Conteudo Livro Av3.2
Conteudo Livro Av3.2
Conteudo Livro Av3.2
Introdução
As plantas daninhas tendem a apresentar danos econômicos às plantações co-
merciais em virtude da competição com a espécie de interesse agronômico. O
manejo correto dessas espécies indesejadas deve ser feito de maneira consciente,
adotando-se métodos de controle definidos a partir das características do plantio
comercial e das espécies indesejadas. Atualmente, além da prevenção da incidência
das plantas daninhas, são listadas na literatura vários métodos diferentes, que
devem ser adotados mediante os preceitos do manejo integrado.
Neste capítulo, você vai aprender aspectos relacionados ao controle e erradi-
cação de plantas daninhas. Além disso, conhecerá as vantagens e desvantagens
dos métodos de controle mais indicados para as espécies problemáticas no Brasil.
2 Métodos de manejo e controle de plantas daninhas
Erradicação Controle
Duração do Época de
Espécie Classe ciclo (dias) ocorrência
Controle cultural
O método de controle cultural pode ser descrito como o manejo que utiliza,
dentre outros fatores, características da própria cultura para controlar as
plantas daninhas. As técnicas adotadas nesse tipo de controle tendem a
minimizar a propagação das espécies indesejadas, bem como diminuir o banco
de sementes depositados no solo durante os ciclos das plantas daninhas. Um
exemplo clássico de controle cultural é a utilização da rotação de cultura,
como no plantio do milho safrinha após a colheita de soja. Segundo Silva et
al. (2018), as principais técnicas de controle cultural a serem adotadas são:
Controle mecânico
Esse método consiste na retirada das estruturas das plantas daninhas da
área de plantio comercial por meio de arranque ou corte. As técnicas mais
comuns são a monda, a capina manual e a capina mecanizada. O controle
mecânico apresenta maior eficiência quando é utilizado no estágio correto de
desenvolvimento da planta daninha, e geralmente deve ser aplicado dentro
de um breve período. A capina pode ser manual, quando aplicada com equi-
pamentos manuseáveis, como a enxada, ou mecanizada, quando realizada
com implementos que empregam tração animal ou tratorizada (CARVALHO,
2013; MOARES et al., 2013).
Figura 1. Aplicação de controle mecânico de plantas daninhas na lavoura de soja com roçadora
articulada composta por seis componentes.
Fonte: Adaptada de Brighenti et al. (2007).
Controle físico
Esse método de controle consiste na aplicação de técnicas que exercem
ações físicas sobre as plantas daninhas. Dentre as técnicas utilizadas nesse
método de controle, Silva et al. (2018) destacam:
Figura 2. Controle físico por meio da utilização de casca de arroz como cobertura morta em
plantio de hortaliças.
Fonte: Trani et al. (2015, p. 23).
Métodos de manejo e controle de plantas daninhas 9
Controle biológico
O método de controle biológico baseia-se no uso de inimigos naturais de
plantas daninhas (fungos, insetos, bactérias, vírus, aves, peixes, etc.). Esses
inimigos naturais atuam em diferentes partes das plantas (raízes, folhas,
frutos, etc.), diminuindo o desenvolvimento de espécies indesejadas. Em
geral, esse método é aplicado com o intuito de diminuir a população de
plantas daninhas na lavoura para níveis mais aceitáveis, reduzindo os danos
econômicos. Podem ser listadas três técnicas básicas incluídas nesse método
(TESSMANN, 2011):
Controle químico
Os avanços na biotecnologia aplicados à agricultura possibilitaram o desen-
volvimento de produtos químicos (herbicidas) que são aplicados no controle/
erradicação das plantas daninhas. A descoberta desses produtos possibilitou
avanços significativos no aumento da produção agrícola em larga escala.
Assim, esse tipo de controle passou a ser utilizado quase que rotineiramente
10 Métodos de manejo e controle de plantas daninhas
Figura 3. Épocas de aplicação dos herbicidas de acordo com o estágio da cultura do milho.
Fonte: Adaptada de Megastocker/Shutterstock.com.
Métodos de manejo e controle de plantas daninhas 13
Sistema de cultivo
Acanthospermum Carrapicho-rasteiro × ×
australe
Acanthospermum Carrapicho-de- × ×
hispidum carneiro
(Continua)
14 Métodos de manejo e controle de plantas daninhas
(Continuação)
Sistema de cultivo
Embora o manejo dessas plantas daninhas possa ser feito a partir dos mé-
todos químicos e mecânicos, a depender do tamanho da área, o destaque para
erradicação das espécies indesejadas na cultura do arroz é a aplicação do método
físico de controle. As técnicas de inundação, dragagem e drenagem são eficientes
nesse controle. A inundação dificulta a obtenção de oxigênio por plantas não
adaptadas a esta situação. Já na dragagem, ocorre a eliminação de partes produ-
tivas das plantas daninhas, como os rizomas e tubérculos. Por fim, na drenagem
é realizado o controle de plantas daninhas aquáticas (SILVA et al., 2007).
Na rizicultura, o controle de plantas daninhas pode ser aplicado a partir
da escolha de diversos métodos que foram adaptados ao longo dos anos. É
importante entender que toda técnica aplicada nas diversas fases de manejo
de qualquer espécie vegetal indesejada deve ser escolhida pelo profissional da
área, mediante análise prévia do conjunto de informações do local de cultivo
e da planta que se deseja controlar. Por esse motivo, antes de mais nada é
necessário estabelecer práticas preventivas, de maneira que as plantas dani-
nhas não se desenvolvam ou não alcancem altos níveis de danos econômicos.
Métodos de manejo e controle de plantas daninhas 15
Referências
BRIGHENTI, A. M. et al. Controle de plantas daninhas em soja orgânica com uso da
roçadora articulada. In: REUNIÃO DE PESQUISA DE SOJA DA REGIÃO CENTRAL DO BRASIL,
29., 2007, Campo Grande. Resumos [...]. Campo Grande: Embrapa Soja, 2007. p. 202-204.
CARVALHO, L. B. Plantas daninhas. Lages, SC: Do autor, 2013.
COBUCCI, T.; RABELO, R. R.; SILVA, W. Manejo de plantas daninhas na cultura do arroz de
terras altas na região dos cerrados. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2001.
EMBRAPA. Plantas daninhas. Brasília, DF: EMBRAPA, [2018]. Disponível em: https://www.
embrapa.br/tema-plantas-daninhas/perguntas-e-respostas. Acesso em: 08 out. 2020.
FONTES, J. R. A.; NEVES, J. L. Manejo Integrado de plantas daninhas. Planaltina, DF:
EMBRAPA, 2003.
GALON, L. et al. Avaliação do método químico de controle de papuã (Brachiaria
plantaginea) sobre a produtividade do milho. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 40,
n. 4, p. 414-421, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
abstract&pid=S1983-40632010000400019&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 22 out. 2020.
LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 4.
ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008.
LORENZI, H. Manual de identificação e controle de plantas daninhas: plantio direto e
convencional. 7. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2014.
ONU. Food and Agricultura Organization of the United Nations. FAOSTAT data base for
agriculture. Genebra: UNU, [2020]. Disponível em http://www.fao.org/faostat/en/#data.
Acesso em: 29 set. 2020.
PITELLI, R. A. Manejo integrado de plantas daninhas. In: CREA-SP (org.). Controle
integrado de plantas daninhas. São Paulo: Editora do CREA-SP, 1982. p. 27-41.
PITELLI, R. A. Competição e controle das plantas daninhas em áreas agrícolas. Série
Técnica IPEF, v. 4, n. 12, p. 1-24, 1987. Disponível em: https://www.ipef.br/publicacoes/
stecnica/nr12/cap01.pdf. Acesso em: 22 out. 2020.
SILVA A. F. et al. Controle de Plantas Daninhas Métodos físico, mecânico, cultural, bioló-
gico e alelopatia. Brasilia, DF: Embrapa, 2018. Disponível em: https://www.embrapa.br/
busca-de-publicacoes/-/publicacao/1103281/controle-de-plantas-daninhas-metodos-
-fisico-mecanico-cultural-biologico-e-alelopatia. Acesso em: 22 out. 2020.
16 Métodos de manejo e controle de plantas daninhas
SILVA, A. A. et al. Métodos de controle de plantas daninhas. In: SILVA, A. A.; SILVA, J. F.
Tópicos em manejo de plantas daninhas. Viçosa, MG: Editora UFV, 2007.
SOCIEDADE SUL-BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGADO. Arroz irrigado: Recomendações Téc-
nicas da Pesquisa para o Sul do Brasil. Cachoeirinha, RS: SOSBAI, 2018. Disponível
em: https://irga-admin.rs.gov.br/upload/arquivos/201812/06085952-recomendacoes-
-tecnicas-sosbai.pdf. Acesso em: 22 out. 2020.
TESSMANN, D. J. Controle biológico: aplicações na área de ciência das plantas daninhas.
In: OLIVEIRA JÚNIOR, R. S.; CONSTANTIN, J.; INOUE, M. H. (ed.). Biologia e manejo de
plantas daninhas. Curitiba: Omnipax, 2011. p. 79-94.
TRANI, P. et al. Couve de folha: do plantio à pós-colheita. Campinas: Instituto Agronô-
mico, 2015. Disponível em: http://www.iac.sp.gov.br/publicacoes/arquivos/iacbt214.
pdf. Acesso em: 08 out. 2020.
Leituras recomendadas
DEUBER, R. Ciências de plantas daninhas: Fundamentos. Jaboticabal: FCAV–UNESP, 1992.
MORAES, P. V. D. et al. Manejo de plantas de cobertura no controle de plantas daninhas
e desempenho produtivo da cultura do milho. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v.
34, n. 2, p. 497-508, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-
-83582009000200011&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 22 out. 2020.