CTM Aula 5

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIENCAIS EXATAS E TECNOLOGIAS


DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA QUIMICA

CTM: Materiais cerâmicos

Prof. Dr. Leonardo Mendonça


Materiais Cerâmicos
Introdução
Cubo de sílica
de isolamento
térmico. O
interior do cubo
está a 1250ºC e
pode ser
manuseado sem
protecção.
Usada no
isolamento
térmico do
Space Shuttle
Introdução
Definição
Cerâmica (Keramikos) = matéria-prima queimada.

As propriedades só são atingidas após um tratamento


térmico de alta temperatura – conhecido como ignição.
Introdução
Definição
▪ São materiais inorgânicos. A característica comum a estes materiais é
serem constituídos de elementos metálicos e elementos não
metálicos, ligados por ligações iônicas e/ou covalentes;

▪ Apresentam composições químicas muito variadas, desde compostos


simples a misturas de várias fases complexas ligadas entre si;

▪ As propriedades variam muito devido a diferenças de ligação


química;

▪ Os materiais cerâmicos são geralmente duros e frágeis, com


pouca tenacidade e pouca ductilidade;
Introdução
Definição
▪ São geralmente isolantes térmicos e elétricos (devido à ausência de
elétrons de condução)

▪ embora existam materiais cerâmicos semicondutores,


condutores e até mesmo supercondutores (estes dois
últimos, em faixas específicas de temperatura);

▪ Apresentam alto ponto de fusão e são comumente

▪ quimicamente estáveis sob condições ambientais severas

→ (devido à estabilidade das suas fortes ligações químicas).


Introdução
Exceções
▪ Fragilidade: cerâmicas
superplásticas. Ex: ZrO2
(zircônia) estabilizado com
Y2O3 (óxido de ítrio);

▪ “The zirconia oxide stabilized by


yttrium oxide offers except for its
extremely high strength also the
advantage that it is white, light-
permeable material.
Furthermore, its excellent
biocompatibility and low thermal
conductivity make it to be an
ideal material for accurate
prostheses.” Kralodent
Introdução
Exceções
▪ Isolantes Térmicos: diamante
(alta condutividade térmica –
VERIFICAR);

▪ Isolantes Elétricos:
semicondutores e
supercondutores.
Bismuth strontium calcium copper oxide
Introdução
Atenção
▪ O grafite e o diamante são tratados muitas vezes como
cerâmicas!

▪ Apesar de compostos unicamente de carbono, ambos os


materiais são formas de carbono inorgânicas, não sendo
produzidas por nenhum tipo de organismo vivo.
Introdução
Classificação quanto a aplicação
▪ Materiais Cerâmicos Tradicionais: cerâmicas estruturais, louças,
refratários (provenientes principalmente de matérias-primas
argilosas e de outros tipos de silicatos);

▪ Vidros e Vitro-Cerâmicas;

▪ Abrasivos;

▪ Cimentos;

▪ Cerâmicas “Avançadas”: aplicações eletro-eletrônicas, térmicas,


mecânicas, ópticas, químicas, bio-médicas.
Introdução
Classificação quanto a aplicação

Classificação dos Materiais Cerâmicos de acordo com a aplicação


Introdução
Cerâmicas Tradicionais e Avançadas
Introdução
Cerâmicas Tradicionais
▪ Telhas e tijolos
(cerâmica vermelha)
ainda são produzidos
com matéria-prima não
beneficiada.

▪ Ex.: tijolos, blocos,


telhas, ladrilhos de
barro, vasos, filtros,
tubos, manilhas.
Introdução
Cerâmicas Tradicionais
▪ Cerâmica branca, produtos refratários e
vidrados.

▪ São produzidos com matérias-primas


beneficiadas por diversas etapas de
moagem até um tamanho que permita a
separação por meio de

▪ sedimentação,
▪ separação magnética
▪ e eliminação de fases indesejáveis.

▪ Ex.: louças, porcelanas, azulejos, louça sanitária, porcelana refratária,


doméstica, elétrica ou artística.
Introdução
Cerâmicas Avançadas
▪ Utilizam matérias-primas que sofrem uma série de processos químicos
e mecânicos
▪ que permitem obter produtos de pureza elevada ( > 99,5%) e
pequeno tamanho de partícula (< 1µm).
▪ Óxidos, nitretos e carbetos podem
ser obtidos.

▪ A matéria-prima para as cerâmicas


avançadas pode também ser
sintética,
▪ ou seja, obtida por processos de
síntese química (alumina com
pureza> 99,99%).
Introdução
Cerâmicas Avançadas
▪ Cerâmica eletrônica: circuitos integrados, instrumentos e sensores de
laboratório, geradores de faísca.

▪ Cerâmica estrutural: rotores para motor turbo, ferramentas de corte,


mancais, pistões, bocais de extrusoras, bicos de queimadores.

▪ Pó finíssimo de Al2O3 (partículas compreendidas


▪ Alta dureza à quente(1600oC); entre 1 e 10 mícrons) mais ZrO2 (confere tenacidade
▪ Não reage quimicamente com o aço; a ferramenta de corte) é prensado, porém apresenta-
se muito poroso. Para eliminar os poros, o material é
▪ Longa vida da ferramenta;
sinterizado a uma tempertura de 1700oC ou mais.
▪ Usado com alta velocidade de corte; Durante a sinterização as peças experimentam uma
▪ Não forma gume postiço. contração progressiva, fechando os canais e
diminuindo a porosidade.
Introdução
Cerâmicas Avançadas
▪ Outras Aplicações

▪ Material de polimento, isolante elétrico (BN, B4C).

▪ Eixos, bicos pulverizadores, selos mecânicos, ferramentas de corte,


implantes ósseos, meios de moagem ( Al2O3).

▪ Matrizes de extrusão e fundição, tesouras, facas (ZrO2).

▪ Moderador nuclear, revestimento de câmeras de combustão de


foguetes, cadinhos para fusão de Ni e Pt, elemento protetor de
resistências de aquecimento (BeO)
Introdução
Cerâmicas Tradicionais e Avançadas
Diferenças
▪ Custo muito maior das avançadas; a matéria-prima das cerâmicas
avançadas é muito mais pura (> 99,5%) e os grãos são muito
menores (< 1µm).

▪ Processos de fabricação são mais sofisticados: torneamento,


prensagem de pós, injeção, prensagem isostática à quente, colagem
sob pressão, tape casting, CVD, sol-gel.
Introdução
Tipos Matérias Primas
▪ Naturais (brutas) – não sofrem nenhum tipo de beneficiamento (telhas
e tijolos).

▪ Refinadas (industrializadas) – são beneficiadas por diversas etapas de


moagem até um tamanho que permita a separação por meio de
sedimentação, separação magnética e eliminação de fases indesejáveis
(cerâmica branca, produtos refratários e vidrados).

▪ Industrializadas por processos químicos e mecânicos – Obtenção de


pureza elevada (> 99,5%) e pequeno tamanho de partícula (< 1µm)
(cerâmica avançada: óxidos, nitretos, carbetos etc).

▪ Sintéticas – Pós resultantes com características controladas (uso em


cerâmicas avançadas).
Introdução
Tipos Matérias Primas
Estruturas Cerâmicas
▪ Cerâmicas Cristalinas:

▪ O deslocamento de discordâncias é muito difícil – íons com mesma


carga elétrica são colocados próximos uns dos outros – REPULSÃO;
▪ No caso de cerâmicas onde a ligação covalente predomina o
escorregamento também é difícil – LIGAÇÃO FORTE.

▪ Cerâmicas Amorfas:

▪ Não há uma estrutura cristalina regular – NÃO HÁ DISCORDÂNCIAS;


▪ Materiais se deformam por ESCOAMENTO VISCOSO.
▪ A resistência à deformação em um material não-cristalino é medida
por intermédio de sua viscosidade.
Estruturas Cerâmicas
Estruturas
Cristalinas
▪ Em geral, a estrutura
cristalina dos materiais
cerâmicos é mais
complexa que a dos
metais.

→ São compostos pelo


menos por dois
elementos, em que cada
tipo de átomo ocupa
posições determinadas no
reticulado cristalino.
Estruturas Cristalinas
▪ Onde a ligação é predominantemente iônica – lembrando que ela pode
variar de puramente iônica até totalmente covalente –

→As estruturas cristalinas são compostas por íons eletricamente


carregados ao invés de átomos.

▪ O nível de caráter iônico depende das eletronegatividades dos átomos.

▪ Percentual de Caráter Iônico das


Ligações Interatômicas para Vários
Materiais Cerâmicos.
→ Ele é calculado da seguinte maneira:

Onde XA e XB são as eletronegatividades


para os respectivos elementos
Estruturas Cristalinas
▪ Ligação atômica predominantemente iônica → Estruturas
cristalinas compostas por íons, ao invés de átomos.

▪ Íons Metálicos: Cátions


▪ Íons Não-metálicos: Ânions

→ Duas características dos íons influenciam a estrutura do


cristal:

▪ A magnitude da carga elétrica (o cristal deve ser eletricamente


neutro → cargas + = cargas -);

▪ Os tamanhos relativos dos Cátions (rC) e dos Ânions (rA).


A magnitude da carga elétrica
Cristal Eletricamente Neutro

▪ Fluoreto de Cálcio, por exemplo

▪ Cada íon Cálcio possui uma carga elétrica +2 (Ca2+)


▪ Cada íon Flúor possui uma única carga negativa (F-)

→ Dessa forma deve existir duas vezes mais íons F- do que íons
Ca2+.

▪ Pode-se ver isso pela fórmula química do Fluoreto de Cálcio, CaF2.


Os Tamanhos Relativos dos Cátions e
dos Ânions.
▪ Os Cátions são menores que os Ânions, por que?
rC/rA < 1

→ Cada Cátion quer ter o máximo de Ânions como vizinhos mais


próximos e vice-versa.
▪ Estruturas Cristalinas Cerâmicas Estáveis: Todos os ânions estão em
contato com o Cátion.
Os Tamanhos Relativos dos Cátions e dos
Ânions.
▪ Para um número de coordenação específico → há uma razão rc/ra
crítica ou mínima para a qual o contato entre os íons é mantido →
razões puramente geométricas. Assim podemos determinar o NC!!!
Estruturas Cristalinas do Tipo AX
Estrutura do Sal-gema
▪ Estruturas do tipo AX: Números iguais de Cátions (A) e Ânions (X)

▪ Estrutura do Sal-gema

▪ Cloreto de Sódio (NaCl), ou sal-gema.

▪ Número de coordenação tanto para cátions quanto para ânions é 6,


então, rC / rA está entre aproximadamente 0,414 e 0,732.

▪ Configuração tipo CFC dos ânions com um cátion no centro do cubo


e outro em cada uma das 12 arestas do cubo → cátions centrados
nas faces.
Estruturas Cristalinas do Tipo AX
Estrutura da Blenda de Zinco
▪ Na maioria das vezes, a ligação atômica nos compostos que exibem
essa estrutura cristalina é altamente covalente (ver tabela), estando
incluídos entre esses compostos o ZnS, o ZnTe (semicondutor) e o SiC
(Abrasivos --- Freio de veículos, colete a prova de bala – quando
sinterizado).
Cálculos da densidade da cerâmica

n´ = Número de unidades da fórmula /Cel.Unitária;


∑AC = Soma dos pesos atômicos de todos os cátions na unidade de
fórmula;
∑AA = Soma dos pesos atômicos de todos os ânions na unidade de
fórmula;
Vc = Volume da célula unitária;
NA = Número de Avogadro: 6,023x1023 unidades de fórmula/mol
Cerâmicas à Base de Silicato

▪ Os silicatos são materiais compostos principalmente por silício e


oxigênio, os dois elementos mais abundantes na crosta terrestre;
consequentemente, a maior parte dos solos, rochas, argilas e areia se
enquadram na classificação de silicatos.

▪ Em vez de se caracterizar as estruturas cristalinas desses materiais em


termos de células unitárias, é mais conveniente usar vários arranjos
de um tetraedro composto por SiO44-.
Cerâmicas à Base de Silicato
▪ Cada átomo de silício está ligado a quatro átomos de oxigênio, os quais
estão localizados nos vértices do tetraedro;

▪ o átomo de silício está posicionado no centro do tetraedro.

▪ Uma vez que essa é a unidade básica dos silicatos, ela é tratada
normalmente como uma entidade carregada negativamente.
Cerâmicas à Base de Silicato
▪ Frequentemente, os silicatos não são considerados como iônicos, pois
as ligações interatômicas Si-O exibem um caráter covalente significativo,
o que torna essas ligações direcionais e relativamente fortes.

▪ Independente da natureza da ligação Si-O, existe uma carga de -4


associada a cada tetraedro de SiO44-, uma vez que cada um dos quatro
átomos de oxigênio exige um elétron extra para atingir uma estrutura
eletrônica estável → Quais as valências de ambos?.

▪ Várias estruturas de silicatos surgem das diferentes maneiras de


segundo as quais as unidades de SiO44- podem ser combinadas em
arranjos unidimensionais, bidimensionais e tridimensionais.
Cerâmicas à Base de Silicato
Sílica
▪ O Dióxido de Silício ou Sílica (SiO2) é o mais simples silicato.

▪ Forma arranjo tridimensional, onde os átomos de Oxigênio dos


vértices são divididos com os tetraedros adjacentes.

▪ O material é eletricamente neutro e apresenta estrutura


eletrônica estável.

▪ Sob essas circunstâncias, a razão entre o número de átomos


de silício e o número de átomos de O é 1:2, como indicado
pela fórmula química.
Cerâmicas à Base de Silicato
Sílica
▪ Se esses tetraedros forem
arranjados de maneira regular e
ordenada, forma-se uma estrutura
cristalina.

▪ Existem três formas cristalinas


polimórficas principais para a
Sílica: Cristobalita, Quartzo e
Tridimita.

→ São estruturas complicadas e


abertas (átomos não densamente
compactados) → densidade baixa.
→ Força de ligação alta (Tfusão =
1710oC)
Cerâmicas à Base de Silicato
Vidros à Base de Sílica
▪ A sílica também pode ser constituída na forma de um sólido não-cristalino
ou vidro, com um elevado grau de aleatoriedade atômica, o que é uma
característica dos líquidos; tal maneira é conhecida por sílica fundida ou
sílica vítrea.
▪ A estrutura tetraédrica é SiO44- é a unidade básica (como na sílica cristalina);
além dessa estrutura existe uma desordem considerável.

(a) (b)
Esquemas bidimensionais da estrutura do dióxido de silício cristalino (a) e do
dióxido de silício não-cristalino (b).
Cerâmicas à Base de Silicato
Vidros à Base de Sílica
▪ Outros óxidos (p.e. B2O3 e GeO2) podem também formar estruturas
vítreas;

▪ Esses materiais, como o SiO2, são conhecidos como formadores de


rede.

▪ Os vidros inorgânicos comuns que são usados para recipientes, janelas, e


assim por diante, são vidros à base de sílica, aos quais foram adicionados
outros óxidos, tais como CaO e Na2O.

▪ Esses óxidos não formam redes poliédricas (seus cátions são


incorporados no interior e modificam a rede do SiO44-) e são
conhecidos como modificadores de rede.
Cerâmicas à Base de Silicato
Vidros à Base de Sílica
▪ Ainda outros óxidos, como o TiO2 e o
Al2O3 que não são formadores de rede,
substituem o silício e se tornam parte
da rede, a estabilizando → óxidos
intermediários.

Qual o efeito deles???

▪ A adição desses modificadores e


óxidos intermediários diminui o ponto
de fusão e a viscosidade de um vidro,
tornando mais fácil a sua conformação
a temperaturas mais baixas.
Cerâmicas à Base de Silicato
Vidros à Base de Sílica RESUMO
1. As estruturas atômicas de materiais podem não estar regularmente
dispostas como em redes cristalinas → Estruturas amorfas ou
vítreas.

2. Este tipo de estrutura, entretanto, não é completamente


desordenada.

▪ Ela é formada por blocos constitutivos dispostos de maneira


desordenada.

▪ Porém a estrutura destes blocos é regular.

▪ Assim, pode-se dizer que as estruturas vítreas possuem


desordem de longo alcance e ordem de curto alcance.
Cerâmicas à Base de Silicato
Vidros à Base de Sílica RESUMO
3. Nem todos os materiais podem apresentar uma estrutura vítrea,

▪ porém todos os materiais que apresentam estrutura vítrea


também apresentam estrutura cristalina.

▪ Pode-se dizer que a estrutura vítrea é uma fase metaestável e a


estrutura cristalina é a fase estável.

4. Óxidos que podem apresentar estrutura vítrea são ditos


formadores de rede. Exemplos de formadores de rede são: SiO2,
GeO2, P2O5 e As2O5.

▪ Outros cátions podem substituir os cátions dos formadores de


rede, porém eles mesmos não conseguem formar redes vítreas.
Cerâmicas à Base de Silicato
Vidros à Base de Sílica RESUMO
5. Em redes cristalinas, os blocos constitutivos formam arranjos
regulares.

▪ Isto ocorre porque cada bloco está conectado a um número


grande de blocos vizinhos, formando um arranjo tridimensional.

▪ Quando a conectividade de cada bloco constitutivo cai, torna-se


possível que o arranjo de blocos não seja ordenado.
Imperfeições nas Cerâmicas
Impurezas nas Cerâmicas
▪ Como em metais, átomos de impureza podem formar soluções sólidas
(substitucional e intersticial) em cerâmicas.

▪ Em solução sólida intersticial, o raio iônico da impureza deve ser


relativamente pequeno em comparação ao ânion.

▪ Uma vez que existem ânions e cátions, uma impureza substitucional irá
substituir um íon hospedeiro que seja mais semelhante a ela no
aspecto elétrico: se o átomo da impureza forma normalmente um
cátion em um material cerâmico, ele irá, mais provavelmente, substituir
um cátion hospedeiro.

▪ Exemplo: NaCl (Na+Cl-) → seriam substituídos por → Ca2+ e O2-


respectivamente.
Imperfeições nas Cerâmicas
Impurezas nas Cerâmicas
▪ Solubilidade sólida apreciável de impureza substitucional → tamanho e carga
iônica da impureza devem ser muito próximos daqueles dos íons hospedeiros!

▪ Íon de impureza com


carga diferente do
hospedeiro → cristal deve
compensar para que a
eletroneutralidade seja
mantida. → pode ser
realizado através da
produção de novos
defeitos da rede cristalina
(lacunas e intersticiais).
Propriedades Mecânicas
Fratura Frágil das Cerâmicas
▪ À temperatura ambiente, tanto cerâmicas cristalinas como as não-
cristalinas quase sempre fraturam antes que qualquer deformação
plástica possa ocorrer em resposta à aplicação de uma carga de
tração.

▪ Fratura Frágil → formação e propagação de trincas através da seção


reta do material em uma direção perpendicular à carga aplicada.

→ crescimento da trinca em cerâmicas cristalinas se dá através


dos grãos (transgranular) e ao longo de planos cristalográficos (ou
de clivagem) específicos, planos de elevada densidade atômica.
Propriedades Mecânicas
Fratura Frágil das Cerâmicas
▪ Isso pode ser explicado pela presença de defeitos muito pequenos e
onipresentes no material, os quais servem como fatores de concentração
de tensões, ou seja, pontos onde a magnitude de uma tensão de tração
aplicada é amplificada.
▪ Como
estimamos
essa tensão
máxima???
Propriedades Mecânicas
Fratura Frágil das Cerâmicas
▪ O grau de amplificação da tensão depende do comprimento da trinca e do
raio de curvatura da extremidade da trinca, de acordo com a equação,

▪ sendo maior no caso de defeitos longos e pontiagudos.

▪ Esses concentradores de tensões podem ser diminutas trincas de superfície


ou internas (microtrincas), poros internos e arestas de grãos, os quais são
virtualmente impossíveis de serem eliminados ou controlados.

▪ Fibras de vidro → umidade e contaminantes presentes na atmosfera podem


introduzir trincas de superfícies em fibras recentemente estiradas.
Propriedades Mecânicas
Fratura Frágil das Cerâmicas
▪ O grau de amplificação da tensão depende do comprimento da trinca e do
raio de curvatura da extremidade da trinca, de acordo com a equação,
Tensão máxima na extremidade da trinca σm
Magnitude da tensão de tração nominal aplicada σ0
Raio de curvatura da extremidade da trinca ρe
Comprimento de uma trinca superficial, ou C/2 de uma trinca interna a

▪ sendo maior no caso de defeitos longos e pontiagudos.

▪ Esses concentradores de tensões podem ser diminutas trincas de superfície


ou internas (microtrincas), poros internos e arestas de grãos, os quais são
virtualmente impossíveis de serem eliminados ou controlados.

▪ Fibras de vidro → umidade e contaminantes presentes na atmosfera podem


introduzir trincas de superfícies em fibras recentemente estiradas.
Propriedades Mecânicas
Fratura Frágil das Cerâmicas
▪ A medida de habilidade de um material cerâmico em resistir à fratura quando
uma trinca está presente é especificada em termos da tenacidade à fratura.

▪ A tenacidade à fratura em deformação plana, KIc, é definida pela expressão:

Parâmetro ou função adimensional que depende tanto da amostra


como das geometrias da trinca Y
Tensão aplicada σ
Comprimento de uma trinca superficial, ou C/2 de uma trinca interna a

▪ A propagação da trinca não irá ocorrer enquanto o lado direito da eq. for
inferior à tenacidade à fratura em deformação plana do material.

▪ Os valores da tenacidade à fratura em deformação plana para os materiais


cerâmicos são menores do aqueles apresentados pelos metais; tipicamente
eles são menores do que 10 MPa/m².
Propriedades Mecânicas
Fratura Frágil das Cerâmicas
▪ Tensões de compressão → não existe qualquer amplificação de
tensões associada com qualquer defeito existente.

▪ Assim, as cerâmicas frágeis exibem resistências muito maiores


em compressão do que em tração (da ordem de um fator de
10),

▪ e elas são geralmente utilizadas quando as condições de


carregamento são compressivas.
Propriedades Mecânicas
Fratura Frágil das Cerâmicas
▪ Tensões de compressão → não existe qualquer amplificação de
tensões associada com qualquer defeito existente.

▪ Como posso melhorar a resistência à fratura de uma cerâmica


frágil?

▪ Ainda, a resistência à fratura de uma cerâmica frágil pode ser


melhorada substancialmente pela imposição de tensões
residuais de compressão na superfície (revenimento térmico).

→ Por isso veremos mais adiante a questão de tratamentos térmicos


nos cerâmicos.
Propriedades Mecânicas
Comportamento Tensão-Deformação
RESITÊNCIA À FLEXÃO

Em cerâmicas frágeis → comportamento tensão-deformação NÃO é


em geral é avaliado por ensaio de tração.

▪ Difícil preparo de amostras que tenham a geometria exigida.

▪ Difícil prender e segurar materiais frágeis sem fraturá-los.

▪ As cerâmicas falham após uma deformação de apenas aprox.


0,1%
▪ isso exige que os corpos de prova estejam perfeitamente
alinhados para evitar tensões de dobramento ou flexão, que
não são facilmente calculadas.
Propriedades Mecânicas
Comportamento Tensão-Deformação
RESITÊNCIA À FLEXÃO

▪ Portanto aplicamos, na maioria das vezes, ensaio de flexão


transversal :

→ Mais adequado para tais casos

→ corpo de prova na forma de uma barra (com seção reta circular


ou retangular) é flexionado até sua fratura, utilizando uma
técnica de carregamento em três ou quatro pontos (ASTM
C1161).
Propriedades Mecânicas
Comportamento Tensão-Deformação
RESITÊNCIA À FLEXÃO

▪ Valores característicos para resistência à flexão de vários cerâmicos são dados


a seguir, no próximo slide.

→ Considerações Importantes

▪ Uma vez que durante a flexão, um CP está sujeito tanto a tensões


compressivas como trativas, a magnitude de sua resistência à flexão é
maior do que a por tração.

▪ Além disso, σrf dependerá do tamanho do corpo de prova.


Com o aumento do volume do corpo de prova (sob tensão)
existe um aumento na severidade do defeito e,
consequentemente, uma diminuição na resistência á flexão.
Propriedades Mecânicas
Comportamento Tensão-Deformação
Propriedades Mecânicas
Comportamento Tensão-Deformação
COMPORTAMENTO ELÁSTICO

→ Se formos comparar com os metais o

→ comportamento elástico tensão-deformação para os cerâmicos


quando se utilizam testes de flexão

→ é semelhante aos resultados apresentados pelos ensaios de


tração realizados com metais:

→ existe uma relação linear entre a tensão e a deformação.


Propriedades Mecânicas
Comportamento Tensão-Deformação
COMPORTAMENTO ELÁSTICO

▪ A figura compara o comportamento tensão-deformação até a


fratura para o óxido de alumínio (alumina) e para o vidro.

▪ O coef. angular (inclinação) da curva na região elástica é o módulo


de elasticidade;

▪ a faixa para ele nos materiais cerâmicos encontra-se entre


aproximadamente 70 e 500 GPa, sendo ligeiramente maior do
que para os metais.

▪ A tabela anterior lista valores para vários materiais cerâmicos.


Propriedades Mecânicas
Comportamento Tensão-Deformação
COMPORTAMENTO
ELÁSTICO

▪ Comportamento típico
tensão-deformação até a
fratura para o óxido de
alumínio e o vidro.
Propriedades Mecânicas
Mecanismos da Deformação Plástica
▪ Embora à Tambiente a maioria dos cerâmicos sofra fratura antes do
surgimento de qualquer deformação plástica, é necessário ver
rapidamente os seus mecanismos.

▪ A deformação plástica difere para cerâmicas cristalinas e não-


cristalinas.
Propriedades Mecânicas
Mecanismos da Deformação Plástica
CERÂMICAS CRISTALINAS

▪ Ocorre como nos metais, pela movimentação de discordâncias.

→ Uma razão para a dureza e a fragilidade desses materiais é a


dificuldade de escorregamento (ou movimento da discordância).

→ Quando a ligação é predominantemente iônica, existem muito


poucos sistemas de escorregamento (planos e direções
cristalográficas dentro daqueles planos) ao longo dos quais as
discordâncias podem se mover.
Propriedades Mecânicas
Mecanismos da Deformação Plástica
CERÂMICAS CRISTALINAS

▪ Por que isso acontece???

→ Isso é uma consequência da natureza eletricamente carregada dos


íons .

→ Para o escorregamento em algumas direções, os íons de mesma


carga são colocados próximos uns aos outros;

→ devido à repulsão eletrostática, essa modalidade de


escorregamento é muito restrita.

Metais → isso não ocorre pois todos os átomos são eletricamente


neutros.
Propriedades Mecânicas
Mecanismos da Deformação Plástica
CERÂMICAS CRISTALINAS

▪ Cerâmicas com ligação altamente covalente → o escorregamento


também é difícil, eles são frágeis pelas seguintes razões:

1. As ligações covalentes são relativamente fortes;

2. Existe também um número limitado de sistemas de


escorregamento;

3. As estruturas das discordâncias são complexas.


Propriedades Mecânicas
Mecanismos da Deformação Plástica
CERÂMICAS NÃO-CRISTALINAS

▪ A deformação plástica NÃO ocorre pelo movimento das


discordâncias,
→ POIS NÃO EXISTE UMA ESTRUTURA ATÔMICA REGULAR!

▪ Eles se deformam através de um escoamento viscoso, que é a


maneira segundo a qual os líquidos se deformam;
Propriedades Mecânicas
Mecanismos da Deformação Plástica
CERÂMICAS NÃO-CRISTALINAS

▪ A taxa de deformação é proporcional à tensão aplicada.

▪ Em resposta à aplicação de uma tensão de cisalhamento, os


átomos ou íons deslizam uns sobre os outros através da quebra
e da reconstrução de ligações interatômicas.

▪ Contudo, não existe uma maneira ou direção predeterminada


segundo a qual fenômeno ocorre, como é o caso para as
discordâncias.
Propriedades Mecânicas
Mecanismos da Deformação Plástica
CERÂMICAS NÃO-CRISTALINAS

▪ Representação do
escorregamento viscoso
(demonstrado em escala
macroscópica) de um
líquido ou vidro fluido
em resposta à aplicação
de uma força de
cisalhamento.
Propriedades Mecânicas
Mecanismos da Deformação Plástica
▪ Se a velocidade da placa superior é suficientemente baixa, as
partículas do fluido se movem em paralelo a ela, e a sua velocidade
irá variar linearmente a partir de zero, na parte inferior para a parte
superior.

▪ Cada camada de fluido se move mais rapidamente do que a camada


imediatamente abaixo, e o atrito entre elas irá dar origem a uma
força resistindo a esse movimento relativo.
▪ Em particular, o fluido vai aplicar sobre a placa superior uma força na
direção oposta ao seu movimento, e uma força igual, mas em direção
oposta à placa de fundo.

▪ Uma força externa é então necessária para manter a placa superior


em movimento a uma velocidade constante.
Propriedades Mecânicas
Mecanismos da Deformação Plástica
CERÂMICAS NÃO-CRISTALINAS

▪ A propriedade característica para um escoamento viscoso, a


viscosidade, representa uma medida de resistência à deformação de
um material não-cristalino.

▪ Para o escoamento viscoso de um líquido que tem sua origem nas


tensões de cisalhamento impostas por duas chapas planas e
paralelas:
Viscosidade η representa a razão entre a:
τ tensão de cisalhamento aplicada, e
dv alteração na velocidade em função da
dy distância em uma direção perpendicular e se afastando das
chapas → Taxa de deformação.
Ver Figura Anterior
Propriedades Mecânicas
Mecanismos da Deformação Plástica
CERÂMICAS NÃO-CRISTALINAS

▪ Quanto maior a viscosidade, menor será a velocidade em que o fluido


se movimenta.

▪ Viscosidade é a propriedade associada a resistência que o fluido


oferece a deformação por cisalhamento.
Propriedades Mecânicas
Mecanismos da Deformação Plástica
CERÂMICAS NÃO-CRISTALINAS

▪ Líquidos → viscosidades relativamente baixas.

▪ Vidros → viscosidades extremamente elevadas à temperatura


ambiente.

temperatura → magnitude da ligação → movimento de


escorregamento ou escoamento dos átomos ou íons ficam facilitados.
→ Viscosidade.
Propriedades Mecânicas
Influência da Porosidade
▪ Em alguns casos, para a fabricação de materiais cerâmicos o material
de origem se encontra na forma de pó;

▪ Após a compactação ou conformação dessas partículas pulverizadas


na forma desejada, existirão poros ou espaços vazios entre as
partículas do pó.

▪ Durante T. T. a maior parte da porosidade será eliminada, entretanto


ele será incompleto em alguns casos resultando numa porosidade
residual.

▪ Porosidade terá influência negativa sobre as propriedades


elásticas e a resistência.
Propriedades Mecânicas
Influência da Porosidade
▪ A porosidade exerce um efeito negativo por dois motivos:

1. Os poros reduzem a área de seção reta através da qual uma


carga é aplicada, e

2. Eles também atuam como concentrados de tensões (no caso de


um poro esférico isolado, uma tensão de tração que seja
aplicada é amplificada por um fator de 2).

→ A influência da porosidade sobre a resistência é relativamente


drástica;
→ p.e., não é incomum que uma porosidade de 10% vol seja
responsável por uma diminuição em 50% na resistência à flexão
em relação ao material sem porosidade.
Propriedades Mecânicas
Influência da Porosidade
▪ O grau de influência do
volume de poros está
mostrado na figura,
novamente para o óxido de
alumínio.

▪ Experimentalmente tem
sido mostrado que a
resistência à flexão
diminui exponencialmente
Fração volumétrica da porosidade
em função da fração
volumétrica de porosidade
(P), de acordo com a
relação:
→ σ0 e n representam constantes
experimentais.
Aplicações e Processamento
das Cerâmicas
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Produtos à base de Argila

▪ Uma das matérias-primas cerâmicas mais amplamente utilizadas é a


argila.

→ Ingrediente barato, encontrado naturalmente e em grande


abundância, é usado frequentemente na forma como é extraído,
sem qualquer melhoria na sua qualidade.

→ Podem ser conformados facilmente. Quando misturados nas


proporções corretas, a argila e a água formam uma massa
plástica que é muito suscetível a modelagem.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
As Características das Argila

▪ As argilas são aluminossilicatos, sendo compostas por alumina


(Al2O3) e sílica (SiO2), as quais contêm água quimicamente ligada.

▪ Impurezas presentes mais comuns: compostos (geralmente


óxidos) à base de bário, cálcio, sódio, potássio e ferro, e também
alguns materiais orgânicos.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Composições dos Produtos a base Argila
▪ Além da argila, muitos desses produtos (em particular as louças
brancas) também contêm alguns ingredientes não-plásticos;

→ os mineras não-argilosos incluem o sílex, ou quartzo finamente


moído, e um fundente, tal como o feldspato.

→ O quartzo é usado principalmente como material de enchimento, ou


carga.

→ Barato e quimicamente não-reativo.

→ Pouca alteração durante o Trat. Térmico a alta T (possui


elevada Tfusão);

→ quando fundido, no entanto, pode formar vidro.


Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Composições dos Produtos a base Argila

→ O fundente, quando misturado com a argila, forma um vidro com


ponto de fusão relativamente baixo.

→ As proporções de argila, quartzo e fundente influenciam as


alterações durante a secagem e o cozimento, e também as
características da peça acabada.

→ Porcelana típica pode conter 50% de argila, 25% de quartzo e 25% de


feldspato (fundente).
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Técnicas de Fabricação da Argila
→ Matérias-primas extraídas :

→ devem passar por operação de moagem ou trituração (reduzir


tamanho das partículas)

→ seguido por um peneiramento ou classificação por granulometria


que produz um produto pulverizado que possui uma faixa desejada
de tamanho de partículas.

→ Para sistemas multicomponentes, os materiais pulverizados devem ser


completamente misturados com água e, talvez, outros ingredientes
para dar as características de escoamento que são compatíveis com a
técnica de conformação a ser empregada.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Técnicas de Fabricação da Argila

→ A peça conformada deve ter resistência mecânica suficiente para


permanecer intacta durante as operações de transporte, secagem e
cozimento.

→ Duas técnicas usuais de modelagem são utilizadas para a


conformação de composições à base de argila:

→ Conformação hidroplástica, e;

→ Fundição por suspensão.


Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Técnicas de Fabricação da Argila

CONFORMAÇÃO HIDROPLÁSTICA

→ Minerais à base de argila, misturados com água se tornam altamente


plásticos e flexíveis e podem ser moldados sem ocorrerem trincas;

→ Entretanto possuem limite de escoamento extremamente baixos.

→ A consistência (razão água-argila) da massa hidroplástica deve dar


um limite de escoamento suficiente para permitir que a peça
conformada mantenha sua forma durante manuseio e secagem.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Técnicas de Fabricação da Argila
CONFORMAÇÃO HIDROPLÁSTICA

→ Técnica de conformação hidroplástica mais comum:

→ extrusão: massa cerâmica plástica rígida é forçada (geralmente por


meio de rosca sem fim acionada por motor – ar removido por
câmara de vácuo para melhorar densidade da peça) através de um
orifício de uma matriz que possui a geometria da seção reta
desejada (semelhante extrusão de metais).

→ Fabrico: Tijolos, tubos, blocos cerâmicos e azulejos.


Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Técnicas de Fabricação da Argila
CONFORMAÇÃO HIDROPLÁSTICA

→ Extrusão
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Técnicas de Fabricação da Argila
CONFORMAÇÃO HIDROPLÁSTICA

→ Telhas: Extrusão + Compressão Prensa para telhas


Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Técnicas de Fabricação da Argila
CONFORMAÇÃO HIDROPLÁSTICA
→ Pratos: Extrusão + Corte + Torneamento

Tubos obtidos por extrusão Corte + Torneamento


Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Técnicas de Fabricação da Argila
FUNDIÇÃO POR SUSPENSÃO

→ Suspensão: suspensão de argila e/ou outros minerais não-plásticos


em água.

→ Quando derramada dentro de um molde poroso (feito em geral de


gesso-de-paris), a água da suspensão é absorvida no interior do molde,
deixando para trás uma sólida camada sobre a parede do molde cuja
espessura irá depender do tempo.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Técnicas de Fabricação da Argila
FUNDIÇÃO POR SUSPENSÃO

→ O processo pode ser continuado até que a totalidade da cavidade do


molde se torne sólida (fundição sólida) (a).

→ Ou ele pode ser interrompido quando a camada sólida atingir a


espessura desejada, pela inversão do molde e o derramamento da
suspensão em excesso (fundição com dreno) (b).

→ Na medida que a peça seca e se contrai em volume ela se separa do


molde, que pode ser desmontado e a peça removida.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Técnicas de Fabricação da Argila
FUNDIÇÃO POR SUSPENSÃO
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Secagem e Cozimento
→ A peça cerâmica conformada hidroplasticamente ou através de
fundição por suspensão:

→ Retém uma porosidade significativa e também possui uma


resistência insuficiente para maioria das aplicações práticas.

→ Pode conter ainda algum líquido o qual pode ser removido por
secagem.

→ A densidade e resistência são melhoradas como resultado de um


Tratamento Térmico a alta Temperatura ou de um procedimento
de Cozimento

→ Material seco mas não cozido → Cru.


Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Secagem e Cozimento

→ Secagem e Cozimento são críticas:

→ podem gerar defeitos que tornam a peça imprestável.

→ De onde vem os defeitos???

→ Defeitos (empenamento, distorções e trincas) resultam de tensões


que são estabelecidas por uma contração de volume não-
uniforme.

→ Veremos então a contração de volume que ocorre no processo de


SECAGEM!
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Secagem
→ Na medida que um corpo cerâmico à base de argila seca, ocorre
contração de volume.

→ No início da secagem as partículas de argila estão virtualmente


envolvidas e separadas uma das outras por uma fina película de
água.

→ Com a secagem a separação diminui provocando uma contração


de volume.

→ Torna-se crítico controlar essa remoção de água durante a


secagem.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Secagem
→ A secagem das regiões internas ocorre pela difusão de moléculas de
água para a superfície, onde ocorre a evaporação.

→ Se a taxa de evaporação > taxa de difusão a superfície irá


secar (e contrair em volume) mais rapidamente que o interior

→ poderão se formar defeitos mencionados anteriormente.

→ O que FAZER???

→ Taxa de evaporação da superfície deve ser diminuída para, no


máximo, a taxa de difusão da água. Ela pode ser controlada pela
temperatura, umidade e taxa de escoamento do ar.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Secagem
O que mais influi na contração de volume???

→ Espessura do corpo também influencia a contração de volume → peça


mais espessas, tenho contração de volume não-uniforme e formação
de defeitos mais pronunciada.

→ Teor de água no corpo também é crítica. Quanto mais água, mais


intensa a contração de volume. → teor deve ser mantido baixo.

→ Tamanho das partículas de argila também influencia: maior contração


de volume com menor tamanho da partículas. POR QUE???

→ tamanho de partículas deve ser aumentado,

→ ou elementos não-plásticos com partículas grandes podem ser


adicionados à argila. E APÓS A SECAGEM???
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Cozimento
→ Após a secagem, um corpo é geralmente cozido a uma temperatura
entre 900 e 1400oC.

→ Esta temperatura depende da composição e das propriedades


desejadas para a peça acabada.

→ Durante a operação de cozimento,

→ a densidade é novamente aumentada (com uma consequente


diminuição na porosidade), → COMO ACONTECE ESSA
DIMINUIÇÃO DA POROSIDADE???

→ e a resistência mecânica é melhorada.


Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Cozimento
→ Quando materiais à base de argila são aquecidos a temperaturas
elevadas, ocorrem alguma reações consideravelmente complexas.
Uma delas é a vitrificação.

▪ Vitrificação é a formação gradual de um vidro líquido que flui


para dentro e preenche parte do volume dos poros.

▪ O grau de vitrificação depende da temperatura e do tempo de


cozimento, bem como da composição do corpo.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Cozimento
▪ A temperatura na qual a fase líquida se forma é reduzida pela
adição de agentes fundentes, como o feldspato.

▪ Essa fase escoa ao redor das partículas não fundidas e


preenchem os poros, pelas forças de tensão superficial (ação
capilar) → se segue uma contração de volume.

▪ Com o resfriamento, essa fase fundida forma uma matriz vítrea


que resulta em um corpo denso e resistente.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Cozimento
→ Dessa forma, a microestrutura final consiste em uma fase vitrificada,
quaisquer partículas de quartzo que não reagiram e alguma
porosidade.

→ O grau de vitrificação controla as propriedades à T ambiente da peça


cerâmica; resistência, durabilidade e densidade são melhoradas à
medida que a vitrificação aumenta.

→ A T de cozimento determina a extensão de acordo com a qual ocorre


a vitrificação.

→ T de cozimento → vitrificação.

→ Vitrificação completa deve ser evitada → corpo se torna muito mole e


irá colapsar.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Cozimento
→ A figura mostra uma MEV de uma porcelana cozida onde esses elementos
microestruturais podem ser vistos.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Refratários
→ Ingredientes brutos: tanto partículas grandes (ou chamotes) como
partículas finas (com cozimento, normalmente formam fase de ligação
ou colagem – essa fase pode ser vítrea ou cristalina).

→ Temperatura de serviço: inferior a de cozimento.

→ Quanto menor a porosidade

→ maior resistência, tanto para suportar carga quanto também ao


ataque de materiais corrosivos.

→ Menor resistência ao choques térmicos e isolamento térmico.

→ Porosidade ótima depende das condições de serviço.


Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Outros Métodos de Processamento
Prensagem do Pó

▪ Processo rápido.

▪ Composições argilosas e não-argilosas (cerâmicas eletrônicas,


magnéticas, alguns produtos à base de tijolos refratários) – Análogo
cerâmico à metalurgia do pó.

▪ Massa pulverizada contendo pequena quantidade de água (ou outro


elemento aglutinante) é compactada na forma desejada mediante
pressão.

▪ O grau de compactação é maximizado e a fração de espaço vazio é


minimizada pelo uso de partículas maiores e mais finas misturadas em
proporções apropriadas.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Outros Métodos de Processamento
Prensagem do Pó

▪ Não existe qualquer deformação plástica das partículas durante o


processo de compactação, como nos metais.

▪ Uma das funções do elemento aglutinante é a de lubrificar as partículas


pulverizadas, à medida que elas se movem umas contra as outras
durante o processo de compactação.

▪ Três procedimentos básicos de prensagem de pós:

▪ Uniaxial;
▪ Isostático (ou hidrostático) e;
▪ Prensagem a quente.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Outros Métodos de Processamento
Prensagem do Pó – Prensagem Uniaxial

▪ Pó compactado em um molde metálico através de uma pressão que é


aplicada ao longo de uma única direção.

▪ A peça conformada assume a configuração do molde e do cursor da


prensa através do qual a pressão que é aplicada.

▪ Restrito a formas relativamente simples.

▪ Contudo apresenta altas taxas de produção e o processo é barato.


Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Outros Métodos de Processamento
Prensagem do Pó – Prensagem Uniaxial

a) Cavidade do molde é preenchida com


pó.

b) O pó é compactado por meio de uma


pressão aplicada sobre a parte
superior do molde.

c) A peça compactada é ejetada pela


ação de elevação do punção inferior.

d) A sapata de enchimento empurra a


peça compactada para fora do molde,
e a etapa de enchimento é repetida.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Outros Métodos de Processamento
Prensagem do Pó – Prensagem Isostática

▪ Material pulverizado está contido em um envelope de borracha.

▪ A pressão é aplicada por um fluido, isostaticamente (possui a mesma


magnitude de pressão em todas as direções).

▪ São possíveis formas mais complicadas do que em uma situação de


prensagem uniaxial.

▪ Entretanto, na prensagem isostática, consome mais tempo e é de


exucação mais cara.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Outros Métodos de Processamento
Prensagem do Pó – Cozimento

▪ Tanto para o procedimento uniaxial quanto para o isostático, é exigida


uma operação de cozimento após a operação de prensagem.

▪ No cozimento, a peça moldada apresenta uma contração em volume e


experimenta uma redução em sua porosidade, juntamente com uma
melhoria da sua integridade mecânica.

▪ Essas alterações ocorrem mediante a coalescência das partículas de pó


para formar uma massa mais densa, em um processo conhecido por
sinterização.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Outros Métodos de Processamento
Sinterização no estado sólido

▪ Após a prensagem muitas partículas de pó se tocam entre si (a).

▪ No estágio inicial da sinterização ocorre a formação de empescoçamento


ao longo das regiões de contato entre partículas adjacentes e se forma
um contorno de grão dentro de cada pescoço,

▪ e cada interstício entre as partículas se torna um poro (b);

▪ Os poros se tornam menores e adquirem e adquirem formas mais


esféricas (c).
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Outros Métodos de Processamento
Sinterização no estado sólido

▪ As partículas se ligam entre si por difusão no estado sólido.

▪ O compacto poroso adquire maior densidade e resistência.

▪ As partículas coalescem sem fusão formando um “pescoço” e os poros vão


ficando cada vez menores e os grãos maiores à medida que progride o
processo de sinterização.

▪ Este processo é usado para cerâmicas avançadas que utilizam matéria-


prima muito pura ( ex, um óxido; a temperatura usada em geral é de ¾ da
temperatura de fusão do material).

▪ Com maiores tempos de sinterização os poros vão ficando menores.


Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Outras Métodos de Processamento
Sinterização no estado sólido

▪ A força motriz para o processo de sinterização é a


redução na área superficial total das partículas;

▪ As energias de superfície são maiores em


magnitude do que as energias dos contornos de
grão.

▪ A sinterização é conduzida a uma T abaixo da T de


fusão, de modo tal que normalmente NÃO existe
uma fase líquida presente.

▪ O transporte de massa necessário para as


alterações na figura ao lado é obtido através da
difusão atômica.
Aplicações e Processamento das Cerâmicas
Outras Métodos de Processamento

Sinterização no estado
sólido

Compactado de pós de óxido


de alumínio que foi
sinterizado a 1700oC e 6 min.

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