Apocalipse 4
Apocalipse 4
Apocalipse 4
Introdução
É revelado que não somente ocorreria a queda daquele império, profetizado antes
por Daniel na visão da estátua do sonho de Nabucodonosor e o reino de Deus
gradualmente implantado na terra, como visto na grande rocha que é Cristo que
veio reinar e trazer um reino eterno, mas João veria através das visões, a derrota do
império das trevas e o triunfo de Deus e seu povo.
¹ Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu; e a
primeira voz, que como de trombeta ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e
mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer.
A expressão “depois destas coisas” indica passagem de tempo, se no capitulo 1
mostrava o passado, e os capítulos 2 e 3 que trata da igreja mostra o presente, a
partir do capitulo 4 o livro se trona ainda mais profético pois trata do futuro, mais
precisamente da grande tribulação, os capítulos 4 e 5 serão uma introdução a esse
período que durará sete anos e vai até o capitulo 19, quando Jesus voltará
visivelmente para vencer o anticristo, amarrando o inimigo por mil anos e reinando
na terra com os santos durante o período do reino milenar.
João é convidado para subir ao “terceiro céu”, em uma quarta dimensão, e enxerga
uma porta aberta no céu, provavelmente os portais eternos descrito em Salmos 24,
que foram abertos por Jesus ressurreto e glorificado, Ele abriu um novo e vivo
caminho pelo seu sangue. A expressão “depois destas coisas” significa: depois da
era das igrejas, ou seja, algo futuro.
Ele é chamado para subir, isso nos remete ao chamado para Moisés subir ao monte
para receber a revelação da lei; nos remete a escada que Jacó viu no deserto em
Betel, onde os anjos subiam e desciam, e Jesus revela posteriormente a Natanael
que Ele é essa escada, a ponte, o único elo e caminho que nos liga a Deus.
João é informado que o que ele veria, seriam coisas que aconteceriam depois da
era da igreja.
E logo fui arrebatado em espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e
um assentado sobre o trono.
Em João 14, é a primeira vez na bíblia que Deus promete arrebatar a sua igreja,
Jesus diz isso claramente aos discípulos, “eu voltarei e vos buscarei para que onde
eu estiver estejais também...na casa de meu Pai há muitas moradas”, Jesus fala da
cidade celestial a princípio, onde vamos celebrar as bodas e morar, antes de voltar
e descer para reinar com ele na terra.
João é “arrebatado” (harpazo: rapto, tirado com força) em espírito, seu corpo estava
em Patmos, mas seu espirito estava no céu. Muitos escatologistas, pré-
tribulacionistas, apontam para o arrebatamento da igreja neste ponto, colocando
João subindo, como símbolo desse arrebatamento, descrito por Paulo em 1
Tessalonicenses 4, lembrando que Paulo foi também arrebatado ao terceiro céu e
teve revelações tão extraordinárias que não lhe foi permitido relatar.
Se Apocalipse 3:10-11 é a promessa do arrebatamento a igreja, livrando-a da
grande tribulação, Apocalipse 4:1-2 aponta para o cumprimento, pois a porta aberta
foi prometida a Filadélfia, os 24 anciãos que aparecem na visão, representam os
salvos arrebatados, estão com vestes brancas, promessa a igreja de Sardes, estão
coroados, promessa a igreja de Esmirna e Filadélfia, estão em tronos, promessa de
Jesus a igreja de Laodicéia. Outro forte argumento é o fato de Isaias não ter visto
esses 24 tronos e anciãos em Isaias 6, ele viu os seres viventes, Ezequiel também
viu, mas os anciãos não, ou seja, eles não estavam lá ainda, mas no futuro que
João foi levado a comtemplar.
A ênfase na visão que João teve no céu: um trono e nele um ser assentado que ele
praticamente não conseguiu descrever com palavras. Essa visão nos mostra que
todos os reis, imperadores, líderes terrenos, estão abaixo desse trono, todos os
reinos passarão, mas esse trono está desde a eternidade e continuará pelos
séculos dos séculos; João viu que existe um trono, um reino, um rei que está acima
de todos, um trono que está ocupado.
Quando Isaias estava de luto, pela morte do Rei Uzias, o trono de Judá estava
vazio, e o profeta chorava, mas quando ele entrou no templo e teve a visão do trono
de Deus, ele viu o trono do céu ocupado.
Os defensores da pré-ira, apontam para Apocalipse 7:9-17 onde mostra uma grande
multidão de branco diante do trono, para afirmar o arrebatamento no meio da
tribulação, antes da grande tribulação propriamente dita, mas passando pelo
chamado princípio das dores, mas isso esbarra na declaração de um dos anciãos a
João, informando que eles vieram da grande tribulação, ou seja, na verdade são
milhares de salvos mártires durante a grande tribulação, que são levados diante do
trono. Outro texto que defendem é Apocalipse 11:15-19, quando soa a última
trombeta, mas essa trombeta de Apocalipse é de juízo, o último dos juízos de Deus,
diferente da última trombeta de 1 Coríntios 15:52 e 1 Tessalonicenses 4:16, que é
de chamada, de convocação final para a igreja.
João tenta descrever aquele que está assentado, utilizando como parâmetro os
elementos naturais mais preciosos e divinos que ele conhecia: as pedras preciosas.
Ele diz que era “semelhante” ao jaspe e sardônica, pedras avermelhadas,
demonstrando sinal de juízo e justiça, e a esmeralda, pedra verde que é uma das
mais valiosas do mundo.
Ele cita o arco celeste, hoje infelizmente o diabo tem tentado se apropriar desse
símbolo, costumamos dizer “arco íris”, mas Íris era uma deusa da mitologia grega,
que se apropriou desse sinal no céu para se referir a uma manifestação dessa
deusa, a crença ficou no passado, mas o uso do seu nome não, portanto devemos
evitar falar Íris, o correto e bíblico seria dizer “arco celeste”, o sinal da aliança com
Noé que Deus deixou no céu após o dilúvio. Só para constar, o arco celeste tem
sete cores.
Ao que tudo indica, esses anciãos representam a igreja, os salvos, tanto do antigo
como do novo testamento, de um lado, doze representando os doze patriarcas das
doze tribos de Israel (ou os doze profetas menores, nesse caso os 4 seres
representariam os 4 profetas maiores), e do outro lado, doze anciãos representando
os doze apóstolos.
Paulo cita o Tribunal de Cristo em 2 Corintios 5:10, e explica que esse tribunal não é
de condenação como o trono branco de Apocalipse 20, mas de julgamento das
obras e da distribuição dos galardões, de coroas, que são recompensas aos salvos
que não apenas creram e foram salvos, mas dedicaram suas vidas em prol da obra
de Deus, essas obras serão passadas no fogo, aquele que tem os olhos como
chama de fogo e conhece nossas obras, recompensará os seus servos mais fiéis,
como ele sempre ensinou em suas parábolas.
Esses trovões e relâmpagos nos remetem ao monte Sinai, que fumegava e tremia
com a presença de Deus, diante do povo no deserto. Essas vozes serão
identificadas depois como a voz de Deus, que é como trovão, e com as vozes de
adoração dos 24 anciãos e dos 4 seres viventes.
João vê sete lâmpadas de fogo (mais uma vez o número sete, que biblicamente
aponta para perfeição divina), e não são as igrejas como revelado por Jesus na
figura dos castiçais, mas aqui são uma representação da pessoa divina do Espirito
Santo, presente no Trono de Deus, e também apontam para Isaias 11:2 onde diz
que sobre o messias repousaria “o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria, de
entendimento, de conselho, de fortaleza, de conhecimento e de temor do Senhor”.
Uma interpretação para mar na bíblia, são os povos, multidões, mas a melhor
interpretação é que João tem uma visão do tabernáculo celestial, o lugar do trono
remete ao Santo dos Santos, se João já havia passado no lugar santo no capítulo 1
ao ver as sete lâmpadas e Jesus como sumo sacerdote, aqui o trono simboliza o
Santo dos Santos, havia a “pia de bronze” no tabernáculo, e no templo de Salomão
havia o “mar de fundição”, onde o sacerdote deveria se lavar para entrar além do
véu, pois sem santificação ninguém verá o Senhor, ninguém será coroado diante do
trono, e no céu não existe água suja, mas um mar de cristal, puro, demonstrando a
pureza, santidade que existe no céu. Em Apocalipse 15, esse mar de vidro é visto
como misturado no fogo, pois o brilho da glória de Deus ao refletir nesse mar, dava
um aspecto de fogo ardendo.
Os quatro seres podem ser os querubins visto por Ezequiel, apesar de que em
Ezequiel eles são parecidos e aqui diferentes; dois deles aparecem cuidando da
entrada do jardim do Éden após a queda do homem, e dois deles são representados
na arca da aliança
Esses 4 seres podem ser uma representação de toda a natureza criada por Deus, o
rei da selva, o rei do campo, a rainha das aves e o homem.
Existe outra interpretação menos usada, que aponta para os 4 profetas maiores (4
seres) e os 12 profetas menores (os anciãos do V.T.).
⁸ E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por
dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite,
dizendo: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e
que é, e que há de vir.
Esses seres são literais, são anjos de fogo, como Isaías, o profeta que estava de
luto, e foi até tocado com uma brasa viva na sua visão do trono de Deus, e que
Ezequiel também viu quando cativo na Babilônia. Esses seres são adoradores em
tempo integral, nos ensinando que adoração não é um ato momentâneo, mas é um
estilo de vida. Eles louvam a Deus continuamente, lembrando que a melodia possui
“sete” notas.
No céu não tem silêncio como muitos pensam, mas o som da adoração, ao que tudo
indica no original grego, essa adoração é de tempo em tempo, e não
constantemente como muitos dizem, mas isso é um mistério, já que no céu não é o
nosso tempo cronos, mas o Kairós.
O coro da adoração aumenta, e eles declaram por que o Senhor é digno de receber
adoração: Ele é o criador, eles nem estariam ali se não fosses criados, planejados,
colocados ali, eles reconhecem o propósito para o qual foram criados: adorar o
Criador.