Informativo 1135 STF
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497-69
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Informativo 1135-STF
Márcio André Lopes Cavalcante
ÍNDICE
DIREITO ADMINISTRATIVO
CONCURSO PÚBLICO
▪ O candidato que foi aprovado no concurso fora do número de vagas ou dentro do cadastro de reserva, caso tenha
sido preterido, pode ajuizar ação pedindo a sua nomeação, mas desde que essa preterição tenha ocorrido durante
o prazo de validade do certame.
DIREITO DO TRABALHO
COOPERATIVAS DE TRABALHO
▪ É constitucional a exclusão, do âmbito de incidência da Lei 12.690/2012, das cooperativas de profissionais liberais
cujos sócios exerçam as atividades em seus próprios estabelecimentos.
DIREITO ADMINISTRATIVO
CONCURSO PÚBLICO
O candidato que foi aprovado no concurso fora do número de vagas ou dentro do cadastro de
reserva, caso tenha sido preterido, pode ajuizar ação pedindo a sua nomeação, mas desde que
essa preterição tenha ocorrido durante o prazo de validade do certame
Importante!!!
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Desta feita, a contratação temporária, por meio de processo seletivo simplificado, na vigência de concurso
público com quantidade de aprovados capaz de atender à demanda de serviços exigida, ainda que
observados todos os procedimentos legais, revela-se incompatível com os princípios da moralidade e
impessoalidade e acarreta preterição ilegal.
Entretanto, a contratação para a vaga ofertada no concurso após seu prazo de validade não configura
preterição. Isso porque os aprovados fora do número de vagas previsto inicialmente no edital possuem
apenas uma mera expectativa de direito à nomeação. Logo, cabe ao ente público decidir sobre as
contratações de acordo com sua conveniência.
Em suma:
O candidato que foi aprovado no concurso fora do número de vagas ou dentro do cadastro de reserva,
caso tenha sido preterido, pode ajuizar ação pedindo a sua nomeação, mas desde que essa preterição
tenha ocorrido durante o prazo de validade do certame.
STF. Plenário. RE 766.304/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em
02/05/2024 (Repercussão Geral – Tema 683) (Info 1135).
1) Alteração legislativa
A União defendeu que não se poderia conceder o licenciamento de João em razão do não cumprimento
do tempo mínimo de serviço militar, previsto no art. 121, § 1º, “b”, da Lei nº 6.880/80 (Estatuto dos
Militares). Veja a redação na época dos fatos:
Art. 121. O licenciamento do serviço ativo se efetua:
I - a pedido; e
II - ex officio.
§ 1º O licenciamento a pedido poderá ser concedido, desde que não haja prejuízo para o serviço:
a) ao oficial da reserva convocado, após prestação do serviço ativo durante 6 (seis) meses; e
b) à praça engajada ou reengajada, desde que conte, no mínimo, a metade do tempo de serviço a
que se obrigou.
Ocorre que esse dispositivo foi alterado pela Lei nº 13.954/2019, sendo esta a nova redação:
Art. 121. O licenciamento do serviço ativo se efetua:
I - a pedido; e
II - ex officio.
§ 1º No caso de militar temporário, o licenciamento a pedido poderá ser concedido, desde que
não haja prejuízo para o serviço:(Redação dada pela Lei nº 13.954, de 2019)
I - ao oficial da reserva convocado, após prestação de serviço ativo durante 6 (seis)
meses; (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019)
II - à praça engajada ou reengajada, desde que tenha cumprido, no mínimo, a metade do tempo
de serviço a que estava obrigada. (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019)
§ 1º-A. No caso de praça de carreira, o licenciamento a pedido será concedido por meio de
requerimento do interessado: (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019)
I - sem indenização das despesas efetuadas pela União com a sua preparação, formação ou
adaptação, quando contar mais de 3 (três) anos de formado como praça de carreira; (Incluído pela
Lei nº 13.954, de 2019)
Com a alteração da legislação, o licenciamento a pedido será concedido mediante indenização das
despesas efetuadas pela União com a preparação, formação e adaptação do militar quando contar com
menos de três anos de formado como praça de carreira.
Assim, a Lei nº 13.954/2019 excluiu o requisito do cumprimento de determinado lapso temporal para o
licenciamento do serviço de praça de carreira, pois revogou o art. 121, § 1º, “b”, da Lei nº 6.880/80 -
Estatuto dos Militares, e previu a possibilidade da licença, a pedido, ainda que com menos de três anos de
formação, por meio de requerimento da parte interessada (§ 1º-A).
2) Particularidades do caso
Os principais motivos que levaram o TRF da 4 ª Região a manter a sentença de procedência foi a liberdade
de escolha da profissão e a proteção à saúde e unidade familiar do militar.
O STF afirmou que há precedentes da Corte no sentido de que o direito ao livre exercício de profissão,
bem como o de ir e vir, insculpidos no art. 5º, XIII e XV da CF/88, devem preponderar sobre qualquer tipo
de condicionamento ao pagamento prévio de prejuízos decorrentes de despesas efetuadas pela União
com o desenvolvimento do militar. Vejamos a redação dos incisos citados:
Art. 5º (...)
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer;
(...)
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por unanimidade, ao apreciar o Tema 574 da repercussão
geral, negou seguimento ao recurso extraordinário e fixou a tese anteriormente citada.
PRECATÓRIOS
É inconstitucional o art. 78 do ADCT, incluído pela EC 30/2000,
que permite o parcelamento de precatórios vencidos
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Regime de precatórios
Se a Fazenda Pública Federal, Estadual, Distrital ou Municipal for condenada, por sentença judicial
transitada em julgado, a pagar determinada quantia a alguém, este pagamento será feito sob um regime
especial chamado de “precatório” (art. 100 da CF/88).
No caput do art. 100 da CF/88 consta a regra geral dos precatórios, ou seja, os pagamentos devidos pela
Fazenda Pública em decorrência de condenação judicial devem ser realizados na ordem cronológica de
apresentação dos precatórios. Existe, então, uma espécie de “fila” para pagamento dos precatórios.
Os parágrafos 1º e 2º do dispositivo citam regras diferenciada para pagamento dos débitos de natureza
alimentar.
Confira a redação do texto constitucional:
As Autoras defenderam que o parcelamento de precatórios pelo prazo de 10 anos ofendeu o art. 60, § 4º,
incisos III e IV, da Constituição Federal e violou a inafastabilidade da jurisdição e o devido processo legal
(art. 5º, XXXV e LIV, CF/88).
Informativo 1135-STF (13/05/2024) – Márcio André Lopes Cavalcante | 7
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Medida Cautelar
Em 25/11/2010, a medida cautelar foi deferida. Na ocasião, os Ministros entenderam que o regime de
precatórios é uma garantia de que as decisões judiciais proferidas contra a Fazenda Pública serão
cumpridas. Logo, o art. 78 do ADCT, incluído pelo art. 2º da EC nº 30/2000, violou o direito adquirido do
beneficiário do precatório, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, atentando, ainda, contra a
independência do Poder Judiciário.
Nesse contexto, o STF concluiu que a previsão legislativa encontra óbice no art. 60, § 4º, III e IV da CF/88,
pois afronta a separação de poderes e os direitos e garantias individuais:
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
(...)
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
(...)
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
Por fim, a Suprema Corte afirmou que a liquidação parcelada dos precatórios decorrentes de ações
judiciais ajuizadas até 31/12/1999 afronta o princípio da igualdade, pois estariam sujeitos ao
parcelamento previsto no art. 78 do ADCT enquanto os demais créditos seriam beneficiados pela regra do
art. 100, § 1º, da CF/88.
Entretanto, o STF concluiu que, diante da mora em receber o que lhes era devido, já atestado em título
judicial transitado em julgado, milhares de cidadãos credores tiveram os direitos fundamentais acima
descritos violados pelo regime instituído pela EC nº 30/2000.
Ademais, o citado regime — apesar de objetivar a correção do caos nas finanças públicas existente à época
—, ao mitigar a autoridade das decisões do Poder Judiciário nas condenações da Fazenda Pública, infringiu
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, em apreciação conjunta, por maioria, julgou
procedentes as ações para confirmar a medida cautelar anteriormente deferida e declarar a
inconstitucionalidade do art. 2º da EC nº 30/2000, que introduziu o art. 78 ao ADCT da CF/88.
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
STF reiterou que o Ministério Público pode realizar investigações de
natureza penal, no entanto, definiu novos parâmetros e exigências
Importante!!!
ODS 16
Parâmetros fixados no Tema 184 e que foram reiterados pelo STF em 2024
Estes foram os parâmetros que o STF fixou, em 2015, para que a investigação realizada pelo MP seja válida:
1) Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais dos investigados;
2) Os atos investigatórios devem ser necessariamente documentados e praticados por membros do MP;
3) Devem ser observadas as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição, ou seja, determinadas
diligências somente podem ser autorizadas pelo Poder Judiciário nos casos em que a CF/88 assim exigir
(ex: interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário etc);
4) Devem ser respeitadas as prerrogativas profissionais asseguradas por lei aos advogados;
5) Deve ser assegurada a garantia prevista na Súmula vinculante 14 do STF (“É direito do defensor, no
interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
exercício do direito de defesa”);
6) A investigação deve ser realizada dentro de prazo razoável;
7) Os atos de investigação conduzidos pelo MP estão sujeitos ao permanente controle do Poder Judiciário.
No julgamento das ADIs, o STF reiterou essas condições e parâmetros acima expostos. Vale ressaltar,
contudo, que o STF acrescentou novas exigências e esclarecimentos. Vejamos.
Observância dos mesmos prazos e regramentos previstos para conclusão de inquéritos policiais
As investigações de natureza penal conduzidas pelo Ministério Público deverão durar os mesmos prazos
previstos para a conclusão de inquéritos policiais.
O inquérito policial é temporário, ou seja, possui um prazo para ser concluído.
O art. 10 do CPP traz a regra geral sobre o tempo de duração do IP, mas existem outras leis que disciplinam
o tema para crimes específicos, como o art. 66 da Lei nº 5.010/66 ou o art. 51, parágrafo único, da Lei nº
11.343/2006.
Salvo previsão de lei especial em sentido contrário, o inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias (se o
indiciado estiver preso) ou em 30 dias (se estiver solto). Quando o fato for de difícil elucidação, e o
indiciado estiver solto, o Delegado de Polícia poderá requerer a prorrogação do prazo (art. 10, caput e §
3º do CPP).
O prazo para a conclusão do inquérito policial, em caso de investigado solto é impróprio. Assim, em regra,
o prazo pode ser prorrogado a depender da complexidade das investigações.
O STF afirmou que esse dispositivo também se aplica ao PIC. Assim, depois de o PIC ser arquivado, somente
será possível a instauração de um novo PIC se ficar demonstrada a notícia de provas novas.
Instauração de PIC pelo Ministério Público para a investigação de órgãos de segurança pública suspeitos
da prática de crimes
A instauração de procedimento investigatório pelo Ministério Público deverá ser motivada sempre que
houver suspeita de envolvimento de agentes dos órgãos de segurança pública na prática de infrações
penais ou sempre que mortes ou ferimentos graves ocorram em virtude da utilização de armas de fogo
por esses mesmos agentes.
Havendo representação ao Ministério Público, a não instauração do procedimento investigatório deverá
ser sempre motivada.
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, em apreciação conjunta, por unanimidade,
conheceu integralmente da ADI 2.943/DF e em parte das ADIs 3.309/DF e 3.318/MG, e, por maioria, nas
partes conhecidas, as julgou parcialmente procedentes para dar interpretação conforme a Constituição
nos moldes da tese anteriormente citada.
Resumo do caso
Em síntese, três pessoas condenadas foram autorizadas por ordem judicial a sair temporariamente da prisão
e transmitirem a um grupo de 12 pessoas, supostamente pertencentes ao PCC, a notícia falsa de que um
avião que transportava R$28.000.000,00 aterrissaria no aeroporto de Sorocaba, incitando-os a preparar um
roubo. Quando o grupo chegou ao pedágio da Rodovia Castelo Branco, os agentes de polícia interromperam
o trânsito, rodearam o comboio e dispararam durante dez minutos contra o ônibus, causando a morte de
todos.
Os fatos foram objeto de investigação por parte da Polícia Civil e da Polícia Militar. A investigação da
Polícia Militar foi arquivada. Quanto à investigação da Polícia Civil, o Ministério Público apresentou uma
denúncia penal contra 55 pessoas, imputando-lhes doze delitos de homicídio qualificado, a qual teve
sentença absolutória, confirmada pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Os familiares de algumas das pessoas executadas ajuizaram ações de reparação por danos. Quatro destas
foram decididas favoravelmente, porém, somente em uma das demandas foi efetuado o pagamento. As
outras três ações civis foram declaradas improcedentes.
Ficou provado que o avião de transporte de valores era ficção criada pelo Grupo de Repressão e Análise aos
Delitos de Intolerância (GRADI) para incitar a perpetração do roubo. Não houve troca de tiros entre os
policiais e as 12 pessoas mortas. A Corte concluiu que a morte das vítimas resultou de uma operação
planejada e realizada por agentes estatais para uma execução extrajudicial.
A Corte censurou a investigação inicial pela Polícia Militar, órgão ao qual pertenciam os agentes que
estiveram envolvidos nos fatos, o que ofendeu as garantias de independência e imparcialidade requeridas
para realizar as diligências probatórias.
Também ficou evidenciada a falta de cuidado com a cadeia de custódia das provas. Existiram graves
omissões no que concerne ao levantamento de evidências probatórias e a falta de proteção e a alteração da
cena do crime. Para a Corte as autoridades policiais e judiciais buscavam impedir a investigação dos fatos.
Ainda, a demora excessiva na tramitação do processo penal foi atribuída diretamente à conduta das
Violações declaradas
Foram declaradas violações aos direitos à vida (art. 4º), às garantias judiciais e à proteção judicial (arts. 8º
e 25), à verdade e a integridade pessoal das 12 pessoas executadas e seus familiares (art. 5º). É importante
salientar que para a Corte IDH os familiares das vítimas de violações de direitos humanos podem também
ser, por sua vez, vítimas – especialmente em razão do sofrimento que padecem em razão das violações.
Quais os critérios adotados pela Corte IDH para analisar a duração razoável do processo
No caso a Corte IDH declarou ofensa a duração razoável do processo. Atualmente a Corte IDH adota 4
critérios para a avaliação do prazo razoável de um processo:
• a complexidade do assunto;
• a atividade processual do interessado;
• a conduta das autoridades judiciais,
• o impacto gerado na situação jurídica da suposta vítima.
Pontos destacados
• A Corte determinou que o Brasil deve adotar as medidas necessárias para suprimir a competência
da Polícia Militar para investigar delitos supostamente cometidos contra civis;
• Reiterou que polícia não pode investigar polícia, o que deve ser feito pelo Poder Judiciário ou pelo
Ministério Público. No Caso Favela Nova Brasília vs. Brasil, julgado em 16 de fevereiro de 2017, o Brasil
já havia sido condenado a estabelecer mecanismos normativos necessários para que, na hipótese de supostas
mortes, tortura ou violência sexual decorrentes de intervenção policial, em que prima facie policiais
apareçam como possíveis acusados, desde a notitia criminis se delegue a investigação a um órgão
independente e diferente da força pública envolvida no incidente, como uma autoridade judicial ou o
Ministério Público.
• Ressaltou, ainda, que o Brasil deve melhorar o controle externo da atividade policial, munindo o
Ministério Público com recursos econômicos e humanos para investigar as mortes de civis cometidas por
policiais, tanto civis como militares.
Reparações
Concursos públicos
No concurso para juiz federal substituto do Tribunal Regional Federal da 4ª Região a temática dos casos
Favela Nova Brasília e Honorato foi cobrada em uma das assertivas da questão abaixo:
DIREITO DO TRABALHO
COOPERATIVAS DE TRABALHO
É constitucional a exclusão, do âmbito de incidência da Lei 12.690/2012, das cooperativas de
profissionais liberais cujos sócios exerçam as atividades em seus próprios estabelecimentos
A Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNPL) ajuizou ADI contra esse dispositivo alegando que
ele violaria os princípios da proporcionalidade e do livre exercício de atividade profissional (art. 5º, XIII,
CF/88):
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer;
A autora, em síntese, defendeu que a restrição imposta pela lei não encontra amparo constitucional, pois
a regra é a liberdade econômica e profissional prevista no art. 5º, XIII, da CF/88.
A Lei nº 12.690/2012 não impede a constituição de cooperativas de profissionais liberais que atuem em
seus próprios estabelecimentos. Apenas restringe o âmbito de aplicação do instituto jurídico
regulamentado pela norma.
Assim, cooperativas instituídas na modalidade prevista no inciso III, parágrafo único, do art. 1º, da Lei nº
12.690/2012, serão regidas pelo Código Civil e demais diplomas normativos pertinentes, e não pela
legislação impugnada, devido à incompatibilidade com os princípios e propósitos do instituto
regulamentado pela lei.
O princípio da livre iniciativa, disposto no inciso XIII do art. 5º da CF/88, é uma norma constitucional de
eficácia contida, podendo ter seu âmbito de incidência restringido pelo legislador desde que presentes
razões técnicas e de fato.
A restrição ao enquadramento jurídico de cooperativa de trabalho regulamentada pela Lei nº
12.690/2012, para profissionais liberais que atuem em seus próprios estabelecimentos, não constitui uma
restrição ao exercício de qualquer atividade econômica, tampouco estabelece uma qualificação necessária
para o exercício de uma atividade econômica.
O legislador, ao excetuar a aplicabilidade da Lei nº 12.690/2012 aos profissionais liberais que atuam em
seus próprios estabelecimentos, considerou a natureza dessa atividade e sua compatibilidade com o
instituto da cooperativa de trabalho. O exercício da atividade de forma individual e autônoma não se
coaduna com os aspectos coletivos da atuação da cooperativa de trabalho, configurando unidades
autônomas de exercício da atividade, sem sistematização e cooperação mútua.
Essa forma apartada de realização da atividade poderia conflitar com direitos previstos no art. 7º da Lei
nº 12.690/2012, demonstrando novamente a incompatibilidade corretamente reconhecida pelo
legislador. Direitos como controle das horas trabalhadas e retribuição pelo trabalho realizado são
exemplos dessa incompatibilidade.
Diante da peculiaridade do exercício da atividade em seu próprio estabelecimento, o legislador optou
legitimamente por aplicar a essas relações as normas do código civil e demais diplomas pertinentes,
evitando insegurança jurídica e permitindo que a legislação civil cuide de entidades com conteúdo mais
civilista do que trabalhista.
Com base nesses e outros entendimentos, o Plenário, por unanimidade, julgou improcedente o pedido e
assentou a constitucionalidade do art. 1º, parágrafo único, III, da Lei nº 12.690/2012.
EXERCÍCIOS
Gabarito
1. C 2. E 3. C 4. C 5. E 6. C 7. C
Citação da fonte:
O Informativo original do STF é uma publicação elaborada Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação da Corte
na qual são divulgados resumos das teses e conclusões dos principais julgamentos realizados pelo STF.
O Informativo comentado do Dizer o Direito tem por objetivo apenas explicar e sistematizar esses julgados. Vale ressaltar que os
argumentos expostos foram construídos nos votos e debates decorrentes dos julgados. Portanto, a autoria das teses e das razões de
convencimento são dos Ministros do STJ e do STF, bem como de sua competente equipe de assessores.
INFORMATIVO STF. Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação. Disponível
em: http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp? servico=informativoSTF.