BIO6 - Transporte Nos Animais

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 4

Transporte nos animais:

Os animais necessitam de realizar trocas de substâncias com o meio envolvente, de forma a


assegurar o correto funcionamento das suas células, as quais necessitam de receber oxigénio e
nutrientes, bem como de eliminar dióxido de carbono e outros produtos resultantes do
metabolismo. As células encontram-se envolvidas num meio líquido, que garante uma difusão
mais eficaz destas substâncias.
Animais de constituição mais simples, como as hidras ou as planárias, não necessitam de
sistema de transporte, como todas as células estão próximas do meio externo, as trocas de
substâncias realizam-se, diretamente com o meio, por difusão simples.

As hidras são pequenos animais aquáticos, formados apenas por duas camadas de células, as
quais, por estarem em contacto direto com o meio envolvente, dispensam a existência de um
sistema de transporte, realizando trocas de oxigénio, de dióxido de carbono e de nutrientes
através da membrana celular.
Possuem uma cavidade gastrovascular que serve para a digestão e a distribuição de substâncias
por todo o corpo.
As planárias possuem o corpo achatado e uma cavidade gastrovascular ramificada por todo o
corpo, que assegura o transporte de substâncias.
A ausência de um sistema de transporte especializado também se verifica em alguns animais
mais complexos, como as ténias e as lombrigas(vermes parasitas que vivem no nosso intestino).
Em animais mais complexos, as cavidades gastrovasculares não são suficientemente
eficientes para assegurar o transporte de substâncias para todas as células do corpo. Estes
animais possuem órgãos especializados na absorção de oxigénio, na absorção de nutrientes e na
excreção de substâncias tóxicas. O transporte de todas estas substâncias é assegurado por um
sistema especializado, denominado sistema circulatório.

Sistemas de transporte:
Os sistemas de transporte nos animais, ou sistemas circulatórios, podem ser bastante distintos,
mas em todos eles existem três componentes: um líquido circulante, vasos de transporte e um
sistema muscular de bombeamento(órgão propulsor).
Estes sistemas, colocam as células em contacto com o meio, do qual recebem nutrientes e
oxigénio e para onde lançam produtos resultantes do metabolismo celular.
Os sistemas circulatórios dos animais podem ser abertos ou fechados, consoante o tipo de
líquido circulante e se o mesmo está ou não confinado aos vasos transportadores.
Os insetos e outros artrópodes, bem como os moluscos, possuem sistemas circulatórios
abertos ou lacunares. Neste tipo de sistema circulatório, um ou mais corações bombeiam o
líquido circulante através de um conjunto de vasos transportadores, que drenam para uma série
de cavidades denominadas lacunas.
Neste conjunto de lacunas, chamado hemocélio, o líquido circulante banha diretamente as
células, fornecendo-lhes nutrientes e recebendo produtos de excreção. Este líquido denomina-se
hemolinfa, pois não há distinção entre o líquido que circula nos vasos sanguíneos (sangue) e o
líquido que banha as células (linfa).
A hemolinfa entra nos corações através de aberturas denominadas ostíolos. Como a hemolinfa
abandona os vasos sanguíneos e contacta diretamente com as células, o sistema circulatório é
aberto.
Nos sistemas circulatórios fechados, o líquido circulante denomina-se sangue e, em
condições normais, nunca abandona os vasos sanguíneos. O coração bombeia o sangue, que
circula no interior de vasos sanguíneos, cujo calibre vai diminuindo até serem tão finos que as
suas paredes são formadas por uma única camada de células. Estes finos vasos sanguíneos
denominam-se vasos capilares e formam uma rede em cada um dos órgãos.
As trocas de substâncias realizam-se entre o sangue dos capilares e o líquido que banha as
células (linfa intersticial). O sangue fornece oxigénio e nutrientes e recebe dióxido de carbono e
outros produtos de excreção.
Como no sistema fechado o sangue flui mais rapidamente que no sistema aberto, é muito mais
eficiente(rápido) na distribuição de oxigénio e nutrientes às células, bem como na remoção dos
produtos tóxicos resultantes do metabolismo.
Funções do sistema circulatório: transporta nutrientes; transporta oxigénio; remove as
excreções resultantes do metabolismo celular; transporta hormonas; defende o organismo de
corpos estranhos; distribui o calor metabólico no organismo.

Tipos de circulação:
Os vertebrados possuem sistemas circulatórios fechados, onde o sangue é impulsionado pelo
coração através de um sistema contínuo de vasos sanguíneos.
Os corações dos vertebrados apresentam diferenças anatómicas. O coração dos peixes é o
mais simples, possuindo duas câmaras cardíacas. Já o coração dos anfíbios possui três,
enquanto que o das aves e dos mamíferos possui quatro câmaras cardíacas.
Este aumento de complexidade do coração é acompanhado por um aumento da complexidade
anatómica e fisiológica do sistema circulatório.
O sangue, circulando em veias, chega às aurículas, passa para os ventrículos e sai do coração,
por artérias, para os diferentes órgãos.
As artérias ramificam-se em arteríolas, as quais originam redes de capilares nos diferentes
tecidos. Os capilares venosos formam vénulas, que convergem, formando veias, pelas quais o
sangue retorna ao coração. Nos capilares, a pressão e a velocidade diminuem.
Na circulação simples, o sangue passa uma só vez pelo coração em cada circuito corporal.
Na circulação dupla, o sangue passa duas vezes pelo coração em cada circuito corporal.
As circulações duplas em que o sangue rico em oxigénio (sangue arterial) é parcialmente
misturado com o sangue pobre em oxigénio (sangue venoso) dizem-se incompletas. Quando há
uma total separação destes dois tipos de sangue, as circulações duplas chamam-se completas
A circulação dupla é mais eficiente do que a circulação simples, pois assegura um fluxo
vigoroso do sangue para os diferentes órgãos.
Os peixes possuem circulação simples. O sangue é bombeado do coração para as brânquias,
onde recebe oxigénio, e daí para as restantes partes do corpo, voltando, novamente, ao coração.
Nos restantes vertebrados, a circulação é dupla. O sangue é bombeado do coração para os
pulmões, voltando ao coração para ser distribuído pelos restantes órgãos e regressando,
novamente, ao coração.
No caso dos anfíbios e na maioria dos répteis, a circulação é dupla incompleta, pois ocorre
uma mistura parcial do sangue do circuito pulmonar e o do circuito sistémico (resto do corpo).
No caso das aves e dos mamíferos, a circulação é dupla completa. O circuito pulmonar e o
circuito sistémico estão separados, aumentando, assim, a eficiência do sistema circulatório.
As diferenças estruturais e funcionais dos diferentes sistemas circulatórios estão
relacionadas com o grau de complexidade dos animais e com as suas adaptações as condições
do meio em que vivem.
Embora existam diferenças nos sistemas circulatórios dos vertebrados, todos eles apresentam
artérias, que transportam o sangue do coração, saindo dos ventrículos, e veias, que transportam
o sangue para o coração, entrando nas aurículas. À medida que as artérias se encontram mais
longe do coração, o seu calibre diminui, passando a chamar-se arteríolas. Até serem tão finas
que originam uma rede de capilares, onde ocorrem trocas gasosas com os tecidos.
Os capilares reúnem-se em vénulas, de pequeno calibre, e estas em veias, de maior calibre, que
dão entrada, novamente, no coração.

Peixes:
O coração dos peixes, formado por uma aurícula e um ventrículo, é atravessado somente por
sangue venoso. O sangue venoso, proveniente dos diversos órgãos, entra na aurícula através de
uma pequena dilatação, o seio venoso. A contração da aurícula impulsiona a sangue para o
ventrículo. Saído do coração, o sangue é conduzido pela aorta ventral para irrigar as brânquias.
Nas brânquias ocorrem trocas gasosas (hematose branquial), após as quais o sangue circula para
uma artéria de grande calibre, a aorta dorsal, que se ramifica em arteríolas e estas em capilares,
conduzindo o sangue a todo o corpo.
Na rede de capilares, que existe nos tecidos de todos os órgãos, o sangue liberta oxigénio e
nutrientes e recolhe dióxido de carbono e outros produtos metabólicos. Os capilares reúnem-se
em vénulas e estas em veias, que levam o sangue de volta ao coração.
Nesta circulação simples, a passagem do sangue pela rede de capilares branquiais leva a uma
diminuição da pressão sanguínea. Desta forma, nos peixes, o sangue entra na aorta com baixa
pressão, diminuindo a eficácia de oxigenação dos restantes tecidos.

Anfíbios:
O coração dos anfíbios apresenta três cavidades: duas aurículas e um ventrículo. O sangue
venoso proveniente dos diversos órgãos entre no coração pela aurícula direita. O sangue arterial
proveniente dos pulmões entra no coração pela aurícula esquerda. A contração das aurículas
impele o sangue para o ventrículo. A contracção do ventrículo bombeia uma parte do sangue
para os pulmões (pequena circulação ou circulação pulmonar) e outra parte para os restantes
órgãos (grande circulação ou circulação sistémica).

Esta circulação dupla é incompleta, pois há uma mistura parcial do sangue venoso e do
sangue arterial no único ventrículo. Este, no entanto, tem uma estrutura anatómica que permite
que o sangue venoso proveniente da aurícula direita seja encaminhado para o circuito pulmonar
e que o sangue arterial proveniente da aurícula esquerda seja conduzido para a aorta, que o
conduz ao resto do corpo.
Na pequena circulação, o sangue venoso sai do ventrículo através da artéria pulmonar, é
conduzido aos pulmões, onde é oxigenado e se transforma em sangue arterial, regressando ao
coração pelas veias pulmonares, dando entrada na aurícula esquerda.

Na grande circulação, o sangue é bombeado pelo ventrículo através da aorta, para os


diversos órgãos. Nos tecidos desses órgãos o sangue passa de arterial a venoso, regressando ao
coração por veias que terminam no seio venoso, o qual dá entrada na aurícula direita.

Apesar da mistura parcial de sangue venoso com sangue arterial que se verifica no ventrículo,
esta circulação dupla permite que o sangue circule com uma pressão mais elevada do que nos
peixes, o que permite um fluxo mais vigoroso de sangue para os diversos tecidos.
Aves e mamíferos:
O coração das aves e dos mamíferos possui quatro cavidades: duas aurículas e dois
ventrículos. O sangue venoso proveniente dos diversos órgãos, entra no coração pela aurícula
direita enquanto que o sangue arterial, proveniente dos pulmões, entra na aurícula esquerda.
Quando o sangue entra nas aurículas, elas encontram-se relaxadas (diástole aurículas).
A contração das aurículas (sístole auricular) impulsiona o sangue aos respectivos ventrículos.
Assim, o sangue venoso circula pela metade direita do coração e o sangue arterial pela parte
esquerda. Por haver separação total entre o sangue venoso e o sangue arterial a circulação diz-
se completa.
A contração dos ventrículos ocorre simultaneamente. O ventrículo direito impulsiona o
sangue através da artéria pulmonar até aos pulmões, onde é oxigenado. O sangue oxigenado
regressa ao coração pelas veias pulmonares.
A contração do ventrículo esquerdo bombeia o sangue através da aorta para os restantes
órgãos.
Nas aves, a aorta apresenta uma curvatura para o lado direito, enquanto que nos mamíferos, a
curvatura é para o lado esquerdo. Na rede de capilares que existe em todos os órgãos, o sangue
passa de arterial a venoso. O sangue venoso é recolhido por vénulas, que se unem em veias,
regressando ao coração pelas veias cavas, que se ligam à aurícula direita.
A circulação completa, sem mistura de sangue venoso com sangue arterial, permite uma
elevada eficácia de oxigenação dos tecidos e, por isso, uma maior capacidade energética.
Parte desta energia é utilizada pelas aves e pelos mamíferos para a manutenção de uma
temperatura corporal constante (animais homeotérmicos), tornando-os mais independentes das
variações ambientais de temperatura. Talvez por isso estes animais se tenham tornado mais
capazes de se adaptar a locais muito diversos em termos de condições térmicas.

Fluidos circulantes:
Os fluidos circulantes fazem parte do sistema circulatório, juntamente com o coração, ou
corações, e os vasos condutores.
Nos animais com sistema circulatório aberto, existe apenas um tipo de fluido circulante: a
hemolina, que abandona os vasos sanguíneos, banhando diretamente as células dos diversos
tecidos, para que se realizem trocas de substâncias.
Nos vertebrados, existem dois tipos de fluidos circulantes, o sangue e a linfa. Estes animais,
para além de um sistema sanguíneo, possuem também um sistema linfático, formado por vasos
linfáticos (que transportam a linfa) e por gânglios linfáticos, que têm um papel importante na
defesa do organismo.
O sangue é formado por uma parte líquida denominada plasma e por elementos figurados
(hemácias, leucócitos e plaquetas). A linfa difere do sangue por não possuir hemácias nem
plaquetas. Parte da linfa circula nos canais linfáticos (linfa circulante) e outra parte banha as
células (linfa intersticial), aumentando a eficácia das trocas de substâncias.
Nos vertebrados, para além do aparelho circulatório sanguíneo, existe um sistema linfático.
O sistema sanguíneo e o sistema linfático estão intimamente relacionados. Na rede de
capilares sanguíneos, algum plasma e glóbulos brancos saem para a linfa intersticial, a qual é
recolhida pelos canais linfáticos, que a devolvem à corrente sanguínea.

Você também pode gostar