Aula 02. Dentição Mista e Permanente

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Dentição Mista e Permanente – Desenvolvimento da Oclusão

Mista:
• Se caracteriza, na cavidade bucal, pela presença de dentes decíduos e dentes permanentes ao mesmo
tempo, sendo a fase mais longa e dinâmica do desenvolvimento da oclusão. Ou seja, em média, dos 6 aos
12 anos, vai predominar a dentadura mista;
• Nesses 6 anos ocorrem diversas mudanças eruptivas e dimensionais (alterações dimensionais do arco,
crescimento craniofacial, dente decíduo esfoliando, dente permanente irrompendo – troca dos dentes
decíduos pelos permanentes, ao mesmo tempo em que os ossos da face crescem);
• Em que momento irrompe o primeiro dente permanente? Por volta dos 6 anos (ICI ou 1°M permanente);
• Em que momento irrompe o último dente permanente? Excluindo o 3°M, uma vez que ele não faz parte
da oclusão, o último dente a irromper é o 2°M permanente, por volta dos 12/13 anos;
• Ficar atento para saber identificar o que é normal e o que está fugindo da normalidade, podendo vir a exigir
alguma intervenção.

Ex¹: ICS irrompe por volta dos 7/8 anos. Paciente de 10 anos chega com um central irrompido e outro ausente.
Eu tenho que saber a fase de surgimento e olhar as características presentes naquele momento, para poder
identificar o que precisa de investigação.
Quando tenho alterações na sequência de oclusão ou mudanças cronológicas muito grandes, devo investigar
o motivo da situação ter acontecido. É importante distinguir quando o paciente vai ou não precisar daquela
intervenção – as vezes esperar demais o dente irromper naturalmente pode dificultar a correção
posteriormente, mas também nem tudo de que o paciente se queixa exige de tratamento naquele momento.

Que parâmetro usar para observar se a erupção dentária está acontecendo de maneira normal ou atípica?
• A idade cronológica (em anos) é um padrão de referência, mas não podemos ficar presos a ela, porque
existem muitas alterações de um paciente para o outro. Mais importante do que isso é saber se a sequência
de erupção está ou não correta – é bem mais crucial saber se a sequência de surgimento está correta do que
saber se o paciente tem 7 ou 8 anos;
• A idade dentária pode ser avaliada por meio de uma radiografia – avaliar o estágio de odontogênese dos
dentes permanentes, para ter uma ideia de quanto tempo falta até o irrompimento (estágio de Nolla);
• Avaliar o momento em que o dente aparece na cavidade bucal – época de irrupção dentária é a melhor
maneira.
• Na ortodontia, o parâmetro principal é o momento em que o dente vai irromper na cavidade bucal.

Como a dentadura mista é muito longa, a gente a divide em 3 fases de acordo com o grupo de dentes que vai
irromper na cavidade bucal:
• 1° Período Transitório;
• Período Intertransitório;
• 2° Período Transitório.

1° Período Transitório:
• Ocorre nos dois primeiros anos da dentadura mista, caracterizado pela
irrupção dos 1°M permanentes, esfoliação dos incisivos decíduos e
irrupção dos incisivos permanentes;
Ex¹: Avaliou o paciente clinicamente, viu que está irrompendo o 1°M
permanente, esfoliando decíduo e irrompendo incisivo permanente?
Significa dizer que ele está no 1° período transitório.
• No consultório particular, deve-se pedir sempre uma panorâmica para pacientes que tem por volta de 6/7
anos, porque mesmo que clinicamente esteja normal, ele pode ter um supranumerário ou algumas
alterações que precisam ser investigadas. Na Universidade, costuma-se pedir panorâmica nessa idade
apenas quando há desconfiança da presença de alguma anormalidade. Se estiver tudo bem clinicamente,
faz apenas o acompanhamento – panorâmica nessa idade sempre como parte da triagem para ver se não
existe nenhum tipo de problema, sendo essa a recomendação da Associação Americana de Ortodontia.
• A ordem da erupção não importa, só não pode acontecer do IL irromper antes do IC – indício de problema;
o Inicia com a erupção dos IC permanentes e 1°M, terminando quando os IL irrompem e atingem o plano
oclusal → 1°M sup e inf e IC inf (6 a 7 anos) // IC sup e IL inf (7 a 8 anos) // IL sup (8 a 9 anos).
o O 1° período transitório só acaba quando tenho todos os incisivos irrompidos.
• O IL é 2mm mais estreito que o IC;

Ex²: Nessa imagem, se eu medir o IC, é possível perceber que não há espaço
suficiente para o IL irromper. Nesses momentos eu preciso observar a necessidade
de intervenções prévias. Ou seja, se o espaço é pequeno demais, eu preciso dar um
jeito de criar/aumentar ele (expansão da arcada), para poder acomodar o lateral.

Ex³: O paciente apresenta os 1°M inf irrompidos, mas sem os 1°M superiores. Qual conduta deve ser tomada?
Se os inferiores irromperam, quanto tempo eu devo esperar para investigar o atraso desses antagonistas?
A conduta a ser seguida é a de esperar 6 meses. Se mesmo assim o antagonista não
irromper, faz-se uma radiografia. Isso porque existe a chance de acontecer a impactação
do 1°M permanente.
• Impactação do Molar:
o É mais frequente no arco superior (4%);
o O 1°M permanente fica impactado no 2°M decíduo e não consegue aparecer na
boca completamente. Como ele não conseguir irromper sozinho, se não fizer nada
ele vai permanecer impactado – separador, posiciona algum acessório para
empurrar o dente para distal;
o O dente tem muita força eruptiva quando ele está com o ápice aberto, depois que
ocorre a formação da raiz e esse ápice fecha, ele perde essa força. Em casos de
ápice já fechado, o dente vai ter que ser tracionar posteriormente.
Ex¹: Criança com 12/13 anos sem irrompimento do dente. Como o ápice estava
fechado, agora não adianta mais remover o decíduo, porque ele já perdeu a força
eruptiva. Vai ter que tracionar.
o Tratamento:
✓ Distalização do molar impactado;
✓ Manutenção do 2°M decíduo – sua exodontia deve ser a última opção.
✓ Desempactar esse dente e, de preferência, não extrair o 2°M decíduo, porque ele vai ficar com o
mantenedor de espaço depois.
• Prevalência de dentes não irrompidos:
o De todos os distúrbios eruptivos de dentes permanentes, o principal é o canino
superior, seguido do IC superior;
o Incisivos – 14,55%;
Ex¹: O espaço mínimo para um dente que vai irromper tem que ser um pouco maior
do que o tamanho do dente, uma vez que ao redor do dente existe o folículo
pericoronário. Então, eu preciso que haja espaço para o dente e para o folículo.
Ao medir o espaço do dente e comparar com o tamanho presente ao lado, foi
possível perceber que faltava cerca de 1mm. Então o que houve? Extraiu o
supranumerário, permanente estava alto, demorou pra vir e o espaço foi diminuindo,
o que acabou bloqueando-o de descer. Logo, o espaço para o dente que está vindo
tem que ser a largura do dente + 1,5/2mm, para dar lugar ao folículo pericoronário.
OBS: Se tiver supranumerário na boca do paciente, na maioria das vezes é na região anterior de maxila.

OBS²: Eu posso aplicar uma força ortodôntica em um dente com ápice aberto? Qual complicação poderia ter?
Caso só falte formar o terço apical, nenhum problema aconteceria (só ia ser complicado ter que desgastar mais
osso para poder expor o dente e colar o bráquete do aparelho);
Já em caso de dente com ápice aberto, mas com apenas metade da raiz formada, vai ocorrer a aceleração do
processo de fechamento do ápice, deixando o dente com uma raiz encurtada.
Ou seja, as consequências dependem do estágio de formação radicular. Se estiver faltando apenas o terço
radicular, não tem problema aplicar força. Agora se tiver de 1/3 a metade, vai acelerar o fechamento do ápice,
deixando um dente com raiz menor. Por isso que no estágio precoce não se deve nunca tracionar um dente.

• Alterações dimensionais:
o Incisivos permanentes com maior dimensão MD;
o Se eu somar a largura dos dentes decíduos, subtrair da largura dos permanentes,
no arco superior vai faltar 7mm de espaço e no arco inferior 6mm. Então, se a
criança não tiver diastema entre os dentes decíduos, é impossível o permanente se
manter alinhado;
o Devido a essa discrepância de tamanhos dos incisivos permanentes em relação aos
incisivos decíduos, vai ficar faltando 7mm na superior e 6mm na inferior.
o Mecanismos compensatórios:
✓ O tópico anterior mostrou que a falta de espaço é muito grande quando se vai trocar o decíduo pelo
permanente, mas 50% das crianças, mesmo com essa falta de espaço, não tem apinhamento. Isso
ocorre porque existem mecanismos compensatórios normais/naturais, que ajudam a resolver essa
falta de espaço;
✓ Presença de espaços na dentadura decídua – diastemas que são os principais mecanismos
compensatórios fisiológicos (Arco Tipo I de Baume);
✓ Aumento da distância intercaninos – no arco inferior, o espaço primata está localizado entre o
canino e 1°M decíduo. Muitas vezes, o dente acaba irrompendo um pouco imprensado por causa
da falta de tamanho, então quando o lateral vai subindo, ele vai deslocando o canino para distal,
para dentro do espaço primata, e um pouco para a vestibular. Isso aumenta a distância intercaninos,
que é o espaço que vai acomodar os incisivos – no arco inferior eu tenho um aumento espontâneo
da distância intercaninos em torno de 3mm, só pelo fato do incisivo permanente irromper
deslocando o decíduo para distal, dentro do espaço primata, e um pouco para vestibular;
✓ Maior inclinação vestibular dos incisivos permanentes – o incisivo permanente irrompe mais
vestibular do que o decíduo, fazendo com que o comprimento do arco aumente. E aumentando o
comprimento do arco eu vou ter mais espaço para acomodar os incisivos.
✓ Apesar de todos esses mecanismos, ainda vai ter os outros 50% das crianças que vão apresentar
apinhamento. O apinhamento que a criança apresenta, no 1° período transitório da dentadura mista,
é chamado de apinhamento primário.

OBS: Se a criança tem apinhamento primário, significa dizer que ela vai ter apinhamento na dentição
permanente? Depende da quantidade de apinhamento. Se a falta de espaço for até 3/4mm e os incisivos
inferiores não estiverem muito girados, existe a chance de correção espontânea (espera e considera esse
apinhamento primário como temporário). Essa correção de apinhamento primário nem sempre vai precisar
de aparelho.

1° Período Transitório – Oclusão Normal:


• Pequeno diastema entre os incisivos centrais superiores;
• Relação de caninos de Classe I;
• Trespasse horizontal e vertical positivos;
• Arco inferior contido no arco superior – relação caixa-tampa.
Período Intertransitório;
• Presença dos 1°M e incisivos permanentes, juntamente dos caninos e molares decíduos;
• Ausência de alterações irruptivas e dimensionais – esse tempo é chamado de “Passividade Clínica”, por
ser um momento onde eu não vou ter o irrompimento de nenhum permanente, a esfoliação de nenhum
decíduo e nem alterações dimensionais do arco dentário;
• Vai dos 8/8,5 anos até os 10/10,5 anos – fazemos apenas o acompanhamento;
O que vai acontecer é:
• Esse momento da dentadura mista foi definido como Fase do “Patinho Feio” (fase
em que os dentes estão mais feios) – o que não está legal nesse momento é o arco
superior do paciente, porque normalmente podemos observar uma convergência das
raízes (principalmente do lateral e central) e uma divergências das coroas, que se
afastam. Então você vê diastemas entre os dentes, principalmente entre o IL e o IC.
• Porque que a raiz do lateral converge e se aproxima do central? Essa situação ocorre
porque a raiz do lateral está fugindo do canino que está irrompendo. Ou seja, o canino
começa a descer e se aproxima do lateral. A raiz do lateral, por sua vez, para fugir do
canino, começa a ir pra mesial, convergindo apicalmente com a raiz do central,
enquanto essas coroas divergem. Ao olhar clinicamente para o paciente, você vai ter
a presença de um diastema na região;
• Qual deve ser a conduta? Se fizer algo nessa fase vai ser sobretratamento, ou seja, não precisa fazer nada
porque, se fizer, você vai estar tratando algo que é normal. A conduta é não tratar, apenas deve ser explicado
para os responsáveis o motivo daquilo estar acontecendo.
o Colocar aparelho nessa fase, além de ser sobretratamento, vai prejudicar o desenvolvimento, porque a
raiz do lateral vai bater no canino e nessa briga entre cemento e esmalte, o cemento vai sair perdendo
(movimentar a raiz do lateral para o canino causar a reabsorção da raiz do lateral).
o Então, além de ser sobretratamento, ainda pode causar uma reabsorção radicular do incisivo lateral;
o Não trata, espera um pouquinho porque a tendência do canino que vai descendo é de ir diminuindo o
diastema. Se depois que irromper, já estiver na boca, ficar algum mal posicionamento, é que pode
colocar um aparelho fixo para corrigir, sem o risco de possíveis reabsorções.
*Fase do patinho feio não trata porque? Questao de prova*
✓ Divergência entre as coroas dos incisivos (diastema entre o incisivo central e lateral);
✓ Convergência apical;
✓ Proximidade da coroa do canino permanente com a raiz do incisivo lateral.

2° Período Transitório.
• Irrompimento dos caninos, PM e 2° molares. Quando os 2° molares irromperem e atingirem a oclusão, o
paciente finalizou o 2° período transitório e está na dentadura permanente.
o Esfoliação dos caninos e molares decíduos;
o Irrupção dos caninos permanentes e pré-molares;
o Irrupção dos 2° molares permanentes.
• Cronologia de erupção:
o Existe uma alteração na ordem de erupção dos dentes, quando você compara o arco inferior ao superior.
Qual é essa diferença? No arco inferior, o primeiro dente que vai irromper é o canino. Já no arco
superior, o canino vai irromper junto com o 2°PM;
o Arco inferior: canino – 1° pré – 2° pré – 2° molar;
o Arco superior: 1° pré – 2° pré junto com canino – 2° molar;
o C inf (9 a 10 anos) // 1° PM inf + 1°PM sup (10 a 11 anos) // 2°PM inf + 2°PM sup + C sup (11 a 12
anos) // 2°M (12 a 13 anos);
o Portanto se você olhar o arco inferior de alguém, tiver PM e não tiver canino, está alterada a sequência.
Alguma coisa aconteceu.
• Observar cuidadosamente a sequência de erupção anormal e a assimetria de erupção.
Ex¹: Acabamos de ver que, no arco inferior, o primeiro dente que vai irromper durante o
2° período transitório é o canino. Mas esse paciente se encontra com o canino decíduo,
1°M decíduo e quem esfoliou foi o 2°M decíduo. Então, eu preciso manter esse espaço do
dente que esfoliou, porque a ordem está muito alterada – mantenedor de espaço. Sequência
de erupção anormal.

Ex²: Do lado direito a gente tem o canino decíduo, 1°M decíduo


e 2°M decíduo, enquanto que na esquerda temos o canino permanente, 1°PM e
2°PM, configurando um caso de assimetria de erupção.

Conduta para evitar impacção de caninos superiores:


OBS: A primeira radiografia panorâmica é pedida ali por volta dos 6/7 anos. Já a
segunda deve ser requerida por volta dos 10/11 anos de idade, que é o momento
em que o canino permanente vai irromper. Então, no final do período
intertransitório, é ideal que seja pedido uma panorâmica, para avaliar a posição do
canino permanente (se está desviando muito ou se está vindo na posição normal).
• A trajetória normal do canino permanente superior é dele vir bem alto, lá da
fossa nasal, e irromper tangenciando/chegando perto da raiz do lateral – como
ele percorre um caminho muito longo, tem muitas chances de ele desviar (dente
permanente que mais tem desvio eruptivo);
• Ectopia: canino sobrepondo a raiz do lateral – anormalidade, erupção ectópica;
• Conduta:
o Exame clínico (palpação e posição do incisivo lateral);
o Radiografia panorâmica - 10 a 11 anos de idade;
o Avaliação do espaço e da necessidade de exodontia precoce dos caninos decíduos (correção
espontânea).
✓ Se o canino tiver sobrepondo, e se essa ectopia for leve, ou seja, se ela tiver
até o longo eixo do lateral, não passando do lateral para o central, a chance
de correção espontânea com uma simples conduta é mais de 70%;
✓ Se eu fizer uma radiografia e o canino tiver sobreposto ao lateral, até o seu
meio, só fazer a remoção do canino decíduo precocemente já tem tendência
do permanente de ir para a posição normal em torno de 70% dos casos –
correção da ectopia do permanente apenas com a exodontia do decíduo em
casos de desvio até o meio do lateral;
o Após 6 meses faz uma segunda radiografia para acompanhar a evolução, com tempo máximo de espera
de 1 ano. Se até lá não houve correção, já começasse a pensar em intervenções alternativas
(tracionamento).

OBS: o que a gente vê frequentemente é que o canino já se forma com uma angulação muito mesial, e o que
se fala é que esse posicionamento ectópico não está associado a falta de espaço. Tem espaço, mas as vezes o
germe que já se forma ectópico. Como o trajeto é longo, tem mais chance de desviar no decorrer do processo.
OBS²: Só faz a exodontia precoce do canino e aguarda se ele tiver sobreposto até o meio do lateral. Em casos
onde a sobreposição é bem maior, já parte para o tracionamento, não espera ele corrigir naturalmente porque
dificilmente isso vai acontecer.

Leeway Space:
• Diferença da largura dos caninos e molares decíduos para a largura dos caninos e pré-molares permanentes:
o Diferença entre a soma dos diâmetros mésio-distais dos caninos e molares decíduos e a soma dos
diâmetros mésio-distais de seus sucessores.
• O que essa conta nos mostra é que vai sobrar espaço, na média de cerca de 3,4mm
no arco inferior e 1,8mm no arco superior;
o É por causa disso que falamos que apinhamento inferior em até 4mm pode ser
resolvido, uma vez que existe esse espaço sobrando atrás;
o Eu também vou ter mais espaço sobrando no arco inferior do que no arco
superior, o que faz com que o inferior tenha bem mais chances de ir para frente
do que o superior – tendência do molar inferior de ir mais pra frente do que o
molar superior.

Ajuste da relação molar:


• O 1°M permanente irrompe inicialmente assim no 1° período
transitório, em relação de topo (maioria dos pacientes tem terminal
reto). Agora, esse molar inferior vai vir mais pra frente do que o
molar superior, mudando a forma desse contato. Por isso que antes
eu me baseava apenas pela relação de canino e não a de molar
(porque eles ainda iam sofrer essa mudança).
• Ele vai sair de uma relação de topo para uma relação Classe I, onde
a cúspide vai encaixar no sulco;

2° Período Transitório - Oclusão Normal:


• Relação de molar e canino de Classe I;
• Trespasse horizontal e vertical de 2 a 3;
• Arco inferior contido no arco superior – relação caixa-tampa normal.
OBS: A chance de se ter oclusão normal na dentadura mista é baixíssima, porque a prevalência de má oclusão
é muito alta.
OBS²: Quando você considera apinhamento até 4mm como normal, o número de oclusão normal aumenta.

Dentadura Permanente:
• Inicia-se por volta dos 12-13 anos;
• Quando o 2°M irromper e atingir o plano oclusal, o paciente sai da dentadura mista e entra na permanente;
• O 3°M tem muita chance de agenesia, muitas vezes está mal posicionado e sem espaço para ele irromper,
então é considerado como parte da oclusão, do ponto de vista da ortodontia. Não se espera ele irromper
para classificar como dentição permanente – 3° molares geralmente não fazem parte da oclusão.

Que parâmetros você deve observar no seu paciente para definir se a oclusão está normal ou não?
1. Relação molar;
2. Angulação da coroa (MD);
3. Inclinação da coroa (VL);
4. Ausência de rotações; 6 chaves da oclusão normal
5. Contatos interproximais justos;
6. Curva de Spee suave.

Relação molar (03 pontos de contato):


• Cúspide distovestibular do 1° permanente superior ocluindo na superfície mesial da
cúspide mesiovestibular do 2° molar permanente inferior;
• Cúspide mesiovestibular do 1° permanente superior ocluindo no sulco mésio-vestibular do
1° molar permanente inferior;
• A cúspide mésio-palatina do 1° permanente superior ocluindo na fossa central do 1° molar
permanente inferior.
A classificação do molar como Classe I, II e III, é baseada somente na referência de onde a ponta de cúspide
está ocluindo no sulco. Para se ter uma relação molar normal, é preciso ter os 3 pontos de contato.
• Ponta de cúspide no sulco: Classe I;
Tendência de ter o trespasse horizontal aumentado.
• Ponta de cúspide afrente do sulco: Classe I;
• Ponta de cúspide atrás do sulco: Classe III – relação de topo ou cruzada na região anterior.

Angulação da Coroa (M-D):


• Arco Superior:
o De canino a canino, os dentes tem uma angulação mesial de coroa e distal de
raiz – central é o que tem menos angulação, o lateral tem um pouquinho mais e
o canino mais ainda;
✓ Como é feito essa inclinação com o aparelho? Quando você cola o bráquete,
ele vai determinar a posição final do dente, e nele mesmo já imbutida a
angulação e inclinação de coroa.
o Pré-molares tem leve angulação mesial;
o 1° e 2° molar* com angulação mesial – *a gente não observa o 2°M com
angulação mesial, só o primeiro. O Angles diz que tem no trabalho dele, mas
mesmo com a repetição de outros diversos trabalhos testando, não conseguiram
ver essa característica no 2°, apenas no 1°M.
o Se perguntar na prova sobre isso, é para dizer que o 2°M não tem angulação, ele é VERTICALIZADO.

• Arco Inferior:
Só quem tem angulação é o canino, os demais dentes são verticalizados.
o Incisivos sem angulação;
o Caninos com angulação mesial;
o Pré-molares e molares sem angulação.
OBS: por isso que cada dente tem seu bráquete, uma vez que cada dente tem angulação e inclinação próprios.

Ex: Qual erro aqui? O normal nos incisivos é angulação


mesial de coroa, mas esse paciente está com as coroas
verticalizadas. Para corrigir foi usado um alinhador por 3
meses.

OBS²: Dentes anteriores sem angulação tem tendência a apresentarem diastemas.

Inclinação da Coroa (V-L):


• Arco Superior:
o Incisivos com inclinação vestibular;
o Canino e dentes posteriores com inclinação lingual progressiva.
• Arco Inferior:
o Incisivos verticalizados;
o Canino levemente inclinado para vestibular, enquanto que os dentes
posteriores tem uma inclinação lingual progressiva – tem que ser
maior do que a dos superiores para preservar a relação caixa-tampa
(ficar dentro da arcada superior).
Ausência de Rotações:
• Interferências oclusais – alteração do espaço interproximal (dente girado ocupando um espaço maior do
que deveria);
• Deslocamento dos pontos de contato – essa mudança nos pontos pode causar impactação de alimentos;
• Alteração na chave de oclusão;
• Tem que corrigir a rotação.

Contatos Interproximais Justos:


• A gente falou sobre os benefícios dos diastemas na dentadura decídua. No entanto, no permanente, NÃO
pode existir diastema entre os dentes, sendo sinal de maloclusão. Isso porque, pode até ser que esteja tudo
bem nesse momento, mas os dentes tendem a mudar de posição por causa desse diastema;
• Função:
o Proteger o periodonto – se não tem ponto de contato, vai ter impactação de alimentos naquela área;
o Distribuir as cargas oclusais – estabilização oclusal;
o Minimizar as migrações dentárias.

Curva de Spee Suave ou Plana:


• Não tem como ter uma oclusão normal com uma curva de spee muito
acentuada – a sobremordida, overbite e overjet não ficam nos
parâmetros de normalidade;
• Curva de Spee inferior, para ser normal, tem que ser suave ou plana;

Ex: Paciente com


sobremordida – trauma
no palato acompanhado
de maior desgaste dos dentes.
Pode corrigir intruindo incisivos e/ou extruindo
posteriores.
É importante analisar, porque as vezes pessoas com
sobremordida querem intruir os superiores, sendo que na
realidade o problema é na curva de Spee inferior.

Terceiro Molar:
• Trajeto irruptivo extremamente variável;
• Elevada frequência de impacção (cerca de 50% dos casos);
• Elevado índice de agenesia;
• Provoca apinhamento anterior? Cientificamente, não existe relação de causa/efeito entre a presença dos 3°
molares e o apinhamento anterior. Então a indicação não tem correlação com apinhamento.

Artigo:
• A extração profilática do terceiro molar para evitar apanhamento está contra-indicada – agora se ele tiver
com falta de espaço, impactado, risco de absorver o 2°M, risco de patologia ou pericoronarite, aí eu vou
remover;
• A extração teria como objetivo prevenir processos patológicos: pericoronarite, cistos, reabsorções e cáries
nos segundos molares;
• Nos pacientes ortodônticos, geralmente a exodontia dos terceiros molares pode ser deixada para o final do
tratamento* - porque pode acabar sobrando espaço para ele ficar naquele local.
Apinhamento Terciário:
• Apinhamento no final da adolescência, também chamado de apinhamento terciário;
• Tendência de deslocamento mesial dos dentes posteriores, resultante das forças oclusais;
• Pequenas quantidades de desgastes interproximais;
• Posicionamento lingual dos incisivos (crescimento diferencial maxilomandibular) – a maxila termina de
crescer antes da mandíbula. Fisiologicamente a mandíbula está crescendo e os dentes terminam inclinando
para dentro buscando manter o espaço. E essa inclinação lingual dos incisivos, decorrente do crescimento
da mandíbula, que termina depois da maxila, provoca apinhamento. Sem relação direta com o 3°M.

Considerações finais:
• Desenvolvimento da oclusão e crescimento craniofacial estão intimamente relacionados;
• Entender as características de oclusão normal é fundamental para o diagnóstico precoce das más oclusões.

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