Trabalho de Direito Internacional Do Ambiente

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Trabalho de Direito Internacional do Ambiente

1 R: O primeiro texto constitucional que Moçambique conheceu após a Independência,


a Constituição de 1975, não fazia alusão directa ao ambiente ou seja não encontrava-se
positivado como sendo um Direito fundamental, mas sim como um Direito humano, à
integração do Direito internacional do ambiente neste contexto foi limitada, dadas as
prioridades e o contexto politico predominante naquele período. O Direito internacional
do ambiente ainda estava em desenvolvimento, e os países estavam começando a
reconhecer a importância da protecção ambiental em nível global.
Com a sua sucessora, a Constituição de 1990, foi um marco importante na
evolução do Direito internacional do ambiente, Moçambique assumiu compromissos
internacionais demonstrando a integração das normas e princípios internacionais no
contexto nacional, o legislador optou pelo terceiro caminho (híbrido) com o artigo 72º e
37º onde se atribuía ao Estado a obrigação de tomar as iniciativas necessárias a efectiva
tutela do meio ambiente, garantindo o exercício do direito fundamental ao ambiente por
parte de todos os cidadãos, e abstendo-se de praticar acções ou omissões que ponham
em causa o equilíbrio ambiental. Esta constituição reconhece a protecção do meio
ambiente como um direito fundamental e estabelece a base para a integração dos
princípios do direito internacional do ambiente no ordenamento jurídico interno.
Com a terceira Lei fundamental de 2004 que constitui a terceira na história de
Moçambique independente, contém importantes aspectos em matéria da
internacionalização do Direito Ambiental em relação à antecedente. Para começar,
importa referir que houve lugar a um reforço do modelo híbrido, representado pelos
artigos 90, que consagra o direito ao ambiente, e 117, o qual, com a epígrafe “ambiente
e qualidade de vida”, atribui ao Estado a obrigação de levar a cabo um conjunto bastante
significativo de acções de protecção e valorização do ambiente. Importa-nos referir que
a Constituição moçambicana de 2004 estabelece bases sólidas para a incorporação e
aplicação do Direito internacional do ambiente no contexto nacional, visando a
preservação dos ecossistemas e a promoção da sustentabilidade.
A Constituição de Moçambique de 2018 reforça o compromisso do pais com a
protecção ambiental e reflecte a importância da integração dos princípios e normas do
Direito internacional do ambiente e estabelece a protecção do ambiente como um dos
princípios fundamentais do Estado moçambicano, prevê a cooperação internacional para
a protecção do ambiente, reconhecendo a importância da participação de Moçambique
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em acordos e tratados internacionais sobre o ambiente. Conforme estabelece o art.90


conjugado com a alínea f) do art.45 que insta aos cidadãos o dever de defender e
conservar o ambiente.

2 R: Importa-nos referir que entre os tratados estabelecidos em matéria ambiental, seis


são considerados principais, firmados a partir dos seguintes eventos mundiais, sobre a
protecção do meio ambiente são:
 A Conferência de Estocolmo, realizada em 05 de Junho de 1972 na Suécia,
subordinada ao tema “O Homem e o seu meio: as bases de uma vida melhor”.
 A primeira Conferência Mundial sobre o Clima, realizado em 1990 na Genebra,
Suíça, subordinada ao tema “O Clima e a Mudança Climática: um desafio para a
futura geração”.
 Conferência de Rio de Janeiro, realizada em 03 e 14 de Junho em 1992 no Brasil
(Conferência das Nações Unidas sobre Meio ambiente e Desenvolvimento),
subordinada ao tema “O Meio ambiente e o Desenvolvimento.”
 A primeira de todas as COP-1, (A primeira conferência das partes), realizada em
Berlim, em 1995, subordinada ao tema “Acções para Implementar a Convenção.”
 COP-3 e o Protocolo de Kyoto, realizada em Dezembro de 1997, em Kyoto (Japão),
subordinada ao tema “A definição de compromissos vinculativos de redução de
emissões de gases de efeitos de estufa para os países desenvolvidos”.
 A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2015, também
conhecida como COP 21 e o Acordo de Paris, subordinada ao tema “A negociação e
adopção do Acordo de Paris”.

b) R: Conferência de Estocolmo (Suécia, 1972) - A primeira conferência da ONU


para o meio ambiente aconteceu na Suécia, em 1972, foram criados os 26 princípios que
iriam direccionar os indivíduos de todo o mundo a melhorar e preservar o meio
ambiente. Foi com base nos princípios constantes da sua fundamentação que se iniciou
o processo de constitucionalização do direito fundamental do ambiente. Esta
conferência teve como objectivo criar um documento que norteasse a conduta dos países
com relação as emissões de gases do efeito estufa e também sobre um novo
comportamento sustentável.
Conferência de Genebra (Suíça, 1990) - Nesta conferência discutiu-se sobre a
produção de um tratado internacional do clima, que seria criado em 1992. Para o
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produzir foi necessário criar o Comité Intergovernamental de Negociação para uma


Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas, que tinha como o objectivo de
estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera em um nível que
impeça uma interferência humana perigosa no sistema climático.
Conferência no Brasil (Rio de Janeiro, 1992) - Uma das maiores conferências
para a discussão de questões ambientais foi a chamada Conferência das Nações Unidas
para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida também como
Rio-92 ou Eco-92. Foram criados os 27 princípios que iriam melhorar e conservar o
meio ambiente. Nessa reunião foi criada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
o Meio Ambiente, cujo objectivo era estabilizar a concentração de gases estufa na
atmosfera, que ocorre anualmente para que os países pudessem debater sobre as
mudanças climáticas. Os principais documentos criados nessa conferência foi a Agenda
21 e um acordo chamado Convenção da Biodiversidade. A Conferência também foi
responsável por colocar em pauta global a importância da integração entre
desenvolvimento económico e preservação ambiental
Conferência de Berlim (Alemanha, 1995) - É realizada a primeira Conferência
das Partes (COP-1), em que são feitas negociações e definidas metas para a redução dos
gases de efeito estufa, promover a adaptação as mudanças climáticas, promover a
conservação da biodiversidade e apoiar financeiramente os países em desenvolvimento
para lidar com essas questões. A COP-1 também aprovou o desenvolvimento das
actividades implementadas Conjuntamente (AIA), que seriam estabelecidas entre um
pais do Anexo I e outro de fora desse grupo, visando à implantação de projectos de
suporte e transferência de tecnologia para facilitar o cumprimento de metas de
mitigação.
Conferência de Genebra (Suíça, 1996) – Nesta conferência ficou decidido
pelas partes que os relatórios do IPCC iriam direccionar as futuras decisões sobre o
clima e meio ambiente. Além disso, ficou acordado que os países em desenvolvimento
receberiam apoio financeiro da Conferência das Partes para desenvolver programas de
redução de gases.
Conferência de Quioto (Japão, 1997) - Com a realização da COP-3, no Japão,
os organismos internacionais tomaram uma nova posição em relação às questões
ambientais, embora houvesse um conflito entre União Europeia e Estados Unidos.
Nessa conferência foi criado o Protocolo de Quioto. Um documento legalizado que
sugere a redução de gases do efeito estufa (cujas metas são de 5,2%) e para que fosse
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aprovado, os países desenvolvidos deveriam aceitar o acordo, pois a eles correspondiam


a maior parte das emissões de gases poluentes da atmosfera, a criação do mercado de
carbono e o estabelecimento de mecanismos flexíveis para cumprir metas, como o
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e o Comércio de Emissões.
Conferência em França (Paris, 2015) - A Conferência das Nações Unidas
sobre as Mudanças Climáticas de 2015 Também conhecida como COP 21, resultou em
marco histórico para o combate às mudanças climáticas. Durante essa conferência
representantes de 195 países aprovaram o Acordo de Paris, que estabeleceu
compromissos e metas para limitar o aumento da temperatura global. Os principais
resultados alcançados na COP 21 incluem: Acordo Global do Clima (onde ficou
estabelecido que o aquecimento global deveria ser contido abaixo de 2 ºc), Redução de
Emissões e o Financiamento.

3 R: Nesta senda a degradação ambiental sobre o lago Niassa pode potencialmente


afectar as relações diplomáticas de Moçambique com países vizinhos, como a Tanzânia
e o Malawi, que compartilham a sua bacia hidrográfica. Qualquer impacto negativo no
ecossistema do lago Niassa, que é uma importante fonte de água e sustento para as
comunidades locais, pode criar tensões entre os países e prejudicar as relações
diplomáticas. A gestão inadequada dos recursos hídricos e a poluição do lago podem
causar impactos significativos no meio ambiente, na pesca e abastecimento de água para
as populações locais. O diálogo e a cooperação internacional são essenciais para lidar
com questões ambientais transfronteiriços como essa.

4 R: Primeiramente dizer que em Moçambique, assim como em outros países, existem


recursos transfronteiriços, regionais e internacionais que são compartilhados e que
podem ser afectados por problemas ambientais. Alguns exemplos desses recursos
incluem:
-Bacias hidrográficas compartilhadas: como o rio Zambeze e Limpopo, que atravessa
vários países da região, incluindo Moçambique;
-Ecossistemas marinhos e costeiros: como a costa do Oceano Indico, que é
compartilhada por vários países da região;
-Espécies migratórios: como aves, peixes e mamíferos marinhos, que atravessam
fronteiras e dependem de habitats em diferentes países;
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-Recursos minerais e energéticos: como a bacia de carvão de Moatize que é uma das
maiores do mundo e está localizada perto da fronteira com Zimbabwe. Além disso, a
descoberta de grandes reservas de gás natural na bacia do Rovuma, ao largo da costa
norte de Moçambique;
-Recursos florestais: a floresta transfronteiriça de maior destaque é a Floresta de
Chimanimani, que estende pela fronteira entre Moçambique e Zimbabwe, além disso,
Moçambique faz parte da Bacia de Congo, uma das maiores bacias de drenagem
tropicais do mundo.
No que diz respeito ao enquadramento constitucional, a Lei Fundamental
reconhece a importância dos recursos naturais e estabelece bases para a sua gestão e
protecção, nos dispostos da alínea f) do art.45 da CRM, consagra que "o cidadão tem o
dever de defender e conservar o ambiente", conjugado com o art.90, no seu número 2 ",
assim nos remetendo ao art. 98 da CRM, "propriedade do Estado e domínio público",
assim complementando com o art. 102 da CRM, "recursos naturais". A nível legislativo,
Moçambique possui leis ambientais que abordam a gestão de recursos naturais e a
protecção do ambiente, como a Lei de Terras, a Lei da Florestal e Fauna Bravia e a Lei
das Áreas de Conservação, Lei das águas, entre outras legislações.

5 R: A Declaração de Estocolmo, adoptada durante a Conferencia das Nações Unidas


sobre o Meio Ambiente Humano em 1972, é considerada marco significativo no
desenvolvimento do Direito internacional ambiental. Ela estabeleceu princípios
fundamentais para a protecção do meio ambiente e reconheceu a importância da
cooperação internacional para enfrentar desafios ambientais globais. Além disso, a
declaração influenciou a criação de diversos tratados e convenções ambientais. A
Conferência de Estocolmo, para além de ter unido, pela primeira vez, os países
industrializados e em vias de desenvolvimento. Em suma dizer que a foi com base nos
princípios constantes da sua fundamentação que se iniciou o processo de
constitucionalização do direito fundamental do ambiente devido à sua abrangência, aos
princípios fundamentais que estabeleceu, às directrizes para a acção global que delineou
e à sua influencia nas negociações e acordos internacionais subsequentes.

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