O Que É Verbo
O Que É Verbo
O Que É Verbo
Falamos agora mesmo que o verbo é justamente o que transforma uma frase ou período em uma
oração. Por isso, dizemos que ele é um dos termos essenciais da oração, fazendo parte do predicado.
De modo geral, estamos acostumados a pensar o verbo como a palavra que indica uma ação, mas, na
verdade, ele pode exprimir também:
Para sintetizar tudo isso, o gramático Ernani Terra define o termo como “palavra variável em pessoa,
número, tempo, modo e voz que exprime um processo, isto é, aquilo que se passa no tempo”.
Guarde essa definição, porque vamos voltar a ela várias vezes nos próximos tópicos.
Quanto à predicação
Lembra que falamos que o verbo era parte do predicado? Pois bem, a predicação verbal está
relacionada a como ele forma o predicado, ou seja, se exige ou não complemento. Em relação a isso,
podemos falar que existem 2 tipos de verbos:
nocionais: aqueles têm conteúdo semântico, um significado claro. De modo geral, são os que
exprimem ação, existência, desejo;
de ligação: são aqueles que exprimem estado ou mudança de estado.
Os verbos nocionais podem ser divididos, ainda, quanto à sua relação com seu complemento — mas
isso é assunto para o próximo tópico.
Quanto à regência
A regência se refere à flexão de um determinado termo. O verbo é o regente da oração, o que significa
que é ele que vai definir como o seu objeto será regido. Assim, a regência verbal é a relação
estabelecida entre o verbo e seu objeto.
verbo transitivo direto: o verbo pede um objeto, mas não exige preposição. Por exemplo: “Eu
entreguei a tarefa”;
verbo transitivo indireto: nesse caso, o verbo pede tanto um objeto quanto uma preposição. Por
exemplo: “Eu gosto de redação web”;
verbo transitivo direto e indireto: o verbo precisa de 2 objetos, um com preposição e outro, sem: “Eu
me lembrei de entregar a tarefa”;
Verbo intransitivo: são os verbos que não exigem complemento. Por exemplo: “Morri”.
Quanto à flexão
O termo “flexão” diz respeito às mudanças pelas quais o verbo passa de acordo com cada um dos
aspectos que citamos ali em cima (se você já esqueceu, corre lá e dá uma olhada. A gente espera).
regulares: são aqueles que seguem o modelo de conjugação padrão (radical + sufixo que varia
segundo tempo, pessoa, número…). Por exemplo: “escolhi” ou “caí”;
irregulares: são aqueles que não seguem o padrão, como “vou” ou “peço”;
defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação em todas as formas, como “falir”. Para alguns
gramáticos mais exigentes, o verbo “adequar” também é defectivo, mas, como a forma “adéqua” já caiu
em uso, ela já é aceita em alguns casos;
abundantes: são aqueles que apresentam dua formas igualmente válidas para o mesmo tempo, modo,
voz, pessoa etc. Esse fenômeno é mais frequente no particípio (como “aceito” ou “aceitado”) e a regra é
que, com os auxiliares ter e haver, deve-se usar o particípio regular (“tinha aceitado”), enquanto
com ser e estar usa-se o irregular (“foi aceito”);
pronominais: verbos pronominais são aqueles que precisam de um pronome oblíquo para serem
conjugados, mas não são reflexivos (aqueles que vêm acompanhados de pronomes oblíquos sempre
na mesma pessoa do sujeito). Por exemplo: “atrever-se”.
Sentiu falta de alguma coisa? É que o verbo “por” e todos os seus derivados (como “repor”) vêm do
Latim “poer”, sendo, dessa maneira, verbos de 2ª conjugação.
Assim, conjugar um verbo significa flexioná-lo de acordo com a sua conjugação, a partir dos critérios
determinados. Vamos entender melhor cada um deles:
Pessoa e número
As pessoas do discurso (também chamadas de “pessoas gramaticais”) representam os sujeitos
envolvidos numa situação de comunicação. Parece confuso, mas na prática é bastante simples de
entender:
É importante não confundi-las com os pronomes pessoais que as representam (eu/nós, tu/vós, ele/eles,
respectivamente). Enquanto os pronomes pessoais são termos específicos, as pessoas do discurso são
mais abstratas; tratam-se de entidades gramaticais que organizam a situação comunicacional.
Você deve ter percebido que citamos 3 pessoas, mas 6 pronomes. Isso aconteceu porque elas também
podem variar em número — ou seja, podem aparecer no singular ou no plural.
Tanto a pessoa quanto o número são dados pelo sujeito da oração. Quando o verbo e o sujeito estão
em pessoas e/ou números diferentes, falamos em falta de concordância verbal.
Tempo e modo
Na definição dada de verbo, Ernani Terra fala sobre um processo que acontece no tempo. E quais são
as principais divisões do tempo com que trabalhamos no dia a dia? Passado, presente e futuro. Só que,
na gramática, o passado ganha o nome de “pretérito”.
Além desses 3 tempos básicos, existem ainda algumas subdivisões do pretérito e do futuro:
pretérito perfeito: indica um fato que aconteceu inteiramente no passado (“Trabalhei na Rock Content”)
ou que vem se prolongando até o presente (“Tenho trabalhado apenas com freelas);
pretérito imperfeito: indica algo que acontecia continuamente no passado (“Eu trabalhava na Rock
Content”) ou que aconteceu em relação a outro acontecimento (“Eu redigia um texto quando minha
internet caiu”);
pretérito mais-que-perfeito: indica algo que se passou antes de outro acontecimento, também no
passado (“Eu já me formara quando comecei a trabalhar”);
futuro do presente: indica um acontecimento futuro em relação ao momento da fala (“Vou terminar de
ler este artigo”);
futuro do pretérito: indica um acontecimento futuro condicionado a uma ação passada (Se você
tivesse terminado a leitura, dominaria os verbos”).
Os verbos também variam de acordo com a atitude do falante em relação ao processo indicado
pelo verbo, ou seja, o modo verbal. São 3:
É importante manter em mente que tempo e modo verbal influenciam um ao outro na conjugação. O
pretérito perfeito, por exemplo, é conjugado de maneiras diferentes no indicativo e no subjuntivo, e não
existe “futuro do pretérito do subjuntivo”.
Formas nominais
Além de todas essas possibilidades, existem ainda algumas formas verbais que não têm flexão de
tempo e modo. São as chamadas formas nominais, que recebem esse nome porque cumprem função
própria de classes de palavras como substantivo, adjetivo e advérbio.
infinitivo: é o verbo em sua forma “pura”, antes de ser flexionado por tempo, modo ou número, e
funciona como substantivo. Em alguns casos (para evitar ambiguidades, por exemplo), o infinitivo pode
ter flexão de pessoa, dando origem ao chamado “infinitivo pessoal”, como: “Disse aos meninos para
juntarem as coisas”;
particípio: já falamos dele neste artigo, lembra? O particípio muitas vezes cumpre papel de adjetivo e,
nesses casos, precisa concordar com o termo a que se refere em número e gênero: “Feitas essas
considerações, sigamos em frente”;
gerúndio: não existente no português europeu, essa forma verbal indica um processo que está
acontecendo, cumprindo um papel de adjetivo e advérbio. Um exemplo de gerúndio é “Lendo este
artigo, você vai entender tudo sobre verbos”.
Voz
Além disso tudo, o verbo ainda se flexiona de acordo com a relação estabelecida entre ele o sujeito,
o que ganha o nome de voz. Novamente, são 3 possibilidades:
voz ativa: é a forma mais comum no português e acontece quando o sujeito é agente, ou seja, ele
pratica a ação expressa pelo verbo: “Eu escrevi o texto”;
voz passiva: nesse caso, dizemos que o sujeito é paciente, ou seja, receptor da ação expressa pelo
verbo: “O texto foi escrito por mim”;
voz reflexiva: acontece quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente. Nesse caso, o verbo
aparece na voz ativa e é seguido de um pronome oblíquo reflexivo: “Machuquei-me”.
Isso porque, na transformação da voz ativa para a passiva, o objeto torna-se sujeito e o sujeito, por sua
vez, cumpre o papel de agente da passiva. Para ficar mais fácil, compare:
Porém, o sujeito não pode ser iniciado por preposição. Como você já sabe, verbos transitivos indiretos
exigem preposição antes de seu objeto; por isso, ele não pode ser transformado em sujeito. Essa
não é só uma regra empoeirada da gramática: tente colocar a frase “Preciso de ajuda” na voz passiva e
você perceberá que a construção não soa natural.
Além disso, existem 2 tipos de voz passiva: a analítica (“o texto foi escrito por mim”) e a sintética ou
pronominal (“escreveu-se o texto”). Caso você esteja pensando que é perfeitamente possível dizer
“Precisa-se de ajuda”, saiba que, justamente por causa do que acabamos de explicar, esse caso é
considerado pela gramática como voz ativa com sujeito indeterminado (não se sabe quem precisa de
ajuda).
Justamente por causa dessa semelhança entre a voz passiva sintética e as orações com sujeito
indeterminado, é muito fácil errar a conjugação nesses casos. Por exemplo, qual dos dois está certo:
“investiram-se muitas horas na redação deste texto” ou “investiu-se muitas horas na redação deste
texto”?
Acertou quem disse a primeira. Afinal, na voz passiva analítica, a frase seria: “Muitas horas foram
investidas na redação deste texto”. Percebe que “investidas” está concordando com “horas”? Essa
mesma concordância precisa se manter na passiva sintética.
Ando
Compro
Falam
Fazem
Bebo
4) Leia o texto abaixo e circule os verbos:
O pijama de Jaime
Jaime disse:
- Júlia, meu pijama ficou joia! Não vou deixá-lo sujar mais.