Manejo de Pragas em Pastagens

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FORRAGICULTURA

Guilhermo Congio
Manejo de
insetos-praga em pastagens
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os principais insetos-praga em pastagens.


 Avaliar os prejuízos causados pelos principais insetos-praga em
pastagens.
 Definir estratégias de manejo dos principais insetos-praga em
pastagens.

Introdução
Por se tratar da fonte de alimentação mais barata dos sistemas de pro-
dução bovina, a pastagem acaba não recebendo medidas de controle
de danos causados por insetos-praga, que, em muitos casos, tornam os
sistemas ineficientes e improdutivos. Os insetos-praga em pastagens
costumam ser identificados somente quando os danos são muito evi-
dentes, com altos níveis de infestações e grandes prejuízos às pastagens.
No entanto, existem formas de se evitar e/ou reduzir os possíveis prejuízos
causados pela incidência de insetos-praga nas pastagens e, consequen-
temente, reduzir os danos causados na produção animal. Nesse caso, o
interesse dos produtores é voltado para os principais agentes causadores
de danos, como cigarrinhas-das-pastagens, cupins, percevejos-castanhos
e lagartas.
Neste capítulo, você vai estudar os principais insetos-pragas das
pastagens, verificando como esses insetos causam prejuízos ao sistema
de produção. Por fim, você vai identificar as estratégias de manejo dos
principais insetos-praga.
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Principais insetos-praga em pastagens


Os insetos-praga podem ocasionar severos danos às pastagens sem que sejam
percebidos, como é o caso dos insetos com hábito de crescimento subterrâneo.
Em muitos casos, os danos causados só são percebidos quando há redução do
acúmulo de biomassa; dificilmente se percebe diretamente os danos causados
aos animais de produção, por serem uma consequência indireta. Identificar os
principais insetos-praga das pastagens torna-se o ponto de partida para que
seja possível adotar medidas de prevenção e de controle.

Cigarrinhas-das-pastagens
As cigarrinhas-das-pastagens são insetos que pertencem à ordem Homoptera,
família Cercopidae, sendo um grupo de sugadores que se alimentam das
gramíneas. Dentre os principais insetos-praga, as cigarrinhas-das-pastagens
são os mais relevantes, devido à severidade dos danos causados e aos altos
níveis populacionais encontrados no ecossistema pastagem.

Os prejuízos causados decorrem da associação de diversos grupos de cigarrinhas


com diversas forrageiras, principalmente nas regiões de clima tropical do Brasil. Essa
ocorrência das cigarrinhas está relacionada aos períodos chuvosos do ano, por estes
darem origem a um ambiente propício para o desenvolvimento desses insetos, pos-
sibilitando aos animais obterem os melhores índices produtivos.

Quanto maiores forem os danos causados às pastagens pela incidência de cigarrinhas,


menor será o acúmulo de forragem e pior será o valor nutritivo da forragem remanes-
cente, reduzindo drasticamente o potencial produtivo do sistema pastoril, conforme
lecionam Pedreira, Pedreira e Tonato (2005).
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Cada espécie de cigarrinha apresenta uma relevância regional, ou seja, com


predominância de infestação em tal região. Por exemplo, a Deois incompleta
está presente com maior predominância na região Norte. Notozulia entre-
riana, Deois schach e Aeneolamia selecta selecta estão presentes com maior
predominância na região Nordeste. Deois flavopicta (Figura 1) e Notozulia
entreriana têm predominância na região central, no norte do Paraná e na
região Sudeste. As cigarrinhas do gênero Mahanarva (Figura 1) (referência
restrita a Mahanarva spp.) normalmente são associadas ao capim-elefante e
à cana-de-açúcar, mas têm sido observadas predominâncias dessa espécie
na região norte do Mato Grosso, no norte do Tocantins, no sul do Pará e em
Rondônia, conforme apontam Pedreira, Pedreira e Tonato (2005).

(a) (b)

Figura 1. Principais cigarrinhas das pastagens: a) Deois flavopicta; b) Mahanarva spp.


Fonte: Vinicius R. Souza/Shutterstock.com.

Durante a estação chuvosa do ano, que ocorre por volta do mês de setembro
na maioria das regiões, inicia-se o ciclo de desenvolvimento biológico desse
inseto-praga. O número de gerações que se desenvolverá durante o período será
em função da duração do período chuvoso. Normalmente, a predominância
das infestações em regiões com clima seco encontra-se entre os meses de
novembro a março, segundo Pedreira, Pedreira e Tonato (2005).

Cupins
Cupins-de-montículo (Figura 2) são considerados o segundo grupo de insetos-
-praga de maior relevância para as pastagens. Pouco se sabe sobre a dinâmica
da população de cupins, mesmo esse tipo de inseto-praga estando presente
em todas as regiões de produção pecuária bovina a pasto do Brasil. Chega
a ser impraticável realizar comparações sobre a densidade de cupins nas
áreas de pastagens, uma vez que a população apresenta grandes variações
e é fortemente influenciada por uma diversidade de fatores, como o tipo de
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vegetação presente, o solo, o clima, o tempo em que a área se apresenta sem


manejo e a espécie de cupim.

(a) (b)

Figura 2. Cupim-de-montículo nas pastagens.


Fonte: khlungcenter/Shutterstock.com; Compre Rural (2018).

Existem grandes divergências sobre as possíveis causas da proliferação de


cupins nas áreas de pastagens. Na maioria dos casos, são realizadas associações
com solos pobres, ou mesmo com a textura do solo, com referência à proporção
de areia, silte e argila. Trata-se de características propícias para a formação
das colônias; além disso, é necessário que o ambiente tenha disponibilidade
de alimento, para que o inseto-praga se prolifere, conforme apontam Valério
et al. (2006).
Cornitermes cumulans (Kollar) se apresenta como a espécie de maior
frequência nas áreas de pastagens. Essa espécie é predominante nas regiões
Sudeste, Centro-Oeste, Sul e Nordeste do Brasil. Existem diversas outras
espécies de cupins-de-montículo, porém, com menores incidências. As espé-
cies desse gênero com alta distribuição nas pastagens incluem Cornitermes
snyderi, Cornitermes bequaerti (com cupinzeiros chaminés) e Syntermes spp.
(com ninhos baixos e espalhados).
No geral e utilizando como exemplo a espécie mais predominante de cupim
(Cornitermes cumulans), o desenvolvimento do cupinzeiro ocorre em três eta-
pas. A fase inicial é totalmente subterrânea; a intermediária tem o surgimento
de uma pequena porção epígea (surge na superfície do solo); a fase final se
dá quando a maior parte do ninho está exposta superficialmente. A partir do
momento em que o cupinzeiro aparece na porção superficial do solo, o seu
crescimento ocorre exclusivamente para cima, segundo Valério et al. (2006).
As demais espécies de cupins apresentam hábitos de desenvolvimento dis-
tintos, com desenvolvimento mais profundo no solo (Cornitermes bequaerti), ou
crescimento em formato achatado, isto é, predominante na largura (Cornitermes
silvestrii). Há também os cupins cujo hábito é o forrageamento (Syntermes
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spp.). Essas espécies danificam as pastagens realizando o corte das folhas da


forrageira, o que, em muitos casos, lembra o ataque das formigas-cortadeiras.

Percevejos-castanhos
O percevejo-castanho (Figura 3) apresenta hábito subterrâneo, com predomi-
nância em solos arenosos, podendo matear as forrageiras, tornando o local
com infestação característica, devido ao aparecimento de reboleiras. Esse
inseto se alimenta de uma grande variedade de plantas, garantindo, assim, sua
sobrevivência e proliferação. São encontradas nas pastagens duas espécies,
principalmente: Scaptocoris castanea e Scaptocoris carvalhoi.
As ninfas e os adultos desse inseto-praga vivem no solo e se alimentam
das raízes das plantas. Esses insetos exalam forte odor, lembrando a “maria-
-fedida”, sendo que, durante o período chuvoso, eles permanecem na camada
superficial do solo, mas se deslocam para camadas mais profundas (até 1,5 m)
durante o período seco. Seu controle é considerado muito difícil.

(a) (b)

Figura 3. Percevejo-castanho.
Fonte: Anna Sharaeva; Andre Nery/Shutterstock.com.

Lagartas
Esses insetos-praga apresentam incidência ocasional nas pastagens, ou seja,
ocorrem ciclicamente e têm a capacidade de desfolhar toda a pastagem. As
principais espécies encontradas nas pastagens são: Spodoptera frugiperda e
Mocis latipes.
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Acesse os links a seguir e assista a dois vídeos sobre o ataque de lagartas em pastagens.

https://qrgo.page.link/S8wx

https://qrgo.page.link/Muj8

Mais conhecida como lagarta-do-cartucho do milho, Spodoptera frugiperda


pode estar presente nas pastagens por várias gerações de desenvolvimento
ao longo do ano. Após a sua eclosão, as lagartas se alimentam raspando as
folhas, mas, quando adultas, consomem as folhas das bordas para o centro.
Esse inseto passa por seis estágios de desenvolvimento (instares) durante a
sua fase larval, sendo que, nos dois últimos instares, a lagarta consome 85%
do total necessário para completar a fase larval.
Ao final da fase larval, as lagartas se transformam em pupas (fase de
transformação das lagartas em mariposas), tornando difícil o seu controle.
Sendo assim, deve-se tomar cuidado para que o controle seja realizado quando
a maioria das lagartas não se encontra nessa fase, pois, durante a fase de pupa,
elas estarão protegidas. A infestação desse inseto-praga é muito elevada,
pois cada fêmea pode ovipositar até 2.000 ovos, conforme apontam Pedreira,
Pedreira e Tonato (2005).
Existem várias ferramentas disponíveis para identificar as principais pragas
das pastagens, como os aplicativos de celular. Estes podem ser ferramentas
úteis, que cabem na palma da mão e facilitam a identificação de uma diver-
sidade de insetos-praga.

Três aplicativos de celular que auxiliam na identificação das principais pragas de


pastagens são o Agrobase, o Plantix e o Pest Detector.
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Prejuízos causados pelos insetos-praga


As cigarrinhas-das-pastagens causam grandes danos nas pastagens, princi-
palmente pela alta infestação encontrada nas áreas de produção pecuária. As
duas formas encontradas nas áreas de pastagens são as ninfas e os adultos.
A infestação de ninfas ocasiona danos às pastagens, porém, o adulto causa
maiores prejuízos. Quando os adultos se alimentam das forrageiras, injetam
substâncias que se coagulam no interior dos tecidos, causando distúrbios no
transporte de seiva, bem como uma substância que se transloca nas folhas,
causando a morte do tecido. Essas características de ataque estão mais presentes
nas cigarrinhas do gênero Deois.
No caso das cigarrinhas do gênero Mahanarva, os danos causados pelas
ninfas são tão consideráveis quanto os danos ocasionados pelos adultos. Esses
danos levam a reduções drásticas no acúmulo de forragem em um curto prazo
(cerca de 10 dias), além dos danos causados às raízes, que, por consequência,
afetam a persistência da pastagem.
O valor nutritivo das forrageiras reduz quando há aumento na infestação
de cigarrinhas-das-pastagens. Valério e Nakano (1987) constataram reduções
no teor de proteína bruta, assim como na digestibilidade in vitro da matéria
seca de Brachiaria decumbens sob ataque de cigarrinhas. Em áreas com
infestações elevadas de cigarrinhas, é característica a formação de grandes
reboleiras, causados pela morte de perfilhos (Figura 4). A redução na produção
de forragem, bem como do valor nutritivo, causa grandes prejuízos ao sistema
produtivo, por reduzir a capacidade de suporte dessas pastagens.

(a) (b)

Figura 4. Reboleiras com capim morto por ataque de cigarrinhas.


Fonte: komkrit Preechachanwate; Quality Stock Arts/Shutterstock.com.

Não existem certezas sobre os cupins estarem causando danos diretos


às pastagens, o que está atrelado ao fato de não se conhecer o suficiente os
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seus hábitos alimentares. As controvérsias relatadas na literatura mostram


uma inconsistência de informações sobre os possíveis danos causados às
pastagens. As informações vão desde os possíveis benefícios ocasionados
pelo aumento da matéria orgânica no solo, conforme apontam Holt e Coventry
(1982), até casos de danos que incluíram completa destruição das áreas de
pastagens, causados pelo hábito alimentar desses cupins, segundo lecionam
Wood, Johnson e Ohiagu (1977).
Embora com participação em menor grau nas pastagens, os cupins do gênero
Syntermes apresentam hábito de forragearem, levando partes das folhas para
dentro dos montículos e consistindo em potencias ameaças. Como prejuízos
indiretos, os cupinzeiros podem servir de abrigos para animais peçonhentos
e dificultam a movimentação de máquinas, levando a propriedade a depreciar
mais rapidamente.
Os percevejos-castanhos causam danos relacionados à sucção da seiva
das raízes. Esses danos são causados pelos insetos na fase jovem e como
ninfas e adultos. Esse inseto-praga causa danos às plantas, causando desde
a paralisação do crescimento (o que passa despercebido pelo produtor) até a
morte de touceiras, ocasionada por altas quantidades de infestação. As áreas
que sofrem ataques ficam prejudicadas, tornando o ambiente propício para o
surgimento de plantas invasoras.

Saiba mais sobre o ataque de percevejos-castanhos assistindo aos vídeos disponíveis


nos links a seguir.

https://qrgo.page.link/rqse

https://qrgo.page.link/Zr4s

O consumo das folhas da pastagem pelas lagartas pode ocasionar destruição


generalizada das áreas produtivas, retardando o perfilhamento das forrageiras
e privando de fonte alimentar os animais em pastejo. Todos os danos causados
às forrageiras levam à redução da produção e do valor nutritivo das espécies
vegetais destinadas à alimentação bovina, com a consequente redução da
capacidade de suporte das pastagens e do ganho de peso dos indivíduos em
pastejo.
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Estratégias de manejo
O uso de forrageiras resistentes a cigarrinhas-das-pastagens é uma alternativa
de controle para o produtor. Nesse caso, o controle será efetivado pelo uso de
cultivares resistentes aos ataques, constituindo um método de baixo custo.
Dentre as espécies mais utilizadas para animais em pastejo, a Brachiaria
decumbens cv. Basilisk e a Brachiaria ruziziensis são consideradas as mais
susceptíveis. A Brachiaria humidicola é considerada uma das mais resistentes.
O capim-marandu (Brachiaria brizantha cv. Marandu) sempre foi consi-
derado resistente a ataques das cigarrinhas-das-pastagens, porém, têm sido
relatadas grandes incidências e danos causados pela cigarrinha-da-cana-de-
-açúcar (Mahanarva spp). Esse fato pode ser explicado pela ação antibiótica
desse cultivar sobre as demais espécies de cigarrinhas, diminuindo, assim, a
competição interespecífica, em favor da Mahanarva spp.
Para contorno dos danos causados pelas cigarrinhas, a diversificação das
pastagens se torna uma estratégia. Gramíneas forrageiras resistentes a ataques
de cigarrinhas, além do capim-marandu, estão disponíveis, como Andropogon
gayanus cv. Planaltina, Panicum maximum cv. Tanzânia, Panicum maximum
cv. Mombaça, Panicum maximum cv. Massai e Paspalum atratrum cv. Pojuca.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), juntamente com a Unipasto,


lançou um híbrido de Brachiaria (Brachiaria BRS RB331 Ipyporã) com forte apelo de
resistência a ataques de cigarrinhas, que vem trazendo ótimos resultados quanto à
produtividade. Saiba mais sobre a Brachiaria BRS RB331 Ipyporã acessando os links a
seguir.

https://qrgo.page.link/HYDk

https://qrgo.page.link/YTwa

Técnicas como o controle químico e/ou biológico são amplamente utilizadas


para o controle do ataque de cigarrinhas. Os principais ativos para controle
químico aprovados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa) incluem Carbaril, Clorpirifós, Fenitrotiom, Malatiom e Naled. O con-
trole biológico tem sido concentrado com o uso do fungo Metarhizium aniso-
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pliae, que vem apresentando bons resultados, principalmente em regiões com


altos índices pluviométricos, assim como ocorre nas regiões do Centro-Oeste.
Nessas mesmas regiões, são constatados ataques mais severos da Mahanarva.
Práticas culturais como a utilização de estratégias de pastejo para modificar
o microclima, que antes seriam benéficas à proliferação das cigarrinhas, podem
ser utilizadas. Nesse tipo de estratégia, há diversos benefícios ambientais,
pois envolve simplesmente a manipulação de animais nas áreas de pastagem
(manejo do pastejo). A palhada formada na superfície do solo quando o capim
é manejado mais alto cria um microclima favorável ao aparecimento das cigar-
rinhas. Ao utilizar taxas de lotação animal mais elevadas, ocorrem reduções
na massa de matéria orgânica acumulada na superfície do solo, removendo o
ambiente favorável à proliferação das cigarrinhas.

Assista ao vídeo disponível no link a seguir e saiba mais sobre cigarrinhas-das-pastagens.

https://qrgo.page.link/zNqc

Para os cupins das pastagens, o controle ocorre quase que exclusivamente


com o uso de inseticidas químicos. Por meio do uso de uma barra de ferro
pontiaguda, o inseticida é despejado no centro do cupinzeiro. Os produtos
utilizados sempre devem ter registro no Mapa, sendo os seguintes utilizados
para controle de C. cumulatan, conforme aponta Valério, Jeller e Peixer (1997):
Fipronil (Regent 20G), 5 g/cupinzeiro; Imicaclopride (Confidor 700 GRDA),
30 g/100 L de água, aplicando-se 1 L de calda/cupinzeiro; fosfeto de alumínio
(Gastoxin, Phostek), quatro pastilhas chatas/cupinzeiro médio; e Fentiom
(Lebaycid 500), 20 mL/100 L de água, 1 L de calda/cupinzeiro.
Recomenda-se utilizar o controle químico para o controle de cupins para a
recuperação das pastagens degradadas, pois muitos cupinzeiros podem estar
abandonados. Assim, evita-se o uso de inseticidas de forma desnecessária
naqueles cupinzeiros que não apresentam infestações e que serão facilmente
identificados após a recuperação da pastagem — somente a recuperação
da pastagem reduzirá a quantidade de cupinzeiros. Uma ressalva deve ser
apontada no caso do cupim Syntermes, uma vez que seu desenvolvimento
é subterrâneo: nesse caso, é recomendável realizar a identificação desses
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cupinzeiros e realizar o controle químico antes das práticas de mecanização.


Isso vai facilitar a localização dos ninhos do Syntermes, conforme apontam
Wood, Johnson e Ohiagu (1977).

Saiba mais sobre o controle de cupins nas pastagens acessando os links a seguir:

https://qrgo.page.link/rstx

https://qrgo.page.link/6oZY

O percevejo-castanho é um inseto-praga de difícil controle em pastagens.


Normalmente, seu controle pode ser realizado nas ocasiões de reforma da
pastagem, sendo esta conciliada com a aplicação de inseticidas. A aquisição de
plantas consideradas mais resistentes ao ataque é recomendada, mas se admitem
alternativas como práticas de manejo, por meio da rotação de culturas, sempre
conciliando o controle químico. O combate do inseto utilizando o controle
químico em áreas corrigidas permite que plantas vigorosas se estabeleçam,
tornando-as menos sensíveis ao ataque do percevejo-castanho.

Saiba mais sobre o ataque do percevejo-castanho acessando os links a seguir.

https://qrgo.page.link/tcWD

https://qrgo.page.link/euDi

Pastagens com a presença de lagartas devem ser periodicamente e cuida-


dosamente vistoriadas, com observações realizadas em meio à palhada do
solo. Todas as situações que favoreçam o aumento da biomassa no solo, ou
seja, em áreas para produção de feno, ou mesmo naquelas recém pastejadas
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ou pós-adubação, tornam o ambiente propício para o aparecimento da lagarta,


principalmente a lagarta-militar.
Quando em níveis populacionais baixos, o controle é facilitado, podendo
ser realizado em pequenas áreas. Nessas ocasiões, torna-se necessária a re-
moção do gado por tempo determinado, devido ao poder residual do produto
utilizado. Quando em níveis populacionais altos, as lagartas apresentam hábito
migratório quando a abundância se torna baixa e a população de lagartas
está alta. Nessas ocasiões, sugere-se o uso de barreiras físicas ou químicas
por meio da abertura de valetas, cortando o sentido migratório das lagartas.
Alguns inseticidas químicos utilizados para o controle de lagartas incluem
os seguintes princípios ativos:

 Carbaril
 Fenitrotiom
 Malatiom
 Naled
 Triclorfom

Antes da aplicação do inseticida, recomenda-se concentrar os animais


nas áreas atacadas para aproveitamento da forragem. Há produtos à base da
bactéria Bacillus thuringiensis que são seletivos para lagartas e têm o benefício
de não eliminar os inimigos naturais nas áreas das pastagens.

Saiba mais sobre o ataque de lagartas em pastagens em Valério (1997) e Faria (2014),
acessando:

https://qrgo.page.link/ZeDP

https://qrgo.page.link/S7aj
Manejo de insetos-praga em pastagens 13

COMPRE RURAL. Cupim e os danos à pastagem, controlar é preciso. 2018. Disponível


em: https://www.comprerural.com/cupim-e-os-danos-pastagem-controlar-e-preciso.
Acesso em: 5 maio 2019.
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