Gestão Democrática Das Escolas

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I. O QUE É A GESTÃO DEMOCRÁTICA DAS ESCOLAS ?

A Gestão democrática na escola é um modelo de gestão participativo que


envolve toda a comunidade escolar, na tomada de decisões importantes na vida da
organização. É um modelo que procura promover a colaboração e a participação ativa
de todos os envolvidos. “Como elementos constitutivos dessa forma de gestão podem
ser apontados: participação, autonomia, transparência e pluralismo” (Araújo, 2000, as
cited in Gracindo, 2009).
O conceito surge em 1974, após a revolução de 25 de abril e visa romper com
um passado de ditadura pautado por uma gestão centralizada, na qual a escola era um
veículo para o exercício do controlo político e ideológico dos jovens: criar uma escola
democrática. A Revolução trouxe consigo os conceitos “Democracia” e “Escola
democrática” , ávidos de se espalhar pela estrutura educacional.
Tem sido, ao longo da história, objeto de inúmeros estudos e fonte inesgotável
de decretos-lei, - que iremos analisar no ponto seguinte – até à atualidade em que parece
que estamos a distanciar-nos cada vez mais de uma gestão democrática. De facto, “são
muitos e consideravelmente divergentes os significados de gestão democrática das
escolas, categoria que, em vários contextos, atravessa hoje uma profunda crise” (Lima,
2014, p.1070).

A gestão democrática das escolas é realização de extraordinária exigência e

dificuldade. É, por isso, realização passível de múltiplos graus de

aprofundamento, de avanços e de recuos, de contradições profundas, seguindo de

perto os matizes teóricos da democracia e das suas distintas teorias, bem como as

intensidades variáveis das práticas de participação e, no limite, de não-

participação, nos processos de decisão. (Lima, 2014, p.1071)

Não deixa de ser deveras interessante verificar como a sua complexidade foi
inicialmente reduzida ao diploma legal “mais curto e genérico da história da produção

1
legislativa sobre governo e gestão das escolas” (Lima, 2009, p.228). Com efeito, é o
Decreto-Lei 221/74, publicado um mês após a Revolução de 25 de abril de 1974, que
está na génese da gestão democrática das escolas, inscrevendo logo no seu Artigo 1.º
um dos princípios básicos da Democracia: a eleição democrática dos seus órgãos de
gestão, de forma a que representem toda a comunidade escolar.
Na verdade, o que parecia simples ao início e de fácil aplicação, revelou-se algo
complexo, acabando por nunca se conseguir aplicar na sua plenitude. Isto porque, como
refere Lima (2014), o que é realmente importante na gestão democrática é “a
democratização dos poderes educativos através do exercício da tomada de decisões nas
escolas” (p.1074). Desta forma, a gestão democrática não pode reduzir-se à simples
eleição democrática dos seus órgãos de gestão, ela deve assegurar através de um
pensamento e realização coletiva, que os diferentes intervenientes possam efetivamente
participar na tomada de decisões.
Como afirma Gracindo (2007, 2009), “a gestão democrática se constitui, ao
mesmo tempo, em objetivo e percurso da educação escolar” (p.144). Ela “requer a
descentralização do poder, muitas vezes concentrado nas mãos do gestor. A verdadeira
participação só é possível num clima democrático, tornando-se condição para a gestão
democrática, uma não é possível sem a outra” (p.137).

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