Ldasilva, Maria Alice
Ldasilva, Maria Alice
Ldasilva, Maria Alice
ABSTRACT: This paper aims to examine ghost stories compiled from different
accounts by Pedro Nava, in Trunk of Bones (1972). The method consists in
distinction between folkloric and historical elements in these narratives, according
the works of Câmara Cascudo, Gilberto Freyre, Linda Degh and others. The purpose
is to demonstrate that some local stories have origins that still anonymous, while
others describes personal experiences of real protagonists and witness. The
analysis suggests that the complex and fragmentary nature of supernatural
experiences are not only constrained by a specific meaningfully space.
Keywords: ghost stories; Pedro Nava, contemporary literature.
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, Yi-Fu Tuan (1979), Tim Edensor (2005) e Cecil C.
Konijnendijk (2008) investigaram a conexão entre a história dos espaços de
comunidades urbanas e aspectos do mito e do sobrenatural originados ou
margeava o “Caminho Novo das Gerais”, rota das bandeiras no século XVIII,
posteriormente lugar de reabastecimento de tropas conduzindo diamantes, gado,
gêneros de subsistência e ouro. O local é cenário de dois relatos de Baú de Ossos e
outro de Balão Cativo (1973), contando experiência vivida pelo próprio Nava
quando menino, naquela “elevação mal-assombrada”, de onde se ouvia, “como
que um riso e um sussurro” (NAVA, 1973, p. 84). Nos três casos, o encontro com o
sobrenatural não alude a fato ou aparição específica relacionada ao passado do
lugar, a exemplo do “fantasma de um general holandês que caíra morto na batalha
de Casa-Forte (1645)” (FREYRE, 2000, p. 27).
De outra vez eles dois iam perdidos na noite, com o pai. E que
frio... Num sobradão isolado, bateram. Quem é?
Responderam que queriam pousada. A voz tornou, dizendo
que não podia. Aí pediram, nem que fosse só um cobertor
para se enrolarem e passarem o resto da noite na soleira da
porta. Abriu-se a janela de cima e um bode enorme e negro
atirou sobre os três uma manta roxa. Eles mal tiveram tempo
de desviar e a manta bateu no chão, virou uma poça de
sangue podre que a terra foi chupando devagar e que chiou
como gordura fervendo quando eles fizeram o nome-do-
padre. A casa desabou. (NAVA, 1974, p. 107)
“Alma que volta, para contar dinheiro, tocar piano, fazer barulho na
escada, coser à máquina, socar pilão” (NAVA, 1974, p. 108) integra os mitos e
lendas que migraram de espaços feudais, engenhos, fazendas e plantações para
aldeias e vilarejos, mais tarde, burgos em expansão, registrados pelo folclore,
contos de fadas, contos populares e enfim, literários.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas. Magia e técnica, arte e política. Trad. Sergio
Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1996.
CAMPBELL, Joseph. Para viver os mitos. São Paulo: Editora Cultrix, 2006.
CASCUDO, Luís da Câmara. Geografia dos Mitos Brasileiros. São Paulo: Global,
2012.
KONIJNENDIJK, Cecil C. The Forest and the City: The Cultural Landscape of Urban
Woodland. New York: Springer, 2008.
LÖW, Martina. O spatial turn: para uma Sociologia do espaço. Tradução do alemão
e do inglês de Rainer Domschke e Fraya Frehse. Tempo Social. Revista de
Sociologia da USP, São Paulo, vol. 25, nº 2, p. 17-34, nov. 2013. Disponível em:
www.scielo.br/pdf/ts/v25n2/a02v25n2.pdf. Acesso em: 19/05/2016.
NAVA, Pedro da Silva. Balão Cativo. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1973.
ROBERTSON, Sarah. The Secret Country: Decoding Jayne Anne Phillips' Cryptic
Fiction. Amsterdam/New York: Editions Rodopi, 2007.
Recebido: 01.07.2016
Aprovado : 25.07.2016