurótico hereditário;
3. HISTOPATOLOGIA
- Edema da epiderme e da derme superficial e média, com dilatação das vênulas pós-capilares e vasos linfáticos da derme superficial;
- Dependendo da duração da urtica, há um infiltrado inflamatório misto perivascular, de intensidade variável, constituído por neutrófilos e/ou
eosinófilos, macrófagos e linfócitos do tipo T auxiliares;
- Na urticária de pressão tardia o infiltrado se localiza preferencialmente na derme média e profunda;
4. CLASSIFICAÇÃO
a. URTICÁRIA AGUDA
- Placas eritematoedematosas grandes, pruriginosas,
acompanhadas de fenômenos gerais e frequentemente associadas
ao angioedema;
- Apresenta início agudo, que persiste por horas a dias,
desaparecendo em no máximo 6 semanas – pode apresentar
recidiva em menos de 30 dias;
- Causa: drogas, alimentos, inalantes e picadas de insetos -
comumente se encontra o agente causal pela anamnese;
- Comumente dependente de IgE com diátese atópica;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Diagnóstico – teste intradérmico com soro autólogo; VHS (normal na urticária crônica idiopática e elevada na urticária vasculite e síndrome de
Schnitzler); hemograma completo (identifica neoplasias hematológicas e eosinofilia indicativa de infecções helmínticas intestinais);
5. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
- Lesão – eritematosas ou brancas (esmaecimento central) com borda eritematosa (secundária à dilatação dos vasos cutâneos), contornos
circulares (redondas, ovais), arcados/acriforme (forma de arco), policíclicos e serpiginosos;
- Tamanho – as urticas podem ter alguns milímetros (pequenas < 1 cm) a diversos centímetros (grandes > 8 cm), formando placas extensas e
bem demarcadas;
- Localização – as lesões podem acometer somente algumas regiões ou se estender a quase toda à superfície cutânea – são localizadas em caso
de urticária solar, de pressão, de vibração e ao frio, limitando-se ao local de ação do mecanismo desencadeante;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
c. URTICÁRIA DE PRESSÃO
- Reação desencadeada por pressão demorada em área da pele;
- Surge a placa de urtica após 30 min (tipo imediata) ou após 2 a 6 horas (tipo tardio), que perdura por 6 a 48 horas;
- Frequentemente encontrada em sítios de pressão, como sutiã, cintos, suspensórios e roupas;
- Pode ser acompanhada de febre, calafrios, artralgias, mialgias, leucocitose e aumento de VHS;
- Diagnóstico – história, quadro clínico e testes (coloca-se pesos de 2,5 a 4,5 kg, perpendicularmente sobre o dorso ou coxa do paciente, por 15
a 20 min, de modo a exercerem pressão sobre a pele, podendo surgir urtica na área testada em até 6 horas);
- Tratamento – comum ao dermografismo, sendo que em casos graves pode-se usar prednisona 30 mg/dia;
d. URTICÁRIA AO CALOR
- Rara;
- Surgem urticas localizadas, alguns minutos após a aplicação direta de objeto quente ou aquecimento ou de forma mais tardia, em formas
hereditárias;
- Suas lesões persistem por menos de 1 hora, podendo ser acompanhadas de síncope;
- Patogênese – sensibilidade dos mastócitos ao calor, liberando histamina;
- Diagnóstico – teste com tubo de ensaio com água pré-aquecida (38 a 42°C) sobre a pele por 1 a 5 minutos;
- Tratamento – anti-histamínico e diazepínicos;
e. URTICÁRIA AO FRIO
- Após a exposição ao frio surge eritema, urticas e prurido limitados à área de exposição (tipo
de contato) ou à distância (tipo reflexo – maior risco de sintomas sistêmicos), alguns minutos
após o reaquecimento;
- Forma Anafilática – surge após banhos de mar, piscinas e lagos com temperatura fria – cursa
com urticas, edema angioneurótico e artralgias de gravidade variável, podendo ser letal;
- Classificação conforme as manifestações clínicas: dermografismo induzido pelo frio, UF
localizada, UF perifolicular, UF colinérgica, UF tardia familiar autossômica dominante
(latência de 3 a 24h após a exposição ao frio, durando cerca de 24h – erupção
maculopapulosa que pode ser desencadeada por ventos frios);
- Formas: (familiares) herança autossômica dominante, podendo ser do tipo imediato (eritema, urticas febre e dores abdominais após a
exposição ao frio) ou tardio (após 9 a 18 horas de exposição surge o angioedema); (anormalidades sorológicas) presença crioglobulinas,
criofibrinogênio, aglutininas e hemolisinas ao frio; (infecções) mononucleose infecciosa, hepatite, sarampo, HIV, borreliose, sífilis, ascaridíase,
infecções focais e alergia alimentar; (idiopáticas);
- Comumente se manifesta em crianças ou adultos jovens;
- Diagnóstico – história; testes de exposição ao frio (coloca-se gelo, envolvido em saco plástico, sobre a pele durante 5 minutos ou se insere a
mão ou o antebraço em água fria de 5 a 6 °C, por 10 min, que em caso confirmatório gera lesão urticada em até 10 min); resfriamento do corpo
em sala a 4°C por 30 min; pesquisa de crioaglutininas, hemolisinas, aglutininas e criofibrinogênio; reações sorológicas para sífilis, hepatite, HIV,
vírus de Epstein-Barr;
**o teste do cubo de gelo só é positivo na urticária de contato ao frio adquirida, sendo negativo na urtica ao frio reflexa**
- Tratamento – (anti-histamínico) ciproheptadina, 12 a 16 mg/dia, ou cetotifeno; (antibiótico) penicilina G, na dose de 1.000.000 unidades/dia,
via intravenosa, por 2 a 3 semanas, com eventual ação benéfica; (formas resistentes) cloroquina, 250 mg/dia, por 3 a 4 semanas, ou doxepina,
10 a 20 mg, 3 x/dia;
f. URTICÁRIA AQUAGÊNICA
- Forma rara, familiar ou esporádica;
- Ocorre 2 a 30 minutos após imersão em água, em qualquer temperatura, gerando erupção semelhante à urticária colinérgica;
- Prurido Aquagênico – forma minimizada, que cursa somente com prurido – pode ser idiopático ou acompanhar a policitemia vera, doença de
Hodgkin, síndrome mielodisplásica e síndrome hipereosinofílica;
- Diagnóstico – história, quadro clínico e teste (aplica-se gaze embebida em água a 37°C, por 20 min, ou banha-se o paciente em água na
temperatura corporal);
- Tratamento – hidroxizina, cirpo-heptadina ou clemastina;
g. URTICÁRIA SOLAR
- Forma rara;
- Surgem urticas após exposição solar, a vários comprimentos de onda;
- Diagnóstico Diferencial: fotossensibilizantes, endoctantes, contactantes, lúpus eritematoso e protoporfiria eritropoiética – quadros que podem
ser acompanhados de lesões urticariformes nas áreas expostas;
- Diagnóstico – história, quadro clínico e teste com exposição a luz solar natural, luz monocromática ou simulador solar artificial, por cerca de 10
min, gerando urticas após alguns minutos
- Tratamento – fotoprotetores, cloroquina, PUVA – os anti-histamínicos e betacaroteno são pouco efetivos;
h. URTICÁRIA DE CONTATO
- Ocorre devido ao contato com plantas, pelo de animais, leite, frutas e trigo;
- Aparece poucos minutos após o contato e desaparece em 1 a 4h;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Ocorre sob uma forma localizada na área de contato, iniciando-se em minutos a 1 hora após a exposição ao agente causal;
- Suas reações são de intensidade leve;
- Pode ocorrer por mecanismos imunes e não imunes – em reações não imunes podem surgir de novo após a manipulação de substâncias como
o persulfato de amônio, aldeído, cinâmico e ácido benzoico;
- Comumente acomete adolescentes;
i. URTICÁRIA DE CONTATO AO LÁTEX
- Afeta pessoas rotineiramente expostas aos produtos feitos com borracha natural, como os profissionais da área de saúde, trabalhadores da
indústria da borracha e pessoas submetidas a múltiplos procedimentos cirúrgicos (o látex causa 10% das reações anafiláticas intraoperatórias);
- Situações desencadeadoras: contato com bicos de mamadeiras, chupetas, vibradores vaginais, cateteres de Foleym preservativos de látex,
bexigas, elásticos odontológicos, tubos endotraqueais, adesivos de eletrocardiógrafos, balões infláveis e alimentos preparados com luvas de
borracha;
- Patogenia: reação do tipo I de Gell e Coombs, mediada por IgE, que cursa com síndrome da urticária de contato, dentro de 1h após a exposição
à substância, podendo levar à anafilaxia e à morte – sequência da reação: (1) sensibilização às proteínas que compõem o látex, após a exposição;
(2) o antígeno induz os plasmócitos a produzirem anticorpos IgE ou IgG específicos ao látex da borracha natural, que se ligam aos receptores de
superfície de alta afinidade dos mastócitos; (3) na reexposição, inicia-se uma resposta alérgica quando os anticorpos se ligam ao antígeno do
látex da borracha natural; (4) ocorre liberação dos mediadores associados a etiopatogenia da urticária;
- Quadro clínico conforme a via de exposição: (via cutânea) urticária, dermatite e prurido; (inalatória) rinite, conjuntivite e asma; (via mucosa)
anafilaxia, taquicardia, angioedema, náuseas, vômitos, dor abdominal e hipotensão;
**o látex causa menos frequentemente dermatite de contato imunológica e por irritante primário**
**síndrome látex fruta – antigenicidade cruzada do látex com frutas, como banana, abacate, papaia, kiwi, castanha e tomate**
j. URTICÁRIA-VASCULITE / VASCULITE URTICARIFORME
- Forma especial de venulite necrosante cutânea;
- Quadro clínico urticariforme com substrato anatomopatológico de vasculite;
- Quadro Clínico – lesões urticariformes mais duradouras que as da urtica comum, com
hiperpigmentação residual (eritema vermelho acentuado, purpúricas ou violáceas, indicando
dano vascular intenso e extravasamento de hemácias, de modo a formar lesões), sensação
de dor e ardor, sem prurido, descamação residual – pode ser acompanhado de manifestações
sistêmicas, como artralgias, artrites, lesões renais, lesões pulmonares e neurológicas;
- Patogenia – existem formas primárias e secundárias ao lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjogren, hepatite B, mononucleose infecciosa,
deficiências hereditárias do complemento e síndrome de Schnitzler – envolve imunocomplexos;
- Quadro Histopatológico – venulite necrosante com degeneração fibrinoide na derme superior com leucocitoclasia e extravasamento de
hemácias – as lesões recentes apresentam à imunofluorescência depósitos de IgG e C3 na parede vascular;
- Tratamento – anti-histamínicos H2, corticoides, sulfonas, anti-maláricos, colchicina e imunossupressores;
k. ANGIOEDEMA
- Edema extenso dos tecidos com acometimento da derme profunda, dos tecidos subcutâneos e do trato gastrointestinal;
- Critérios definidores: (1) edema súbito e acentuado da derme profunda e do subcutâneo; (2) maior frequência do sintoma de dor em relação
ao prurido; (3) acometimento frequente das mucosas; (4) resolução do quadro em cerca de 72h;
- Gera edema agudo, intenso e localizado, que pode atingir extremidades, pálpebras, lábios, língua, laringe (dificulta à respiração, podendo
causar asfixia por obstrução mecânica) e genitálias;
- Edema cor de pele ou com palidez cutânea;
- Sintomas: prurido (nem sempre presente), dor no angioedema nas palmas das mãos e plantas dos pés, interferência na fala (rouquidão e
estridor), na ingestão de alimentos e na respiração (dispneia), podendo causar asfixia (em angioedema da língua, faringe e laringe);
**é o mesmo processo edematoso da
urticária, porém acomete diferentes
níveis do plexo vascular cutâneo papilar e
profundo**
- Acompanha cerca de 50% dos casos de
urticária crônica idiopática – 75% destes
apresentam episódios recorrentes por
mais de 5 anos;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
l. ANGIOEDEMA ADQUIRIDO
- Ocorre como entidade autônoma, habitualmente alérgica ou associada a qualquer outro tipo de urticária, doenças do colágeno ou neoplasia
interna, em especial linfomas;
- Apresentação mais frequente – angioedema alérgico, desencadeado por alimentos, medicamentos, picadas, calor/frio, que provocam a
liberação de histamina e desencadeiam a urticária e/ou prurido;
- Quadro clínico similar ao angioedema hereditário, distinguindo-se pela idade de início e pela história familiar;
m. ANGIOEDEMA HEREDITÁRIO (AEH)
- Distúrbio autossômico dominante
grave, com mutação no gene que codifica
a protease do cromossomo 11, podendo
se manifestar após traumatismo físico e
emocional;
- Apresenta história familiar positiva e
inicia-se em idade precoce (infância);
- Quadro Clínico: angioedema da face e dos membros (edema assimétrico, não depressível, episódico e autolimitado, perdurando por 12 a 72h),
episódios de edema da laringe (pode cursar com asfixia) e dor abdominal aguda, causada por angioedema da parede intestinal (emergência
cirúrgica) – raramente apresenta urticária, comumente não cursando com eritema e prurido;
- Patogenia – resulta da produção de bradicinina, devido aos níveis diminuídos do inibidor da C1-esterase, que inibiria o fator de Hageman e a
calicreína (enzimas necessárias à formação de cininas);
- Anormalidades Laboratoriais do Sistema Complemento – níveis diminuídos do inibidor da C1-esterase (85%) ou do inibidor disfuncional (15%),
baixo nível de C4 na presença de níveis normais de C1 e C3;
- Representa menos de 1% dos casos totais de angioedema;
- Tipos: (Tipo I / Quantitativo) redução na produção da C1-esterase, ocorrendo em mais de 80% dos casos; (Tipo II / Qualitativo) nível de enzima
está normal ou elevado, mas ocorre alteração funcional, correspondendo a 20% dos casos; (Tipo III) expressão exagerada do gene do fator XII,
com produção exagerada de bradicinina, natureza familiar e predomínio em mulheres;
- Abordagem do Angioedema Hereditário: (1) anamnese sobre a história familiar da afecção e exame físico; (2) níveis de C4, se normais, procede
a abordagem das urticárias; (3) C4 diminuído, procede a dosagem do inibidor da C1-esterase (C1-INH), se normal, realiza-se um teste funcional
do inibidor da C1-esterase, se normal exclui a possibilidade diagnóstica de angioedema hereditário;
- Seus episódios podem ser potencialmente fatais;
- Tratamento – uso de esteroides anabólicos (danazol e estanozolol); icatibanto (antagonista competitivo seletivo do receptor B2 da bradicinina,
na dose de 30 mg, por via subcutânea, no abdome – raramente requer mais de uma dose nas crises agudas); reposição de inibidor de C1
(concentrado do plasma humano processado ou recombinante); inibidores de fibrinólise (ácido tranexâmico, ácido épsilon-aminocaporico) – o
edema do angioedema hereditário não responde aos anti-histamínicos ou corticosteroides, dificultando o manejo da crises;
**clinicamente igual ao angioedema adquirido, diferenciando-se pela idade de início e pela história familiar**
n. SÍNDROME DE ANGIOEDEMA-URTICÁRIA-EOSINOFILIA
- Angioedema grave, ocasionalmente com urticária pruriginosa;
- Acomete face, pescoço, membros e tronco, podendo perdurar por 7 a 10 dias;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
ou mecolil; (urticária solar) exposição ao UVB e UVA; (urticária ao frio) aplicação de um cubo de gelo à pele ou um tubo de ensaio com água
gelada; (urticária autoimune) teste cutâneo com soro autólogo e determinação do anticorpo anti-FcERI;
- Biópsia – indicada quando as lesões urticadas não desaparecem em até 24 horas, suspeitando-se de vasculite urticariforme;
- Exame histopatológico- pode ser útil para exclusão de outros diagnósticos;
c. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Urticária – prurido estrófulo, eritema polimorfo, penfigoide bolhoso, mastocitose, vasculites e poliartrite, lúpus eritematoso, erupções
morbiliformes a substância, picadas de inseto, escabiose, pediculose e dermatites de contato urticariformes;
- Angioedema – anafilaxia, síndrome de Melkersson-Rosenthal, erisipela, celulite infecciosa, dermatite de contato, fotodermatite, linfedema e
angiossarcoma;
8. TRATAMENTO
- Descoberta e afastamento do agente causal;
- Os medicamentos são utilizados para aliviar os sintomas;
a. TRATAMENTO URTICÁRIA AGUDA
- O quadro se instala subitamente, como reação anafilactoide, assim a terapia depende da gravidade da reação;
QUADROS COM RISCO À VIDA
- Cursam com angioedema, edema da laringe e da glote, broncoespasmo, náuseas, vômitos e hipotensão arterial – sinais de evolução para
anafilaxia;
- Epinefrina – (via subcutânea) solução 1 mg/mL, 0,5 a 1 mL, a cada 2 a 3 horas, até a melhora dos sintomas; (via intravenosa) indicada para
casos extremamente graves, dilui 1 mL da solução de epinefrina em 10 mL de solução fisiológica, aplicada lentamente, gota a gota;
**em pacientes com reexposição eventual ao antígeno (ex.: picada de abelha) e possibilidade de choque anafilático existe o autoinjetor de
epinefrina**
- Medidas secundárias conforme à resposta à epinefrina: (1) elevar as extremidades inferiores, pois previne a hipotensão ortostática e auxilia no
desvio da circulação da periferia para a cabeça, coração e rins; (2) manter a permeabilidade das vias respiratórias, com intubação endotraqueal
ou cricotomia; (3) administrar oxigênio em fluxo de 6 a 8 L/min; (4) estabelecer acesso venoso; (5) usar solução salina intravenosa para reposição
de fluidos, com grandes volumes de cristaloides (5 a 10 mL/kg, nos primeiros 5 min, totalizando 1 a 2 L para adultos);
- Medidas terciárias caso persista a hipotensão: (1) infusão de epinefrina em solução de 1 mg de epinefrina diluída a 1:1.000 a 250 mL de solução
glicosada a 5%, com concentração de 4 Ug/mL, com infusão intravenosa na taxa de 1 a 4 Ug/min – indicada durante colapso cardiovascular ou
em doentes profundamente hipotensos, que não respondem à infusão de volume e várias doses de epinefrina por via intramuscular; (2)
ranitidina, 1mg/kg, diluída em dextrose a 5%, em volume total de 20mL, intravenoso, em 5 min, ou cimetidina, 4 mg/kg, intravenosa; (3) em
caso de broncoespasmo resistente à epinefrina, realiza-se albuterol 2,5 a 5 mg em 3 mL de solução salina; (4) em caso de hipotensão refratária
à infusão de volume e injeções de epinefrina, pode-se empregar dopamina 400 mg em 500 mL de soro glicosado a 5%, por via intravenosa de 2
a 20 Ug/kg/min; (5) em caso de pacientes que utilizam betabloqueador, empregar glucagon 1 a 5 mg, por via intravenosa, 20 a 30 Ug/kg, por 5
min, seguido de infusão 5 a 15 Ug/min; (6) em caso de história de anafilaxia idiopática e asma, usa-se glicocorticoides, a cada 6h, com
metilprednisolona, 1 a 2 mg/kg/dia, via intravenosa, ou prednisona, 0,5 mg/kg, uso oral; (7) transporta à unidade de terapia intensiva (UTI);
QUADROS SEM RISCO À VIDA
- Tratamento realizado após a terapia de urgência ou em quadros disseminados, mas sem risco de vida;
- Anti-histamínico H1 de Segunda Geração (não sedante) – empregado sozinho (em formas agudas com poucas lesões) ou simultaneamente ao
corticoide, devendo ser mantido até 1 ou 2 semanas após o desaparecimento das urticas;
- Corticoide – indicado na urticária aguda grave com angioedema e na síndrome de angioedema-urticária-eosinofilia e quando os casos locais
não responderem ao anti-histamínico H1 - (inicial) corticoide injetável, a cada 2 a 3 horas; (posterior) corticoide via oral, como a prednisona, em
dose inicial de 0,5 a 1 mg/kg/dia para crianças e 50 mg/dia em adultos, via oral, por 3 dias, gradualmente reduzida e posteriormente administrada
em dias alternados – controla mais rapidamente os sintomas da urticaria;
- Terapia Tópica – pode ser realizada com creme de corticoide, porém apresenta pouca eficácia;
- Orientações Gerais: (1) evitar o uso de ácido acetilsalicílico, anti-inflamatórios, tranquilizantes, laxativos e alimentos urticariogênicos
(camarões, mariscos, tomates, chocolate e morangos); (2) evitar exercícios físicos excessivos, banhos muito quentes e tensões emocionais;
b. TRATAMENTO URTICÁRIA CRÔNICA
ORIENTAÇÕES GERAIS AO PACIENTE
- Deve-se explicar sobre a doença, sobre a importância de remover a causa identificada e reduzir o estresse emocional, o sobreaquecimento do
corpo e a ingestão alcoólica;
- Evita-se o uso de medicamentos que agravam a urticária crônica, como: ácido acetilsalicílico, AINES, codeína e morfina;
- Evita-se inibidores de ECA em pacientes com angioedema;
- Dieta – quando associada à etiologia da urticária – exclui-se: conservantes, salicilatos naturais e corantes, glutamato monossódico;
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DE PRIMEIRA LINHA – ANTI-HISTAMÍNICO
- Medicamentos fundamentais no tratamento da urticária crônica;
- Gera resposta boa a razoável em 44 a 91% dos casos;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
Anti-Histamínicos H1
- Bloqueiam os receptores H1, ou seja,
bloqueiam a resposta mediada pelo
receptor do tecido-alvo;
- São a primeira opção, pois controlam a
maior parte dos casos de urticária
crônica;
- Indicação seletiva;
- Anti-Histamínicos de Segunda Geração
(não sedantes ou pouco sedantes): (1)
fexofenadina/allegra, 180 mg/dia, não
apresenta efeito sedante e não apresenta
metabolismo hepático, sendo indicada
nos hepatopatas; (2) loratidine, 10
mg/dia, em dose única, não apresenta
efeito sedante; (3) cetirizina/zyrtec, 10
mg/dia, em dose única, com menor efeito
sedante; (4) desloratadina, 5 mg/dia, não
apresenta efeito sedante e não apresenta
metabolismo hepático, sendo indicada
nos hepatopatas; (5) epinastina, 20
mg/dia;
Antidepressivos Tricíclicos
- Mecanismo de Ação: efeito bloqueador sobre os receptores H1 e ação inibidora sobre os receptores H2 – potente efeito anti-histamínico;
- Doxepina – 10 mg, 3 x/dia – antidepressivo tricíclico, usada na urticária crônica, edema angioneurótico e urticária ao frio (indicação eletiva),
mesmo em paciente não deprimido;
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DE SEGUNDA LINHA - CORTICOSTEROIDES
- Comumente não são empregados no tratamento das urticárias crônicas – usados em períodos de exacerbações da urticária crônica, que não
responde completamente aos anti-histamínicos;
- Podem ser úteis em ciclos de duração limitada, de 7 a 14 dias – deve-se evitar o uso por períodos prolongados;
- Usados por via oral;
- Prednisona – realizada em doses iniciais de 30 a 40mg, progressivamente diminuídas (2,5 a 5 mg/semana), até a retirada completa - sempre
associada a anti-histamínicos;
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DE TERCEIRA LINHA – IMUNOSSUPRESSORES/IMUNOMODULADORES
- Indicação: (1) portadores de doença grave, de curso persistente, com falência terapêutica às medidas de primeira e segunda linha; (2) urticária
base autoimune;
- Ciclosporina – dose inicial de 4 mg/kg/dia, por 4 semanas, sendo reduzida para 3 mg/kg/dia, por 6 semanas, e depois para 2 mg/kg/dia, por
mais 6 semanas;
- Imunoglobulina Intravenosa – 0,4 g/kg/dia, por 5 dias, em infusão lenta;
- Medicamentos com efeito imunomodulador sem eficácia comprovada que podem ser empregados de modo alternativo, na ausência de sucesso
da terapêutica convencional: sulfassalazina (2 a 3 g/dia), hidroxicloroquina, metotrexato, varfarina, colchicina e sulfona;
- Omalizumabe – 300 mg a cada 4 semanas – indicação: tratamento da urticária idiopática crônica, que permanece sintomática apesar do
tratamento com anti-histamínico, em pacientes acima de 12 anos – resposta de 55%;
Urticárias Autoiumunes
- Gamaglobulina – 0,4 mg/kg/dia, por 5 dias, endovenosa;
- Urticárias Crônicas Autoimunes Estrogênicas – tamoxifeno, 10 mg, 2 vezes/dia, por 3 dias, nos períodos menstruais;
Urticárias Crônicas Graves e Refratárias aos Anti-Histamínicos
- Terapias imunossupressoras possíveis: plasmaférase e ciclosporina, na dose de 2,5 a 5 mg/kg/dia, por 4 semanas, com redução gradual – a
ciclosporina é indicada na urticária idiopática crônica ou autoimune que não responde aos anti-histamínicos e que apresentam contraindicação
aos glicocorticoides;
OUTRAS TERAPIAS
- Drogas usadas esporadicamente com relato de sucesso: nifedipina (10 a 20 mg, 3x/dia, por 4 semanas), cetotifeno (1 mg/dia, por 2 semanas –
agente estabilizador dos mastócitos) e antileucotrienos (como o montelucaste, 10 mg/dia, para adultos - gera boa resposta em 20 a 50% dos
pacientes que não respondiam à terapêutica apenas com anti-histamínicos);
Urticária-Vasculite
- Inibidores da Calicreína – aprotina endovenosa e inibidores da prostaglandina, como a indometacina;
- Outras drogas: colchicina, hidroxicloroquina e sulfona;
Urticárias Crônicas de Causas Não Definidas
- Considerando a possibilidade de eliminar possíveis focos bacterianos ou fúngicos, pode-se realizar provas terapêuticas com antibióticos (como
tetraciclinas) ou com antifúngicos (como cetoconazol e itraconazol);
Angioedema Hereditário
- Tratamento Primário - realiza-se
tratamento de longo prazo com
androgênios com baixo potencial
viralizante, como danazol (200 mg/dia),
estanozolol (2,5 mg/dia) ou oximetolona
- seu uso em mulheres e crianças deve ser
bem avaliado, devido ao risco de
virilização e fechamento precoce das
epífises ósseas - exige monitoração da
ocorrência de hirsutismo e
irregularidades menstruais;
- Tratamento Secundário – ácido épsilon-aminocarpoico;
- Tratamento de Emergência das Crises Graves de Angioedema com Deficiência do inibidor da C1-Esterase – plasma fresco congelado que contém
concentrado do inibidor do C1 (em alguns casos pode gerar exacerbação do angioedema) ou icatibanto (inibidor específico para receptor B2 da
bradicinina, 30 mg, subcutâneo, 6/6h, no máximo 3 injeções);
- Ácido Tranexâmico – usado 3 a 4 dias antes de cirurgia eletiva ou procedimentos odontológicos, como profilaxia do angioedema em pacientes
com deficiência do inibidor da C1-esterase;
9. PROFILAXIA
- Essencial na urticária redicivante crônica;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Eliminação das substâncias químicas ou fármacos que atuam como fatores etiológicos, como ácido acetilsalicílico e aditivos alimentares;
- Evitar os fatores desencadeantes nas urticárias físicas;
- Raramente bem-sucedida;
10. EVOLUÇÃO E PROGNÓSTICO
- Ainda quando não se descobre o agente etiológico precipitador, as urticárias evoluem para a cura;
- Porcentagem de Cura: em seis meses ocorre 50% de curas, em 1 ano 70% e em 5 anos 90% dos casos;
- O prognóstico é satisfatório na maioria das síndromes, com exceção do angioedema hereditário, que sem tratamento pode ser fatal;
a. QUALIDADE DE VIDA NA URTICÁRIA CRÔNICA
- Devido à evolução clínica benigna, sem mortalidade significativa, com lesões fugazes e desfiguramento temporário, os profissionais da saúde
tendem a subestimar o impacto da urticária crônica na vida dos pacientes;
- O impacto da doença se relaciona à estigmatização e desconforto causados e não só à sua gravidade clínica;
- A indeterminação da causa da urticária crônica e a possibilidade de resposta incompleta ao tratamento pode gerar frustação no paciente,
afetando diretamente a qualidade de vida;
- Interfere nas atividades diárias, gerando pior qualidade de vida (percepção do próprio indivíduo do seu estado de saúde), associada ao estresse
psicológico, vergonha, estigmatização e desconforto físico, com consequente decréscimo do bem-estar emocional, social, produtividade escolar
ou laboral - pode influenciar significativamente na evolução da doença e na resposta às intervenções terapêuticas;
- Prejudica a autoestima e as relações interpessoais;
- O prurido e a presença das urticas incomodam ou envergonha o paciente diante de outras pessoas, podendo atrapalhar o dia a dia ou limitar
o vestuário;
- O prurido, as lesões da pele e a angústia gerada podem interferir na execução das atividades laborais, ao diminui o nível de atenção ou ao gerar
indisposição e irritabilidade;
- A capacidade funcional (limitações físicas às atividades diárias) não apresenta comprometimento grande na urticária crônica;
- As mulheres sentem mais o impacto da urticária crônica do que os homens, apresentando maior vulnerabilidade psicológica e emocional frente
à urticária crônica;
- Os indivíduos mais escolarizados se sentem mais incomodados com o prurido e com as urticas, devido ao maior entendimento da situação
vivenciada, porém apresentam menor aceitação;
- Pacientes com até 1 ano da doença apresentam maior comprometimento da qualidade de vida, devido à limitação do lazer por vergonha ou
por medo do desencadeamento da doença, predispondo-os ao isolamento social;
- Os pacientes com angioedema no curso da urticária crônica apresentam pior qualidade de vida, devido ao seu caráter desconfigurante;
REFERÊNCIAS
- AZULAY. Dermatologia. 7 ed. 2017. Cap 19 (pg 448 – 471);
- RIVITTI. Manual de dermatologia clínica de Sampaio e Rivitti. 2014. Cap 14 (pg 117 – 125);
- WOLFF. Dermatologia de Fitzpatrick. 7 ed. 2014. Secção 14 (pg 344 – 352) e 23 (pg 535 – 536);
- CLARK. Michelle. Farmacologia Ilustrada. 5 ed. 2016. Cap 42 (pg 560 – 564);
- UE. Ana Paula, et all. Estudo da Qualidade de Vida nos Pacientes com Urticária Crônica. Anais Brasileiros de Dermatologia. 2011.
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Causada pela exposição direta a algum agente externo, em conjunto ou não com a luz ultravioleta na superfície da pele;
- É frequentemente associada à etiologia alérgica, porém 80% dessas são provocadas por substâncias irritantes – esses dois tipos são
diferenciadas quanto a causa, mecanismos fisiopatológicos, predisposição genética, testes cutâneos, apresentação clínica, tempo de
aparecimento das lesões, resolução e demarcação anatômica da lesão;
- Dermatite de Contato Sistêmica – erupção difusa que envolve as áreas de flexão e intertriginosas, que surge após a ingestão e exposição
sistêmica a um alérgeno a que o indivíduo foi previamente sensibilizado por via percutânea – ex.: corticoide oral ou inalatório, bálsamo de peru
dos perfumes, níquel ingerido, água da torneira;
Dermatite de Contato Alérgica (DCA)
- Mediada por mecanismos imunológicos a um alérgeno específico;
- Pode ser causada por substâncias inorgânicas, orgânicas, vegetais ou sintéticas;
- Nesta, concentrações pequenas do alérgeno podem desencadear a reação inflamatória;
- Os indivíduos om eczema atópico apresentam risco maior de sensibilização de contato;
Dermatite de Contato por Irritantes (DCI)
- Causada por dano tissular direto após contato com o agente agressor que inicia a reação inflamatória, ou seja, não necessita de sensibilização
prévia;
- Substância irritativa – causa reação inflamatória na maioria dos indivíduos, quando aplicada em concentração suficiente e por adequado
intervalo de tempo;
- Irritante Primário Absoluto - danifica a pele ao 1º contato, devido à ação cáustica das substâncias, com capacidade de causar dano tecidual,
gerando reações intensas com bolhas e ulcerações, como queimaduras - ex.: ácidos e álcalis – não existe suscetibilidade individual e os sintomas
surgem abruptamente, com melhora rápida após a suspensão do contato;
- Irritante Primário Relativo – danifica a pele após contatos repetidos ou prolongados por dias, semanas, meses ou anos de exposição ao agente
causador – seu surgimento depende das características da substância irritante, do tempo de exposição e da periodicidade do contato com o
agente irritante - ex.: sabões, detergentes, fezes e urina;
- É causa frequente de eczemas profissionais/ocupacionais;
- Comumente apresenta etiologia multifatorial, com implicação de fatores endógenos e exógenos;
- Afeta principalmente as mãos;
- Forma aguda – reação logo após a exposição;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Forma Cumulativa – leva semanas, meses ou anos para aparecer, ocorrendo após múltiplas exposições a irritantes leves, como sabões,
shampoo, detergente e lavagem frequentes das mãos;
- Eczema de craquelé – DCI que resulta da secura extrema da pele, devido à falta de hidratação, excesso de lavagem e ambiente seco;
c. FISIOPATOLOGIA
- A pele é o maior órgão do corpo
humano, funcionando como órgão
periférico de defesa do sistema
imunológico, com função de barreira, a
depender da sua espessura,
permeabilidade, local anatômico, meio
ambiente e capacidade de reagir
imunologicamente;
- A pele pode ser vulnerável a alguns
agentes, como infecções, alergias e
traumas;
- Constituição do sistema imune cutâneo
(SIC): tecido linfoide associado cutâneo
(TLAC), microvasculatura dérmica (MVD),
sistema imune dérmico (SID) e sistema
imune funcional cutâneo (SIFC);
- Tecido Linfoide Associado Cutâneo (TLAC) – formado por: células de Langerhans, queratinócitos, células endoteliais e linfonodos de drenagem
cutâneos – importante na indução da imunidade e tolerância;
- Microvasculatura Dérmica (MVD) – contém: células endoteliais, células dendríticas, monócitos, macrófagos, mastócitos e linfócitos T – local
onde ocorre à reatividade e expansão de alterações imunológicas e inflamatórias da pele;
- Sistema Imune Dérmico – inclui um complexo sistema cutâneo de resposta imune associada aos elementos celulares e humorais, responsável
por identificar e proteger o organismo das substâncias próprias (self) e eliminar as substâncias não próprias (non-self);
- Imunodeficiências – falha no mecanismo de destruição das substâncias não próprias (non-self), possibilitando infecções oportunistas e
neoplasias;
- Doenças Autoimunes – Ex.: LES, pênfigo foliáceo – falha no reconhecimento das substâncias próprias (self) pelo sistema imunológico;
- Pele Xerótica – ocorre diminuição dos lípides e aumento da perda transdérmica de água, aumentando o risco de eczemas atópico e de contato;
Dermatite de Contato Alérgica (DCA)
- Resposta inflamatória
imunologicamente mediada em que as
substâncias não próprias (non-self), são
adquiridas pela penetração percutânea;
- Refere-se ao sistema imune adaptativo -
ocorre no 2º contato, com a criação de
células de memória na 1ª exposição e
dermatite apenas a partir do 2º contato -
reação imunológica do tipo IV, ou seja,
mediada por linfócitos;
- Ocorre uma tensão entre a imunidade, a
autoimunidade e a capacidade de
produtos químicos transformarem as
proteínas cutâneas próprias (self) em não
próprias (non-self);
- Influência Genética – esses pacientes apresentam polimorfismos de NAT1, NAT2, GSTM, GSTT, ACE, TNF e IL-16, sendo esses dois últimos
associados a polissensibilização;
- É desencadeada por uma resposta imune específica contra determinantes antigênicos de substâncias químicas (hapteno) que entram em
contato com a pele, gerando a reação tipo IV de Gell & Coombs;
- Apenas substâncias com baixo peso molecular (< 500 daltons) são capazes de penetrar na pele intacta, essas se ligam às proteínas da pele,
formando conjugados hapteno-proteína, que são processados e apresentados à célula de Langerhans, responsáveis por levar os antígenos
específicos da superfície a se ligarem aos receptores específicos (MHC) de linfócitos T, gerando uma resposta imune;
- Após a sensibilização (via aferente), o conjugado hapteno-proteína entra na epiderme, liga-se à célula de Langerhans, ativa os queratinócitos e
as células da derme a liberarem as citocinas inflamatórias IL1, IL6, IL8, TNF-alfa e GM-CSF, e se dirige, a partir do complexo MHC, para o linfonodo;
- Fase de sensibilização / via aferente – no linfonodo o LTh0 é sensibilizado gerando clones de LTh1 específicos – ocorre em cerca de 10 dias;
- Fase de eczematização / via eferente (elicitação) - após a fase de sensibilização, se o indivíduo entrar em contato novamente com a mesma
substância a que foi previamente sensibilizado, os seus LTh1 sensibilizados, que possuem receptores específicos, serão guiados pelas adressinas
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
das células endoteliais, reconhecerão o antígeno ligado à célula de Langerhans e passarão a secretar citocinas inflamatórias IFN-gama, TNG-beta,
GM-CSF e IL2, causando edema intercelular (espongiose) – dura entre 12 e 36 horas;
Histologia das lesões inicias
- Infiltrados de linfócitos ao redor de vênulas dilatadas do plexo venoso superficial;
- Alguns linfócitos migram da derme papilar até a epiderme, gerando edema intercelular (espongiose), com alargamento dos espaços e
alongamento das pontes intercelulares entre os queratinócitos;
- Se o processo ocorrer lentamente, a espongiose evolui para hiperplasia epidérmica, enquanto se ocorrer rapidamente evolui para
microvesículas;
- As células do estrato córneo retêm o núcleo (paraqueratose), ocorrendo a descamação da epiderme, com secreção de líquido seroso;
- O infiltrado de linfócitos na derme se torna mais intenso, podendo aparecer ocasionalmente eosinófilos;
- Histologicamente indistinguível do eczema numular, eczema disidrótico e da DCI moderada;
Dermatite de Contato por Irritantes (DCI)
- Refere-se à imunidade inata – 1ª contato causa dano direto às células da pele;
- Causada por ação direta de substâncias químicas irritantes na epiderme, gerando dano aos queratinócitos e necrose;
- Os queratinócitos lesados liberam mediadores inflamatórios não específicos e fatores quimiotáticos, que causam vasodilatação na derme
(eritema), extravasamento de plasma na derme (edema) e na epiderme (bolha) e infiltrados celulares;
- Inicialmente, os linfócitos se posicionam ao redor dos vasos dilatados do plexo vascular superficial, que por seus fatores quimiotácteis atrai os
neutrófilos – células predominantes nas DCI moderadas a graves;
- A epiderme apresenta edema intercelular (espongiose) e intracelular (ballooning), caracterizado por intensa palidez do citoplasma;
- Ocorre mais frequentemente na pele de indivíduos atópicos;
Fotodermatites de Contato
- Requer a ação da luz ultravioleta
(fótons) para a absorção do antígeno
através da pele;
- Histologicamente indistinguível da
dermatite de contato por irritante e da
por contato alérgica;
- Dermatite de Contato
Fototóxica/Fotoirritante – substâncias
que se transformam em elementos
fototóxicos pela ação da radiação UVA,
não existindo mecanismo imunológico
associado - provocada pelos oxicans;
- Dermatite de Contato Fotoalérgica – a
luz solar converte a substância em estado
ativado, que desencadeia a reação
imunológica do tipo IV ao fotoalérgeno -
ex.: provocada por protetores solares
químicos;
- Não atingem as áreas de sombra, como
as pregas faciais, região submentoniana,
retroauricular e as pálpebras superiores;
- Diagnósticos diferenciais: LES,
dermatomiosite e rosácea;
d. HISTÓRIA NATURAL
- Fatores a serem considerados na dermatite de contato: estimulo (quantidade e concentração), higidez da pele em contato com a substância,
duração do contato com a pele, latência (tempo de contato e aparecimento da lesão), evolução e resolução;
- Dermatite de contato aguda – pápulas eritematosas, vesículas e lesões crostosas;
- Dermatite de contato crônica – liquenificação, fissuras, descamação e secura da pele;
- Comumente as lesões são acompanhadas de prurido;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
Estado da Pele
- Locais de pele pouco espessos (pálpebras, orelhas, genitais) são mais suscetíveis, enquanto os locais de pele mais espessa (palma das mãos e
solas dos pés) são mais resistentes;
- É menos frequente em crianças, por imaturidade imunológica, e em idosos, por deficiência imunológica natural;
- Ambientes muito quentes e úmidos facilitam a penetração do antígeno na pele – ex.: indivíduos que trabalham em contato direto com a água
e em locais úmidos, podem ter facilidade de penetração de antígenos ou de substâncias irritantes;
- Pacientes com xerose e/ou dermatite atópica possuem maior vulnerabilidade devido à quebra de barreira cutânea;
Duração do Contato
- Exposição esporádica à substância e retirada do local do contato com a pele em menos de 10 minutos com lavagem abundante diminui a
resposta imunológica, porém se a partir de 30 minutos, a resposta imunológica ocorre mesmo se com lavagem;
- Se o tempo de exposição é prolongado pode ocorrer dermatite de contato alérgica subaguda ou crônica;
- A antigenicidade de um hapteno pode ser aumentada, apesar do contato breve, nos pacientes com anormalidades na barreira cutânea devido
a sudorese ou pele xerótica;
Latência
- Período entre o contato com o alérgeno e o aparecimento da dermatite, ou seja, tempo que a célula de Langerhans leva para transportar o
conjugado hapteno-proteína da epiderme ao linfonodo, ativar as células Th1 a produzirem classes de células T sensibilizadas ao hapteno, que se
migram para a área de contato com o antígeno na pele;
- As células de Langerhans acopladas ao hapteno ficam vários dias nos gânglios regionais, desaparecendo gradualmente;
- A fase de sensibilização / via aferente dura cerca de 10 dias, mas após a sensibilização, o segundo contato com este antígeno demora de 24 a
48 horas para desencadear a dermatite de contato alérgica;
Evolução e Resolução
- Tanto fatores ambientais como genéticos influenciam o curso da dermatite;
- A liberação de mediadores inflamatórios pelas células T sensibilizadas produz o eczema;
- É pruriginosa;
- Quando o contato com o antígeno é esporádico, o eczema é agudo, com resolução entre 7 e 21 dias, raramente persistindo por mais de 40
dias;
- A resposta imunológica ao contato com o antígeno leva a sua eliminação e mantém a integridade cutânea do indivíduo;
- Mesmo após a remoção do alérgeno, o quadro clínico pode permanecer por semanas;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Resoluções espontâneas podem ocorrer quando o antígeno é removido e os mediadores das células T são eliminados, como com o uso de
corticoides tópicos ou sistêmicos em dosagem e tempo suficiente;
Dermatite de Contato por Irritantes (DCI)
- Provocada por uma exposição direta de uma substância irritante na superfície da pele;
- O dano celular é resultante da liberação não específica de mediadores de LT ativados;
- Podem se apresentar como dermatite acneiformes, hiperpigmentadas ou hipopigmentadas, como púrpuras ou como lesões atróficas;
- Inicialmente é bastante pruriginosa, com eritema e edema local, com nítida demarcação da dermatite, às vezes dolorosa, podendo apresentar
bolhas e necrose;
- Formas de apresentação: aguda, aguda tardia, irritante, acumulativa, eczemátide, traumática, pustular, acneiforme, não eritematosa e
subjetiva;
Estímulo
- A substância irritante entra em contato direto com os queratinócitos da epiderme, resultando em uma resposta inflamatória que depende da
concentração, de modo que se esta for alta, ocasiona a morte celular;
- Alguns alérgenos proteicos se tornam irritantes em concentrações elevadas;
Estado da Pele
- Hiperhidratação cutânea da pele, que ocorre em condições de trabalho úmido, favorecem a penetração do agente – exposição prolongada e
continua pode gerar a dermatite de contato por irritantes, enquanto o afastamento da condição a cura;
- A DCI é mais frequente em atópicos;
Duração do Contato
- O dano causado por um agente nocivo à pele depende do seu grau de irritabilidade;
- Quanto menor o pH, menor o tempo necessário para provocar dano celular;
- DCI Traumática – causada por trauma agudo, como queimadura química – causada por substância cáustica, com Ph alto ou baixo;
- DCI Cumulativa – consequência da exposição prolongada e contínua da pele a um agente, como detergentes – causado por substância fraca,
como a amônia;
- DCI Crônica – tempo curto de repouso da pele, não havendo tempo para a recuperação das suas barreiras de proteção natural;
Latência
- Tempo entre a exposição e a erupção da dermatite;
- Comumente é curto de minutos a horas, com exceção da DCI acumulativa;
- Não ocorre o período de sensibilização;
- A lavagem imediata ou a neutralização do agente agressor pode minimizar a gravidade da lesão;
Evolução e Resolução
- É menos previsível que a DCA;
- Apresenta ardor e queimação;
- O dano tissular pode ser visível em minutos (como em queimadura por substância cáustica) ou demorar meses (como na exposição prolongada
e continua a detergentes);
- A apresentação clínica é mais restrita à área de contato com o agente causador, com demarcação mais nítida, não se estendendo além;
- Pode apresentar hiperpigmentação ou hipopigmentação como sequela;
e. DIAGNÓSTICO
- Fundamenta-se na anamnese e na
aparência clínica da lesão;
- Qualquer dermatite eczematosa é
suspeita de dermatite de contato;
- A distribuição das lesões deve ser
compatível com o contactante – as áreas
expostas são mais propensas à dermatite
de contato;
- As mãos e a face são as áreas mais
afetadas;
- Em lesões eczematosas persistentes e
em áreas cobertas deve-se pensar em
drogas ou cosméticos como agentes
causais;
- Deve-se tentar descobrir o mais cedo
possível o agente/substância a que o
paciente possa estar sensibilizado para
que sua dermatite de contato não se
cronifique;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
História Clínica
- Possui sensibilidade e especificidade
moderada para o diagnóstico;
- Procura-se uma exposição causal de
agentes suspeitos;
- Investiga: localização inicial da lesão,
aparecimento em outras áreas próximas
ou distantes, sintomas associados, tipo
da lesão, tempo de aparecimento após o
contato com o suposto contactante,
relação com o trabalho, relação com o
ambiente doméstico, relação com as
atividades de lazer, relação com o sol,
relação com a exposição à água,
tratamentos já realizados, história
familiar, antecedentes pessoais;
- Relaciona a história com a exposição cutânea e a dermatite;
- DCI – aguda pelo uso ocasional de substância ácida (ácido sulfúrico) ou álcali (soda cáustica) ou instalação lenta pelo uso constante após
semanas ou meses de agentes causadores (sabões, detergentes orgânicos) – comumente apresenta bolhas, úlceras e necrose – se melhorar nas
férias indica DC profissional;
- DCA – requer sensibilização prévia (via aferente), com sensibilidade (via eferente) em 24 a 48 horas após o contato com o agente sensibilizante-
a aplicação por longo período de medicamentos tópicos, como corticoides, gera afinamento da espessura da pele, facilitando a sensibilização –
suspeitada quando a lesão piora após as drogas tópicas;
- Pacientes atópicos com eczemas persistentes, no couro cabeludo, face, pescoço e antebraços, podem ter dermatite de contato por ácaros;
Exame Físico
- Lesões eritematosas, pápulo-vesiculosas;
- Conforme a fase e o tipo de lesão, pode-se encontrar edema,
eritema, vesícula, descamação, exsudato, crostas, liquenificação,
ulceração, bolhas, necrose, hiperpigmentação e hipopigmentação;
- Costumam aparecer nas áreas de pele mais delgadas, como
pálpebras, face, orelhas, pescoço, dorso das mãos e pés e região
inguinal;
- As lesões são mais frequentes nas áreas descobertas;
- Se lesões hiperpigmentadas e expostas ao sol, pensa-se em
plantas como fator etiológico, como limão;
- 70% dos casos de dermatites na face em mulheres são causadas
por cosméticos;
- 50% dos casos de dermatites em MMSS em homens é
ocupacional;
Pálpebras
- Local frequentemente acometido pela DCA (80%), causada por cosméticos aplicados nos cabelos, face, unhas e áreas em volta dos olhos, como
cosméticos, shampoo, sabões e gel de banho, que possuem perfumes, conservantes, excipientes e níquel;
- A dermatite de contato alérgica ectópica (lesões distantes do local de contato), muitas vezes tem efeitos sobre as pálpebras – exemplo de
alérgenos implicados: verniz das unhas, resina formol toluenosulfonamida, unhas de gel e artificiais a resina para terciária, butilfenol,
formaldeído e acrilatos;
- Pode ocorrer dermatite de contato aerotransportada, localizada nas pálpebras, em contexto industrial, como a exposição à resina epóxi, em
ambiente rural, como a exposição a alérgenos de plantas;
- 25% dos pacientes com dermatite atópica apresentam dermatites crônicas nas pálpebras;
Face
- Local mais frequente das fotodermatites;
- Pode ocorrer devido a cosméticos e sabonetes, cursando com prurido, queimação ou pinicação após a aplicação;
- São em sua maioria de causas irritantes;
- DCA - a nível periférico da face, pode ser causada por produtos aplicados no couro cabeludo, enquanto na região central, os cremes e
maquiagens são responsáveis – pode ocorrer dermatite de contato alérgica ectópica e por contato aerotransportado;
Lábios
- A dermatite neste é nomeada queilite;
- A DCI é responsável pela maioria dos casos – apresentando como agentes físicos o frio, vento e o tempo seco, e como agente químico a saliva;
- A DCA pode ser provocada por alérgenos presentes em pasta dos dentes, batons, protetores labiais, pastilhas e transferência ectópica;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- TC Positivo – indica que o indivíduo está sensibilizado à substância, mas não que essa é necessariamente a causa da dermatite, devendo-se
correlacionar o resultado com a história clínica, local anatômico e profissão – pode ocorrer com substâncias não referidas pelo paciente ou não
relacionada com a profissão, devendo verificar se esta não possui reação cruzada com outra, como por exemplo a parafenilenodiamina e
benzocaína, etilenodiamina e tiurans;
- Síndrome Angry Back – reação falso-positiva que surge adjacente a uma reação verdadeira, originando inflamação e irritabilidade contígua –
causa: utilização de concentrações elevadas dos alérgenos, aplicação do teste em locais com lesões cutâneas;
- Falsos negativos – ocorrem em 30% dos casos, devido à baixa concentração do alérgeno no extrato, uso do veículo errado, exposição prévia à
radiação ultravioleta, aplicação de corticoterapia tópica no local da aplicação ou uso de corticoterapia > 20 mg/dia ou outro imunossupressor;
Teste Aberto de Aplicação Repetida (TAAR)
- Realizado quando o teste clássico é duvidoso;
- Adequado para cosméticos;
- Aplica-se substância testada próximo a fossa antecubital, realizando leitura em 15 minutos e 1 hora após a aplicação;
- Posteriormente, aplica-se a substância 2 x/dia, observando o desenvolvimento local de reação por 2 semanas;
Fototeste de Contato / Teste de Contato com Radiação Ultravioleta
- Técnica semelhante ao teste de contato;
- Na 1ª leitura, após a retirada da fita de contensão, expõe o local a uma lâmpada tipo Kromayer com filtro que absorva radiações ultravioletas
abaixo de 3200 A ou lâmpada de xenônio a uma distância de 50 cm, por 16 minutos;
- Para controle emprega-se mesma substância em outro local do corpo que não será exposto à radiação ultravioleta;
Biópsia de Pele
- Em geral não consegue distinguir as várias formas de eczema e nem diferenciar a DCA da DCI;
- Eczema Agudo – estrato córneo normal, epiderme normal ou espessada com edema entre queratinócitos, progredindo para a formação de
vesículas intraepidérmicas, presença de exocitose de linfócitos, infiltrado linfohistiocitário ao redor dos vasos superficiais, eosinófilos no
infiltrado e nas áreas de espongiose – na ECI pode ocorrer ulceração extensa, necrose e acantólise conforme o agente irritante;
- Eczema Subagudo – epiderme acantótica, com paraqueratose, pouca ou moderada espongiose, infiltrado inflamatório menos proeminente;
- Eczema Crônico – hiperqueratose, paraqueratose, hipergranulose, com acantose moderada, espongiose em focos mínimos, infiltrado
inflamatório esparso e presença de fibrose nas papilas dérmicas;
Evaporímetro
- Coloca-se substância na pele do paciente e realiza a leitura com o evaporímeto, que é um aparelho que mede a perda de água transepidérmica;
- Mais usado experimentalmente;
Doppler
- Coloca-se substância na pele do paciente e realiza a leitura com um aparelho Doppler, que mede o fluxo e a vasodilatação no local do teste;
- Mais usado experimentalmente;
Testes In Vitro
- Transformação blástica de linfócitos;
- Mais usado experimentalmente, sendo de difícil realização;
Critérios Dermatite de Contato Ocupacional
f. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Devem ser diferenciadas das outras lesões dermatológicas, como os eczemas, as infecções, as fotodermatites e outras lesões não eczematosas;
g. TRATAMENTO
- O tratamento na fase aguda baseia-se no uso de compressas frias, corticoides tópicos ou orais, PUVA e imunossupressores;
Identificação e eliminação do agente causal do meio ambiente
- Quando o agente causador da dermatite é identificado e evitado, pode-se atingir a cura da dermatite;
- Quando identificado a causa, o paciente deve ser instruído sobre a substâncias a que foi sensibilizado, recebendo uma lista de onde pode ser
encontrada e de possíveis substitutos;
- Se o contato com o agente causador persiste, a dermatite pode se tornar crônica e de difícil tratamento;
- Pode ser conseguido facilmente com antibiótico, mas pode ser praticamente impossível quando com formaldeído, que se encontra presente
em colas, papeis, cosméticos, desinfetantes, borracha, tintas e cigarros;
- Pode ser necessário visitas ao local de trabalho nas dermatites ocupacionais;
Corticosteroides
- Droga de escolha na dermatite de contato;
- Escolhe-se o tipo/potência e o veículo do corticoide tópico, quando em lesões que ocorrem em pequenas áreas;
- Áreas de pele fina (face e genitais) – não se usa corticoides fluorados de média e alta potência, devido à maior sensibilidade aos efeitos
secundários, como atrofia, hipopigmentação, estrias, acne e telangiectasias – indica-se os corticoides não fluorados, como a hidrocortisona
(baixa potência);
- Nas demais áreas o corticoide fluorado de média potência resolve a maioria dos casos;
- Pode-se usar os corticoides tópicos na forma de oclusão com filme plástico de PVC, aumentando a sua penetração e diminuindo o tempo de
resolução da dermatite;
- Nos locais de pele seca ou lesões crônicas usa-se pomadas, enquanto nos locais de pele úmida ou lesões agudas usa-se cremes;
- Corticoides Orais – usados em casos agudos e extensos, com comprometimento de área corpórea > 20%, por curtos períodos de tempo –
prednisona 1 mg/kg/peso, por 14 a 21 dias, reduzindo a dose inicial em 50% por semana – não devem ser usados para controle da dermatite de
contato crônica;
Anti-Histamínicos (anti-H1)
- Não são incluídos nas diretrizes internacionais de tratamento da DC pela baixa eficácia, pois a sua fisiopatologia não sugere participação
importante de mastócitos e histamina, diferentemente da urticária;
- Úteis no tratamento da DCA aguda, pois pode ocorrer prurido intenso;
- Os anti-H1 de 2ª geração podem suprimir o efeito rebote após o tratamento com corticoide tópico;
- Cetirizina – pode modular a expressão de moléculas de adesão, como ICAM-1, que é fundamental na DCA;
PUVA
- Fototerapia associada à ingestão de psoralenos;
- Indicada em casos resistentes à terapêutica clássica;
- Não tem os efeitos indesejáveis dos corticoides orais e imunossupressores;
- Precisa de 2 a 3 aplicações/semana, por períodos longos;
- Pode ocorrer fototoxicidade e, quando usada por longos períodos, danos na pele, como despigmentação, rugas, manchas, neoplasia e catarata;
Inibidores da Calcineurina
- Imunomodulador tópico que ainda não está aprovado para tratar a DC em alguns países;
- São menos eficazes que os corticoides tópicos;
- Não causam atrofia e são eficazes na dermatite atópica, podendo ser usados em casos agudos;
- Atuam na inibição do gene que regula a expressão da IL-2 nos linfócitos T;
- Os imunomoduladores sistêmicos, como a ciclosporina e a azatioprina, apresentam bons resultados em pacientes com DC crônica,
corticorresistente nas mãos – não são usados como 1ª linha, devido ao perfil de segurança;
Outros
- Dietas pobres em níquel;
- Retinoides tópicos;
- Antissépticos;
- Antibióticos tópicos – em caso de infecção 2ª;
- Não devem ser usados como 1ª linha, devido aos resultados conflitantes;
h. PREVENÇÃO
- Evita o aumento da prevalência e incidência das DCI e DCA;
- Prevenção no Trabalho – uso de equipamentos de proteção individual, retirada de produtos irritantes, substituição dos potenciais
sensibilizantes;
- Indivíduos atópicos devem evitar trabalhos em que possam se sensibilizar facilmente;
- Proteção da pele a produtos químicos que causam DCA – tenta-se luvas, cremes e/ou pomadas protetoras – resultados pouco eficazes, em
longos períodos;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
Manto Lipídico
- Constituído por ceramidas (40% - principal responsável pela retenção intracelular de água), colesterol (25%), sulfato de colesterol (10%) e
ácidos graxos livres (25%);
- Atua como principal via de penetração de substâncias pela pele;
- Suas alterações são independentes das mutações do gene da filagrina, correlacionando-se com a maior gravidade da doença;
Manto Ácido
- O pH ácido da pele ajuda a reduzir a expressão do fator de aglutinação B e da proteína de ligação à fibronectina, que são proteínas
estafilocócicas da superfície, que se ligam no hospedeiro, respectivamente, à citoqueratina e à fibronectina;
- O pH ácido de 4,5 a 5,5 permite a manutenção da flora bacteriana residente normal, constituída por bactérias gram-positivas, como
Staphylococcus sp, S. epidermidis, Micrococcus luteus, Corynebacterium e Streptococcus sp.;
- O pH ácido e a flora residente dificultam a colonização por bactérias patógenas, principalmente a S. aureus;
- O paciente atópico apresenta pequena diversidade bacteriana em sua pele (desequilíbrio da flora cutânea), redução de peptídeos
antimicrobianos (PAM), deficiência de denfensinas B e diminuição de neutrófilos, facilitando a colonização por S. aureus;
- 90% dos pacientes com DA possuem S. aureus na área lesional e 55 a 75% na área não afetada – apenas 10% da população normal é colonizada
por esta;
Alterações Imunológicas
- A ruptura da barreira física inicia uma resposta imune inata rápida para evitar invasões e replicação microbiana;
- Os queratinócitos e as células apresentadoras de antígenos da pele expressam uma série de receptores imunes inatos, como os receptores Toll
like (TLRs);
- A estimulação dos TLRs por agentes microbianos ou lesões teciduais induz a liberação de peptídeos antimicrobianos, citocinas e quimiocinas
que aumentam a força da junção intecelular, buscando limitar a penetração de alérgenos e micro-organismos;
- Os pacientes com DA apresentam a função dos TLR reduzida;
- Na DA ocorre um desequilíbrio do sistema imune adaptativo mediado por várias células T, que infiltram a camada epidérmica e produzem
citocinas inflamatórias, diminuindo a sua diferenciação, apesar da aparência saudável da pele não lesada;
- A exposição prolongada a agentes patogênicos adapta as respostas imunes e impulsiona o desenvolvimento de um ambiente de citocinas Th2
especializado, com produção de IL-4, IL-13 e IL-31;
- Células dendríticas e células de Langerhans tornam-se ativadas pelo reconhecimento de antígenos derivados de agentes patogênicos, que
promovem a indução da resposta imune Th1, Th2, Th17 e Th22 em lesões agudas de DA;
- O mecanismo de troca de classe IgE (switching) induz a maturação das células dendríticas e das células de Langerhans que expressam receptor
de alta afinidade para IgE, formando respostas imunes adaptativas e induzindo o recrutamento de células inflamatórias;
- As citocinas derivadas de vários subtipos de células T modificam gradualmente a doença, da fase não-lesional para a fase crônica;
- A linfopoietina estromal tímica (TSLP) induz as propriedades de polarização Th2 impulsionadas pelas células dendríticas na DA aguda;
- Após o início da doença aguda, as citocinas Th2 e Th22 (IL-4, IL-13 e IL-22), sinergicamente com a IL-17 de Th17, contribuem para a inibição da
diferenciação epidérmica de produtos gênicos, como filagrina, loricrina e corneodesmosina;
- O aumento abrupto da IL-31 induz prurido grave, para além dos seus efeitos inibitórios na diferenciação epidérmica, seguido da ação de um
arranhão por coçadura que agrava a deficiência da barreira;
- A IL-22 contribui para a hiperplasia epidérmica e impulsiona o aumento de peptídeos antimicrobianos (AMPs) como o S100 e proteínas de beta-
defensina humana (hBD) com IL-17;
- Na fase crônica da DA predomina a resposta tipo Th1, que produzem IFN-gama, responsável por conferir proteção contra agentes patogênicos
intracelulares, ativando células fagocíticas, ou seja, atua na manutenção da função e barreira da pele;
- A IFN-gama pode estar envolvida na hipertrofia da pele da DA, além de aumentar a síntese de ceramida, reforçar o envelope lipídico, modificar
a função dos queratinócitos, tornando-os mais sensíveis aos sinais de ligação de CD40 ou TFN, que induzem o processo inflamatório, e gerar a
apoptose dos queratinócitos, causando disfunção da barreira cutânea e formação de espongiose;
e. FATORES DESENCADEANTES
Agentes Infecciosos
- As infecções são a principal complicação nos pacientes com DA;
- O paciente com DA apresentam suscetibilidade a infecções e colonizações por microrganismos que agravam a doença, devido as alterações do
pH e deficiência de peptídeos antimicrobianos;
Staphylococcus aureus
- Coloniza mais de 90% dos pacientes com DA, podendo exarcebar ou manter a doença;
- Pode ser encontrado na pele não lesada, como nas áreas intertriginosas e vestíbulo nasal;
- 50 a 60% dos que colonizam a pele do paciente com DA são produtores de toxinas;
- O aumento da frequência da colonização está relacionado à gravidade da doença;
- 70% das lesões ativas apresentam-no;
- Sinais clínicos de DA infectada: aumento da exsudação, fissuras periauriculares, pústulas
superficiais e crostas melicéricas;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- O coçar facilita a colonização bacteriana por provocar solução de continuidade na barreira cutânea e expor a lamina e a fibronectina, que fixam
os receptores da parede bacteriana (adesinas), gerando maior aderência;
- O S. aureus produzem toxinas na superfície da pele, que penetram na pele e se ligam nos receptores do MHC, provocando a ativação policlonal
de linfócitos T, com liberação de citocinas responsáveis por induzi a diferenciação dos linfócitos em Th2, de modo a secretar IL-31 e intensificar
o prurido, além de atuar nos queratinócitos e induzir a expressão de moléculas de adesão e liberação do TNF-alfa - atua na piora e manutenção
da doença;
- O S. aureus atua como superantígeno que desencadeia uma resposta IgE específica contra as toxinas estafilocócicas - a síntese de IgE contra
essas relaciona-se à gravidade da DA;
- Essa bactéria aumenta os receptores Beta não funcionantes, induzem apoptose de células e podem inibir a ação dos corticosteroides,
contribuindo para a falha terapêutica;
Fungos
- Atuam como fatores desencadeantes de DA, estando relacionado as formas de difícil tratamento, com lesões na face e região cervical, e nos
adolescentes;
- Inclui principalmente os do gênero Malassezia – a Malssezia spp pode produzir proteínas imunogênicas, que desencadeiam a produção de IgE
e induz a liberação de citocinas inflamatórias;
- Os fungos desse gênero pertencem à microbiota habitual da pele, mas podem causar dermatoses (ptiríase versicolor, foliculite, dermatite
seborreica) – por ser lipofílico, é encontrado principalmente nas áreas com maior concentração de glândulas sebáceas, porém os emolientes e
as loções que alteram o conteúdo lipídico da pele podem alterar sua quantidade;
- A IgE específica à Malassezia pode ser encontrada em indivíduos saudáveis, porém sem sensibilizá-los, enquanto em indivíduos com DA
frequentemente existem anticorpos contra a Malassezia, com positividade em 30 a 80 do teste cutâneo de hipersensibilidade imediata,
ocorrendo principalmente em indivíduos com DA grave a moderada, em adultos com DA e em pacientes com lesões na região cefálica e no
pescoço;
- O aumento do pH cutâneo ocasiona maior produção de substâncias alergênicas pela Malassezia;
Alérgenos Alimentares
- As alterações na barreira cutânea facilitam a penetração dos alérgenos alimentares;
- 30% das crianças com DA moderada e grave possuem alergias alimentares;
- Principais alérgenos: clara de ovo (alimento mais implicado como desencadeante de DA), leite de vaca e trigo;
- Quando se suspeita de DA desencadeada por alimentos, deve-se realizar o teste de provocação duplo cego controlado por placebo – indicação
em menores de 5 anos com DA moderada a grave: DA persistente ou história de reação imediata após ingestão de alimento especígico;
- Outros testes: testes cutâneos de leitura imediata (puntura), pesquisa de IgE sérica específica in vitro – sua positividade mostra apenas a
sensibilização e não necessariamente o diagnóstico clínico de DA, precisando ser analisado juntamente a história clínica;
Aeroalérgenos
- São fatores desencadeantes relevantes nos pacientes com DA, pois a inalação dos alérgenos exacerba as lesões da DA e as queixas dos pacientes
com DA diminuem nos ambientes com redução do nível de ácaros de poeira;
- Inclui principalmente os ácaros da espécie Dermatophagoides pteronyssinus e D. farinae, além do mofo em ambiente úmido;
- Não existem procedimentos padrão para comprovação da correlação, assim deve-se diminuir o contato com aeroalérgenos em pacientes muito
sensíveis que apresentem sintomas crônicos moderados a graves da doença;
Autoantígenos
- Apresentam reatividade de IgE a vários antígenos proteicos humanos, compondo um fator na imunopatogênese da DA;
- Deve-se à similaridade entre antígenos ambientais e proteínas humanas, de modo que a IgE é produzida inicialmente devido à exposição de
indivíduos alérgicos a alérgenos exógenos, gerando inflamação alérgica, que pode persistir mesmo na ausência deste como inflamação crônica,
devido ao reconhecimento de autoantígenos;
Fatores Neuro-Psico-Imunológicos
- Fatores externos como estímulos emocionais, físicos, químicos e biológicos provocam uma resposta mais acentuada nos pacientes com DA;
- O sistema neuroendócrino aumenta na pele dos pacientes com DA, com maior desenvolvimento da ligação das células endócrinas com a
inervação da pele, de modo que esta pode atuar desregulando a produção de citocinas e de outros fatores, resultando na redução da defesa do
hospedeiro;
A interação entre a alteração da filagrina e o sistema neuroendócrino na pele ocasiona piora da sensação de prurido ao menor estímulo;
f. FISIOPATOLOGIA
- Sua fisiopatologia envolve fatores genéticos, ambientais, anormalidade da barreira cutânea, desregulação imunológica e alterações do
microbioma da pele, que causa lesões cutâneas e prurido intenso;
- Possuem barreira cutânea suscetível à xerose, estado de ressecamento patológico da pele ou das membranas mucosas, que faz com que a
exposição a irritantes ambientais e alérgenos gere inflamação e prurido;
- As alterações da barreira cutânea pode ocorrer pela diminuição dos níveis de ceramidas, que desempenham papel na função de barreira da
pele e previnem a perda de água transepidérmica;
- A filagrina é uma proteína epidérmica decomposta em fator de hidratação natural, ausente nesta patologia, determinando a alteração da
barreira cutânea;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- A barreira defeituosa, permite que irritantes e alérgenos penetrem na pele e causem inflamação através de uma resposta Th2 hiperativa
(aumento de IL-4 e citocinas IL-5) em lesões agudas e respostas Th1 (IFN-gama e IL-12) em lesões crônicas;
Fatores Desencadeantes e/ou Irritantes
- Inclui: agentes infecciosos, alérgenos alimentares e aeroalérgenos;
g. QUADRO CLÍNICO
- É variável conforme a idade e o curso da doença;
- Possui a pele seca (xerodermia) e limiar diminuído para prurido como sinais clássicos;
- Segue um curso crônico e recidivante ao longo de meses a anos, podendo se prolongar até a fase adulta;
- Alguns pacientes podem apresentar prurido constante e incontrolável, diminuindo a qualidade de vida;
Lesões Eczematosas – Eczema Atópico
- O eczema é a inflamação cutânea, com eritema, pápula,
seropápula, vesículas, escamas, crostas e liquenificação –
apresenta como características histopatológicas inespecíficas a
espongiose, acantose, paraqueratose, infiltrado linfocitário e
exocitose;
- Caracteriza-se por: prurido, lesões crônicas ou recidivantes,
distribuição e morfologia variável conforme a idade;
- O prurido pode ser agravado pelo calor, suor, banhos, atividades físicas, mudanças de temperatura ambiente, alterações de humor, estresse,
uso de roupas de lã ou sintéticas, gerando irritabilidade e alterações de sono;
- Apresentam-se com formas agudas (edema, vesículas e secreções), subagudas (eritema e edema menos intensos, com secreção e crostas nas
lesõe, descamativas) e crônicas (liquenificação da pele, prurido intenso e lesões de aspecto mais seco);
Fase Infantil Inicial
- Engloba do nascimento até o sexto mês de vida;
- Características: prurido intenso, lesões cutâneas com eritema,
pápulas, vesículas, formação de crostas;
- Localização: face (poupa o maciço central) face extensora dos
membros e tronco;
- Comumente apresenta infecção secundária, com exsudação e
crostas melicéricas;
- Seus surtos podem ser desencadeados por infecções respiratórias,
alterações climáticas, fatores emocionais e alimentos;
Fase Infantil Após os Primeiros 6 Meses
- Entre os 8 e 10 meses as lesões acometem as regiões extensoras dos membros, principalmente devido a fricção do ato de engatinhar ou de se
arrastar no chão;
- O eczema generalizado pode melhorar nesta fase, porém raramente desaparece totalmente;
- Pode haver combinação do quadro com a dermatite seborreica, cursando com escamas típicas no couro cabeludo;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
Fase Pré-Puberal
- Ocorre a partir dos 2 anos de idade até a puberdade;
- Características: substituição gradual das pápulas eritematosas e vesículas por liquenificação,
ou seja, região com espessamento, escurecimento e acentuação dos sulcos da pele, com
prurido;
- Localização: lesões nas regiões flexurais dos joelhos, cotovelos, pescoço, pulsos e
tornozelos;
- 60% dos pacientes apresentam melhora importante ou desaparecimento total das lesões
nesta fase da doença;
Fase Adulta
Pitiríase Alba
- Manchas hipocrômicas com bordas mal definidas, discretamente
ásperas, devido ao ressecamento da pele;
- Presente em 40 a 60% dos pacientes atópicos;
- Localização: face, membros superiores, inferiores e tronco;
- Pode ser necessário a realização de exame micológico para
diferenciação com a pitiríase versicolor e a pesquisa de
sensibilidade e a prova de histamina para diferenciação com a
hanseníase;
Sinal de Hertogue
- Rarefação na parte distal lateral da sobrancelha, devido à diminuição dos pelos;
- Deve-se à coçadura constante;
- Presente em menos da metade dos pacientes;
Xerose / Asteatose
- Pele ressecada presente em praticamente todos os pacientes com DA;
- É um dos principais sinais da doença;
- Sua presença desencadeia o prurido;
- Deve-se aos defeitos da barreira cutânea;
- Aumenta a TEWL e a permeabilidade cutânea aos fatores irritativas e alérgicos;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Áreas de acometimento: (bebês) rosto; (crianças maiores e adultos) regiões de dobras e área flexural – em pacientes com tons de pele mais
escuro o eczema se torna generalizado e o envolvimento folicular é proeminente;
- Exame Físico: xerose, liquenificação (espessamento e aumento das marcas da pele), eczema (áreas mal definidas de eritema, descamação,
vesiculopapulas agrupadas e crostas) e escoriações (devido a arranhões do ato de coçar);
Critérios de Hanifin e Rajka
Exames Laboratoriais
- A biópsia de pele e os testes laboratoriais, como os níveis de IgE, podem ser úteis para descartar outras condições de pele, mas não são usados
rotineiramente na avaliação dos pacientes com suspeita de dermatite atópica;
- Contagem de eosinófilos no sangue periférico e níveis séricos de IgE total – frequente nos pacientes com DA, porém ausente em 20% desses –
seus níveis aumentados são mais frequentes em pacientes com mutações do gene da filagrina;
- Níveis séricos de IgE específicos – documenta a sensibilização alérgica ao mesmo – 15% dos pacientes com DA leve e moderada apresentam
alergia alimentar;
- Biópsia cutânea – características: espongiose, formação de vesículas, exocitose de linfócitos, paraceratose e acantose;
- Teste cutâneo de leitura imediata (TCLI) – identifica anticorpos da classe IgE específicos, sendo os mais envolvidos: D. pteronyssinus, D. farinae,
Blomia tropicalis, B. kulagini, leite de vaca, clara de ovo, amendoim e soja – a positividade indica sensibilização, mas não necessariamente sua
participação na DA;
- Teste de contato para atopia – identifica a sensibilização a alérgenos provocadores de lesões eczematosas nos pacientes com DA, na ausência
de IgE específica;
- Provocação oral com alimentos – padrão ouro no diagnóstico de alergia alimentar em crianças com DA;
Classificação de Gravidade
- Pode ser classificada conforme a extensão, gravidade e intensidade da inflamação e dos sintomas subjetivos em leve, moderada e grave;
- Permite a definição do tratamento mais adequado e o monitoramento da resposta terapêutica;
- Deve-se avaliar a extensão e as características da erupção cutânea, como a presença de prurido, o impacto no sono e nas atividades diárias e
a persistência da doença;
- A piora isolada desses escores não define um surto agudo;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Escalas: Scoring of Atopic Dermatites (SCORAD), Eczema Area and Severity Index (EASI), Investigator Global Assessment (IGA) e alidated
Investigator Global Assessment for Atopic Dermatites (vIGA-AD), Patient-Oriented Eczema Measure (POEM) e Patient-Oriented SCORAS (PO-
SCORAD) – as duas últimas são mais usadas na prática clínica, podendo ser respondidas por pacientes;
- Doença leve – apresentam crises intermitentes com remissão espontânea;
- Doença moderada a grave – necessita de tratamento intensivo e reavaliações seriadas, em períodos curtos de tempo, para evitar ou tratar
precocemente os surtos - sintomas raramente desaparecem sem tratamento;
- As lesões cutâneas eczematosas graves são raras (< 10% dos casos) e os sintomas tendem a melhorar ou desaparecer com a idade;
- Índice de Qualidade de Vida Dermatológico (DLQI) – a qualidade de vida pode ser avaliada por esse questionário de 10 itens, responsável por
avaliar o impacto das doenças cutâneas na qualidade de vida dos pacientes em relação às atividades de vida diária, lazer, trabalho, estudo,
relações pessoais e tratamento, pontuando cada item de zero a três, que soma um escore total de zero a 30, de modo que quanto menor o
escore, maior a qualidade de vida – a redução de 5 pontos no score mostra desfecho positivo da intervenção terapêutica;
- Escore de Qualidade de Vida na Dermatologia Infantil (CDLQI) – avalia a qualidade de vida de pacientes entre 5 e 16 anos de vida, em diversas
dermatoses, a partir de 10 itens, a cerca de 6 domínios (sintomas e sentimentos, lazer, escola e férias, relações pessoais, sono e tratamento),
respondidos conforme a semana anterior à sua aplicação, em escores de zero a três, correspondendo a não, pouco, muito e muitíssimo, com
resultado total sendo a soma dos escore – quanto mais alto o escore, pior a qualidade de vida do paciente;
i. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
Hidratantes e Emolientes
- A hidratação da pele é o ponto-chave do tratamento dessa
doença;
- Os hidratantes são compostos por emolientes (preenchem os espaços entre os corneócitos, mantendo a hidratação), umectantes (aumenta a
hidratação da camada córnea, preservando sua estrutura) e por substâncias oclusivas (formam um filtro hidrofóbico sobre a epiderme que
retarda a evaporação da água e a penetração de agentes irritantes, como alérgenos e toxinas);
- Para manter a hidratação da pele deve-se aplicar emolientes pelo menos 2 x/dia, imediatamente após o banho ou a lavagem das mãos;
- O tempo médio de ação de cada variante é de 2 a 6 horas;
- A quantidade de hidratante aplicada varia com a faixa etária e a superfície corporal;
- Prefere-se cremes mais espessos, com baixo teor de água ou pomadas com zero teor de água, que garantem melhor proteção contra a xerose;
- O agente deve ser seguro, eficaz, barato, livre de aditivos, fragrâncias, perfumes e outros sensibilizantes;
- As loções são menos eficazes do que os cremes e pomadas espessas, mas podem ser uma alternativa;
- Inclui o gel e creme de babosa;
Banhos
- A água na temperatura adequada pode promover a hidratação da pele e remover escamas, crostas, irritantes e alérgenos;
- Os banhos podem ser curtos (5 a 10 minutos) e com temperatura da água entre 27 e 30°C (água morna), preferencialmente com sabonetes
com pH fisiológico (levemente ácido);
- Aplica-se os emolientes após a secagem da pele, buscando manter a hidratação;
- Evita-se: sabonetes com formulação antisséptica, pois podem irritar a pele, e sabonetes com ingredientes alimentares, como proteína de trigo
ou amido de arroz;
- Pode haver benefício o banho com hipoclorito de sódio diluído a 0,006% por 5 a 10 minutos, 2 a 3 vezes/semana;
Fototerapia
- Indicação: prurido difuso não controlado apenas com terapia tópica, com falha dos outros tratamentos;
- Contraindicação: uso concomitante de ciclosporina, pacientes com xeroderma pigmentoso, albinismo, dermatoses fotossensíveis (LES), história
de melanoma ou múltiplos cânceres não melanocíticos de pele;
- Inclui: luz ultravioleta A (UVA) banda estreita, luz ultravioleta B (UVB) ou uma combinação de psoraleno em conjunto com UVA (PUVA);
- Efeitos: melhora os sinais clínicos, reduz o prurido e a colonização de bactérias, poupando o uso de esteroides;
- Comumente a longo prazo ocorre falta de adesão;
Curativos / Bandagens
- Alguns pacientes podem se beneficiar do seu uso;
- Usados sobre emolientes e corticoides tópicos por 7 a 14 dias durante os surtos ou durante os períodos maiores em casos de eczema crônico;
- Os curativos úmidos são usados para reduzir a gravidade da dermatite atópica, sendo aplicados sobre lesões eczematosas significativas ou
persistentes;
- Teoricamente ajuda a ocluir o agente tópico, aumentando a penetração, diminuindo a perda de água e proporcionando uma barreira física
contra arranhões;
- Contraindicação: eczema úmido ou infectado;
Terapia de Reversão de Hábito
- Técnica comportamental usada para diminuir a frequência de comportamentos repetitivos;
- Componentes: conscientização, relaxamento, resposta recorrente, apoio social e generalização;
Tratamento Farmacológico
Corticoides Tópicos
- 1ª linha do tratamento dos surtos agudos e prurido;
- Fatores determinantes da escolha: idade do paciente, área do corpo envolvida e grau de
inflamação da pele;
- Disponíveis no SUS: dexametasona (1 mg/g – 0,1% - 1 a 3 aplicações diárias do creme, por
menos de 30 dias, aplicando o creme 2 vezes/semana na fase de manutenção) e acetato de
hidrocortisona (10 mg/g – 1% - aplicar 1 camada fina 2 a 3 x/dia, sob ligeira fricção, após a
melhora do quadro aplicar 1x/dia, com prolongamento por no máximo 3 semanas em
lactentes e crianças < 4 anos, principalmente nas áreas cobertas por fraldas);
- Contraindicações: (dexametasona) tuberculose da pele, varicelas, infecção por fungo ou
herpes simples; (hidrocortisona) processos tuberculosos ou sifilíticos na área tratada,
doenças causadas por vírus, rosácea, dermatite perioral, reações após aplicação de vacinas
na área;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Efeitos adversos: atrofia da pele, dermatite perioral, supressão adrenal, acne rosácea, estrias, telangiectasias e efeitos sistêmicos de absorção
do corticoide – ocorrem principalmente quando usados em áreas extensas do corpo (10% ou mais) ou por períodos > 4 semanas;
- Dexametasona – o paciente deve ser reavaliado em 1 a 2 semanas, para avaliação dos locais de aplicação e dos efeitos adversos – após a cura
da lesão, deve-se diminui o uso do medicamento a cada 2 dias antes de iniciar a terapia de manutenção;
- Hidrocortisona – resposta inicial em 7 dias – sua absorção pode ser aumentada pelo grau de inflamação da pele, uso oclusivo, tipo de veículo
e concentração do produto – pode apresentar como efeitos adversos o prurido, ardor, eritema e vesiculações;
Ciclosporina
- Formas de apresentação: cápsula de 25, 50 e 100 mg; solução oral de 100 mg/ml;
- Usada no tratamento da dermatite atópica moderada a grave, sendo eficaz na maioria dos pacientes, com diminuição da atividade da doença
em 2 a 6 semanas após o início do tratamento;
- Mecanismo de ação: inibidor da calcineurina, inibindo o citocromo P450 e a glicoproteína P, fazendo com as citocinas inflamatórias (interleucina
2), essenciais para a ativação dos linfócitos T, não seja sintetizada, ou seja, gera inibição específica e reversível de linfócitos imunocompetentes
durante o ciclo celular;
- Prescreve-se a menor dose capaz de controlar a doença e minimizar os eventos adversos;
- Fase aguda – objetivo: remissão dos sintomas – administração oral de 3 a 5 mg/kg/dia, dividida em 2 doses diárias, por 6 semanas – as doses
inicias mais altas geram controle mais rápido da doença, reduzindo a área de superfície corporal envolvida, melhorando a qualidade de vida do
paciente;
- Fase de manutenção – objetivo: minimizar as chances de recorrência – após 6 semanas do tratamento da fase aguda, reduz a dose diária para
2,5 a 3 mg/kg/dia;
- Prescreve-se a menor dose clinicamente útil no tratamento a longo prazo;
- Administrada por 3 meses a 1 ano contínuo, porém prefere-se não ultrapassar 8 a 12 meses de uso, com tempo máximo de 2 anos contínuos-
após melhora os sintomas deve ser substituída por tratamento tópico convencional;
- Durante seu uso deve-se monitorar constantemente a pressão arterial e a função renal;
- Durante seu uso deve-se realizar forte proteção solar;
- Eventos adversos; náusea, diarreia, hipertricose, dor de cabeça, hipertensão, dor abdominal, parestesia, dor nas pernas e febre, rosto e
pálpebras inchados, dispneia, tremor, hiperplasia gengival, câncer de pele, linfoma, nefrotoxicidade, alterações laboratoriais da ureia e creatinina
– deve-se monitorar a PA e os sinais de insuficiência renal durante seu uso, sendo que os níveis aumentados de creatinina sérica indica a
necessidade de redução de dose e/ou suspensão do tratamento;
- Contraindicação: combinação com fototerapia, insuficiência renal crônica, neoplasia em atividade, lactação, infecção aguda ou crônica ativa,
tuberculose sem tratamento, hipertensão não controlada, hipersensibilidade ao medicamento, uso simultâneo de fototerapia;
**usado com cautela em pacientes com HIC, HCV, HBV e HPV**
Outros
- Antimicrobianos tópicos – podem ser usados em caso de infecções de pele – evita-se o uso rotineiro devido ao aumento da resistência
bacteriana e a possibilidade de dermatite alérgica de contato;
- Aciclovir – oral em caso de infecções virais, como o eczema herpético, porém em caso de febre, letargia, cefaleia, náuseas, tonturas e
hospitalização pode ser administrado intravenoso;
- Anti-histamínicos – poucas evidências do tratamento adjuvante – podem melhorar a qualidade do sono;
- Inibidores tópicos da calcineurina (tacrolimo e pimecrolino) – metotrexato, azatioprina, micofenolato de mofetila, dupilumabe e inibidores da
Janus Quinase – indisponíveis no SUS;
REFERÊNCIAS
- MOTTA. A.A. Et. all. Dermatite de Contato. Rev. Bras. Alerg. Imunopatol. 2011.
- ROSMANINHO. I., MOREIRA. A., SILVA. J.P.M. Dermatite de Contacto: Revisão da Literatura. Rev. Port. Imunoalergologia. 2016;
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Diagnóstico e Tratamento do Eczema de Contato. Projeto Diretrizes. 2001;
- RUENGER. T.M. Dermatite de Contato. Manual MSD: Versão para Profissionais de Saúde. 2023. Link de acesso:
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/dermatite/dermatite-de-contato;
- MNISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Dermatite Atópica. 2023;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Não é dose-dependente;
- Pode apresentar reações cruzadas com outros agentes;
- Ex.: clorpromazina, sulfas e salicilamidas;
Efeito Tóxico
- A toxicidade ocorre quando o contato com determinado composto desencadeia resposta do organismo por dosagem excessiva, falhas de
metabolismo ou mecanismo alérgico (aplasia da medula pelo cloranfenicol);
Superdosagem
- Ocorre quando o limite de tolerância do organismo é ultrapassado a curto prazo ou após o uso prolongado (efeito cumulativo);
- Ex.: aparecimento de zumbido com o uso de ácido acetilsalicílico; ingestão de barbitúricos levando ao coma; clofazimina causa hipercromia;
doença de Bowen anos após a ingestão de arsênico inorgânico;
Idiossincrasia
- Resposta individual peculiar e paradoxal a uma substância;
- Deve-se as deficiências enzimáticas hereditárias;
- Ex.: sedativos provocando euforia;
Intolerância
- Resposta individual exagerada às doses normais da medicação;
- Ex.: eritromicina causando intolerância gástrica em adultos;
Teratogenicidade
- Os fármacos administrados no período da organogênese (entre a 4ª e a 8ª semana de gestação) podem desencadear malformações;
- Ex.: retinoides, talidomida, substâncias citotóxicas, vismodegibe, lítio, quinina, cumarínicos e hidantoina;
**fármacos só devem ser administrados na gravidez quando estritamente necessário, tendo potencial não teratogênico comprovado e não
desencadearem efeitos colaterais importantes**
3. DIAGNÓSTICO
- Sempre que o médico de confrontar com um caso atípico de apresentação clínica, evolução, patologia ou resposta terapêutica deve-se
considerar o diagnóstico de farmacodermia;
a. DIAGNÓSTICO CLÍNICO
- A anamnese é a principal ferramenta para identificação do agente causal;
- A concomitância do aparecimento da erupção com a ingestão de um fármaco deve despertar a atenção do profissional para o diagnóstico da
farmacodermia;
**ocasionalmente a farmacodermia surge anos após o uso esporádico ou continuado de determinado fármaco**
- Deve-se pesquisar todo agente terapêutico ingerido, injetado, inalado ou tópico, além de se considerar a passagem da droga pela placenta
durante a gestação, pelo leite durante a lactação, a presença de drogas ocultas em alimentos (como aditivos ou conservantes) e as inaladas
acidentalmente ou por exposição ocupacional;
- Deve-se excluir outras causas, como as infecciosas;
- Fatores a serem avaliados: intervalo entre a introdução do fármaco e o aparecimento da reação, ocorrência de melhora após a interrupção do
uso do fármaco, reações semelhantes associadas ao mesmo composto, ocorrência de qualquer reação após a readministração do fármaco;
- As vias de administração dos medicamentos se relacionam com a forma da RMA, ocorrendo por exemplo anafilaxia com medicamentos
injetáveis e eczema de contato com medicamentos tópicos;
- Deve-se considerar que os tipos eruptivos mais frequentes nas farmacodermias são exantemas (45%), urticárias (27%), eritema fixo (9%) e
eritema multiforme (5%) – dessas deve-se excluir outras causas e enquadra-las na relação entre o tipo de fármaco e o tipo eruptivo;
- A reexposição como teste diagnóstico só pode ser feita em determinados casos, sendo em sua maioria de forma acidental;
b. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
- Pode ser útil em alguns casos, mas apresenta menor valia do que o diagnóstico clínico;
- Histopatologia – os achados variam com o tipo de reação, podendo afastar outras hipóteses e ajudar no diagnóstico;
- Testes Cutâneos – escarificação, intradérmico e de contato;
- Testes laboratoriais – demonstra a causa medicamentosa para certa dermatose a partir da liberação do interferon-gama por linfócitos expostos
no sobrenadante da cultura após incubação com o possível agente, comparados a não expostos – sua sensibilidade varia em função do fármaco;
- Teste de Contato / Patch Test – pode ser útil nos casos de eritema pigmentar fixo – apresentam valor indiscutível quando positivos;
- Outros testes úteis: técnica da janela cutânea, hemograma, níveis séricos de IgE, imunofluorescência, teste de desgranulação basofílica, testes
de liberação de histamina e serotonina, teste radioalergossorbente (RAST) para anticorpo IgE-específico;
4. EVOLUÇÃO E PROGNÓSTICO
- Modelos evolutivos possíveis: superagudo, agudo, crônico, recidivante e persistente;
- Prognóstico benigno: eczema de contato ou erupção fixa à substância;
- Prognóstico grave e morta: choque anafilático, NET, angiites;
- As doenças do acrômico SCAR devem ser prontamente reconhecidas;
- Sinais Potenciais de Gravidade: dor cutânea, eritema confluente, edema facial ou acometimento da região central da face, eritema
palmar/plantar doloroso, acometimento erosivo concomitante das mucosas, bolhas formadas por desprendimento da epiderme, sinal de
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
Kikolsky positivo, erosões das mucosas, urticária, edema da língua, febre alta (temperatura > 40°C), aumento dos linfonodos (linfonodomegalia),
artralgia, dispneia, sibilos, hipotensão, púrpura palpável e necrose cutânea - indica a necessidade de internação hospitalar e cuidados intensivos;
5. TERAPÊUTICA
- Interrompe-se o uso do fármaco;
- Casos agudos e graves – terapêutica imediata com epinefrina, corticosteroide venoso, massagem cardíaca e traqueostomia;
- Exigem terapêutica adequada a cada caso, considerando-se o mecanismo patogênico, a natureza, a extensão das lesões cutâneos e o
comprometimento de outros órgãos;
6. PROFILAXIA
- A frequência das reações adversas a medicamentos e a sua gravidade impõe ao médico reflexão antes da indicação de qualquer terapêutica;
- 1º passo – diagnóstico correto da doença, evitando a polifarmácia;
- 2º passo – indicação precisa, reduzindo a polifarmácia;
- 3º passo – realizar anamnese sobre o uso anterior de remédios e seus possíveis efeitos colaterais;
- 4º passo – vigilância armada imediata (torniquete, epinefrina, corticosteroide venoso e anti-histamínimo parenteral) ao uso de determinadas
substâncias, como penicilina injetável e antissoros;
**é imprescindível na prescrição medicamentosa excluir a possibilidade de interações com outros medicamentos em uso**
7. APRESENTAÇÕES CLÍNICAS
- Todos os tipos de eflorescências podem ser provocados por
remédios, assim deve-se sempre buscar a causa medicamentosa
diante de um quadro clínico atípico;
- As farmacodermias podem se manifestar de forma exantemáticas,
urticariformes, simular dermatoses, necrose cutânea,
pigmentação, alopecia, hipertricose, alterações ungueais,
anafilaxia e doença do soro;
- A síndrome de Stevens-Johnson e a Necrólise Epidérmica Tóxica
são reações mucocutâneas agudas, potencialmente letais,
caracterizadas por necrose e descolamento extenso da epiderme,
sendo espectros opostos da mesma doença, diferenciando-se
quanto a porcentagem de descolamento epidérmico em relação à
superfície corporal;
**Forma Transicional - descolamento da epiderme entre 10 e 30%
da superfície corporal, com elementos da SJS e da NET**
7.1 SÍNDROME DE STEVENS-JHONSON (SJS)
- Reação idiopática a fármacos e ocasionalmente a agentes virais que leva à necrose epidérmica e descamação;
a. EPIDEMIOLOGIA
- Acomete qualquer faixa etária, sendo mais comum em adultos maiores de 40 anos;
- Apresenta incidência igual entre os sexos;
- Incidência global de 1,2 a 6 por milhão de indivíduos/ano;
- Fatores de risco: lúpus eritematoso sistêmico, HLA-B12, HLA-B1502, HLA-B5801 e HIV;
b. ETIOPATOLOGIA
- 50% dos casos associam-se a exposição a fármaco;
- Agentes desencadeantes: betalactâmicos (penicilinas), anticonvulsivantes aromáticos (difenil-hidantoína, barbitúricos), sulfonamidas,
alopurinol, AINE (dipirona) e antibióticos;
- Predisposição Genética – antígenos leucocitários humanos (HLA) podem ser relacionados à maior suscetibilidade, como HLA-B*1502 associado
ao uso de carbamazepina e sulfas, HLA-B*3801 à lamotrigina, HLA-B*5901 à metazolamida, HLA-B*7301 aos AINE de categoria dos oxicans e
HLA-B*3802 ao sulfametoxazol;
- Infecções virias e bacterianas (Mycoplasma pneumoniae) podem ser apontadas como fatores etiológicos, porém com menor possibilidade de
desencadeamento da reação;
**frequentemente a infecção prévia precede o quadro, dificultando a associação do quadro à infecção e/ou às drogas usadas para o seu
tratamento**
- Existe relatos de maior frequência da doença necrólise epidérmica em pacientes com AIDS, mas não há associação de pior prognóstico;
- Deve-se considerar a possibilidade de etiologia infecciosa, principalmente em lesões que mimetizam o eritema polimorfo;
c. FISIOPATOLOGIA
- Reação imunológica citotóxica que visa à destruição dos queratinócitos que expressam antígenos estranhos, relacionados aos fármacos;
- O mecanismo desencadeador inicial é mediado por linfócitos T citotóxicos ativados, que liberam linfocinas IL-6, IL-10 e TNF-alfa responsáveis
por induzir à apoptose maciça dos queratinócitos pela ativação dos receptores Fas* - ocorrem modificações em proteínas do complexo maior
de histocompatibilidade tipo I, por ligação não covalente do fármaco desencadeante a antígenos leucocitários humanos (HLA) específicos,
levando à ativação de células T CD8+;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- O aumento do TNF-alfa e do IFN-alfa estimula o aumento exagerado na quantidade de óxido nítrico e da óxido nítirico sintetase produzidos
nos queratinócitos;
- Ocorre apoptose disseminada de queratinócitos, que gera necrose da espessura total da epiderme, com descolamento da epiderme;
d. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
- Apresenta período de 1 a 3 semanas entre a exposição inicial ao fármaco e a instalação dos sintomas – ocorre mais rapidamente em caso de
reexposição, sendo em poucos dias;
- As manifestações dérmicas são precedidas por sinais prodrômicos de infecção, como: febre, mal-estar, cefaleia, coriza, mialgias e artralgias –
surgem 1 a 3 dias antes das erupções cutâneas e podem se prolongar por cerca de 2 semanas;
- Descolamento epidérmico < 10% da superfície corporal;
- Erupção cutânea com acometimento cutâneo-mucoso múltiplo;
- Lesões Cutâneas – (quadro prodrômico) exantema morbiliformes, com lesões em alvo, com ou sem púrpura, com confluência rápida das lesões
individuais, ou eritema difuso sem exantema; (início) áreas maculosas com superfície enrugada, que aumenta e coalesce; (fase aguda) as lesões
variam de maculopápulas até púrpuras e bolhas sero-hemorrágicas, flácidas e elevadas, que aumentam com a pressão lateral (sinal de Nikolsky)
sobre as áreas eritematosas, ocorrendo o desprendimento de toda a espessura da epiderme, de modo a expor a derme vermelha e exsudativa,
com aspecto semelhante à queimadura – sintomas: sensibilidade dolorosa branda a moderada da pele inicialmente, seguida por dor na pele,
sensação de queimação, sensibilidade ao toque e parestesia;
**apresenta-se como eritema polimorfo, mimetizando o eritema multiforme major**
- Acometimento mucoso - uretrite, estomatite, balanite, vulvovaginite, conjuntivite, uveíte e pan-oftalmia com cegueira subsequente – as lesões
mucosas podem preceder o envolvimento cutâneo em 1 a 3 dias;
- Boca – área mais acometida, apresentando lesões nos lábios, língua e mucosa oral – podem apresentar bolhas hemorrágicas ou purulentas,
que se rompem, ocorrendo descamação e deixando áreas erosivas, recobertas por crostas – sintomas: lesões dolorosas e sensíveis ao toque,
queimação da boca e redução da ingestão oral;
- Olhos – as lesões oculares são extremamente frequentes (85% dos casos), havendo hiperemia, formação de pseudomembrana, ceratite,
conjuntivite serosa, catarral ou purulenta, uveíte anterior, lesões da córnea, sinéquias entre as pálpebras e a conjuntiva bulbar e pan-oftalmia –
sintomas: ardência, prurido das conjuntivas, fotofobia - esses dados podem ser intensos a ponto de gerar sequelas graves e até a cegueira -
sequela crônica mais frequente;
- Pode ocorrer o comprometimento sistêmico grave de outros órgãos, gerando bronquites, pneumonites, hematúria e necrose tubular aguda;
e. DIAGNÓSTICO
- Diagnóstico Diferencial: eritema multiforme;
f. TRATAMENTO
- Suspender rapidamente os possíveis responsáveis;
- Hospitalização do paciente, com internação em unidade de terapia intensiva (UTI), uma vez que esse precisa ser isolado para prevenção de
infecções e para evitar o risco de contato com as drogas presentes no ambiente; necessita de cuidados de limpeza e assepsia das lesões; e de
vigilância contínua;
- Deve-se manter o equilíbrio hídrico e eletrolítico do doente, devido às grandes perdas através da pele e a dificuldade de ingestão de líquidos e
alimentos;
- Não aplicar medicamentos previamente utilizados pelo enfermo;
- Restringir ao máximo o uso de medicamentos, principalmente de analgésicos e antitérmicos;
- Administração de antibióticos – não é realizada de maneira profilática, apenas em caso de cultura da pele, mucosas, escarro, urina ou sangue
indicando agente infeccioso, escolhendo o medicamento conforme o agente identificado, após excluir todos os medicamentos previamente
empregados;
**as infecções são as complicações mais frequentemente graves, devendo-se repetir as culturas repetidamente ao longo do tratamento**
- Usar imunoglobulina;
Corticosteroides
- Utilização controversa, uma vez que ao diminuírem a defesa anti-infecciosa favorecem a infecção e a septicemia;
- Indicação: fase precoce, aparecimento de novas lesões (indica progressão da doença), interrupção do curso evolutivo – emprega-se doses
efetivas pelo menor tempo possível;
- Evitado;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
g. PROGNÓSTICO
- É mais favorável com fármacos de meia-vida curta;
- Mortalidade de 5 a 15%, conforme à gravidade e aos tratamentos instituídos;
- A reconstituição da epiderme começa em alguns dias, com recuperação total em mais de 3 semanas;
7.2 NECRÓLISE EPIDERMICA TÓXICA / SÍNDROME DE LYELL (NET / TEN)
- Reação idiopática a fármacos e ocasionalmente a agentes virais que leva à necrose epidérmica e descamação;
- Afecção bolhosa extremamente grave;
a. EPIDEMIOLOGIA
- Acomete qualquer faixa etária, sendo mais comum em adultos maiores de 40 anos;
- Apresenta incidência igual entre os sexos;
- Incidência global de 0,4 A 1,2 por milhão de indivíduos/ano;
- Fatores de risco: lúpus eritematoso sistêmico, HLA-B12, HLA-B1502, HLA-B5801 e HIV;
b. ETIOPATOLOGIA
- Desencadeada por drogas (80% dos casos), infecções e outros
fatores não determinados;
- Substâncias desencadeantes: alopurinol, sulfonamidas,
anticonvulsivantes (barbitúricos), pirazolona, penicilinas,
cefalosporinas, paracetamol, aminopirina, salicilatos, AINEs
(dipirona), fenilbutazona, corticoides, antineoplásicos
(asparaginase, bleomicina, clorambucil, cladribina, citarabina,
doxorrubicina, 5-fluorouracila, plicamia, procarbazina e suramina);
- Não há correlação entre a dosagem da droga e o
desencadeamento da síndrome – provavelmente já um defeito
genético da metabolização da droga que precipita o efeito
citotóxico nos queratinócitos;
- Causas predisponentes ou desencadeantes: infecções virais,
vacinação, radioterapia, linfomas, doença enxerto versus
hospedeiro, infecção por HIV;
c. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
- Fase Prodrômica – cursa com mal-estar geral, febrícula, hipersensibilidade cutânea, inflamação superficial de conjuntivas, pálpebras, orofaringe
e genitais e distúrbios gastrointestinais – apresenta duração variável;
- O quadro de erupção cutânea se inicia por eritema nas grandes pregas tegumentares, cursando com necrose explosiva da pele;
- Quadro grave com erupção generalizada, com bolhas flácidas sero-hemorrágicas, rasas, extensas, com desprendimento de extensos retalhos
epidérmicos ao longo de toda a superfície cutânea e vastas áreas de necrose epidérmica, lembrando um grande queimado;
- Descolamento epidérmico > 30% da superfície corporal;
- Sinal de Nikolsky positivo/presente apenas na pele comprometida;
- Pode apresentar de forma paralela lesões mucosas, febre elevada (mais alta do que na SSJ), intensa toxemia, lesões viscerais, traqueítes,
broncopneumonites, hemorragias gastrointestinais, glomerulonefrite e necrose tubular aguda;
- Paciente se mantém lúcido, com sofrimento causado pela dor intensa;
- Curso prolongado, em torno de 15 dias;
- Apresenta estado geral grave, podendo ir ao êxito letal – o diagnóstico deve ser feito prontamente;
- A morte ocorre por septicemias ou por coagulação intravascular disseminada;
d. DIAGNÓSTICO
e. TRATAMENTO
- Cuidados gerais e medidas de suporte são fundamentais para que o paciente sobreviva aos quadros mais graves;
- Hospitalização do paciente, com internação em unidade de terapia intensiva (UTI), uma vez que esse precisa ser isolado para prevenção de
infecções e para evitar o risco de contato com as drogas presentes no ambiente; necessita de cuidados de limpeza e assepsia das lesões; e de
vigilância contínua;
- Deve-se manter o equilíbrio hídrico e eletrolítico do doente, devido às grandes perdas através da pele e a dificuldade de ingestão de líquidos e
alimentos;
- Não aplicar medicamentos utilizados nos 10 dias anteriores à eclosão do quadro e analgésicos, antitérmicos ou sulfas, devido a eventual falha
nas informações obtidas do paciente pelas possíveis relações causais com o processo;
- Administração de antibióticos – não é realizada de maneira profilática, apenas em caso de cultura da pele, mucosas, escarro, urina ou sangue
indicando agente infeccioso, escolhendo o medicamento conforme o agente identificado, após excluir todos os medicamentos previamente
empregados;
**as infecções são as complicações mais frequentemente graves, devendo-se repetir as culturas repetidamente ao longo do tratamento**
Corticoterapia Sistêmica
- Uso controverso, pois em alguns casos pode aumentar as taxas de infecção secundária e sepse;
- A maioria dos autores não os recomenda;
Imunoglobulina Humana
- Dose: 0,2 a 0,75 g/kg/dia, intravenosa, por 4 dias ou mais;
- Liga-se ao receptor Fas;
**a heterogeneidade dos preparados e doses aplicadas pode gerar resultados controversos**
- Relatos favoráveis do seu uso;
Etanercept
- Dose: 50 mg em dose subcutânea única;
- Apresenta ótima resposta da NET;
Ciclofosfamida
- Dose: 100 a 300 mg/dia, intravenoso, por 5 dias;
- Impede a lesão dos queratinócitos;
Ciclosporina A
- Dose: 3 mg/kg/dia, isoladamente;
- Apresenta baixa taxa de mortalidade associada e resultados superiores ao uso dos corticoides e da ciclofosfamida;
Plasmaférese
- Usada em doentes graves, com resultados positivos;
f. PROGNÓSTICO NET
- A NET apresenta prognóstico grave, podendo ser letal em 50% dos casos;
- A reconstituição da epiderme começa em alguns dias, com recuperação total em mais de 3 semanas;
- A recuperação é mais lenta nos pontos de pressão e nas regiões periorificiais;
- A pele que não se desprendeu na fase aguda se solta em lâminas principalmente nas palmas e nas plantas;
- Pode haver queda das unhas e dos cílios;
Escore de Gravidade – Score of Toxic Epidermal Necrosis (SCORe)
- Descolamento da epiderme > 10%;
- Idade > 40 anos;
- Presença de neoplasias;
- Frequência cardíaca > 120 bpm;
- Dosagem da ureia > 28 mg/dL;
- Glicemia > 252 mg/dL;
- Bicarbonato sérico < 20 mg/dL;
- Cada um desses somam 1 ponto quando presentes;
- São fatores intimamente relacionados com a mortalidade e
morbidade dos pacientes acometidos, devendo ser identificadas
prontamente e consideradas no manejo do paciente, de modo a ser
indicação da terapia intensiva;
7.3 SÍNDROME DA ERUPÇÃO CUTÂNEA COM EOSINOFILIA E SINTOMAS SISTÊMICOS / SÍNDROME DE HIPERSENSIBILIDADE A FÁRMACO
(DRESS)
- Reação adversa idiossincrática a fármacos, que começa subitamente nos primeiros dois meses após o início do tratamento farmacológico;
a. EPIDEMIOLOGIA
- Mais frequente em negros;
- Pode ser fatal em 10 a 20% dos casos;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
b. ETIOPATOGÊNESE
- Multifatorial, envolvendo a exposição a drogas, predisposição genética, alterações nas vias metabólicas de detoxificação da droga;
- Erupções medicamentosas decorrentes das alterações no metabolismo de algumas drogas;
- Agentes desencadeantes: anticonvulsivantes aromáticos (como fenitoína, fenobarbital, carbamazepina – comum a reação cruzada entre esses),
sulfonamidas (agentes antimicrobianos, dapsona e sulfassalazina), sorbinila, aminociclina, talidomida, dipirona, ranitidina, talidomida,
mexiletina, alopurinol, indinavir, nevirapina, zalcitabina, sais de ouro, lamotrigina e bloqueadores do canal de cálcio;
**a DRESS causada por alopurinol apresenta mortalidade mais alta**
c. FISIOPATOGENIA
- Alguns pacientes apresentam incapacidade geneticamente determinada de desintoxicar os produtos metabólicos tóxicos de óxido de arena
dos anticonvulsivantes;
- A N-acetilação lenta da sulfonamida e a suscetibilidade aumentada dos leucócitos aos metabólitos tóxicos da hidroxilamina associam-se a um
risco mais elevado da síndrome de hipersensibilidade;
- Formam-se linfócitos T sensibilizados à droga;
- Ocorre hipogamaglobulinemia transitória;
- Ocorre ativação da infecção viral latente, provavelmente pela hipogamaglobulinemia e linfopenia B causada pela droga – ocorre a ativação em
cascata da infecção latente do herpes-vírus humano (HHV) tipo 6, 7, citomegalovírus (CMV) e vírus Epstein-Barr (EBV) na síndrome de
hipersensibilidade à droga – pode ser responsável pelo acometimento multivisceral que ocorre na DRESS, mesmo após a retirada da substância;
- A leucocitose pode atingir números > 50.000/mm3, com 40% de eosinófilos;
- 30% dos casos apresentam eosinofilia no sangue periférico e nos infiltrados em órgãos;
- Linfócitos atípicos nas lesões cutâneas, semelhantes aos da mononucleose;
d. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
- Quadro de difícil reconhecimento, que surge em cerca de 2 a 6
semanas após o uso inicial do fármaco, sendo mais tardio do que a
maioria das outras reações cutâneas graves;
- Cursa com febre, mal-estar e exantema;
- Manifestações Cutâneas: inicia-se com exantema morbiliforme na
face, parte superior do tronco e nos membros superiores, que se
torna edematoso, acompanhado de acentuação edematosa
folicular, infiltrada, com vesículas, bolhas, pústulas e lesões
purpúricas (principalmente nas pernas), que comumente evoluem
para eritrodermia (dermatite esfoliativa generalizada), sem
necrose (diferencia da NET);
- Apresenta face edemaciada, principalmente periorbitário, com aspecto bastante sugestivo;
- Afeta simetricamente as porções superior do tronco e as extremidades, sendo que as lesões podem se tornar confluentes e generalizadas;
- Ocorre acometimento das mucosas, com quelite, erosões, faringe eritematosa e aumento das tonsilas;
- Manifestações sistêmicas: linfadenomegalia e hiperestesia dos linfonodos, hepatite, pneumonia intestinal, miocardite, nefrite, tireoidite e
sangramento gastrintestinal;
- A hepatite pode evoluir para insuficiência hepática fulminante, com consequente óbito;
- Presença no sangue periférico de linfocitose com linfócitos atípicos e eosinofilia;
- Quadro em sua forma completa: erupção cutânea eventualmente grave, linfadenopatia generalizada, hepatite, artralgia, febre e eosinofilia no
sangue periférico e como infiltrados em órgãos (pulmões e rins);
- Forma tardia: linfócitos atípicos nas lesões cutâneas, sendo essas pápulas, placas e nódulos;
e. DIAGNÓSTICO
- Faz-se necessário o pronto reconhecimento dessa síndrome;
- O diagnóstico é dificultado pela heterogenicidade das formas de erupção cutânea;
Histopatologia
- Histopatologia da pele – edema na derme e intenso infiltrado inflamatório linfocitário denso e difuso ou superficial e perivascular, com
eosinofilia, simulando o quadro histopatológico de linfoma cutâneo;
- Histopatologia dos linfonodos – hiperplasia linfoide benigna e raramente hiperplasia linfoide atípica, pseudolinfoma;
- Histopatologia do fígado – infiltrado eosinofílico ou granulomas;
- Histopatologia do rim – nefrite intersticial;
Critérios Diagnósticos
- O diagnóstico é confirmado quando são identificados 3 critérios, sendo eles:
- Erupção farmacogênica cutânea;
- Anormalidades hematológicas – eosinofilia maior ou igual a 1.500/UL ou linfócitos atípicos;
- Acometimento sistêmico – adenopatias com diâmetro maior ou igual a 2 cm, hepatite (AST maior ou igual a 2/V), nefrite intersticial, pneumonite
intersticial ou cardite;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
f. TRATAMENTO
- Interrupção imediata do fármaco envolvido;
- Suporte clínico rigoroso, uma vez que a doença é potencialmente fatal;
Corticosteroides Sistêmicos
- Prednisona, 0,5 mg/kg/dia, ou equivalente;
- Deve ser mantido até o absoluto controle da doença, que geralmente ocorre em 4 a 6 semanas, com posterior redução lenta e gradual do
medicamento;
- Pode ser realizado em pulso em caso de piora do quadro clínico;
**essencial principalmente quando as manifestações hepáticas são importantes**
**pode ocorrer recidiva do processo ao retirar os corticosteroides**
g. EVOLUÇÃO E PROGNÓSTICO
- A erupção e a hepatite podem persistir por várias semanas após a interrupção do uso do fármaco;
- Nos pacientes tratados com glicocorticoides sistêmicos, a erupção e a hepatite pode sofrer recidiva com a redução progressiva das doses de
glicocorticoides;
- A linfadenopatia regride com a suspensão do fármaco, porém em raros casos pode evoluir para linfoma;
- Óbito – deve-se à hipersensibilidade sistêmica, como a miocardite eosinofílica (10%);
- As manifestações clínicas sofrem recidivas quando o fármaco é administrado novamente;
h. PROFILAXIA
- O indivíduo deve estar atento quanto à sua hipersensibilidade a fármacos específicos e quanto ao fato de outros fármacos da mesma classe
poderem apresentar reação cruzada – esses fármacos nunca devem ser administrados novamente;
REFERÊNCIAS
- AZULAY. Dermatologia. 7 ed. 2017. Cap 20 (pg 474 – 507);
- RIVITTI. Manual de dermatologia clínica de Sampaio e Rivitti. 2014. Cap 40 (pg 411 – 422);
- WOLFF. Dermatologia de Fitzpatrick. 7 ed. 2014. Secção 8 (pg 175 – 178), Secção 25 (pg 526 – 548) e Secção 33 (pg 879).