Enem Action Redacao Ebook 4
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desenvolvimento
Olá,
Prof.
Teófilo
Beviláqua
galera!
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1 desenvolvimento:
o que é, como funciona
No texto dissertativo-argumentativo, o desenvolvimento representa o aprofundamento da tese. Se esta é a declaração argumentativa, sintética e
única sobre a qual o redator responsabiliza-se por defender, é no desenvolvimento que tal defesa ocorre, por meio de argumentos consistentes, coerentes
e coesos. A partir destas constatações, façamos, inicialmente, a diferença entre tese e argumentos.
“A educação brasileira, em todos os níveis de ensino, não acompanha as reais necessidades dos estudantes do século XXI”
Observe que, de fato, temos acima uma tese, já que ela concentra um posicionamento (ainda) genérico sobre o tema da educação no Brasil. Por si
mesma não tem poder de persuasão. É da necessidade de torná-la convincente que surge a importância do desenvolvimento e, consequentemente, dos
argumentos.
· Argumentos: ideias locais (presentes nos parágrafos de desenvolvimento). São as ideias específicas a serem aprofundadas para dar viabilidade,
verdade, credibilidade ao que se declarou na tese.
Considerando a tese já citada, o estudante teria várias possibilidades de argumentos. Por exemplo:
Dessa forma, o desenvolvimento é uma “resposta” que os redatores oferecem ao que se afirma na tese.
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2 exemplo 1 para análise
A partir da leitura deste parágrafo de desenvolvimento, resultado de uma tese na qual o autor defende que a publicidade infantil, aproveitando-se da
vulnerabilidade das crianças, cria uma personalidade consumista, avalie se há consistência em sua defesa.
O resultado desse processo é a criação de uma infância voltada para o consumo. As crianças, alienadas pela mídia, são
incorporadas ao capitalismo antes mesmo de possuírem consciência e discernimento para compreendê-lo. Suas vidas passam
a ser ditadas pelos desejos que lhes foram impostos, tornando tudo – inclusive as datas comemorativas, as quais perdem seu
sentido – uma forma de exigir produtos. Essas crianças, sem conceito de real necessidade, crescem para se tornarem adultos
egoístas, totalmente submissos ao capitalismo e utilitaristas, estabelecendo como objetivo maior o acúmulo de capitais,
visando à satisfação dos desejos e transmissão desses ideais aos seus filhos.
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3 CARACTERÍSTICAS DO PARÁGRAFO DE DESENVOLVIMENTO
Seu parágrafo tem um objetivo: ser persuasivo. Para isso, é necessário que ele possua uma ideia central, que já pode, inclusive, ter sido
apresentada na tese, embora sem ter sido aprofundada. Para explicar, discutir, problematizar tal ideia central, são necessárias ideias
secundárias, que darão a ela consistência. Dessa maneira, o parágrafo girará em torno de um foco argumentativo a ser aprofundado por seus
conhecimentos e criticidade. Esta é, pois, a unidade necessária do parágrafo.
Sabedor de qual será a ideia central do parágrafo e as possíveis ideias secundárias a serem utilizadas, é necessário que se planeje a
sequência do parágrafo de modo claro e estratégico. Não há uma regra obrigatória para isso. Baseando-nos em muitos modelos que
obtiveram nota 1000, sugerimos que você aplique a seguinte estrutura geral:
Para que tenhamos clareza sobre a sequência tópico frasal + explicação, observemos este parágrafo.
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4 exemplo 2 para análise
É válido ressaltar que o aumento na eleição de políticos conservadores e que assumem uma postura radical na defesa de
suas ideologias dificulta a diminuição da intolerância religiosa no Brasil. A ausência de representantes das minorias religiosas
impede a implantação de políticas afirmativas e que garantam, de fato, a potencialização da tolerância e da igualdade na
manifestação das diversas crenças. Como, segundo Marilena Chauí, a democracia é baseada na igualdade, liberdade e
participação, percebe-se que a não participação de toda a sociedade na política, aliada à frágil liberdade religiosa, dificultam a
existência de um regime democrático pleno no Brasil.
Observe que o parágrafo, para justificar a tese, apresenta a ideia central de que a intolerância religiosa no Brasil vincula-se ao fato de
“políticos conservadores” defenderem posturas radicais de intolerância. Em seguida, com seus conhecimentos críticos, afirma uma
consequência da ideia central, explicando-a e problematizando-a. Faz, por fim, utilizando-se de seus conhecimentos de mundo, uma citação
para respaldar sua declaração anterior e, ao mesmo tendo, analisando e relacionando seu conteúdo ao seu argumento.
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5 tópico frasal
Lembra-se da tese? Pois é, ela pode ser pontuada, isto é, nela já pode conter as ideias que serão utilizadas como ideias centrais do
parágrafo de desenvolvimento. Por exemplo:
“Dentre as diversas formas de publicidade, a infantil é a mais danosa para a sociedade, sobretudo porque as crianças são
ludibriadas por um universo irreal, levando-as a desvirtuar os valores de cidadania”.
O tópico frasal, em geral, localiza-se no primeiro período do parágrafo. Nele, de maneira muito objetiva, o redator apresenta a ideia
central. Por exemplo: considerando a ideia central “as crianças são ludibriadas por um universo irreal” apontada na tese poderíamos ter:
· T.F 1: Em primeiro lugar, deve-se destacar a irrealidade imposta pelas peças publicitárias destinadas às crianças.
· T.F 3: Inicialmente, destaca-se a criação de um universo fantasioso, que apela para a sensibilidade frágil das crianças.
Estas são três possibilidades de tópicos frasais. A partir deles, o redator incumbe-se da missão de prová-lo, explica-lo, questioná-lo,
buscando levar o leitor a se convencer de sua verdade.
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7 a explicação do tópico frasal
Trata-se do momento em que o processo de argumentação ganha força. É nele que o redator precisa mesclar sua visão de mundo, isto é,
afirmações que expressem conteúdo crítico, e conhecimentos de outras áreas do saber (História, Filosofia, Sociologia, Artes em geral,
Jornalismo, Universidade etc).
Portanto, há estratégias argumentativas para fazer com que a declaração do tópico frasal ocorra, sejam elas de conteúdo, sejam de
estrutura.
Em primeiro lugar, é notória a dificuldade que há no homem em aceitar o diferente, principalmente ao se tratar de algo
tão pessoal como a religião. Prova disso é a presença da não aceitação das crenças alheias em diferentes regiões e momentos
históricos, como no Império Romano antigo, com as perseguições aos cristãos, na Europa Medieval, com as Cruzadas e no atual
Oriente Médio, com os conflitos envolvendo o Estado Islâmico. Também pode se comprovar a existência da intolerância
religiosa pela frase popular “religião não se discute”, que propõe ignorar a temática para evitar os conflitos evidentes ao se
tratar do assunto. Desse modo, nota se que a intolerância não se restringe a um grupo específico e é, de certa forma, natural ao
ser humano, o que, porém, não significa que não pode o deve ser combatida.
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8 algumas estratégias argumentativas
A) CITAÇÕES: citar significa trazer para dentro do seu discurso outra “voz” discursiva. Há duas formas básicas de citação: direta (quando se expõe
as próprias palavras da “voz” citada”, o que requer o uso de aspas) e indireta (quando com suas palavras, o redator cita o discurso do outro).
· Frase de um escritor, filósofo, poeta, líder político, especialista em um assunto ou qualquer pessoa notória, em determinada área do conhecimento
(mesmo a de um apresentador de Tv, por exemplo, que tenha dito algo em seu programa que ficou conhecida ou que foi objeto de discussão nacional);
· Trecho de um livro, de uma notícia, de uma reportagem, de uma letra de música (ou um provérbio popular), de um trabalho acadêmico etc.
Também é válido ressaltar que o aumento na eleição de políticos conservadores e que assumem uma postura radical na defesa de suas
ideologias dificulta a diminuição da intolerância religiosa no Brasil. A ausência de representantes das minorias religiosas impede a implantação de
políticas afirmativas e que garantam, de fato, a potencialização da tolerância e da igualdade na manifestação das diversas crenças. Como, segundo
Marilena Chauí, a democracia é baseada na igualdade, liberdade e participação, percebe-se que a não participação de toda a sociedade na política,
aliada à frágil liberdade religiosa, dificultam a existência de um regime democrático pleno no Brasil.
B) DADOS ESTATÍSTICOS
De acordo com o Mapa da Violência de 2012, entre 1980 e 2010 houve um aumento de 230% na quantidade de
mulheres vítimas de assassinato no país; além disso, 7 de cada 10 mulheres que telefonaram para o Ligue 180 afirmaram
ter sido violentadas pelos companheiros. Em países como o Afeganistão, a mulher que trai o marido é enterrada até que
somente a cabeça fique à mostra e, então, é apedrejada; apesar de reagirmos com horror perante tal atrocidade, um país
que triplica a quantidade de mulheres mortas em 30 anos deve ser tratado com igual despeito quando se trata do assunto.
Apesar de acharmos que a mentalidade do povo melhora com o passar do tempo, a mentalidade brasileira mostra crescente
atraso quanto à igualdade de direitos entre os gêneros, e tal mentalidade leva a fatalidades que deveriam ser raras em pleno
século XXI.
ROZZA, A.C.S. Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2016/manual_de_redacao_do_enem_2016.pdf
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C) FATO HISTÓRICO
Nesse contexto, vale ressaltar que a intolerância religiosa é um problema existente no Brasil desde séculos passados.
Com a chegada das caravelas portuguesas, as quais trouxeram os padres jesuítas, os índios perderam a sua liberdade de
crença e foram obrigados, de maneira violenta , a se converter ao catolicismo, religião a qual era predominante na Europa.
Além disso, os africanos escravizados que aqui se encontravam também foram impedidos de praticar seus cultos religiosos,
sendo punidos de forma desumana caso desrespeitassem essa imposição. Atualmente ,constata-se que grande parcela da
população brasileira herdou essa forma de pensar e de agir, tratando pessoas que acreditam em outras religiões de maneira
desrespeitosa e , muitas vezes, violenta, levando instituições públicas e privadas à busca de soluções para reverter isso.
D) CAUSA E CONSEQUÊNCIA
A propaganda é meio eficiente a atingir a venda de produtos, já que, através de artifícios intrigantes, como imagens e
até personalidades famosas, coage os consumidores. As crianças são alvos constantes da publicidade, pois, dotadas de
desejo e imaginação, creem no mundo utópico desenvolvido pelos efeitos dos anúncios. Assim, devido a sua efetividade, os
publicitários focam na criação de técnicas persuasivas ao público pueril e lançam suas propagandas em horários
convergentes aos que os pequeninos assistem aos desenhos animados e programas afins. A criatividade dos que são
graduados para apelar ao consumidor ganha o coração das crianças e perpetua os comerciais para essa faixa etária.
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EXERCÍCIOS
PÓS-AULA
1) ANÁLISE DE PARÁGRAFO E ALGUMAS ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS
· Argumento sobre o tema: Movimento imigratório para o Brasil no século XXI (Enem 2012)
A autora apresentou uma tese que afirma que a imigração é um desafio para a sociedade e para a economia. Abaixo, o segundo parágrafo do
desenvolvimento, o que tratou do tópico “economia”.
Como se não bastasse, a economia brasileira também tem sofrido com a chegada dos migrantes. Existem, entre
eles, tanto trabalhadores desqualificados como profissionais graduados. O problema reside na pouca oferta de emprego a
eles destinada. Visto que não recebem oportunidades, passam a integrar setores informais da economia, sem direitos
trabalhistas e com ausência de pagamento dos devidos impostos. O Estado, dessa forma, deixa de arrecadar capital e de
aproveitar a mão de obra disponível, o que auxiliaria no andamento da economia nacional.
SANTOS, C.L. Guia do Participante 2013. Disponível em: http://ensinomediodigital.fgv.br/resources/pdf/guia_participante_redacao_enem_2013.pdf Acesso em 2 mai 2018 (fragmento)
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·Argumento sobre o tema: Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil (Enem 2013)
Muitos dos irresponsáveis que se lançam ao volante não fazem ideia da tragédia que podem provocar na vida de suas
vítimas e dos familiares dela. No mês de janeiro, o Jornal Nacional, da Rede Globo, mostrou a família de Glauber Martins, morto em um ponto
de ônibus por um motorista absolutamente bêbado. Segundo informou a reportagem, a mãe da vítima precisou ser hospitalizada e ainda luta
contra a depressão. Esse foi apenas um entre tantos casos, vistos nas ruas deste País, onde pessoas ficam por meses em hospitais, ou se
tornam inválidas, ou mesmo serão sepultadas devido a estupidez dos que não medem as consequências de seus atos.
Aqueles que explicita ou implicitamente praticam atos de homofobia reproduzem ideologias historicamente cruéis. Foi com
a ideia de superioridade genética que Hitler dizimou milhões de pessoas, entre as quais os homossexuais, na Alemanha nazista. Na atualidade,
embora o regime nazista supostamente não exista mais, ainda repercute, mesmo que velado, no discurso de muitos que desprezam o direito
dos indivíduos de serem quem são, pelo simples fato de não se enquadrarem no padrão moral estabelecido. No Brasil, apesar dos avanços da
consciência social, ainda são inúmeros os casos de violência física e/ou verbal contra gays, seja nas ruas, seja em púlpitos de igrejas. Essas
atitudes, que estigmatizam e assassinam, ainda são uma realidade a ser combatida por todos.
Conteúdo: exemplificação com fato jornalístico
Estrutura: fato + comentário crítico
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·Argumento sobre o tema: A violência urbana no Brasil.
No caso do Brasil, os homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente grave. De acordo com os mais recentes dados
divulgados pelo IBGE, sua taxa mais que dobrou ao longo dos últimos 20 anos, tendo chegado à absurda cifra anual de 27 por mil habitantes.
Entre homens jovens (de 15 a 24 anos), o índice sobe a incríveis 95,6 por mil habitantes. Tais números são a face fria de uma realidade que,
infelizmente, remete nos a um cenário de guerra, embora a administração pública pareça, com sua ineficiência, não reconhecer esta obviedade.
Folha de São Paulo, 2004 (ADAPTADO)
Conteúdo: dados estatísticos
Estrutura: dados + comentário crítico
[...] o preconceito da sociedade com os deficientes apresenta se como outro fator preponderante para a dificuldade na efetivação
da educação de pessoas surdas. Essa forma de preconceito não é algo recente na história da humanidade: ainda no Império Romano,
crianças deficientes eram sentenciadas à morte, sendo jogadas de penhascos. O preconceito ao deficiente auditivo, no entanto, reverbera na
sociedade atual, calcada na ética utilitarista, que considera inútil pessoas que, aparentemente menos capacitadas, têm pouca serventia à
comunidade, como é caso de surdos. Os deficientes auditivos, desse modo, são muitas vezes vistos como pessoas de menor capacidade
intelectual, sendo excluídos pelos demais, o que dificulta aos surdos não somente o acesso à educação, mas também à posterior entrada no
mercado de trabalho.
Conteúdo: alusão histórica, conhecimento da realidade atual e comentário
Estrutura: causa/consequência
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·Argumento sobre o tema: Caminhos para combater a intolerância religiosa.
Concomitantemente, ainda que o Brasil tenha se tornado um Estado laico, com uma enorme diversidade religiosa devido à grande
miscigenação que o constituiu, o respeito pleno às diferentes escolhas de crença não é realidade. A palavra religião tem sua origem em
“religare”, que significa ligação, união em torno de um propósito, entretanto, ela tem sido causa de separação, desunião. Mesmo que legislações,
como a Constituição Federal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, já prevejam o direito à liberdade de expressão religiosa, enquanto
não houver amadurecimento social não haverá mudança.
VIEIRA, T.S. Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2017/manual_de_redacao_do_enem_2017.pdf Acesso em 2 mai 2018 (fragmento)
2) ANALISE
De modo análogo, a certeza da impunidade faz com que crimes de ódio continuem acontecendo. Consoante aos ideais liberais de John
Locke, as leis brasileiras caracterizam se pelo respeito às liberdades individuais, o que é, sem dúvidas, uma grande conquista dos brasileiros.
Todavia, o que é proposto pela legislação não é colocado em prática integralmente, contribuindo, assim, para o crescimento do preconceito no
país. O crescente número de denúncias relacionadas à intolerância religiosa, constatadas pela Secretaria dos Direitos Humanos, comprova que
uma parcela da população brasileira ainda não tem acesso à plena liberdade de culto e religião.
CARVALHO, I.R.S. Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2017/manual_de_redacao_do_enem_2017.pdf Acesso em 2 mai 2018 (fragmento)
Por trás dessa lógica existe algo mais grave: a postura passiva dos principais formadores de consciência da população. O contexto
brasileiro se caracteriza pela falta de preocupação moral nas instituições de ensino, que focam sua atuação no conteúdo escolar em vez de
preparar a geração infantil com um método conscientizador e engajado. Ademais, a família brasileira pouco se preocupa em controlar o fluxo de
informações consumistas disponíveis na televisão e internet. Nesse sentido, o despreparo das crianças em relação ao consumo consciente e às
suas responsabilidades as tornam alvos fáceis para as aquisições necessárias impostas pelos anúncios publicitários.
ILHA, M.E.A.C. Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/educacao/vida-de-calouro/enem-2014-leia-exemplos-redacao-nota-1000-15050473.html Acesso em 2 mai 2018 (fragmento)
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3) DESENVOLVA ARGUMENTOS A PARTIR DAS SEGUINTES TESES:
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