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Research, Society and Development, v. 11, n.

13, e149111335196, 2022


(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i13.35196

Adenoma pleomórfico: Relato de caso


Pleomorphic adenoma: Case report
Adenoma pleomórfico: Reporte de caso

Recebido: 11/09/2022 | Revisado: 22/09/2022 | Aceitado: 24/09/2022 | Publicado: 03/10/2022

Letícia Vaz de Camargo


ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6547-1784
Universidade Paranaense, Brasil
E-mail: leticiavazdecamargo@gmail.com
Eduarda Ogibowski
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7267-5507
Universidade Paranaense, Brasil
E-mail: eduarda.ogi@edu.unipar.br
Giordano Bruno de Oliveira Marson
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0239-7334
Universidade Paranaense, Brasil
E-mail: giordano@prof.unipar.br
Cíntia de Souza Alferes Araújo
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6028-2589
Clínica Privada, Brasil
E-mail: csalferesaraujo@gmail.com
Leonardo de Souza Araújo
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2708-3558
Universidade Paranaense, Brasil
E-mail: leonardosouzaaraujo2@gmail.com
Daniela de Cássia Faglioni Boleta Ceranto
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6654-951X
Universidade Paranaense, Brasil
E-mail: dcboleta@prof.unipar.br

Resumo
O adenoma pleomórfico é um tumor benigno, comum em glândulas salivares acometendo tanto as glânculas maiores
quanto as menores. Quando ocorre nas glândulas salivares menores, o palato é o principal local afetado. Clinicamente
apresenta-se como um aumento volumétrico indolor, de crescimento lento e encapsulado. Em termos histopatológicos,
este tumor é considerado misto, uma vez que é composto por células mioepiteliais e epiteliais e tem suas células
separadas do restante dos tecidos por meio de uma cápsula fibrosa. O tratamento é por excisão cirúrgica com margens
amplas. Este artigo tem como objetivo realizar o relato de um caso clínico de uma paciente portadora de um adenoma
pleomórfico em glândula salivar menor localizado em palato. Foi apresentado o manejo até obtenção do seu
diagnóstico definitivo, bem como a forma de tratamento, buscando alternativas clínicas que propiciassem um pós
operatório com menor sintomatologia dolorosa. Após 3 meses, foi realizada a proservação da paciente e não foram
observados indícios clínicos de recorrência até aquele presente momento. Considerando que o adenoma pleomórfico
pode sofrer transformação maligna em ex-adenoma pleomórfico é de suma importância que o diagnóstico seja
devidamente estabelecido, o melhor tratamento instituído e proservações periódicas sejam feitas.
Palavras-chave: Adenoma pleomórfico; Neoplasia benigna; Glândulas salivares.

Abstract
Pleomorphic adenoma is a benign tumor, common in salivary glands, affecting both major and minor glands. When it
occurs in the minor salivary glands, the palate is the main site affected. Clinically, it presents as a painless, slow-
growing, encapsulated volumetric increase. In histopathological terms, this tumor is considered mixed, since it is
composed of myoepithelial and epithelial cells and has its cells separated from the rest of the tissues by means of a
fibrous capsule. Treatment is by surgical excision with wide margins. This article aims to report a clinical case of a
patient with a pleomorphic adenoma in the minor salivary gland located on the palate. Management was presented
until obtaining its definitive diagnosis, as well as the form of treatment, seeking clinical alternatives that would
provide a postoperative period with less painful symptoms. After 3 months, the patient was followed up and no clinical
signs of recurrence were observed until that moment. Considering that the pleomorphic adenoma can undergo
malignant transformation into a former pleomorphic adenoma, it is of paramount importance that the diagnosis is
properly established, the best treatment instituted and periodic observations are made.
Keywords: Pleomorphic adenoma; Benign neoplasm; Salivary glands.

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Research, Society and Development, v. 11, n. 13, e149111335196, 2022
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i13.35196

Resumen
El adenoma pleomorfo es un tumor benigno, frecuente en las glándulas salivales, que afecta tanto a las glándulas
mayores como a las menores. Cuando se presenta en las glándulas salivales menores, el paladar es el principal sitio
afectado. Clínicamente se presenta como un aumento volumétrico encapsulado, indoloro y de crecimiento lento. En
términos histopatológicos, este tumor se considera mixto, ya que está compuesto por células mioepiteliales y
epiteliales y tiene sus células separadas del resto de los tejidos por medio de una cápsula fibrosa. El tratamiento es
mediante escisión quirúrgica con márgenes amplios. Este artículo tiene como objetivo reportar un caso clínico de un
paciente con un adenoma pleomórfico en una glándula salival menor ubicada en el paladar. Se presentó el manejo
hasta obtener su diagnóstico definitivo, así como la forma de tratamiento, buscando alternativas clínicas que brindaran
un postoperatorio con síntomas menos dolorosos. A los 3 meses se realizó el seguimiento de la paciente y hasta ese
momento no se observaron signos clínicos de recidiva. Teniendo en cuenta que el adenoma pleomórfico puede sufrir
una transformación maligna en un antiguo adenoma pleomórfico, es de suma importancia que el diagnóstico se
establezca correctamente, se instituya el mejor tratamiento y se realicen observaciones periódicas.
Palabras clave: Adenoma pleomorfo; Neoplasia benigna; Glándulas salivales.

1. Introdução
O adenoma pleomórfico é o tumor de glândula salivar mais comum, representando cerca de 40-70% de todos os
tumores de glândulas salivares maiores e menores (Patigaroo et al., 2014). Dentre as glândulas salivares maiores, a parótida é a
mais envolvida e o palato nas glândulas salivares menores, seguido pelo lábio superior, mucosa bucal, língua, assoalho da boca,
trígono retromolar (Yousra & Saliha, 2021). Mostra uma certa predominância no sexo masculino (60%) sobre o feminino (40%)
(Rahnama et al., 2013). A faixa etária mais comumente envolvida fica entre a quarta e sexta década de vida (Qureshi et al.,
2016).
Quando em palato, o sinal clínico mais comumente observado é uma massa submucosa indolor e de crescimento lento
geralmente restrito a palato duro. Pode exibir ulceração e chegar a grande extensão. Geralmente apresenta fortemente aderida
da mucosa podendo envolver o periósteo ou o osso, causando erosão no osso subjacente (Maia et al., 2019).
O diagnóstico definitivo está focado no exame histopatológico, e o tratamento é por excisão cirúrgica com margens
amplas. Excelentes resultados são vistos se a ferida granular e cicatrizar sozinha. As recorrências são incomuns, mas podem ser
observadas no acompanhamento a longo prazo (Arumugan et al., 2019). O adenoma pleomórfico é um tumor misto benigno,
composto por células mioepiteliais e epiteliais e tem suas células separadas do restante dos tecidos por meio de uma cápsula
fibrosa (Rahnama et al., 2013).
O adenoma pleomórfico pode sofrer transformação maligna onde passa a ser denominado ex-adenoma pleomórfico
mas sem transformação maligna, raramente pode metastatizar. A metástase pleomórfica do adenoma é um tumor maligno raro
que, histologicamente, é indistinguível do adenoma pleomórfico, mas produz tumores secundários em locais distantes (Knight
& Ratnasingham, 2015). Não raramente, o adenoma pleomórfico também pode apresentar características histológicas
incomuns e que podem ser confundidas com as de malignidade (Iida et al., 2020).
As hipóteses diagnósticas para essa lesão incluem abscesso palatino, cisto inflamatório, adenoma, fibroma, carcinoma
mucoepidermóide lipoma, carcinoma adenoide cístico, carcinoma polimorfo de baixo grau, neuroma, neurofibroma (Appadurai
et al., 2021). Sua recorrência é incomum mas deve ser dada atenção e nesse caso a seleção do tratamento baseia-se na provável
possibilidade de minimizar o risco de recorrência tumoral, evitando sequelas funcionais e estéticas locais, e erradicando a
possibilidade de transformação metastática ou maligna. A cirurgia é o tratamento preferencial para o adenoma pleomórfico de
cabeça e pescoço. Na última década a radicalidade cirúrgica é favorecida para adenoma pleomórfico de glândula parótida e
submandibular, desde a remoção total da glândula e do tumor até a excisão endoscópica ou extracapsular aberta mínima do
tumor. A excisão correta do tumor deve ser realizada com margens clínicas adequadas (1 cm), o que pode resultar em um
grande defeito pós-cirúrgico (Chaturvedi, et al., 2018).

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As dificuldades no diagnóstico do adenoma pleomórfico surgem de sua capacidade de imitar a invasão, apresentar
citomorfologia atípica ou metaplásica e apresentar características morfológicas que se sobrepõem às dos carcinomas de
glândulas salivares estabelecidos. Além disso, reconhecer a transformação maligna precoce em carcinoma ex-adenoma
pleomórfico continua sendo um desafio frequente. É necessária uma abordagem sistemática para evitar erros, para isso é
importante combinar a histopatologia clássica com novos testes imuno-histoquímicos e moleculares (Hernandes-Prera et al.,
2021).
Devido essa neoplasia possuir uma variedade de aparências histológicas, o diagnóstico pré-operatório preciso através
da citologia aspirativa por agulha fina se torna difícil, o que torna importante que novos métodos permitam estabelecer o
diagnóstico com maior precisão. Neste sentido, Choi et al. (2019) buscaram identificar os genes diferencialmente expressos no
adenoma pleomórfico para auxiliar no diagnóstico preciso e esclarecer o mecanismo da tumorigênese nos tecidos de glândulas
salivares normais correspondentes para triagem da expressão diferencial de genes no adenoma pleomórfico. Viram que quatro
genes conhecidos (proteína 4 associada a microfibrilar [MFAP4], distonina [DST], família de transportadores de soluto 35
[SLC35] e domínio de tetramerização do canal de potássio contendo 15 KCTD15 foram diferencialmente expressos nos
tumores em comparação com os genes em tecidos normais.
Atualmente, a patologia molecular e a pesquisa de biomarcadores não identificaram evidências que separe o adenoma
pleomórfico do adenoma pleomórfico recorrente, apoiando assim que a recorrência do tumor provavelmente está associada à
cirurgia. A cirurgia de revisão tem sido relatada como frequentemente não curativa, dependendo da extensão da cirurgia
primária, com o risco adicional de sequelas estéticas e funcionais locais. A radioterapia como modalidade não cirúrgica
avançou e demonstrou ser eficaz no controle, se não na cura (Bradley, 2018).
Este artigo teve como objetivo realizar o relato de um caso clínico de uma paciente portadora de um adenoma
pleomórfico em glândula salivar menor localizado em palato, apresentando o manejo para obtenção do seu diagnóstico
definitivo, bem como a forma de tratamento, buscando alternativas clínicas que propiciassem um pós-operatório com menor
sintomatologia dolorosa.

2. Metodologia
Trata-se de um relato de caso clínico de uma lesão em palato duro diagnosticada como adenoma pleomórfico,
amparado por uma revisão narrativa da literatura apresentando a descrição das características clínicas do adenoma pleomórfico
e respectivos exames complementares. Em razão disto, seguindo a definições de Pereira et al. (2018) se enquadra como um
trabalho do tipo qualitativo e descritivo por se tratar de um tema que será estudado de forma criteriosa. Para que atendesse os
requisistos éticos, o paciente assinou devidamente o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) assim como o trabalho
foi submetido a apreciação e aprovação do CEPEH com o CAAE 61340122.9.0000.0109.

3. Relato de Caso
Paciente gênero feminino, 31 anos, compareceu a uma clínica privada no município de Umuarama-PR queixando-se
de uma lesão assintomática no “céu da boca”. Ao ser questionada informou que surgiu há aproximadamente dois anos,
evoluindo de forma lenta. Ao exame físico intraoral observou-se a presença de lesão nodular séssil e única localizada em
palato duro próximo na altura dos dentes 16 e 17, até a divisão do palato mole.

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Figura 1: Imagem da lesão inicial

Fonte: Autores.

Como observado na Figura 1, a localização da lesão faz com que seja necessária a realização de exames
complemetares. Sendo assim, após a realização do exame físico inicial foi realizada a punção por agulha fina (PAAF) no
intuito de observar o material presente dentro da lesão, que indicou ser uma massa sólida. Devido as características observadas,
e as estruturas anatômicas localizadas na região, foi solicitada a realização de tomografia computadorizada (Figura 2).

Figura 2: Imagem tomográfica da lesão.

Fonte: Autores.

Conforme visto na Figura 2. no exame tomográfico foi possível observar o abaulamento de tecido mole na região
palatina dos dentes 17 e 16 sendo observada imagens hiperdensas na cortical óssea do assoalho da fossa nasal podendo
representar espículas ósseas.
Inicialmente foi realizada biópsia incisional com as hipóteses diagnósticas de adenoma pleomórfico, carcinoma
mucoepidermóide, lipoma, carcinoma adenóide cístico, carcinoma polimorfo de baixo grau, neuroma, neurofibroma, entretanto
o resultado histopatológico confirmou ser o adenoma pleomórfico. O tratamento consistiu na excisão cirúrgica com ligeira
margem de segurança e com o devido cuidado com a artéria palatina. Sendo assim, após anestesia local, com bisturi
convencional e lâmina 15C, foi realizada uma incisão paralela à base da lesão permitindo sua enucleação, preservando a
mucosa palatina, o que permitiu coaptação dos bordos (Figura 3) no intuito de obter a reparação por primeira intenção.

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Figura 3: Imagem do pós operatório imediato.

Fonte: Autores.

Para reduzir o quadro sintomático local, foi instalada uma placa de acetato para evitar traumas locais e sangramento.
A peça removida foi novamente encaminhada para análise histopatológica (Figura 4) que reafirmou o diagnóstico inicial, que
mostrando células epiteliais ductais formando lençóis e estruturas ductiformes com células mioepiteliais associadas a áreas
hialinas e mixóides.

Figura 4: Imagem do tecido removido do local.

Fonte: Autores.

Após 10 dias foi realizada a remoção da sutura sendo possível observar a adequada reparação local e tendo sido
relatado pela paciente um pós operatório tranquilo livre de intercorrências (Figura 5).

Figura 5: Pós-operatório de 10 dias.

Fonte: Autores.

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A proservação foi realizada após 3 meses, não sendo observada recidiva local ou qualquer outra alteração (Figura 6).

Figura 6: Pós-operatório de 3 meses.

Fonte: Autores.

Entretanto, como a lesão foi removida em fragmentos, há a possibilidade de haver recidiva local portanto, outros
momentos de proservação serão realizados, para que caso aconteça, a intervenção seja imediata. A região anatômica onde a
lesão estava alojada, requer cuidado sob o ponto de vista anatômico pela presença da artéria palatina maior. Outro fator é a
possibilidade de necrose tecidual da área, torna-se interessante que seja pensado em estratégias para minimizar o quadro
sintomático.

4. Discussão
Os adenomas pleomórficos ocorrem principalmente em adultos jovens e de meia idade, entre a quarta e sexta década
de vida (Qureshi et al., 2016) com predileção pelo sexo masculino (Rahnama et al., 2013), o que contraria o perfil observado
na paciente do caso clínico relatado, entretanto, em relação a localização apesar a de maior ocorrência ser na glândula parótida
(Almeslet, et al., 2020), nas glândulas salivares menores, o local mais acometido é o palato (Singh et al., 2020) assim como
observado no caso clínico em questão.
A maioria dos tumores de glândulas salivares menores são malignos, sendo apenas 18% benignos. Dentre os tumores
benignos de glândulas salivares menores, o adenoma pleomórfico é o mais comum (Chatuverdi et al., 2018). Clinicamente, o
adenoma pleomórfico em glândulas salivares menores, apresenta-se como uma massa firme unilateral e de crescimento lento,
que pode se tornar grande se não for tratada. Geralmente é assintomático, e não gera envolvimento de nervos, mas pode crescer
em grandes proporções e em 6% dos casos pode sofrer transformação maligna (Gupta et al., 2022). Na paciente em questão, ao
exame físico foi percebida uma massa sólida no lado direito do palato duro, seguindo as semelhanças relatadas pela literatura
Para conseguir obter o diagnóstico e planejamento mais precisos, principalmente pela possibilidade de se tratar de um
tumor maligno, as investigações pré-operatórias servem como chave para para esses casos. A PAAF pode ser usada para
diferenciar entre um tumor benigno e maligno (Saravakos et al., 2016), no caso clínico foi utilizada inicialmente para descartar
hipóteses diagnósticas, como cistos ou abcessos. Outro exame que optou-se realizar, foi a biópsia incisional, também em
decorrência da alta probabilidade de um tumor maligno e que permitiu confirmar o diagnóstico como de adenoma pleomórfico.
Neste caso, o diagnóstico diferencial de abscesso palatino, cisto inflamatório, adenoma, fibroma, carcinoma
mucoepidermóide lipoma, carcinoma adenoide cístico, carcinoma polimorfo de baixo grau, neuroma, neurofibroma, foram

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considerados após o exame clínico. Abscesso palatino foi descartado, uma vez que não havia secreção purulenta local, nem
anormalidades do tecido duro em relação à lesão e a PAAF permitiu descartar a hipótese de ser um cisto inflamatório.
Modalidades de imagem 3D como tomografia computadorizada e ressonância magnética (RM) são usadas para
detectar a extensão e profundidade da lesão, envolvimento de estruturas ósseas adjacentes e invasão perineural para determinar
a extensão da excisão cirúrgica (Choudhary et al., 2014). Foi crucial a realização da tomografia computadorizada para o
planejamento do caso, permitindo prevenir intercorrências operatórias como uma hemorragia advinda da artéria palatina maior
cujo trajeto se apresentava próximo a lesão.
No caso clínico, a excisão cirúrgica do tumor foi feita mantendo a mucosa sobrejacente o que permitiu uma reparação
por primeira intenção, diminuindo a sintomatologia pós-operatória. Para Appadurai et al (2021) a excisão cirúrgica adequada
extracapsular é a única opção de tratamento. A ressecção do osso palatino é indicada em caso de envolvimento ósseo. Moon
(2019) afirma que para o diagnóstico definitivo é necessário realizar a biópsia incisional pré-operatória para o exame
histopatológico.
Oliveira et al. (2016) propuseram em seu relato de caso que previamente à cirurgia seja confeccionada uma placa de
acrílico como uma forma de contribuiu para minimizar a dor pós-operatória. Na circunstância estes autores propunham no caso
da remoção da lesão envolver a mucosa sobrejacente. Esse dispositivo de acrílico mostrou ser excelente uma boa opção para
proteger o local. Mesmo tendo obtido uma coaptação dos bordos cirúrgicos para uma reparação por primeira intenção, optamos
pelo uso da placa para em caso de uma necrose tardia ou um trauma local em razão da alimentação e muitas vezes da própria
língua.
A recorrência do adenoma pleomorfo continua sendo um tópico controverso entre os cirurgiões, tanto quanto à causa
e ao manejo. Atualmente, nenhuma diferença identificável no âmbito molecular foi encontrada diferenciando entre adenoma
pleomórfico do recorrente, de forma que a causa mais provável de recorrência continua sendo o próprio ato cirúrgico. A
recorrência ocorre numa média de 7 a 10 anos após a cirurgia inicial. Foi proposto que uma razão para as recorrências é a
biologia neoplásica intrínseca do tumor, pois esses pacientes tendem a ser cerca de 10 anos mais jovens do que a idade média
de apresentação primária (Bradley, 2018). Com 3 meses foi realizada uma nova proservação, entretanto esse tempo ainda é
insuficiente para afirmar que não haverá recorrência, considerando o que a literatura apontou.

5. Conclusão
De acordo com a literatura pesquisada e o caso descrito nos casos de adenoma pleomórfico, além de uma detecção
clínica precoce, o uso de exames de imagem eficientes e confiáveis como a tomografia computadorizada para visualizar a
extensão da lesão e sua relação com as estruturas circundantes e auxílio de exames histopatológicos por PAAF ou biópsia
permitem diferenciar a natureza da lesão, fornecendo a chave para um plano de tratamento ideal e seus efeitos a longo prazo. A
excisão completa do tumor é o tratamento definitivo, pois a enucleação pode resultar em recorrência e ainda mesmo após a
remoção, é necessário uma proservação de longo prazo para verificar a recorrência. Trabalhos futuros são necessários para
permitir compreender mais a respeito do adenoma pleomórfico e suas formas de tratamento.

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