15 - Cap 15 HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

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CAPITULO 15

HIGIENE MILITAR E PRIMEIROS SOCORROS

15.1 HIGIENE PESSOAL E COLETIVA

a. Asseio Corporal
Mesmo antes de saber como as doenças infecciosas se disseminam, o
homem dava atenção ao asseio corporal, não só para satisfazer seus próprios
desejos, como também para tornar mais agradável o convívio com seus
semelhantes. Agora, sabe-se que há razões sólidas, de ordem médica, para a
manutenção do asseio corporal. A sujeira, a imundície e os germes, são
inseparáveis. Manter o asseio corporal e as roupas limpas é um meio simples e
eficaz de reduzir o número de germes nocivos capazes de afetar o organismo.

1). Pele
O corpo deve ser lavado diariamente, da cabeça aos pés com água e
sabão (sabonete).
Quando não houver chuveiro ou banheira o asseio corporal poderá ser
feito usando meios de fortuna:
Usando uma toalha, água e sabão, dando especial atenção às dobras
do corpo (axilas e virilha), face, ouvidos, mãos e pés.
Quando houver algum ferimento ou infecção, este deverá ser tratado
de imediato.

2). Cabelo
Deve ser conservado limpo, penteado e aparado.
Pelo menos três vezes por semana lavar com água e sabão.
A barba deve ser raspada diariamente.
O pente e o aparelho de barba são de uso exclusivamente individual.
Não devem ser emprestados a outras pessoas.

3). Mãos
As unhas devem estar bem aparadas.
As mãos devem ser lavadas com sabão e água:
a) após qualquer trabalho manual e necessidades
fisiológicas
b) antes de tocar os alimentos e talheres.
Os hábitos de limpar o nariz com o dedo e roer unhas contaminam as
mãos os objetos tocados por estas.
Tosse e espirro deve ter o anteparo de um lenço ou serem dirigidos
para fora do alcance de outras pessoas.
Dedos contaminados não devem ser levados à boca.

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4) Vestuário
Torna-se facilmente contaminado com germes que podem estar nos
excrementos, na urina ou nas secreções do nariz e da garganta;
As roupas internas devem ser trocadas, se possível, diariamente.
As externas devem ser lavadas quando sujas.
A sacudidura do fardamento, seguida de duas horas de exposição ao
sol, reduzirá consideravelmente o número de vermes que tenham se fixado nele.
Pelo menos uma vez por semana, os lençóis devem ser mudados e as
mantas, travesseiros e colchões , expostos ao sol e ao ar.

b.. Asseio Bucal

1). Escovação e limpeza dos dentes


A higiene regular e apropriada da boca e dos dentes previne a cárie
dentária e a gengivite; ambas podem determinar dor intensa e perda dos dentes.
A mais sadia higiene oral, que se deve praticar sempre que possível,
consiste em limpar corretamente a boca e os dentes após a s refeições e com
dentifrício à base de flúor, e remover os detritos alimentares que se tenham
acumulado entre os dentes com fio dental ou palito.
Quando a situação tornar impraticável, o homem fará a limpeza
completa da boca e dos dentes, no mínimo uma vez por dia, usando meios de
improvisação , se for necessário.
Se, no momento, não houver dentifrício, bastará à utilização de escova
com água.
Na falta da escova, utilizar palitos até mesmo improvisados para
remover o material existente entre os dentes. Se necessário, fios de linha ou
qualquer tecido podem ser usados para retirar detritos que tenham ficado entre os
dentes.
A fricção vigorosa das gengivas com o dedo limpo estimula a sua
higidez.

2) Cuidados com dentaduras e pontes


As próteses dentárias substituem apenas os dentes naturais, mas não
cumprem na íntegra a sua função.
O grau de utilização com êxito, que se espera depende em grande
parte, dependem dos cuidados de manutenção e higiene a eles dispensados.
A limpeza dos aparelhos móveis e fixos é de grande importância, e
deve ser executada com todo zelo, como ocorre com os dentes naturais.
Dentaduras defeituosas ou danificadas são danosas aos tecidos
bucais. Devem ser reparadas, ajustadas ou substituídas pelo Oficial Dentista.
Os tecidos sob dentaduras também requerem cuidados, isto é, devem
ser friccionados regularmente com escovas, a fim de estimular a circulação.
As dentaduras devem ser removidas à noite ou pelo período de 3 a 4
horas durante o dia.

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3) Restaurações Dentárias
Obturações a amálgama de prata, incrustações a ouro ou coroas de porcelana e
outros tipos de restaurações, são também substitutos da estrutura dentária e
apresentam graus variáveis de limitações funcionais.
A atenção cuidadosa a essas limitações será fator determinante da eficiência
funcional dos dentes e da saúde da boca.
Boa higiene oral depende também, de exames periódicos dos dentes
e da boca por um Oficial Dentista.

c. Doenças Venéreas

Sob o ponto de vista histórico, as doenças venéreas constituem um


problema para ambas as comunidades, civil e militar.
Refere-se aos militares porque o homem egresso do ambiente do seu lar,
pode percorrer áreas onde a promiscuidade seja habitual e a s doenças venéreas
prevalecentes.
Elas podem afetar consideravelmente a saúde individual, ou até causar a
morte, como no caso da AIDS.
Existem sete principais tipos de doenças venéreas:
AIDS, Sífilis, Blenorragia (gonorréia), Cancróide (cancro mole),
Linfogranuloma venéreo e Granuloma inguinal.

1) Modo de Transmissão
As doenças venéreas são quase sempre transmitidas pelo ato
sexual.
As lesões afetam os órgãos genitais, podendo, no caso da AIDS,
levar a uma deficiência imunológica, com conseqüentes implicações sistêmicas.
O contato direto com a lesão ou com o material dela proveniente é o
modo mais habitual de disseminação da doença.
Em raríssimos casos, quando o indivíduo é portador de lesão em
torno da boca, a sífilis pode ser transmitida através do beijo.

2). Programa de Controle


Deve ser minucioso e exaustivo em seu alcance.
Sua eficiência depende da cooperação inteligente e esclarecida
entre os indivíduos.
No controle das doenças venéreas no Exército, dá-se particular
ênfase ao que se segue:
a) Responsabilidade: O Cmt da Unidade é o responsável.
b) Orientação do comportamento: Manutenção de mentalidade
sadia e compostura moral entre os elementos sob seu Comando.
c) Redução de fontes: Em íntima ligação com os serviços
especializados civis
d) Investigação do Contato: O infectado é tratado e fornece
informações confidenciais com relação ao próximo colega acometido.
e) Uso de restrições: “Locais proibidos”

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f) Higiene e educação sexual: Instruções sobre o assunto
g) Profilaxia: Incentivar o uso de preservativos e redução de
parceiras.

3) Tratamento
A maioria das doenças venéreas pode ser curada, desde que o
tratamento seja eficaz e instituído precocemente.
Até o presente momento, apesar dos esforços desenvolvidos na área
da pesquisa médica, não foi encontrada cura para a AIDS.
Qualquer lesão dos órgãos genitais, qualquer corrimento do pênis
pode ser de origem venérea, qualquer desses sintomas deve ser levado ao
conhecimento do Oficial Médico, imediatamente.
O único diagnóstico confirmatório no caso da AIDS, é através do
exame de sangue.
Não se deve ater a outros expedientes, como consultas
charlatanescas, tentar drogas populares ou mesmo remédios de farmácia.
Contrair doença venérea não constitui motivo para aplicação de
normas disciplinares. Todavia o homem que suspeita ou se apercebe de que está
acometido de doenças venéreas e deixa de comparecer à visita médica para
tratamento adequado, fica passível de sanções disciplinares.

15.2. HIGIENE COLETIVA

a. Purificação da água

1) Generalidades
Quando não houver disponibilidade de água potável, cada soldado
tem o dever de estar capacitado para proceder à desinfecção da água para
consumo próprio. Para esse fim, ele deve dissolver em seu cantil comprimido de
iodo ou hipoclorito de cálcio.

2) Uso de comprimidos de iodo para purificar a água do cantil.


a) Verificar se o iodo apresenta modificação no seu estado físico,
antes de ser utilizado para a purificação da água do cantil, pois o mesmo, com o
tempo, perde sua capacidade desinfetante. Os comprimidos que não tiverem a cor
cinzenta ou que se apresentarem grudados ou friáveis (quebradiços) não devem
ser usados.
b) Usa-se o método abaixo no tratamento de água do cantil com
comprimidos de iodo:
(1) Encher o cantil com água limpa e clara;
(2) Adicionar comprimidos de iodo na seguinte dosagem:
(a) Água límpida: 1 comprimido para a quantidade de água
correspondente a ¼ da capacidade do cantil.
(b) Água turva: dobrar a dose acima;

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(3) Colocar a tampa do cantil, frouxamente, aguardar 5 minutos e
depois agitá-lo bem, permitindo vazamento a fim de enxaguar as roscas do
gargalo e da tampa do cantil:
(4) Apertar a tampa e aguardar por mais 20 minutos, antes de fazer
uso da água para qualquer fim.

3) Uso do Hipoclorito de cálcio para purificar a água do cantil.


O processo seguinte destina-se a purificar a água de ¼ de cantil com
uma ampola de hipoclorito de cálcio:
a) Encher o cantil com água bem límpida e clara, até 2,5 cm abaixo do
gargalo;
b) Encher de água o caneco do cantil até o meio e adicionar uma
ampola de Hipoclorito cálcio; agitar até que o pó se dissolva completamente;
c) Encher a tampa do cantil, até o meio com a solução do caneco e
adicioná-la à água do cantil. Depois de colocada a tampa do cantil, agitá-lo bem.
Nos cantis de alumínio, a tampa é menor, sendo, em conseqüência, necessárias 3
tampas cheias da solução de hipoclorito de cálcio;
d) Afrouxar ligeiramente a tampa, permitindo que o líquido frua em
direção à rosca do gargalo do cantil;
e) Atarraxar a tampa do cantil e aguardar por cerca de 30 minutos
antes de fazer uso da água.

b. Eliminação de Detritos

1) Generalidades
a) A palavra “detritos” inclui todos os tipos de resíduos resultantes das
atividades humanas ou animais. Neste assunto são abordados os seguintes tipos
de detritos:
(1) Detritos humanos (fezes e urina).
(2) Restos sólidos de cozinha.
b) O destino a ser dado aos dejetos humanos, água de serventia,
restos de comida e lixo depende da situação militar e da localização da Unidade.
O enterramento e incineração são os métodos mais comumente usados em
campanha.

2) Eliminação dos detritos humanos


Os dispositivos que se prestam a dar destino aos excrementos
humanos, em campanha, variam com as situações:
a) Quando a tropa está em marcha, cada indivíduo usa uma latrina
“buraco de gato” durante os pequenos altos. Cava-se um buraco de
aproximadamente 30 cm de profundidade, o qual é total e completamente fechado
após o uso;
b) No estacionamento temporário, de um a três dias, é conveniente a
latrina de campanha;
c) Nos acampamentos temporários, constroem-se latrinas de fossa
profunda e poços de absorção de absorção de urina;

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Usam-se latrinas de campanha, enquanto se constroem latrinas de
fossa profunda. Quando não for praticável sua construção, usam-se os outros
tipos. Qualquer que seja o tipo de latrina usado, a Unidade é responsável por sua
construção, manutenção e fechamento.

3) Latrinas
a) Latrinas de Vala
A latrina de vala tem uma largura de 30 cm por 75 cm de
profundidade e 1,20 m de comprimento. Deverá acomodar dois homens ao
mesmo tempo. Deve ser calculado um número de latrinas para servir 6% do
efetivo, ao mesmo tempo. Assim, para uma Unidade com efetivo de 100 homens,
são necessárias quatro latrinas de 1,20 m. Não há assentos nesse tipo de latrina,
m as colocam-se as tábuas em ambos os lados da mesma, a fim de proporcionar
melhor apoio para os pés. A terra removida é amontoada nas extremidades de
cada latrina e coloca-se a mesma numa pá, de modo que cada soldado que tenha
usado a latrina possa prontamente cobrir seus excrementos e o papel higiênico
utilizado.

b) Latrina de fossa profunda:


(1) É uma fossa profunda com uma caixa de latrina colocada sobre
a mesma. A caixa de latrina padrão tem quatro assentos. Tem 2,40 m de
comprimento e 75 cm de largura na base. Uma Unidade de cem homens necessita
de quatro latrinas deste tipo. Os buracos devem ser cobertos com tampa à prova
de moscas e fechamento automático. Quaisquer brechas devem ser tampadas (à
prova de moscas) com tiras de lata ou madeira. Um defletor de metal deve ser
colocado na parte interna da caixa, para evitar infiltração de urina na madeira.
(2) Cava-se uma fossa de 60 cm de largura e 2,25 m comprimento,
deixando cerca de 7 cm de terra, de cada lado da fossa, para apoiar a caixa da
latrina. A profundidade depende da estimativa do tempo em que à latrina será
usada. Como orientação, a profundidade de 30 cm é admitida para cada semana
de uso, mais a profundidade de 30 cm para preencher com terra quando se tiver
de fechar à privada. Não é necessário aprofundar a fossa mais de 1,80m, face o
perigo de desmoronamento das paredes. Rochas ou lençol de água subterrâneo
podem, também, limitar a profundidade da fossa. Em alguns solos, o apoio de
pranchas ou outros materiais pode ser necessário para evitar desmoronamentos
das paredes. A terra deve ser amontoada bem próxima e em redor das bordas
inferiores da caixa, a fim de cobrir quaisquer aberturas através das quais as
moscas possam novamente entrar.
(3) É aconselhável, às vezes, instalar um respiradouro nas latrinas
de fossa para dar saída ao acúmulo de gases úmidos em decomposição, evitando
assim, que se condensem na parte interna das tampas das privadas. O suspiro
deve estender-se da parte superior da fossa até aproximadamente 1,80 m acima
do nível do solo. A abertura do respiradouro deve ser protegida.

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c) Destino dos restos (sólidos) de cozinha
Os restos de cozinha, sólidos ou semi-sólidos, resultam da
preparação e distribuição dos alimentos. Os restos de cozinha podem ser
enterrados ou incinerados.

(1) Enterramento - Quando a tropa está em marcha, em bivaque


ou em estacionamento por menos de uma semana, os restos sólidos ou semi-
sólidos são enterrados em fossas ou valas. Essas fossas ou valas não devem
distar mais de 30 metros do rancho; entretanto, não devem ser enterrados a
menos de 30 metros de qualquer fonte de água usada para cozinhar ou beber;
(2) Preferem-se as fossas para o enterramento, durante os altos
para pernoite. A fossa de 0,36 cm2 de área e 1,20 m de profundidade é suficiente
para um dia, numa Unidade de cem homens. No fim do dia, ou quando a fossa
estiver cheia até 30 cm abaixo da superfície do solo, esparge-se inseticida,
cobrindo-a com terra batida;
(3) A vala contínua se adapta mais a estacionamentos de dois dias
ou mais. Faz-se a vala de cerca de 0,60 m de largura e 0,90 m a 1,20 m de
profundidade, e com o comprimento suficiente para acomodar restos sólidos ou
semi-sólidos no primeiro dia. Como no processo dos poços, não deve ser cheia
até acima de 0,30 m da superfície. A terra da escavação é usada para cobrir os
restos depositados. O
é processo é repetido diariamente ou sempre que as valas ficarem cheias. É um
processo muito eficiente.

15.3 MEIOS HIGIÊNICOS IMPROVISADOS

a. Generalidades
Em campanha, deve-se improvisar meios indispensáveis à manutenção
da higiene individual. Alguns dos recursos experimentados com sucesso são
expostos abaixo:

b. Dispositivos para lavar as mãos


Dispositivos para lavar as mãos, fáceis de operar, devem ser instalados
em lugares apropriados na área de estacionamento da tropa: distantes das
latrinas, próximas ao local rancho e em outros locais, quando necessário. Um piso
de pedras soltas deve ser colocado embaixo de cada dispositivo para facilitar a
absorção e o escoamento da água após a lavagem das mãos. Os reservatórios de
água devem ser verificados periodicamente a fim de mantê-los sempre cheios. Em
um dos tipos de dispositivos utilizados para a lavagem das mãos, com camburões,
são utilizados dois recipientes ou camburões de 20 litros, um cheio com água e
sabão e outro, com água limpa, suspensos numa armação improvisada. Adaptam-
se tampas furadas sobre os camburões, a fim de permitir que a água flua quando
os mesmos forem inclinados.

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c. Dispositivo para barbear e lavar
Um dispositivo composto de um estrado de madeira, com tábuas
regularmente dispostas, de maneira a permitir, entre os espaços, a colocação de
um capacete de aço invertido, que irá servir de bacia; o estrado é apoiado sobre
os cavaletes. Na parte superior, uma peça de madeira com pregos em vários
pontos permitindo pendurar espelhos, a uma altura apropriada 2. Numa das
extremidades do dispositivo, coloca-se um camburão de 20 litros de água; na
outra, uma caixa coletora que descarrega no poço de absorção (esse arranjo
permite dar destino conveniente à água usada).

d. Chuveiro de campanha
Em campanha, sempre que possível, devem ser instalados dispositivos
para chuveiro. Tal providência, além de satisfazer os homens, individualmente,
nas suas exigências higiênicas, reflete-se positivamente no moral da tropa. Nos
climas quentes, o banho de chuveiro alivia o calor. Os reservatórios podem ser
pintados com tinta fosca, de preferência escura, para aumentar a absorção do
calor do sol. Quando o clima exige instalação de dispositivos para aquecimento da
água, deve-se improvisá-lo. Cada dispositivo deve ter um poço de absorção, e
sobre este, um estrado de madeira.

l) Chuveiro com reservatório fixo: Um tambor de 200 litros,


aproximadamente, é convertido num reservatório de água, retirando-lhe o fundo e
aplicando um orifício na sua parte superior, onde se adapta uma válvula de
controle para a saída da água. O tambor é, então, colocado invertido sobre
uma plataforma elevada e, uma lata perfurada, fixada abaixo da válvula de
controle de saída, servirá de espargidor.

2) Chuveiro de reservatório reclinável: Coloca-se um tambor de


aproximadamente 200 litros sobre uma armação suspensa, de maneira que
permita sua inclinação, quando uma corda, atada à sua extremidade, for puxada.
A corda, atada com segurança à armação, controla a inclinação que pode ser
dada ao tambor. Retira-se uma parte de uma das tampas do tambor, deixando-o
cerca de 2/3 da mesma. Perfuram-se orifícios na parte superior do tambor, no lado
oposto à extremidade aberta. A corda, para a inclinação, é atada logo acima dos
orifícios. A meia distância, entre a parte superior e o fundo do tambor, introduz-se
uma vareta arredondada, atravessando-o de um lado a outro; as extremidades da
vareta ficam apoiadas nas chanfraduras abertas na armação suspensa.

3) Chuveiro com dispositivo para aquecimento de água: Quando as


condições climáticas exigem o aquecimento de água do chuveiro, colocam-se dois
tambores sobre uma plataforma elevada. Improvisa-se um queimador alimentado
por uma mistura de água e óleo e um tambor de 70 litros é colocado sobre o
queimador. Este tambor é então conectado a um dos tambores suspensos na
plataforma por meio de dois tubos de borracha ou canos metálicos. Um dos tubos
será introduzido à meia altura neste tambor, enquanto o outro será introduzido
rente ao fundo. As outras extremidades dos canos que forem conectados ao
tambor suspenso, serão introduzidas no tambor de 70 litros até uma altura de 5 a

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7,5 cm do seu fundo. À medida que a água do tambor aquecedor for
esquentando, irá subindo através do cano mais alto até o tambor suspenso. Esta
água será, imediatamente, substituída no aquecedor por igual quantidade de água
que irá saindo do tambor suspenso, pelo cano mais baixo.

15.4 CUIDADOS COM OS PÉS

Guerras e batalhas ainda continuam sendo conquistadas através dos pés do


homem. O devido cuidado com os pés é essencial à manutenção da aptidão física.
Graves afecções dos pés podem ser afastadas pela observância das normas
abaixo.

a. Higiene do pé: Deve-se lavar e secar completamente os pés, sobretudo


entre os dedos, diariamente. Pessoas cujos pés transpiram com freqüência devem
aplicar pós-anti-sépticos, duas vezes por dia;
b. Calçados adequados: Em campanha, deve ser usado apenas o calçado
fornecido pelo Serviço de Intendência. Quando da distribuição dos calçados, é
essencial que eles se ajustem aos pés do homem; nem tão largos que permitam
aos pés des1izarem para trás ou para frente ao andar, nem tão justos que
exerçam pressão sobre os mesmos;
c. Meias adequadas e limpas: As meias devem ser trocadas e lavadas
diariamente e ter tamanho adequado, permitindo ao dedos moverem-se
livremente, sem contudo possibilitar dobras. O tamanho das meias de lã deve, no
mínimo, ter um número maior que as de algodão, a fim de permitir possível
encolhimento após a lavagem. Meias furadas ou mal cerzidas podem causar
bolhas;
d. Alterações comuns nos pés: Bolhas, calos, unhas encravadas e
infecções micóticas são as causas mais comuns de problemas com os pés.
1) Bolhas: São causadas por calçados ou meias inadequados;
2) As unhas encravadas ocorrem quando as mesmas são incorretamente
cortadas. O homem deve apará-las em ângulos retos. Se houver
hipersensibilidade do leito do leito da unha ou de sua borda, o fato deve ser levado
ao conhecimento do Oficial médico;
3) Pé de atleta: (Dermatofitose) é a mais comum infecção dos pés, que
pode ser evitada mediante adoção de certas precauções e determinados
cuidados.
e. Pé de Imersão: A permanência dos pés por mais de 48 horas imersos ou
umedecidos, ainda que em água morna, resulta em “pé de imersão”, o que
incapacita o homem. Nesta afecção a sola dos pés torna-se pregueada e branca.
Além disso, a pessoa afetada não pode andar, nem ficar parada em pé, devido às
dores provocadas. O pé volta ao normal em cerca de 24 horas, uma vez cessada
a causa. Esta afecção pode ser prevenida, evitando-se prolongada imersão e
secando-se os pés durante os períodos de repouso.

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f. Cuidado especial dos pés durante as marchas: A marcha é o mais sério
teste de aptidão dos pés. A não ser que se dispense atenção especial aos pés,
perturbações graves poderão ocorrer em conseqüência da marcha.
l) Antes da marcha: Nos preparativos da Unidade para a marcha, os Oficiais
devem estar seguros de que todos os homens estão devidamente equipados,
corretamente calçados, com um número necessário de meias adequadas, limpas
e inteiras (sem buracos e sem cerzidos) e supridos convenientemente de pó anti-
séptico para os pés. O homem nunca deve tentar amaciar seu par novo de
sapatos ou coturno numa marcha. Bolhas, equimoses por calçado apertado e
infecções, devem ser devidamente tratadas e protegidas antes da realização da
marcha;
2) Durante a marcha: Os pés devem ser mantidos secos. Se as meias se
umedecerem pela transpiração, deverão ser trocadas por outras, na primeira
oportunidade. Se necessário, podem ser submetidas à secagem, sob a camisa, ao
redor da cintura. O calçado apertado pode determinar dificuldade de circulação
sangüínea. No caso dessas ocorrências, a medida é ajustar o calçado ou aplicar
esparadrapo. Uma ou duas vezes por dia, durante a marcha, os pés dever ser
protegidos com talco anti-séptico;
3) Nos períodos de repouso - Os pés devem ser inspecionados de vez em
quando e medidas preventivas aplicadas, antes que sérias alterações se
desenvolvam. Casos de queixas persistentes devem ser 1evadas ao médico. Se
possível, os pés deverão ser lavados durante a noite. É conveniente elevar os pés,
durante o descanso, a fim de reduzir a congestão e o edema. O Comandante da
Unidade deve realizar inspeções periódicas, certificando-se de que as medidas
corretivas estão sendo aplicadas para os queixosos dos pés;
4) No bivaque - As meias usadas devem ser completamente lavadas com
água e sabão, espremidas para facilitar a secagem e penduradas ao sol ou à
corrente de ar. As meias de lã devem ser lavadas em água fria a fim de diminuir a
possibilidade de encolhimento.

15.5 PRIMEIRO SOCORRO

Medidas salva-vidas:
a. Classificação
As três medidas salva-vidas são: estancar a hemorragia, proteger o
ferimento e evitar ou tratar o choque.
1) Estancar a hemorragia
A hemorragia ininterrupta causa o choque hipovolêmico, podendo
levar o paciente à morte. Os mecanismos de controle da hemorragia são os
seguintes:
a) Pressão direta – para estancar a hemorragia, aplica-se o curativo
retirado do estojo de primeiros socorros em cima do ferimento, exercendo, com a
palma e os dedos da mão abertos, uma pressão firme, contínua e uniformemente
distribuída. Esta compressão deve durar de 5 a 10 min e produz dois efeitos
concorrentes para o estancamento do sangue:
(1) Reduz o esguicho de sangue pela lesão;

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(2) Ajuda a manter a ferida cheia de sangue, propiciando a
formação do coágulo.
b)Torniquete – No caso de perna ou braço ferido, não diminuindo a
hemorragia após o processo de elevação do membro, aplique o torniquete. Porém
cuidado, pois o abuso do torniquete é bastante perigoso. Trata-se de um recurso
extremo cujo emprego exige extremas precauções, se mal executado, pode
causar graves conseqüências, por exemplo, gangrena. O torniquete deve ser
colocado acima do ferimento, em caso de hemorragia abaixo do joelho ou do
cotovelo, ele deve ser colocado acima dessas articulações. Para aplicação do
torniquete, siga estes passos:
(1)Envolva o local da aplicação com uma bandagem de proteção; o
torniquete deve ser feito com uma bandagem de, pelo menos três centímetros de
largura.
(2)Se você não tiver use uma gravata, um cinto largo, um lenço
dobrado ou mesmo tiras de pano rasgado de sua gandola. Nunca use barbantes,
cordas, arames ou qualquer material que possa ofender os vasos sangüíneos, os
músculos ou os nervos.
(3)Coloque o pano que servir de torniquete sobre a bandagem de
proteção. Dê um nó único nas duas pontas, coloque um pedaço de madeira sobre
esse nó e amarre-o.
(4)Gire o pedaço de madeira com rapidez de forma a ir apertando,
progressivamente, o pano, em conseqüência, o próprio membro.
(5)Quando a hemorragia cessar pare de girar o torniquete e deixe-
o fixo, para fixá-lo, basta pegar as duas pontas de pano que ficarem sobrando
acima do nó. Passar cada uma delas por um dos lados do pedaço de madeira e
amarrá-las do outro lado do membro, impedindo assim que o pedaço de madeira
gire em sentido contrário e afrouxe o aperto.
(6)Nunca deixe o torniquete por mais de quinze minutos se passar
desse tempo, e o socorro médico ainda não ter chegado, afrouxe-o por cinco
minutos, se a hemorragia arterial voltar violentamente quando você soltar o
torniquete deixe-o só por alguns segundos, em seguida aperte-o de novo por mais
quinze minutos, repita esta operação quantas vezes forem necessárias.

Atenção – Nunca se esqueça de que a aplicação prolongada desta técnica de


estancamento, pode provocar gangrenas e causar lesão com dor permanente.
Nunca aperte o torniquete além do necessário para estancar o sangramento.
Se uma das vezes que você afrouxar o torniquete (mesmo que seja na primeira) a
hemorragia não voltar abandone-o e aplique somente pressão local.

c) Elevação – se o sangramento de um ferimento for somente venoso


ou capilar, a elevação do ferimento acima do coração pode diminuir o fluxo
sangüíneo. Contudo, a elevação não tem valor no controle do sangramento arterial
e pode agravar fraturas.
d) Pontos de pressão – neste método, a artéria é comprimida no ponto
próximo do ferimento, estancando assim o sangramento. Este método não é
recomendável se a pressão tiver que ser mantida por longo tempo, porém deve
ser usado temporariamente, até que um curativo de pressão seja aplicado.

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e) Combinação de métodos – uma combinação de medidas é
geralmente mais eficiente. Exemplo: aplicar pontos de pressão até que curativos
de pressão possam ser aplicados.

2) Proteger o ferimento
O curativo de primeiro socorro, quando conveniente aplicado, protege
o ferimento do meio exterior, mantendo do lado de fora a sujeira e os germes e
protegendo contra lesões subseqüentes. Mesmo existindo sujeira ou corpos
estranhos na ferida, o curativo deve ser aplicado, tomando-se o cuidado para não
tocá-la com as mãos ou outro qualquer objeto, a não ser com o próprio curativo.
As ataduras do curativo deverão exercer uma pressão uniforme sobre toda a
superfície do ferimento, vedando suas extremidades a fim de protegê-las da
sujeira.

3) Evitar ou tratar o choque


O choque causado pela perda excessiva de sangue é o choque
hipovolêmico, isto é, baixa quantidade de sangue (hipo = abaixo, volemia =
quantidade de sangue existente no organismo). O choque é um estado de grande
enfraquecimento do corpo, refletindo a falta de sangue e conseqüentemente a
falta de oxigênio (anoxia) nos tecidos do organismo.
Os principais sinais e sintomas do choque são:
a) Pressão arterial baixa;
b) Sudorese fria;
c) Palidez cutâneo-mucosa;
d) Sede;
e)Lipotimia (desmaio);
f) Fraqueza generalizada;
Prevenção do choque:
Estancar a hemorragia;
Administrar líquidos por via oral (com o paciente consciente) ou por via
parenteral (com o paciente inconsciente);
Aquecer o ferido;
Afrouxar o cinto, desabotoar o fardamento e não mover o ferido
desnecessariamente;
Deitar o ferido de lado ou de bruços, com a cabeça levemente virada
para o lado, a fim de evitar sua sufocação com vômitos, sangue ou outros líquidos.
OBSERVAÇÃO – não se deve dar líquidos a um ferido inconsciente. O ferido em
choque deve ficar deitado com a cabeça num plano inferior aos pés.

b. Curativo individual:
Cada soldado leva um pacote de curativo individual em campanha; cada
curativo consta de uma atadura à qual é pregado um pedaço de gaze; o militar
deve evitar tocar com os dedos na gaze, colocando-se a parte da gaze sobre o
ferimento prendendo o curativo por meio de atadura.

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É usado como medida de emergência que se adota até a chegada do
médico. Quem for atender uma vítima, prestando-lhe os primeiros socorros, deve
usar o curativo individual da vítima e não o próprio.

15.6 SOCORRO EM CASOS DE FERIMENTOS

a. Ferimento na cabeça
Exceto os de menor gravidade, os ferimentos na cabeça requerem
sempre pronta atuação médica.
Faça o seguinte:
1) Em caso de inconsciência ou inquietação, deite a vítima de costas,
afrouxe suas roupas, principalmente em volta do pescoço, agasalhando-a em
seguida;
2) Havendo hemorragia ou ferimento no couro cabeludo, coloque uma
compressa ou um pano limpo sobre o ferimento. Não pressione;
3) Se o sangramento for no nariz, na boca, ou no ouvido, volte à cabeça
da vítima para o lado de onde provém a hemorragia; e
4) Não dê bebidas alcoólicas.

b. Ferimento profundo no tórax


Os ferimentos profundos no tórax que provocam a sucção de ar através
dos mesmos para a cavidade toráxica são bastante perigosos.
O ferimento no tórax não é, por si só, tão perigoso quanto o ar que
através dele penetra na cavidade toráxica. O ar comprime o pulmão e impede a
boa respiração. Nesse tipo de ferimento a rapidez é muito importante.
Aja corretamente e com rapidez:
1) Coloque sobre o ferimento uma gaze ou chumaço de pano, para
impedir a penetração de ar através do ferimento;
2) Segure o chumaço no lugar. Pressione com firmeza;
3) O cinto ou a faixa de pano passado fortemente em volta do tórax,
sobre o curativo, será capaz de manter fechado o ferimento;
4) Não aperte muito o cinto ou a faixa em torno do tórax, para não
prejudicar os movimentos respiratórios da vítima.

c. Ferimento no Abdômen
São perigosos; aja da seguinte maneira:
1) Não recoloque para dentro qualquer órgão do abdômen que tenha
saído pelo ferimento. Pode causar infecção e choque grave;
2) Mantenha no lugar, com o maior cuidado possível, os órgãos
expostos (estômago, intestinos, etc ). Evite ao máximo mexer neles.
3) Cubra com uma compressa úmida;
4) Prenda a compressa firmemente no lugar com uma atadura;
5) O objetivo é proteger os órgãos expostos por meio de um curativo de
pressão.

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Obs: A atadura deve ser firme, mas não apertada. Sob hipótese nenhuma dê
alimentos líquidos ao ferido, sendo que qualquer alimento líquido ingerido pela
poderá sair pelo intestino causando septicemia. Você poderá atenuar a sede do
ferido apenas umedecendo seus lábios; ele estará sujeito a vomitar, portanto vire-
o de lado para evitar asfixia.

d. Hemorragia
Para estancar uma hemorragia temos que ter muito cuidado, tudo
depende de onde se encontra esse sangramento, porque em determinados casos
pode dar derramamento interno.

15.7 SOCORRO ÁS VÍTIMAS DOS DIFERENTES TIPOS DE FRATURAS E


TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO.

a. Fraturas
É a interrupção na continuidade do osso; é a ruptura total ou parcial de
um osso. Existem três tipos de fraturas:
1) Fechadas ou simples
2) Expostas
3) Cominutivas

b. Procedimentos em caso de fraturas


1) Fraturas fechadas ou simples
Coloque o membro acidentado em posição tão normal quanto possível,
sem desconforto para a vítima.
Ponha talas sustendando o membro atingido; as talas deverão Ter
comprimento suficiente para ultrapassar as articulações acima e abaixo da fratura.
Qualquer material rígido pode ser empregado, como: tala, tábua, estaca, papelão,
vareta de metal, etc.; use panos ou qualquer material macio para acolchoar as
talas, a fim de evitar danos à pele. As talas devem ser amarradas com ataduras ou
tiras não muito apertadas em, no mínimo, quatro pontos.
Outro recurso no caso de fratura da perna é aquele que consiste em
amarrar a perna quebrada na outra, desde que se encontre sã, tendo o cuidado de
acolchoar o local entre ambas, com um lençol ou mantas dobrados.

2) Fraturas expostas
Fixe firmemente o curativo no lugar, utilizando-se de uma bandagem forte:
tira de roupa , cinto de guarnição, etc.
Mantenha a vítima deitada; aplique as talas, conforme o descrito para
fraturas fechadas, sem tentar puxar o membro ou fazê-lo voltar à sua posição
natural.
Não desloque ou arraste a vítima até que a região suspeita tenha sido
imobilizada, a menos que ela se encontre em iminente perigo.

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3) Fraturas cominutivas
Aplique os mesmos procedimentos citados para fratura exposta.

c. Sinais de fraturas
São seguintes os sinais aparentes de uma região fraturada: dor,
incapacidade funcional, deformação, descolocação, inchaço crepitação.
Não mover o acidentado, não permitir que se levante, não dar
estimulantes, imobilizá-lo e comprimir da hemorragia.

d. Talas
Todas as fraturas requerem a colocação de talas, os pacientes com
fraturas dos ossos longos, da bacia, coluna ou pescoço devem receber as talas no
próprio local do acidente, antes de qualquer transporte. O bom entalamento
impede que o osso perfure a pele. Meios de fortuna podem ser usados para
confecção das talas, tais como: galhos de árvores, varas, paus de barracas, fuzis,
revistas, etc.
1) Preparação das talas
- Fraturas dos membros inferiores e superiores;
- Fraturas da mandíbula;
- Fratura da coluna;
- Tipóia para braço ou ombros fraturados
2) Atente para essas informações
Ao colocar uma imobilização o socorrista não deve em hipótese
nenhuma tentar melhoras à posição do membro ou segmento afetado.
Puxando ou tentando colocar os ossos no lugar. poderá lesar um vaso ou nervo,
colocando em risco a integridade física do paciente e, em alguns casos, a própria
vida;
Outra importante função da imobilização é evitar a exacerbação da
dor, que pode conduzir a vítima ao choque.
Amarrar o braço no tórax com um cinto NA dá um apoio maior. Vire a
fralda da gandola para cima, envolvendo o membro lesado, e abotoe em posição
adequada. Sustente o antebraço em uma tipóia feita de cinto ou tiras de pano, e
amarre o braço ao tronco; você poderá fazer sua própria tipóia.

15.8 PREVENÇÃO E SOCORRO AOS ACIDENTES PRODUZIDOS POR


CALOR, QUEIMADURAS E CHOQUE ELÉTRICO.

a. Efeitos do Calor
1) Prostração Térmica
Esta condição é determinada pela perda excessiva de água e sal.
Em temperatura acima de 35ºC, o melhor meio de evitar a exaustão consta das
medidas destinadas a facilitar a transpiração, usando roupas leves e de cor clara,
o que favorece a evaporação. Transpiração e evaporação do suor são essenciais
para prevenir a exaustão pelo calor. Nas florestas, por exemplo, onde a umidade é
alta, a exu dação não se evapora completamente, mas escorre, em conseqüência,
pela pele; o resfriamento é menos eficiente e as perdas de água, maiores. Os

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sintomas de exaustão pelo calor são: dor de cabeça sudorese, excessiva,
fraqueza, tontura e cãibras musculares. A pele fica pálida, fria, úmida e pegajosa.
A exaustão pelo calor pode vir gradualmente ou ocorrer de repente. Poucos óbitos
decorrem da exaustão pelo calor; contudo, um caso grave sem tratamento pode
determinar a morte. A vítima deve ser imediatamente colocada em lugar fresco,
ao abrigo do sol e receber os primeiros socorros. Depois ser removida para a
instalação de saúde mais próxima.

2) Insolação
A exposição prolongada a temperaturas altas pode causar
internação, que é uma emergência médica e exige tratamento de imediato.
Acomete de preferência as pessoas não aclimatadas ao calor. Além disso, um
indivíduo por ela acometido fica mais suscetível a ataques posteriores, com menor
capacidade de resposta ao tratamento. O primeiro sinal da doença é a parada da
transpiração, tornando-se a pele quente e seca. Colapso e inconsciência podem
sobrevir repentinamente ou ser precedidos de dor de cabeça, tontura, pulso
rápido, náuseas, vômitos e confusão mental. É preciso agir depressa para salvar a
vida neste caso porque o mecanismo regulador do calor corporal está lesado,
podendo a temperatura subir até 44ºC. A vítima deve ser colocada em lugar
fresco, ao abrigo do sol e receber de imediato os primeiros socorros. Logo que
possível, deve ser removida para uma instalação de saúde, continuando-se o
tratamento durante o transporte.

3). Cãibras pelo calor


Cãibras pelo calor são espasmos dolorosos dos músculos,
geralmente das pernas, braços e abdômen. Podem ser benignas ou graves. São
devidas diretamente da perda de sal (depressão salina) e melhoram quando as
perdas são repostas. Os casos devem ser removidos par um posto de tratamento
médico.

4) Brotoeja
É uma condição inflamatória irritativa da pele, ligada à sudorese
excessiva. Inicia-se em geral ao redor da cintura e axilas, com numerosas e
pequeninas bolhas ou vesículas que causam intenso prurido. Pode haver
conseqüente infecção da pele resultando em lesões incômodas. O bronzeamento
gradual parece aumentar a resistência à brotoeja, e as roupas claras e folgadas
ajudam a impedir o seu aparecimento. Após o banho, o indivíduo deve enxugar a
pele cuidadosamente. Banhos demasiados freqüentes parecem agravar as
brotoejas, porque o sabão remove a camada oleosa da pele. Casos graves devem
ser encaminhados ao Oficial médico.

b. Queimaduras

1) Generalidades
Qualquer lesão decorrente da ação do calor sobre o organismo
denomina-se queimadura.

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Exemplos: contato com o fogo, vapores quentes, líquidos ferventes,
substâncias químicas (ácidos, soda cáustica, etc. ),radiações infravermelhas e
ultravioletas (em aparelhos, laboratórios ou excesso de raios solares) e lesões
com eletricidade.

2) Classificação das queimaduras


a) 1º Grau – lesão das camadas superiores da pele, vermelhidão,
dor no local (sem bolhas). Ex.: queimaduras de sol.
b) 2º Grau – lesão de camadas mais profundas da pele, formação de
bolhas, desprendimento das camadas mais profundas da pele, dor e ardência
locais de intensidade variável .
c) 3º Grau – lesão de todas as camadas da pele, comprometimento
dos tecidos mais profundos, até os ossos.

3) Queimaduras graves – Evitar a infecção ou choque


a) Se uma pessoa tiver uma queimadura grave, está em grave
perigo de infecção . Cubra a área queimada, cuidadosamente, com um curativo
esterilizado e seco. Se houver roupas sobre a queimadura, corte-as e retire-as
delicadamente.
b) Não puxe as roupas sobre a área queimada;
c) Não tente retirar pedaços de roupa aderentes á pele;
d) Não tente limpar a queimadura;
e) Não rompa as bolhas formadas nas queimaduras;
f) Não aplique graxa, vaselina ou ungüentos na queimadura. Não use
medicamento de qualquer espécie.
g)Não toque a queimadura com alguma coisa a não ser o curativo
esterilizado. Pode fazer-se exceção a esta regra no caso de Ter de atender-se um
grande número de pessoas queimadas ao mesmo tempo; nesta circunstância, as
queimaduras poderão ser cobertas com tiras de pano limpo, tais como lençóis.
Caso não existam panos limpos, as queimaduras devem ser deixadas expostas.
As queimaduras graves apresentam maior tendência ao choque do
que as demais lesões de qualquer natureza.
Procedimentos:
(1) Se ele estiver consciente, não vomitar e não tiver ferimento na
barriga, dê-lhe pequenas quantidades de água fresca ou gelada, adicionada de sal
ou de sal e bicarbonato. Dissolva meia colher das de chá de sal fino e um cantil de
água fresca ou gelada. Se dispuser de bicarbonato de sódio, dissolva meia colher
de chá do mesmo em um litro de solução salina supracitada. Misture o sal e o
bicarbonato antes de lançá-los à água. Isto permitirá uma dissolução mais rápida.
(2) Dê a solução acima, gradualmente. A principio, dê-lhe
pequenas colheradas, a intervalos de poucos minutos. Vá aumentando as doses
lentamente, de forma que o mesmo beba cerca de um terço do caneco do cantil
por hora. Esta solução ajuda a recuperar os líquidos e sais do corpo. Perdidos em
virtude da queimadura.
(3) Se o ferido vomitar ou mesmo ameaçar fazê-lo, pare de lhe dar
a solução acima. Nunca use água morna para fazer a solução. A água morna
salgada pode causar o vômito.

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c. Choque elétrico
Acontece com muita freqüência, resulta do contato da vítima com fio
energizado.
Aja do seguinte modo:
1) Não toque a vítima até que ela esteja separada da corrente, ou esta
interrompida.
2) Se essa pessoa tocar num fio condutor de eletricidade e se a
corrente não puder ser interrompida, procure retirar a vítima de cima do fio
elétrico.
3) Para essa operação, use um pedaço de pau seco, roupa seca, ou
qualquer outro material que não conduza eletricidade. Tome cuidado para não
tocar na vítima com as mãos nuas. Você levará um choque.
4) Inicie a respiração artificial logo que a vítima esteja livre do contato
com a corrente.

15.9 RECONHECIMENTO DE ANIMAIS VENENOSOS. SOCORRO ÀS VÍTIMAS


DE PICADAS VENENOSAS.

a. Conceito e caracterização da cobra


A cobra é um animal vertebrado. No mundo dos animais ela tem parentesco
com os lagartos, jacarés tartarugas e jabutis.
As cobras apresentam como características:
1) corpo alongado coberto por escamas;
2) ausência de membros locomotores (patas), o que faz com que se
arrastem pelo chão. Daí serem chamadas de répteis;
3) ausência de ouvido. As cobras não escutam. Elas sentem as vibrações
do solo através do próprio esqueleto;
4) língua bífida, ou seja, dividida em duas partes na ponta. Essa língua
serve para explorar o ambiente e pegar pequenas substâncias que se encontram
suspensas no ar, encaminhando-as para um órgão localizado dentro da boca
(órgão de jacobson) e que desempenha função equivalente ao olfato;
5) olhos sem pálpebras, sempre abertos;
sangue “frio” (pecilotérmico), isto é, sua temperatura varia de acordo com a do
ambiente;
6) órgãos internos como os dos demais vertebrados, tais como: pulmões,
fígado, coração, rins, testículos, ovários, etc. Estes órgãos são alongados,
acompanhado o formato do corpo, a cobra não possui bexiga. Do mesmo modo
que as aves, as cobras eliminam a urina junto com as fezes.
7) As cobras são animais adaptados à vida em diversos ambientes: na
superfície ou embaixo da terra, na água e nas árvores.

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b. Cobras venenosas e não venenosas
As definições de venenoso e não venenoso dependem doa seguintes
conceitos:
1) as cobras têm várias glândulas na cabeça e na boca, que produzem
substâncias que podem ser tóxicas, variando em quantidade e qualidade entre as
espécies;
2) as cobras chamadas venenosas para o ser humano, aquelas em que
as glândulas da cabeça se modificaram e se tornaram produtoras de substâncias
tóxicas. Essas glândulas se comunicam com dentes ocos, parecidos com agulhas
de injeção, por onde o veneno passa e é injetado nas pessoas e nos animais no
momento da picada. As cobras com essa capacidade são chamadas, também, de
peçonhentas. Portanto, peçonhentos são os animais que injetam veneno com
facilidade e de maneira ativa. Assim, também, entre outros são as aranhas, os
escorpiões, as vespas, os marimbondos, as arraias e o famoso “Monstro de Gila”
único lagarto peçonhento no mundo, existente só no México e nos Estados
Unidos.
3) Porém, existem animais que produzem veneno, mas não tem um
aparelho que injete essas substâncias de maneira ativa, provocando
envenenamento passivo por contato simples (sapo, taturana), por compressão
(sapo) ou por ingestão (peixes baiacus).
4) O veneno é uma secreção que funciona para capturar e digestão de
alimento e , também, como defesa do animal contra seus agressores.

c. Identificação das cobras


1) No mundo todo existe, aproximadamente, 2.500 espécies de cobras
(serpentes). Destas, 250 são conhecidas no Brasil, das quais 70 são consideradas
peçonhentas e pertencentes a dois grupos e quatro gêneros.
2) O primeiro grupo constituído pelos Crotalíneos, apresenta as
seguintes características:
3) fosseta loreal, ou seja, um buraco entre o olho e a narina em cada lado
da cabeça, que serve para a cobra perceber modificações de temperatura a sua
frente. Por isso elas podem se movimentar e caçar a noite, mesmo sem a visão
normal. É chamada, também, de cobra-de-quatro-ventas.
4) cabeça triangular recoberta com escamas pequenas.
5) dentes inoculantes de veneno, grandes, pontiagudos, móveis e ocos,
lembrando agulhas de injeção, situados na frente da boca. Quando a boca da
cobra está em repouso, estes dentes permanecem deitados recobertos por
membranas dando aparência de estar sem dentes.
6) parte superior do corpo recoberta por escamas sem brilho, em forma
de quilha, isto é, como bico de barco ou casca de arroz.
7) caudas diferenciadas para cada gênero que constitui este grupo, ou
seja, cauda lisa, cauda com guizo ou chocalho e cauda com escamas arrepiadas
no final.

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a) Os Crotalíneos se subdividem em 3 gêneros:
(1) Gênero Bothrops – As jararacas, são também denominadas
caiçara, jaracuçu, cotiara, cruzeira, urutu, jararaca-do-rabo-branco, surucucurana.
Essas cobras possuem cauda lisa. O gênero Bothrops é composto por mais de 30
variedades de cobras que apresentam cores e desenhos diferentes pelo corpo,
indo do verde ao negro. São variados, também, os hábitos dessas cobras,
podendo ser encontradas penduradas em árvores (cobra papagaio), enterradas,
entocadas, à beira dos rios ou dentro d’água. Apresentam tamanhos que variam,
na vida adulta, de 40 centímetros a 2 metros de comprimentos. Essas cobras
estão distribuídas em todo o território nacional e são responsáveis por 88% dos
acidentes ofídios.
(2) Gênero Crotalus – As cascavéis, também conhecidas como
boicininga, maracambóia e combóia, possuem guizo ou chocalho na ponta da
cauda. Essas cobras vivem em campos abertos, regiões secas e pedregosas.
Cerrados e pastos são lugares de sua preferência. Com exceção da Floresta
Amazônica, Mata Atlântica e regiões litorâneas, as cascavéis são encontradas no
restante do país. Entretanto, é preciso Ter cuidado, pois já foram encontradas
cascavéis nos campos da Amazônica. O seu tamanho pode chegar a 1,6 metros
de comprimento.
Essas cobras são responsáveis pela maior porcentagem (8%) de
acidentes ofídicos no país.
(3) Gênero Lachesis – As surucucus, também conhecidas por pico-
de-jaca, surucutinga, surucucu pico-de-jaca, surucucu-de-fogo, são as maiores
serpentes peçonhentas da América do Sul. Na vida adulta seu comprimento pode
chegar a 4,5 metros. Ao contrário da maioria dos Bothrops e Crotalus, seu bote
chega a mais de um terço do comprimento do seu corpo. As surucucus podem ser
encontradas na Floresta Amazônica e Mata Atlântica. O número de acidentes
provocados por elas chega a quase 3%, segundo dados do Ministério da Saúde.
Porém, o conhecimento a respeito dessas cobras e de sua distribuição geográfica
são limitados.
b) O segundo grupo, constituído pelos Elapineos: Ex. corais –
verdadeiras. São identificadas pelas seguintes características:
(1) não apresenta fosseta loreal
(2) cabeça arredondada recoberta com escamas grandes, placas.
(3) dentes inoculadores de veneno pequenos e fixos, situados no
maxilar superior, na frente da boca.
(4) Quando em perigo, algumas achatam a parte posterior do
corpo, levantam e enrolam a cauda, como o rabo de porco, dando impressão que
se trata da cabeça;
(5) corpo recoberto na parte superior por escamas lisas e
brilhantes com anéis pretos, vermelhos e brancos;
No entanto, existem na Amazônica algumas corais verdadeiras que não possuem
anéis e têm cor marrom escura ou preta, às vezes com manchas avermelhadas na
barriga. Esse grupo é constituído apenas pelo gênero Micrurus que é formado
pelas corais verdadeiras, também denominadas coral e boicorá.
As corais vivem, geralmente, em buracos e sombras de árvores.
Preferem caçar à noite, descansam e escondem-se durante o dia. São

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encontradas em todo o território brasileiro. Entretanto, é bom lembrar que todas as
cobras gostam de lugares quentes, úmidos e escuros.
Segundo os dados notificados o Ministério da Saúde, os acidentes com as corais
são inferiores a 1%.

d. Medidas a serem tomadas em caso de acidente


Muitas vezes, mesmo adotando os cuidados de prevenção, podem
ocorrer acidentes com cobras. Como medida de primeiros socorros, até que se
chegue ao Serviço de Saúde para tratamento, recomenda-se:
1)- não se deve amarrar ou fazer torniquete. O garrote impede a
circulação do sangue, podendo produzir necrose ou gangrena. O sangue deve
circular normalmente. Também não se deve colocar na picada, folhas, pó de café,
terra, fezes pois podem provocar infecção;
2) não se deve cortar o local da picada. Alguns venenos podem provocar
hemorragias. Os cortes feitos no local da picada com canivetes e outros objetos
não desinfetados favorecem as hemorragias e infeções;
3)deve-se evitar dar ao acidentado para beber querosene, álcool, urina e
fumo, pois além de não ajudar podem causar intoxicação;
4)- manter o acidentado deitado em repouso, evitando que ele ande, corra
ou se locomova pelos seus próprios meios. A locomoção facilita a absorção de
veneno e, em caso de acidente com as jararacas, caiçacas, jaracuçus, etc., os
ferimentos se agravam. No caso da picada ser nas pernas ou braços, é importante
mantê-los em posição mais elevada.
5) levar o acidentado imediatamente para centros de tratamento ou
Serviço de Saúde mais próximo para tomar o soro próprio.
6) Somente o soro cura picada de cobra, quando aplicado
convenientemente, de acordo com os seguintes itens:
a) soro específico
b) dentro do menor tempo possível
c) em qualidade suficiente.

e. O que é o soro e onde encontrá-lo


Os soros são substâncias contra veneno, eficazes como tratamento em
casos de picadas de cobras. Estes são:
1) Antibotrópicos, usados em casos de envenenamento por jararacas
(Gênero Bothrops);
2) Anticrotálico, usado em casos de envenenamento por cascavel
(Gênero Crotalus);
3) Antilaquético, usado em casos de envenenamento por surucucu
( Gênero Lachesis);
4) Antielapídico usado nos casos de envenenamentos por
corais(Gênero Micrurus) do grupo dos Elapídeos.
Estes soros podem ser apresentados ainda de forma associada:
5) Antibotrópico/crotálico, para as picadas por jararacas e surucucu.
Os soros são produzidos a partir da imunização do cavá-lo, injetando-se
nele o veneno específico da cobra, em períodos de dias alternados para que ele
crie anticorpos.

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Ao final de mais ou menos 2 meses, faz-se a sangria no animal para
verificar se ele criou anticorpos, ou seja, substância que neutralizam o veneno.
Este processo é repetido novamente até que os níveis de anticorpos
sejam suficientes,. Afinal do processo, após a preparação, o soro para por testes
químicos e biológicos até ser considerado apto para o consumo humano.
Este processo dura em torno de seis meses.
laboratórios produzem, atualmente, o soro para uso humano. São eles:
- Instituto Butantã, ligado à Secretaria de Saúde do Estado de São
Paulo;
- Fundação Ezequiel Dias, ligada a Secretaria de Saúde de Minas
Gerais;
- Instituto Vital Brasil, ligado à Secretaria de Saúde do Estado do Rio de
Janeiro.

15.10 TÉCNICAS DE SOCORRO ÀS VÍTIMAS DE AFOGAMENTO.

a. Respiração Artificial
1) Princípios Gerais – Executando qualquer método de respiração
artificial, você sempre deverá ter em mente certos princípios:
a) O tempo é de primordial importância. Os segundos são valiosos.
Comece imediatamente. Não perca tempo em remover o paciente para um lugar
melhor; não retarde a respiração artificial para afrouxar as roupas, aquecer o
acidentado ou dar-lhe estimulantes. Estas medidas são secundárias; o mais
importante a fazer é introduzir ar nos pulmões do acidentado.
b) Introduza seus dedos rapidamente no interior da boca do
acidentado para limpá-la de espuma e obstruções diversas, e puxe a língua dele
para fora.
c) Coloque o acidentado em posição correta, a fim de manter abertas
suas vias respiratórias. Incline sua cabeça para trás o máximo possível, de forma
que a linha anterior do pescoço fique em um prolongamento natural até o queixo,
em uma posição saliente. Não permita que o queixo se incline para baixo.
d) Inicie a respiração artificial e a continue, sem interrupção, até que
o acidentado comece os movimentos espontâneos de respiração ou seja
declarado morto. Um ritmo regular é desejável mas não há necessidade de
cronometrar os movimentos respiratórios.
e) Nunca espere por um reanimador mecânico que esteja sendo
aguardado no local, nem que um operador destreinado leia as instruções para
aprender a manejar o aparelho. Em vez disso, comece sem demora a efetuar a
respiração artificial e, então, quando chegar um reanimador mecânico em
condições de uso eficiente e com um operador treinado, use-o.
f) Se o acidentado começar a respirar espontaneamente, ajuste seu
ritmo ao dele, a fim de poder atendê-lo. Não perturbe as tentativas de respirar.
Sincronize os seus esforços com os dele.
g) Tão logo o acidentado começar a respirar espontaneamente ou
logo que você dispuser de um auxiliar, providencie para que suas roupas sejam

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afrouxadas (ou se molhadas, retiradas) que ele seja mantido aquecido, e tratado
contra o choque. Contudo não interrompa a respiração artificial para tomar estas
providências.

2) Métodos
O método preferido para a respiração artificial é o método “boca a
boca”. Quando aplicado de forma correta, o método “Boca a boca” permite maior
entrada de ar nos pulmões do acidentado do que qualquer outro método
conhecido.
a) Método “boca a boca” (abertura do maxilar com o polegar).
(1) Deite o acidentado de costas (rosto para cima). Nesta posição
você pode cuidar melhor de sua respiração. Não coloque nada sob sua cabeça, a
fim de não bloquear as vias respiratórias pela flexão do pescoço;
(2) Limpe rapidamente sua boca de todos os corpos estranhos,
explorando com seus dedos os recantos da boca. Retire qualquer líquido, vômito
ou mucosidades. Esta limpeza não pode durar mais do que um ou dois segundos,
pois pouco tempo pode ser perdido em fazer chegar ar aos pulmões.
(3) Se disponíveis (não desperdice tempo procurando esses
materiais) coloque um cobertor enrolado ou outro material similar sob os ombros,
para que a cabeça fique um pouco pendente para trás, de forma a distender o
pescoço, ficando a cabeça na posição de queixo erguido. Isto coloca em linha as
passagens de ar, de forma que elas não ficam obstruídas pela torção eventual,
compressão muscular.
(4) Coloque seu dedo polegar no canto da boca e segure com
firmeza o maxilar inferior. Abra o maxilar inferior, levando-o à frente a fim de puxar
a língua para fora das vias respiratórias. Não tente apertar ou comprimir a língua.
(5) Com a outra mão aperte o nariz a fim de evitar perda de ar;
(6) Tome uma profunda inspiração e abra a boca amplamente;
coloque sua boca na do acidentado, mantendo seu polegar em posição, e sopre
vigorosamente (exceto em crianças) no interior da boca do acidentado, até que
você veja seu peito erguer-se. Se o peito do acidentado não se erguer, mantenha
o maxilar aberto com mais força e sopre, verificando se há escoamento de ar pela
boca e nariz.
(7) Quando o peito erguer-se, para de soprar e rapidamente retire
sua boca da dele. Tome outra inspiração profunda enquanto espera pela sua
expiração. Se a expiração é ruidosa, eleve mais sue maxilar;
(8) Quando findar a expiração, realize o movimento respiratório
seguinte. Os Primeiros cinco a dez movimentos respiratórios devem ser profundos
(exceto para crianças de colo ou meninos) e dados a um ritmo de 12 a 30 vezes
por minuto até que o acidentado retome a respiração normal.

CUIDADO: a respiração rápida e profunda pode causar a você tonteira. Zumbidos


e até desmaio; portanto após as primeiras cinco ou dez inspirações, ajuste os
seus movimentos respiratórios a um ritmo de 12 a 20 vezes por minuto, apenas
com um aumento moderado na amplitude normal. Desta forma, a respiração de
salvamento pode ser continuada por longos períodos sem fadiga.

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9) Após efetuar a respiração do salvamento por certo período de
tempo, você poderá notar que o estômago do acidentado está estufando. Essa
dilatação é devido à entrada de certa quantidade de ar no estômago ao invés de
nos pulmões. Embora a inflação do estômago não seja perigosa, toma mais difícil
a inflação dos pulmões. Portanto, quando você achar que o estômago está muito
saliente, aplique-lhe ligeira pressão com as duas mãos, no intervalo da inflação.
10) Lembre-se: mantenha as vias nasais o mais livre possível de
líquidos e outras obstruções, mantenha a cabeça para trás, o pescoço distendido,
queixo para frente: reajuste a posição se o ar fluir livremente para dentro e para
fora do paciente; não sopre muito intensamente ou em grande volume se o
paciente for uma criança , ajuste a sua boca a boca e nariz do paciente e sopre
apenas com a pressão das bochechas e não dos pulmões; se você sentir-se
perturbado com resultado das inspirações muito seguida, interrompa e sopre o
tempo suficiente para tomar uma profunda inspiração, e então reinicie o sopro.

b) Método “boca a boca” (abrindo o maxilar com as duas mãos)


Método alternativo quando os maxilares do acidentado estão
fortemente cerrados, e o dedo polegar não pode ser inserido.
(1) Coloque o ferido de costas, limpe sua boca e mantenha sua
cabeça na posição queixo distendido;
(2). Agarre os ângulos do maxilar inferior, logo abaixo das
orelhas, e force a abertura do maxilar, para poder puxar a língua para fora da
boca. Se os lábios estão fechados, force o lábio inferior na direção do queixo, com
os polegares;
(3) Tome uma inspiração profunda e abra largamente sua boca.
Cole sua boca na do acidentado, comprimindo sua bochecha de encontro ao nariz
do acidentado para evitar perda de ar, e sopre fortemente dentro da sua boca até
que o peito se erga;
(4) Continue com a respiração de salvamento como indicado
acima, observando as precauções constantes acima.

c) Método “boca ao nariz” (


Método alternativo em atmosferas limpas, quando nenhum dos
métodos acima possa ser utilizado.
(1) Coloque o acidentado de costas. Limpe sua boca, se possível,
e ponha sua cabeça na posição queixo distendido;
(2) Agarre o ângulo do seu maxilar inferior, com uma das mãos
logo abaixo da orelha, e force o maxilar a abrir-se para puxar a língua para fora da
boca;
(3) Com a outra mão, feche a boca do acidentado para evitar
escapamento de ar;
(4) Tome uma respiração profunda e abra sua boca amplamente.
Adapte sua boca ao nariz do acidentado e sopre fortemente até que seu peito se
erga;
(5) Quando o peito do acidentado se erguer, para de soprar e
rapidamente, remova sua boca do seu nariz. Tome outra inspiração profunda
enquanto espera a sua expiração.

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- Continue com a respiração de salvamento como indicado
acima.

d) Método da movimentação dos braços e pressão no tórax:


(1) Coloque o acidentado de costas (rosto para cima) com seus
braços dobrados sobre o peito;
(2) Rapidamente, limpe sua boca de toda matéria estranha,
explorando, com seus dedos, atrás dos dentes mais recuados e da língua. Retire
todos os líquidos, vômitos ou mucosidade;
(3). Se disponível (não desperdice tempo à procura desses
materiais), coloque o cobertor enrolado ou coisa parecida embaixo dos ombros, de
forma a permitir a inclinação da cabeça para trás. Mantenha sua cabeça para trás
a fim de distender o pescoço e ficar a cabeça para trás. Mantenha sua cabeça
para trás a fim de distender o pescoço e ficar a cabeça na posição de queixo
erguido. (se possível, manter a cabeça nesta posição pois, as vias respiratórias
ficam devidamente alinhadas e não obstruem em virtude de torção ou compressão
muscular);
(4) Ponha um de seus joelhos em terra atrás da cabeça do
paciente. Coloque o outro pé no outro lado da cabeça do paciente;
(5) Segure os braços do acidentado a altura dos punhos e
coloque-os sobre a região da última costela. Incline-se para frente e exerça uma
pressão firme e uniforme quase diretamente para baixo até encontrar resistência
forte. Esta pressão força a expulsão do ar dos pulmões.
(6) Mova seus braços lentamente para fora do coro e para cima
da cabeça. Continue esse movimento até ultrapassar sua cabeça o mais para trás
possível. Certifique-se de que os braços estão distendidos ao executar essa
manobra de levantá-los, primeiro verticalmente e depois para trás e acima de sua
cabeça. A elevação e distensão dos braços aumentam o volume de ar do tórax e
aspira o ar par dentro dos pulmões.
(7) Levante recoloque seus braços no seu peito e repita o ciclo
completo.
(8) O ciclo deverá ser repetido num ritmo de 10 e 12 vezes por
minuto, em uma firme e uniforme sucessão de (1) Pressão – (2) Elevação – (3)
Distensão – (4) Cessar. Tempos iguais e de maior duração devem ser dados as
fases de Pressão, Elevação, distensão, o período de cessar deve ser o mais curto
possível;
(9) Caso você se sinta cansado ou inconfortável em um joelho,
troque-o rapidamente. Se for mais confortável para você, ajoelhe-se nos dois
joelhos, muito embora o movimento para frente e para trás seja obtido mais
facilmente ajoelhado unicamente sobre um deles;
(10). Atenção: as vias respiratórias devem ser mantidas mais
desobstruídas que for possível.

e) Cuidados posteriores na respiração artificial:


Quando o paciente estiver respirando normalmente enrole-o em
um cobertor. Ele deverá ser mantido em repouso até que um médico possa
atendê-lo ou que sua recuperação pareça assegurada.

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Quando ele estiver consciente, dê-lhe uma bebida quente, tal
como café, chá ou mate.

15.11 Técnicas de Transporte

a.Transporte de feridos a braço e utilizando padiolas improvisadas, cinto de


guarnição, arrasto de pescoço e arrasto tipóia dupla.
A movimentação ou transporte de um acidentado deve ser feito com
cuidado, a fim de não completar as lesões existentes. O descuido, além de
aumentar a gravidade da lesão, pode produzir a morte.
Antes de providenciar o transporte da vítima:
1) mantenha a respiração;
2) controle a hemorragia;
3) imobilize todos os pontos suspeitos da fratura e evite ou controle o
choque.

b. Como transportar uma vítima:


Ao remover um ferido para um local onde possa ser usada a padiola ,
utilize uma, duas ou três pessoas para o transporte da vítima, dependendo do tipo
e da gravidade da lesão, da ajuda disponível e do local.
Os métodos que empregam um ou dois socorristas são ideais para
transportar uma pessoa que esteja inconsciente devido a afogamento ou asfixia.
Todavia, não serve para carregar um ferido com suspeita de fraturas ou
lesões.
Em tais casos, use sempre o método de três socorristas.

1) Padiolas Improvisadas
Uma padiola pode ser improvisada de vários modos:
a) Padiola feita de paus e gandolas: dobre duas ou três gandolas,
camisas ou túnicas, de modo que o avesso fique para fora e passe um pedaço de
pau através de cada manga;
b) Padiolas feitas de manta: caso não tenha um pedaço pau, enrole
em direção ao centro os dois lados da manta, e use a parte enrolada como
punhos, ao transportar o paciente;
c) Padiola feita de paus e mantas: uma manta, um meio pano de
barraca, poncho ou qualquer outro material semelhante, podem ser usados para
leito ou padiola. Os paus podem ser feitos de galhos fortes, estacas de
barraca,etc.
(1) Abra a manta, ponha uma vara ao comprido fazendo-a passar
pelo centro, e dobre a manta sobre ela.
(2) Ponha uma segunda vara que passe pelo centro da nova
dobra.
(3)Dobre as extremidades livres de manta sobre a segunda vara.

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2)Transporte a braço
Existem diversos modos pelos quais um ferido pode ser transportado
sem padiola.
Empregue o meio de transporte que seja mais fácil para você,
levando em consideração a gravidade do ferimento, o número de socorristas
disponíveis e a situação.

3) Transporte de bombeiro
Segue-se o modo mais fácil e mais usado pelo qual um homem pode
carregar outro, mesmo que se trate de homem inconsciente:
a) Agacha-se sobre o homem e ponha a mão sob as axilas dele;
levante-o para a posição de pé;
b) sustente-o, abraçando-o pela cintura, agarre a mão direita dele,
puxe-o e coloque-o em torno de sua nuca, de modo que o corpo dele fique
atravessado sobre suas costas. Segure-lhe as pernas a altura dos joelhos com
seu braço direito;
c) levante o homem do solo, e enquanto você se apruma, segure-lhe
o punho direito com sua mão esquerda e os joelhos dele com sua mão direita.
d) Agarre-lhe a mão direita, deixando sua mão esquerda livre. O
homem está pronto para ser transportado.

4) Transporte nos braços


Bom para curtas distâncias; carregue a vítima a boa altura, para
reduzir a fadiga.
Se o homem tiver a espinha , ou uma perna quebrada, não use esse
método.

5) Transporte de apoio
Segure o punho esquerdo (ou direito) com a mão esquerda (ou
direita) e ponha em volta do seu pescoço.
Método útil para o homem ferido levemente, como no caso de
ferimento no pé e tornozelo.

6) Transporte nas costas


Após levantar o homem, segure-lhe um braço e coloque-se à frente
dele. Levante-o sobre suas costas. Faça-o abraçar seu pescoço
A seguir, passe os braços por baixo das costas dele e aperte as
mãos.

7) Transporte de mochila
Levante o homem, passe a frente dele, segure seus punhos e
suspenda-o de modo que as axilas dele estejam sobre seus ombros.
Método útil para carregar um homem inconsciente, porém sem
fraturas.

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8) Transporte utilizando o cinto NA
a) Dois cintos NA
Após socorrer o ferido ou imobilizar a sua fratura de maneira
perfeita, unam-se dois cintos de guarnição, de sorte que se tenha um único cinto
sob as coxas e a bacia, como uma alça estendida de cada lado.
Deite-se entre as pernas estendidas do ferido, enfiando os braços
através das alças do cinto. Agarre-se a mão direita (esquerda) do ferido com a
mão esquerda (direita) e a calça do lado direito (esquerdo) com a mão direita
(esquerda).
Então girando-se com o ferido sobre o lado que não está lesado,
o transportador em decúbito ventral, ajusta as correias antes de continuar.
Erga-se o ferido para a posição ajoelhada. O cinto único
sustentá-lo-á firmemente na posição.
O transportador coloca uma das mãos no joelho como apoio e
então se levanta. O ferido, mantido pelo cinto, achar-se-á, assim, apoiado nos
ombros do transportador e em perfeita união com este, quer esteja inconsciente,
quer não.
Fica desse modo o transportador com as mãos e os braços livres,
podendo usar aquelas, como apoio, para subir ribanceiras ou ultrapassar qualquer
tipo de obstáculo. Um homem forte pode transportar outro, desta maneira, numa
distância apreciável sem fadiga excessiva. Uma vantagem adicional deste
processo é permitir, tanto ao transportador, como ao transportado, se consciente,
atirar.

b) Quatro cintos NA
Requer dois socorristas e quatro cintos de guarnição.
Faça duas tipóias contínuas com dois cintos cada uma, e passe
uma alça em torno de cada uma das pernas do homem.
Um socorrista passa uma alça sobre o ombro direito, e o outro,
sobre o seu ombro esquerdo.
Erguem-se ao mesmo tempo e levam a vítima para o local
desejado.

c) Arrasto pelo pescoço


Amarre as mãos da vítima em volta do seu pescoço, pois desse
modo você poderá engatinhar, arrastando o homem incosciente. Nunca tente
arrastar assim, um homem que tenha o pescoço ou a espinha fraturada, esse
processo, permite que tanto você como a vítima, permaneçam abaixados no chão
e, conseqüentemente, protegidos.

9) Arrasto tipóia dupla


Junte dois cintos de guarnição e forme uma tipóia contínua, coloque
a vítima deitada de costas, passe uma alça da tipóia pelas costas e enrole-a no
peito e por baixo da axila dele.
Cruze as tiras da tipóia por baixo da cabeça do homem, enfie a
segunda alça da tipóia pelo seu braço e ombro.

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Em seguida avance, rastejando; este método só deve ser usado para
distâncias muito curtas.

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