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U NIVERSIDADE N OVA DE LISBOA - Faculdade de Ciências e Tecnologia - Departamento de Engenharia Electrotécnica

ELECTROTECNIA TEÓRICA
Apontamentos sobre o Transformador: Esquema de Steinmetz

Prof. M. Ventim Neves -1–

ESQUEMA EQUIVALENTE DE STEINMETZ DO TRANSFORMADOR

1 – Equações do transformador

Arbitra-se que:
• As correntes são magneticamente discordantes.
• A energia entra no primário e sai do secundário (o que, tendo já as correntes, fixa o sentido arbitrado
para as tensões)
Com estas convenções, ficam atribuídos os
φ sentidos convencionalmente positivos das
i1 ψ1 ψ2 correntes, tensões e fluxos.
i2
Aplicando às duas bobinas a lei da Indução de
Faraday, obtém-se:
u1 ψ1D ψ2D u2 u1 = r1⋅i1+dψ1/dt
−u2 = r2⋅i2+dψ2/dt
N1 N2
em que ψ1 e ψ2 são os fluxos totais ligados
respectivamente com o primário e com o
secundário.

Cada um destes fluxos pode ser dividido em duas partes: uma, chamada
ψ2p
fluxo de ligação ou fluxo principal, (ψ1p e ψ2p), constituída pelas linhas de i1 ψ1p φ
i2
força que abraçam as duas bobines, e que se situam quase exclusivamente
no núcleo de ferro; e outra, chamada fluxo de dispersão, (ψ1D e ψ2D), que
abraça uma bobina mas não atingem a outra, e que cujas linhas de força se
situam quase exclusivamente fora do ferro. Assim, N1 N2
ψ1 = ψ1p+ ψ1D
ψ2 = ψ2p+ ψ2D
i1 i2
Com os sentidos arbitrados e indicados na figura, os fluxos ligados
principais relacionam-se com o fluxo simples no núcleo φ da seguinte
maneira: ψ1D ψ2D

ψ1p = N1⋅φ N1 N2
ψ2p = −N2⋅φ
Quanto aos fluxos de dispersão, cada um depende apenas da única corrente
que abraça. Como se situam fora do ferro, dependem linearmente da corrente respectiva, através de um
coeficiente de proporcionalidade que se chama coeficiente de auto indução de dispersão (do primário, λ1, e do
secundário, λ2)

ψ1D = λ1⋅i1
ψ2D = λ2⋅i2

Assim, os fluxos totais podem ser representados pelas equações:


ψ1 = N1⋅φ + λ1⋅i1
ψ2 = −N2⋅φ + λ2⋅i2

onde figura o fluxo simples no núcleo, φ.

Substituindo estas equações nas das tensões u1 e u2, obtém-se:

u1 = r1⋅i1+ λ1⋅di1/dt + N1⋅dφ/dt


−u2 = r2⋅i2+ λ2⋅di2/dt − N2⋅dφ/dt
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Nestas últimas equações figura explicitamente o fluxo simples no núcleo, φ. Este pode ser calculado pela lei do
circuito magnético:
φ=Fm/Rm
em que Rm é a relutância magnética do circuito, e Fm é a força magnetomotriz (f.m.m.), que com os sentidos
arbitrados é N1⋅i1− N2⋅i2 . Assim, vem:

φ = (N1⋅i1− N1⋅i2 ) /Rm

Repetem-se a seguir as equações que vão ser utilizadas no estudo que se segue:

u1 = r1⋅i1+ λ1⋅di1/dt + N1⋅dφ


φ/dt
−u2 = r2⋅i2+ λ2⋅di2/dt − N2⋅dφ
φ/dt

φ = (N1⋅i1− N2⋅i2 ) /R
Rm

Estas equações relacionam as tensões e correntes no primário e no secundário, mas envolvem também grandezas
magnéticas; por isso não são cómodas de enquadrar na teoria dos circuitos eléctricos, onde só se trata de tensões
e correntes.
Por isso se procura um circuito equivalente, sem grandezas magnéticas.

2- Transformador ideal

Um transformador ideal tem as seguintes propriedades:


a)- tem condutores perfeitos: ⇒ r1=r2=0
b)- tem ligação magnética perfeita: não tem dispersão ⇒ λ1=λ2 =0
c)- O núcleo tem relutância magnética nula Rm=0

Aplicando a propriedade a) (resistências nulas) e a b) (dispersões nulas), as tensões no transformador ideal


resultam apenas:

u1 = r1⋅i1+ λ1⋅di1/dt + N1⋅dφ/dt = N1⋅dφ/dt


−u2 = r2⋅i2+ λ2⋅di2/dt − N2⋅dφ/dt = − N2⋅dφ/dt
Ou seja:
u1 = N1⋅dφ/dt
u2 = N2⋅dφ/dt

Ao contrário do que se passa no transformador verdadeiro, as duas tensões são devidas apenas ao fluxo principal.
Chamam-se tensões principais:

u1p= dψ1/dt = N1⋅dφ/dt


u2p= dψ2/dt = N2⋅dφ/dt

No transformador ideal, só existem as tensões principais:


u1= u1p
u2= u2p

Tomando as equações de u1 e u2 anteriores, pode-se dividir uma equação pela outra:


u1 / u2 = [N1⋅dφ/dt] / [N2⋅dφ/dt]

Desde que se esteja em regime variável no tempo, será dφ/dt≠0, e pode-se cancelar os termos dφ/dt no
numerador e no denominador. Vem então:

u1 / u2 = N1 / N2
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Assim, num transformador ideal, as duas tensões são imagem perfeita uma da outra, relacionadas por uma
constante de proporcionalidade m que é a relação do número de espiras

N1 / N2 = m

Isto é independente da forma de variação das tensões no tempo, desde que o fluxo não seja constante no tempo.

Por este facto, pode-se dizer que a tensão u1 é a tensão u2 vista do primário, ou reduzida ao primário, que se
escreve:

u'2 = m⋅ u2

Da propriedade c) (relutância magnética nula, Rm=0), resulta que a força magnetomotriz é nula:
Fm =Rm⋅φ = 0
Como Fm = N1⋅i1− N2⋅i2 , resulta N1⋅i1− N2⋅i2 = 0 , ou seja :

i1 / i2 = N2 / N1 = 1 / m

Assim, também as duas correntes são imagem perfeita uma da outra, relacionadas por uma constante de
proporcionalidade 1/m que é o inverso da relação do número de espiras

Pode-se assim dizer que a corrente primária i1 é uma imagem da corrente secundária i2 . A esta imagem de i2
chama-se corrente do secundário vista pelo primário ou reduzida ao primário , i’2 :

i1 = i'2 = 1/m ⋅ i2 i1 = i'2 i2

u1
= u'2 u2
Assim, num transformador ideal:
N1 : N2

u1 / u2 = N1 / N2 = m
i1 / i2 = N2 / N1 = 1/m

A tensão e a corrente primárias são imagens perfeitas da tensão e a corrente secundárias.


A figura representa o símbolo do transformador ideal.

Note-se que a constante de proporcionalidade entre as correntes é inversa da das tensões: se o transformador
sobe a tensão, desce a corrente, e vice versa.
Por isso, o produto tensão corrente (que é a potência) mantém-se, do primário para o secundário:

p1=u1⋅i1= m⋅ u2⋅(1/m)⋅i2= u2⋅i2=p2

O transformador ideal não tem perdas: toda a potência da entrada é igual à potência da saída.

Quando um transformador ideal alimenta uma carga, a relação entre a tensão I2
I1
complexaU2 e a corrente complexaI2 no secundário é a impedância de
carga:
Z2
U2 /I2 =Z2
U1 U2
N1:N2
O primário tem uma tensãoU1 e uma correnteI1 e portanto o gerador à
entrada do transformador sente uma impedância I1
Z1 =U1 /I1 .
Substituindo as relações do transformador ideal, vem: U1 Z’2
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Z1 =U1 /I1 = Z1 = mU2 / (1/m)I2 = m2⋅(U2 /I2)

Como U2 /I2 =Z2 , vem:

Z1 = m2⋅Z2

Assim, do primário vê-se uma imagem perfeita da impedância do secundário. A esta imagem da impedância
chama-se Z’2, impedância do secundário vista pelo primário ou reduzida ao primário .
Assim, no transformador ideal,

Z1 = Z’2

3 - Transformador Perfeito; corrente de magnetização

Um transformador “perfeito” tem as duas primeiras propriedades do transformador ideal:

a)- tem condutores perfeitos: ⇒ r1=r2=0


b)- tem ligação magnética perfeita: não tem dispersão ⇒ λ1=λ2 =0

mas não tem relutância magnética nula:

c) Rm≠0

Das duas primeiras propriedades resulta, tal como no transformador ideal:


u1= u1p
u2= u2p
e portanto resulta, tal como no ideal,

u1 / u2 = N1 / N2

Assim, o transformador perfeito continua a ter u1 = u'2 = m⋅ u2 , tal como o ideal.

No entanto, como a relutância não é nula, a relação ideal de correntes i1=i2/m já não se verifica. Por isso, agora é
i1 ≠ i’2 , e o esquema do transformador ideal tem de sofrer uma alteração.

Como foi dito, o transformador perfeito tem u1 = u'2 = m⋅ u2 . No esquema, a tensão da fonte é aplicada
directamente à entrada do transformador ideal do esquema. Mas a corrente de entrada i1 já não entra toda no
primário do transformador ideal do esquema.
Como o transformador perfeito tem núcleo com relutância Rm≠0, será
N1⋅i1− N2⋅i2 = Fm =Rm⋅φ ≠ 0
Dividindo por N1, vem
i1− (N2/ N1)⋅i2 = Fm / N1 ≠ 0
Como i'2 = (1/m)⋅i2 = (N2/ N1)⋅i2 , vem: i1 i'2
i1− i’2 = Fm / N1 (≠ 0)
Fm / N1 i2
Esta equação é a lei dos nós, aplicada a um nó onde entra a = i10
corrente i1 e sai i´2 e uma corrente igual a Fm/N1 u1
u'2
a que se chama corrente fictícia de magnetização e que se u2
representa por i10. = u1
N1 : N2
Das expressões anteriores resulta que
Fm =N1⋅i1− N2⋅i2 , e
Fm =N1⋅i10
i1 i2 i10
Φ Φ
A mesma Fm pode ser obtida com as duas correntes verdadeiras
nas duas bobines, ou só com a corrente fictícia i10 apenas nas N1
N1 N2 N1
espiras do primário. Assim, a corrente fictícia de magnetização é
uma corrente que, se circulasse sozinha no primário, criaria a
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mesma força magnetomotriz que as correntes no primário e no secundário.

Esta corrente fictícia circula nas N1 espiras do primário, criando i1 i'2


a f.m.m. necessária para o núcleo com relutância Rm . Uma i10 i2
bobine com estas espiras e com um núcleo com esta relutância,
tem um coeficiente de auto indução l11=N12/Rm , que é o u1
coeficiente de auto indução principal do primário. l11 u'2
Assim, o esquema do transformador perfeito é o da figura junta. = u1 u2
N1 : N2

4 - Transformador verdadeiro; Esquema de Steinmetz

As equações do transformador verdadeiro, vistas atrás, são:

u1 = r1⋅i1+ λ1⋅di1/dt + N1⋅dφ/dt


−u2 = r2⋅i2+ λ2⋅di2/dt − N2⋅dφ/dt

Como foi visto, as derivadas dos fluxos principais são as tensões principais:

u1p= dψ1/dt = N1⋅dφ/dt


u2p= dψ2/dt = N2⋅dφ/dt

Substituindo acima, e trocando o sinal e a ordem das parcelas da segunda equação, as equações do transformador
verdadeiro podem ser escritas como:

u1 = r1⋅i1+ λ1⋅di1/dt + u1p


u2 = u2p − r2⋅i2 − λ2⋅di2/dt

Estas equações mostram que a tensão primária é igual à principal primária mais uma queda de tensão resistiva e
indutiva devida só à corrente i1. E a tensão secundária é a secundária principal menos uma queda de tensão
resistiva e indutiva devida só à corrente i2. Então o esquema do transformador perfeito deve ser antecedido por
uma impedância indutiva, e seguido de outra impedância indutiva. O resultado é o esquema da figura seguinte.

ur1 uλ1 uλ2 ur2


i1 i'2 i2

r1 λ1 λ2 r2
i10
u1 u'2p
l11
= u1p u2p u2
N1 : N2

Este esquema ainda é pouco prático de utilizar com os métodos da teoria dos circuitos, porque inclui um
transformador ideal no meio; este que introduz uma alteração súbita dos níveis de tensão e de corrente, que não
pode ser representada na teoria dos circuitos.

Para tornar o esquema compatível com essa teoria, retome-se a duas equações anteriores, e multiplique-se a
segunda (u2 = u2p − r2⋅i2 − λ2⋅di2/dt ) por m:

m⋅u2 = m⋅u2p − m⋅r2⋅i2 − m⋅λ2⋅di2/dt

Na segunda e na terceira parcela do segundo membro, multiplique-se por m/m (isso não altera o valor delas, visto
que m/m=1):

m⋅u2 = m⋅u2p − m⋅r2⋅i2⋅m/m − m⋅λ2⋅di2/dt⋅m/m


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Reorganizando as parcelas, vem:

m⋅u2 = m⋅u2p − (m2⋅r2)⋅(i2/m) − (m2⋅λ2)⋅d(i2/m) /dt

Reconhecem-se agora algumas das grandezas que surgem nesta equação:

m⋅u2 = u’2 (tensão secundária reduzida ao primário)


m⋅u2p = u’2p = u1p (tensão principal secundária reduzida ao primário,
igual à tensão principal do primário)
i2/m = i’2 corrente secundária reduzida ao primário)

e assim esta equação pode ser escrita como:

u’2 = u1p − (m2⋅r2)⋅i’2 − (m2⋅λ2)⋅di’2/dt

Foi visto atrás que uma impedância Z2 colocada no secundário do transformador ideal era vista do primário
como Z1 =Z’2 = m2⋅Z2 . Assim a multiplicação da resistência do secundário r2 e do seu coeficiente de auto
indução λ2 por m2, representa o mesmo tipo de redução de impedância do secundário para o primário. Assim,
define-se:

r'2 = r2⋅m2 - resistência do secundário, reduzida ao primário


λ’2 = λ2⋅m2 - coeficiente de auto indução de dispersão do secundário,
reduzido ao primário

Substituindo estas definições na equação anterior, fica:

u’2 = u1p − r'2⋅i’2 − λ’2⋅di’2/dt

Esta equação representa todas as grandezas do secundário, vistas do primário. Juntamente com a equação de u1,
que não sofreu alterações, resulta o sistema

u1 = r1⋅i1+ λ1⋅di1/dt + u1p


u’2 = u1p − r'2⋅i’2 − λ’2⋅di’2/dt
que descreve o circuito do esquema seguinte:

ur1 uλ1 u'λ2 u'r2


i1 i'2

r1 λ1 λ’2 r'2
i10
u1
l11 u1p u'2

Como se viu atrás, cada bobina tem um fluxo total que pode ser decomposto em duas parcelas: o fluxo principal
ou de ligação magnética, e o fluxo de dispersão. Neste esquema equivalente, e como se pode concluir pelas
deduções feitas, as parcelas dos fluxos totais ficam ligadas com bobinas diferentes: o fluxo principal no primário,
ψ1p=N1⋅φ , fica representado pelo fluxo na bobine transversal; os fluxos de dispersão (o do primário, ψ1D , e o do
secundário reduzido ao primário, ψ’2D=m2⋅ψ’2D) ficam representados pelos fluxos nas bobinas longitudinais.

ψ1D ψ’2D
i1 i'2
i1 ψ1p φ ψ2p i
2
r1 λ1 λ’2 r'2
ψ1D ψ2D i10 ψ1p=N1⋅φ
u1
N1 N2 u1p l11 u'2
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No esquema encontrado, figuram a corrente e tensão secundárias reduzidas ao primário. As verdadeiras corrente
e tensão secundárias têm de ser obtidas como imagens daquelas. Para representar essa transformação da corrente
e tensão secundárias, coloca-se um transformador ideal a seguir a este circuito; esse transformador ideal reduz
as grandezas u’2 e i’2 vistas do primário às verdadeiras grandezas u2 e i2 que existem no secundário, e que são
imagens daquelas:

ur1 uλ1 u'λ2 u'r2


i1 i'2
i2=m⋅i'2
r1 λ1 λ’2 r'2
i10
u1 u2=
l11 u1p u'2 u’2/m
N1 : N2

Em regime sinusoidal, as grandezas em valores instantâneos i1, u1, etc, são representadas pelas grandezas
complexas I1, U1, etc. No secundário, havendo tensão U2 e correnteI2, há uma impedância de carga
Zcrg=U2 /I2 :
Ur1 Uλ1 U'λ2 U'r2
I1 I’2 I2=m⋅I’2

r1 λ1 λ’2 r'2 Zcrg


I10 U2 =
U1
l11 U1p U’2 U’2 /m

N1 : N2

Como as grandezas U’2 e I’2 são imagem perfeita das verdadeiras grandezas secundárias,
U’2 =m⋅U2
I’2=(1/m)⋅I2
então a divisão U’2 / I’2 dá:
U’2 / I’2 = [m⋅U2] / [(1/m)⋅I2] = m2⋅U2 /I2
Como U2 /I2 =Zcrg , vem:
U’2 / I’2 = m2⋅Zcrg
Mas U’2 / I’2 é a impedância vista à saída do circuito e à entrada do transformador ideal:
Z’crg = m2⋅Zcrg é a impedância de carga reduzida ao primário
Aplicando ao circuito esta impedância de carga reduzida ao primário, fica todo o circuito reduzido ao primário.

Ur1 Uλ1 U'λ2 U'r2


I1 I’2

r1 λ1 λ’2 r'2 Z’crg =


I10 m2⋅Zcrg
U1
l11 U1p U’2

Este é o esquema equivalente de Steinmetz. Este esquema representa um circuito, todo só com grandezas
reduzidas ao primário. Nele estão as verdadeiras corrente e tensão primárias, e as imagens das corrente e tensão
secundárias, reduzidas ao primário. Também os parâmetros primários aparecem com o seu verdadeiro valor, mas
os secundários são substituídos por imagens vistas do primário.
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O esquema pode ser reduzido ao secundário: se as impedâncias todas forem divididas por m2, as tensões
divididas por m e as correntes multiplicadas por m, o esquema fica reduzido ao secundário:

U”r1 U”λ1 Uλ2 Ur2


I”1 I2

r”1 λ”1 λ2 r2 Z’rg


I20
U”1
l22 U2p U2

No esquema reduzido ao secundário, figuram as verdadeiras grandezas do secundário, e as imagens das


primárias reduzidas ao secundário:

r”1= r1/m2 (resistência do primário reduzida ao secundário)


λ”1= λ1/m2 (indutância de dispersão do primário reduzida ao secundário)
l22 = l11/m2 = N22/R
Rm (coeficiente de auto indução principal do primário)
U”1 = U1/m (tensão primária reduzida ao secundário)
U”r1 = Ur1/m (queda de tensão resistiva primária reduzida ao secundário)
U”λ1 = Uλ1/m (queda de tensão de dispersão primária reduzida ao secundário)
U2p= U1p/m = N2⋅d φ/dt (tensão principal do secundário)
I”1 = I1 ⋅m (corrente primária reduzida ao secundário)
I20 =I10 ⋅m= Fm /N2 (corrente de magnetização referida ao secundário)

5 – Resistência de perdas no ferro

Pela lei da indução, numa bobina sem resistência a sua tensão é apenas a derivada temporal do fluxo ligado. No
caso da bobina transversal do esquema, é:
u1p=dψ1p/dt = N1⋅dφ/dt .
Em regime sinusoidal, e passando para notação complexa, vem:
i10 U1p= jωψ 1p= jωN1φ
ψ1p=N1⋅φ Portanto, quanto a valores eficazes, vem
U1p-ef = ω⋅ψ1p-ef = ω⋅N1⋅φef
u1p l11 Se a bobine tiver núcleo de ferro (e o transformador de potência tem-no), a relação entre
ψ1p e i10 envolve um ciclo de histerese devido à relação B-H do ferro ( o ciclo do
material é dado em unidades de B e de H; B é proporcional ao fluxo φ, e portanto
também é proporcional a ψ1p ; H é proporcional à força magnetomotriz , e portanto B
é proporcional a i10. Assim, o ciclo em unidades B-H representa, noutras escalas, o (ψ1p)
ciclo em unidades ψ1p - i10. ).
Como se sabe, as perdas magnéticas por efeito de histerese são proporcionais à H (i10)
área do ciclo de histerese. Verifica-se que a área A do ciclo depende do valor
máximo de B (ou de ψ 1p), segundo
A ∴BMaxα
(o símbolo ∴ significa “proporcional”), e onde α é uma constante que depende do
material e é 1 < α ≤ 2.
Pelo que foi dito atrás, BMax é proporcional a ψ1p-Max ; em regime sinusoidal, este é
proporcional a ψ1p-ef, e este é proporcional a U1p-ef . Assim, a potência de perdas por histerese é proporcional a
Phist ∴ U1p-ef α
Se se tomar, por simplicidade, α=2, esta expressão pode ser escrita como
Phist = U1p-ef 2/RP RP
em que (1/ RP) é a constante de proporcionalidade. Mas, escrita nesta forma, a potência de ψ1p
perdas por histerese parece ser dada por perdas de Joule equivalentes numa resistência RP
u1p
sujeita à tensão u1p (ou seja, em paralelo com a bobine que tem o fluxo ψ1p).
Esta resistência RP é uma resistência fictícia, chamada resistência de perdas no ferro. No
esquema, dá perdas de Joule fictícias iguais às perdas verdadeiras por histerese.
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Com a inclusão desta resistência, o esquema de Steinmetz fica como na figura seguinte:
Ur1 Uλ1 U'λ2 U'r2
I1 I’2

r1 λ1 I10 λ’2 r'2 Z’crg =


I’P I’µ m2⋅Zcrg
U1
U1p R’P l'µ U’2

O ramo transversal fica com dois ramos em paralelo, um com uma bobine pura de indutância l’µ , chamada
bobine de magnetização(referida ao primário); e outro com a resistência de perdas no ferro R’P (referida ao
primário).
A corrente de magnetização I10 tem agora duas componentes, havendo portanto agora três correntes no ramo
transversal:
I10 - corrente de magnetização (referida ao primário)
I’µ - componente magnetizante da corrente de magnetização (referida ao primário)
I’P - componente de perdas da corrente de magnetização (referida ao primário)

Multiplicando as correntes por m e as impedâncias por (1/m2), obtém-se o esquema reduzido ao secundário:
U”r1 U”λ1 Uλ2 Ur2
I”1 I2

r"1 λ”1 I20 λ2 r2


I”P I”µ Zcrg
U”1 R”P
U2p l"µ U2

Os conceitos relacionados com a bobine com núcleo de ferro merecem análise mais detalhada, que se expõe a
seguir.

5.1 Bobine de núcleo de ferro


Fig. 5.1 - Ciclo de
ψ Histerese do material
No ferro, a relação entre os módulos dos campos B e H não é B (unidades de B e H) e
linear, e nem sequer é uma função biunívoca, pois depende da da bobine (unidades de
forma como evoluíram anteriormente os valores dos campos. O i ψ e i . A área do ciclo,
gráfico dessa relação num plano B-H traça o chamado ciclo de H
histerese, fig.2. em unidade de ψ e i ,
representa a energia
Numa bobine de núcleo de ferro, a corrente no enrolamento é perdida por ciclo pela
proporcional ao integral de circulação de H (lei de Ampère: bobine).
N ⋅ i = ∫ H ⋅ dl ), enquanto o fluxo de indução através do
enrolamento é proporcional ao integral de superfície do campo B através da secção do núcleo
(ψ = N ⋅ ∫∫ B ⋅ dS ). Assim, se se considerar que no núcleo os campos são uniformes, a corrente e o fluxo
Secç
ligado vêm proporcionais aos campos H e B:
i=H⋅l/N, ψ=N⋅B⋅S
(onde l é o perímetro da linha média do núcleo, e S a área da sua secção recta). A relação entre ψ e i vem dada,
noutra escala, pelo mesmo ciclo de histerese do material (fig.5.1). A área Aψi do ciclo, medida nas unidades de
ψ vezes as de i , mede a energia perdida pelo núcleo cada vez que a corrente na bobine descreve um ciclo. Em
funcionamento à frequência f, o ciclo é descrito f vezes por segundo, e portanto gasta-se por segundo a energia
f⋅Aψi . Por definição de potência, isto representa uma potência de perdas
PH= f⋅Aψi
provocadas pelo ciclo de histerese .
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Outra consequência da não linearidade da relação entre ψ e i , é o facto de ψ(t) e i(t) não poderem ser ambos
simultaneamente sinusoidais no tempo. Em geral, o fluxo ψ(t) é sinusoidal, mas a corrente i(t) não o é. Com
efeito, é u1 = R1⋅i1+dψ1/dt ; desprezando a queda de tensão resistiva, vem u1≈ dψ (t)/dt, (com ψ ≈ N1⋅φfe ,
desprezando também o fluxo de dispersão), pelo que ∫u1dt≈ ψ(t). Como a tensão u1 imposta pela rede de
distribuição é praticamente sinusoidal, o fluxo no ferro, sendo o seu integral, também é sinusoidal.

A figura 5.2 mostra como, a um fluxo sinusoidal, a relação não linear entre ψ e i responde com uma corrente i(t)
não sinusoidal. Na figura vê-se um processo gráfico de construir ponto a ponto a forma de i(t) a partir da
sinusóide do fluxo e do ciclo de histerese.

t2
t1

t1 i Fig.5.2: Construção, por pontos, do gráfico de


i(t) que corresponde a um ψ(t) sinusoidal.
O fluxo ψ(t) é praticamente sinusoidal (porque,
sendo a tensão da rede razoavelmente
t2
sinusoidal, o seu integral também o é; como u1 ≈
dψ(t)/dt, então é ∫ u1 dt ≈ ψ (t). )
Com uma característica ψ(i) não linear, a um
ψ(t) sinusoidal corresponde um i(t) não
sinusoidal. Como o ciclo não passa na origem,
ψ(t) e i(t) não se anulam simultaneamente, vindo
ψ(t) atrasado em relação a i(t).

Devido ao facto de o ciclo não passar pela origem, ψ e i não são simultaneamente nulos; por isso, a corrente i(t)
não passa por zero ao mesmo tempo que o fluxo ψ(t), vindo este atrasado em relação a i(t). Esse atraso está
relacionado com as perdas magnéticas (se o ciclo tivesse largura nula, já o fluxo não ficaria atrasado em relação
à corrente, pois ambos poderiam ser nulos em simultâneo; também nesse caso, a área do ciclo seria nula e
portanto não haveria perdas magnéticas). A figura 5.3 mostra a posição temporal relativa das duas grandezas

ψ
Fig.5.3 - Representação simultânea de
ψ(t) e i(t) . Além da distorção da t
corrente, o ciclo introduz um atraso do
fluxo em relação à corrente.

5.2- Bobine de núcleo de ferro: Aproximação sinusoidal. Linearização.

Nas situações habituais de regime sinusoidal, e para facilidade de cálculo, a corrente i(t) não sinusoidal é
conceptualmente substituida por uma outra, sinusoidal, com o mesmo valor eficaz.

O valor eficaz da corrente pode ser medido com um amperímetro de verdadeiro valor eficaz. O valor eficaz do
fluxo, visto que é sinusoidal, calcula-se facilmente: se a queda de tensão resistiva no fio da bobine for
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desprezável, vem, pela lei da indução de Faraday : u1= dψ(t)/dt ; ou, em regime sinusoidal e aplicando a notação
complexa : U1=jωψ. Em valores eficazes, é ψef=Uef /ω.. O valor de Uef mede-se com um voltímetro.

Medindo assim, independentemente um do outro, o valor eficaz da corrente e o do fluxo, pode-se construir a
relação entre esses valores eficazes, (fig.5.4-a). Essa relação já não tem histerese, mas não é linear. Em cada
ponto calcula-se a razão entre ψef e Ief. Essa razão é o coeficiente de auto indução (quociente) equivalente para
regime sinusoidal, leq=ψef /Ief . Devido à não linearidade, o valor desse coeficiente varia com o ponto de
funcionamento (fig.5.4-b e 5.4-c). Conceptualmente, em cada ponto de funcionamento a bobine não linear
pode ser substituída por outra, linear, cujo coeficiente de indução l é igual ao coeficiente equivalente leq da
original, nesse ponto de funcionamento. Portanto, nessa bobine linear equivalente, vem ψ ef= l⋅Ief , e em
amplitudes complexas, virá ψ =l⋅I , vindo as duas amplitudes complexas em fase.

ψef Leq =
Leq =
ψef / Ief
ψef / Ief

Ief
Ief Uef
a) b) c)
Fig. 5.4.- Linearização da bobine de núcleo de ferro:
a) - Relação entre os valores eficazes do fluxo ligado ψef , e da corrente na bobine, Ief.
Em cada ponto de funcionamento define-se o coeficiente de auto indução (quociente)
equivalente para regime sinusoidal, leq=ψef /Ief .
b) - Andamento, com a corrente, do coeficiente de auto indução (quociente) equivalente
c) - Andamento, com a tensão, do mesmo coeficiente. Não sendo Uef proporcional a Ief,
este andamento não é igual ao anterior, mas é do mesmo tipo.

No entanto, mesmo desprezando a resistência do enrolamento (e portanto desprezando as perdas por efeito de
Joule no cobre), a bobine tem perdas de origem magnética, que têm de ser supridas por energia vinda do gerador.
Num ensaio do funcionamento de uma bobine de núcleo de ferro em regime sinusoidal, deve ser medida a
corrente e tensão, mas também a potência à entrada, (fig 5.5-a), que não é nula.
Pela lei de Faraday, sem resistência no fio é U1=jωψ, pelo que a amplitude complexa do fluxo está
necessariamente em quadratura e atraso em relação à da tensão, (fig. 5.5-b).
Por outro lado, a potência à entrada, que é P=Uef⋅Ief⋅cos(ϕ) , não é nula, pelo que o ângulo ϕ entre as amplitudes
complexas da tensão e da corrente não pode ser 90º (fig.5.5-b).
Portanto, a corrente I e o fluxo ψ não estão em fase: o fluxo vem atrasado em relação à corrente de um
ângulo χfe chamado ângulo de perdas no ferro (também se usa a notação δ para este ângulo).
Já não é portanto válida a expressão ψ =l⋅I , que não tem em conta este atraso.
Em notação complexa, este atraso pode ser introduzido mediante uma multiplicação pelo coeficiente e-jχ, vindo:
ψ =l⋅I ⋅ e-jχ.
Agrupando os dois coeficientes, fica:
ψ =(l⋅ e-jχ) ⋅I
À expressão entre parêntesis chama-se coeficiente de indução complexo l=(l⋅ e-jχ). Com este coeficiente
complexo, já se pode pôr:
ψ =l⋅I
A relação entre tensão e corrente pode-se calcular como:
U1 = jωψ = jωl⋅I = jω (l⋅ e-jχ) ⋅I
Ou seja, U1 = jω⋅l⋅ ( cos χ-j senχ) ⋅I = (ω⋅l⋅ senχ+ jω⋅l⋅ cos χ)⋅I . Isto equivale a substituir a bobine com
perdas por um RL série com
rfe=ω⋅l⋅ senχ , e lfe= l⋅ cosχ
(fig.5.5-c), e a considerar que a tensão de entrada tem uma componente resistiva e outra indutiva.
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De forma dual, pode-se fazer


I = U1 / ( jω l) =U1 / (jω l⋅ e-jχ) =U1 ( e+jχ / (jω l) ).
Vem então:
U1 ( senχ / (ω l) - j⋅cosχ / (ω l) ).
Isto é equivalente a substituir a bobine com perdas magnéticas por um RL paralelo, (fig.6-e), com
Rp=ω⋅l/senχ , e Lp= l/cosχ .
Agora é a corrente (fig.6-f) que é conceptualmente dividida numa componente de perdas Ip e numa componente
magnetizante Iµ.

im
im im
rfe urfe ip iµ
u
p lfe Rp Lp
u ulfe u

(a) (c) (e)


(b) (d) (f)
U U U
Ip
ϕ = Urfe Ulfe
π/2 -χfe
χfe
ψ Iµ
ψ Im ψ Im
Im

Fig 5.5: Circuitos equivalentes da bobine com perdas no ferro e sem perdas no fio.
• A bobine com perdas no ferro, e sem perdas no fio, Rfio=0, (a), tem U1=jωψ (lei da
indução), pelo que o fluxo está em quadratura e atraso sobre a tensão, (b). A potência (de perdas)
não é nula, pelo que o ângulo ϕ entre a tensão e corrente não é de 90º. Por isso o fluxo vem
atrasado da corrente do ângulo de perdas no ferro, χfe (b).
• Do ponto de vista dos terminais, a bobine é equivalente a um circuito RL série, (c), em
que rfe=ω⋅l⋅sen(χfe), e lfe=ω⋅l⋅cos(χfe). Isto equivale a considerar que a tensão aplicada se reparte
em duas componentes: urfe , em fase com a corrente, (d), dando as perdas; e ulfe , em quadratura
com a corrente, dando o caracter indutivo.
• Também é equivalente a um R em paralelo com um L, (e), em que Rp=(ω⋅l) /sen(χfe), e
lfe=l/cos(χfe). Conceptualmente, isto equivale em considerar duas componentes da corrente, (f):
Uma, Ip , corrente de perdas, em fase com a tensão e circulando em Rp. E outra, Iµ , corrente
magnetizante, em quadratura com a tensão e circulando na bobine Lp .

Os valores dos parâmetros equivalentes dependem da frequência, e os do paralelo são diferentes


dos da série. rfe≠Rp , e lfe≠Lp . Note-se que quer rfe quer Rp são resistências fictícias que pretendem
representar as perdas magnéticas, e não são a resistência do fio do enrolamento.
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6 – Esquema aproximado simplificado

O esquema de Steinmetz apresentado exige que se usem 2 malhas


para ser analisado, o que aumenta o trabalho de cálculo.

No entanto, nos transformadores de potência habituais, sucede que:


• A impedância de cada ramo longitudinal é muito menor que
a impedância nominal (≈5%)
• A corrente de magnetização é muito menor que a corrente Esquema de Steinmetz: duas malhas
nominal (<5%)
Por isso, em condições perto do nominal, a queda de tensão no 1º ramo longitudinal é muito menor que a tensão
U1 ; assim, virá U1P≈U1.
Também, em condições nominais, a corrente de magnetização é muito menor quem I1nom; assim, a corrente que
atravessa o 1º ramo longitudinal, é I1=I10+I’2 ≈ I’2
Isto permite usar um esquema simplificado (esquema de Kapp), que é apenas aproximado, e que consiste em
deslocar o ramo transversal para a entrada:
Ur1 Uλ1 U'λ2 U'r2
I1 I’2
I10 r1 λ1 λ’2 r'2 Z’crg =
U1 ≈
I’P I’µ m2⋅Zcrg
U1p
R’P l'µ U’2

Este esquema é utilizado no domínio da Energia Eléctrica, onde os transformadores de potência utilizados
verificam as condições atrás indicadas (impedância longitunal << impedância transversal, corrente de
magnetização << corrente nominal). A maior simplicidade deste esquema aproximado torna mais fácil o seu uso,
integrado no esquema mais amplo da rede a que pertence. Serve assim para calcular, com erro aceitável, as
correntes e tensões na rede. No entanto, as grandezas inerentes ao próprio transformador podem vir com erro
apreciável, se se estiver em situação longe da nominal.

Veja-se por exemplo a situação de curto circuito:


Se, como é normal num transformador de potência, os dois ramos longitudinais forem semelhantes,
r1+jωλ1≈ r’2+jωλ’2 , então com o esquema exacto vem U1p ≈U1 /2 (as duas impedâncias longitudinais
funcionamcomo um divisor de tensão por 2); a tensão principal é metade da primária, ou seja, o fluxo é metade
do que seria, em vazio. Mas o esquema aproximado, nessa situação, conduz ao resultado errado U1p ≈U1 .
As outras tensões e correntes vêm com valores aproximadamente iguais nos dois esquemas, mas a grandeza
interna (fluxo no ferro) não é reproduzida pelo esquema aproximado, na situação de curto circuito.

Ur1 Uλ1 U'λ2 U'r2 Ur1 Uλ1 U'λ2 U'r2


I1 I’2 I1 I’2

r1 λ1 I10 λ’2 r'2 I10 r1 λ1 λ’2 r'2


U1 U1 ≈
U1p ≈ I’P I’µ U’2 I’P I’µ U’2
U1p
U1 /2 R’P =0 R’P l'µ =0
l'µ

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