Visao e Controlo Motor
Visao e Controlo Motor
Visao e Controlo Motor
Setembro de 2019
Ricardo Miguel Matias Gomes
Setembro de 2019
Ricardo Miguel Matias Gomes
Orientadores:
Prof. Doutor Rui Manuel Sousa Mendes
(Instituto Politécnico de Coimbra. Escola Superior de
Educação)
COIMBRA
2019
A minha ausência e impaciência, durante
todo este tempo, que tenho a certeza que
foi compreendida por quem é mais
importante para mim.
À minha Sandra,
i
ii
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor Rui Mendes, pelo seu apoio, pragmatismo e dedicação manifestada
em todos os momentos deste trabalho. Uma orientação próxima, um amigo e verdadeiro
exemplo de dedicação e capacidade de trabalho ímpar. É uma honra trabalhar contigo,
Rui!
Ao Professor Doutor Gonçalo Dias, pelo seu apoio, acutilância científica, disponibilidade
e prontidão. Uma referência, com uma capacidade de trabalho e rigor científico ímpar.
Muito obrigado, Gonçalo!
Ao Professor Doutor Manuel João Coelho e Silva, por ter acreditado no projeto e ter
emprestado o seu rigor e qualidade científica.
Ao Rui Marques, pelo seu apoio na recolha de dados, pelo seu companheirismo,
empenho e rigor, que enriqueceu esta pesquisa.
Aos Professores Doutores António Sérgio Damásio e Ricardo Melo, pelo vosso apoio na
conceção, design e implementação do aparato experimental.
Aos docentes da Área Científica de Educação Física e Desporto da ESEC – IPC, por todo o
vosso apoio e camaradagem. Senti um verdadeiro “espírito de corpo” na forma como se
disponibilizaram para me ajudar a completar este caminho. Obrigado, Amigos!
Ao Acácio Correia, ao Vasco Lopes, ao João Pimentel e Inês Marques, pela vossa
colaboração na programação informática que permitiu fazer parte da análise dos dados.
iii
Aos meus pais, pelo apoio logístico que permitiu que o trabalho pudesse ser feito, e por
acreditarem que chegaria a bom porto. Obrigado.
Para além disso contou com o auxílio do projeto financiado “uPATO” do Instituto de
Telecomunicações, financiado pelo UID/EEA/50008/2013.
iv
RESUMO
v
vi
ABSTRACT
Within the framework of the Dynamical Systems Theory and Newell’s Constraints Led
Approach, this work aimed to study the importance of visual information in trail
running, by assessing the influence of experience and fatigue in visual search strategies
and patterns. The sample was composed of 18 trail running athletes (37.89±5.73 years),
divided in two groups of 9 experienced runners (38.89±6.30 years) and 9 novices
(36.90±4.91 years). Participants were asked to run 10 times on a 21-metre track that
simulated a trail running single-track, before and after a trail running event (26.2km,
positive accumulated ascent of 860 metres). To characterise the physiological impact of
the event, participants’ body composition, blood lactate, Rating of Perceived Exertion
and attention were gathered before and after the event. To analyse the participants’
visual search strategies and patterns, their eye movements were recorded with head-
mounted eye tracking glasses along the 21-metre track. Comparison between expert and
non-expert runners was done using t-test for independent samples. Paired samples t-
test was used to assess the influence of fatigue in the studied variables. Variability of the
eye movements and fixations was studied using nonlinear techniques. Therefore, the
variability of fixation patterns was studied by analysing visual entropy and state-
transition entropy derived from 1st order Markov’s transition matrixes. Variability of eye
movement patterns was studied using approximate entropy, sample entropy,
Lyapunov’s exponent and Hurst exponent. Results indicate that visual search strategies
adopted in trail running are affected by the athletes’ level of experience and fatigue.
Additionally, experience and fatigue were also found to affect the variability of eye
movement patterns.
vii
viii
ÍNDICE
CAPÍTULO I ......................................................................................................................................................... 1
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................... 1
CAPÍTULO II ....................................................................................................................................................... 7
REVISÃO DA LITERATURA........................................................................................................................... 7
ix
2.5. Principais divergências .............................................................................................................. 25
METODOLOGIA .............................................................................................................................................. 47
x
3.8.2. Registo antropométrico e composição corporal ...................................................... 53
CAPÍTULO IV ................................................................................................................................................... 67
RESULTADOS.................................................................................................................................................. 67
CAPÍTULO V .................................................................................................................................................... 87
DISCUSSÃO ...................................................................................................................................................... 87
xi
5.1. Efeito da prova nas variáveis fisiológicas dos participantes ....................................... 87
REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 119
xii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 11: Sistema de Eye Tracking Glasses utilizado para a recolha de dados
provenientes dos movimentos dos olhos, composto pelos óculos e por um smartphone
destinado ao armazenamento dos dados (Laboratório Robocorp – IIA – IPC). ................... 57
Figura 12: Imagem de referência utilizada para proceder à codificação dos dados
provenientes dos ETG. ................................................................................................................................ 60
xiii
Figura 13: Variação individual da concentração de lactato em atletas experts e não
experts. ............................................................................................................................................................... 69
Figura 14: Variação dos valores obtidos pelos participantes no teste de atenção
distribuída........................................................................................................................................................ 72
Figura 15: Padrão de amplitudes das sacadas (em graus) do participante número 5, não-
expert, ao longo da pista, nas duas condições de prática. .............................................................. 75
Figura 16: Padrão de amplitudes das sacadas (em graus) do participante número 14,
expert, ao longo da pista, nas duas condições de prática. .............................................................. 76
Figura 17: Heat map das sacadas do participante número 5, não-expert, na condição de
repouso. ............................................................................................................................................................ 76
Figura 18: Heat map das sacadas do participante número 5, não-expert na condição de
fadiga.................................................................................................................................................................. 77
Figura 19: Heat map das sacadas do participante número 14, expert na condição de
repouso. ............................................................................................................................................................ 77
Figura 20: Heat map das sacadas do participante número 14, expert na condição de
fadiga.................................................................................................................................................................. 78
Figura 22: Variação individual da entropia por volta, para cada grupo e condição de
prática. ............................................................................................................................................................... 80
Figura 23: Valores da Sample Entropy nos eixos x e y antes e depois do percurso de
indução de fadiga, em atletas experts e não experts......................................................................... 81
xiv
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 4: Variação da composição corporal dos atletas experts por efeito da prova. ........ 68
Tabela 5: Variação da composição corporal dos atletas não experts por efeito da prova.68
Tabela 9: valores médios obtidos pelos atletas no teste de atenção distribuída. ................ 71
Tabela 10: Comparação entre grupos do número médio de fixações por AOI e por volta,
em ambas as condições. ............................................................................................................................. 73
Tabela 11: Duração média das fixações (em segundos) por AOI, para ambos os grupos e
em ambas as condições. ............................................................................................................................. 74
Tabela 12: Comparação entre grupos, do número médio de fixações por AOI em ambas a
condições.......................................................................................................................................................... 74
Tabela 13: Comparação entre grupos para a amplitude das sacadas. ..................................... 78
Tabela 14: Comparação dentro dos grupos para a amplitude das sacadas. .......................... 78
xv
Tabela 16: Comparação dentro dos grupos, da entropia visual, na condição de repouso e
de fadiga............................................................................................................................................................ 81
Tabela 17: Comparação dos valores médios e diferenças entre grupos dos valores
entropia e expoente de Lyapunov referentes às coordenadas xx e yy dos movimentos
dos olhos, ao nível análise não linear feita às sacadas, na condição de repouso. ................. 82
Tabela 18: Comparação dos valores médios e diferenças entre grupos, ao nível da
Sample Entropy e do expoente de Lyapunov referentes às coordenadas xx e yy dos
movimentos dos olhos na condição de Fadiga................................................................................... 83
Tabela 21: Comparação dos valores da análise não linear referente à análise do efeito da
fadiga na amplitude das sacadas em experts. ..................................................................................... 85
Tabela 22: Comparação dos valores da análise não linear referente à análise do efeito da
fadiga na amplitude das sacadas em não-experts. ............................................................................ 85
Tabela 23: Comparação entre grupos dos valores da análise não linear referente ao
padrão da amplitude das sacadas na condição de repouso. ......................................................... 86
Tabela 24: Comparação entre grupos dos valores da análise não linear referente ao
padrão da amplitude das sacadas na condição de fadiga. ............................................................. 86
xvi
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
A visão é o principal mecanismo que o ser humano tem ao seu dispor para
poder interagir com o meio envolvente (Land, 2009; Patla, 1997) e é uma das
capacidades de que mais dependemos para exibirmos comportamentos motores de
elevada performance (Lebeau et al., 2016). Esta relação entre visão e performance
acontece e é estudada nos mais diversos domínios, desde o estudo dos padrões de visão
dos tenistas de mesa, às estratégias visuais em condução automóvel (Land, 2006; Land &
Furneaux, 1997; Lappi, Rinkkala, & Pekkanen, 2017; Ripoll, Fleurance, & Cazeneuve,
1987).
1
al., 2017; Dessing, Rey, & Beek, 2012; Machado, Cardoso, & Teoldo, 2017; Manzanares,
Menayo, & Segado, 2017), pelo que não deve haver generalização daqueles que são
considerados os padrões ótimos de cada modalidade desportiva.
2
lidar com o trilho, antecipando o percurso a realizar em função das condições existentes,
tanto para evitar lesões como para melhorar a performance.
3
1.2. Objetivos do estudo
III) O efeito da fadiga nas estratégias de busca visual e nos padrões de movimentos
dos olhos durante a corrida de trail.
4
1.3. Organização do estudo
5
6
CAPÍTULO II
REVISÃO DA LITERATURA
7
Algo que ambas as perspetivas partilham é a atribuição de um papel
fundamental à visão no controlo dos movimentos, entendendo-a como a principal fonte
de informação necessária para a execução e controlo de todo o tipo de gestos,
desportivos, locomotores ou gerais, presentes em todas as atividades do nosso dia-a-dia
(Land, 2009; Lee & Lishman, 1977; Oliveira, 2016; Rienhoff, Tirp, Strauß, Baker, &
Schorer, 2016; Warren, Kay, Zosh, Duchon, & Sahuc, 2001; Wilkie, & Wann, 2003).
O primeiro contributo cognitivista foi dado por Jack A. Adams, com a Teoria do
Circuito Fechado (Adams, 1971), e assenta no pressuposto de que o controlo dos
movimentos é realizado em circuito fechado (Closed-Loop Theory). De acordo com esta
teoria, existem duas estruturas no cérebro que são responsáveis pelo controlo dos
movimentos: a) o traço de memória, responsável pelos processos de parametrização da
direção, sentido e intensidade do movimento e pela iniciação da resposta; b) o traço
percetivo, responsável pela condução e avaliação do movimento, que o compara com a
referência de movimento idealizada. O feedback é entendido como um mecanismo de
retroalimentação do sistema motor, que permite a correção do erro da resposta ou
produzir alterações ao movimento seguinte, aproximando progressivamente a sua
execução a uma ideia pré-concebida de um determinado “gesto”, o programa motor (cf.
Godinho, 2007; Magill, 2007; Tani et al., 2010).
8
Esta teoria apresenta um conjunto de limitações, nomeadamente no que diz
respeito à explicação dos mecanismos subjacentes ao controlo dos movimentos
balísticos como o serviço do ténis (Mendes et al., 2013), à contextualização do
surgimento de movimentos novos, na explicação do papel do traço percetivo e do traço
de memória no controlo dos movimentos, ao papel do erro no processo de
aprendizagem, e ao custo de armazenamento na memória de um programa motor por
movimento.
9
também assume um papel importante e influencia a estratégia visual do sujeito (Hayhoe
& Ballard, 2005; Rothkopf et al., 2007).
10
Para os defensores da abordagem cognitivista, o olhar precede a ação,
reforçando a ideia de que o controlo dos movimentos ocorre em regime de
processamento “top-down”, onde os processos volitivos assumem um papel primordial
(Dogusoy-Taylan & Cagiltay, 2014; Gonzalez et al., 2015; Hayhoe & Ballard, 2005;
Jovancevic-Misic & Hayhoe, 2009; Williams et al., 2005).
Na mesma linha, alguns estudos à luz do conceito de “Quiet-Eye” (QE) [para uma
revisão aprofundada, consultar Lebeau et al., (2016) e Vickers, (2016)] têm reforçado o
papel das estruturas cognitivas no planeamento da ação, uma vez que é durante o
período de QE que as redes neuronais se organizam para o controlo dos movimentos
(Vickers, 2009). No estudo de Williams, Singer e Frehlich (2002) verificou-se, por
exemplo, que os jogadores de bilhar experientes tinham uma duração de QE mais longa
do que os novatos, e que a duração do QE aumentava em função do nível de dificuldade
da jogada para ambas as classes de jogadores. No mesmo estudo (Williams et al., 2002),
constatou-se que a performance dos participantes diminuía em qualquer dos níveis de
dificuldade da jogada, se lhes fosse restringido o tempo de QE. Neste sentido, o tempo de
QE representa, à luz da interpretação cognitivista, o tempo necessário para processar a
informação que está a ser fixada ou seguida e para focalizar a atenção nas necessidades
da tarefa (Vickers, 2009).
11
A perspetiva ecológica dinâmica tem procurado analisar e fornecer uma
orientação sistemática para a análise do comportamento humano, tanto durante a sua
fase de aprendizagem e desenvolvimento como para a análise da performance,
entendendo os praticantes como sistemas dinâmicos adaptativos complexos (Davids et
al., 2014). Esta linha de pensamento tem recolhido conceitos provenientes da psicologia
ecológica e da dinâmica não-linear, ampliando desta forma as fontes de onde o
conhecimento sobre a performance e a aprendizagem de movimentos desportivos
podem surgir (van Emmerik, Ducharme, Amado, & Hamill, 2016).
12
sistema individuo-ambiente, e as características da tarefa, todas atuam como
constrangimentos ao comportamento. O comportamento adaptativo, ao invés de ser
imposto por uma estrutura pré-existente, emerge desta confluência de
constrangimentos, dentro das condições definidas para uma determinada tarefa ou
objetivo resultante (Araújo et al., 2009; Davids, Araújo, Vilar, Renshaw, & Pinder, 2013;
Davids, Button, & Bennet, 2008; Seifert, Araújo, Komar, & Davids, 2017; Warren, 2006).
2.3.1.1. Affordance
13
mesmo tempo objetivas e subjetivas para cada praticante, dado que elas são
propriedades ecológicas emergentes do ambiente, que são selecionadas em relação a um
indivíduo (Turvey & Shaw, 1999; Withagen, de Poel, Araújo, & Pepping, 2012).
14
em Li, (2006)]. Além disso, Basdogan e Amirouche (1996), utilizaram a abordagem dos
Sistemas Dinâmicos para modelar a marcha, tendo identificado cinco graus de liberdade
possíveis para o membro inferior. No que diz respeito ao olhar, o olho apresenta três
graus de liberdade (Latash & Zatsiorsky, 2001).
O organismo possui mais graus de liberdade do que os que são necessários para
o controlo de uma determinada tarefa, pelo que, tendencialmente, o sucesso na mesma
passa por encontrar uma estratégia de redução dos graus considerados redundantes
(Latash, Scholz, & Schöner, 2007; Latash & Zatsiorsky, 2001). Uma estratégia passível de
utilização é o “congelamento” de graus de liberdade, como defendido por Newell
(Newell, 1991) para as fases iniciais do processo de aprendizagem. A outra forma de
redução dos graus de liberdade passa pelo estabelecimento de relações entre os
mesmos, uma estratégia sinérgica, defendida por Bernstein (Bernstein, 1967; Profeta &
Turvey, 2018; Turvey, 1990).
Figura 2: Representação esquemática das relações entre os diferentes níveis de construção dos
movimentos (adaptado de Profeta & Turvey, 2018).
15
direccionalidade das interações para o nível do Tónus, que é o primeiro nível, e o de
mais baixa ordem. É aqui onde ocorre a comunicação entre o sistema nervoso e o
muscular. A sua principal função é a de preparar o aparelho locomotor para responder
de forma adequada aos comandos provenientes das estruturas superiores do controlo
do movimento, garantindo níveis adequados de excitabilidade dos motoneurónios e
criando condições para que o movimento ocorra de forma rápida e eficiente (Profeta &
Turvey, 2018).
16
importante para a prossecução do objetivo da ação, dado que cada movimento
individual providencia uma resposta intermédia a um aspeto específico do movimento
em decurso. Para além disto, existe mais do que uma forma de atingir um objetivo de
movimento, através da organização dos vários elementos de diferentes formas,
assegurando assim flexibilidade neste nível e proporcionando uma grande variedade de
configurações que podem funcionar para a resolução de um determinado problema. Este
facto enfatiza uma característica importante das ações: o significado das partes, os
papéis que cada uma desempenha podem apenas ser definidos e compreendidos no
contexto da unidade funcional de que fazem parte (Profeta & Turvey, 2018).
17
Praticante
Perceção
Ação
Envolvimento Tarefa
18
linear. A Teoria dos Sistemas Dinâmicos (TSD) fornece um enquadramento conceptual
para a compreensão da emergência das tendências de coordenação que existem entre, e
dentro dos componentes de um sistema e níveis de sistemas neurobiológicos complexos,
como são exemplo as relações entre jogadores dentro de equipas no contexto dos
desportos coletivos (Araújo et al., 2009, 2017, Davids et al., 2013, 2006; Seifert & Davids,
2017), mas também sobre o desenvolvimento e o controlo da locomoção (Austin, 2001;
Clark, Truly, & Phillips, 1990; Stachowski & Lowski, 2016; Whitall & Getchell, 1995).
19
Um conceito-chave na TSD é o de atractor. Para Araújo (2006), os atractores
contribuem para a formação de padrões ao atrair as partes dinâmicas do sistema. São
“…estados funcionais atractores onde o sistema se poderá fixar” (Araújo, 2006, p. 76). No
contexto do movimento humano, um atractor pode corresponder a um estado de
coordenação e equilíbrio entre as partes do organismo que contribuem para atingir com
sucesso um determinado objetivo, seja ele a locomoção, corrida ou o equilíbrio
(Williams et al., 2005).
20
2.3.6.1. Variabilidade do Resultado
21
uma zona intermédia, meta-estável, onde todos os participantes exploram uma
variedade de movimentos.
22
2.3.7. Aprendizagens representativas e design de prática: condições para o
transfer de habilidades motoras
23
continuamente das interações entre o ambiente e o sujeito (Davids et al., 2013). É
através da interação entre esta e o ambiente (entre outros fatores) que o movimento
emerge, estando em permanente avaliação e adaptação, em função dos
constrangimentos emergentes (Warren, 2006). A visão, segundo este modelo, pertence
ao conjunto dos sentidos responsáveis por providenciar informação percetiva sobre o
ambiente. Neste sentido, os padrões visuais emergem da relação do sujeito com o
ambiente, estando intimamente ligadas à interpretação que o primeiro faz deste. Ao
contrário da perspetiva cognitivista, o processamento da informação para a organização
da ação dá-se no sentido “bottom-up” (Bernardin et al., 2012; Oliveira, 2016; Tani et al.,
2010).
O papel da visão no desporto tem sido amplamente estudado à luz desta visão
ecológica dinâmica e, à semelhança da perspetiva cognitivista, também o QE é objeto de
pesquisa e interpretação. Do ponto de vista ecológico dinâmico, o QE otimiza o fluxo
ótico e permite uma melhor orientação do participante em relação ao ambiente. Uma
fixação prolongada ajuda o praticante, ao fornecer atualizações contínuas e
subconscientes do estado da relação deste com os objetos no ambiente, permitindo que
o praticante consiga estimar de forma mais precisa a força, direção e velocidade
necessárias para executar a tarefa com sucesso (Oudejans, Koedijker, Bleijendaal, &
Bakker, 2005).
24
temporais referentes à posição do participante. No seu habitat natural existe uma
relação invariante entre as propriedades das superfícies e objetos considerados
importantes e a estrutura espácio-temporal da informação ótica que chega à retina do
sujeito.
25
De uma forma geral, ambas teorias dão contributos válidos para a compreensão
do movimento e da performance humanas, sendo os movimentos lentos, com uma
duração superior a 200ms, mais facilmente explicáveis através das teorias cognitivistas,
onde o processamento é top-down (Vickers, 2009). É exemplo desta perspetiva o modelo
apresentado por Sprague, Ballard e Robinson (2007), puramente top-down, que defende
que os comportamentos motores podem ser entendidos pelos seus componentes mais
simples, que são executados considerando o seu potencial de retorno. Os alvos do olhar
são escolhidos com o intuito de reduzir a incerteza sobre o que é necessário para
executar o movimento. O olhar está, portanto, intimamente ligado, no tempo e na
localização, às necessidades momentâneas da tarefa (Land, 2006; Tatler et al., 2011;
Tong et al., 2017). Uma das principais limitações desta abordagem é a falta de
representatividade da tarefa, dado que não foram ainda descobertos modelos top-down
que expliquem os processos internos que contribuem para o controlo do olhar em
contextos naturais (Lappi, 2016). Em contraste, os movimentos mais rápidos, com uma
duração inferior a 200ms são explicados através das teorias ecológicas e dinâmicas
(Vickers, 2009), onde a perceção direta assume um papel fundamental.
Esta visão é de certa forma contrária à noção de perceção direta (Gibson, 1979;
Michaels & Carello, 1981) uma vez que atribui um papel preditor ao cérebro. É este que,
com base na experiência, gera expetativas e prediz o quê, onde e que eventos são
expectáveis de ser encontrados, direcionando o olhar para os locais onde essas
ocorrências se possam dar (Droll & Hayhoe, 2007; Henderson, 2017).
26
enquadramento sobre os conceitos e técnicas utilizadas na recolha e análise dos dados
posteriormente utilizados.
Os cones são responsáveis pela visão a cores e pelo detalhe visual, ao passo que
os bastonetes, muito sensíveis à luz, suportam a visão em condições de menor
luminosidade, sendo também responsáveis pela visão monocromática.
27
esta razão que os olhos têm de estar em permanente movimento, para que o nosso
cérebro possa criar uma imagem clara do cenário.
Figura 5 : Musculatura responsável pelos movimentos dos olhos (adaptado de Holmqvist, et al.,
2015).
28
2.6.2. Terminologia e indicadores de análise dos movimentos dos olhos
O registo dos movimentos dos olhos tem sido feito desde o final do século XIX,
onde os movimentos oculares eram registados através de aparelhos específicos,
denominados Eye Trackers, que se caracterizavam por ser muito desconfortáveis
e algo dolorosos para o utilizador (Holmqvist et al., 2015). Desde então, a evolução
tecnológica permitiu o desenvolvimento de novas técnicas, mais práticas e menos
dolorosas, que levaram a uma expressão acentuada no número de publicações
científicas com recurso a este tipo de tecnologia. Como prova disto, uma pesquisa
às bases de dados PubMed pelo termo “eye tracking”, por exemplo
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=eye+tracking), devolve 74 artigos no
ano de 2000, valor mais de dez vezes superior (765 artigos) em 2017.
29
remotos traz uma limitação quando pretendemos analisar os movimentos dos olhos em
contextos dinâmicos, como os contextos de prática desportiva. Os ETG, por seu turno, e
em troca de frequências de captura de imagem na ordem dos 30-60 imagens/segundo,
conferem uma maior liberdade de movimentos ao utilizador, aumentando desta forma a
validade ecológica das descobertas.
Outra das vantagens dos ETG prende-se com o facto de ser uma técnica
praticamente não-invasiva e relativamente precisa (tem uma margem de erro na ordem
de 1o de ângulo visual para uma amplitude visual de 30o). A sua limitação a 60Hz indica
que estes sistemas recebem informação sobre a posição do olho a cada 16 milissegundos
o que, considerando o exposto acima, limita a capacidade que o sistema tem em recolher
algumas métricas (Duchowski, 2007, 2017; Holmqvist et al., 2015).
30
As características dos movimentos oculares mais comummente analisados são
apresentados na Tabela 1, sendo as fixações o evento mais analisado. Elas representam
um estado onde a posição do olho se encontra relativamente estável durante um
determinado período. Esta estabilização não significa imobilismo completo, uma vez que
o olho nunca se encontra completamente estagnado. Fenómenos como o tremor
(pequenos movimentos involuntários, semelhantes aos nistagmos, com uma frequência
de cerca de 90 Hz), microssacadas (pequenos e rápidos movimentos dos olhos durante a
fixação, com o intuito de recentrar a mesma) e os drifts (movimentos lentos dos olhos,
que desviam o olho do centro da fixação e que ocorrem entre as microssacadas) estão
presentes durante as fixações (Duchowski, 2017; Harezlak & Kasprowski, 2018;
Holmqvist et al., 2015).
Os movimentos rápidos dos olhos que ocorrem entre duas fixações são
denominados de sacadas. São os movimentos mais rápidos que o corpo humano
consegue produzir e os humanos são considerados cegos durante este movimento
(Panchuk et al., 2015). Fruto da alta velocidade deste movimento, o olho não consegue
parar exatamente no ponto predeterminado, ocorrendo uma oscilação do globo ocular
antes de parar. Este movimento pós-sacádico é denominado de Glissada.
31
2.6.3. Investigação com Eye-trackers
32
estratégias de busca visual em tenistas de elite e sub-elite, tendo também encontrado
diferenças entre os grupos estudados. O número de AOI depende, invariavelmente, das
características e objetivos de cada estudo, pelo que não é possível estabelecer qualquer
valor padrão.
33
A variabilidade dos movimentos é entendida como promotora de flexibilidade e
adaptabilidade do sistema, vendo como positivo o efeito da variabilidade na
performance (Davids et al., 2003; Ducharme & van Emmerik, 2018; Stergiou & Decker,
2011; van Emmerik et al., 2016).
Por exemplo, Yang et al. (2018), ao colocar os participantes a realizar uma tarefa
repetitiva de apontar, mostraram que o aumento da variabilidade dos movimentos
articulares por efeito da fadiga pode indicar que o corpo adota esta estratégia no sentido
de manter a performance relativamente ao objetivo da tarefa, denotando um cariz
adaptativo por via da variabilidade dos movimentos. Este tipo de análises tem sido
explorado em diversos trabalhos centrados na análise dos movimentos dos olhos
(Aştefănoaei, Creangă, Pretegiani, Optican, & Rufa, 2014; Aştefănoaei, Pretegiani,
Optican, Creangă, & Rufa, 2013; Crawford et al., 2017; Di Stasi et al., 2014; Harezlak &
Kasprowski, 2018; Keenan et al., 2017; Murata & Matsuura, 2015; Shiferaw et al., 2018;
Zargari Marandi, Madeleine, Omland, Vuillerme, & Samani, 2018). Os dados necessários
para este tipo de interpretações podem provir tanto das fixações nos AOI como do
posicionamento dos olhos num determinado referencial, representado pelas
coordenadas x e y da posição dos olhos na cena ao longo da série temporal.
34
Estas transições correspondem às mudanças de uma AOI para outra, calculadas através
da matriz de transições de Markov de primeira ordem (Gilland, 2008; Schieber &
Gilland, 2008). Estas fornecem uma medida de previsibilidade de ocorrência de padrões
de busca visual. Aqui, valores superiores de entropia são indicadores de um padrão de
busca visual mais aleatório e menos estruturado (Krejtz et al., 2015).
Neste contexto, foram verificados aumentos nos valores destes dois tipos de
entropia em condutores privados do sono, estando estes valores associados a uma maior
probabilidade de os condutores saírem da estrada (Shiferaw et al., 2018). Do mesmo
modo, um aumento dos valores de entropia está associado à dificuldade de cirurgias (Di
Stasi et al., 2016) ou a estados elevados de ansiedade (Allsop & Gray, 2014).
O Expoente de Hurst é uma medida das correlações numa série temporal, que
permite estudar a auto-similaridade de uma série temporal, variando entre 0, para uma
correlação negativa, onde há tendência para diminuição dos valores, e 1, para uma
correlação positiva, onde há tendência de aumento dos valores ao longo da escala
temporal. Valores de 0,5 indicam que a série se comporta de forma aleatória
(Aştefănoaei et al., 2014; Stergiou, 2016).
35
manutenção da regularidade das sacadas, independentemente da carga cognitiva a que
os participantes estavam sujeitos.
36
face às características do terreno. Para isto, ele necessita de informação sobre o tipo de
terreno que vai encontrar, declives e dificuldade do mesmo. Este plano é, contudo,
apenas uma pequena parte do problema geral, uma vez que o próximo problema
locomotor consiste em adaptar este plano à informação obtida pelo sujeito sobre as
características orográficas no momento, que se poderão ter alterado desde o
planeamento inicial.
37
Ao colocarem obstáculos ao longo de um percurso, Patla e Vickers (1997)
solicitaram aos participantes que passassem por cima de barreiras físicas. Os autores
observaram uma variedade maior de estratégias visuais para poder antecipar
ajustamentos necessários aos diferentes constrangimentos que surgiram na trajetória,
tendo chegado à conclusão que os participantes fixam o terreno 4 a 6 metros à frente da
sua localização corrente.
38
nos alvos1, com o primeiro a ser predominante relativamente ao último. Adicionalmente,
quando os participantes fixam um alvo, fazem-no dois passos antes do mesmo. Mais
recentemente, num estudo com recurso a vídeo de alta velocidade e a um percurso
projetado no chão, Matthis et al. (Matthis et al., 2015) verificaram que a informação
visual deixa de ser necessária para a execução precisa da passada a partir da segunda
fase da penúltima passada, classificando esta fase como crítica para o controlo da
marcha.
1
Os termos originais, em língua Inglesa são respetivamente travel gaze fixation e landing target fixation. A
pesquisa efetuada não encontrou qualquer equivalência destes temos na língua portuguesa, pelo que optámos
por realizar uma tradução livre dos mesmos.
39
Tabela 2: Quadro sinóptico de estudos sobre visão e locomoção.
Amostra e
Autor / Objetivo repetições Variáveis Principais Conclusões
Ano da tarefa
Patla & Perceber para n= 8, 15 Número e tempos A fixação nos obstáculos
Vickers, onde e quando repetições de fixação é usada como
(1997) olhamos ao passar Fixações no mecanismo de
por um obstáculo percurso feedforward para
controlar a locomoção
Hollands Verificar a relação n= 4, 40 Sacadas O olhar actua como um
& Marple- entre o sistema repetições Transição da mecanismo de
Horvat visual e locomotor passada feedforward para o
(2001) em tarefas de controlo da locomoção
precisão
Hollands, Estudar o n= 7, 20 Direção do olhar O olhar e a orientação da
Patla & comportamento repetições Fixações no cabeça são usados como
Vickers do olhar durante a percurso referência para o
(2002) escolha de um controlo da locomoção
percurso
Bernardin Estudar a relação n= 10, 27 Fixações Os padrões de olhar
et al. temporal e repetições Padrões de olhar orientam o planeamento
(2012) espacial dos Posição da cabeça, da trajetória
padrões de olhar tronco e membros
na locomoção
Matthis, Determinar em n= 12, 200 Erro da passada A precisão da passada
Barton & que momento a repetições Condição de deixa de ser controlada
Fajen informação visual invisibilidade do segunda fase da
(2015) deixa de ser percurso penúltima passada.
necessária para o
controlo da
locomoção
Larsen, Perceber como n= 13, 20 Largura da passada Os corredores
Jackson, corredores de repetições Posicionamento do aumentam sempre o
& Schmitt, níveis diferentes, pé comprimento da passada
(2016) em velocidades de Tipo de passada quando encontram um
corrida diferentes, obstáculo.
ajustam a corrida
face a um
obstáculo
Matthis, Registaram o n= 6, 3 Fixações Os participantes
Yates e olhar e a viagens Padrões do mostram estratégias
Hayhoe, locomoção dos para cada movimento distintas de olhar em
(2018) participantes em tipo de função do tipo de
três tipos de terreno terreno.
terreno
A dimensão das amostras, como pode ser visto na tabela acima, tende a ser
reduzida, com valores geralmente inferiores a 13 participantes. Isto deve-se ao elevado
volume de dados produzido por cada sujeito e série temporal de dados, o que implica
um elevado custo de processamento e codificação dos dados.
40
2.8. Corrida de Trail: conceito e investigação
41
“Corrida pedestre em Natureza, com o mínimo de percurso
pavimentado/alcatroado, que não deverá exceder 10% do percurso total,
em vários ambientes (…) e terrenos (…), idealmente – mas não
obrigatoriamente – em semi ou auto-suficiência, a realizar de dia ou
durante a noite, em percurso devidamente balizado e marcado e em
respeito pela ética desportiva, lealdade, solidariedade e pelo meio
ambiente.”(ATRP, 2018).
42
2.8.2. Investigação na corrida de trail
43
Valadao, 2016; Larsen et al., 2016; Palmer & Eaton, 2014; Pizzuto, Rago, Bailey, Tafuri, &
Raiola, 2016; Vercruyssen et al., 2016; Yandell & Zelik, 2016).
44
2.9. Definição das hipóteses de estudo
Hipótese 2: “As estratégias de busca visual dos praticantes experts são diferentes das
estratégias dos não experts”;
Hipótese 6: “A fadiga provocada pela corrida de trail faz diminuir a variabilidade dos
padrões de busca visual”.
45
2.9.2. Hipóteses estatísticas
46
CAPÍTULO III
METODOLOGIA
Com este percurso, tentámos estabelecer uma base conceptual teórica que nos
ajudasse e orientasse na contextualização e concretização do estudo empírico. Ao longo
deste capítulo procurámos caracterizar e justificar as opções metodológicas assumidas
no estudo.
47
3.2. Tipo de estudo
3.3. Amostra
Após recolha e análise preliminar dos dados, foram eliminados da amostra três
participantes (dois não experts e um expert). A razão para esta decisão sustentou-se no
facto de os resultados das variáveis recolhidas através os ETG terem um “tracking ratio”
inferior a 90%. Não há, na literatura consultada, consenso quanto aos valores de corte
para este parâmetro, pelo que optámos por um valor muito conservador (Decroix et al.,
2017; Holmqvist et al., 2015; Vansteenkiste et al., 2017). As razões para os valores
baixos de “tracking ratio” deveram-se, no caso de dois participantes, à provável
interferência dos óculos que utilizaram para a corrida na captura proveniente do ETG.
No terceiro caso, as razões prenderam-se com o desajuste dos ETG à cabeça do
participante, que levou a que durante a corrida os ETG não assentassem perfeitamente, e
saltassem do devido lugar, o que levou a que não se conseguisse estabilizar a imagem e à
impossibilidade de codificar com fiabilidade os dados.
48
3.4. Consentimento informado
3.5. Tarefa
49
Figura 7: Esquema da pista de testes.
Figura 8: Pista de testes utilizada: A – vista de pormenor da parte acidentada da pista; B – vista
geral da pista.
50
3.6. Variáveis
51
os participantes. Adicionalmente, foi colocada mais uma câmara de filmar, posicionada
frontalmente relativamente à pista, capturando imagens a uma frequência de 30 Hz.
52
3.8.1. Avaliação de lactato
A avaliação dos níveis de lactato foi feita com o analisador de campo Lactate pro
2. Foi adotado o seguinte procedimento:
53
3.8.3. Teste de Atenção Distribuída
54
Figura 9: Percurso de treino para indução da fadiga2.
A marcação do percurso foi feita com fita de plástico listada, vermelha e branca,
similar à tipicamente utilizada nas provas de trail. Adicionalmente, os participantes
tiveram acesso prévio a um ficheiro *.gpx com a marcação do percurso.
55
Figura 10: Gráfico de altimetria do percurso.
O abastecimento foi feito no final de cada volta, tendo sido fornecido aos
participantes água, frutos secos (amendoins, amêndoas, caju e arandos secos), fruta
(laranjas e bananas) e marmelada. A ingestão de alimentos ou bebidas durante a corrida
decorreu ad libitum.
Para a captura dos movimentos dos olhos foram utilizados os SMI ETG 2W um
sistema de rastreamento dos movimentos dos olhos que consiste nuns óculos que
monitorizam e gravam os movimentos dos olhos (Figura 11). É composto por 3 câmaras:
uma camara frontal e uma câmara para cada olho.
Na parte frontal dos óculos existe uma câmara (30 Hz) que regista a imagem
visível da visão central. No interior dos óculos existem LED infravermelhos binoculares
que incidem sobre a íris, circundando a pupila. As câmaras (60Hz) registam os
movimentos dos olhos e rastreiam a posição das pupilas a cada instante, permitindo
saber para onde o participante dirige o seu olhar.
56
Figura 11: Sistema de Eye Tracking Glasses utilizado para a recolha de dados provenientes dos
movimentos dos olhos, composto pelos óculos e por um smartphone destinado ao armazenamento
dos dados (Laboratório Robocorp – IIA – IPC).
3.8.7. Procedimentos
57
1. Foram recolhidas as medidas antropométricas e de composição corporal,
concentração de lactato e aplicado o teste de atenção distribuída BAPCON na
sala destinada para o efeito;
6. Após a primeira prova, sem fadiga instalada, era retirado aos participantes
todo o material de recolha de dados;
58
computador, que dava início ao teste. Deste modo, apenas um investigador foi
necessário para dar o início ao processo de recolha de dados em todos os aparelhos.
Foram também definidas 3 zonas de terreno: i) terra batida, sem obstáculos; ii)
terra batida, com pedras e obstáculos; iii) terreno plano, de cimento. A zona i era uma
zona de aproximação. A zona ii era a de interesse, onde os participantes teriam de
navegar o terreno contornando, saltando ou pisando as pedras. Por fim, a zona iii era de
retorno ao início da pista de testes.
59
metodologia de análise por fixações. Esta opção metodológica foi sustentada na
evidência de que este método apresenta validade suficiente (correlação de Pearson de
0,930), quando comparado com a metodologia de análise por frame (Vansteenkiste,
Cardon, Philippaerts, & Lenoir, 2015). Esta opção de codificação é também
significativamente mais rápida.
Figura 12: Imagem de referência utilizada para proceder à codificação dos dados provenientes dos
ETG.
60
1. Identificação do momento de início da prova, coincidente com o “beep”
sonoro indicativo do início do teste, marcando o momento no software com a
anotação “START”;
5. Ao chegar ao início da pista, repetição dos passos 3 e 4 para cada uma das
voltas feitas pelo participante;
61
Não houve a necessidade de verificar a fiabilidade dos dados obtidos para o
número e tempos de fixações devido ao facto de estes terem sido calculados
automaticamente através do algoritmo presente no software de análise utilizado, não
havendo, portanto, variabilidade.
Numa primeira fase foi feita, para cada condição (repouso e fadiga), a
comparação entre os atletas experientes e não experientes ao nível dos indicadores de
composição corporal, de lactato sanguíneo, da perceção subjetiva de esforço e do teste
de atenção distribuída. Esta comparação foi feita através do teste t para amostras
independentes.
Para cada nível de prática, a comparação entre o pré e pós prova de indução de
fadiga ao nível das variáveis acima descritas, foi feita recorrendo ao teste t para
amostras emparelhadas.
Todos os testes estatísticos acima referidos foram feitos após a validação dos
pressupostos de normalidade e homogeneidade. O pressuposto de normalidade para
cada uma das variáveis dependentes univariadas foi examinado utilizando o teste de
Kolmogorov-Smirnov, quando n ≥ 30. Quando o pressuposto da normalidade de cada
variável dependente não se verificou, considerando que n ≥ 30 e usando o Teorema do
Limite Central (Laureano, 2011; Marôco, 2010; Pestana & Gageiro, 2008) este
pressuposto foi assumido. No caso de as amostras serem inferiores a 30, o pressuposto
62
da normalidade foi averiguado usando o teste de Shapiro-Wilk (O’Donoghue, 2013) e de
Levene, para a igualdade de variâncias (Pallant, 2011). Se não se verificasse a
normalidade da distribuição da amostra, a simetria seria avaliada através da seguinte
equação (Ghasemi & Zahediasl, 2012):
A magnitude do efeito foi medida através do teste d de Cohen (d), tendo adotado
o critério apresentado na Tabela 3 (O’Donoghue, 2013; Sawilowsky, 2009).
Dimensão do Efeito d
Muito pequena < 0,01
Pequena ]0,01; 0,20]
moderada ]0,20; 0,50]
grande ]0,50; 0,80]
Muito grande ]0,80; 1,20]
Enorme < 1,20;
A análise estatística foi feita com o Software IBM SPSS© (versão 25.0) para o
Microsoft Windows©, tendo sido definido um nível de significância de 5% (p<0,05).
As técnicas não lineares utilizadas na análise dos dados foram a Entropia Visual,
a Entropia das Transições de Estado recorrendo às matrizes de transição de 1.ª ordem
de Markov e à Entropia de Shannon (Gilland, 2008; Holmqvist et al., 2015; Schieber &
Gilland, 2008), a Entropia Aproximada (ApEn), a Sample Entropy (SampEn), o Expoente
de Lyapunov (ExpLyap) e o Expoente de Hurst (Stergiou, 2016).
63
Foi utilizado o programa UPATO (Martins et al., 2018) para proceder à
computação das séries temporais utilizadas na análise não linear dos dados.
64
Quando aplicada às matrizes de probabilidade de transição condicional, a
entropia indica a previsibilidade ou não do comportamento de um determinado
participante.
65
aproximam de 0 são indicadores de uma correlação negativa, onde há tendência para
diminuição dos valores. Valores que se aproximam de 1 indicam uma correlação
positiva, onde há tendência de aumento dos valores ao longo da escala temporal. Valores
de 0,5 indicam que a série se comporta de forma aleatória.
66
CAPÍTULO IV
RESULTADOS
67
Tabela 4: Variação da composição corporal dos atletas experts por efeito da prova.
Variação
Pre Post t p d
(%)
Peso (Kg) 67,06 ± 2,85 65,18 ± 2,70 -2,88 8,596 0,000** 1,48
MG (%) 7,11 ± 1,09 5,88 ± 0,82 -1,23 3,686 0,006** 1.27
MG (Kg) 4,62 ± 0,56 3,71 ± 0,72 -24,55 4,385 0,002** 1,41
MLG (Kg) 62,43 ± 3,02 61,47 ± 2,82 -1,57 3,491 0,008** 0,33
MM (Kg) 59,67 ± 2,89 58,40 ± 2,69 -1,58 3,44 0,009** 0,45
TBW (Kg) 41,86 ± 1,86 41,33 ± 1,74 -1,26 1,873 0,098 0,29
TBW (%) 62,53 ± 0,73 63,42 ± 0,59 0,89 -2,595 0,032** 1,28
BM 3,11 ± 0,14 3,07 ± 0,13 -1,45 2,53 0,035** 0,3
Lactato (mmol/L) 5,34 ± 1,19 12,48 ± 2,05 133,7 -3,598 0,007** 4,26
Diferenças significativas indicadas com **(p<0,05). Legenda: MG – Massa Gorda; MLG – Massa Livre de
Gordura; MM – Massa Magra; TBW – Água Corporal Total; BM – Densidade Óssea
Relativamente aos não experts, verificou-se que houve menos variáveis com
alterações significativas por efeito da prova, bem como a magnitude destas diferenças
foi menor. Foram encontradas diferenças significativas ao nível da massa corporal (t=
6,025; p= 0,001; d= 0,45; dimensão do efeito moderada), da percentagem de massa
gorda (t= 3,145; p= 0,014; d= 0,68; dimensão do efeito grande) e da quantidade de
massa gorda (t= 3,471; p= 0,008; d= 0,97; dimensão de efeito muito grande).
Tabela 5: Variação da composição corporal dos atletas não experts por efeito da prova.
Variação
Pre Post t p d
(%)
Peso (Kg) 75,53 ± 3,33 74,08 ± 3,13 -1,96 6,025 0,001** 0,45
68
As tabelas 4 e 5 mostram ainda, na última linha de cada, a evolução da
concentração de lactato sanguíneo. Verificamos que houve acumulação significativa de
lactato em ambos os grupos [(experts: t= -3,598; p= 0,007; d= 4,26; dimensão do efeito
enorme); (não experts: t= -2,871; p= 0,021; d= 4,78; dimensão do efeito enorme)].
Figura 13: Variação individual da concentração de lactato em atletas experts e não experts.
69
Tabela 6: Comparação dos parâmetros da composição corporal de atletas experts e não experts na
condição de repouso.
Repouso
Tabela 7: Comparação dos parâmetros da composição corporal de atletas experts e não experts na
condição de fadiga.
Fadiga
Experts Não-Experts t p d
70
A Tabela 8 apresenta os valores da média da distância total percorrida e ritmo
médio (pace) durante a prova. De notar que os atletas pertencentes ao grupo dos experts
foram mais rápidos do que os não experts.
Tabela 8: Média e Desvio Padrão da distância total percorrida, ritmo, e Perceção Subjetiva de
Esforço dos atletas no percurso de trail.
Percepção
Distância Pace
subjetiva de
(km) (min/km) Esforço
Non-experts 22,86 ± 3,29 7'37''±1'27'' 8,89 ± 1,17
Experts 26,76 ± 0,55 5'09'' ± 0'31'' 6,77 ± 0,97
Os atletas não experts percecionaram a prova como sendo mais cansativa, tendo
inclusivamente um atleta desistido ao final da terceira volta. Isto não impediu a sua
inclusão no estudo, uma vez que o objetivo primordial era a instalação de um estado de
fadiga central, algo que foi atingido.
Não-experts Experts
PRÉ PÓS PRÉ PÓS
Tempo total 41,22 ± 3,87 36,78 ± 2,72 47,33 ± 6,02 39,78 ±5,04
Média / estímulo 1,65 ± 0,16 1,47 ± 0,11 1,89 ± 0,72 1,59 ± 0,20
Decorrente da análise desta tabela, importa notar que, embora também sem
evidência estatística, os atletas foram globalmente mais rápidos no pós-teste.
71
Figura 14: Variação dos valores obtidos pelos participantes no teste de atenção distribuída.
72
Tabela 10: Comparação entre grupos do número médio de fixações por AOI e por volta, em ambas
as condições.
73
Tabela 11: Duração média das fixações (em segundos) por AOI, para ambos os grupos e em ambas
as condições.
No que diz respeito à análise em função da condição de fadiga para cada grupo,
não foram encontradas diferenças significativas, conforme se pode verificar através da
Tabela 12.
Tabela 12: Comparação entre grupos, do número médio de fixações por AOI em ambas a condições.
74
A amplitude das sacadas foi também estudada. Estas representam a amplitude
do movimento dos olhos, estando intimamente associadas aos comportamentos de
busca por informação no meio ambiente. As figuras 15 e 16 representam a distribuição
típica da amplitude das sacadas feitas durante a corrida na pista para os participantes
experts e não-experts. Estas são as representações dos atletas 5 e 14, respetivamente.
Figura 15: Padrão de amplitudes das sacadas (em graus) do participante número 5, não-expert, ao
longo da pista, nas duas condições de prática.
75
Figura 16: Padrão de amplitudes das sacadas (em graus) do participante número 14, expert, ao
longo da pista, nas duas condições de prática.
Figura 17: Heat map das sacadas do participante número 5, não-expert, na condição de repouso.
76
Figura 18: Heat map das sacadas do participante número 5, não-expert na condição de fadiga.
Figura 19: Heat map das sacadas do participante número 14, expert na condição de repouso.
77
Figura 20: Heat map das sacadas do participante número 14, expert na condição de fadiga.
Experts Não-experts t p d
AmpSacc_REST 4,497 ± 0,142 4,580 ± 0,274 0,474 0,644 0,38
AmpSacc_Fatigue 5,233 ± 0,220 5,366 ± 0,289 0,254 0,722 0,51
Diferenças significativas indicadas com **(p<0,05).
Tabela 14: Comparação dentro dos grupos para a amplitude das sacadas.
Repouso Fadiga t p d
AmpSacc_EXPERTS 4,497 ± 0,142 5,233 ± 0,220 -3,777 0,007** 3,97
AmpSacc_NON-EXPERTS 4,580 ± 0,274 5,366 ± 0,289 -2,518 0,045** 2,79
Diferenças significativas indicadas com **(p<0,05).
78
4.4. Análise não linear
Figura 21: Variação individual da entropia em atletas experts e não-experts, antes e depois do
percurso de indução de fadiga.
A Figura 22 mostra a distribuição por volta dos valores de entropia visual para as
fixações dos participantes. Como podemos verificar, os valores parecem ser
relativamente constantes ao longo das 10 voltas que compuseram o teste.
79
Figura 22: Variação individual da entropia por volta, para cada grupo e condição de prática.
Tabela 15: Comparação entre grupos, da entropia visual, na condição de repouso e de fadiga.
Experts Não-experts t p d
REST Sh_Entropy 0,1567 ± 0,017 0,1361 ± 0,015 0,920 0,374 1,30
FATIGUE Sh_entropy 0,1956 ± 0,016 0,1347 ± 0,008 3,383 0,007 ** 4,78
REST Trans_State_Entropy 1,3284 ± 0,084 1,2945 ± 0,116 0,236 0,817 0,33
FATIGUE Trans_State_Entropy 1,2655 ± 0,062 1,2114 ± 0,070 0,577 0,572 0,82
Diferenças significativas indicadas com **(p<0,05).
80
Tabela 16: Comparação dentro dos grupos, da entropia visual, na condição de repouso e de fadiga.
Repouso Fadiga t p d
EXPERTS Sh_Entropy 0,1567 ± 0,017 0,1950 ± 0,016 -1,784 0,118 2,36
NON-EXP Sh_entropy 0,1361 ± 0,015 0,1347 ± 0,008 0,144 0,890 0,10
EXPERTS Trans_State_Entropy 1,3284 ± 0,084 1,2655 ± 0,062 0,548 0,601 0,85
NON-EXP Trans_State_Entropy 1,2945 ± 0,116 1,2114 ± 0,070 0,736 0,489 0,87
Diferenças significativas indicadas com **(p<0,05).
Figura 23: Valores da Sample Entropy nos eixos x e y antes e depois do percurso de indução de
fadiga, em atletas experts e não experts.
81
Esta aparente dispersão dos valores de entropia parece ser mais significativa
nos experts em fadiga, indicando que o comportamento visual dos atletas nestas
condições é mais variável. Contrariamente, os valores de entropia dos atletas não experts
parecem manter-se estáveis ou, particularmente para o eixo dos yy, convergir para
valores ligeiramente acima de um, indicando uma certa homogeneidade nos padrões de
movimentos dos olhos dos atletas.
Tabela 17: Comparação dos valores médios e diferenças entre grupos dos valores entropia e
expoente de Lyapunov referentes às coordenadas xx e yy dos movimentos dos olhos, ao nível
análise não linear feita às sacadas, na condição de repouso.
Repouso
Experts Não-experts t p d
SampEn_x 1,322 ± 0,039 1,108 ± 0,031 -4,180 0,001 ** 6,07
SampEn_y 1,268 ± 0,035 1,223 ± 0,035 -0,913 0,363 1,29
Exp_Lyap_x 0,049 ± 0,002 0,037 ± 0,003 -3,283 0,001 ** 4,71
Exp_Lyap_y 0,045 ± 0,002 0,035 ± 0,002 -3,203 0,002 ** 5,00
Diferenças significativas indicadas com **(p<0,05).
82
Tabela 18: Comparação dos valores médios e diferenças entre grupos, ao nível da Sample Entropy
e do expoente de Lyapunov referentes às coordenadas xx e yy dos movimentos dos olhos na
condição de Fadiga.
Fadiga
Experts Não-experts t p d
SampEn_x 1,085 ± 0,063 1,071 ± 0,029 -0,260 0,796 0,28
SampEn_y 1,025 ± 0,070 1,106 ± 0,029 0,989 0,324 1,51
Exp_Lyap_x 0,052 ± 0,002 0,028 ± 0,003 -5,920 0,001 ** 9,41
Exp_Lyap_y 0,049 ± 0,003 0,028 ± 0,003 -5,410 0,001 ** 7,00
Diferenças significativas indicadas com **(p<0,05).
Tabela 19: Comparação dos valores entropia e expoente de Lyapunov referentes às coordenadas
xx e yy dos movimentos dos olhos dos atletas experts, antes e depois do percurso de indução de
fadiga.
Experts
Repouso Fadiga t p d
SampEn_x 1,322 ± 0,039 1,091 ± 0,063 -3,149 0,002** 4,41
SampEn_y 1,268 ± 0,035 1,024 ± 0,071 -2,836 0,006** 4,36
Exp_Lyap_x 0,049 ± 0,002 0,052 ± 0,002 1,168 0,246 1,50
Exp_Lyap_y 0,045 ± 0,002 0,049 ± 0,003 1,620 0,109 1,57
Diferenças significativas indicadas com **(p<0,05).
83
expoente de Lyapunov. A influência da fadiga no comportamento deste indicador teve,
em termos nominais, direções opostas, subindo o seu valor médio nos experts e
diminuindo significativamente para os não-experts , tanto para o eixo dos xx (t= -3,595,
p= 0,012, d= 3,00; dimensão do efeito enorme) como dos yy (t= -2,181, p= 0,033, d=
2,33; dimensão do efeito enorme), conforme podemos comprovar nas tabelas 19 e 20.
Tabela 20: Comparação dos valores entropia e expoente de Lyapunov referentes às coordenadas
xx e yy dos movimentos dos olhos dos atletas não experts, antes e depois do percurso de indução
de fadiga.
Não-experts
Repouso Fadiga t p d
SampEn_x 1,119 ± 0,032 1,071 ± 0,029 -1,605 0,113 1,57
SampEn_y 1,293 ± 0,035 1,106 ± 0,029 -3,411 0,001** 5,82
Exp_Lyap_x 0,037 ± 0,003 0,028 ± 0,003 -2,595 0,012** 3,00
Exp_Lyap_y 0,035 ± 0,003 0,028 ± 0,003 -2,181 0,033** 2,33
Diferenças significativas indicadas com **(p<0,05).
84
Tabela 21: Comparação dos valores da análise não linear referente à análise do efeito da fadiga na
amplitude das sacadas em experts.
Experts
Repouso Fadiga t p d
SacAmp_ApEn 0,592 ± 0,075 0,861 ± 0,070 -2,626 0,034** 3,71
SacAmp _SampEn 2,455 ± 0,718 2,073 ± 0,200 2,327 0,053* 0,72
SacAmp_LyapExp 0,021 ± 0,005 0,025 ± 0,005 -0,486 0,642 0,80
SacAmp_HurstExp 0,527 ± 0,035 0,572 ± 0,036 -1,132 0,295 1,27
Diferenças significativas indicadas com **(p<0,05). Tendência para uma diferença significativa (p<0,10)
indicadas com *.
Tabela 22: Comparação dos valores da análise não linear referente à análise do efeito da fadiga na
amplitude das sacadas em não-experts.
Não-experts
Repouso Fadiga t p d
SacAmp_ApEn 0,829 ± 0,109 0,763 ± 0,096 0,662 0,533 0,65
SacAmp _SamEn 2,089± 0,170 1,947 ± 0,356 0,524 0,619 0,56
SacAmp_LyapExp 0,032 ± 0,009 0,032 ± 0,006 0,052 0,960 0,00
SacAmp_HurstExp 0,637 ± 0,032 0,611 ± 0,031 0,912 0,397 0,82
Diferenças significativas indicadas com **(p<0,05).
85
Tabela 23: Comparação entre grupos dos valores da análise não linear referente ao padrão da
amplitude das sacadas na condição de repouso.
Repouso
Experts Non-experts t p d
SacAmp_ApEn 0,592 ± 0,075 0,829 ± 0,109 1,802 0,099 * 2,53
SacAmp _SamEn 2,455 ± 0,718 2,089± 0,170 -1,192 0,256 0,72
SacAmp_LyapExp 0,021 ± 0,005 0,032 ± 0,009 1,064 0,316 1,51
SacAmp_HurstExp 0,527 ± 0,035 0,637 ± 0,032 2,303 0,038** 3,28
Diferenças significativas indicadas com **(p<0,05). Tendência para uma diferença significativa
(p<0,10) indicadas com *.
Tabela 24: Comparação entre grupos dos valores da análise não linear referente ao padrão da
amplitude das sacadas na condição de fadiga.
Fadiga
Experts Non-experts t p d
SacAmp_ApEn 0,861 ± 0,070 0,763 ± 0,096 -0,827 0,425 1,44
SacAmp _SamEn 2,073 ± 0,200 1,947 ± 0,356 -0,307 0,765 0.50
SacAmp_LyapExp 0,025 ± 0,005 0,032 ± 0,006 0,902 0,385 1,98
SacAmp_HurstExp 0,572 ± 0,036 0,611 ± 0,031 0,803 0,437 1,16
Diferenças significativas indicadas com **(p<0,05).
86
CAPÍTULO V
DISCUSSÃO
87
A velocidade e distância total percorrida na prova foi diferente para os dois
grupos (Tabela 8). A performance está intimamente ligada às capacidades físicas e
fisiológicas dos atletas, assim como a sua capacidade de navegar ao longo de um
percurso em ambiente outdoor, sendo naturalmente compreensível que haja diferenças
ao nível dos ritmos de corrida. É também natural que as distâncias totais percorridas
por cada um tenham ligeiras variações, uma vez que podem optar por caminhos
diferentes dentro do percurso.
Todos os atletas foram instruídos para correr ao nível do seu ritmo competitivo.
O ritmo médio dos participantes foi, portanto, elevado, considerando o intervalo de
temperatura com que correram. Tomando como termo de comparação uma prova de
características similares, que decorreu recentemente na mesma serra – o 9.º Trail Terras
de Sicó 2018, com 25 km de distância e 1080m de desnível positivo acumulado –
verificamos que o ritmo médio dos participantes experts estaria ao nível do Top 10
melhores classificados desta competição, ao passo que o dos não experts estaria dentro
do Top 250 (Run Portugal, 2018).
Esta discrepância de valores era expectável pela definição inicial dos critérios
de inclusão nos grupos. No grupo dos experts, por exemplo, contámos com a colaboração
de um atleta da seleção nacional de trail, tendo os restantes já completado, nesse ano,
diversas provas de trail e ultra-trail (provas de ~100Km). O grupo de não experts contou
com atletas recreativos ou que se tinham iniciado na modalidade recentemente.
88
5.1.1. Massa Corporal
Quanto à massa gorda (MG), é de salientar que os valores que encontrámos nos
atletas experts para a %MG são significativamente mais baixos que os valores reportados
na literatura para os corredores de ultaendurance, que reportam valores entre 11 a 17%
(Moon & Kendall, 2017; Wardrop et al., 2017) de massa gorda, ou até relativamente a
atletas participantes em provas de distâncias similares, com valores a rondar os 11%
(Moon & Kendall, 2017; Tam et al., 2011).
89
Pela análise da Tabela 4 e da Tabela 5, tanto os atletas experts como os não
experts mostraram um efeito significativo do exercício na %MG, com variações,
respetivamente, de 1,23%, 1,37%. Apesar de não termos encontrado valores na
literatura para provas similares, os valores reportados na literatura para perdas em
provas equivalentes à maratona variaram entre 0,91% e 1,9 %. (Chlíbková et al., 2018;
Regulska-Ilow et al., 2014)Podemos inferir que os valores encontrados estão em linha
com os de Chlíbková et al. (2018) e Regulska-Ilow et al. (2014).
90
5.1.4. Concentração de lactato
Uma das limitações desta análise foi o facto de não termos controlado a
atividade dos participantes antes do dia da prova. O regime de treino deste tipo de
atletas envolve sessões diárias na maior parte dos casos, o que poderá ter levado a
valores médios iniciais de lactato superiores aos reportados por Balducci et al. (2016),
por exemplo, que referiu valores na ordem dos 2,0 mmol/L. Não obstante, a prova que
realizaram produziu uma acumulação significativa de lactato em todos os atletas, à
exceção de um participante não-expert (Figura 13).
91
5.1.5. Teste de atenção distribuída
De forma empírica, uma das sensações que os atletas de trail reportam ter após
correrem por várias horas prende-se com o facto de passado algum tempo, “não verem
bem o percurso” e isto os levar ou a reduzir a velocidade ou a tropeçar mais nos
obstáculos. Estudos como o de Malliaropoulos et al. (2015), que se debruçou sobre a
prevalência de lesões em corridas de trail, de Hoffman & Fogard (2011), que procurou
caracterizar os fatores limitadores da performance em ultramaratonas, ou o de Høeg et
al. (2015), que estudou a prevalência de lesões da visão em ultra trail, não procuraram
estabelecer qualquer relação entre esta eventual diminuição da acuidade visual ou
“performance visual” e a prevalência de lesões.
92
colocar em questão a validade do teste, uma vez que os resultados podem estar
contaminados pelo efeito da aprendizagem da tarefa. Apesar de os testes pré e pós prova
terem sido feitos com uma diferença de cerca de 2,5 a 3 horas, este efeito não deve ser
desvalorizado.
Por outro lado, a explicação pode também ser de índole fisiológica. Apesar de
não se ter procedido à medição, é conhecido o aumento das concentrações de cortisol e
de catecolaminas provocadas pelos exercícios de endurance (Antunes et al., 2017;
Deneen & Jones, 2017; Hambleton, Deckert, & Gallagher, 2015; Millet, Martin, & Temesi,
2018; Žákovská et al., 2017). Numa meta-análise sobre relação entre os estados de
atenção aumentada por via do exercício e a performance cognitiva, Lambourne e
Tomporowski (2010) sugerem que a fadiga induzida pela corrida diminui ligeiramente a
performance cognitiva durante a prova, mas aumenta-a ligeiramente após. Mais
recentemente, outra meta-análise sugere que o exercício moderado produz melhorias ao
nível da performance cognitiva, nomeadamente ao nível da velocidade da resposta
(McMorris & Hale, 2015). Ao relacionar os níveis de cortisol com o tempo de reação
numa tarefa de busca visual, Bullock e Giesbrecht (Bullock & Giesbrecht, 2014)
encontraram a mesma relação, o que poderá trazer alguma luz para a interpretação dos
nossos resultados.
93
outro, são boas provas para os atletas mais experientes experimentarem ritmos de
corrida mais elevados, enquadrados dentro do seu planeamento de treinos.
94
Com base no exposto, entendemos que se pode afirmar válida a introdução e
consideração do constrangimento “fadiga”, com vista à a análise da sua influência nas
estratégias e nos padrões visuais dos corredores de trail experts e novatos, tal como
preconizado nos objetivos deste trabalho.
No que diz respeito à análise linear dos resultados obtidos3, era esperado que os
atletas experts apresentassem um maior número, e mais curtas fixações, que os atletas
novatos, em ambas as condições. Adicionalmente, esperava-se que ao comparar o
número e a duração das fixações dos atletas nas duas condições, o estado de fadiga
provocasse uma diminuição significativa de ambas as variáveis, e que a magnitude
destas alterações fosse maior nos atletas novatos.
No que diz respeito às categorias de AOI, era esperado que os atletas experts se
fixassem mais no terreno e menos nas pedras e obstáculos, optando por se focar nas
características do terreno que lhes fossem mais vantajosas, no sentido da manutenção
da economia da corrida, e que esta característica se mantivesse na condição de fadiga.
3
Parte da análise destes dados foi apresentada nos dias 23 e 24 de Agosto, no Scandinavian Workshop of
applied Eye Tracking, em Copenhaga, e publicados: Gomes, R., Coelho-e-Silva, M., Mendes, R., & Dias, G. (2018)
Visual Search Strategies in Expert Vs Non-expert trail runners, Journal of Eye Movement Research, Volume 11,
Issue 5.
95
No que diz respeito às diferenças entre grupos, em termos gerais (Tabela 10), os
experts completaram a tarefa com um menor número de fixações nos AOI que os atletas
não experts, tendo sido encontradas diferenças significativas durante a condição de
repouso. Não foi encontrada na literatura qualquer referência a estudos similares nesta
modalidade, pelo que a análise feita toma como referência os dados de outras
modalidades. Assim, os resultados obtidos vão ao encontro das descobertas feitas por
Mann et al. (2007), Gegenfurtner, Lehtinen e Säljö (2011), Murray e Hunfalvay (2016) e
Decroix et al. (2017), que repararam que os praticantes experts apresentam menos
fixações, mais longas, e com menor variabilidade. Neste estudo, apesar dos tempos totais
de fixação serem similares entre ambos os grupos, os atletas experts apresentam um
menor número de fixações, comportamento similar ao comportamento apresentado por
esquiadores de slalom experientes (Decroix et al., 2017). Na condição de fadiga, não
foram encontradas diferenças estatisticamente significativas, tendo sido identificado,
contudo, uma tendência para tal.
Estes dados não são consensuais na literatura sobre o tema, dado que outros
estudos, embora centrados em outras modalidades e atividades, têm apresentado
resultados opostos (Li et al., 2014; Pizzera, Möller, & Plessner, 2018; Sheridan &
Reingold, 2014). Por exemplo, ao analisar as estratégias de busca visual de juízes de
ginástica, Pizzera, Möller e Plessner (2018) notaram que os juízes de alto nível tinham
mais fixações nos AOI relevantes, no caso o corpo do ginasta, que os de nível mais baixo.
Já Machado, Cardoso e Teoldo (2017), não encontraram diferenças no número e duração
das fixações entre futebolistas de diferentes escalões etários. Este facto leva-nos a
concordar com Manzanares et al. (2017), que defendem que as estratégias visuais talvez
sejam específicas de cada tarefa, sendo, portanto, possível que ocorram variações em
função da modalidade em estudo.
96
encontradas quaisquer diferenças significativas entre experts e não experts
relativamente à velocidade a que os atletas corriam no terreno, para a condição de
repouso. Para a condição de fadiga, foram encontradas diferenças, sendo os experts mais
rápidos do que os não-experts. Curiosamente, esta diferença não afetou nem o tempo
nem o número de fixações. Uma análise mais detalhada revela que os atletas não experts
aumentaram o seu número de fixações à medida que a velocidade de deslocamento
diminuía, o que é expectável, uma vez que um ritmo de corrida mais lento permite mais
tempo para fazer a leitura do terreno, dando eventualmente origem tanto ao maior
número de fixações como a fixações mais longas.
No que diz respeito à análise categorial de fixações, foram definidas cinco áreas
onde era possível o atleta direcionar o seu olhar (cf. Secção de Métodos). Os resultados
apresentados na Tabela 10 não apresentam qualquer referência ao AOI “START”. Isto
deve-se ao design experimental. Os atletas corriam numa pista linear e a análise iniciava
aquando da entrada destes na pista, o que obrigaria a que, para serem contabilizadas
fixações no AOI “START”, os atletas tivessem que olhar para trás, o que não aconteceu.
As fixações no AOI “OUT” apresentadas são residuais. Estas decorrem, provavelmente,
de elementos distratores que levaram os atletas a olharem pontualmente para fora da
pista.
97
Os resultados presentes na Tabela 10 demonstram que os experts olham em
termos globais menos para o AOI “Ground” do que os não experts, em ambas as
condições de teste. Na condição de fadiga estas diferenças parecem intensificar-se uma
vez que os experts aparentam dirigir o seu olhar mais para o final da pista. Há, portanto,
uma tendência para “olhar para a frente” quando navegamos em terreno instável,
utilizando as “travel fixations” à frente dos obstáculos, deixando para a visão periférica a
análise dos mesmos, tal como reportado por Patla e Vickers (1997), Smid e Den Hodder
(2013), Matthis e Fajen (2014) e Matthis, Yates e Hayhoe (2018). Neste caso, o sistema
visual decide sobre a relevância da mudança do olhar para o obstáculo, para uma análise
mais detalhada.
Ainda sobre este tema, e trazendo para a discussão o papel do “Optic Flow” na
locomoção (Salinas, Wilken, & Dingwell, 2017; t’ Hart & Einhäuser, 2012; Turano et al.,
2005; Wilkie et al., 2008; Zadra & Proffitt, 2016), o facto de os experts dirigirem mais o
seu olhar para o final da pista pode indicar que há uma adaptação favorável, onde a
informação sobre as características do ambiente é percecionada perifericamente, com
base na velocidade de deslocamento dos obstáculos no campo visual, mesmo em terreno
acidentado e onde o risco é consequentemente maior.
No que diz respeito às diferenças dentro dos grupos importa referir que não
houve efeito da fadiga nas estratégias visuais adotadas por ambos os grupos (cf. Com
Tabela 12). Verificou-se, contudo, uma tendência para que os experts exibam menos
fixações no chão (AOI “Ground”), distribuindo-as pelas outras áreas de interesse. Este
comportamento pode ser indicador de um aumento ligeiro da variabilidade dos
movimentos dos olhos, analisável à luz das técnicas não lineares de análise dos
movimentos, assunto que será abordado no ponto seguinte da presente discussão.
A amplitude das sacadas foi também analisada. O intuito principal desta análise
tinha como objetivo perceber o efeito da fadiga neste parâmetro. Foram encontradas
diferenças significativas para os dois grupos de atletas (cf. Com Tabela 14). A literatura
consultada não é bem clara na relação entre a fadiga e a amplitude das sacadas. Shiferaw
et al. (2018), por exemplo, encontrou uma relação positiva entre a fadiga e a amplitude
das sacadas em condutores que tinham sido privados do sono. Um aumento da
amplitude das sacadas é, segundo o autor, indicador de uma maior variabilidade dos
movimentos dos olhos. Di Stasi e colaboradores (2014), ao analisarem a velocidade das
98
sacadas, chegaram a conclusões opostas. No seu estudo sobre o impacto da fadiga na
performance de cirurgiões, as sacadas mais lentas eram típicas de cirurgiões em fadiga.
Diaz-Piedra et al. (2016), chegou às mesmas conclusões quando analisaram os
movimentos sacádicos de pilotos de aviação militar. Contudo, os autores referem no seu
estudo a importância de se aprofundar este tema, uma vez que a literatura é
contraditória.
99
A análise feita aos dados provenientes deste estudo assentou em dois
paradigmas: os experts Vs novatos, e a influência do constrangimento fadiga. A
construção das nossas hipóteses de estudo centrou-se fundamentalmente nos resultados
dos trabalhos apresentados no parágrafo anterior. Gilland (2008), posteriormente
comprovado por Schieber & Gilland (2008), não encontraram diferenças nos valores de
entropia nas fixações, entre condutores de duas faixas etárias (condutores novos e
idosos). Contudo, ao colocarem os mesmos condutores em tarefas com maior carga
cognitiva (i.e. numa estrada com maior tráfego), verificaram um decréscimo significativo
da entropia em ambos os grupos, sendo que a magnitude deste decréscimo foi muito
maior no grupo de condutores mais velhos.
Por outro lado, no estudo sobre a ansiedade em pilotos de aviões, Allsop e Gray
(2014) verificaram um comportamento mais randómico dos seus padrões de fixações
quando os pilotos voavam sob condições de ansiedade, algo que também se verificou no
estudo de Di Stasi et al. (2016), onde verificaram que os cirurgiões apresentavam maior
aleatoriedade dos comportamentos visuais quando a dificuldade da cirurgia aumentava.
Era esperado que este estudo produzisse resultados em linha com os dos
estudos de condução automóvel (Gilland, 2008; Schieber & Gilland, 2008; Shiferaw et al.,
2018), onde os padrões de fixação dos atletas fossem menos variáveis na presença da
fadiga, e que os atletas experts apresentassem maior variabilidade que os não experts em
ambas as condições. A análise estatística da variabilidade dos padrões de fixações dos
atletas incidiu sobre dois tipos de entropias: A entropia visual e a entropia de transições
de estado. Se a primeira analisou a distribuição probabilística simples da variação das
fixações, a última centrou-se na análise da probabilidade condicionada de, estando num
determinado ponto, passar para outro.
100
probabilístico de, tendo uma fixação numa determinada categoria de AOI, passar para
outra categoria. Esta métrica permite olhar para os padrões de busca visual de outra
forma, assente na compreensão da sequência de categorias de AOI que cada participante
apresenta. A análise dos dados entre os grupos apenas mostrou evidência estatística que
comprovasse diferenças entre experts e novatos para a entropia visual na condição de
fadiga (cf. Tabela 15). Não obstante, os valores médios das entropias foram sempre
maiores para o grupo dos experts. Era expectável que houvesse evidência estatística
mais robusta para sustentar as hipóteses formuladas. Contudo, os resultados são
similares aos estudos que utilizaram este tipo de abordagem (Schieber & Gilland, 2008;
Shiferaw et al., 2018).
Do mesmo modo, a análise que incide sobre o efeito da fadiga nos valores de
entropia não demonstrou evidências estatísticas. Era expectável que a entropia
diminuísse com a instalação de fadiga, indicador de padrões de busca visual mais
estáveis e previsíveis, mas também indicadores de menor riqueza na busca por
informação relevante no ambiente. A análise dos valores médios de entropia visual
mostra que, para os não-experts, não houve praticamente qualquer variação, ao passo
que os experts sofreram um aumento.
Há, ainda, uma limitação metodológica que deve ser tida em consideração para a
análise destes resultados. O facto de os participantes percorrerem 10 vezes o mesmo
percurso, e este manter-se igual tanto na condição de repouso como na de fadiga, pode
enviesar os resultados, por efeito da aprendizagem. Jordan e Slater (2009, cit por:
Shiferaw et al., 2018), por exemplo, reportaram uma redução dos valores de entropia
por efeito da familiarização visual com o percurso. Esta familiarização, neste caso,
poderia ter ocorrido tanto durante as 10 voltas, levando a uma redução progressiva dos
valores de entropia em cada volta, como entre as duas vezes que realizaram o teste,
mascarando de certa forma o efeito da fadiga por via da aprendizagem e familiarização
com o percurso. Este efeito de aprendizagem parece não se evidenciar neste estudo, uma
101
vez que os valores de entropia intra-individuais não mostram alterações significativas
quer entre cada volta, quer depois da indução do estado de fadiga física.
Contudo, uma outra explicação pode emergir, centrada nos trabalhos sobre o
modelo de aprendizagem diferencial de Schöllhorn (Schöllhorn et al., 2012, 2009).
Entendendo a aprendizagem ou o treino de movimentos como um processo individual e
não linear, variando em função das características do praticante, a apresentação de uma
maior variabilidade de padrões de fixações oculares pode ser entendida como intenções,
por parte do praticante, de busca de informação sobre outras formas de interpretação
do meio envolvente, conferindo-lhe uma maior capacidade de identificação da resposta
que melhor se adequa àquela realidade.
A entropia do olhar, neste contexto, pode ser entendida como positiva, uma vez
que é uma medida do grau de capacidade do praticante em “explorar” o ambiente que o
rodeia no sentido de encontrar a melhor resposta. A variabilidade, neste contexto é
entendida como um indicador positivo de performance (Couceiro et al., 2014; Davids et
al., 2003; van Emmerik et al., 2016). Neste seguimento, o aumento dos valores de
entropia nas fixações dos experts, embora sem significância estatística, pode indicar que
este grupo conseguiu manifestar comportamentos eficientes, mesmo em situação de
fadiga, exibindo desta forma comportamentos visuais exploratórios, em busca das
melhores soluções. Este aumento, estatisticamente insignificante (cf. Com Tabela 15 e
Tabela 16), deve ser analisado com reserva. Conforme se pode verificar através da
análise da Figura 21, o aumento da entropia deveu-se a uma variação positiva muito
102
significativa dos valores individuais para três dos participantes. Neste sentido, a
confirmação da validade destas explicações ainda não é totalmente clara.
Os movimentos dos olhos foram registados pelo ETG, tendo estes registado o
posicionamento da pupila em função de um referencial bidimensional, que correspondia
ao campo de visão, traduzindo-se em coordenadas xx e yy. Destas, foram extraídos os
valores de amplitude das sacadas, que se constituem como uma métrica importante para
103
a interpretação dos comportamentos de busca visual. Os valores das coordenadas xx e
yy representam apenas a posição do olhar num referencial virtual, que corresponde ao
ponto de cruzamento do olhar com a imagem do cenário em frente ao participante. Não
estando presente a representação da profundidade, não possível fazer convergir o olhar
com o ponto exato, no ambiente, para onde este está a ser dirigido. Consequentemente, a
amplitude das sacadas (em graus), são métricas mais próprias do movimento humano,
uma vez que refletem a variação da posição do olho, dentro do globo ocular. Ainda
assim, toda a análise feita não considera os movimentos da cabeça, que podem atuar em
compensação a uma variação excessiva, ou reduzida, dos movimentos oculares.
104
demonstraram a relação entre as suas estratégias são mais conservadoras, e este
conservadorismo mantém-se em ambas as condições de teste.
105
5.3.1.2. Análise da Entropia
Não há, na literatura, muitos estudos que se debrucem sobre a entropia nos
movimentos sacádicos. É uma metodologia recente carecendo de mais estudos que
confirmem a sua validade (Harezlak & Kasprowski, 2018; Zargari Marandi et al., 2018).
Não obstante, tanto os valores entre grupos como os valores intra-grupos confirmam as
nossas hipóteses, demonstrando que a fadiga afeta variabilidade e previsibilidade dos
movimentos sacádicos, condicionando, desta forma, o modo como o ambiente é
percecionado.
106
cansados, “não veem nada do percurso”. Estes relatos podem encontrar explicação na
diminuição dos valores de entropia dos movimentos sacádicos por efeito da fadiga, que
limitam a capacidade que o sistema visual tem para transmitir informação que possa ser
utilizada posteriormente, no processo percetivo-motor. Nesta linha, a perceção é
limitada à partida pela capacidade do sistema em recolher informação.
O Expoente de Hurst é uma medida das correlações numa série temporal, que
permite estudar a auto-similaridade de uma série temporal e o rácio a que estas
autocorrelações diminuem à medida que a distância entre dois pontos dessa mesma
série aumenta. Se a complexidade da tarefa for maior, espera-se que os valores deste
indicador aumentem concomitantemente.
Em suma, a comparação dos valores da análise não linear dos movimentos dos
olhos durante a corrida mostrou que, apesar da expectativa de uma maior expressão das
107
diferenças, os atletas experts e não experts apresentam padrões diferentes e que a
fadiga afeta a manifestação desses padrões. No geral, os atletas experts apresentam um
comportamento dos movimentos dos olhos mais variável que os não-expert, e esta
variabilidade diminui com a performance e condições de fadiga.
108
se baseiam em diferentes formas de feedback sensorial, fazendo com que estes confiem
mais na informação cinestésica do que na expropriocetiva para planear a sua ação
(Oliveira, 2016).
Isto explica a razão pela qual os experts necessitam de menos informação visual
para a mesma ação. Contudo, isto não significa que não seja necessária informação visual
sobre o percurso, ou que esta assuma um papel secundário. Manzanares et al. (2017) e
Decroix (2017), por exemplo, defendem a possibilidade de os praticantes de vela e ski,
respetivamente, utilizarem a visão periférica para controlar o percurso, mantendo a
visão central na linha de direção a tomar.
109
Outro dos objetivos do presente estudo centrava-se no estudo da influência da
fadiga nos padrões de busca visual na corrida de trail. Parte fulcral do trabalho passava
por criar condições de instalação de fadiga nos praticantes. A literatura consultada
mostrou as especificidades da corrida de trail devem ser tidas em consideração na
avaliação das capacidades fisiológicas destes praticantes (Balducci et al., 2016; Easthope
et al., 2014; Ehrström et al., 2018; Giandolini et al., 2016; Mrakic-Sposta et al., 2015;
Saboul, Balducci, Millet, Pialoux, & Hautier, 2016; Scheer et al., 2018). Estas
considerações levaram a que nos afastássemos dos modelos mais tradicionais de
indução de fadiga (em laboratório, numa esteira rolante) e criar um protocolo de teste
onde esta fosse feita em contexto natural, conferindo desta forma alguma validade
ecológica ao processo. Consideramos que este objetivo foi alcançado, já que a rota
escolhida é parte integrante de um conjunto de trilhos utilizados para a prática desta
modalidade, embora com um perfil de altimetria reduzido, principalmente para os
atletas experientes.
110
No âmbito do modelo dos constrangimentos de Newell (1986), a fadiga pode ser
entendida como um constrangimento individual, que condiciona a manifestação de um
determinado comportamento. Há, em fadiga, diminuição efetiva da performance física
(Smith et al., 2015; Van Cutsem et al., 2017). Neste contexto, era expectável que este
constrangimento obrigasse a uma modificação nas estratégias e nos padrões de busca
visual.
Na análise não linear dos dados esta interpretação é comprovada pela análise da
entropia visual, que não sofreu quaisquer alterações para nenhum dos grupos em
estudo, o que contraria as nossas hipóteses e o reportado em Shiferaw et al. (2018), no
seu estudo com condutores em privação de sono. Foram encontradas, contudo,
diferenças que mostraram algum efeito da fadiga nos padrões de busca visual tanto nos
experts como nos não-experts através da entropia aproximada, da Sample Entropy e do
expoente de Lyapunov. No entanto, estes valores não parecem ser robustos o suficiente
para contrariar a nossa conclusão. São sim, indicadores que estas métricas estabelecem
relações entre si que não são ainda claras.
Em suma, os padrões e estratégias visuais dos experts são diferentes dos não
experts, sendo que estas diferenças se acentuam quando os atletas se encontram em
situação de repouso. A instalação da fadiga não produz alterações significativas na
estratégia de busca visual de experts e de não experts. Contudo, as ligeiras mudanças que
ocorrem nas estratégias de busca visual fruto da fadiga são suficientes para esbater as
diferenças entre grupos nesta condição.
111
5.5. Aplicações práticas
112
CAPÍTULO VI
CONCLUSÕES
Com base nos resultados, foram encontradas algumas diferenças entre experts e
novatos em termos qualitativos, expresso na diferença do número e tipo de fixações
efetuadas nos AOI selecionados. Os atletas experts apresentam menor número de
fixações totais que os não experts. Contudo, a duração das fixações não apresenta
diferenças.
Hipótese 2: “As estratégias de busca visual dos praticantes experts são diferentes
das dos não experts”;
Foram encontradas diferenças nos locais para onde experts e não experts
olham. Os atletas não experts olham mais vezes para o terreno, mantendo o mesmo
número de fixações nas pedras, o que indica que o olhar nos obstáculos, ou pontos
fundamentais para a manutenção da fluidez da corrida são invariáveis e as fixações
adicionais refletem estratégias exploratórias do sistema visual, de captação de
informação do ambiente.
113
A análise não linear aos movimentos sacádicos comprovou que os experts
apresentam uma maior variabilidade de movimentos dos olhos do que os não experts.
Estas encontram-se expressas em valores significativamente superiores para a Sample
Entropy nos eixos xx e yy na condição de repouso, assim como valores superiores do
Expoente de Lyapunov para os eixos xx e yy em ambas as condições de teste.
Esta hipótese não foi confirmada. Apesar de todos os valores de entropia visual
e da entropia de transições de estado serem superiores nos participantes experts foram
apenas encontradas diferenças na condição de fadiga. Estes valores não nos permitem
afirmar que há diferenças. Contudo, parece-nos haver uma tendência clara, que deve ser
investigada.
114
terreno acidentado, sendo que estas diferenças se acentuam quando os atletas estão
descansados. Os atletas experts apresentam menos fixações nos AOI, mas de mesma
duração, o que lhes permite apresentar uma variabilidade dos padrões de movimentos
sacádicos, i.e., de busca de informação no meio ambiente, maiores que os não experts. A
fadiga não produz alterações significativas na estratégia de busca visual de experts e de
não experts. Contudo, as ligeiras mudanças que ocorrem nas estratégias de busca visual
fruto da fadiga são suficientes para esbater as diferenças entre grupos nesta condição.
6.1. Limitações
Para ter um melhor controlo sobre algumas variáveis que pudessem afetar o
processo de recolha de dados com os ETG, a pista foi construída dentro de um pavilhão.
Isto levou a limitações no que ao comprimento total da pista diz respeito, o que limitou,
eventualmente, a quantidade de dados recolhidos por cada volta. Esta limitação levou a
que, embora desta forma tivéssemos aumentado a quantidade de amostras válidas,
perdêssemos alguma validade ecológica.
Tanto quanto sabemos, este é o primeiro estudo deste tipo feito em corredores
de trail. As características deste desporto tornam difícil a organização de um design
115
experimental que conseguisse provocar estados de fadiga acentuada, em contextos
experimentais, a atletas de níveis de performance diferentes, uma vez que os atletas
experts apresentam uma capacidade notável de resistência. Encontrar uma distância
que fosse exequível para ambos os grupos e que induzisse fadiga não foi fácil. Apesar de
os indicadores de fadiga terem sido positivos, inclusivamente através dos valores da
amplitude das sacadas, pensamos que os experts poderiam ter corrido uma distância
maior, no sentido de aumentar os seus índices de fadiga.
6.2. Recomendações
Em estudos deste âmbito, um controlo mais efetivo da atividade dos atletas nos
dias anteriores aos dias do teste permitirão ter um maior controlo dos níveis de carga de
treino com que iniciam os testes, permitindo compreender melhor o impacto de provas
deste género nos parâmetros de composição corporal, particularmente ao nível da
acumulação de lactato.
116
visual, consideramos relevante a realização de estudos de validação de um protocolo
que avalie de forma rápida esta parâmetro.
O presente estudo centrou-se nos movimentos dos olhos, como parte integrante
de um conjunto de recetores de informação sobre o ambiente. Neste contexto ecológico-
dinâmico, pensamos que seria importante incluir em estudos futuros as variáveis
cinemáticas da corrida para um melhor entendimento da relação entre a variabilidade
dos padrões de visão e dos padrões de corrida, o que traria mais informação sobre a
compreensão da relação entre a necessidade de estabilidade durante a corrida e a sua
eficiência, bem como o papel da visão na “leitura” do terreno.
117
118
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146
APÊNDICE 1
147
148
CONSENTIMENTO INFORMADO, ESCLARECIDO E LIVRE PARA PARTICIPAÇÃO EM
ESTUDOS DE INVESTIGAÇÃO (de acordo com a Declaração de Helsínquia e a
Convenção de Oviedo)
Este estudo realiza-se no âmbito dos trabalhos de Doutoramento em Ciências do Desporto – Ramo
de Treino Desportivo. Tem como objetivo compreender melhor os padrões de locomoção em terreno
acidentado e analisar a relação entre a perceção/leitura do terreno e as adaptações da corrida ao
terreno.
São recolhidas as seguintes medidas: peso, Frequência cardíaca de repouso, concentração de lactato
e tempos obtido num teste de atenção distribuída. Será ainda pedido ao participante que responda a
um questionário sobre o nível de humor. Em seguida, os participantes irão correr num percurso
plano e acidentado, com e sem fadiga, onde serão recolhidas métricas referentes ao padrão de olhar
e ao padrão de corrida dos sujeitos-
É garantida a confidencialidade e uso exclusivo dos dados recolhidos para o presente estudo, sendo
os mesmos anónimos. Por favor, leia com atenção a seguinte informação. Se achar que algo está
incorreto ou que não está claro, não hesite em solicitar mais informações via email:
rimgomes@gmail.com ou através do 912528493. Se concorda com a proposta que lhe foi feita,
queira assinar este documento.
Ricardo Gomes
149
Declaro ter lido e compreendido este documento, bem como as informações verbais que me foram
fornecidas pela/s pessoa/s que acima assina/m. Foi-me garantida a possibilidade de, em qualquer
altura, recusar participar neste estudo sem qualquer tipo de consequências. Desta forma, aceito
participar neste estudo e permito a utilização dos dados que de forma voluntária forneço, confiando
em que apenas serão utilizados para esta investigação e nas garantias de confidencialidade e
anonimato que me são dadas pelo/a investigador/a.
150
APÊNDICE 2
151
152
Participante nº1 – Não expert: Padrões de distribuição dos movimentos sacádicos em
repouso e em fadiga
153
Participante nº2 – Não expert: Padrões de distribuição dos movimentos sacádicos em
repouso e em fadiga
154
Participante nº3 – Não expert: Padrões de distribuição dos movimentos sacádicos em
repouso e em fadiga
155
Participante nº4 – Não expert: Padrões de distribuição dos movimentos sacádicos em
repouso e em fadiga
156
Participante nº6 – Não expert: Padrões de distribuição dos movimentos sacádicos em
repouso e em fadiga
157
Participante nº7 – Não expert: Padrões de distribuição dos movimentos sacádicos em
repouso e em fadiga
158
Participante nº8 – Expert: Padrões de distribuição dos movimentos sacádicos em
repouso e em fadiga
159
Participante nº9 – Expert: Padrões de distribuição dos movimentos sacádicos em
repouso e em fadiga
160
Participante nº10 – Expert: Padrões de distribuição dos movimentos sacádicos em
repouso e em fadiga
161
Participante nº11 – Expert: Padrões de distribuição dos movimentos sacádicos em
repouso e em fadiga
162
Participante nº12 – Expert: Padrões de distribuição dos movimentos sacádicos em
repouso e em fadiga
163
Participante nº13 – Expert: Padrões de distribuição dos movimentos sacádicos em
repouso e em fadiga
164
Participante nº15 – Expert: Padrões de distribuição dos movimentos sacádicos em
repouso e em fadiga
165