Relatório Ciclo de Vigilância + Espinha de Peixe

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PROGRAMA DE TREINAMENTO EM EPIDEMIOLOGIA APLICADA

AOS SERVIÇOS DO SUS, NÍVEL FUNDAMENTAL, DA CIDADE DO RIO


DE JANEIRO

EPISUS FUNDAMENTAL RIO TURMA VI

ANÁLISE DO CICLO DE VIGILÂNCIA DO CMS DR.


OSWALDO VILELLA DA AP 5.2 DO MUNICÍPIO DO RIO DE
JANEIRO, NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2023

LUCIANA SPESSOTO DOS SANTOS LIRA DA SILVA

Relatório apresentado como


requisito de cumprimento do
Programa de Treinamento em
Epidemiologia Aplicada aos
Serviços do SUS, nível
fundamental, da Cidade do Rio de
Janeiro – EpiSUS Fundamental
Rio.

Tutora: Gisele Oliveira

Rio de Janeiro

JULHO/2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................3
2. OBJETIVOS..............................................................................................................5
Geral.....................................................................................................................
Específicos..........................................................................................................5
3. MÉTODOS................................................................................................................6
Local do estudo...................................................................................................6
Período do estudo................................................................................................7
População de estudo............................................................................................7
Fonte e coleta de dados.......................................................................................7
Análise dos Dados..............................................................................................8
4. RESULTADOS..........................................................................................................9
5. CONCLUSÃO.........................................................................................................12
6. RECOMENDAÇÕES..............................................................................................13
7. AGRADECIMENTOS.............................................................................................15
8. REFERÊNCIAS.......................................................................................................16
1. INTRODUÇÃO

Entende-se por Vigilância em Saúde o processo contínuo e sistemático de coleta,


consolidação, análise de dados e disseminação de informações sobre eventos relacionados à
saúde, visando o planejamento e a implementação de medidas de saúde pública, incluindo a
regulação, intervenção e atuação em condicionantes e determinantes da saúde, para a proteção
e promoção da saúde da população, prevenção e controle de riscos, agravos e doenças. A
PNVS incide sobre todos os níveis e formas de atenção à saúde, abrangendo todos os serviços
de saúde públicos e privados, além de estabelecimentos relacionados à produção e circulação
de bens de consumo e tecnologias que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde. A
análise de situação de saúde e as ações laboratoriais são atividades transversais e essenciais no
processo de trabalho da Vigilância em Saúde (BRASIL, 2018).

A Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil (2010), destaca os tipos


fundamentais de vigilância que podem ser realizados nos serviços de saúde: ativa, passiva e
sentinela. A vigilância ativa tem a vantagem de garantir maior integridade ao sistema, isto é,
de reduzir significativamente a probabilidade de não detectar casos que efetivamente estejam
ocorrendo (que é a desvantagem da vigilância passiva). Por sua vez, a vigilância passiva tem a
vantagem de ser fácil, de baixo custo e, portanto, é mais sustentável no tempo (que é a
desvantagem da vigilância ativa). A vigilância sentinela pode utilizar o formato da vigilância
ativa ou da passiva; uma de suas aplicações é para a vigilância das doenças emergentes ou
reemergentes, ou naqueles lugares nos quais as condições socioeconômicas não permitem ter
um sistema de vigilância passiva com representatividade nacional.

A notificação compulsória é a comunicação obrigatória à autoridade de saúde, sendo


realizada pelos profissionais de saúde ou responsáveis pelos equipamentos da Rede de
Atenção à Saúde (RAS), públicos ou privados, a partir da suspeita ou confirmação de doença,
agravo ou evento de saúde pública, elencados na Lista Nacional de Notificação Compulsória,
cuja última atualização ocorreu em 2022 por meio da Portaria GM/MS N° 420 de 02 de março
de 2022. As notificações são registradas no Sistema de Informação de notificação de agravos
(SINAN) do Ministério da Saúde.

Conforme descrito na Figura 1, a seguir:


Figura 1: Ciclo de Vigilância

Fonte: Apostila EpiSUS, 2023

Foi desenvolvido este trabalho de campo buscando conhecer as etapas do ciclo de


vigilância desempenhado por profissionais que atuam na equipe do CMS Dr. Oswaldo Vilella,
Unidade de Atenção Primária (UAP) da AP 52, gerenciada por uma Enfermeira com
experiência tanto na estratégia quanto nos processos da Divisão de Ação e Programas em
Saúde (DAPS) da Coordenação da Área Programática 5.2. Espera-se com o resultado obtido
um monitoramento e avaliação em torno dos processos de informação, qualificação e
sistematização para melhoria dos fluxos de vigilância, visto a necessidade de uma vigilância
em saúde qualificada e oportuna e, com profissionais capacitados para a atuação na saúde
pública.
2.OBJETIVOS

Geral

O objetivo geral deste trabalho visa descrever as etapas do ciclo de vigilância


desempenhadas pelos profissionais que atuam no CMS Dr. Oswaldo Vilella da Área de
Planejamento 5.2, no primeiro semestre de 2023.

Específicos

- Diagnosticar rapidamente as fragilidades e potencialidades nas etapas do ciclo de


vigilância;

- Recomendar estratégias de aprimoramento das etapas do fluxo de vigilância da


Unidade de Atenção Primária (UAP);
3.MÉTODOS

Local do estudo

A Unidade de Atenção Primária escolhida foi o CMS Dr. Oswaldo Vilella da Área de
Planejamento 5.2, situada na XVIII RA, no Bairro de Campo Grande. Tal unidade possui
modelo de gestão do tipo misto (ESF e CMS) e conta com quatro equipes de Estratégia de
Saúde da Família: Carneiro Porto Filho, Cristianópolis, Guandu do Sapê e Serrinha, apesar de
ser denominado unidade mista, hoje apresenta seu território com totalidade de cobertura de
Estratégia de Saúde da Família.

Figura 2: CMS Dr. Oswaldo Vilella

Fonte:https://www.google.com

A AP 5.2 está localizada na Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro,


compreendendo uma extensão territorial de aproximadamente 291 Km², representando 25%
da extensão territorial do município e 35% da zona oeste. Esta AP organiza-se em duas
regiões administrativas (XVIII RA e XXVI RA) que compreendem 09 bairros: Campo
Grande, Santíssimo, Senador Vasconcelos, Inhoaíba, Cosmos, Guaratiba, Ilha de Guaratiba,
Pedra de Guaratiba e Barra de Guaratiba, e apresenta uma população de 665.198 habitantes de
acordo com o censo do IBGE de 2010. Dispõe de vários equipamentos de saúde, tais como:
36 Unidades de Atenção Primária - UAP, 02 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), 01
Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSI), 02 Unidades de Pronto Atendimento - UPA,
01 Hospital Municipal, 01 Hospital Estadual, 01 Policlínica Naval, 03 Hospitais Privados e 06
Clínicas Privadas, que compõem a Rede de Atenção à Saúde (RAS) da AP 5.2 e que fornecem
os dados primários para consolidação e informação da situação de saúde para planejamento e
implementação de ações em saúde.

Figura 3: Mapa dos bairros do MRJ, em destaque o bairro de Campo Grande, AP 5.2

Fonte:http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/5148142/4145881/ListadeBairroseAPs_Mapa

Período do estudo

Este estudo foi realizado no mês de Julho de 2023.

População de estudo

Foram entrevistadas duas enfermeiras, sendo uma a própria gestora da unidade e a


outra enfermeira da equipe Guandu do Sapê, além de um agente comunitário de saúde (ACS)
da equipe Carneiro Porto Filho, que estavam disponíveis no momento da visita.

Fonte e coleta de dados

Os dados foram coletados através de um questionário padronizado, fornecido pela


Coordenação do Curso EpiSus 2023, aplicado na entrevista semiestruturada com os
integrantes da equipe de saúde do CMS Dr. Oswaldo Vilella AP 52, do município do Rio de
Janeiro – RJ, em julho de 2023. A Unidade de Saúde foi previamente definida com a tutora e
a Coordenação do Curso encaminhou uma carta de apresentação, informando a unidade de
interesse para o trabalho de campo e a necessidade de realização de entrevista in loco com
três profissionais da Unidade selecionada pelo treinando ao Coordenador da AP 5.2 para
ciência e posteriormente comunicação ao Gestor.

O questionário para entrevista foi aplicado sem nenhuma alteração e as respostas


foram descritas na íntegra pelo entrevistador. As entrevistas foram realizadas individualmente
com duração média de 30 minutos para cada profissional.

Processamento e análise dos dados

A sistematização dos dados coletados, foi realizada através de uma Matriz SWOT,
com o intuito de analisar as etapas do ciclo de vigilância da UAP. Tal ferramenta permite
analisar as condições internas e externas da clínica, dando subsídio estratégicos de avaliação
para minimizar fragilidades e potencializar os pontos fortes, além de conhecer e usufruir as
oportunidades externas e evitar as ameaças” (SOUZA, 2013).
Para confecção da Matriz Fofa foi utilizado o Microsoft Office Excel.
Elaborou-se um Diagrama de Ishikawa para descrever as causas de um problema
escolhido, a partir da Matriz Fofa, e agrupadas em quatro categorias (profissional,
gerenciamento, métodos e métricas), e em seguida classificadas segundo o tipo de controle
(TPN), determinando causas sob total governabilidade da equipe da estratégia de saúde da
família, parcialmente controlada e que não estão sob controle da UAP. Tal metodologia foi
representada no formato de espinha de peixe (Figura 5).
4. RESULTADOS

A Matriz SWOT foi utilizada para identificar os pontos fortes e fracos das etapas do
ciclo da vigilância da unidade de saúde, bem como as ameaças e oportunidades que não estão
sob governabilidade da unidade e sofrem interferências externas.

Figura 4: Matriz SWOT


FATORES INTERNOS

FORÇAS FRAQUEZAS

1. Território 100% coberto por 1. Vigilância passiva,


ESF; fragilidade na busca ativa no território de
2. Detecção dos casos esintomático respiratório pela equipe
comunicação imediata à Gerente ou Chefe detécnica e ACSs;
enfermagem para repasse ao SVS; 2. Fragilidade nos critérios de
3. Registro dos dados dadefinição de caso de algumas doenças
notificação nos prontuários eletrônicospela equipe técnica inexperiente;
(PEP); 3. Falta de completude no
4. Digitação oportuna das Fichaspreenchimento da notificação e cadastro
de Notificação pelo Administrativo dano PEP;
Direção; 4. Ausência de planilha de
5. Arquivo monitoramento dos casos notificados pela
centralizado na administração paraequipe;
envio digital e por expediente ao SVS; 5. Ausência de Lista de
6. Listagem das doenças deNotificação Compulsória em todas as
Notificação compulsória e guia de vigilânciasalas de equipe de ESF;
disponível para consulta de forma digital 6. Ausência de
(Drive local e cartão interativo daAP 52); análise de dados coletados;
7. Fichas do SINAN para 7. Processo de comunicação
notificação de agravos e doenças disponíveisnão sistematizado na UAP;
nos consultórios, impressa e digital (cartão 8. Ausência de registro
interativo da AP 5.2); unificado de envio das amostras para
8. C monitoramento;
oleta de material biológico disponível 9. Operacionalização da
diariamente e busca de resultados nos sistemas apenas
padronização de envio; na sala de administração;
9. Realização de teste rápido em 10. Déficit de conhecimento
todo período de funcionamento da UAP. dos boletins de vigilância por toda equipe.
FATORES EXTERNOS

OPORTUNIDADES (+) AMEAÇAS (-)

1. Laboratório Central para 1. Rotatividade de


análise das amostras; profissionais;
2. Disponibilidade de 2. Volume elevado de
transporte para levar amostras ao LACEN demandas imediatas pela
(motoboy); SVS/CAP/DVS;
3. Visita pela DVS para 3. Reuniões sobrepostas
Capacitação de fluxos de vigilância -VIGIApara equipe técnica;
DVS 52; 4. Déficit de computadores;
4. Disponibilidade de testes 5. Fragilidade da rede de
rápidos pela SVS; internet;
5. Envio mensal dos 6. Limitação de horário da
boletins epidemiológicos por UAP; coleta de material biológico, devido
6. Reforma e reinauguração da extensão territorial;
UAP no 1º semestre de 2023;
Fonte: Questionário padronizado do Curso EpiSUS, 2023

O diagrama de Ishikawa foi pensado pelo engenheiro químico japonês Kaoru Ishikawa,
em 1943, para solucionar os problemas identificados, encontrar as causas raízes e para melhorar
os processos; pois reúne um conjunto de idéias a respeito das causas do problema com
representadas no formato de espinha de peixe (Figura 5).
Figura 5: Diagrama de Ishikawa

Processos Profissional

Ausência de planilhas Alta rotatividade profissional


Falta de rotinas de processos Falta de conhecimento dos protocolos
Demandas sobrepostasSem Monitoramento das notificações

Prazos não cumpridosPriorização de demandas


Indicadores não atingidosAusência de feedback na reunião geral

Métricas Gestão da UAP

Totalmente sob controle (T) Parcialmente


sob controle (P)
Não está sob controle da equipe (N)
5. CONCLUSÃO

Concluiu-se que existem pontos fortes de processos de trabalho, bem como pontos
negativos no ciclo de vigilância sendo necessário reforçar conceitos para detecção de casos,
completude das notificações, sistematização de processos de monitoramento, busca ativa e
vigilância laboratorial para conduta e encerramento dos casos. Além disso, a informação
disponibilizada pelos boletins de vigilância mensais, devem ser mais difundidos e trabalhados
em conjunto em reuniões de equipe visando uma maior análise da situação de saúde do
território.
6. RECOMENDAÇÕES

A partir da análise da Matriz SWOT e do Diagrama de Ishikawa, foram propostas as


seguintes recomendações:

Recomendações para a Coordenadoria Geral de AP 5.2:

- Manutenção da rede de internet e aporte de computadores adequado para UAP;


- Capacitar todos os profissionais nas turmas do Curso de Introdutório antes de iniciar
o trabalho;
- Sistematizar reuniões pelos setores para evitar reuniões sobrepostas previamente;
- Ampliação do horário do motoboy;

Recomendações para a Divisão de Vigilância em Saúde:

- Intensificar as capacitações de vigilância (VIGIA 5.2) com os profissionais da


UAP;
- Disseminar informação dos boletins para todos os profissionais das unidades;

Recomendações para o Serviço de Vigilância em Saúde:

- Realizar visita técnica sistematizada e conjunta dos eixos de vigilância e Unidade de


Resposta Rápida (URR);
- Monitorar as subnotificações de agravos pertinentes ao período epidemiológico;

Recomendações para a Unidade de Atenção Primária:

- Descentralizar a Lista de Notificação Compulsória por toda equipe;


- Reforçar a completude das informações na notificação e no prontuário eletrônico;
- Realizar vigilância ativa de casos suspeitos no território de abrangência diariamente;
- Monitorar semanalmente as notificações realizadas pelas equipes através de relatórios
para busca ativa dos casos e encerramento dos casos;
- Disseminar a busca de resultados nos sistemas pelas equipes para encerramento dos
casos;
- Discutir os boletins de vigilância em reuniões de equipe para tomada de decisão e
implementação de ações, visando o alcance dos indicadores.
7. AGRADECIMENTOS

À Deus;
À Minha Família;
À Minha Diretora Michele Rosa e amigos da DVS 5.2;
À Gerente Fabiana Freitas;
À Minha Tutora e à toda Coordenação do EpiSUS.
8. REFERÊNCIAS

BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 588 de 12 de julho de 2018.


Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a- z/p/politica-nacional-
de-vigilancia-em-saude. Acesso em: 30 de Junho de 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n° 420 de 02 de março de 2022.


Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-420-de-2- de-marco-
de-2022-383578277. Acesso em: 30 de Junho de 2023.

DATA.RIO. Informações sobre a cidade. Disponível em:


https://www.data.rio/documents/98f7d94fdc2642aba21fcb8e1c69eb07/about. Acesso em: 30
de Junho de 2023.

EPISUS. Guia do treinando - oficina 1. 1ª edição revisada. SMS-RJ, 2023.

GOOGLE. Disponível em: Fonte:https://www.google.com. Acesso em: 28 de junho


2023.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Esperança de vida ao nascer


noBrasil. 2011. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/tabuadevida/2011/default.s htm. Acesso
em: 10 de abril 2023.

ISHIKAWA, Kaoru. Publicado em 11/07/2017. Disponível em:


http://www.blogdaqualidade.com.br/gurus-da-qualidadekaoru-ishikawa/

OPAS. Organização Pan-Americana da Saúde Módulos de Princípios de


Epidemiologia para o Controle de Enfermidades. Módulo 4: vigilância em saúde pública /
Organização Pan-Americana da Saúde. Brasília : Organização Pan-Americana da Saúde ;
Ministério da Saúde, 2010. 52 p.: il. 7 volumes. ISBN 978-85-7967-022-0.

PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. Disponível em:


http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/5148142/4145881/ListadeBairroseAPs_Mapa. Acesso
em: 28 de junho 2023.

SOUZA, L. P.; et al. Matriz swot como ferramenta de gestão para melhoria da
assistência de enfermagem: estudo de caso em um hospital de ensino. Rev. G& S. 2º de
agosto de 2017 [citado 15º de abril de 2023]; 4(1):1633-4. Disponível em:
https://periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/207. Acesso em: 10 de abril 2023.

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