34f5a Relatorio Tratasan Painel

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CONVÊNIO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA N° 002/I/2018

Painel - Santa Catarina

1
Outubro de 2020
CONVÊNIO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA Nº 002/2018

ORGANIZAÇÃO

PREFEITURA MUNICIPAL DE PAINEL

Flavio Antonio Neto da Silva Prefeito Municipal


Antonio Marcos Cavalheiro Flores Vice-Prefeito Municipal

AGÊNCIA REGULADORA INTERMUNICIPAL DE SANEAMENTO

Adir Faccio Diretor Geral


Antoninho Luiz Baldissera Diretor de Regulação
Daniel Fontana Coordenador de Normatização
Willian Jucelio Goetten Coordenador de Fiscalização

EXECUÇÃO

Prof. Everton Skoronski Profa. Viviane Trevisan


Departamento de Engenharia Ambiental Departamento de Engenharia Ambiental
e Sanitária – CAV/UDESC e Sanitária – CAV/UDESC

Prof. Eduardo Bello Rodrigues Alunos de Graduação e Mestrado


Departamento de Engenharia Ambiental Departamento de Engenharia Ambiental
e Sanitária – CAV/UDESC e Sanitária – CAV/UDESC

Equipe Técnica Municipal

Sirlei Andrade Lopes Neves Aline Cristina da Silva


Secretária de Saúde e Saneamento Secretária de Administração e Finanças

Eunice Marchi da Silva Ismael Felipe de Oliveira Marcelino


Secretário de Planejamento e Meio
Secretária de Educação e Cultura
Ambiente

Selênio Sartori Katynara Goedert


Coordenadora de Projetos de
Diretor Executivo do CISAMA
Saneamento Básico do CISAMA

Flavio Antonio Neto da Silva Antonio Marcos Cavalheiro Flores


Prefeito de Painel Vice-Prefeito de Painel

2
Sumário

1 Apresentação ............................................................................................................ 8
2 Aspectos gerais do município ................................................................................... 9
3 Características físicas ............................................................................................. 10
3.1 Solo .................................................................................................................. 11

3.2 Recursos hídricos e informações das bacias .................................................... 11

3.3 Uso e ocupação do solo ................................................................................... 14

3.4 Diagnóstico socioambiental ............................................................................. 14

4 Estudo populacional ............................................................................................... 15


5 Cenário atual do saneamento básico....................................................................... 18
5.1 Sistema de abastecimento de água ................................................................... 18

5.2 Esgotamento sanitário ...................................................................................... 20

5.3 Drenagem e manejo de águas pluviais ............................................................. 20

6 Projeção da geração de lodo e esgoto ..................................................................... 21


6.1 Esgoto na área urbana ...................................................................................... 21

6.2 Lodo na área urbana ......................................................................................... 22

6.3 Esgoto na área rural ......................................................................................... 24

6.4 Lodo na área rural ............................................................................................ 25

7 Diagnóstico ............................................................................................................. 25
7.1 Informações do município sobre a gestão do sistema de esgotos sanitários.... 25

7.2 Sistemas individuais na área urbana ................................................................ 26

Metodologia de aplicação dos questionários ............................................ 26

Tratamento de dados ................................................................................. 26

7.3 Resultados obtidos ........................................................................................... 27

Diagnóstico e análise ................................................................................ 27

8 Legislação ............................................................................................................... 31
9 Soluções para o tratamento de esgoto sanitário ...................................................... 32
9.1 Tanques sépticos .............................................................................................. 33
3
Dimensionamento do tanque séptico ........................................................ 35

Limpeza dos tanques sépticos .................................................................. 35

9.2 Filtro anaeróbio ................................................................................................ 35

Dimensionamento do filtro anaeróbio ...................................................... 37

9.3 Estudo de caso envolvendo a aplicação de tanque séptico e filtro anaeróbio .. 37

9.4 Alternativa baseada no sistema de wetlands .................................................... 39

Tratamento de esgoto bruto por meio de wetland vertical Sistema Francês


39

Tratamento de lodos através de sistemas wetlands construídos ............... 42

Dimensionamento das unidades wetlands para tratamento de lodo de tanque


séptico (TS) e do esgoto bruto doméstico .............................................................. 44

Dimensionamento do wetland construído para tratamento de lodo de tanque


séptico 45

9.5 Alternativas de disposição do esgoto tratado ................................................... 46

9.6 Edificações sem espaço útil ............................................................................. 46

10 Indicação de alternativas para o esgotamento sanitário em Painel ......................... 47


11 Custos e cobrança pelos serviços ........................................................................... 53
12 Plano de ação .......................................................................................................... 60
13 Considerações finais ............................................................................................... 65
14 Referências ............................................................................................................. 66
15 Anexos .................................................................................................................... 69

4
Lista de Tabelas

Tabela 1 - Distribuição da população em território municipal. ...................................... 10


Tabela 2 - Evolução da população de Painel entre os anos de 1996 e 2019. ................. 15
Tabela 3 - Projeção da população urbana de Painel para o período de 2020-2041,
utilizando vários modelos. .............................................................................................. 16
Tabela 4 - Projeção da população no município de Painel. ............................................ 17
Tabela 5 - Projeção de geração de esgoto doméstico na área urbana de Painel. ............ 22
Tabela 6 - Projeção de produção de lodo na área urbana de Painel. .............................. 23
Tabela 7 - Projeção de geração de esgoto doméstico na área rural de Painel. ............... 25
Tabela 8 - Projeção de produção de lodo na área rural de Painel. .................................. 25
Tabela 9 - Referências de taxas de sólidos aplicados em wetlands. ............................... 43
Tabela 10 - Parâmetros de dimensionamento para tratamento de lodo de TS. .............. 46
Tabela 11 - Custos dos sistemas de tratamento individual. ............................................ 54
Tabela 12 - Custos de manutenção dos sistemas individuais quando contratada empresa
terceirizada de Lages. ..................................................................................................... 55
Tabela 13 - Estimativa de custos para a limpeza considerando a gestão associada entre
Painel, Urupema e Rio Rufino........................................................................................ 56
Tabela 14 - Custos para a implementação e operação de sistema coletivo de esgoto na
área urbana e individual na área rural. Nos cenários são previstos custos para um horizonte
de 20 anos. ...................................................................................................................... 58
Tabela 15 - Custos de implementação e manutenção considerando a tecnologia de
wetlands construídos na área urbana. ............................................................................. 59

5
Lista de Figuras

Figura 1- Mapa de localização de Painel-SC e suas divisas. .......................................... 10


Figura 2 - Regiões hidrográficas de Santa Catarina. ...................................................... 12
Figura 3 - Municípios da bacia hidrográfica do Rio Canoas. ......................................... 13
Figura 4 - Porção de Santa Catarina correspondente a bacia hidrográfica do Rio Pelotas.
........................................................................................................................................ 13
Figura 5 - Sub-bacia do Rio Caveiras com destaque no município de Painel. ............... 14
Figura 6 - Modelos de projeção populacional para a área urbana do município de Painel.
........................................................................................................................................ 16
Figura 7- Dados da população total de Painel entre 1996 e 2019 e evolução populacional
entre 2020 e 2041. .......................................................................................................... 18
Figura 8 - Localização georreferenciada da ETA de Painel. .......................................... 20
Figura 9 - Perfil das edificações de Painel-SC. .............................................................. 27
Figura 10 - Número de pessoas nas edificações de Painel-SC. ...................................... 28
Figura 11 - Número máximo de pessoas nas edificações de Painel-SC. ........................ 28
Figura 12 - Sistemas individuais de tratamento encontrados em Painel-SC. ................. 29
Figura 13 - Idade dos sistemas individuais de tratamento. ............................................. 30
Figura 14 - Tanque séptico. ............................................................................................ 34
Figura 15 - Corte esquemático de um filtro anaeróbio de fluxo ascendente. ................. 36
Figura 16 - Sistema tanque séptico e filtro anaeróbio. ................................................... 38
Figura 17 - Configuração de um WSF clássico em alimentação. ................................... 40
Figura 18 - Esquema dos dois estágios do WSF clássico. .............................................. 41
Figura 19 - Perfil granulométrico do primeiro e segundo estágio do Sistema Francês. . 42
Figura 20 - Wetland vertical para tratamento de lodo. ................................................... 44
Figura 21 - Concepção padrão a ser adotada na proposta. ............................................. 45
Figura 22 - Proposta do programa de gestão associada de tratamento de esgoto sanitário
na área urbana para os municípios de Painel, Urupema e Rio Rufino. A área rural pode
ser contemplada com sistemas individuais nos três municípios. .................................... 52

6
Lista de Quadros

Quadro 1 - Características dos filtros anaeróbios de diferentes sentidos de fluxo. ........ 36


Quadro 2 - Objetivo 1: adequar o município em termos legislativos e executivos sobre os
sistemas individuais de tratamento de esgotos e planejar o sistema de cobranças. ........ 60
Quadro 3 - Objetivo 2: regularizar as edificações do município de Painel com relação aos
sistemas de esgotos sanitários......................................................................................... 62
Quadro 4 - Objetivo 3: implantar o serviço de manutenção dos sistemas individuais. .. 63
Quadro 5 - Objetivo 4: realizar campanhas de educação ambiental............................... 64

7
1 Apresentação

O saneamento básico envolve quatro pilares em termos de infraestrutura urbana,


compreendendo o sistema de distribuição de água, a coleta e destinação de resíduos sólidos, a
drenagem pluvial e o sistema de esgotamento sanitário. Este último pode ser implantado em
duas categorias, constituídas em sistemas centralizados ou sistemas descentralizados. Neste
sentido, a concepção de um sistema de esgotamento sanitário envolve um amplo estudo sob o
ponto de vista tecnológico, ambiental, social e econômico, para a escolha do melhor arranjo
capaz de coletar e tratar o esgoto sanitário gerado (MASSOUD; TARHINI; NASR, 2009).
Em primeiro lugar, os sistemas centralizados são uma concepção clássica, normalmente
aplicada em locais com alta densidade populacional. Nessa condição, geralmente os esgotos
são transportados por longas distâncias até uma estação de tratamento de esgoto (ETE),
exigindo investimentos em infraestrutura e transporte do esgoto, adicionalmente ao processo de
tratamento. Neste sentido, os sistemas centralizados demandam investimentos para a coleta e
transporte dos esgotos, envolvendo tubulações com grandes diâmetros, estações elevatórias e
escavações com grandes profundidades. Considerando todas as unidades de um sistema de
esgotamento sanitário, as redes coletoras podem representar até 75% do valor total de
implantação da obra (NUVOLARI, 2011), o que pode inviabilizar a sustentabilidade deste
serviço para muitos municípios brasileiros com população abaixo de 15 mil habitantes. Além
disso, a possibilidade de aproveitamento do esgoto tratado é reduzida, em função da
necessidade de instalações para distribuição do esgoto tratado até o local de reuso, estando
normalmente afastado da ETE (METCALF & EDDY; AECON, 2016).
Por outro lado, os sistemas descentralizados são caracterizados por coletar e tratar o
esgoto próximo ou na própria fonte geradora, como é o caso dos sistemas individuais. Os
sistemas descentralizados são flexíveis e podem ser uma alternativa para viabilizar o reuso do
esgoto tratado próximos às fontes geradoras (METCALF & EDDY; AECON, 2016). Neste
caso, a gestão dos subprodutos do tratamento, em especial o lodo, pode ser combinada com
sistemas centralizados que normalmente possuem capacidade para o processamento destes
resíduos. Ainda, em que pese os sistemas descentralizados, os gastos com redes coletoras são
minimizados, ficando a maior parte dos custos atribuídos ao tratamento. Neste caso, por serem
unidades com menores contribuições, possibilitam a utilização de sistemas muito mais
competitivos economicamente, robustos e sustentáveis, como por exemplo a ecotecnologia dos
wetlands construídos.
Desta forma, o diagnóstico dos sistemas individuais de tratamento de esgoto sanitário
constitui-se em uma importante ferramenta para tomada de decisões por parte dos órgãos
responsáveis pela infraestrutura urbana e rural, pelo controle ambiental e pela saúde da
população. O presente trabalho destina-se a analisar o estado atual do esgotamento sanitário no
município de Painel, que está localizado no estado de Santa Cantarina. Com a realização deste
trabalho, pode-se propor melhorias por meio de um plano de ação, que seja adequado para a
população em termos de destinação correta dos efluentes gerados, considerando ainda a gestão
associada envolvendo outros municípios vizinhos. O presente estudo traz, ainda, uma
perspectiva de aplicação de sistemas naturais para o tratamento de esgoto e de lodos de tanques
sépticos, por meio da ecotecnologia dos wetlands construídos, podendo ser integrado aos
sistemas individuais de tratamento de esgotos.
Este trabalho faz parte do programa TRATASAN, idealizado pela Agência Reguladora
Intermunicipal de Saneamento (ARIS), o qual busca avaliar o diagnóstico do tratamento
individual de esgotos domésticos em municípios com menos de 15 mil habitantes e propor ações
que busquem a universalização deste serviço nos municípios contemplados. Em geral, os
municípios envolvidos não possuem corpo técnico para a realização de um estudo desta
natureza e, portanto, a iniciativa da ARIS em parceria com o Consórcio Intermunicipal Serra
Catarinense (CISAMA) é fundamental para o planejamento de ações voltadas a universalização
dos serviços de esgotamento sanitário em municípios da Serra Catarinense.

2 Aspectos gerais do município

O estudo foi conduzido na cidade de Painel, localizada na região Serrana de Santa


Catarina, fazendo divisa com as cidades de Bocaina do Sul ao Norte, Rio Rufino ao Leste,
Urupema ao Sudeste, São Joaquim ao Sul, e a Oeste a cidade de Lages, todas situadas no estado
catarinense (Figura 1).

9
Figura 1- Mapa de localização de Painel-SC e suas divisas.

Fonte: (ABREU, 2006).

A cidade de Painel possui uma área territorial de 742,10 km² e população de 2.353
habitantes obtida no censo de 2010 (IBGE, 2020), com uma distância até a capital,
Florianópolis, de 230 km. Os dados obtidos no último censo para a distribuição da população
são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 - Distribuição da população em território municipal.


Dados Unidade Valor
População urbana Habitantes 945
População rural Habitantes 1.408
Domicílio área urb. Residências 278
Domicílio área rural Residências 456
Taxa de ocupação Habitantes/domicílio 3,21
Fonte: (IBGE, 2020).

3 Características físicas

Nesse tópico serão apresentados os elementos relacionados ao solo e as questões


hidrológicas do município de Painel.
10
3.1 Solo

Os solos que fazem parte da formação do município de Painel são predominantemente


formados a partir de rochas de basalto, com baixa fertilidade. As principais classes de solos que
predominam a região são Neossolos Litólicos e os Cambissolos. Os Neossolos Litólicos
Húmicos típicos e Neossolos Litólicos Distróficos são solos comumente encontrados em áreas
íngremes como encosta e topos de morro com leves ondulações. Os Cambissolos Húmicos
Distróficos lépticos e os Cambissolos Háplicos Distróficos úmbricos ocupam áreas inferiores
das encostas, descrito como um solo com pouca profundidade (HIGUCHI et al., 2013).
Pode-se caracterizar os solos da região como associações com textura muito argilosa,
ambos fase pedregosa campo e floresta subtropical e afloramento rochosos, e uso de pecuária
extensiva (EPAGRI, 2002).

3.2 Recursos hídricos e informações das bacias

A rede hidrológica do estado de Santa Catarina tem seu divisor de águas na serra geral,
formando dois sistemas independentes de drenagem: o sistema integrado da vertente do interior
Bacia Paraná-Uruguai, com sete bacias principais e o sistema da vertente Atlântica, formado
por onze bacias isoladas que desaguam diretamente no oceano atlântico (SDS, 2018).
As bacias hidrográficas de Santa Catarina estão agrupadas em dez regiões hidrográficas.
O município de Painel está localizado na região hidrográfica 4 (RH4), denominada planalto de
Lages (Figura 2).

11
Figura 2 - Regiões hidrográficas de Santa Catarina.

Fonte: Acervo da ARIS.

A RH4 é a maior do estado, integrando duas bacias hoje consideradas de domínio da


União: do Rio Canoas com 15.000 km² de área de drenagem e a do Rio Pelotas com 7.277 km²
de área de drenagem em território catarinense.
A bacia hidrográfica do Rio Canoas (Figura 3), a qual abrange uma parte do município
de Painel, equivale a 23,7% do território catarinense comportando uma população urbana de
340 mil habitantes e 28 municípios em seus limites (SÁ, 2014). O Rio Canoas nasce próximo
à Serra do Corvo Branco, no munícipio de Urubici e seus principais afluentes são: Rio Caveiras
(Lages), Rio Marombas (Curitibanos), Rio Corretes (Frei Rogério), Lava Tudo (São Joaquim),
entre outros.

12
Figura 3 - Municípios da bacia hidrográfica do Rio Canoas.

Fonte: (SDS, [s.d.]).

O município de Painel não está inserido em somente uma bacia, ele está contido entre
um divisor de águas da Bacia do Rio Canoas e do Rio Pelotas. O Rio Pelotas serve de divisor
natural entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e tem como seus principais
afluentes os rios: Pelotinhas, São Mateus, Vacas Gordas entre outros, a bacia abrange 10
municípios de Santa Catarina (Figura 4).

Figura 4 - Porção de Santa Catarina correspondente a bacia hidrográfica do Rio Pelotas.

Fonte: (SEVEGNANI et al., 2012).


13
Assim, Painel tem proximidade com os rios Pelotinhas, Lava Tudo e Caveiras. Vale
destacar que é uma sub-bacia do Rio Canoas, a qual passa pelo município (Figura 5).

Figura 5 - Sub-bacia do Rio Caveiras com destaque no município de Painel.

Fonte: (RAFAELI NETO; BECEGATO; CABRAL, 2013).

3.3 Uso e ocupação do solo

A economia do município de Painel teve sua fundamentação no extrativismo


madeireiro, com exploração do Pinheiro Araucária (Pinheiro Brasileiro), chegou a possuir 36
serrarias na década de 60. Hoje o município conta apenas com 2 serrarias, e sua economia é
baseada principalmente na pecuária (predominantemente bovina), fruticultura e comércio. Na
fruticultura, o município de Painel se destaca no cultivo de várias espécies de frutas de clima
temperado, como por exemplo: morango, pera, ameixa, uva, kiwi, goiaba serrana, vime, com
um destaque especial para produção da maçã e pinhão (MARCELINO, 2019).

3.4 Diagnóstico socioambiental

Segundo as informações apresentadas no Plano Municipal de Saneamento Básico,


Painel está localizada no planalto catarinense a uma altitude de 1.144 metros do nível do mar,
com distância da capital do Estado, Florianópolis, de 230 quilômetros, o município pertence à
Associação dos Municípios da Região Serrana (AMURES). O clima, segundo Koeppen, é
classificado como mesotérmico úmido (Cfb), com temperatura média anual de 16°C. O
município faz parte da Formação Serra Geral, a qual possui rochas de composição básica,
14
rochas de elevado teor de sílica e baixos teores de ferro e magnésio. A cobertura vegetal de
Painel é caracterizada pela presença da Floresta Ombrófila Mista ou Floresta de Araucária e
vegetação de Campos ou Savana. A econômica do Município se baseia na agropecuária com
cultivos de erva-mate, vime e o pinhão. Painel produz, ainda, mais de 1.000 toneladas de milho
por ano, tendo em segundo lugar a produção do feijão. Na pecuária destaca-se a criação de
bovinos e em segundo lugar de galos (PAINEL, 2011).

4 Estudo populacional

Para o planejamento das ações visando a universalização do serviço de esgotamento


sanitário, foi realizado um estudo de projeção populacional para um horizonte de 20 anos. Neste
sentido, foram obtidos dados do IBGE, entre 1996 e 2019, referentes a censos e estimativas de
população para avaliar as modificações no número de habitantes do município de Painel ao
longo do tempo. Com base nos dados da Tabela 2, foram aplicados modelos matemáticos,
segundo a metodologia desenvolvida e recomendada pela ARIS (ARIS, 2019), permitindo
projetar a população urbana e rural ao longo dos próximos 20 anos.

Tabela 2 - Evolução da população de Painel entre os anos de 1996 e 2019.


População (hab.)
Ano
Urbana Rural Total
1996 759 1.436 2.195
2000 824 1.560 2.384
2007 923 1.374 2.297
2010 945 1.408 2.353
2019 947 1.412 2.359
Fonte: Adaptado de ARIS (2019).

Os modelos matemáticos utilizados envolvem a aplicação de equação linear, equação


logarítmica, equação polinomial, projeção aritmética, projeção geométrica e regressão
parabólica. Os dados para a projeção da população urbana de Painel são apresentados na Tabela
3.

15
Tabela 3 - Projeção da população urbana de Painel para o período de 2020-2041, utilizando vários modelos.
Equação Equação Equação Projeção Projeção Regressão
Ano
Linear Logarítmica Polinomial Aritmética Geométrica Parabólica
2020 995 995 944 1.066 950 944
2021 1.004 1.003 937 1.078 952 939
2022 1.012 1.012 930 1.090 954 933
2023 1.021 1.020 922 1.102 956 926
2024 1.029 1.029 913 1.114 958 918
2025 1.038 1.037 902 1.127 960 908
2026 1.046 1.046 891 1.139 962 898
2027 1.055 1.054 878 1.151 964 886
2028 1.063 1.062 864 1.163 967 874
2029 1.072 1.071 849 1.175 969 860
2030 1.080 1.079 833 1.187 971 845
2031 1.089 1.088 816 1.199 973 829
2032 1.097 1.096 798 1.211 975 812
2033 1.106 1.104 778 1.223 977 793
2034 1.114 1.113 758 1.235 979 774
2035 1.123 1.121 736 1.248 982 754
2036 1.131 1.130 714 1.260 984 732
2037 1.140 1.138 690 1.272 986 709
2038 1.148 1.146 665 1.284 988 685
2039 1.157 1.155 639 1.296 990 661
2040 1.165 1.163 612 1.308 993 635
2041 1.173 1.172 583 1.320 995 607
Fonte: Adaptado de ARIS (2019).

Os valores obtidos foram utilizados para a construção de curvas de crescimento


populacional (Figura 6), incluindo os dados do IBGE entre 1996 e 2019 e os valores estimados
pelos diversos modelos matemáticos.

Figura 6 - Modelos de projeção populacional para a área urbana do município de Painel.

Fonte: Adaptado de ARIS (2019).


16
Desta forma, foi adotado o modelo de projeção geométrica que definiu que a população
urbana estimada pelo IBGE em 2019 e igual a 947 habitantes, irá aumentar para 995 habitantes
em 2041.
Para a área rural, os modelos apontaram para um aumento pouco expressivo em alguns
casos ou mesmo a redução na população. Os dados do IBGE apontam para uma estagnação na
população dentro de período de 1996 a 2019. Neste sentido, decidiu-se fixar a população rural
ao longo do horizonte do plano, resultando em uma população de referência igual a 1.412
habitantes entre 2020 e 2041.
Desta forma, foi definido uma população de final de plano igual a 2.046 habitantes,
sendo 995 na área urbana do município e 1.412 na área rural. A Tabela 4 resume a projeção da
população total do município de Painel e as populações urbana e rural.

Tabela 4 - Projeção da população no município de Painel.


Ano Projeção Urbana Projeção Rural Projeção População Total
2020 950 1.412 2.361
2021 952 1.412 2.363
2022 954 1.412 2.365
2023 956 1.412 2.367
2024 958 1.412 2.370
2025 960 1.412 2.372
2026 962 1.412 2.374
2027 964 1.412 2.376
2028 967 1.412 2.378
2029 969 1.412 2.380
2030 971 1.412 2.382
2031 973 1.412 2.385
2032 975 1.412 2.387
2033 977 1.412 2.389
2034 979 1.412 2.391
2035 982 1.412 2.393
2036 984 1.412 2.395
2037 986 1.412 2.398
2038 988 1.412 2.400
2039 990 1.412 2.402
2040 993 1.412 2.404
2041 995 1.412 2.406
Fonte: Adaptado de ARIS (2019).

A Figura 7 representa graficamente os dados da população total segundo dados do IBGE


entre 1996 e 2019 e projeção considerada no estudo para os anos de 2020 a 2041.

17
Figura 7- Dados da população total de Painel entre 1996 e 2019 e evolução populacional entre 2020 e 2041.

Fonte: Adaptado de ARIS (2019).

Neste sentido, é estimado um aumento de 2.359 para 2.406 habitantes entre 2019 e 2041.
Esse aumento equivale a um incremento de aproximadamente 2% da população em 20 anos.
Assim, esse incremento populacional foi considerado para a realização do plano de ação a ser
apresentado na sequência.

5 Cenário atual do saneamento básico

5.1 Sistema de abastecimento de água

O sistema de abastecimento de água em Painel atende a uma população urbana de 949


pessoas, sendo 100% da área urbana e equivalente a 48,62% do município (SNIS, 2019).
Segundo relatório de fiscalização da ARIS, o sistema de abastecimento possui 340 ligações
(ARIS, 2018). Em 2018, o consumo médio per capita (IN022) foi de 104,73 litros/hab.dia e o
índice de perdas na distribuição (IN049) foi de 37,15% (SNIS, 2019). O sistema de distribuição
envolve 5.964 m de rede e todas as ligações são micromedidas (ARIS, 2018). O sistema é
administrado e operado pela Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN).
Segundo o plano municipal de saneamento básico, as comunidades rurais possuem
soluções individualizadas ou por associação de usuários. Destaca-se que duas comunidades
18
(Lava Tudo e Casa da Pedra) receberam recursos da Funasa para a implantação de sistema de
abastecimento utilizando poço artesiano (PAINEL, 2011). Cabe ressaltar que no plano
municipal de saneamento, o índice IN049 deveria ser de até 25%, considerado bom, a exemplo
do valor observado nos dados informados ao SNIS em 2008. Entretanto, observou-se que esse
valor em 2010 aumentou para 36,11% e atingiu um pico de 51,38% em 2012. A partir de então
voltou a diminuir até atingir um mínimo de 20,17% em 2016 e subiu para 37,15% em 2018
(SNIS, 2019).
O processo de tratamento consiste em uma estação de tratamento de água (ETA) do tipo
compacta em estrutura metálica, com capacidade de vazão de 6 L/s. O manancial utilizado para
a captação é o Rio Painel. A captação ocorre por meio de barragem de nível e a adutora de água
bruta funciona por gravidade. Em situações de nível reduzido na captação, um conjunto moto-
bomba assiste o sistema, promovendo aumento na carga hidráulica (ARIS, 2017). A localização
georreferenciada da ETA encontra-se na Figura 8. A ETA funciona por meio das seguintes
etapas:

- Captação;
- Clarificação: envolve a coagulação, floculação, decantação e filtração rápida;
- Desinfecção, fluoretação e correção de pH;
- Reservação e distribuição.

Esse sistema de tratamento foi complementado por um poço tubular profundo que
entrou em operação em outubro de 2017, com vazão de exploração igual a 5,5 L/s (ARIS, 2018).
Em 2018 o volume de água tratado total (AG006) foi de 68.680 m3 (equivalente a uma vazão
média de 2,17 L/s). Deste, o volume de água tratada na ETA (AG007) foi de 62.910 m3 e o
volume de água tratada a partir do poço (AG015) foi de 5.770 m3 (SNIS, 2019).

19
Figura 8 - Localização georreferenciada da ETA de Painel.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

O sistema possui dois reservatórios, sendo um apoiado com volume de 50 m3


denominado R1 e outro semienterrado com volume de 25 m3 denominado R2 (ARIS, 2018).

5.2 Esgotamento sanitário

O município de Painel não possui rede coletora de esgoto e estação de tratamento de


efluentes que atendam a área urbana ou a área rural. Também não existem sistemas coletivos
ou condominiais que podem ser citados. Foram identificados no diagnóstico aplicado em campo
apenas sistemas individuais em algumas residências e em prédios públicos, a exemplo das
edificações da Unidade Básica de Saúde do Município.

5.3 Drenagem e manejo de águas pluviais

Com relação ao sistema de drenagem e manejo de água pluviais de Painel, a água


captada pela macrodrenagem do município é encaminhada ao Rancho Sanga do Lagoão,
afluente do Rio Bonito (PAINEL, 2011).

20
Os sistemas de captação de água envolvem bocas de lobo e caixas com grelhas na
sarjeta. Em 2011, o total de vias urbanas era de 3.700 m (PAINEL, 2011), e a taxa de cobertura
de pavimentação e meio-fio na área urbana do município (IN020) foi de 50% em 2018. O
mesmo valor foi observado em 2018 para a taxa de cobertura de vias públicas com redes ou
canais pluviais subterrâneos na área urbana (IN021) (SNIS, 2019). Esse valor está alinhado com
aquele obtido in loco pelos autores, que verificaram um percentual de 42% das edificações
entrevistadas, servidas de drenagem pluvial na via pública.

6 Projeção da geração de lodo e esgoto

6.1 Esgoto na área urbana

Para o cálculo da projeção de esgoto para a área urbana de Painel, foi considerada a
população estimada em 995 pessoas (considerada população de 2041 que é a população máxima
de projeto). Adicionalmente, foi ainda definido um consumo de água por habitante ao dia:
120 L/hab.dia. Foram adotados valores em conformidade com a norma técnica da ABNT:NBR
9.649/1986 (ABNT, 1986), usualmente recomendados pela literatura:

- Coeficiente do dia de maior consumo: k1 = 1,20;


- Coeficiente da hora de maior consumo: k2 = 1,50;
- Coeficiente da hora de menor consumo: k3 = 0,50;
- Coeficiente de retorno esgoto/água: C = 0,80;

Vazão média
120 𝐿 𝐿 1 𝑚³ 𝑚³
𝑄 𝑚𝑒𝑑 = 995 ℎ𝑎𝑏 𝑥 𝑥 0,8 = 95.330 𝑥 = 95,52
ℎ𝑎𝑏. 𝑑 𝑑 1.000𝐿 𝑑
Vazão máxima diária
𝑚³ 𝑚³
𝑄 = 95,52 𝑥 1,2 = 114,62
𝑑 𝑑

Vazão máxima horária


𝑚³ 𝑚³
𝑄 = 95,52 𝑥 1,5 = 143,28
𝑑 𝑑

21
Vazão mínima horária
𝑚³ 𝑚³
𝑄 = 95,52 𝑥 0,5 = 47,76
𝑑 𝑑
Vazão máxima de fim de projeto
𝑚³ 𝑚³
𝑄 = 95,52 𝑥 1,5 𝑥 1,2 = 171,94
𝑑 𝑑

Os valores resultantes da projeção de geração de esgoto na área urbana são apresentados


na Tabela 5.

Tabela 5 - Projeção de geração de esgoto doméstico na área urbana de Painel.


Projeção Q esgoto Q máx diária Q máx horária Q min horária Q max final de
Ano
Urbana (m³/d) (m³/d) (m³/d) (m³/d) projeto (m³/d)
2020 950 91,20 109,44 136,80 45,60 164,16
2021 952 91,39 109,67 137,09 45,70 164,51
2022 954 91,58 109,90 137,38 45,79 164,85
2023 956 91,78 110,13 137,66 45,89 165,20
2024 958 91,97 110,36 137,95 45,98 165,54
2025 960 92,16 110,59 138,24 46,08 165,89
2026 962 92,35 110,82 138,53 46,18 166,23
2027 964 92,54 111,05 138,82 46,27 166,58
2028 967 92,83 111,40 139,25 46,42 167,10
2029 969 93,02 111,63 139,54 46,51 167,44
2030 971 93,22 111,86 139,82 46,61 167,79
2031 973 93,41 112,09 140,11 46,70 168,13
2032 975 93,60 112,32 140,40 46,80 168,48
2033 977 93,79 112,55 140,69 46,90 168,83
2034 979 93,98 112,78 140,98 46,99 169,17
2035 982 94,27 113,13 141,41 47,14 169,69
2036 984 94,46 113,36 141,70 47,23 170,04
2037 986 94,66 113,59 141,98 47,33 170,38
2038 988 94,85 113,82 142,27 47,42 170,73
2039 990 95,04 114,05 142,56 47,52 171,07
2040 993 95,33 114,39 142,99 47,66 171,59
2041 995 95,52 114,62 143,28 47,76 171,94
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

6.2 Lodo na área urbana

Os esgotos possuem em sua composição, sólidos com densidade superior ao líquido e


que se depositam ao longo do tempo no fundo do tanque séptico, fazendo-se necessária sua

22
remoção. Para que não ocorra a perda total das bactérias e, por consequência, prejuízo ao
tratamento do esgoto, deve ser mantido cerca de 20% do lodo no interior da unidade ao realizar
a limpeza.
A NBR 7.229 (ABNT, 1993) estima que a quantidade de lodo produzido e encaminhado
para os tanques sépticos é de 1 L/hab.dia. Considerando que as fossas serão limpas 1 vez ao
ano, que a temperatura média do mês mais frio no município fica abaixo de 10°C e que o valor
da taxa de acúmulo de lodo (K) foi de 94 dias, calculou-se o volume de lodo que deverá ser
coletado na zona urbana de Painel. Nesse estudo foram avaliados apenas sistemas individuais.
Os sistemas coletivos não foram analisados, pois o volume de lodo gerado apresenta variação
de acordo com o sistema de tratamento utilizado. Os dados da projeção de produção de lodo
são apresentados na Tabela 6.

Tabela 6 - Projeção de produção de lodo na área urbana de Painel.


Produção de lodo
Ano
(m³/d) (m³/mês) (m³/ano)
2020 0,238 7,125 89,30
2021 0,238 7,140 89,48
2022 0,239 7,155 89,67
2023 0,239 7,170 89,86
2024 0,240 7,185 90,05
2025 0,240 7,200 90,24
2026 0,241 7,215 90,48
2027 0,241 7,230 90,61
2028 0,242 7,253 90,89
2029 0,242 7,268 91,08
2030 0,243 7,283 91,27
2031 0,243 7,298 91,46
2032 0,244 7,313 91,65
2033 0,244 7,328 91,83
2034 0,245 7,343 92,02
2035 0,246 7,365 92,30
2036 0,246 7,380 92,49
2037 0,247 7,395 92,68
2038 0,247 7,410 92,87
2039 0,248 7,425 93,06
2040 0,248 7,448 93,34
2041 0,249 7,463 93,53
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

23
6.3 Esgoto na área rural

A população da área rural foi definida como 1.412 pessoas (considerada população de
2041 que é a população máxima de projeto). O consumo de água por habitante ao dia: 120 L/
hab.dia. Foram adotados valores em conformidade com a norma técnica da ABNT (NBR
9.649/1986), similarmente àqueles considerados para a população urbana:

- Coeficiente do dia de maior consumo: k1 = 1,20;


- Coeficiente da hora de maior consumo: k2 = 1,50;
- Coeficiente da hora de menor consumo: k3 = 0,50;
- Coeficiente de retorno esgoto/água: C = 0,80;

Vazão média
120𝐿 𝐿 1𝑚³ 𝑚³
𝑄 𝑚𝑒𝑑 = 1.412 ℎ𝑎𝑏 𝑥 𝑥 0,8 = 135.550 𝑥 = 135,55
ℎ𝑎𝑏. 𝑑 𝑑 1.000𝐿 𝑑
Vazão máxima diária
𝑚³ 𝑚³
𝑄 = 135,55 𝑥 1,2 = 162,66
𝑑 𝑑
Vazão máxima horária
𝑚³ 𝑚³
𝑄 = 135,55 𝑥 1,5 = 203,33
𝑑 𝑑
Vazão mínima horária
𝑚³ 𝑚³
𝑄 = 135,55 𝑥 0,5 = 67,78
𝑑 𝑑
Vazão máxima de fim de projeto
𝑚3 𝑚3
𝑄 = 135,55 𝑥 1,5 𝑥 1,2 = 244
𝑑 𝑑

No que pese a projeção da população rural do município de Painel, foi considerada uma
população fixa, conforme apresentado no estudo populacional. Dessa forma, os dados de
projeção de esgoto para a área rural são resumidos na Tabela 7.

24
Tabela 7 - Projeção de geração de esgoto doméstico na área rural de Painel.
Projeção Q esgoto Q máx diária Q máx horária Q min horária Q máx final de
Ano
Rural (m³/d) (m³/d) (m³/d) (m³/d) projeto (m³/d)
2020 1.412 135,55 162,66 203,33 67,78 243,99
2041 1.412 135,55 162,66 203,33 67,78 243,99
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

6.4 Lodo na área rural

Na área rural seguem-se as mesmas recomendações sugeridas para a área urbana.


Utilizando a mesma quantidade de lodo produzido e encaminhado para os tanques sépticos,
conforme a NBR 7.229 (ABNT, 1993), de 1 L/hab.dia e considerando que as fossas serão
limpas 1 vez ao ano, que a temperatura média do mês mais frio no município fica abaixo de
10°C e que o valor da taxa de acúmulo de lodo (K) foi de 94 dias, foi calculado o volume de
lodo que deverá ser coletado na zona rural de Painel, sendo os dados resumidos na Tabela 8.

Tabela 8 - Projeção de produção de lodo na área rural de Painel.


Produção de lodo
Ano
(m³/d) (m³/mês) (m³/ano)
2020 0,36 11,06 132,73
2041 0,36 11,06 132,73
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

7 Diagnóstico

7.1 Informações do município sobre a gestão do sistema de esgotos sanitários

Com relação aos dados administrativos referente ao tratamento de esgotos no município


de Painel (Anexo A), foi verificado junto à administração municipal que não há legislação
própria que estabelece os procedimentos para instalação de projetos hidrossanitário nos termos
da NBR 13.969 (ABNT, 1997) e NBR 7.229 (ABNT, 1993). Também não existe fiscalização
do projeto do sistema de esgoto ou fiscalização da execução e operação do sistema de esgoto.
Existe ainda emissão de alvará de construção, mas não há emissão de habite-se sanitário.
Atualmente o código de obras e postura do município vêm sendo elaborado e deverá
incluir os aspectos legais referentes ao tratamento de esgoto individual. A secretaria de
planejamento do município será encarregada pela fiscalização do projeto e a vigilância sanitária
pela fiscalização da execução e operação dos sistemas. A vigilância sanitária poderá emitir o
25
habite-se sanitário assim que a formalização no código de postura do município for
estabelecida. Por fim, a prefeitura municipal, por meio da secretaria de planejamento, contrata
empresas do município de Lages para a limpeza dos sistemas em residências onde moram
pessoas de baixa renda.

7.2 Sistemas individuais na área urbana

Metodologia de aplicação dos questionários

A pesquisa foi conduzida no dia 13 de abril de 2019 no município de Painel que está
localizado no estado de Santa Catarina. A aplicação dos questionários foi feita no período
matutino. O estudo consistiu em uma visita técnica a área urbana, sendo o local de estudo para
a aplicação de questionário com perguntas referentes ao saneamento básico no município.
Para conhecer a realidade do município de Painel em relação ao esgotamento sanitário,
foi aplicado o questionário apresentado no Anexo B. O mesmo foi desenvolvido pela Agência
Reguladora Intermunicipal de Saneamento (ARIS) e adaptado conforme as características
observadas no município de Painel. A pesquisa teve como objeto de estudo as edificações da
área urbana do município que, para facilitar, foi dividida em setores atendendo as 16
ruas/avenidas locais. A pesquisa foi conduzida por 13 pessoas previamente treinadas para
abordar os moradores e caracterizar os sistemas adotados.

Tratamento de dados

Os resultados das entrevistas obtidas por meio dos questionários aplicados foram
posteriormente tabulados no software Microsoft Office Excel 2013. As análises foram feitas
utilizando como recurso a somatória e a estatística simples percentual, onde foi possível realizar
a comparação das diferentes destinações de esgoto do município e obteve-se o panorama geral.

26
7.3 Resultados obtidos

Diagnóstico e análise

Foram aplicados 264 questionários na área urbana da cidade de Painel, que embasaram
os resultados compilados no software Microsoft Office Excel 2013. Importante salientar que,
dentro destes resultados houve casos onde os moradores não estavam presentes, não quiseram
participar da pesquisa, ou então, não detinham das informações necessárias para a validação do
questionário aplicado.
A partir da compilação realizada no software, validaram-se apenas os questionários em
que se obtiveram todas as informações necessárias, totalizando 174 questionários válidos. O
gráfico a seguir mostra o perfil das edificações da cidade (Figura 9).

Figura 9 - Perfil das edificações de Painel-SC.

3%

8%

Comercial
3%
Mista
Residencial
86% Publica

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

A maior parte dos dados coletados foram em edificações residenciais (86%), seguido de
estabelecimento comerciais (8%). Foram ainda considerados questionários aplicados em
edificações públicas e de natureza mista (comércio e residência compartilhando o mesmo
sistema de esgotamento). Além disto, foram avaliados o número de indivíduos por residência e
quantidade máxima de pessoas que eventualmente estaria presente no local. Estes valores são
fundamentais para avaliação do cenário de esgotamento sanitário da cidade em termos de
valores médios até os valores máximos que podem ser considerados para o dimensionamento.
27
Os gráficos das Figuras 10 e 11 apresentam os resultados do diagnóstico do número de pessoas
nas residências e o número máximo que pode ser observado, respectivamente.

Figura 10 - Número de pessoas nas edificações de Painel-SC.

17%
33% 1 a 2 pessoas

3 a 4 pessoas

5 ou mais
50%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

De acordo com a Figura 10, aproximadamente 88% das residências apresentam até 4
pessoas normalmente. 17% responderam que existem 5 ou mais pessoas residindo ou circulando
pelo estabelecimento, no caso de edificações mistas ou prédios públicos.

Figura 11 - Número máximo de pessoas nas edificações de Painel-SC.

20%

2 a 4 pessoas
3%
5 a 7 pessoas
50%
8 a 10 pessoas

27% mais que 11

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

28
Com relação ao número máximo de pessoas que eventualmente estariam na edificação,
a maior parte das respostas indicou que menos de 10 pessoas poderiam ser consideradas e em
apenas 3% dos casos deveria ser considerado 11 pessoas ou mais na edificação.
Considerando os sistemas individuais de tratamento, inicialmente foi avaliado a
presença de caixas de gordura nas edificações. Neste caso, 53% dos munícipes dispõem de
caixa de gordura. Em relação às outras etapas dos sistemas individuais de tratamento, os dados
foram agrupados em categorias de acordo com a configuração dos sistemas identificados na
aplicação do diagnóstico: fossa negra; tanque séptico + sumidouro; tanque séptico; tanque
séptico + filtro anaeróbio; sumidouro; direto na rede pluvial (Figura 12).

Figura 12 - Sistemas individuais de tratamento encontrados em Painel-SC.

13%

Fossa negra
3%

Tanque séptico + sumidouro

8%
Tanque séptico
65%
6% Tanque Séptico + Filtro
anaeróbio

5% Sumidouro

Direto na rede pluvial

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

A maior parte das soluções individuais identificadas (65%) lançam diretamente o esgoto
na rede pluvial e 13% utilizam o sistema de fossa negra. Em apenas 6% dos locais entrevistados
foi constatada a presença de um sistema com configuração adequada, conforme será discutido
neste relatório. Vale destacar a falta de informação da população acerca da diferença entre o
que é a rede de esgoto e o que é a rede de drenagem de águas pluviais. Muitos entrevistados
responderam que o esgoto da residência era ligado diretamente na “rede de esgoto ou na fossa”,
quando na verdade a ligação do esgoto gerado sem tratamento prévio era na rede de drenagem
pluvial. Neste sentido, uma campanha de conscientização e informação acerca da infraestrutura
29
urbana é necessária, a curto prazo e de forma continuada, o que pode contribuir
significativamente para a gestão do esgoto sanitário no município de forma participativa.
Em algumas ruas existe a presença de tubulação de drenagem, que recebe as águas
pluviais provenientes das casas, pátios, ruas etc. No entanto, conforme comentado
anteriormente, foi constatado visualmente a utilização indevida desse sistema para o envio de
esgoto doméstico das edificações. Adicionalmente, observou-se um déficit no município em
termos de drenagem urbana, sendo que menos da metade do município (cerca de 42%) dispõe
de qualquer tipo de dreno pluvial. Essa situação contribui para o agravamento do cenário do
esgotamento sanitário devido ao lançamento de esgoto no solo ou córregos e a exposição das
pessoas à essa forma de contaminação e potencial transmissor de doenças.
Com relação à idade dos sistemas individuais de saneamento presentes em Painel
(Figura 13), foram identificadas várias estruturas antigas, algumas com mais de 16 anos (39%).
Paralelamente, observou-se ainda sistemas que nunca receberam manutenção, enquanto outros
mantinham uma rotina mensal de cuidados. De forma geral, 89,02% dos munícipes nunca
limparam seu sistema ou não souberam responder por estarem morando com contrato de aluguel
há pouco tempo, enquanto 10,98% mantêm seus sistemas devidamente cuidados, sendo que
92% dos moradores indicaram que a manutenção ocorre de forma semestral ou anual.

Figura 13 - Idade dos sistemas individuais de tratamento.

19%
16%
até 5 anos

de 6 a 15 anos
20%
de 16 a 30 anos

mais de 30 anos
45%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Além disto, com relação à verificação e manutenção dos sistemas, envolvendo o acesso
até ele, em 68% de edificações há acesso ao sistema. No entanto, em alguns casos foram

30
observados problemas envolvendo edificações ou estruturas construídas sobre o sistema de
tratamento, inviabilizando o acesso.
Um dos requisitos mínimos para realização da limpeza e manutenção dos sistemas é a
existência de tubo de sucção ou tampa de inspeção. Nesse sentido, desconsiderando os locais
onde não há disponibilidade de acesso, verificou-se que apenas 22% possuem essas
características, mostrando que se obteve uma falha, sustentada por anos, de construções
indevidas em termos de esgotamento sanitário.
Em termos de ocorrência de problemas na edificação, 20% dos munícipes registraram
problemas com seus sistemas, e na maioria das vezes, esse problema estava relacionado ao
entupimento da fossa ou vazamento dela.
Com relação à proximidade da residência à poços de água, apenas 4,88% informaram
positivamente a esta questão, sendo que aproximadamente 89% estava em uma distância de até
30 metros. Por outro lado, apenas 13,82% estavam distantes de rio ou açude, e neste caso,
70,93% encontravam-se entre 50 a 500 metros de algum curso de água.
Apenas 0,81% das residências entrevistadas indicaram a presença de laje ou terreno
úmido na propriedade e 7,32% não possuem espaço para construção de sistemas individuais de
tratamento no terreno. Com relação à presença de caixa de água, 29,27% dos entrevistados
identificaram a sua presença na residência, em volumes diversos (de 100 a 2.500 litros), sendo
que o volume mais comum observado nas respostas foi o de 500 litros (53,03%).

8 Legislação

Desde a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – PNSB de 2008, o setor de


saneamento básico passou por importantes mudanças. Destacam-se a criação da Lei nº 10.257,
de 10 de julho de 2001, denominada Estatuto da Cidade – com vigência a partir de outubro do
mesmo ano, a qual estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da
propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem
como do equilíbrio ambiental. Também, a Lei do Saneamento Básico nº 11.445, de 5 de janeiro
de 2007, a qual estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política
federal de saneamento básico. Essa última lei só foi regulamentada três anos depois pelo
Decreto no 7.217, de 21 de junho de 2010. Outras mudanças importantes foram:
a) O compromisso assumido pelo Brasil em relação às Metas do Milênio, propostas pela

31
Organização das Nações Unidas, em setembro de 2000, o que implica em diminuir pela metade,
de 1990 a 2015, a proporção da população sem acesso permanente e sustentável à água potável
e ao esgotamento sanitário;
b) O Lançamento do Programa de Aceleração de Crescimento - PAC, em janeiro de 2007, com
previsão de grandes investimentos em infraestrutura urbana;
c) Resolução CONAMA Nº 430/2011 - Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de
efluentes. As condições e padrões para efluentes de sistemas de tratamento de esgotos sanitários
para o lançamento direto de sistemas de tratamento de esgotos sanitários deverão ser obedecidas
as seguintes condições e padrões específicos:
- pH entre 5 e 9;
- Temperatura: inferior a 40°C, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor não
deverá exceder a 3°C no limite da zona de mistura;
- Materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em cone Inmhoff. Para o lançamento
em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula, os materiais
sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes;
- Demanda Bioquímica de Oxigênio-DBO 5 dias, 20°C: máximo de 120 mg/L, sendo que este
limite somente poderá ser ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com
eficiência de remoção mínima de 60% de DBO, ou mediante estudo de autodepuração do corpo
hídrico que comprove atendimento às metas do enquadramento do corpo receptor.
- Substâncias solúveis em hexano (óleos e graxas) até 100 mg/L; e
- Ausência de materiais flutuantes.

9 Soluções para o tratamento de esgoto sanitário

Os grandes centros urbanos geralmente dispõem de serviço de coleta e destinação de


esgoto. No entanto, em pequenas cidades, esse cenário nem sempre é possível e muitas delas
carecem de coleta de esgoto, motivando a instalação de sistemas individuais, também chamados
de sistemas de tratamento descentralizado. Dentre os sistemas descentralizados, que podem ser
aplicados em pequenas cidades, destacam-se os sistemas condominiais, os sistemas
convencionais e os wetlands construídos.
Nos sistemas condominiais a rede coletora de esgoto passa no interior dos lotes e
quintais, cortando-os transversalmente e transformando cada quadra numa unidade de

32
esgotamento. Já nos sistemas convencionais, a rede coletora sai de cada terreno em direção ao
coletor tronco e cada terreno torna-se uma unidade de esgotamento (TSUTIYA; SOBRINHO,
2011).
Os wetlands construídos são terras irrigadas pelos efluentes em que o líquido está perto
da superfície do solo, provocando sua saturação e o desenvolvimento de vegetação
característica (macrófita), que auxilia no controle de sedimentos, de nutrientes ou de cargas
orgânicas poluidoras (JORDÃO; PESSÔA, 2005).
Alguns fatores que influenciam a seleção da tecnologia de tratamento para determinadas
circunstâncias, são as exigências de desempenho (o que se espera do tratamento), as condições
locais e a caracterização do esgoto (vazão média diária, tipo de efluente, e variabilidade
sazonal). As condições de gerenciamento de efluentes podem variar muito de uma região para
outra devido as características do local e do esgoto. O uso correto da tecnologia ajuda a proteger
a saúde da população e as fontes de água, agrega valor às propriedades e evita gastos
desnecessários com reparos. Para o município de Painel serão apresentadas, a seguir, as
alternativas de tratamento de esgotos utilizando tanque séptico acoplado a um filtro anaeróbio
e wetlands construídos.

9.1 Tanques sépticos

Tanques sépticos são dispositivos destinados ao tratamento de esgotos domésticos. O


princípio de funcionamento está baseado no processo de sedimentação, seguido da digestão
anaeróbia por microrganismos, promovendo a degradação da matéria orgânica (ABNT, 1993).
No interior deste tanque, pode ser formada uma camada superior de escuma constituída de
materiais mais leves como óleos, graxas e gases oriundos da decomposição anaeróbia (CH₄,
CO₂, H₂S). Devido a este efeito, a saída do efluente tratado deve prever um dispositivo que
evite o arraste desta escuma juntamente com o efluente tratado (NUVOLARI, 2011).
A configuração dos reatores varia entre cilíndrica ou prismática-retangular,
apresentando câmara única (Figura 14), câmaras em série ou sobrepostas.

33
Figura 14 - Tanque séptico.

Fonte: (NATURALTEC, [s.d.]).

No Brasil, a norma NBR 7.229 (ABNT, 1993) regulamenta a construção de tanques


sépticos, a qual salienta as seguintes condições:
- O sistema de tanques sépticos aplica-se primordialmente ao tratamento de esgoto doméstico
e, em casos plenamente justificados, ao esgoto sanitário;
- O uso do sistema de tanque séptico é indicado para área desprovida de rede pública coletora
de esgoto; tratamento de esgoto em áreas providas de rede coletora local, e também para
retenção prévia dos sólidos sedimentáveis, em casos onde a rede coletora apresenta diâmetro
e/ou declividade reduzidos;
- O sistema deve ser dimensionado e implantado de forma a receber a totalidade dos despejos
(águas pluviais e provenientes de piscinas e de reservatórios de água não devem ser
encaminhadas aos tanques sépticos);
- O sistema em funcionamento deve preservar a qualidade das águas superficiais e subterrâneas;
- O lodo e a escuma removidos dos tanques sépticos em nenhuma hipótese podem ser lançados
em corpos de água ou galerias de águas pluviais;
- A contribuição de despejo deve ser calculada a partir do número de pessoas a serem atendidas;
- Os tanques sépticos podem ser cilíndricos ou prismáticos retangulares. Os cilíndricos são
empregados em situações onde se pretende minimizar a área útil em favor da profundidade; os
prismáticos retangulares, nos casos em que sejam desejáveis maior área horizontal e menor
profundidade.

34
Dimensionamento do tanque séptico

O dimensionamento do tanque séptico foi realizado baseado nos diferentes perfis de


edificações encontradas no município de Painel, a fim de obter o orçamento para a
implementação do sistema descentralizado de tratamento de esgoto. Conforme a NBR 7.229
(ABNT, 1993), as variáveis utilizadas para o cálculo foram retiradas das tabelas dispostas na
norma e o volume útil total do tanque séptico foi calculado pela Equação 1:

V = 1000 + N (C x T +K x Lf) (1)


Onde:
V= volume útil, em litros;
N= número de pessoas ou unidades de contribuição;
C= contribuição de despejos, em litros/pessoa.dia ou em litros/unidade.dia;
T= período de detenção, em dias;
K= taxa de acumulação de lodo digerido em dias, equivalente ao tempo de acumulação de odo
fresco;
Lf= contribuição de lodo fresco, em litros/pessoa.dia ou em litros/unidade.dia.

Limpeza dos tanques sépticos

O lodo e a escuma acumulados nos tanques devem ser removidos a intervalos


equivalentes ao período de limpeza do projeto (ABNT, 1993). O período utilizado para os
cálculos de dimensionamento do tanque séptico foi de uma vez ao ano, sendo necessário uma
empresa especializada para realizar esse serviço no município. É importante que os tanques
possuam acesso para a sua manutenção, de forma que nada impeça a sua limpeza.

9.2 Filtro anaeróbio

Os filtros anaeróbios são reatores biológicos preenchidos com material inerte com
elevado grau de vazios, que permanece estacionário, e onde se forma um leito de lodo biológico
fixo. O material de enchimento serve como suporte para os microrganismos facultativos e
anaeróbios, que formam películas ou um biofilme na sua superfície, propiciando alta retenção

35
de biomassa no reator (ÁVILA, 2005). Assim, como estabelece a NBR 13.969 (ABNT, 1997)
o filtro é composto de uma câmara inferior vazia e uma câmara superior preenchida com o meio
filtrante submerso, onde atuam os microrganismos, como pode-se observar na Figura 15. Os
microrganismos formam películas ou um biofilme na sua superfície.

Figura 15 - Corte esquemático de um filtro anaeróbio de fluxo ascendente.

Fonte: (ÁVILA, 2005).

O sentido do fluxo através do leito acarreta grandes diferenças funcionais para as várias
configurações de filtro anaeróbio, como pode ser observado no Quadro 1.

Quadro 1 - Características dos filtros anaeróbios de diferentes sentidos de fluxo.


Fluxo Ascendente Fluxo Descendente Fluxo Horizontal
- Bom tempo de contato entre o
esgoto e o biofilme devido aos - Funciona com características
- Apresentam facilidade para
lodos em sustentação intermediárias entre o fluxo
remoção de lodo em excesso;
hidráulica; ascendente e descendente;
- Menor risco de entupimento
- Maior retenção de lodo em - Maior dificuldade na
no leito;
excesso; distribuição do fluxo;
- Podem receber esgotos com
- Propiciam alta eficiência e - Desempenho diferenciado ao
maior concentração de sólidos;
baixa perda dos sólidos que são longo do leito;
- Indicado para altas e baixas
arrastados no efluente; - Concentração de lodo em
cargas orgânicas;
- São mais indicados para excesso mal distribuída;
- Os filtros com fluxo não
esgotos com baixa - Remoção do lodo difícil;
afogado apresentam baixa
concentração; - Deve ser usado com baixas
eficiência.
- Maiores riscos de entupimento taxas de carga orgânica.
dos interstícios.
Fonte: Adaptado de ÁVILA (2005).

Dentre algumas das vantagens da utilização de filtros anaeróbios estão a


36
dispensabilidade de fonte de energia externa e recirculação de lodo, liberdade de projeto e
configurações de dimensionamento, baixa produção de lodo e relevante remoção de material
orgânico dissolvido. As desvantagens desse sistema são poucas, efluentes podem estar ricos em
sais minerais, excesso de microrganismos patogênicos, entupimentos, entre outros (ÁVILA,
2005).

Dimensionamento do filtro anaeróbio

O dimensionamento do filtro anaeróbio foi realizado conforme a NBR 13.969 (ABNT,


1997), os parâmetros utilizados para o cálculo foram retirados das tabelas apresentadas na
norma e o volume útil do leito filtrante, em litros, foi obtido pela Equação 2:

V = 1,6 x N x C x T (2)

Onde:
N= número de contribuintes;
C= contribuição de despejos, em litros/habitante.dia;
T= tempo de detenção hidráulica, em dias.

Modelos comerciais de tanque séptico e filtro anaeróbio podem ser visualizados no


Anexo C.

9.3 Estudo de caso envolvendo a aplicação de tanque séptico e filtro anaeróbio

Devido às restrições impostas pela legislação ambiental para a concentração de DBO no


efluente, ou em casos que o corpo d’água receptor tem uma capacidade limitada de assimilar o
efluente, autodepuração, faz-se necessário o uso de tratamento complementar à etapa anaeróbia.
Porém, existem casos como os sistemas compostos por tanque séptico seguido por filtro
anaeróbico (Figura 16) em que a combinação de diferentes processos anaeróbios pode atender
as exigências menos restritivas quanto à sua eficiência e concentração do efluente final.

37
Figura 16 - Sistema tanque séptico e filtro anaeróbio.

Fonte: Acervo do LABTRAT/CAV/UDESC.

Conforme a NBR 13.969 (ABNT, 1997), apresenta as faixas prováveis de remoção de


poluentes através do filtro anaeróbio em conjunto com o tanque séptico, que são:
- DBO5,20: 40 a 75%;
- DQO: 40 a 70%;
- Sólidos suspensos 60 a 90%;
- Sólidos sedimentáveis: 70% ou mais;
- Fosfato: 20 a 50%.

Os valores limites inferiores são referentes às temperaturas abaixo de 15°C; os valores


limites superiores são para temperaturas acima de 25°C, sendo também influenciados pelas
condições operacionais e grau de manutenção.
Um estudo realizado na cidade de Rio Rufino-SC, avaliou um sistema de tratamento
descentralizado de esgotos sanitários, constituído por reator anaeróbio de manta de lodo e
biofiltro em polietileno. A eficiência do sistema foi avaliada e o efluente final teve seus
parâmetros comparados aos padrões estabelecidos pela Resolução 430/2011 do Conselho
Nacional do Meio Ambiente e a Lei 14.675/2009 do Estado de Santa Catarina. O sistema
apresentou uma remoção média da demanda bioquímica de oxigênio de 88,9% e de 95,4% com
relação a demanda química de oxigênio. O efluente tratado apresentou-se em conformidade
com os requisitos legais vigentes, indicando que o sistema pode ser uma alternativa para o
tratamento de esgoto sanitário em regiões de baixa densidade demográfica (SOUZA;
SCHROEDER; SKORONSKI, 2019).
38
9.4 Alternativa baseada no sistema de wetlands

Uma alternativa para o sistema de tratamento descentralizado envolve a aplicação de


sistemas naturais para o tratamento de esgoto e de lodos de tanques sépticos, através da
ecotecnologia dos wetlands construídos, de forma que possa integrar com os sistemas
individuais de tratamento de esgotos. A ideia é propor uma possibilidade potencialmente
sustentável para gestão do saneamento na dimensão do esgotamento sanitário.
Neste sentido, o tratamento de lodos de tanque séptico e de esgotos domésticos pode ser
associado à ecotecnologia dos wetlands construídos para ambos os casos. Abaixo segue uma
breve descrição da aplicação de wetlands para tratamento de lodo e tratamento de esgotos
domésticos bruto que serão aplicados nessa configuração proposta.

Tratamento de esgoto bruto por meio de wetland vertical Sistema Francês

Tradicionalmente e com parâmetros de construção e operação bem definidos o Wetland


Sistema Francês (WSF) possui dois estágios de tratamento, compostos de três filtros verticais
em paralelo no primeiro estágio e dois filtros verticais ou um horizontal no segundo estágio.
Tem como principal característica a aplicação direta de efluente bruto na superfície do filtro,
ou seja, não há necessidade de tratamento primário. Tampouco, há necessidade de etapas
posteriores para o tratamento do efluente. Porém, normalmente antes da aplicação nos filtros é
feito um gradeamento do efluente para retenção de sólidos grosseiros. Em função das condições
climáticas e exigências legais aplicadas no Brasil o Sistema Francês será concebido apenas com
o primeiro estágio.
O efluente bruto, após passar por gradeamento, é bombeado para o primeiro estágio. Na
primeira etapa, o efluente é filtrado através de uma camada de, no mínimo, 30 cm de brita fina
(conhecido como pedrisco) para, posteriormente, passar através de uma segunda camada de
transição com material intermediário e, então, atingir a camada de drenagem com material
grosso no fundo do filtro. Em relação aos filtros utilizados no segundo estágio, estes possuem
praticamente as mesmas características do primeiro, com exceção da camada de filtração
composta de no mínimo 30 cm de areia (0,25 mm < d10 < 0,40 mm), ao invés do pedrisco.
O dimensionamento e regime operacional é adaptado de acordo com alguns fatores,
como o clima, o nível de remoção de poluentes exigido pelas autoridades, a carga orgânica

39
recebida no verão, a carga hidráulica, entre outros. Para o primeiro estágio, é indicado uma
superfície de 1,2 m² por habitante para o conjunto dos três filtros, com uma carga orgânica de
300 gDQOm²/d, ≈ 150 gSSTm²/d, ≈ 25 – 30 gNTKm²/d e uma carga hidráulica de 0,37 m/d
sobre um filtro em funcionamento. A Figura 17 mostra a configuração de um sistema em perfil.

Figura 17 - Configuração de um WSF clássico em alimentação.

Fonte: (MOLLE et al., 2005)

O Sistema Francês opera com alternância de ciclos, tendo um período de alimentação e


outro período de descanso. No primeiro estágio, quando um dos 3 filtros entra em alimentação
os outros 2 estão em repouso. Cada unidade recebe esgoto bruto por um período de 3,5 dias e
descansa por 7 dias, de acordo com a alternância. O mesmo acontece para os outros 2 filtros do
segundo estágio, que trabalham com 3,5 dias de alimentação e 3,5 dias de repouso conforme
ilustra a Figura 18.

40
Figura 18 - Esquema dos dois estágios do WSF clássico.

Fonte: (DOTRO et al., 2017).

Essa alternância de ciclos é fundamental para garantir transferência de oxigênio para o


interior dos poros, estabilizar a camada de lodo acumulada na superfície do leito e evitar o
processo de colmatação (DOTRO et al., 2017).
No primeiro estágio ocorre o maior acúmulo de sólidos na superfície no leito, formando
uma camada de lodo que vai crescendo em média 2,5 cm por ano (MOLLE, 2014). O esgoto
bruto é distribuído na superfície do leito, que passa pela camada de lodo formado e percola pelo
material filtrante até atingir o dreno de fundo. Já no segundo estágio ocorre um polimento final
do esgoto, complementando a remoção de sólidos e matéria orgânica, além da remoção parcial
da amônia. A Figura 19 mostra a configuração e perfil granulométrico do primeiro e segundo
estágio.

41
Figura 19 - Perfil granulométrico do primeiro e segundo estágio do Sistema Francês.

Fonte: (DOTRO et al., 2017).

Com relação às eficiências médias Molle et al. (2005) atingiram 79% e 86% para DQO
e SST respectivamente, seguindo os padrões clássicos de dimensionamento e operação. García
Zumalacarregui & Von Sperling (2018) operaram um Sistema Francês no Brasil, com dois
módulos no primeiro estágio, sete dias de alimentação e sete dias de repouso. A eficiência média
durante o período avaliado foi de 78% e 82% para DQO e SST, respectivamente.

Tratamento de lodos através de sistemas wetlands construídos

Os sistemas wetlands construídos para o tratamento de lodo são basicamente uma


42
alternativa tecnológica em que se combinam os princípios de um leito de secagem e de um
sistema wetland de escoamento vertical. Para Uggetti et al. (2010) esses sistemas são uma
alternativa não somente para desaguamento do lodo como também possuem potencial para
estabilizá-lo.
Nos wetlands, o desaguamento do lodo ocorre em função do tratamento ser realizado
em batelada, sendo que em um primeiro momento é realizada a alimentação dos leitos com
lodo, e no período subsequente o lodo passa por um processo de repouso, para possibilitar o seu
desaguamento. O período de repouso pode variar de alguns dias a semanas, sendo o mais usual
sete dias (NIELSEN, 2008). Na batelada seguinte, o filtro é alimentado novamente, sendo o
lodo bruto aplicado sobre o lodo que ficou acumulado no leito.
Por se tratar de uma tecnologia natural, com a utilização de plantas, acaba apresentando
uma estética agradável, com maiores possibilidades de aceitação da população. O principal
parâmetro de projeto refere-se à aplicação de Taxas de Sólidos Totais por ano por metro
quadrado de área superficial. O maior fator de interferência refere-se, basicamente, à
temperatura, sendo que em localidades de climas mais quentes há a possibilidade de uma maior
taxa de aplicação, em função da maior cinética de degradação.
A Tabela 9 mostra diferentes taxas aplicadas para diferentes autores e em diferentes
condições climáticas.

Tabela 9 - Referências de taxas de sólidos aplicados em wetlands.


Referência TAS (KgST/m².ano) Tipo de lodo
Koottatep et al. (1999) 125-250 Tanque séptico
Summerfelt et al. (1999) 30 Tanque séptico
Koné e Strauss (2004) <250 Tanque séptico
Kengne et al. (2009 200 Tanque séptico
Sonko et al. (2014) 200 Tanque séptico
Fonte: Adaptado de Andrade (2015).

Com o passar do tempo, uma camada de lodo é acumulada na superfície do leito até um
momento que se deva realizar um manejo. A taxa de acúmulo do lodo depende, obviamente, da
carga de sólidos aplicada e nas condições climáticas que vão favorecer processos de
desaguamento e estabilização da matéria orgânica.
Koottatep et al. (2005), pesquisando um sistema wetland para tratamento de lodo de
tanque séptico com TAS de 250 kgST/m² ano, encontraram uma taxa de acúmulo de lodo de 12

43
cm ao ano. Comparado a outras tecnologias convencionais, como os leitos de secagem,
centrífugas e filtros prensa, os sistemas plantados possibilitam um maior armazenamento de
lodo ao longo do tempo. Geralmente, a camada de lodo pode ser removida do leito depois de 2
a 3 anos, podendo ser utilizada na agricultura, a depender do grau de higienização do lodo. De
acordo com Suntti (2010), o lodo acumulado, após seco e estabilizado, pode ser aplicado no
solo diretamente ou após uma compostagem, levando em consideração as normas e legislações
específicas para tais disposições. No Brasil, a Resolução CONAMA nº 375/2006 define
critérios e procedimentos para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em estações de
tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados, e dá outras providências (BRASIL,
2006).
Para a retirada do lodo recomenda-se um período de repouso de 6 meses de modo que
haja uma estabilização adequada para diversos usos agrícolas, por exemplo. A Figura 20 mostra
um estereótipo padrão de um leito plantado de tratamento de lodo.

Figura 20 - Wetland vertical para tratamento de lodo.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Dimensionamento das unidades wetlands para tratamento de lodo de tanque séptico


(TS) e do esgoto bruto doméstico

Para o dimensionamento das duas unidades de tratamento foram utilizados parâmetros


de dimensionamento, dados de entrada e contribuições reportados na NBR 7.229 (ABNT, 1993)
e valores de referência da literatura. Cabe ressaltar que todos esses valores remetem a uma
simulação hipotética, não havendo um embasamento real de cada município. Este estudo serve
apenas para elencar uma potencialidade de utilização de sistemas wetlands para tratamento de
esgotos e de lodos de TS no município investigado. Para um estudo de concepção real, seriam
necessários vários outros estudos e dados para um projeto de fato, que não foram considerados
44
aqui por se tratar de um plano de ação.
A Figura 21 mostra uma concepção padrão com as duas unidades integradas. O Wetland
Sistema Francês recebe o esgoto doméstico bruto, após passar pelo gradeamento, e o percolado
do lodo de TS, para então o efluente ser encaminhado para a disposição final.

Figura 21 - Concepção padrão a ser adotada na proposta.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Dimensionamento do wetland construído para tratamento de lodo de tanque séptico

A Tabela 10 refere-se aos parâmetros de dimensionamento para o sistema wetland para


tratamento de lodo de TS, onde define-se a área superficial por indivíduo.

45
Tabela 10 - Parâmetros de dimensionamento para tratamento de lodo de TS.
Itens Valores Referências
Produção de lodo per capita 1 L/dia NBR 7.229:93
Taxa de acumulação de lodo (K) para intervalo
de limpeza de 1 ano e Temp. médio do mês 94 dias NBR 7.229:93
mais frio de 10ºC
Volume de lodo gerado per capita em um ano 94 x 1 = 94 L NBR 7.229:93
Concentração média de ST no lodo após 1 ano Calderón-Vallejo et
15.000 mg/L
de acúmulo al. (2015)
94 L x 15.000
Massa de ST per capita/ano mg/L = 1,41
KgST/ano
Parâmetros de projeto de dimensionamento
Calderón-Vallejo et
Taxa de aplicação 100 KgST/m².ano
al. (2015)
Calderón-Vallejo et
Relação alimentação:repouso 1:7 dias
al. (2015)
Volume percolado 0,6xVol. De lodo -
Concentração média do percolado (SST) 800 mg/L -
Área superficial 0,014 m²/hab -
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

9.5 Alternativas de disposição do esgoto tratado

A NBR 13.969 (ABNT, 1997) apresenta alternativas para disposição do esgoto tratado
utilizando tanque séptico. A melhor alternativa de disposição deve ser selecionada de acordo
com as necessidades e condições locais onde é implantado o sistema de tratamento, não
havendo restrições quanto à capacidade de tratamento das unidades. A norma cita como
alternativas para disposição: valas de infiltração, canteiros de infiltração e de
evapotranspiração, sumidouro, galeria de águas pluviais, águas superficiais e reuso local.
Conforme as necessidades locais, as alternativas citadas podem ser utilizadas
complementarmente entre si, para atender ao maior rigor legal ou para efetiva proteção do
manancial hídrico, a critério do órgão fiscalizador competente.

9.6 Edificações sem espaço útil

Conforme os dados obtidos nos questionários aplicados no município de Painel, uma


46
das questões mais importantes para a viabilidade e aplicação do sistema proposto para o
município, é o espaço disponível no terreno para a construção do sistema individual, formado
por tanque séptico e filtro anaeróbio. A maioria dos terrenos do município de Painel possuem
espaço para a implementação do sistema descentralizado de tratamento de esgoto, totalizando
aproximadamente 92% das edificações. Esse valor demonstra que a maioria da população
urbana do município pode usufruir desse plano de esgotamento sanitário. Sobretudo, para o
restante, uma maneira de contornar esse problema, é a ligação do esgoto para a residência mais
próxima que possui o espaço necessário, garantindo então o seu tratamento.

10 Indicação de alternativas para o esgotamento sanitário em Painel

Com base no diagnóstico realizado e levando em conta as características do município


de Painel, são apresentadas as seguintes alternativas para a implementação do serviço de
esgotamento sanitário com base no termo de referência elaborado pela ARIS. Neste sentido,
serão exploradas as seguintes alternativas:

- Alternativa 01 – implementar unidades de tratamento individual em edificações;


- Alternativa 02 – implementar unidades de tratamento individual em edificações, associando
com sistemas coletivos de coleta e tratamento de esgotos;
- Alternativa 03 – implementar sistemas condominiais de esgoto para o atendimento de
edificações;
- Alternativa 04 – implementar unidade coletiva de sistemas de esgoto sanitários com rede
coletora e estação de tratamento.

A discussão de cada alternativa apresentada a seguir fomentará a discussão da prefeitura


municipal acerca da seleção do modelo que poderá ser homologado para execução.

Alternativa 01 – Edificações com solução individual de tratamento

O modelo proposto por essa alternativa pressupõe a instalação de sistemas individuais


de acordo com as normas da ABNT e a limpeza dos sistemas por meio de caminhão limpa fossa
contratado pelo usuário. Nesse modelo, as prefeituras municipais podem executar ou terceirizar

47
as ações, a saber:
a) Devem ser realizados ajustes na legislação municipal para que sejam exigidas as instalações
de sistemas de tratamento individual de esgoto sanitário, conforme dimensionamento e
recomendações técnicas da ABNT, para emissão de alvará de construção para novas
edificações. Deve ainda, ser previsto a fiscalização do projeto, execução e operação dos
sistemas pela prefeitura. Para a operação, devem ser considerados dispositivos que assegurem
a limpeza periódica de acordo com a base de dados utilizada para o dimensionamento dos
sistemas individuais de esgotamento sanitário;
b) A prefeitura deve buscar fontes de investimentos e/ou subsídios para a implementação de
sistemas individuais nas áreas urbana e rural nos locais onde eles se fazem inexistentes e em
substituições aos sistemas em desacordo com as normas técnicas da ABNT;
c) Podem ser previstos o uso de ferramentas de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) ou
uma alternativa para atualização periódica do cadastro dos sistemas individuais de tratamento
de esgoto;
d) Elaborar projetos tipos para facilitar a concepção e execução dos sistemas pelo usuário e
consequentemente a aprovação por parte do órgão responsável na prefeitura;
e) Executar plano de ação previsto no plano municipal de saneamento básico levando em conta
a implementação e adequação dos sistemas individuais de tratamento. Deve-se ainda considerar
a elaboração de projetos e prospecção de recursos para implementação de rede coletora e
estação de tratamento de esgotos considerando horizonte de médio e longo prazo.

Alternativa 02 – Edificação com soluções individuais de tratamento associadas ao serviço de


limpeza via caminhão limpa fossa e tratamento dos subprodutos em sistema coletivo de esgotos
sanitários.

A diferença deste modelo para o anterior está ligada à alternativa de manutenção dos
sistemas individuais por meio de limpeza com caminhões limpa fossa de propriedade da
prefeitura ou terceirizados, que encaminhem o lodo removido para estações de tratamento de
esgotos associadas e devidamente licenciadas pelo órgão ambiental competente. Nesse modelo,
as prefeituras municipais podem executar ou terceirizar as ações, a saber:
a) Devem ser realizados ajustes na legislação municipal para que sejam exigidas as instalações
de sistemas de tratamento individual de esgoto sanitário conforme dimensionamento e

48
recomendações técnicas da ABNT para emissão de alvará de construção para novas edificações.
Deve ainda ser previsto a fiscalização do projeto, execução e operação dos sistemas pela
prefeitura. Para a operação, devem ser considerados dispositivos que assegurem a limpeza
periódica de acordo com a base de dados utilizada para o dimensionamento dos sistemas
individuais de esgotamento sanitário;
b) A prefeitura deve buscar fontes de investimentos e/ou subsídios para a implementação de
sistemas individuais nas áreas urbana e rural nos locais onde eles se fazem inexistentes e em
substituições aos sistemas em desacordo com as normas técnicas da ABNT;
c) Podem ser previstos o uso de ferramentas de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) ou
uma alternativa para atualização periódica do cadastro dos sistemas individuais de tratamento
de esgoto;
d) Elaborar e celebrar convênio para a gestão associada de disposição do lodo coletado em
sistemas individuais em ETE que possua licenciamento ambiental para a atividade;
e) Elaborar e executar programas de manutenção dos sistemas individuais de tratamento para
coleta do lodo e envio para a ETE associada;
f) Elaborar e implementar taxa ou tarifa para a manutenção dos sistemas individuais de
tratamento que cubram as despesas com esse serviço e garantam a sua sustentabilidade
econômico-financeira;
g) Elaborar projetos tipos para facilitar a concepção e execução dos sistemas pelo usuário e
consequentemente a aprovação por parte do órgão responsável na prefeitura;
h) Executar plano de ação previsto no plano municipal de saneamento básico levando em conta
a implementação e adequação dos sistemas individuais de tratamento e a inclusão de serviços
prestados com caminha limpa fossa. Deve-se ainda considerar a elaboração de projetos e
prospecção de recursos para implementação de rede coletora e estação de tratamento de esgotos
considerando horizonte de médio e longo prazo.

Alternativa 03 – Sistemas condominiais de tratamento de esgotos sanitários.

Nesse modelo, o esgoto gerado por várias residências é encaminhado para uma
tubulação que percorre o interior dos terrenos ou a área de passeio, sendo essa tubulação ligada
à rede coletora. Esse processo diferencia-se de um sistema tradicional onde cada economia é
ligada à rede coletora e, portanto, o sistema condominial envolve uma participação maior da

49
comunidade em manter o sistema em funcionamento, pois hidraulicamente todos compartilham
a mesma conexão até o coletor. Ainda, podem ser previstas estações descentralizadas para o
tratamento do esgoto. Nesse modelo, as prefeituras municipais podem executar ou terceirizar
as ações, a saber:
a) Devem ser realizados ajustes na legislação municipal para que sejam exigidas as instalações
de sistemas de tratamento individual de esgoto sanitário conforme dimensionamento e
recomendações técnicas da ABNT para emissão de alvará de construção para novas edificações.
Deve ainda ser previsto a fiscalização do projeto, execução e operação dos sistemas pela
prefeitura. Para a operação, devem ser considerados dispositivos que assegurem a limpeza
periódica de acordo com a base de dados utilizada para o dimensionamento dos sistemas
individuais de esgotamento sanitário;
b) A prefeitura deve buscar fontes de investimentos e/ou subsídios para a implementação de
sistemas individuais nas áreas urbana e rural nos locais onde eles se fazem inexistentes e em
substituições aos sistemas em desacordo com as normas técnicas da ABNT;
c) Devem ser apresentadas alternativas para a execução das obras de sistema de esgoto
condominial por parte da prefeitura e/ou associação de moradores, sob supervisão dos órgãos
competentes da prefeitura, para ligação na rede coletora do município;
d) Podem ser previstos o uso de ferramentas de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) ou
uma alternativa para atualização periódica do cadastro dos sistemas condominiais de tratamento
de esgoto;
e) Elaborar e implementar taxa ou tarifa para a manutenção dos sistemas condominiais de
tratamento que cubram as despesas com os serviços de coleta e tratamento e garantam a sua
sustentabilidade econômico-financeira;
f) Executar plano de ação previsto no plano municipal de saneamento básico levando em conta
a implementação e adequação dos sistemas individuais de tratamento. Deve-se ainda considerar
a elaboração de projetos e prospecção de recursos para implementação de rede coletora e
estação de tratamento de esgotos considerando horizonte de médio e longo prazo.

Alternativa 04 – Implantação de redes coletoras de esgoto

Finalmente, a alternativa 04 envolve a implantação de rede coletiva de coleta de esgotos


e estação de tratamento de efluentes centralizada. Esse é o modelo previsto para a área urbana

50
do município de Painel, segundo o plano municipal de saneamento. Nesse modelo, as
prefeituras municipais podem executar ou terceirizar as ações, a saber:
a) Implementar as alternativas 01 e/ou 02 e/ou 03 na área rural do município, onde a alternativa
04 se apresenta inviável devido à reduzida densidade populacional;
b) Elaborar plano de ação, com prazos para a prospecção de recursos para implementação da
rede coletora na área urbana do município e da estação de tratamento de efluentes, conforme
previsto no plano municipal de saneamento;
c) Elaborar e implementar taxa ou tarifa para a manutenção dos serviços de coleta e tratamento
de esgotos que cubram as despesas com esses serviços e garantam a sua sustentabilidade
econômico-financeira.

Com base nas proposições anteriores, considerando as características socioeconômicas


do município de Painel, indica-se as alternativas 01 e 02 para as áreas urbana e rural do
município, para curto e médio prazo. Para estas alternativas, devem ser instalados tanques
sépticos seguidos de filtro anaeróbio com disposição final do esgoto tratado em sumidouros. A
manutenção dos sistemas pode ser realizada sob responsabilidade e fiscalização do município.
Alternativamente, a prefeitura municipal pode cobrar uma taxa dos usuários para a prestação
do serviço de manutenção dos sistemas individuais por meio de caminhão limpa fossa e envio
à ETE de Urupema, conforme viabilidade a ser discutida a seguir. Desta forma, além da cidade
de Painel, a ETE de Urupema poderia receber também o lodo proveniente dos sistemas de
tratamento de Rio Rufino, de forma a compor um programa de gestão associada (PGA) dos
sistemas de esgotos sanitários dos três municípios, conforme a Figura 22. Neste caso, é
apresentada a opção para a gestão da área urbana. Para a área rural devem ser considerados
apenas sistemas individuais.

51
Figura 22 - Proposta do programa de gestão associada de tratamento de esgoto sanitário na área urbana para os
municípios de Painel, Urupema e Rio Rufino. A área rural pode ser contemplada com sistemas individuais nos
três municípios.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Com base nos dados apresentados anteriormente, o volume de lodo que deverá ser
coletado e transportado para a ETE de Urupema, pelo caminhão limpa fossa, será de 219,64 m³
por ano (0,60 m³/d). Multiplicando a concentração de matéria orgânica no lodo que é de 6 kg/m³
(JORDÃO; PESSÔA, 2005) pelo volume de lodo coletado e dividindo o resultado pelo volume
do reator anaeróbio, modelo UASB, da cidade de Urupema (144 m³), obtemos uma carga
orgânica volumétrica de 0,025 kg/m³.d. Um reator anaeróbio do tipo UASB pode receber uma
carga orgânica volumétrica de até 15 kg/m³.d (JORDÃO; PESSÔA, 2005), muito acima da
carga orgânica volumétrica gerada pelo lodo coletado nas fossas da cidade de Painel. Portanto,
o lodo das fossas da cidade de Painel pode ser enviado a estação de tratamento de efluentes da
cidade de Urupema sem causar prejuízos ao tratamento biológico.
Pode ser previsto a médio e longo prazo a implementação de rede coletora no município
para o recebimento do esgoto de forma condominial (alternativa 03) ou coletiva (alternativa 04)
com tratamento em estação centralizada de tratamento de efluentes. Neste caso, recomenda-se
considerar a tecnologia de wetlands construídos devido à várias características, principalmente
pela robustez do sistema, dispensando mão-de-obra qualificada para sua operação, o qual
poderia ser uma limitação para o município. Além disso, outras vantagens podem ser
enumeradas, entre elas:
- O tratamento do esgoto e do lodo ocorre simultaneamente, evitando custos operacionais
elevados com gestão desse resíduo;
52
- O sistema possibilita variações de cargas hidráulicas e orgânicas, sem comprometer a
eficiência do tratamento;
- O sistema não necessita, necessariamente, de sistemas de bombeamento, ou aeração mecânica;
- Por ser um sistema aeróbio, está muito menos sujeito às variações climáticas e de cargas
pontuais tóxicas, comparados aos sistemas anaeróbios;
- Por ser um sistema que utiliza plantas no tratamento, proporciona um viés paisagístico, com
boa aceitação da comunidade;
- O lodo que é retirado do sistema após 5-10 anos, apresenta um grau de estabilidade bastante
avançada, possibilitando sua utilização como fonte de insumo para agricultura, dependendo do
nível de exigência para cada fim.

11 Custos e cobrança pelos serviços

A seguir são apresentados quatro cenários possíveis para a universalização dos serviços
de esgotamento sanitário no município de Painel. Primeiramente foi considerada a possibilidade
de universalização via implementação de sistemas individuais em todo o município com
manutenção realizada via contratação de serviço especializado. Em um segundo cenário, a
manutenção pode ser realizada e administrada por três prefeituras, com possibilidade de
participação do CISAMA. No terceiro cenário, foi considerada a proposta apresentada no plano
municipal de saneamento básico do município em 2011. Finalmente, o quarto cenário considera
a tecnologia de wetlands construídos para o tratamento de esgoto da área urbana e disposição
do lodo gerado nos sistemas da área rural. Cada cenário foi abordado com relação aos custos
de implementação e manutenção, servindo como base para a avaliação da possibilidade de
sustentabilidade do serviço de saneamento de acordo com a Lei n° 11.445, de 5 de janeiro de
2007 que estabelece em seu artigo 29:
Os serviços públicos de saneamento básico terão a
sustentabilidade econômico-financeira assegurada por meio de
remuneração pela cobrança dos serviços, e, quando necessário,
por outras formas adicionais, como subsídios ou subvenções,
vedada a cobrança em duplicidade de custos administrativos ou
gerenciais a serem pagos pelo usuário, nos seguintes serviços:
I - de abastecimento de água e esgotamento sanitário, na forma
de taxas, tarifas e outros preços públicos, que poderão ser

53
estabelecidos para cada um dos serviços ou para ambos,
conjuntamente; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)

Neste sentido, o município de Painel possui 340 unidades na área urbana e


aproximadamente 600 unidades na área rural que necessitam regularização do sistema de
esgotamento sanitário. Conforme o levantamento realizado in loco na área urbana, somente 6%
das unidades eram constituídas por sistemas de tanque séptico seguido de pós-tratamento em
filtro anaeróbio, o qual constitui-se no sistema individual ideal. Dessa forma, definiu-se que
mesmos esses sistemas necessitariam passar por revisão e, portanto, em um cenário
conservador, foi considerado a totalidade de unidades para o orçamento. Os valores dos
sistemas foram obtidos por consulta no comércio local de Lages e são apresentados na Tabela
11.

Tabela 11 - Custos dos sistemas de tratamento individual.


Orçamentos
Sistema
A B C
Tanque séptico (2 m3) R$1.827,00 R$ 2.331,75 R$ 1.512,75
3
Filtro anaeróbio (1,1 m ) R$ 1.790,90 R$ 1.059,95 R$ 1.070,35
Total R$ 3.617,90 R$ 3.391,70 R$ 2.583,10
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Os volumes dos tanques referem-se a unidades para o tratamento de até 5 pessoas,


correspondendo aos dados majoritários obtidos no diagnóstico. Desta forma, para a instalação
de sistemas individuais de esgotamento sanitário, envolvendo a área urbana e rural, os custos
irão variar entre R$ 2.428.114,00 e R$ 3.400.826,00 em função dos custos unitários mínimo e
máximo para aquisição dos sistemas individuais. O custo do sumidouro não foi cotado em
função da possibilidade de utilização de materiais alternativos para sua construção ou, em
alguns casos, ser necessário o lançamento do efluente tratado na rede pluvial. Neste caso, em
atendimento à NBR 13.969, em seu item 4.6, o efluente deverá ser clorado, sob
responsabilidade do proprietário, anteriormente ao seu lançamento (ABNT, 1997).
Com relação à manutenção dos sistemas, o município de Painel não possui empresa
especializada na limpeza de sistemas individuais de esgoto sanitário. Nesse sentido, o local
mais próximo para oferta do serviço é o município de Lages, estando a aproximadamente 35
km de distância. Em consulta a empresa do setor, o custo para limpeza dos sistemas é de R$
250,00 acrescido da taxa de R$ 3,50 por quilômetro rodado (incluindo ida e volta).
54
Considerando a distância média apresentada, o valor para limpeza de cada sistema seria
aproximadamente R$ 500,00. Assim, os valores envolvidos na manutenção dos sistemas podem
ser resumidos na Tabela 12, considerando uma limpeza anual dos sistemas.

Tabela 12 - Custos de manutenção dos sistemas individuais quando contratada empresa terceirizada de Lages.
Setor Número de unidades Custos
Urbano 340 R$ 170.000,00
Rural 600 R$ 300.000,00
Custo anual de manutenção de todas as unidades R$ 470.000,00
Custo anual por unidade R$ 500,00
Custo mensal por unidade R$ 41,67
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Em função da ausência de empresas que realizam o serviço de limpeza de sistemas de


esgotos no município, o valor por unidade resultou elevado para a realidade do município.
Diversos moradores relataram não limpar seus sistemas devido à dificuldade em custear esse
serviço. A título de comparação, a concessionária responsável pela gestão da água no município
cobra uma taxa fixa de disponibilização de infraestrutura no valor de R$ 29,49, acrescido de
R$ 1,96 para cada m3 de água consumido, conforme informações levantadas com o município.
Desta forma, o valor estimado para a manutenção mensal do esgoto seria equivalente ao valor
cobrado pelo consumo de 6,21 m3, além da taxa fixa.
Alternativamente, o município de Urupema, situado a 27 km de Painel, possui uma
estação de tratamento de esgotos (ETE) com capacidade para o recebimento do lodo gerado nos
potenciais sistemas individuais, que poderiam ser implementados em Painel, conforme
demonstrado anteriormente. Neste sentido, um cenário alternativo para a manutenção dos
sistemas individuais envolveria a aquisição de caminhões equipados com tanque contendo
hidrojato e sistema de vácuo para sucção, além de tanque com volume de 10 m3 para
recolhimento de esgoto e 6 m3 para água limpa. Como referência, o SAMAE - Serviço
Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Araranguá-SC, adquiriu via licitação em 2019 um
caminhão com as características citadas anteriormente, no valor total de R$ 520.000,00
(SAMAE/ARARANGUÁ, 2019). Esses caminhões poderiam ser utilizados de forma associada
entre os municípios de Painel, Urupema e Rio Rufino para a manutenção dos sistemas
individuais. Considerando os sistemas das áreas rurais dos três municípios e os sistemas da área
urbana de Painel e Rio Rufino, tem-se um total de 2.396 unidades estimadas. Considerando a

55
limpeza de 5 sistemas por dia, a aquisição de 2 caminhões envolveria o seu uso em 240 dias no
ano. Desta forma, observa-se que existe ainda um período que pode ser considerado para
manutenções preventivas ou corretivas dos caminhões e/ou do equipamento durante o ano. No
que pese a existência da ETE no município de Urupema para a disposição e tratamento do lodo,
as distâncias de viagem de Rio Rufino e Painel até a ETE seriam de 20 e 27 km,
respectivamente, estando a ETE de Urupema posicionada estrategicamente para essa atividade.
O serviço de limpeza poderia ser realizado e administrado pelas prefeituras e/ou pelo Consórcio
Intermunicipal Serra Catarinense (CISAMA).
Assim, considerando um valor de referência de R$ 8.000,00 para o pagamento mensal
de dois operadores (salário e encargos), um custo de R$ 1,8311 por quilômetro rodado segundo
a Resolução ANTT n° 5.899/2020 (ANTT, 2020), a mensalidade do sistema informatizado de
cobrança da taxa (R$ 376,00), foram estimados os seguintes valores da Tabela 13 para os custos
de limpeza anual e mensal dos sistemas nas áreas urbana e rural de Painel. Para a distância
percorrida, foi considerado um raio médio de 2 km na área urbana e de 9,75 km na área rural.

Tabela 13 - Estimativa de custos para a limpeza considerando a gestão associada entre Painel, Urupema e Rio
Rufino.
Dados Valores
Produção anual de lodo (Toneladas) 226,26
Número de viagens necessárias 23
Distância para disposição em Urupema (km) 27
Distância média percorrida para coleta (km) 7
Custo anual de manutenção de todas as unidades R$ 33.985,09
Custo anual por unidade R$ 36,15
Custo mensal por unidade R$ 3,01
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

O valor resultante é inferior ao estimado considerando a contratação de um serviço


especializado no município de Lages-SC, podendo ser considerada como uma alternativa
potencial para implementação nos municípios de Painel, Rio Rufino e Urupema. Desta forma,
a taxa mensal para a limpeza dos sistemas poderia ter como base o custo de manutenção de R$
3,01, acrescido do valor de R$ 2,00 referente à aquisição dos caminhões (R$ 1.150.080,00
arrecadado em 20 anos), R$ 2,49 referente à taxa de administração do CISAMA e R$ 2,49
referente ao fundo Funserra para execução do plano de ação a ser apresentado posteriormente,
resultando em uma taxa mensal para cada ligação igual a R$ 10,00. Neste caso, considera-se a
56
participação dos municípios de Painel, Urupema e Rio Rufino contribuindo com esse valor ao
longo de 20 anos de horizonte de plano, sendo possível equilibrar o custo de aquisição do
caminhão e a manutenção dos sistemas.
Comparativamente, são apresentados os valores previstos para a universalização do
serviço de esgoto sanitário previsto no plano municipal de saneamento básico de Painel
(PAINEL, 2011). Nesse caso, é sugerido a implementação de rede coletora e estação de
tratamento de esgoto para a área urbana do município e sistemas individuais para a área rural.
Foi estimado um valor de R$ 3.025.125,58 em 2011. Esse valor se torna R$ 5.023.870,98
quando corrigido para 2020 pelo INCC - Índice Nacional de Custo de Construção. Para os
sistemas individuais, foi estimado um valor de R$ 857.800,99 em 2011, o qual equivale a R$
1.407.331,34 em 2020 quando corrigido pelo INCC. Desta forma, considerando as 600 famílias
na área rural, verifica-se que o valor previsto para cada sistema, segundo o plano, para 2020 é
de R$ 2.345,55 estando na mesma ordem de grandeza dos valores orçados para os sistemas
individuais no comércio de Lages. Ainda, deve ser observado que 64% dos sistemas a serem
instalados serão na área rural e, portanto, o valor previsto para a universalização do serviço de
tratamento de esgoto em Painel considerando sistema coletivo na área urbana é de 1,48 a 2,07
vezes maior que o estimado considerando apenas implementação de sistemas individuais.
Considerando apenas a área urbana, o custo de implementação do sistema coletivo é de 2,94 a
4,12 vezes maior que o custo associado ao sistema individual.
Com relação aos custos de operação previstos pelo plano de saneamento, os valores
foram corrigidos pelo IGPM - Índice Geral de Preços do Mercado e são apresentados na Tabela
14. Para a obtenção do custo de operação para o sistema de esgoto, foi verificada a diferença
entre o valor estimado considerando a manutenção do cenário tendencial (considera apenas
abastecimento água, sendo 100% na área urbana e 33% sistema alternativo área rural) e a
possibilidade de implementação de um cenário desejável (100% área urbana atendida e 100%
de sistema alternativo na área rural com água e esgoto).

57
Tabela 14 - Custos para a implementação e operação de sistema coletivo de esgoto na área urbana e individual na
área rural. Nos cenários são previstos custos para um horizonte de 20 anos.
Cenários possíveis Valores
Cenário tendencial em 2011 – custos com água R$ 4.133.281,00
Cenário desejável em 2011 – custos com água e esgoto R$ 6.336.384,58
Custos somente com esgoto em 2011 R$ 2.203.103,58
Cenário tendencial para 2020 – custos com água R$ 7.069.217,49
Cenário desejável para 2020 - custos com água e esgoto R$ 10.837.221,25
Custos somente com esgoto para 2020 R$ 3.768.003,76
Custo anual de manutenção de todas as unidades R$ 188.400,19
Custo anual por unidade R$ 200,43
Custo mensal por unidade R$ 16,70
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Os dados da Tabela 14 mostram que o custo anual de manutenção de todas as unidades


de R$ 188.400,19, menor que o previsto considerando a universalização apenas com sistemas
individuais. Entretanto, apenas a área rural envolvendo 600 unidades envolveria um custo anual
de R$ 300.000,00 devido a necessidade de contratação de um serviço especializado no
município de Lages. Desta forma, embora o valor da manutenção do sistema de esgoto previsto
no plano municipal seja menor que o observado para a universalização via sistemas individuais,
deve-se considerar que o custo de limpeza dos sistemas pode ter aumentado em relação àquele
passível de correção pelo IGPM ou é possível uma negociação com empresas prestadoras deste
serviço para que realizem o serviço em Painel com valor menor que o levantado neste trabalho.
Como último cenário, é apresentada a opção de wetlands construídos para o tratamento
de esgotos gerados na área urbana e lodo gerado na área rural. A Tabela 15 apresenta o custo
de implantação do sistema de esgotamento sanitário para o município de Painel, considerando
um sistema centralizado atendendo toda a área urbana e sistema individual na área rural. A
tecnologia de tratamento adotada foi o Wetland Vertical Sistema Francês, conforme detalhado
no item 9.4. Os custos com manejo de lodo referem-se à retirada da ETE após 10 anos de
operação. Em média o lodo acumula-se em torno de 2 cm por ano, chegando aos 10 anos com
um lodo já estabilizado e desaguado, com potencial de ser utilizado na agricultura. Para este
cenário foi considerada uma situação conservadora, envolvendo o transporte de todo o lodo
para aterro sanitário, com um custo de R$ 400,00 por tonelada, o qual inclui transporte e
disposição final. Ainda, na área rural foram considerados os sistemas de tratamento individual
baseados em tanques sépticos e filtros anaeróbios e a limpeza efetuada pela prefeitura,

58
considerando a aquisição de um caminhão com as características descritas anteriormente. Neste
caso, seria necessário um caminhão para o município e o valor a ser arrecadado mensalmente
dos munícipes seria R$ 3,75 por unidade para o custeio deste veículo (R$ 540.000,00
arrecadado em 20 anos, considerando os 600 sistemas da área rural). Além disto, considerando
um valor de referência de R$ 4.000,00 para o pagamento mensal de um operador (salário e
encargos), um custo de R$ 1,8311 por quilômetro rodado segundo a Resolução ANTT n°
5.899/2020 (ANTT, 2020), a mensalidade do sistema informatizado de cobrança da taxa (R$
720,00), foram estimados os seguintes valores da Tabela 15 para os custos de limpeza anual e
mensal dos sistemas nas áreas urbana e rural de Painel considerando este cenário. Para a
distância percorrida, foi considerado um raio médio 9,75 km na área rural.

Tabela 15 - Custos de implementação e manutenção considerando a tecnologia de wetlands construídos na área


urbana.
Custo de Implementação Valores
Implementação dos sistemas na área urbana envolvendo rede coletora e
R$ 2.364.942,62
ETE (Wetland Vertical Sistema Francês)
R$ 1.549.680,00
Sistemas individuais para a área rural (mínimo e máximo)
R$ 2.170.740,00
R$ 3.914.802,62
Total para área urbana e rural (mínimo e máximo)
R$ 4.535.682,62
Custo de Manutenção Valores
Custo anual de manutenção de todas as unidades na área urbana R$ 13.555,22
Custo anual por unidade na área urbana R$ 34,00
Custo mensal por unidade na área urbana R$ 2,83
Custo anual de manutenção de todas as unidades na área rural R$ 34.063,87
Custo anual por unidade na área rural R$ 56,77
Custo mensal por unidade na área rural R$ 4,73
Custo médio mensal por unidade na área urbana e rural R$ 4,04
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Para este último cenário, embora os valores sejam compatíveis àqueles considerando a
universalização somente com sistemas individuais, o valor obtido para a manutenção dos
sistemas é maior que o considerado envolvendo o programa de gestão associada e valorizando
a ETE já construída no município de Urupema (Tabela 13). Além disto, a soma do valor base
de R$ 4,04 com a contribuição para aquisição do caminhão de 3,75 se torna R$ 7,79. Este valor
é superior àquele estimado na Tabela 13, de R$ 5,01 (R$ 3,01 + R$ 2,00), considerando os
mesmos fatores, já que neste último cenário as prefeituras administrariam isoladamente os
59
sistemas. Por fim, essa alternativa possui um custo de implementação menor do que o
apresentado no plano de saneamento do município e com um valor inferior de manutenção,
podendo ser uma opção alternativa para a gestão dos sistemas de esgotos de Painel.

12 Plano de ação

O plano de ação apresentado a seguir detalha os objetivos, metas, prazos, investimentos,


fontes de recursos e os responsáveis pela gestão das ações planejadas para a universalização do
serviço de esgotamento sanitário em Painel. A elaboração deste plano foi discutida com a
equipe do CISAMA, que gentilmente orientaram os autores deste relatório a considerar os
aspectos mais importantes específicos para o município de Painel. Cabe ressaltar que a atuação
do CISAMA junto aos municípios da Amures é intensa, o qual contribuiu significativamente
para a definição de um plano de ação adequado ao município.

Quadro 2 - Objetivo 1: adequar o município em termos legislativos e executivos sobre os sistemas individuais de
tratamento de esgotos e planejar o sistema de cobranças.
- Adequação e aprovação na legislação municipal disciplinando
o projeto, execução e operação de sistemas individuais de
tratamento de esgoto.
Meta 1.1 - Adaptar as adequações ao PMSB de Painel.
- Cumprir o estabelecido no código sanitário do município para
emissão de habite-se sanitário pela vigilância sanitária, mediante
implantação do sistema individual de esgotos.
Prazo 12 meses
Atualização do PMSB com recurso junto ao governo do estado
Investimentos pela SDE/SC no valor de R$ 1.317.327,00 para 14 municípios da
Serra Catarinense, incluindo Painel.
Fontes de Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável do
Recursos Governo de Santa Catarina (SDE/SC)
- Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente
- Vigilância Sanitária
Responsáveis
- Procuradoria Jurídica
- CISAMA.
60
- Criação de taxa para a manutenção dos sistemas individuais de
Meta 1.2 tratamento.
- Elaboração de mecanismo para arrecadação via fatura da água.
Prazo 12 meses
- Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente
- Secretaria Municipal de Administração e Finanças
- Procuradoria Jurídica
Responsáveis
- ARIS
- CASAN
- CISAMA

Aquisição de sistema informatizado para emissão de taxa e


Meta 1.3
impressão de fatura para as ligações.
Prazo 06 meses
R$ 17.350,00 (valor a ser rateado entre Painel, Urupema e Rio
Investimentos
Rufino)
Fontes de Funserra
Recursos
- Secretaria Municipal de Administração e Finanças
Responsáveis - Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente
- CISAMA

Capacitação de agentes municiais para fiscalização do projeto


Meta 1.4 (secretaria de planejamento) e execução e operação (vigilância
sanitária) dos sistemas individuais de tratamento de esgoto.
Prazo 03 meses
Investimentos R$ 6.000,00 (20 horas de curso, R$ 300,00/hora)
- Funserra
Fontes de
- Fundo para Recuperação de Bens Lesados (Ministério Público
Recursos
de Santa Catarina)

61
- Ministério Público de Santa Catarina (13ª Promotoria de Justiça
da Comarca de Lages-SC)
- Prefeitura Municipal de Painel
- Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente
Responsáveis - Vigilância sanitária
- CISAMA
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Quadro 3 - Objetivo 2: regularizar as edificações do município de Painel com relação aos sistemas de esgotos
sanitários.
Instalação e/ou substituição de sistemas individuais de
tratamento de esgoto em 100% da área urbana e rural, baseados
Meta 2.1
em tanque séptico, filtro anaeróbio e sumidouro, dimensionados
segundo critérios da ABNT.
Prazo 60 meses
Investimentos Entre R$ 2.428.114,00 e R$ 3.400.826,00
- Funasa
Fontes de
- Funserra
Recursos
- Prefeitura Municipal de Painel
- Gabinete do Prefeito
- Secretaria Municipal de Administração e Finanças
Responsáveis - Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente
- Secretaria de Obras e Serviços Públicos
- CISAMA

Implantação do sistema de tratamento coletivo na área urbana do


Meta 2.2
município de Painel.
Prazo 120 meses
Investimentos R$ 3.616.539,64
Fontes de Funasa
Recursos
- Gabinete do Prefeito
Responsáveis
- Secretaria Municipal de Administração e Finanças
62
- Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente
- Secretaria de Obras e Serviços Públicos
- CISAMA
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Quadro 4 - Objetivo 3: implantar o serviço de manutenção dos sistemas individuais.


Celebração de contrato de programa via CISAMA com o
Meta 3.1 município de URUPEMA para a disposição de lodo na ETE
municipal.
Prazo 12 meses
- Gabinete do Prefeito
- Secretaria Municipal de Administração e Finanças
Responsáveis - Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente
- CISAMA
- Prefeitura de Urupema

Elaboração, divulgação e realização de edital de licitação para


Meta 3.2
aquisição de caminhão limpa fossa.
Prazo 12 meses
R$ 1.040.000,00 para aquisição de dois caminhões e R$ 500,00
Investimentos
para elaboração, divulgação e realização do edital
Funasa
Fontes de
Fundo para Recuperação de Bens Lesados (Ministério Público de
Recursos
Santa Catarina)
- Gabinete do Prefeito
- Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente
Responsáveis - Secretaria Municipal de Administração e Finanças
- Procuradoria Jurídica
- CISAMA
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

63
Quadro 5 - Objetivo 4: realizar campanhas de educação ambiental.
- Divulgar continuamente aos moradores a importância dos
sistemas de tratamento de esgotos em termos ambientais e de
Meta 4.1 saúde.
- Realizar audiências públicas e eventos em datas estratégicas
(dia da água, dia do meio ambiente) sobre saneamento básico.
Prazo Fluxo contínuo
Investimentos R$ 5.000,00 por ano
Funserra
Fontes de
Fundo para Recuperação dos Bens Lesados (Ministério Público
Recursos
de SC)
- Secretaria de Educação e Cultura
- CISAMA
Responsáveis
- CASAN
- ARIS
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

64
13 Considerações finais

O diagnóstico realizado no município de Painel identificou que a ampla maioria das


residências não possui sistema de esgotamento sanitário adequado, sendo a disposição realizada
diretamente na rede pluvial, no solo ou mesmo resultado da ineficiência de sistemas mal
projetados de tratamento. No que pese a instalação e manutenção de sistemas individuais, a
necessidade de contratação de serviço em outro município acaba onerando os custos, tornando
impraticável para os munícipes custearem esse serviço. Neste sentido, a alternativa baseada na
gestão associada, com serviço de limpeza administrado pelo poder público apresenta-se como
uma alternativa mais acessível à realidade socioeconômica de Painel.
Considerando um cenário de médio e longo prazo, conforme já previsto no plano
municipal de saneamento básico que irá passar por revisão, deve ser construído um sistema
coletivo para a área urbana, constituído de rede coletora e estação de tratamento de efluentes.
Ainda, com relação à alternativa baseada em sistema de wetlands construídos para o tratamento
de esgoto bruto e de lodo de TS, estes também apresentam grandes potenciais para gestão do
saneamento na dimensão do Esgotamento Sanitário. Uma questão que sempre vem à tona,
quando se pensa em utilizar tecnologias naturais para o tratamento de esgotos, como os
wetlands construídos, é sua viabilidade técnica e econômica, comparados a um sistema
convencional. Em primeira mão esses sistemas podem não ser tão competitivos quando visto
apenas pelos custos iniciais de implantação, pois requerem uma grande área, tanques de grandes
dimensões, materiais filtrantes, podendo implicar em custos iniciais não tão competitivos.
Entretanto, quando se faz uma análise mais ampla, essas unidades passam a apresentar algumas
vantagens, em relação aos sistemas convencionais, que acabam sendo viabilizadas em
diferentes realidades.

65
14 Referências

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15 Anexos

Anexo A - Questionário Elaborado pela ARIS e adaptado para aplicação em campo para as
informações do município.
Anexo B - Questionário aplicado à prefeitura municipal.
Anexo C - Modelos de sistemas individuais de tratamento.
Anexo D - Convênio de cooperação técnica entre a ARIS e o município de Painel-SC.

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Anexo A - Questionário Elaborado pela ARIS e adaptado para aplicação em campo para as
informações do município.
SISTEMAS INDIVIDUAIS
PERFIL DA EDIFICAÇÃO
RESIDÊNCIAL
COMERCIAL
MISTA
PÚBLICO
INDUSTRIAL
OBSERVAÇÕES DA EDIFICAÇÃO
ENDEREÇO
NÚMERO
COMPLEMENTO
BAIRRO
QUADRA
LOTE
CEP
MUNICÍPIO
OUTRAS INFORMAÇÕES
NÚMERO DE PESSOAS NA EDIFICAÇÃO:
NRO. MÁXIMO PESSOAS NA EDIFICAÇÃO:
NRO. DE QUARTOS: (NA CASA, APARTAMENTO)
NRO. DE QUARTOS: (HOTEL)
SISTEMA DE TRATAMENTO É INDIVIDUAL? ( ) sim ( ) não

SE APLICÁVEL: A FOSSA É EM CONJUNTO COM OUTRA RESIDÊNCIA/COMÉRCIO, OU É SISTEMA


COLETIVO COM REDE PÚBLICA DE ESGOTO: ( ) sim ( ) não

OBSERVAÇÕES DO SISTEMA:

COORDENADAS (WGS84)
LATITUDE
LONGITUDE
ALTITUDE
QUESTÕES
POSSUI CAIXA DE GORDURA?
POSSUI FOSSA NEGRA?
POSSUI TANQUE SÉPTICO? ( ) sim ( ) não
POSSUI FILTRO ANAERÓBIO? ( ) sim ( ) não

70
POSSUI SUMIDORO? ( ) sim ( ) não
POSSUI FILTRO VALA DE
( ) sim ( ) não
FILTRAÇÃO?
POSSUI FILTRO VALA DE
( ) sim ( ) não
INFILTRAÇÃO?
POSSUI TANQUE COM
( ) sim ( ) não
CLORADOR?
( ) sim (
POSSUI TUBULAÇÃO DE DRENAGEM NA RUA EM FRENTE A EDIFICAÇÃO?
) não
POSSUI LIGAÇÃO NA DRENAGEM PLUVIAL? ( ) sim ( ) não
HÁ QUANTOS ANOS ESTÁ CONSTRUÍDO O SISTEMA DE ESGOTO?
É FEITA A LIMPEZA PERIÓDICA? ( ) sim ( ) não
QUAL A FREQUÊNCIA?
ANO DA ÚLTIMA LIMPEZA?
HÁ ACESSO PARA A FOSSA OU SISTEMA DE TRAMENTO DE ESGOTO? ( ) sim ( ) não
HÁ TUBO PARA SUCÇÃO OU TAMPA DE INSPEÇÃO PARA FAZER A LIMPEZA DA FOSSA/SISTEMA DE
TRAMENTO DE ESGOTO?
( ) sim ( ) não
A FOSSA JÁ APRESENTOU PROBLEMAS DE ENTUPIMENTO OU VAZAMENTO? ( ) sim ( ) não
EXISTE POÇO DE ÁGUA PRÓXIMO? ( ) sim ( ) não
QUAL A DISTÂNCIA APROXIMADA DO POÇO?
EXISTE RIO OU AÇUDE PRÓXIMO? ( ) sim ( ) não
QUAL A DISTÂNCIA DO RIO OU AÇUDE?
( ) sim (
TEM ESPAÇO NO TERRENO PARA CONSTRUIR TRATAMENTO DE ESGOTO INDIVIDUAL?
) não
POSSUI CAIXA DE ÁGUA? ( ) sim ( ) não
QUANTOS LITROS?

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Anexo B - Questionário aplicado à prefeitura municipal.

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