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Conceito Geral de Cristologia

Este documento apresenta uma introdução geral sobre o tema da cristologia. Aborda o conceito geral de cristologia, definindo-a como o estudo da pessoa e obra de Cristo segundo a revelação bíblica. Também enumera os principais temas estudados na cristologia, como a humanidade e divindade de Cristo, bem como heresias relacionadas à pessoa de Cristo.

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Conceito Geral de Cristologia

Este documento apresenta uma introdução geral sobre o tema da cristologia. Aborda o conceito geral de cristologia, definindo-a como o estudo da pessoa e obra de Cristo segundo a revelação bíblica. Também enumera os principais temas estudados na cristologia, como a humanidade e divindade de Cristo, bem como heresias relacionadas à pessoa de Cristo.

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1

Introdução geral

«Então indaguei a mim mesmo, em nome do oráculo, se preferia ser como sou,
isto é, totalmente ignorante das coisas que eles sabem, mas não ignorante da minha
ignorância como eles o são da própria, ou se teria preferido ter ambas as características
neles encontradas. E finalmente respondi a mim mesmo e ao oráculo que escolhia ser
assim como sou»1.

Um trabalho científico parece ter seu início com o que concebemos como
Introdução, espaço onde se lança um problema para suscitar uma pesquisa, um debate,
um estudo específico, porém, a razão de seu existir se constrói paralela a vida de quem
ousa um problema investigar. O olhar do pesquisador ao vislumbrar um problema, ao
pretender admirá-lo, observá-lo atentamente, cordialmente, não se dissocia da realidade
existencial do próprio. Essa construção paralela se confunde no processo histórico e
social de uma vida em construção no mundo e, sobretudo, na academia. Desta feita o
nosso presente trabalho vai se restringir no estudos de alguns temas, Cristologia,
Mariologia, Pneumatologia e Sacramentologia ; tendo como finalidade adquirir bases
suficientes para começarmos os estudos na nossa cadeira Teologia Espiritual.

Numa primeira fase faremos o resumo da brochura e depois faremos os estudos


dos temas que nos foram propostos. Começaremos primeiro por fazer uma abordagem
daquilo que diz respeito a Pessoa de Jesus Cristo, isto é Cristologia, passando por
assuntos relacionados com a Mãe de Deus, isto, é Mariologia, depois falaremos de
Pneumatologia, isto é da doutrina da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, isto é o
Espirito Santo e terminaremos falando daqueles sinais sensíveis instituídos por Nosso
Senhor Jesus Cristo para nos comunicar a graça , os Sacramentos.

1
A introdução apresenta trechos da Apologia de Sócrates como motivação a fim de despertar o
leitor para discutir questões relacionadas à formação moral, na perspectiva iluminista enquanto devir de
um ser constituído de razão e sensibilidade, no reconhecimento de que a própria limitação é uma forma
de conhecimento sobre si mesmo e tal como Sócrates, a sabedoria consiste em admitir que não se sabe
plenamente tudo o que se pensa saber. Fonte da Apologia: Nicola, Ubaldo. Antologia ilustrada de
filosofia: das origens à idade moderna. São Paulo: Globo, 2005.
2

Resumo da Brochura

A Nossa brochura esta com o título, constituída por sete temas que são:

1º: Caminho para um encontro com Jesus de Nazaré.

Este tema, constituído com por 5 itens, são dignos de realce os itens 1ºe 4º

No primeiro item, com o título Experiência humana, é notório a constatação que


se faz, fruto da experiência cotidiana e local, a respeito da figura de Jesus em ambientes
socias em geral e também aquele Cristão. Resultado desta constatação é o facto de não
se falar mais de da figura de Cristo, apresentando assim duas razões: ou porque não
interessa ou porque se pensa que já se conhece tudo sobre Ele. Outra olhar também é
lançado na confusão que é feita a respeito da figura da pessoa de Jesus, que por vezes é
confundido com Deus; na verdade por Jesus ser uma figura histórica é estudado do
ponto de vista várias ciências, e dado que deixa curioso vários cientistas, é o facto Dele
ser seguido por milhares de pessoas e alguns fazem Dele razão de suas vidas, mas os
cristãos estudam Ele simplesmente pelo facto de querer conhecê-lo , porque o
amam ,graças a fé, e porque querem comprometer-se com Ele na construção de um
Reino de Amor.

No segundo item, que nos interessa neste tema, com o título mistério a anunciar,
encontramos um problema histórico, no que verificamos as diferentes visões que se tem
de Jesus Cristo, a ponto de se diferenciar o Cristo histórico do Cristo da fé. E certas
perguntas são levantadas acerca da figura de Cristo e da relação existente entre os
Evangelhos e a história de Jesus.

A estas perguntas e outras têm se dado as mais discrepantes respostas, baseadas


em diversas hipóteses, que são: a Crítica, Mítica, e a hipótese baseada na fé.

Chegando até ao final chegamos a conclusão de que para um encontro com


Jesus, há que tomar em consideração três realidades: Os Evangelhos, a fé da Igreja e a
situação social e pessoal.

No segundo tema, com o título Jesus e Israel, tal como no primeiro, e assim será
nos restantes temas, começamos com uma constatação da nossa realidade, com uma
3

reflexão fruto da nossa experiência, nessa experiência chega-se a afirmar, depois de uma
constatação profunda, que inumeráveis e terríveis são as dúvidas de um cristão que
reflete, mas todas são vencidas pela certeza de que Cristo não podia ser inventado 2.

Nesta experiência chega-se a dizer o que mais fascina em Cristo é a sua recusa
total, radical, não só da sociedade opressiva do seu tempo, mas do modo ser do homem
no mundo de então.

Neste tema praticamente, verificamos que poucos são os documentos não cristão
que fala da figura de Cristo

De modo que neste tema são apenas enumerados alguns documentos não
Cristãos que relatam sobre a figura de Cristo, igualmente nos apresenta a situação
política e social do tempo de Jesus, bem como as Instituições Religiosas e Festas.

No quarto tema, com o título Jesus dá-se a conhecer aos homens como Salvador,
Caminho, Verdade e Vida, chegamos mesmo a afirmar, como consta na nossa brochura,
que a aspiração extraordinária de todo o homem para o infinito, a necessidade de
verdade, vida amor, que está no coração de todos e que nenhuma satisfação material
poderá jamais suprir, é, no mais fundo de si mesmo, a fome de Jesus Cristo. Pois Ele
disse: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ele é o AMOR.

Desta feita o Cristão é chamado a tomar partido por Cristo, mas sem
partidarismos estritos ou emocionais. Pois Cristo é o único Salvador. Porque Cristo é o
Salvador dados aos homens e a toda gente, e todos devem por a pergunta que Cristo pôs
aos Apóstolos: Quem é Cristo para vós?

Assim nos temas seguintes vamos encontrar por exemplo, no quinto tema a
reflexão sobre o convite que Cristo faz para nós para tomarmos parte no Reino de Deus,
uma mensagem que precisa sempre ser refletida nos nossos dias.

2
Cfr. Lavater.
4

CONCEITO GERAL DE CRISTOLOGIA

Cristologia é a matéria da teologia sistemática que estuda a pessoa e a obra de


Cristo. Então o significado de “cristologia” diz respeito ao estudo de Cristo, ou seja, a
cristologia basicamente é a doutrina de Cristo conforme revelada na Escritura.

Os estudiosos têm concordado que a cristologia é uma das disciplinas mais


intimidadoras da teologia sistemática. Um erro na cristologia de uma pessoa pode
determinar se ela é cristã ou não. Isso porque o estudo da pessoa e obra de Cristo está
bem no centro da teologia cristã. Não é por menos que àqueles que creem em Cristo são
chamados de “cristãos” e que a fé que professam é chamada de “Cristianismo”.

Temas estudados na cristologia

Os temas da cristologia podem ser organizados em duas grandes partes: 1) a


pessoa de Cristo; e 2) a obra de Cristo.

Na primeira parte o estudo da pessoa de Cristo a cristologia aborda


principalmente a plena humanidade e plena divindade de Cristo. No que diz respeito à
humanidade de Cristo, a cristologia considera seu nascimento virginal e as implicações
de Ele ser plenamente homem possuindo corpo humano, mente humana, alma e
emoções humanas; bem como suas respectivas limitações e fraquezas (sentir dor, fome,
frio, cansaço, aprender coisas, chorar, ficar angustiado, etc.).

Parte importante da cristologia nesse ponto é a doutrina da impecabilidade de


Jesus, que afirma que Jesus nunca pecou, embora Ele fosse plenamente homem assim
como nós. Esse tópico da cristologia também combate falsas doutrinas que negam que
Jesus era humano, como o docetismo.

Já no que diz respeito à divindade de Cristo, a cristologia considera como o


ensino bíblico afirma que Jesus é Deus, e como essa verdade é fundamental para a Fé
Cristã. Essa verdade condena heresias como o arianismo e o adocionismo que
basicamente negam a plena divindade de Jesus.

Depois a cristologia também aborda a unidade da pessoa de Cristo no mistério


da encarnação. Nesse ponto o estudo enfoca a importância da afirmação de que a plena
divindade e a plena humanidade de Cristo são combinadas numa só pessoa. Em outras
5

palavras, são duas naturezas distintas, cada uma com seus próprios atributos, unidas
inseparavelmente na única pessoa de Cristo.

Por isso a boa cristologia também consegue responder eficazmente as heresias


que surgiram ao longo da história da Igreja com o propósito de atacar a pessoa de
Cristo. Entre essas heresias temos:

Nestorianismo – que dizia que Cristo possui duas pessoas, uma humana e outra
divina.

Apolinarismo – que dizia que Cristo possuía apenas um corpo humano, enquanto
que sua mente e seu espírito provinham da natureza divina.

Monofisismo que dizia que Cristo possuía uma só natureza que misturava
elementos divinos e humanos. Nessa concepção a natureza humana de Jesus
supostamente teria sido absorvida por sua natureza divina formando então uma nova e
única natureza.

Na segunda parte – o estudo da obra de Cristo – a cristologia estuda tudo o que


envolve o ministério do Senhor Jesus. Nesse ponto são abordados os diferentes estágios
da obra de Cristo, seus ofícios (profeta, sacerdote e rei) e o significado da expiação
(envolvendo sacrifício, propiciação, substituição, reconciliação e redenção).

Acerca disso falaremos mais adiante, ainda vamos nos focar na importância da
Cristologia.

A importância da cristologia bíblica

Na Bíblia encontramos o próprio Senhor Jesus fazendo uma pergunta decisiva


aos seus discípulos. Em certo momento de seu ministério terreno Ele perguntou: “Quem
os homens dizem que o Filho do homem é?”3 Os discípulos de Jesus então responderam
dizendo que algumas pessoas diziam que Ele era João Batista; outras, o profeta Elias; e,
ainda outras, o profeta Jeremias ou qualquer um dos demais profetas4

Dois mil anos depois, as respostas de muitas pessoas permanecem muito


parecidas com as respostas das pessoas do tempo de Jesus. Elas pensam que Jesus foi

3
Cfr.Mateus 16:13.
4
Cfr. Ivi.
6

um grande exemplo de homem; uma pessoa comprometida com a paz e com o amor;
apenas um profeta notável que marcou a história da humanidade etc.

Mas todas essas respostas falham em reconhecer quem de fato é a pessoa de


Jesus. Após ter feito essa pergunta aos seus discípulos, Jesus direcionou a mesma
pergunta a eles: “E vocês? Quem vocês dizem que eu sou?” 5. Então pela revelação
divina, o apóstolo Pedro ofereceu a resposta correta: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus
vivo”.6

A pergunta de Jesus e a resposta de Pedro apontam para a importância da


cristologia na vida do crente. A resposta de Pedro fica ainda mais significativa quando
nos lembramos que ele declarou isso a respeito de um homem com quem ele convivia
diariamente. Pedro, naquele momento, não estava diante do Cristo exaltado, mas diante
do Cristo humilhado. É por isso que sua resposta e o contexto que a envolve, apontam
para a síntese da doutrina bíblica a respeito de Cristo: Ele é plenamente Deus e
plenamente homem, em uma só pessoa.

Então através da cristologia podemos entender que Jesus Cristo é absolutamente


suficiente para todas as questões que envolvem a nossa existência e salvação. Conforme
o apóstolo Paulo escreve, “em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da
divindade”7. Sem a cristologia bíblica não há Cristianismo.

A Cristologia tem sido debatida incansavelmente durante séculos, em várias


nações, dentro de várias correntes cristãs, com pontos de vista semelhantes, divergentes
e mesmo com algumas controvérsias. Alguns aspectos deste assunto muito debatidos no
eixo central da cristologia no decurso da história do cristianismo são:A Natureza divino-
humana de Jesus (União hipostática); A Divindade de Jesus; A Humanidade de Jesus; A
Encarnação; A Revelação de Deus; Os Milagres; Os Ensinamentos; A Morte expiatória;
A Ressurreição; A Ascensão; A Intercessão em nosso favor; A Parousia; A Posição
como Cabeça de todas as coisas; A Centralidade dentro do mistério da vontade de Deus,
dentro da restauração; A Volta ao mundo para reinar sobre aqueles que creêm nele.

5
Cfr. Ibidem, Cap. 16:15.
6
Cfr. Ivi.
7
Cfr. Colossenses, Cap. 2:9.
7

Talvez a disputa mais antiga dentro do cristianismo centrou-se sobre se Jesus era
Deus. Um número de cristãos primitivos acreditavam que Jesus não era divino, mas fora
simplesmente o Messias humano prometido no Antigo Testamento, tal como o vê os
fariseus contrariamente à vista mais geral dos outros judaico-cristãos. As inclusões da
Genealogia de Jesus em Mateus são explicadas às vezes por esta opinião.

Uma explanação alternativa é que eram uma oposição às doutrinas dos Cristãos
Gnósticos que afirmavam que Jesus Cristo teve somente a ilusão de um corpo humano
e, assim, nenhuma ancestralidade humana, como o via o docetismo.

A opinião de que Jesus era somente humano, como afirmava o adopcionismo,


foi oposta por líderes da igreja tais como São Paulo, e veio eventualmente a serem
aceitas somente por seitas como a dos ebionitas e (de acordo com São Jerônimo), mas
logo subjugadas pelas igrejas ortodoxas de uma forma ou outra.

A natureza de Cristo

A natureza de Jesus Cristo é uma questão da busca por determinar se Cristo era
um homem com a tendência para pecar igual à de Adão antes do pecado (pré-
lapsarianismo) ou uma tendência ao pecado, igual à de Adão depois do pecado (pós-
lapsarianismo), ambas diretamente relacionadas com o Plano da Salvação, visto que o
ministério de Cristo, se caracterizava pelo exemplo na superação do pecado, mostrando
que era possível o homem viver sem pecar.

Entre as principais escolas que buscaram determinar a natureza de Cristo temos:

Arianismo, que crê que Jesus, apesar de um ser superior, seja inferior ao Pai
sendo uma criatura sua;

Docetismo, defende que Jesus era um mensageiro dos céus e que seu corpo era
"carnal" apenas na aparência e sua crucificação teria sido uma ilusão;

Ebionismo, que crê em Jesus como um profeta, nascido de Maria e José, que
teria se tornado Cristo no ato do batismo;

Elcasaismo - recusam a divindade de Cristo, consideram-no o último dos


profetas e chamam-lhe anjo Jesus;
8

Monofisismo, segundo a qual Cristo teria uma única natureza composta da união
de elementos divinos e elementos humanos;

Nestorianismo, segundo a qual Jesus Cristo é, na verdade, duas entidades


vivendo no mesmo corpo: uma humana (Jesus) e uma divina (Cristo);

Miafisismo, que defende que em Jesus Cristo há a natureza humana e a natureza


divina, mas que estas duas naturezas se unem natural e completamente para formar uma
única e unificada Natureza de Cristo;

Sabelianismo, o qual defendia que Jesus e Deus não eram pessoas distintas, mas
sim "aspectos" ou "modos" diferentes do trato da Divindade com a humanidade;
Trinitarismo, que crê em Jesus como a segunda pessoa da Trindade divina.

Cristologia Ortodoxa

Mosaico retratando o Cristo Pantocrator, na Igreja de Daphne, Atenas, Grécia. A


imagem foi terminada entre os anos de 1090 e 1100.

A Cristologia ortodoxa, defendida pelas Igrejas Católica, Ortodoxas e


protestantes, tem por base o Concílio de Calcedônia (em 451 d.C., o qual estabelece as
bases desta corrente, na qual o Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem (união
hipostática) e se apresenta em duas naturezas sem distinção, indivisíveis e inseparáveis,
de tal forma que as propriedades de cada uma permanecem ainda mais firmes quando
unidas numa só pessoa. Para os defensores desta cristologia, o termo "Filho de Deus"
aplicado a Jesus deve ser interpretado com a natureza de Deus, gerado já desde o início
de tudo e, portanto co-eterno.

Discordando da Cristologia Ortodoxa, os miafisistas afastaram-se para compor


as Igrejas ortodoxas orientais da Síria, da Armênia, do Egito, da Etiópia e da Índia do
Sul. Para eles a natureza divina em Jesus era muito mais forte e preponderante daquela
natureza humana.

Mas, estas mesmas Igrejas dissidentes rejeitam o rótulo de monofisista, porque


elas afirmam que defendem na verdade o miafisismo, que é a crença de que em Jesus há
a natureza humana e a natureza divina, mas que estas duas naturezas se unem para
formar uma única e unificada Natureza de Cristo. Estas Igrejas afirmam que o
9

miafisismo é diferente do monofisismo, mas esta doutrina cristológica igualmente se


diverge da doutrina ortodoxa da união hipostática.

Cristologia ariana

O arianismo, que recebeu este nome por ser derivado da doutrina de Ário,
apresenta uma distinção clara entre o Cristo e o Logos como razão divina. O Cristo é
apresentado como uma criatura pré-temporal, super-humana, a primeira das criaturas,
não Deus, porém mais que homem. "O logos é a própria razão divina a qual Deus pai
admitiu sair de si mesmo sem a diminuição do seu próprio ser." (Justino Martir)
10

MARIOLOGIA

No contexto atual, os cristãos, que buscam viver seu cristianismo de maneira


consciente e responsável, sentem a necessidade de conhecer melhor a figura e a missão
de Maria, a Mãe de Jesus Cristo. Por isso, procuram aprofundar seus conhecimentos
pelo estudo das Sagradas Escrituras, da Tradição e da doutrina da Igreja, da teologia e
de outras formas científicas de análise da fé.

A veneração da Virgem Maria está presente na vida da Igreja, tanto na piedade


popular como no culto oficial. É “um fato eclesial relevante e universal. Ela brota da fé
e do amor do povo de Deus para com Cristo, Redentor do gênero humano, e da
percepção da missão salvífica que Deus confiou a Maria de Nazaré, através da qual a
Virgem não é somente Mãe do Senhor e do Salvador, mas também, no plano da graça, a
Mãe de todos os homens”.8

Quando os cristãos, que estão imbuídos da veneração mariana, desejam


compreender bem as verdades da fé, experimentam o dever e a urgência de considerar e
refletir sobre a pessoa e o lugar de Maria no projeto de Deus e na vida da Igreja. Com
razão buscam aprender a mariologia, disciplina valorosa e importante na caminhada da
comunidade cristã.

O QUE É MARIOLOGIA

A formulação da palavra “mariologia” foi feita pelo siciliano Plácido Nigido,


que usando o nome de seu irmão Nicolau publicou, em Palermo, no ano de 1602, a sua
obra mariana. “Mariologia” é um termo grego, que significa “discurso” ou “estudo” de
Maria.

A mariologia é a parte da teologia que estuda a figura, o mistério, a missão e o


significado de Maria na história da salvação. É “a ciência teológica que investiga,
esclarece e aprofunda a presença atuante de Nossa Senhora no mistério de Cristo e da
Igreja”9. Paulatinamente, os cristãos, que têm sede de compreender melhor os
fundamentos de sua fé, vão descobrindo a importância e o valor da mariologia,
realizando estudos em seus grupos, comunidades, centros culturais, academias,
associações, institutos e faculdades.
8
Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, nº. 183.
9
Ir. Aleixo Maria Autran, marista e escritor mariano.
11

ORIENTAÇÕES DO CONCÍLIO VATICANO II

O próprio Concílio Vaticano II (1962-1965) incentivou e orientou o estudo da


mariologia, expondo bases sólidas e diretrizes seguras.

Na Constituição Dogmática “Lumen Gentium”, que trata da Igreja, o Concílio


recomendou aos “os teólogos e pregadores da palavra divina a que na consideração da
singular dignidade da Mãe de Deus se abstenham com diligência tanto de todo o falso
exagero quanto da demasiada estreiteza de espírito. Sob a direção do Magistério
cultivem o estudo da Sagrada Escritura, dos Santos Padres e Doutores e das liturgias da
Igreja para retamente ilustrar os ofícios e privilégios da Bem-aventurada Virgem que
sempre levam a Cristo, origem de toda verdade, santidade e piedade”10.

Ao mesmo tempo em que insiste, com diligência e abertura, na atitude de


diálogo ecumênico, o Concílio faz saber aos cristãos que “a verdadeira devoção não
consiste num estéril e transitório afeto, nem numa certa vã credulidade, mas procede da
fé verdadeira pela qual somos levados a reconhecer a excelência da Mãe de Deus,
excitados a um amor filial para com nossa Mãe e à imitação das suas virtudes”11.

Conscientes das orientações do Concílio, os cristãos assumem o estudo da


mariologia com solicitude, seriedade, método, perseverança e ternura, esclarecendo e
aprofundando seu conhecimento, sua reflexão e sua cultura. De maneira didática, o
estudo, que se baseia nas Sagradas Escrituras e considera o contexto atual, abrange a
tradição e vida da Igreja, a história da mariologia, a compreensão dos dogmas marianos,
a reflexão teológica e cultural, o diálogo ecumênico e inter-religioso, o culto e piedade
do povo, a aproximação com as ciências humanas e a missão dos cristãos na Igreja e na
sociedade.

MARIOLOGIA NO CONJUNTO DA FÉ CRISTÃ

A mariologia há de estar sempre integrada no conjunto da fé cristã. “O estudo da


mariologia não é e jamais poderia ser uma reflexão isolada. É preciso evitar
apresentações unilaterais da figura e da missão de Maria. Há necessidade de ligá-la aos
estudos de cristologia, eclesiologia, pneumatologia, antropologia, escatologia etc.”. 12

10
LG no. 67
11
Ivi.
12
(Dom Murilo S. R. Krieger, bispo e escritor mariano).
12

A mariologia ilumina e orienta a vida e missão dos cristãos. Não é uma ciência
fechada em si mesma, presa em seus conceitos e formulações. Ao contrário, constitui
um estudo teológico que ajuda os devotos em sua caminhada humana e espiritual.
Iluminada pela mariologia e desenvolvida por uma dinâmica pastoral mariana, a piedade
para com a Virgem Maria tem uma “grande força pastoral e constitui uma força
inovadora dos costumes cristãos”13.

O estudo de mariologia ajuda os cristãos a renovarem e a aprofundarem o seu


culto autêntico para com a Mãe do Salvador. O próprio Papa Paulo VI insiste na
necessidade desta renovação mariana, dizendo que a “veneração dos fiéis pela Mãe de
Deus tem revestido, de fato, formas diversas, de acordo com as circunstâncias de lugar e
de tempo, com a distinta sensibilidade dos povos e com as suas diferentes tradições
culturais. Disso resulta que, sujeitas ao desgaste do tempo, essas formas em que se
expressa a piedade se apresentam necessitadas de uma renovação, que permita substituir
nelas os elementos caducos, precisam valorizar os perenes e incorporar os novos dados
doutrinais adquiridos pela reflexão teológica e propostos pelo magistério eclesiástico”. 14

ESTUDO E ESPIRITUALIDADE

É de fundamental importância que o estudo de mariologia seja feito em clima de


espiritualidade, inspirando e favorecendo a oração dos cristãos. Teólogo franciscano,
São Boaventura (1221-1274) já recomendava: “Ninguém creia que basta a leitura sem a
unção, a especulação sem o estupor, a pesquisa sem o exultamento, a atividade sem a
piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência sem a humildade, o estudo sem a graça
divina, o perscrutar sem a sabedoria da inteligência divina”15

Por outro lado, o estudo da mariologia deve favorecer o cristão a adquirir uma
sólida e ardorosa espiritualidade mariana. O estudioso não pode reduzir suas reflexões
marianas a um conjunto de conceitos intelectuais bem expressos. Precisa unir o esforço
mental com a prática espiritual, sem cair tanto no racionalismo como no
sentimentalismo. Estudando a mariologia, procura também inspirar sua vida nas atitudes
e virtudes de Nossa Senhora, querendo seguir, com a Igreja, “as pegadas do itinerário

13
Paulo VI. Exortação Apostólica “Marialis Cultus”, nº. 31.
14
Exortação Apostólica “Marialis Cultus”, nº. 24.
15
Itinerarium Mentis in Deum, Prologus 4,53).
13

percorrido pela Virgem Maria, a qual avançou na peregrinação da fé, mantendo fiel a
união com seu Filho até a cruz”16.

A formação do cristão na mariologia deve ser sempre completa, integrando bem


e de forma harmoniosa o estudo, o culto e a vivência. Para isso, é imprescindível que ele
adquira um conhecimento abrangente e exato da doutrina que a Igreja tem sobre a Mãe
de Jesus. É preciso também que nutra um amor verdadeiro à Mãe de Deus, cultivando a
devoção mariana com conteúdos e expressões profundas e autênticas. Além disso, o
devoto deve desenvolver a habilidade de comunicar os seus conhecimentos marianos
aos outros com competência, cordialidade e sabedoria.

ROTEIRO DE ESTUDO DA MARIOLOGIA

Para estudar a mariologia, o cristão precisa perceber e analisar, com critérios e a


ajuda das ciências humanas, a situação atual da Igreja, da sociedade e da cultura em
relação à presença e ao significado da Mãe de Jesus. Existem vários livros e revistas que
mostram como os nossos contemporâneos se relacionam com a figura de Nossa
Senhora.

Outro passo imprescindível do estudo de mariologia é a leitura e a meditação da


Bíblia. A Sagrada Escritura é a alma e a base da formação mariana. Com ajuda de
publicações de obras de exegese, o devoto pode conhecer e estudar a figura e a presença
de Maria nos textos bíblicos. Nós encontramos a Mãe de Deus sempre “junto de Cristo,
unida a Ele e à sua Igreja. A Palavra de Deus nas Escrituras (Antigo e Novo
Testamento), lida e interpretada pela Igreja, é fonte do nosso culto de veneração, amor
filial e imitação da Virgem Maria”17.

Realizando sua formação mariana, o cristão deve levar em conta a tradição da


Igreja, estudando os fatores, os desdobramentos e as contribuições referentes à doutrina
e ao culto da Virgem Maria ao longo dos séculos. É importante aqui que estudar os
documentos do magistério eclesiástico, os dogmas, as obras dos Padres da Igreja, os
apócrifos, os escritores, os santos, a liturgia e piedade das comunidades.

16
João Paulo II. Carta Encíclica “Redemptoris Mater”, nº. 2.
17
(Ir. Aleixo Maria Autran).
14

Aprofundando e esclarecendo seus conhecimentos marianos, o cristão precisa do


auxílio da teologia. Os leigos têm acesso ao estudo da teologia. “De uns tempos para cá,
há algumas décadas já, o estudo da teologia, como ciência, deixou os ambientes restritos
dos seminários e das casas de formação para se tornar um curso acessível a todos, não
somente aos futuros padres e pastores, mas também aos leigos, religiosos, animadores
de comunidade, e demais agentes de pastoral”18. Existem vários cursos de mariologia,
quer nos centros de teologia e nas comunidades, quer por correspondência. As editoras
têm publicado muitos livros marianos, que trazem as reflexões dos teólogos.19

PNEUMATOLOGIA

PNEUMATOLOGIA é a ciência que estuda o Espírito Santo onde: PNEUMA:


Espírito ou Vento. LOGOS: Estudo ou tratado. Então no seu sentido etimológico
Pneumatologia é a ciência que estuda sobre a pessoa do Santo Espírito. No Hebraico, a
palavra Espírito é Ruach que significa: Ar, Vento, Sopro e Espírito.
18
(Antônio Mesquita Galvão, teólogo leigo e escritor).
19
Texto de Pe. Eugênio Antônio Bisinoto
15

O significado literal de Espírito Santo o diz como a parte imaterial do ser


humano; alma que transcende a matéria. A parte incorpórea, inteligente ou sensível do
ser. Quando se trata do Espírito Santo, podemos pensar como um poder impessoal que
Deus concede para aqueles que o seguem e acreditam. É visto por muitos como a
Terceira pessoa da Trindade.

Deus subsiste em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Portanto, o Pai é
pessoa, o Filho é pessoa e o Espírito Santo é pessoa. Através da Bíblia, o Espírito Santo
é revelado como Pessoa, com sua própria individualidade.

PNEUMATOLOGIA – A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo é uma das pessoas da Trindade Divina, sendo constituído da


mesma essência da divindade e plenamente Deus, como Deus o Pai e Deus o Filho. A
palavra espírito tem sua origem no hebraico – RUAH – ou no grego – PNEUMA – de
onde vem a palavra pneumatologia, a doutrina do Espírito Santo.

As doutrinas da Trindade e das pessoas da divindade não são passíveis de


entendimento racional pela mente do homem finito, mas são claramente reveladas pela
Escritura. Por este motivo, é necessário buscar a confirmação bíblica de todas as
afirmações referentes ao estudo da doutrina do Espírito Santo, a pneumatologia.

O Pai e o Filho são termos que indicam relacionamento, da mesma forma, o


Espírito Santo é assim chamado pela sua natureza e pela sua operação como a causa da
regeneração e santificação dos homens. O Filho é a perfeita imagem de Deus, e o
Espírito é a operação do poder de Deus.

A Natureza E Ofício Do Espírito:

Natureza: O Espírito não é uma emanação ou manifestação do poder de Deus,


mas uma pessoa eterna e coexistente na essência do Deus único da Trindade Divina, ele
é infinito, perfeito e santo possuindo todas as qualidades e atributos divinos em posse de
sua pessoa, sendo distinto do Pai e do Filho em uma essência única que é o Deus da
Escritura.

2 Coríntios 3,17: “Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor,


aí há liberdade”.
16

Ofício: O Espírito executa no mundo criado as decisões de Deus, sempre


procedente do Pai e do Filho. Ele é a fonte de toda a vida, ele habita no crente e provê a
preservação de sua salvação, toda a inteligência dos seres vivos, desde a estrutura
genética das plantas e animais microscópicos até o mais sofisticado cientista, tem sua
fonte única na onipresença e onisciência do Espírito de Deus, a matéria é inanimada e só
possui vida, movimento e intelectualidade através do Espírito, sempre provindo do Pai e
do Filho.

As operações gerais do Espírito referem-se às obras da criação e providência,


pelas quais ele origina, mantém e dirige toda a vida natural, concedendo dons e
restringindo o poder do pecado na realização do plano eterno de Deus. As operações
especiais do Espírito referem-se à operação da redenção onde ele aplica a obra de Cristo
nos escolhidos do Pai, concedendo, unicamente pela graça, os dons da fé, do
arrependimento e preservando a salvação, pela sua comunhão permanente, durante toda
a vida terrena do crente.

Romanos 8,11: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus
dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará
também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita”.

Cristo é a luz do mundo, dele emana todo o conhecimento de homens e anjos,


salvos ou caídos, mas o Espírito é quem distribui estes dons, sendo a origem e razão da
vida intelectual em toda a terra. O Espírito se relaciona com o homem através da mente
extracorpórea, entende-se aqui a mente como a alma (espírito), que constitui juntamente
com o corpo a unidade psicossomática do homem. O Espírito opera a natureza racional
do homem através da alma, esta ação do Espírito é geral para toda a humanidade e não
se relaciona com a ação santificadora que exerce nos regenerados para a preservação de
sua salvação.

Jó 32,8: “Na verdade, há um espírito no homem, e o sopro do Todo-Poderoso o


faz sábio”. Jó 35,10-11: “Mas ninguém diz: Onde está Deus, que me fez, que inspira
canções de louvor durante a noite, que nos ensina mais do que aos animais da terra e nos
faz mais sábios do que as aves dos céus?”.O dom artístico e especial também provém do
Espírito. Êxodo 31,2-5: “Eis que chamei pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur,
da tribo de Judá, e o enchi do Espírito de Deus, de habilidade, de inteligência e de
conhecimento, em todo artifício, para elaborar desenhos e trabalhar em ouro, em prata,
17

em bronze, para lapidação de pedras de engaste, para entalho de madeira, para toda
sorte de lavores”.

A habilidade política e administrativa também é concedida pelo Espírito, como


se pode ver em Moisés, Josué, nos Juízes, em Gideão e todos os líderes do povo judaico
e também de utros povos, como por exemplo: Ciro e Dario.

Números 27,18: “Disse o SENHOR a Moisés: Toma Josué, filho de Num,


homem em quem há o Espírito, e impõe-lhe as mãos”.

Ofício do Espírito na redenção do homem:

A encarnação: O corpo de Cristo no ventre da virgem foi gerado pelo poder de


Deus através do Espírito Santo.

Lucas 1,35: “Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder


do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de
nascer será chamado Filho de Deus”.

A natureza humana de Cristo: Os dons da natureza humana de Cristo foram


elevados a um patamar superior ao de todos os homens da história da humanidade
através da ação do Espírito.

João 3,34: “Pois o enviado de Deus fala as palavras dele, porque Deus não dá o
Espírito por medida”.

Lucas 11,13: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos
filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”.

A verdade de Deus: toda a verdade é revelada pelo Espírito, que transmite este
conhecimento aos homens em maior ou menor grau, conforme os dons definidos pela
graça de Deus, mas também pode trazer aos reprovados a operação do erro, afim de que
não vejam, não ouçam e não sejam salvos. Os réprobos, todavia, não necessitam da
operação do erro para que não venham a crer, pois o homem natural não discerne as
coisas de Deus e nem pode conhecê-las, pois elas somente se conhecem através do
Espírito.
18

1 Coríntios 2,14: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de


Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente”.

A DOUTRINA DO ESPÍRITO NA IGREJA CRISTÃ

Os cristãos primitivos, até o início do quarto século, acreditavam que havia um


Espírito Santo, da mesma natureza do Pai e do Filho, pelo qual eles eram, por meio de
Cristo, reconciliados com o Pai. Os crentes confessavam esta fé no ato do batismo e no
recebimento da bênção apostólica. Não havia entre os teólogos da época uma definição
da pessoa e ofício do Espírito Santo, mas no século terceiro a controvérsia ariana tomou
vulto, e o Concílio de Nicéia, em 325 d.C. e logo em seguida o Concílio de
Constantinopla, em 381 d.C. foi convocado para definir a doutrina do Espírito Santo.

O Credo Apostólico afirma simplesmente: Creio no Espírito Santo, estas


mesmas palavras foram afirmadas no Credo Niceno, mas no Credo de Constantinopla,
ficou definida a doutrina do Espírito, com a seguinte forma:

“Creio no Espírito Santo, o divino, o doador de vida, que procede do Pai, o qual
deve ser adorado e glorificado com o Pai e com o Filho, e o qual falou pela boca dos
profetas”.

A Personalidade Do Espírito

A personalidade, ou pessoalidade, do Espírito Santo somente é abordada com


clareza no Novo Testamento, mas existem várias afirmações deste fato no Velho
Testamento que não foram reveladas aos hebreus como manifestações pessoais, eles
consideravam o Espírito como uma emanação do poder de Deus.

Na criação do mundo, de acordo com livro do Gênesis, além do segundo verso,


onde o Espírito paira sobre o caos, Deus manifesta claramente a pluralidade de pessoas
na sua essência.

Gênesis 1,26: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem,


conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves
dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que
rastejam pela terra”
19

Gênesis 11,7: “Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que
um não entenda a linguagem de outro”.

AS PROFECIAS SOBRE O ESPÍRITO SANTO NO VELHO


TESTAMENTO

Existem no Velho Testamento profecias sobre a obra do Espírito Santo e o


ministério de Jesus Cristo.

A Unção Do Espírito:

Isaías 61,1: (*) “O Espírito (RUAH) do SENHOR (YAHWEH) Deus


(ADONAI) está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos
quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos
cativos e a pôr em liberdade os algemados”.

O Conhecimento:

Isaías 11,1-2: “Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um
renovo. Repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de
entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de
temor do SENHOR.

A Salvação Do Povo De Deus:

Isaías 44,3: “Porque derramarei água sobre o sedento e torrentes, sobre a terra
seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os teus
descendentes”.

A Regeneração:

Ezequiel 36,27: “Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus
estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis”.

O Pentecostes:

O profeta Joel prevê o derramamento do Espírito no dia de Pentecostes.

Joel 2,28-29: “E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a
carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos
20

jovens terão visões; até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito
naqueles dias”.

A PROMESSA DO ESPÍRITO NO NOVO TESTAMENTO

Antes de sua morte, Jesus prometeu que ele e o Pai enviariam a seus discípulos
outro consolador, ou paráclito (Parakletos) - o Espírito Santo - um ajudador e
conselheiro que daria continuidade à obra de Cristo. O fato de Jesus prometer outro
paráclito indica que Jesus foi o primeiro deles e promete outro que irá proceder à
aplicação e manutenção de sua obra, em seu nome e como um dom de Deus, infundindo
e mantendo no crente justificado a fé e o arrependimento para a vida, necessários à
salvação. O ministério do Espírito Santo é um ministério relacional e pessoal, o que
implica na pessoalidade do Espírito.

João 14,16-17: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de
que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber,
porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará
em vós”.

Após sua Ressurreição Jesus coloca o Espírito sobre os apóstolos, afim de que o
recebessem, como um dom de Deus, para a realização da obra a eles destinada. Pode-se
observar claramente pela Escritura, que os apóstolos somente venceram o seu medo e
timidez após a ressurreição. A obra dos apóstolos é a continuação da obra de Jesus,
motivo pelo qual ele os envia no poder do Espírito. João 20,22: “E, havendo dito isto,
soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”. Os apóstolos não receberam
somente a ousadia através do Espírito, mas também foram guiados pela instrução do
Espírito em seu ministério. João 16,13-14: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade,
ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que
tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de
receber do que é meu e vo-lo há de anunciar”.

O PENTECOSTES

O dia de Pentecostes é o dia da comemoração da colheita, era uma data festiva


comemorada pelos judeus cinquenta dias após a páscoa, sendo uma festa importante no
calendário judaico. Este foi o dia em que os primeiros cristãos receberam o Espírito
publicamente, como demonstração do poder de Deus, falando em línguas diversas que
21

eram entendidas pelos judeus de diversas localidades que haviam vindo a Jerusalém
para a festa. Este foi um milagre de Deus, e, como todo o milagre, teve uma finalidade
específica e determinada, demonstrando aos presentes o poder de Deus em Cristo
através do Espírito para a salvação daquele que crê, tanto gentios como judeus.

Pode-se notar claramente nos versos abaixo, no livro de Atos, que as línguas
faladas neste dia eram perfeitamente inteligíveis às pessoas presentes, tratando-se de
línguas utilizadas usualmente em diversos outros países e regiões, línguas oficiais e
reconhecidas pelos visitantes presentes como linguagem corrente em seus países de
origem. Não se pode utilizar estes versos para justificar o falar em línguas que se vê
hoje nas igrejas pentecostais, que não passam de grunhidos e sons grotescos e
ininteligíveis, constituindo nada mais que superstição grosseira que desonra a igreja de
Cristo.

Atos 2,4-6: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em


outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem. Ora, estavam habitando
em Jerusalém judeus, homens piedosos, vindos de todas as nações debaixo do céu.
Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu a multidão, que se possuiu de
perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar na sua própria língua”.

João Batista profetizou que Jesus batizaria com o Espírito, este fato havia sido
previsto no Velho Testamento pelo profeta Joel e Jesus tinha repetido a promessa. O
Pentecostes selou de forma definitiva o final da era do Velho Testamento e marcou o
início do cristianismo. A partir do derramamento do Espírito no Pentecostes, o
desenvolvimento do ministério cristão recebeu um avivamento formidável que o levou a
todos os povos do mundo conhecido naquela época.

Colossenses 1,6: “Que chegou até vós; como também, em todo o mundo, está
produzindo fruto e crescendo, tal acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes e
entendestes a graça de Deus na verdade”.

SACRAMENTOLOGIA

O termo “sacramentologia” ainda soa estranho para muita gente. Mas, ele se
refere a uma matéria muito comum entre nós os católicos. Sacramentologia quer dizer
22

apenas o estudo sobre os sacramentos. Quando digo “apenas”, me refiro ao sentido do


termo, porquanto, não poderia dizer o mesmo sobre o objeto de seus estudo.

De fato, estudar os sacramentos significa enfrentar temas bastante complexos e


profundos. Na sua conceituação, até parece simples, mas cada um dos 7 (sete)
sacramentos da Igreja Católica nasce e encontra seu fundamento na história da
revelação, ou seja, no texto sagrado do cristianismo.

Portanto, estudar os sacramentos não é apenas saber quais e para que servem.
Seria muito simplório dizer que o Batismo é o sacramento de ingresso do cristão na fé
da Igreja. Ele é muito mais que isso. Por isso, é importante se aprofundar no seu estudo
e não só no baptismo, mas em todos os sacramentos. Então, vamos ao que interessa:

“Sacramento é um sinal sensível, instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, para
produzir a graça em nossas almas e santificá-las.”.

Para a Igreja, símbolos e rituais são formas de explanar a nossa fé. Assim como
sei que o sinal vermelho me diz para parar, sei que o batismo, além de produzir a graça
santificante, me confere os atributos/ônus de profeta, sacerdote e rei, atributos e ônus
estes decorrentes da minha irmandade em Jesus. E Ele, que institui este sinal, este
sacramento, é meu paradigma para a vida.

O QUE É UM SACRAMENTO?

Procuremos, em primeiro lugar, compreender bem o que é um sacramento,


donde vem e para que serve. Esta simples noção fará cair já a maior parte das objeções,
como, perante a exposição clara da verdade, dissipam-se todos os erros.

O catecismo diz que “sacramento é um sinal sensível, instituído por Nosso


Senhor Jesus Cristo, para produzir a graça em nossas almas e santificá-las.”

Desta definição resulta que três coisas são exigidas para constituir um
sacramento:
23

a) “Um sinal sensível”, representativo da natureza da graça produzida. Deve ser


“sensível” porque se não pudéssemos percebê-lo, deixaria de ser um sinal. Este sinal
sensível consta sempre de “matéria” e de “forma”, isto é, da matéria empregada e das
palavras pronunciadas pelo ministro do sacramento.

b) Deve ser “instituído por Jesus Cristo”, porque só Deus pode ligar um sinal
visível à faculdade de produzir a graça. Nosso Senhor, durante a sua vida mortal,
instituiu pessoalmente os sete sacramentos, deixando apenas à Igreja o cuidado de
estabelecer ritos secundários, realçá-los com cerimônias, sem tocar-lhe na substância.

c) “Para produzir a graça”, isto é, distribuir-nos os efeitos e méritos da redenção


que Jesus Cristo mereceu por nós, na cruz… Os sacramentos comunicam esta graça,
“por virtude própria”, independente das disposições daquele que os administra ou
recebe. Esta qualidade, chamada pela teologia “ex opere operato”, distingue os
sacramentos da “oração”, das “boas obras” e dos “sacramentais”, que tiram a sua
eficácia “ex opere operantis” das disposições do sujeito.

A graça, que a teologia define “um dom sobrenatural de Deus”, por causa dos
méritos de Jesus Cristo, como meio de salvação, é tudo na religião católica, é sua seiva,
o seu sopro, a sua alavanca.

Querendo ou não, todos os homens devem viver da graça ou se perderão


eternamente. Ou escolhem a vida de Cristo que é a graça, ou a vida da carne que é o
vício; a salvação ou a perdição.

Santo Agostinho define a graça da seguinte forma: “A graça é como o prazer que
nos atrai… Não há nada de duro na santa violência com que Deus nos atrai… tudo é
suave e benfazejo”.20Esta palavra é admirável: a graça é um verdadeiro poder atrativo,
que provém à vontade, a estimula e leva a Deus, a atrai por deleitação interior, e faz
amar, como por instinto, Aquele que a nossa razão devia amar acima de tudo: Deus.

Este termo “atrativo” parece novo em teologia, entretanto ele é a expressão da


palavra de Nosso Senhor: “Ninguém pode vir a mim, se Aquele que me enviou não o
atrair”21.E esta outra: “Uma vez levantado da terra, atrairei tudo a mim – omnia traham
ad meipsum”.

20
Sermo 133, cap. XI.
21
Cfr. Jo 8, 22.
24

O que é a graça e a necessidade dos sacramentos?

A graça em seu princípio é, pois, a vida de Deus em nós: “Participatio quaedam


naturae divinae”, diz Santo Tomás.

Para comunicar-nos a sua vida, Deus podia agir imediatamente sobre a nossa
alma; ele o faz às vezes. A simples elevação dos nossos corações, pela oração, podia
produzir este efeito, mas além desta ação imediata de Deus sobre a alma, além do meio
da oração, Deus instituiu meios particulares para comunicar-nos as suas graças, meios
obrigados, indispensáveis: estes meios são os sacramentos.

Vejamos esta necessidade; está admiravelmente descrita por S. Paulo (Rom. 6,


1-14): “Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum” (6, 1).
“Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos” (8). “O
pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da
graça” (14).

Há, pois, duas vidas em nós: a vida do pecado e a da graça. Ora, esta graça é o
dom de Deus, proveniente dos méritos de Jesus Cristo. É a seiva desta graça que deve
circular em nós: “Nós somos os ramos, Cristo é o tronco” (Jo 15, 4-5). Deve haver
união completa, íntima entre os meios de transmissão da graça e a alma que recebe esta
graça, como há união completa entre o tronco e os ramos.

Na oração e nas boas obras esta união completa não existe… Deve haver outro
meio e este meio são os sacramentos. Os sacramentos tornam-se, neste sentido, os
canais transmissores da graça divina às almas. Canais estabelecidos por Jesus Cristo,
como veremos, e, portanto, necessários.

Como provar a existência dos sete sacramentos?

É um dogma, definido pelo Concílio de Trento, que existem os sacramentos e


que são em número de sete.

São, pois, sete os sacramentos, nem mais, nem menos. A Igreja católica sempre
ensinou e sempre ensinará que há sete sacramentos, porque assim recebeu o ensino dos
Apóstolos, tanto pela Tradição, como pelo Evangelho, e assim o vai transmitindo aos
séculos. Nunca houve discussão a este respeito na Igreja, embora não encontremos nos
25

primeiros séculos a enumeração metódica que hoje empregamos na citação dos


sacramentos.
26

CONCLUSÃO

Ao chegarmos ao final deste trabalho, nos sentimos como que pessoas que levam algo
a mais do que quando não tínhamos feito este trabalho, pois realizar este trabalho aumentou
em nós e esclareceu em nós assuntos que nos eram estranhos, dos quais podemos afirmar que
ignorávamos parcialmente. Desenvolver estes temas nos tornam mais conhecedores da nossa
realidade como Cristãos. Assim sendo ao longo deste trabalho tivemos a oportunidade de
adquirir bases sobre estes principais assuntos relacionados a Cristo, Maria, Espírito Santo e os
Sacramentos, assuntos que na actualidade têm constituído motivos de dúvidas por parte de
muitos Cristão, e consequentemente dificultando o exercício de sua fé, por isso saber mais a
respeito destes assuntos é sempre uma honra.
27

Bibliografia

Associação Bíblica Espanhola, o Jesus Histórico, trad. Manuel Rito Dias, Ed.
Difusora Biblica( Franciscanos Capuchinhos.2002.

Espeja Jesus, Compreender os Sacramentos, Trad. Manuel de Almeida Trindade,


Ed. Verbo Divino

Nicola, Ubaldo. Antologia ilustrada de filosofia: das origens à idade moderna.


São Paulo: Globo, 2005.

Antônio Mesquita Galvão, teólogo leigo e escritor.

Dom Murilo S. R. Krieger, bispo e escritor mariano).

Ir. Aleixo Maria Autran.

Colossenses, Cap. 2:9.

Lavater.

Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, nº. 183.

Exortação Apostólica “Marialis Cultus”, nº. 24.

Ir. Aleixo Maria Autran, marista e escritor mariano.

Itinerarium Mentis in Deum, Prologus 4,53).

João Paulo II. Carta Encíclica “Redemptoris Mater”, nº. 2.

LG no. 67

Paulo VI. Exortação Apostólica “Marialis Cultus”, nº. 31.

Texto de Pe. Eugênio Antônio Bisinoto

Mateus 16:1
28

Índice
Introdução geral..............................................................................................................1

Resumo da Brochura.......................................................................................................2

CONCEITO GERAL DE CRISTOLOGIA.................................................................................4

Temas estudados na cristologia...................................................................................4

A importância da cristologia bíblica.............................................................................5

A natureza de Cristo....................................................................................................7

Cristologia Ortodoxa....................................................................................................8

Cristologia ariana.........................................................................................................9

MARIOLOGIA.................................................................................................................10

O QUE É MARIOLOGIA...............................................................................................10

ORIENTAÇÕES DO CONCÍLIO VATICANO II.................................................................11

MARIOLOGIA NO CONJUNTO DA FÉ CRISTÃ..............................................................11

ESTUDO E ESPIRITUALIDADE.....................................................................................12

ROTEIRO DE ESTUDO DA MARIOLOGIA.....................................................................13

PNEUMATOLOGIA.........................................................................................................15

PNEUMATOLOGIA – A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO............................................15

A Natureza E Ofício Do Espírito:................................................................................15


29

A DOUTRINA DO ESPÍRITO NA IGREJA CRISTÃ...........................................................18

A Personalidade Do Espírito......................................................................................18

AS PROFECIAS SOBRE O ESPÍRITO SANTO NO VELHO TESTAMENTO.........................19

A Unção Do Espírito:..................................................................................................19

O Conhecimento:.......................................................................................................19

A Salvação Do Povo De Deus:....................................................................................19

A Regeneração:..........................................................................................................19

O Pentecostes:...........................................................................................................20

A PROMESSA DO ESPÍRITO NO NOVO TESTAMENTO................................................20

O PENTECOSTES.........................................................................................................21

SACRAMENTOLOGIA......................................................................................................22

O QUE É UM SACRAMENTO?.....................................................................................22

O que é a graça e a necessidade dos sacramentos?..................................................24

Como provar a existência dos sete sacramentos?.....................................................24

CONCLUSÃO..................................................................................................................26

Bibliografia.....................................................................................................................27

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