Ensaios Sobre o Tudo e o Nada
Ensaios Sobre o Tudo e o Nada
Ensaios Sobre o Tudo e o Nada
ensaios
sobre o tudo
e o nada
- 2016 –
2016, by Héctor Enrique Giana - 1a. edição
FICHA CATALOGRÁFICA
CIP - Brasil
Giana, Héctor E.
SUMÁRIO
PRÓLOGO .................................................................................................... 9
INTRODUÇÃO ............................................................................................ 16
FALTA DE INSPIRAÇÃO ............................................................................ 17
HOJE MELHOR DO QUE ONTEM ............................................................. 19
ACERCA DO DIÁLOGO COM PASCAL ..................................................... 21
DEVANEIOS SOLTOS ................................................................................ 24
DORMI REALMENTE? ............................................................................... 26
E POR FALAR EM SONHOS...................................................................... 28
Amiga ................................................................................................ 29
E POR FALAR EM SONHOS (2)... ............................................................. 32
EM TEMPO ................................................................................................. 35
SEM REMEDIO........................................................................................... 38
MAIS PASCAL ............................................................................................ 40
UM POUCO DE HISTÓRIA ........................................................................ 45
Reflexão do Tradutor das Reflexões, ou Texto para José... .............. 46
AS BALEIAS AMIGAS ................................................................................ 56
COMO CHEGUEI AO MUNDO ................................................................... 60
ENCONTRO COM ÉDOUARD SHURÉ ...................................................... 63
A IDÉIA DA MORTE ................................................................................... 70
DIÁLOGO COM BACON ............................................................................. 75
MAIS UMA HISTÓRIA... ............................................................................. 80
POETA? ...................................................................................................... 85
QUEM DISSE QUE EU MUDEI? ................................................................ 89
O EU E O DESENVOLVIMENTO INTERIOR ............................................. 92
O PARADOXO DO TEMPO ........................................................................ 95
O VINHO QUE NUNCA TOMEI .................................................................. 98
A VERDADE ............................................................................................. 102
ENCONTRO COM OS MÚSICOS ............................................................ 107
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PRÓLOGO
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INTRODUÇÃO
O título deste livro é sugestivo e às vezes pode confundir o leitor
mais desinformado. Se levarmos em conta a definição pura e simples,
podemos definir o ensaio como um texto que evidencia ideias e
reflexões do escritor, seus pontos de vista sobre assuntos variados e
pungentes.
A filosofia do tema, que trata ao mesmo tempo de tudo e de nada, já
podendo ser assuntos de muito ou de nenhum interesse por parte de
quem lê, não pretende ser uma verdade absoluta, mas discorrer acerca
das coisas simples da vida olhadas desde um ponto de vista diferente.
Tenho feito um grande esforço para conversar com pessoas mortas,
e neste livro foi possível, com resultados satisfatórios, já que o
interlocutor não pode se defender frente a nenhuma acusação nem
rebater nenhuma crítica. De qualquer maneira, valeu o diálogo
construído sobre os temas que eles bem entenderam em vida.
Também resolvi que o prefácio deste livro seria diferente. Sempre
chamamos alguém conhecido e respeitado para escrever sobre a obra,
esperando que os seus dizeres impulsionem sua distribuição. Em lugar
disto, chamei meus netos, os menores, os médios e os maiores, todos
os seis, para que escrevam aqui o que acham do relatado pelo avô. Por
um lado, exercito a sua leitura e, pelo outro e principal, tento despertar a
veia literária de escritor que existe em cada um de nós.
Acho que ninguém leu alguma única vez um livro de filho ou neto de
escritor, talvez por causa dos próprios progenitores que não os
incentivaram nem à leitura de sua própria obra nem insistiram em torná-
los escritores. Com esperança de poder depositar uma semente literária
nos meus, peço que leiam esta obra e teçam comentários acerca do
que acharam.
Espero igualmente que sejam magnânimos comigo, não pelo
parentesco que nos une, mas pela análise real da obra. O que eles
disserem será colocado, em suas palavras, sem mudar uma única
vírgula. Este será um exercício de duas vias, pois não tenho experiência
neste assunto.
Finalmente e agradecendo sempre, espero que o leitor aprecie a
obra e, se desejar, me retorne ao e-mail que deixo disponível, com
críticas e sugestões que possam acrescentar ideias para o próximo
livro.
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FALTA DE INSPIRAÇÃO
Sentado frente a mim mesmo, tentando encontrar
palavras, arrancando inspiração do único lugar possível,
minha alma sofre a mudez do barulho silencioso de
minha pobre mente, que clama por frases e ideias
apelando ao cerne do meu ser. Bem em frente, está a
tela retangular do microcomputador, esbranquiçada pela
lauda vazia no centro dela, a qual espera pacientemente
que as letras apareçam lentamente a princípio e bem
depressa depois, objetivando compor algumas frases.
Não encontro nada... Em vão tento mergulhar
profundo em minhas lembranças ou relembrar sonhos
esquecidos que tragam um pouco de luz para esta nívea
página. O relógio do meu pulso, adiantado como sempre,
me olha risonho no seu rítmico caminhar rumo ao futuro.
Imagino que pense – se é que relógios pensam - que a
culpa da falta de tema se deva a não ter anotado os
sonhos sonhados em noites mal dormidas, e que a
mente, preguiçosa demais para deixar o corpo levantar-
se, convenceu a si mesma que ao amanhecer do outro
dia lembraria com detalhes, ou à falta de escrever os
pensamentos desordenados que por vezes acontecem.
Enfim, de nada vale lamentar o perdido. O tempo
continua passando e a folha ainda em branco do meu
ensaio possível continua no mesmo lugar, olhando
diretamente nos meus olhos e implorando que deposite
algumas letras sobre ela. É bem sabido por todos que
uma folha em branco nada tem a dizer e transita a
vergonha do nada! Será possível que este seja o ensaio
do nada?
Percebo, no entanto, que à medida que vou
pensando acerca da cruel natureza da mente em querer
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DEVANEIOS SOLTOS
O papo que tive com Pascal me deixou melhor; agora
me sentia leve e solto e podia comparar-me a grandes
homens porque sabia que, na terra, éramos todos iguais.
Na realidade a conversa foi mais para reafirmar meu
desejo do que para contestá-lo, já que a única forma de
ir adiante neste mundo é saber que somos todos iguais,
independentemente de posição social ou intelectual. Isto
nos dá ânimo novo para tentar crescer e fazer adiantar à
humanidade no caminho do desenvolvimento.
Pensei: como evitar o avanço de amor próprio e do
egoísmo, sabendo que caminhamos para a esfera do
super-homem? É só saber que para atravessar a última
porta todos temos que passar juntos, senão ninguém
passa. Então é o mesmo ir à frente ou ir atrás; é uma
questão de escolha pessoal, já que tendemos a ir ao
mesmo sítio e o caminho pode ser mais ou menos
sinuoso, dependendo de nossa escolha.
Uma vez me perguntaram sobre o tempo; o que
achava de viver mais ou menos anos. Lembrei-me do
conceito matemático do mais e menos infinito e do ponto
intermediário que sempre é zero. Então, um, cem ou mil
anos, na eternidade, é a mesma coisa. O importante não
é “quanto”, mas sim “como”, ou seja, viver tão
intensamente que não importe o ontem nem o amanhã;
somente o hoje.
Claro, irão dizer-me: então se é tudo o mesmo, para
que preocupar-se com as coisas? E eu repetirei o que
muitos já disseram: deram-nos a vida de presente por
algum motivo; alguém tinha um plano e desejava cumpri-
lo através de nós. A manifestação do espírito universal
se fez em pequenas porções, como para evitar a dor da
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DORMI REALMENTE?
Quando acordei, ou me dei conta de mim mesmo,
ainda era noite. O relógio eletrônico de números grandes
que comprei quando as cataratas de meus olhos não me
deixavam enxergar, marcava duas e dez. Mas como...,
se deitei pouco antes da uma hora da madrugada?
Então somente fechei meus olhos por uma hora e
pouco? Pois bem, como demorei quase meia hora para
pegar no sono, então realmente dormi muito pouco...
Toquei o lado direito da cama e lembrei que minha
companheira estava viajando. Um vazio enorme se
apoderou de mim e minha mente, -ah! essa mente!-
começou a rodopiar pelo mundo e não descansou mais
até que os primeiros raios de sol entraram pela janela
semi-aberta.
O que passou pela minha cabeça pensante em todo
esse tempo é algo que não dá para descrever. Planejei o
dia que estava amanhecendo, relembrei o dia anterior,
viajei por mundos indescritíveis pela riqueza de cores,
formas e odores, aqueles que só são possíveis no lusco-
fusco entre o sono e a vigília, enfim, tudo aquilo que
cabe numa mente que, na escuridão da noite e com todo
o tempo do mundo, pode pensar.
Passou pela minha mente também o fato de que era
muito comum em mim esse estado de coisas. O sono se
postergava e a mente aproveitava para tecer milhares de
situações que, no estado de vigília normal, não eram
possíveis. Soltar a mente era uma coisa que havia
aprendido desde criança por força das circunstâncias. Já
me havia tornado príncipe de um país formoso, um
importante homem de negócios, um poeta feliz da Idade
Média, podia voar por onde quisesse burlando a lei da
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Amiga
Sempre, desde que eu me lembro,
uma fiel amiga me acompanha,
discreta às vezes e outras evidente,
mas sempre perto, sempre atenta.
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EM TEMPO
Devo realmente pedir desculpas pela ausência destes
dias (talvez o leitor não perceba, porque a continuidade
do escrito é imediata, mas para mim, passaram-se mais
de 20 dias...). Acontece que viajei para o exterior e lá
não consegui escrever nada; visitas, passeios, enfim,
nem sentei frente ao teclado nem rabisquei palavra
alguma. Sentiram falta? Pois é, eu também,
principalmente porque eu cobro vida e sou real quando
vocês me lêem, caso contrário não sou mais do que
outro sonho...
Este devaneio me fez pensar na ocasião em que a
viagem para o exterior foi para fora de mim mesmo e não
para fora do país. Ah!... Esta viagem é muito mais difícil
e complicada do que aparenta, senão vejamos o
seguinte relato.
Numa primavera qualquer, lá pelos idos da década de
90 - no século que nos antecedeu - tentei projetar-me
fora de mim, conforme relatos esotéricos de pessoas que
o haviam feito. Tudo começou quando percebi que meu
exterior era somente visível através de meus olhos e que
quando os fechava, perdia contato com ele, o que me
levava a interiorizar-me cada vez mais, centrando-me em
mim mesmo, no próprio âmago de meu ser. Fato curioso
este, já que em mais de quarenta anos de vida era a
primeira vez que me ocorria pensar nisso. Sem me olhar,
sem ver meu corpo com meus próprios olhos, eu não era
real, ou pelo menos assim parecia. Claro que os demais
sentidos permaneciam intactos, mas eles estavam à
deriva sem o apoio da vista. Entendem, não? Imagine
alguém lhe oferecendo um copo d‟água tendo você que
experimentar o odor e o sabor sem ver. E se a água
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SEM REMÉDIO
Aqui bem que eu poderia mentir. Somos livres para
fazê-lo ou inventar historias verossímeis para tentar
minimizar o impacto de uma situação que nos oprime.
Quem poderá nos acusar de mentirosos por esconder
algo que não queremos dizer? A lei é clara ao respeito
disso: ninguém pode fazer provas contra sua própria
pessoa.
Enfim, acho que não vale a pena esconder o que
agora vou dizer, tanto porque acredito que ninguém liga
a mínima para meu desleixo. Pois é. Faz mais de um
mês que não escrevo nada...
Poderão dizer que é falta de inspiração, que não sou
um bom escritor, que não tenho consideração pelo
público ou que simplesmente sou relaxado. O que isso
muda para a situação real? Se eu não falasse, ninguém
ficaria sabendo, porque como disse antes, o tempo é tão
relativo que se demorasse um século para acabar esta
obra e não dissesse nada, ninguém ficaria sabendo e
todos, sem exceção, colocariam flores no meu túmulo a
título de gratidão pela pretensa obra ou me execrariam
sem piedade por motivos óbvios.
Claro, existe ainda a tristeza do esquecimento que
não é mais do que falta de memória provocada pela
ausência da leitura do livro ou pelo olvido proposital.
Como sabemos, nesta contenda sempre seremos
relegados, mesmo que isso doa, mas devemos aceitar o
fato de que até nós mesmos nos esquecemos às vezes;
senão, perguntem ao psiquiatra alemão Alois Alzheimer,
que citou esta característica humana no começo do
século passado, traduzida no declínio cognitivo que
padecemos quando nos acomete esta doença.
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MAIS PASCAL
Depois do diálogo que tive com Pascal e de tê-lo
deixado para que fosse à missa, ponderei oportuno voltar
em outra oportunidade para falar de religião. Sabia, por
haver lido seus escritos, que era extremamente religioso
cristão e obcecado pela única religião possível: o
cristianismo, segundo suas próprias palavras. O que
mais me preocupava era o desprezo destemido que ele
possuía pelas outras vertentes religiosas, especialmente
pelos seguidores de Maomé.
Imbuído destes pensamentos, sem percebê-lo, estava
novamente à frente de sua residência.
Como antes, bati à porta com a aldrava de bronze
que simulava o busto de um anjo (propositalmente
colocado ali, pensei). Alguns instantes depois a porta se
abriu e apareceu o mesmo mordomo com seu típico traje
preto. Desta vez ele não disse nada e me olhou com um
ar de censura, como se estivesse a importunar seu amo
com minha visita inesperada. Disse a ele que gostaria
imensamente trocar umas palavras com Monsieur Pascal
para tratar de assuntos particulares.
Sem dizer palavra, desapareceu pelo corredor
dirigindo-se ao interior da casa, enquanto esperava na
porta. Poderia ter me convidado a adentrar na antessala,
mas achei que esse tipo de fineza não combinava com o
seu espírito carrancudo e sério.
Pouco tempo depois, voltou com ar resignado e
vencido e me disse que Monsieur Pascal poderia me
receber por pouco tempo já que teria logo mais outro
compromisso. Imediatamente pensei em outra missa,
mesmo que a hora não fosse apropriada para a
celebração, mas conhecendo-o, poderia ter ascendência
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UM POUCO DE HISTÓRIA
Falamos em história de nós mesmos quando o futuro
que nos falta viver é bem menor do que o passado que já
vivemos. E como toda boa história começa com: ...era
uma vez..., não poderia começar a minha de outra
maneira.
Quando ainda tinha pouca idade, e como bom
expoente do ser humano pervertido em seu agir, acabei
“sendo convidado”, sem muita escolha de minha parte,
para um colégio interno perto da nossa cidade.
Relutei, debati-me, gritei, mas em vão; minha sorte
estava selada. Talvez se tivesse sido um garoto melhor
comportado poderia ter me livrado desta; mas não foi
bem assim e por isso estou contando esta história.
Com o tempo me dei conta de que não poderia ter
acontecido nada de melhor na minha parca existência.
Como cheguei a esta conclusão? direi isto mais adiante,
neste trabalho. Só vou adiantar agora que meu espírito
de escritor teve seu desabrochar neste lugar, no qual
ganhei minha primeira menção honrosa à prosa e à
poesia, por um trabalho, talvez o primeiro que fiz, a partir
de uma frase que o professor de literatura passou para
nós, a fim de desenvolver um tema com ele. A partir dali,
não parei mais. Pena não ter guardado todos meus
escritos... dariam um grande livro agora!
Falar em acaso? Em causalidade? Em destino?
Quem pode dizer? Chegar a este ponto com a convicção
de que esta era á única possibilidade real de acontecer
é, no mínimo, encorajador para o que me resta de vida.
O certo é que a história contada a seguir teve início
neste lugar.
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A História Oficial
Quando no começo de 1965 ingressei como aluno
regular no Colégio Leo Bovisio, de San Ignácio, serras
de Córdoba, na Argentina, sem saber onde estava nem
que faria com minha discreta e curta vida, então com 14
anos de idade, não poderia imaginar a virada de 180
graus que ocorreria em minha busca interior depois de
viver essa marcante experiência.
Nascido no seio de uma tradicional família Judaico-
Cristã, misturada com ideologias da Ortodoxia Síria, nas
proximidades do Colégio, minha infância transcorreu
entre catecismos, corais eclesiásticos, fabricação de
hóstias e jogos infantis, além de haver sido coroinha e
declamado a missa em Latim. A presença de Deus em
meu espírito se limitava à obrigação de rezar antes de
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O Passado Próximo
Quando, sem pretendê-lo, soubemos que todas as
Ensinanças de Dom Santiago estavam em Internet, à
disposição de quem quisesse vê-las, corremos ao
computador para verificar o fato. Que alegria imensa
poder verificar que toda esta preciosidade estava
disponível para a humanidade!
Corremos novamente para compartilhar com outros
amigos a boa nova, e ao encontrar entre eles as
dificuldades próprias da língua, vimo-nos na obrigação
de oferecer nossa contribuição para ajudar na tradução
para o português, desta obra maravilhosa. O Sr. J.,
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O Presente
Hoje, depois de haver começado em 18 de julho de
2003, o trabalho chega ao fim. A missão encomendada
foi cumprida no tempo prometido. A tradução dos
Comentários e das Reflexões para o português está
completa. Falta somente incluir as últimas no site de
Internet para que cumpram sua tarefa nos países de
língua portuguesa.
Cabe a mim, por pura solicitação onírica, realizar
minha Reflexão como Tradutor das Reflexões; sem
pretensões literárias, sem técnicas de escritor, sem
vaidades pessoais e sem esperar nada por esta
Meditação Pública em forma de Carta Aberta.
Tendo lido todas as Reflexões de José com esmero,
em razão de ter que traduzi-las, ocorreu-me uma
pergunta, que a pesar de estar parcialmente respondida,
ficou dando voltas na minha cabeça até agora: Por que
começou a difusão desta Obra na Internet no ano 2000?
Supõe-se que o início da Era de Aquário começa neste
ano, porém se estivessem no site alguns anos antes
para preparar a chegada do novo signo, talvez fosse
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O Futuro
Não temos o dom da profecia. Temos o que nos
deixou o Mestre sem retoques nem subterfúgios. O que é
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Hoje
José deixou este mundo há alguns anos e se juntou
ao Mestre para acompanhar os Discípulos Fieis. A Obra
continua em mãos de seguidores e se encontrará
repassada ao mundo, através de Internet, por mais 50
anos, pelo menos.
O final ainda não foi escrito fisicamente nesta era,
mas está predeterminado no mundo astral acompanhado
pelos Mestres. Resta a nos continuar fazendo o que nos
foi confiado.
MAKTUB!
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AS BALEIAS AMIGAS
Sempre tive curiosidade e vontade de acariciar
baleias e me parece que é muito difícil fazê-lo no mundo
físico. Já nos sonhos ou no eu-mais-sutil é bem possível.
No dia em que saí de mim, de meu corpo físico, fui a
uma praia de um mar calmo e transparente. Estava
deitado num deck de madeira na beira da água e podia
ver a uns duzentos metros um penhasco ou coisa similar.
Apurei o olhar e a ilhota que via começou a mover-se.
Era um conjunto de enormes baleias as quais pareciam
dançar um balé com coreografia marítima, ou seja, ao
compasso das ondas do mar...
Fiquei estático olhando este quadro e não percebi o
tempo passar. Quando dei por mim já era escuro; o sol
se pondo às minhas costas por trás de uma pequena
cadeia montanhosa e algumas nuvens mais densas no
céu anunciavam uma iminente chuva.
As primeiras gotas de água bateram no meu rosto e
molharam minha cabeça. Dei um salto e fiquei de pé
disposto a partir em direção de um abrigo que havia
perto do local onde eu estava. Saí com pressa para
evitar a chuva, mas após os primeiros passos a água da
chuva deixara de cair. Parei e olhei para trás, em direção
ao mar, e para minha surpresa percebi uma baleia ao
lado do deck jorrando água para cima como um chafariz.
Esta era a chuva que imaginara...
Com um pouco de temor me aproximei dela e pude
ver seus olhos brilhantes olhando direto para mim
enquanto continuava a jorrar água para cima. Pareceu-
me ver um sorriso no seu rosto quando pulei novamente
para trás para me esquivar do jato, mas imediatamente
raciocinei que baleias não sorriem e pensei que minha
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A IDÉIA DA MORTE
Quando ainda era uma criança e brincava no pátio da
casa paterna, ou depois, nas ruas da pequena cidade
em que vivia, não tinha ideia do que era a morte. Nem
passava pela minha incipiente consciência quais seriam
as consequências e as diferenças entre estar vivo ou
estar morto. Desta forma, o passar dos dias era algo
natural e não me preocupava muito em como gastá-los:
tinha todo o tempo do mundo!
Havia três escolas na cidade que não possuía mais
do que três mil habitantes: uma Escola Federal, uma
Escola Estadual e uma Escola de Padres, da ordem de
Dom Bosco. Como minha família era religiosa, era de
bom tom que o menino aprendesse o catecismo e os
rumos de uma vida plena e saudável dentro dos
princípios cristãos. Por adição, ainda era um Seminário
no qual, jovens estudantes se tornavam Sacerdotes
Católicos. Minha família nunca me sugeriu que seguisse
a carreira eclesiástica e mais tarde agradeci por isto, já
que minha vocação era e continua sendo diferente.
Passei oito anos da minha infância aprendendo que
os bons garotos ganhavam a vida eterna, e sem saber
muito bem o que significava isto, esforçava-me
sobremaneira para ser bem comportado: não enfrentar
pais e professores, assistir a missa todos os dias,
comungar pelo menos uma vez por semana e aprender
todos os princípios básicos da educação cristã, sem
esquecer que, fazendo a novena de comunhão cada
primeira sexta-feira do mês, ganharia o céu por
acréscimo. Fiz oito vezes, uma a cada ano de escola, por
tanto já tenho garantida minha presença no céu pelo
menos por oito encarnações, se existirem, como dizem
os partidários de outras religiões.
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História teria que ser jovem e ele não era mais, com seus
quase 61 anos.
Estava chegando ao fim nossa conversa e notei um
certo ar de inveja em seu olhar. Como bom filósofo devia
estar imaginando como seria minha vida, conhecendo
um pouco da história de cada um dos personagens que
contribuíam com os destinos do mundo. Mesmo assim
não conseguia entender como era possível aquilo.
Viagem física no tempo? Ainda era cedo na história
para cogitar essa hipótese.
Conversa virtual? Quem poderia imaginar, numa
época não informatizada?
Sonho? Era pouco real e pouco provável, dadas as
circunstâncias.
Percebi que não conseguia entender e que sua
filosofia não podia explicar este fato. Tive pena dele, mas
não podia dizer que poderia escrever uma conversa
fictícia com algum antepassado, pois significaria
reescrever seus ensaios e mudar a história novamente.
Não podia fazer isso!
Ficamos em pé e me despedi dele com uma
inclinação de cabeça, como se usava na época. Ele fez o
mesmo e me disse, como que adivinhando meus
pensamentos:
- Eu ainda posso mudar minhas idéias. Triste não é
mudar de ideias, mas não ter idéias para mudar.
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POETA?
Achei que eu era poeta ou coisa parecida. Nunca
pensei que minha poesia fosse parte do objeto e não do
sujeito, do outro, e não de mim.
Pequei o pecado capital mais insolente: o da soberba.
Senti na carne o desespero de não mais ser. Perdi a
esperança e perdi a mim mesmo.
Nunca saberei se escrevi alguma coisa ou se fui
escrito por ela; nunca - na solidão do não-ser - sentirei
paz; o néctar que nasce no âmago do espírito virou coisa
do passado, insosso, amargo, irremediavelmente sem
graça, e não por causa de mim, do que sou, mas por
aquilo que deixei de ser.
Não me arrependo; sei que não tenho direito ao
arrependimento porque nasci sabendo que isto um dia
aconteceria. Mas desde o alto de minha estúpida
soberba não me dei conta de que seria agora, neste
instante.
Não existe o tempo – dizem-me os que pensam que
sabem. Só existe a eternidade que brinca de fazer-nos
crer no temporal da vida. Só existe o eterno e o amor.
E eu, amei? O sentimento poético que brotava a
borbotões do meu peito era verdadeiro amor?
Dizem que o amor que ama não conhece fronteiras;
não pode enclausurar-se em um só coração e em um
espírito único. Ele transcende o tempo e o espaço e se
projeta pelo universo inteiro. Dizem...
Oh dádiva divina! Quem me dera poder tão só por um
instante amar assim! Quem me dera irradiar amor qual
estrela-pulsar que permeia tudo! Quem me dera ter a
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O EU E O DESENVOLVIMENTO INTERIOR
Quem é o EU, não importa, pode ser você ou eu. Na
verdade, somos todos nós. Falamos aqui do EU, como
sendo o EU superior, único, enquanto que o Eu inferior,
múltiplo, é o que prevalece em nós e nos domina.
Poderia ter sido qualquer um que formulasse as
mesmas perguntas e procurasse com afinco as
respostas necessárias. O importante, no entanto, é saber
que o EU propriamente dito não se encontra à vista e
deve ser procurado no fundo de cada ser. Ao encontrá-
lo e compreendê-lo, o homem morre como homem e
nasce para a eternidade. Desta forma, transforma-se em
divino, transcendendo sua humanidade.
Basta lembrar que o homem possui a capacidade real
de perguntar e de responder, já que lhe foi dada a
faculdade do raciocínio e, mesmo que adormecida, a
muito mais importante e necessária, a da intuição.
O fato é que o ser humano vive na superfície,
utilizando seu racional para tentar explicar os fatos
secundários, menos importantes, passageiros, e não se
dá conta que, explicando-se o principal, o secundário lhe
vem por acréscimo, como dádiva da própria vida.
Sendo o homem desconhecido de si mesmo, todas as
ações que sofre geram reações contrárias que ele não
pode controlar, e convence a si próprio de que pouco ou
nada pode fazer para obter o domínio das mesmas
reações que ele criou. Quando percebe este contra-
senso, sobrevém a desolação e o arrependimento e se
propõe então agir de forma diferente na próxima
oportunidade. Porém, nesta próxima oportunidade, o Eu
em evidência, o que está de plantão, já não é o mesmo
que realizou o propósito de mudar de atitude, pois o
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O PARADOXO DO TEMPO
Há muito tempo pretendo falar acerca do tempo, mas
falta-me tempo.
Este aparente jogo de palavras, talvez escrito de
forma gramaticalmente incorreta, mostra-nos a
ambiguidade do tema que agora nos ocupa.
A primeira referência ao tempo, na frase acima, diz
respeito ao tempo finito, àquele que se mede pelo relógio
em horas e minutos ou pelo calendário em meses ou
anos. É o chamado tempo humano.
Aqui o tempo físico flui como um manancial e a
humanidade se encontra mergulhada nele sem conseguir
segurá-lo. O homem nada pode fazer para apropriar-se
do momento, pois não lhe pertence. Faz parte do destino
ou da lei de prederteminação, e mesmo que queira, não
pode nem tem como mudar.
A segunda referência da frase é a do tempo infinito,
imensurável, ao eterno, que não tem começo nem fim. É
o tempo que pertence ao divino e que só podemos
alcançar pela nossa própria transcendência.
Impropriamente chamado de tempo, o estado de
eternidade, o tempo-sem-tempo, em vão tentaram defini-
lo os poetas, religiosos, físicos, místicos e filósofos, não
encontrando palavras dentro do linguajar humano que
pudessem evidenciar seu real significado. O mais
próximo que se conseguiu ponderar acerca do assunto,
foi pela idéia de Deus, eterno por natureza, sem princípio
nem fim, mas que coloca a discussão no campo do
virtual, já que sua definição depende da crença de quem
analisa o fato.
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A VERDADE
Falar sobre a verdade não é tarefa fácil, já que
centenas de filósofos, ensaístas, poetas e escritores em
geral tentaram esclarecer seu significado. Arrisco ser
repetitivo em alguns aspectos, mas é impossível hoje em
dia escrever algo absolutamente inédito, que ninguém
tenha ousado dizer nem cogitado pensar. Tanto é
verdade dizer isto, que as milhares de bibliotecas
públicas e privadas no mundo, as editoras mais ocultas e
distantes do planeta e a tão falada e utilizada Internet
possuem milhares, senão milhões, de definições e
explicações para o tema "verdade".
Definitivamente trata-se de saber se existe ou não
verdade no sentido literal da palavra e se ela existir
mesmo, se é do tipo absoluta ou relativa. A importância
deste tema é fundamental para conseguir levar uma vida
melhor e mais tranquila e para propiciar paz a todos os
seres humanos que se digladiam diariamente por este
motivo. Quem já, em são juízo, não defendeu uma
posição até as últimas consequências por achá-la
verdadeira, chegando até se indispor com amigos,
parentes e muitas vezes com o próprio par?
A verdade se torna uma posse que possui quem acha
que a tem. Como dizem que a verdade é uma só, então
a sua posse nos torna especiais, com o domínio da
razão pura e com a sabedoria absoluta sobre o tema da
verdade em questão; ninguém pode negá-la nem
discordar de nossa posição da verdade, porque isso
significaria enfrentar os deuses e se colocar no patamar
mais baixo da ciência do conhecimento, pela ignorância
do saber. Como é que o outro não se dá conta de algo
tão óbvio como é a nossa verdade? Como é que não
percebe seu erro?
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