Manejo de Pragas em Pastagens
Manejo de Pragas em Pastagens
Manejo de Pragas em Pastagens
Guilhermo Congio
Manejo de
insetos-praga em pastagens
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Por se tratar da fonte de alimentação mais barata dos sistemas de pro-
dução bovina, a pastagem acaba não recebendo medidas de controle
de danos causados por insetos-praga, que, em muitos casos, tornam os
sistemas ineficientes e improdutivos. Os insetos-praga em pastagens
costumam ser identificados somente quando os danos são muito evi-
dentes, com altos níveis de infestações e grandes prejuízos às pastagens.
No entanto, existem formas de se evitar e/ou reduzir os possíveis prejuízos
causados pela incidência de insetos-praga nas pastagens e, consequen-
temente, reduzir os danos causados na produção animal. Nesse caso, o
interesse dos produtores é voltado para os principais agentes causadores
de danos, como cigarrinhas-das-pastagens, cupins, percevejos-castanhos
e lagartas.
Neste capítulo, você vai estudar os principais insetos-pragas das
pastagens, verificando como esses insetos causam prejuízos ao sistema
de produção. Por fim, você vai identificar as estratégias de manejo dos
principais insetos-praga.
2 Manejo de insetos-praga em pastagens
Cigarrinhas-das-pastagens
As cigarrinhas-das-pastagens são insetos que pertencem à ordem Homoptera,
família Cercopidae, sendo um grupo de sugadores que se alimentam das
gramíneas. Dentre os principais insetos-praga, as cigarrinhas-das-pastagens
são os mais relevantes, devido à severidade dos danos causados e aos altos
níveis populacionais encontrados no ecossistema pastagem.
(a) (b)
Durante a estação chuvosa do ano, que ocorre por volta do mês de setembro
na maioria das regiões, inicia-se o ciclo de desenvolvimento biológico desse
inseto-praga. O número de gerações que se desenvolverá durante o período será
em função da duração do período chuvoso. Normalmente, a predominância
das infestações em regiões com clima seco encontra-se entre os meses de
novembro a março, segundo Pedreira, Pedreira e Tonato (2005).
Cupins
Cupins-de-montículo (Figura 2) são considerados o segundo grupo de insetos-
-praga de maior relevância para as pastagens. Pouco se sabe sobre a dinâmica
da população de cupins, mesmo esse tipo de inseto-praga estando presente
em todas as regiões de produção pecuária bovina a pasto do Brasil. Chega
a ser impraticável realizar comparações sobre a densidade de cupins nas
áreas de pastagens, uma vez que a população apresenta grandes variações
e é fortemente influenciada por uma diversidade de fatores, como o tipo de
4 Manejo de insetos-praga em pastagens
(a) (b)
Percevejos-castanhos
O percevejo-castanho (Figura 3) apresenta hábito subterrâneo, com predomi-
nância em solos arenosos, podendo matear as forrageiras, tornando o local
com infestação característica, devido ao aparecimento de reboleiras. Esse
inseto se alimenta de uma grande variedade de plantas, garantindo, assim, sua
sobrevivência e proliferação. São encontradas nas pastagens duas espécies,
principalmente: Scaptocoris castanea e Scaptocoris carvalhoi.
As ninfas e os adultos desse inseto-praga vivem no solo e se alimentam
das raízes das plantas. Esses insetos exalam forte odor, lembrando a “maria-
-fedida”, sendo que, durante o período chuvoso, eles permanecem na camada
superficial do solo, mas se deslocam para camadas mais profundas (até 1,5 m)
durante o período seco. Seu controle é considerado muito difícil.
(a) (b)
Figura 3. Percevejo-castanho.
Fonte: Anna Sharaeva; Andre Nery/Shutterstock.com.
Lagartas
Esses insetos-praga apresentam incidência ocasional nas pastagens, ou seja,
ocorrem ciclicamente e têm a capacidade de desfolhar toda a pastagem. As
principais espécies encontradas nas pastagens são: Spodoptera frugiperda e
Mocis latipes.
6 Manejo de insetos-praga em pastagens
Acesse os links a seguir e assista a dois vídeos sobre o ataque de lagartas em pastagens.
https://qrgo.page.link/S8wx
https://qrgo.page.link/Muj8
(a) (b)
https://qrgo.page.link/rqse
https://qrgo.page.link/Zr4s
Estratégias de manejo
O uso de forrageiras resistentes a cigarrinhas-das-pastagens é uma alternativa
de controle para o produtor. Nesse caso, o controle será efetivado pelo uso de
cultivares resistentes aos ataques, constituindo um método de baixo custo.
Dentre as espécies mais utilizadas para animais em pastejo, a Brachiaria
decumbens cv. Basilisk e a Brachiaria ruziziensis são consideradas as mais
susceptíveis. A Brachiaria humidicola é considerada uma das mais resistentes.
O capim-marandu (Brachiaria brizantha cv. Marandu) sempre foi consi-
derado resistente a ataques das cigarrinhas-das-pastagens, porém, têm sido
relatadas grandes incidências e danos causados pela cigarrinha-da-cana-de-
-açúcar (Mahanarva spp). Esse fato pode ser explicado pela ação antibiótica
desse cultivar sobre as demais espécies de cigarrinhas, diminuindo, assim, a
competição interespecífica, em favor da Mahanarva spp.
Para contorno dos danos causados pelas cigarrinhas, a diversificação das
pastagens se torna uma estratégia. Gramíneas forrageiras resistentes a ataques
de cigarrinhas, além do capim-marandu, estão disponíveis, como Andropogon
gayanus cv. Planaltina, Panicum maximum cv. Tanzânia, Panicum maximum
cv. Mombaça, Panicum maximum cv. Massai e Paspalum atratrum cv. Pojuca.
https://qrgo.page.link/HYDk
https://qrgo.page.link/YTwa
https://qrgo.page.link/zNqc
Saiba mais sobre o controle de cupins nas pastagens acessando os links a seguir:
https://qrgo.page.link/rstx
https://qrgo.page.link/6oZY
https://qrgo.page.link/tcWD
https://qrgo.page.link/euDi
Carbaril
Fenitrotiom
Malatiom
Naled
Triclorfom
Saiba mais sobre o ataque de lagartas em pastagens em Valério (1997) e Faria (2014),
acessando:
https://qrgo.page.link/ZeDP
https://qrgo.page.link/S7aj
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Leituras recomendadas
NARDI, C. et al. Flutuação populacional e distribuição vertical de Scaptocoris carvalhoi
Becker (Hemiptera: Cydnidae) em área de pastagem. Neotropical Entomology, v. 36, n.
1, p.107–111, 2007.
REIS, R. A.; BERNARDES, T. F.; SIQUEIRA, G. R. Forragicultura: ciência, tecnologia e gestão
dos recursos forrageiros. Jaboticabal: Gráfica e editora Multipress, 2013.
VALÉRIO, J. R. Ocorrência, danos e controle de cupins de montículo em pastagens.
In: REUNIÃO SUL-BRASILEIRA DE INSETOS DE SOLO, 5., 1995, Dourados. Ata e resumos
[...] Dourados: Embrapa - CPAO, 1995b, p: 52–56. Disponível em: https://ainfo.cnptia.
embrapa.br/digital/bitstream/item/38991/1/DOC8-1995.pdf. Acesso em: 4 maio 2019.