Microsseguros
Microsseguros
Microsseguros
implementação em Portugal
i
NOVA Information Management School
Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação
Universidade Nova de Lisboa
por
Dissertação como requisito para obtenção de grau de mestre em Estatística e Gestão de Informação,
com especialização em Análise e Gestão de Risco
Novembro/2019
iii
Dedico esta dissertação à minha esposa Inês Moura e ao nosso futuro filho
pelo apoio me deram na sua concretização.
iv
AGRADECIMENTOS
Um conjunto de pessoas tornou esta dissertação possível. Desde logo o Professor Jorge Bravo pela
paciência, comentários e orientações ao longo do tempo. Aos colaboradores das três seguradoras e ao
presidente da Caritas que aceitaram ser entrevistados e contribuíram assim para a concretização desta
dissertação. A toda a minha família, aos meus amigos, conhecidos e até desconhecidos que
responderam ao meu questionário.
v
ABSTRACT
We will address the concept of microinsurance and its development in the world. We will present
examples of its applicability in developing countries and suggestions for strengthening their integration
in developed countries. We will look at the main differences between traditional insurance and
microinsurance. We will also look at the role of government as well as the possibility of microinsurance
being used as a social tool. We will also address the means of distribution to be used and what the
potential target market for microinsurance.
We intend to approach microinsurance as a comprehensive product that can be used by most social
classes. We will conduct a population analysis and define which households would benefit most from
the application of microinsurance in Portugal.
After analyzing all the data, we will see if microinsurance can be applied in Portugal, and it is one of
our goals to demonstrate that microinsurance is a comprehensive product that could be useful for
households with a wide range of income. Finally, we will explain our suggestions, while also stressing
any underlying concerns.
KEYWORDS
vi
RESUMO
Importa referir que pretendemos abordar o microsseguro como um produto abrangente que poderá
ser utilizado pela maioria das classes sociais. Para tal iremos efetuar uma análise da população e definir
quais os agregados familiares que mais beneficiariam com a aplicação do microsseguro em Portugal.
Difundimos um questionário, de modo a obter informações suficientes, que nos permitam efetuar um
tratamento estatístico dos resultados. De salientar que um dos nossos principais objetivos é
determinar o willingness to pay, ou seja, o valor médio que as pessoas estão dispostas pagar pelo
microsseguro.
Após analise de todos os dados, iremos verificar se o microsseguro é possível de ser aplicado em
Portugal, sendo um dos nossos objetivos demonstrar que o microsseguro é um produto abrangente
que poderá ser útil para agregados familiares com os mais variados rendimentos. Por fim iremos
explanar as nossas sugestões, sem igualmente deixar de sublinhar eventuais preocupações
subjacentes.
PALAVRAS-CHAVE
vii
ÍNDICE GERAL
1. Introdução ...................................................................................................................... 1
2. Microsseguro, conceito e experiências internacionais ....................................................... 7
2.1. O que é o microsseguro e o que o distingue dos seguros tradicionais ............................ 7
2.1.1. O microsseguro nos países em desenvolvimento .................................................. 9
2.1.2. O microsseguro nos paises desenvolvidos ........................................................... 15
2.1.3. O papel do Governo na aplicação do microsseguro ............................................. 17
2.2. Meios de distribuição ..................................................................................................... 19
2.3. Mercado-alvo potencial e Willingness-to-pay ................................................................ 21
3. Metodologia ................................................................................................................. 26
4. Análise de dados ........................................................................................................... 34
4.1. Entrevistas ...................................................................................................................... 34
4.2. Questionário ................................................................................................................... 37
4.2.1. Amostra ................................................................................................................ 37
4.2.2. Análise das variáveis ............................................................................................. 38
4.2.3. Regressão linear com R ........................................................................................ 48
4.2.4. Cálculo do willingness-to-pay ............................................................................... 53
5. Conclusão ..................................................................................................................... 57
6. Referências ................................................................................................................... 60
viii
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE GRÁFICOS
ix
ÍNDICE DE TABELAS
x
1. INTRODUÇÃO
Nalguns dos desastres naturais ocorridos, nomeadamente terramotos, inundações, tempestades,
entre outros, o grupo populacional mais vulnerável é constituído por pessoas de baixos de
rendimentos. Se associarmos ainda as doenças e acidentes, poderemos desde já declarar que este
grupo de indivíduos não tem capacidade para fazer face às grandes perdas que advêm destes
acontecimentos (Smolka et al., 2008).
Dado que existe uma correlação entre a pobreza e a vulnerabilidade, irá igualmente existir uma ligação
entre o microcrédito e a vulnerabilidade. No entanto é importante referir que o microcrédito não é
suficiente, consequentemente poderá ser complementado pelo microsseguro. A Associação
Internacional de Supervisores de Seguros (IAIS) define microsseguro como “proteção de pessoas de
baixos rendimentos contra os riscos específicos em troca de pagamentos regulares de prêmios, os
quais consideram a probabilidade e custo do risco envolvido”.
1
Veja-se, por exemplo, para Portugal os trabalhos de Bravo & Herce (2019), Bravo, Afonso e Guerreiro, (2013,
2014) e Bravo (2006, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020).
1
Importa referir que nos 100 países mais pobres do Mundo, menos de 80 milhões de pessoas têm a
possibilidade de acederem a seguros (MicroInsurance Center, 2006) e o microsseguro está presente
em 77 desses países (Jim, Michael & Dominic, 2007).
Considerando que pessoas de baixos rendimentos moram em construções mais vulneráveis e/ou
degradadas e, na maioria dos casos, em regiões muito perigosas, estão diariamente expostas aos riscos
e menos protegidos quanto às consequências que poderão dai advir. O microsseguro poderá
desempenhar um papel essencial de proteção de uma família, nomeadamente quanto um elemento
adoece e/ou quando ocorre uma catástrofe natural (Smolka et al., 2008).
2
Segundo a Lloyd`s (2009), a maioria dos mercados que abrange pessoas com baixo rendimento no
Mundo permanece desconhecida para os Seguradores. De salientar que mais de 5 % dos indivíduos
que se inserem nesta realidade têm acesso aos seguros, contudo raramente aos produtos que
precisam para fazer face às suas necessidades. Os mercados de rendimento baixo são vistos como uma
grande oportunidade de negócio por parte do setor privado. De acordo com a mais recente
informação, 6 % da população mundial continuará em pobreza extrema até 2030 (World Bank Group.
2018).
Embora o microsseguro esteja normalmente associado aos países mais pobres, nos países
desenvolvidos apresenta um diferente potencial de negócio. Este produto não possui apenas um custo
reduzido e risco específico para países em desenvolvimento. O microsseguro é uma forma inovadora
de vender seguros, alinhado com as expetativas do cliente, isto porque o objetivo do produto é suprir
uma necessidade específica do cliente, onde o que se irá destacar – para além do preço reduzido –
será a abordagem centrada no comprador o fator diferenciador da sua venda, baseada na educação e
incentivos ao cliente. Neste sentido, consideramos que poderia suprir lacunas, tanto nos países
desenvolvidos, como nos subdesenvolvidos (Silvello. 2017).
Extrapolando o assunto para Portugal, verificamos que o tecido empresarial é composto por 99,9 % de
pequenas e médias empresas (INE. 2019). Para além do referido setor, existe o cliente individual. Neste
mercado o risco de pobreza afeta 2.2 milhões de portugueses. De modo a sermos mais precisos e
3
objetivos na nossa análise, optamos por analisar apenas o consumidor individual (vida a não vida).
Efetuando uma primeira análise à população portuguesa, mais concretamente à sua evolução,
verificamos que de momento possuímos 10.283.822. O Inquérito às Condições de Vida e Rendimento,
realizado em 2018 sobre rendimentos do ano anterior, indica que 17,3% das pessoas estavam em risco
de pobreza em 2017, menos 1 ponto percentual (p.p.) que em 2016. A taxa de risco de pobreza
correspondia, em 2017, à proporção de habitantes com rendimentos monetários líquidos (por adulto
equivalente) inferiores a 5 610 euros anuais, ou seja, 468 euros por mês (INE.2018).
Conforme podemos verificar na tabela 1, Portugal possui um índice de população em risco de pobreza
ligeiramente inferior à média europeia. De salientar que existiu um aumento significativo nos anos do
ajustamento financeiro efetuado pelo FMI em Portugal – entre 2011 e 2014. Contudo desde a saída da
Troika, o risco de pobreza tem vindo a diminuir. Verificamos ainda no gráfico 1, que Portugal ocupa o
10.º lugar de um universo de 22 países, quanto ao risco de pobreza da sua população. O país que
apresenta um maior risco de pobreza é a Bulgária. Por outro lado, a República Checa, com 12,20 %, é
o país que possui menor risco de pobreza.
4
que antecederam e durante a intervenção da Troika. Tendo existido um aumento da taxa de
desemprego, consequentemente o risco de pobreza agravou-se
Analisando a distribuição dos rendimentos pelos agregados familiares em Portugal (tabela 2),
identificamos que a maioria possui rendimentos entre os 5.001 e 10.000 euros, mais concretamente
30 %. Os dois escalões seguintes perfazem cerca de 28 %. Neste sentido, consideramos que nos
referidos escalões poderão estar localizadas as pessoas que mais poderão beneficiar com o
microsseguro.
Embora verifiquemos na tabela 2, o potencial de agregados familiares que poderiam usufruir com o
microsseguro, os produtos a serem comercializados, têm de estar alinhados com as suas expetativas.
5
Neste sentido, é importante referir que ao longo dos anos, a oferta de microsseguro está mais
diversificada mundialmente.
Segundo o Llyod`s (2009), o seguro de vida continua a ser o que possui uma maior adesão. Embora
muitos critiquem a obrigatoriedade de existir um seguro de vida obrigatório, existem algumas
avaliações mais otimistas, dado que geralmente é um produto barato para distribuir. Em muitos países
africanos, por exemplo, o seguro de vida que cobre os custos de funeral é muito popular.
A maioria das pesquisas demonstra que o seguro de vida é o produto mais exigido por pessoas com
rendimentos mais baixos. Os produtos de microsseguro de saúde são limitados, contudo em alguns
países é possível encontram esquemas que incluam ambulatório, hospitalização e políticas
abrangentes.
Assim, os grandes objetivos desta dissertação serão o de determinar a viabilidade para a aplicar o
microsseguro em Portugal, assim como qual o valor que as pessoas estão dispostas a pagar pelo
microsseguro. De salientar que pretendemos desmitificar o facto de o microsseguro ser usualmente
associado a pessoas com baixos rendimentos. Para o efeito, pretendemos alargar o conceito a todas
as classes da sociedade portuguesa. Com base no exposto, iremos recolher dados, mediante auxílio de
técnicas qualitativas (entrevistas) e quantitativas (questionários e métodos estatísticos).
6
2. MICROSSEGURO, CONCEITO E EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS
2.1. O QUE É O MICROSSEGURO E O QUE O DISTINTINGUE DOS SEGUROS TRADICIONAIS
Nesta secção pretendemos apresentar a definição de microsseguro e o que o distingue dos seguros
tradicionais.
O microsseguro oferece proteção a pessoas com baixos rendimentos contra riscos específicos em troca
de um pagamento regular de um prémio proporcional ao custo e à probabilidade do risco envolvido.
De forma geral, esta definição é a mesma do seguro tradicional. No entanto o mercado alvo é distinto,
uma vez que o microsseguro, usualmente é direcionado para pessoas com menos rendimentos
(Churchill. 2009).
Embora esta definição seja correta, não é suficiente. Isto porque para uma companhia de seguros com
um departamento de microsseguro, será necessário estabelecer limites onde começa e termina o seu
trabalho. De salientar que as autoridades de supervisão dos seguros, também exigem definições
operacionais. Neste sentido, existem quatro formas principais de tornar a definição de microsseguro
operacional.
1. Mercado alvo potencial: A definição apresentada é baseada no grupo-alvo, ou seja, refere que
o microsseguro se destinava a indivíduos com baixos rendimentos. Porém, não orientava como
avaliar ou determinar se o grupo-alvo estava a ter as suas necessidades supridas com a
utilização de microsseguro. Assim, além da definição não poder ser utilizada de forma eficaz
por seguradores ou reguladores, não corresponde igualmente à realidade que os seguradores
avaliem potenciais clientes, nomeadamente se são pobres o suficiente para o microsseguro.
2. Definição de produto: A definição mais comum, parte do princípio que se deve estabelecer
um limite no capital seguro ou no prémio, garantindo que o produto seja apenas utilizado por
agregados com baixos rendimentos. Porém, definir microsseguro apenas com base nestes
pressupostos, pode ser problemático, dado que poderá inibir a inovação e restringir a criação
de novos produtos de microsseguro.
3. Definição de provedor: Para além dos seguradores, o microsseguro poderá ser disponibilizado
por outras organizações, nomeadamente funerárias ou sociedades mútuas. Contudo, uma
definição de microsseguro que se concentre apenas em provedores, pode dificultar a sua
expansão, uma vez que são necessários vários acordos para atingir uma quota de mercado
relevante.
7
4. Canal de distribuição: Uma outra forma de definir microsseguro, está associada com o
intermediário envolvido. Ou seja, se os produtos são distribuídos por instituições de
microsseguro, lojas ou outras instituições que alcancem pessoas com baixos rendimentos, são
considerados pelos seguradores como microsseguro.
No entanto conceito de microsseguro deixou de possuir um espetro tão limitado aos países com baixos
rendimentos e possuindo uma abrangência mais alargada, a qual engloba os países com mais
rendimentos. O microsseguro poderá ser inclusivamente aplicado aos países com maiores
rendimentos, isto porque estamos perante um produto que não poderá ser apenas encarado como
algo que possui um custo reduzido e risco específico para países em desenvolvimento, uma vez que o
microsseguro é uma forma inovadora de vender seguros, alinhados com as expetativas do cliente. O
objetivo do produto é suprir uma necessidade específica do cliente, onde o que se irá destacar, para
além do preço reduzido, será a abordagem centrada no comprador, constituindo-se como o fator
diferenciador da sua venda. Para o efeito, o mercado precisa de uma abordagem inovadora e
diferenciadora, baseada na educação e incentivos ao cliente (Silvello, 2007).
Deve ser relevante para a realidade do segurado. Coberturas devem ter relação direta com os
riscos reais do mercado alvo
Mais inclusivo e com menos exclusões
Documentação de fácil acesso para a participação de sinistro
Condições Gerais e Especiais da Apólice fáceis de entender
Prémios reduzidos
Capital seguro baixo
Massificação de produtos, de modo a compensar os prémios baixos
Flexibilidade de pagamento dos prémios
Educar o consumidor quanto à importância de manter os seguros
Meios de distribuição alternativos
Fonte: Elaboração própria
8
Tabela 4.: Seguro tradicional e microsseguro – Principais diferenças
Nesta secção iremos abordar o microsseguro nos países em desenvolvimento. As pessoas de baixos
rendimentos moram em construções mais vulneráveis e/ou degradadas e na maioria dos casos em
regiões muito perigosas, estão diariamente expostos aos riscos e menos protegidos quanto às
consequências que poderão dai advir. Neste sentido, o microsseguro poderá desempenhar um papel
essencial de proteção de uma família, com rendimentos mais baixos e/ou insuficientes (Smolka et al.,
2008). Segundo o Lloyd`s (2009), a maioria dos mercados que abrange pessoas com baixo rendimento
no Mundo permanece desconhecida para os Seguradores.
9
Figura 4.: Percentagem de cobertura do microsseguro no Mundo
A Microinsurance Network é uma plataforma global de múltiplas partes interessadas para profissionais
e organizações que estão comprometidos em fazer seguros com o objetivo de incluir pessoas de baixo
rendimento, possui um sítio na internet que monitoriza a percentagem de cobertura do microsseguro
no mundo (Figura 4).
Segundo Churchill (2009), mais de metade da população do mundo não possui qualquer forma de
proteção social, quer seja mediante programas de contribuições, sejam os pagos ou os que funcionam
através de recolha de impostos. Nos países em desenvolvimento a maioria das pessoas trabalha na
economia informal, pelo que não há nenhum empregador que efetue contribuições para um fundo
pensão, desemprego ou saúde. Por outro lado, esses trabalhadores não têm capacidade financeira
para suportar o custo total de um sistema de segurança social. Associando a isto, muitos governos dos
países em desenvolvimento, não possuem recursos para criar infraestruturas adequadas,
nomeadamente hospitais, nem para pagar as despesas inerentes a mecanismos de proteção social.
Neste sentido, o microsseguro poderá ser visto como um mecanismo de proteção social nos países em
desenvolvimento, de modo a preencher o espaço existente, dando cobertura aos excluídos. A intenção
do microsseguro será sempre a de reduzir a vulnerabilidade dos trabalhadores com baixos
rendimentos, estimulando o setor público (proteção social) e o privado (novo mercado).
É improvável que o microsseguro quebre por si só, o círculo de pobreza. Porém é uma ferramenta
valiosa para reduzir a pobreza, quando associada com prevenção e atenuação de riscos, e
10
complementado com outros serviços financeiros, nomeadamente poupança e empréstimos de
emergência. Assim, pode desempenhar uma função essencial a gerenciar riscos, reduzir
vulnerabilidades, e consequentemente, diminuir a pobreza (Churchill, Matul, 2014).
Os seguros que a pessoas de baixo rendimento mais pretendem são os de saúde e vida. Ao analisar a
tabela 5, comprovamos o anteriormente exposto. As pessoas têm muito receio que uma doença possa
ser prejudicial, quer seja para a sua saúde, como para a vida familiar e/ou profissional, isto porque se
um membro do agregado fica doente e consequentemente indisponível para laborar, existe uma
quebra do rendimento, já de si, baixo (Smolka et al., 2008).
No Bangladesh é utilizado um produto direcionado para uma vertente matrimonial, o qual beneficiará
a filha do segurado quando a mesma completar dezoito anos (Churchill, Craig. 2006).
A África do Sul possui uma das maiores taxas de penetração de seguros do mundo, porém o índice de
pobreza continua muito alto e as pessoas com baixos rendimentos consideram difícil aceder a serviços
financeiros. Foi elaborada uma Carta Setorial, a qual entrou em vigor em 2004, tendo sido elaborada
por representantes da indústria e outros “players”, de modo a reformular o setor financeiro da África
do Sul (Lloyd`s. 2009). De acordo com Churchill (2006), os seguradores sul-africanos concordaram em
alocar recursos para a entrega de produtos de seguros a famílias que possuem baixos rendimentos.
Além do exposto, decidiram contribuir com 0.2% do lucro líquido para ser utilizado em educação
financeira do consumidor. Estabeleceram igualmente como meta até 2014 que 6% da população mais
pobre, cerca de 1.2 milhões de pessoas, teriam acesso a seguro de curto prazo. Ainda segundo o
mesmo autor, foi igualmente determinado como objetivo, que 4,5 milhões de pessoas (23 %) deveriam
ter acesso a um seguro de longo prazo (Lloyd`s. 2009).
11
De salientar ainda que membros da Associação Sul-Africana de Seguros (SAIA) e seguradores de
produtos não vida e de curto prazo, decidiram criar um programa para educar o consumidor. O
programa abrange sete temas, mais concretamente a gestão do dinheiro, orçamentação, divida,
poupanças, banca, seguros de vida e de curto prazo e por fim direitos e responsabilidades do
consumidor. Neste sentido foi desenvolvido um kit de recursos para professores, de modo a serem
entregues, por exemplo, a alunos do ensino secundário. Para além da atividade indicada, segundo o
mesmo autor, a SAIA iniciou outras formas de consciencialização, mais concretamente um workshop,
com a duração de um dia sobre conceitos financeiros em áreas rurais, bem como educação financeira
direcionada para os milhões de sul-africanos que viajam diariamente com a utilização de telas de
televisão em parques de táxi e estações de rádio com música, informação / educação financeira
(Churchill. 2006).
Em conjugação com os esforços desenvolvidos para educar o povo sul-africano, foi igualmente
determinado que a venda do microsseguro terá de possuir um acesso físico, uma gama de produtos
apropriados, peço acessível e compreensível para o público-alvo. Assim a Carta Setorial tem sido a
principal força motriz do setor.
Na Zâmbia, no âmbito dos seguros de vida foi vendido um microsseguro com uma cobertura básica de
vida com a exclusão de VIH / SIDA. Esta exclusão revelou-se problemática e cara desde o início. Isto
porque os agentes descobriram que a explicação da exclusão demora muito tempo, limitando de forma
severa a sua venda. Em segundo lugar, quando ocorriam mortes, era necessário apresentar muita
documentação, a fim de provar que o infortúnio não tinha decorrido de VIH / SIDA. Para além da
documentação que o mandatário do segurado teria de apresentar, o próprio segurador teve que
efetuar o seu controle para determinar as causas da morte. Considerando os custos e a burocracia
envolvida, o segurador decidiu eliminar a exclusão e verificou que o produto continua a ser muito
lucrativo.
Na India, em 2002, tornou-se obrigatório para todos os seguradores fornecer seguros para os setores
rurais e sociais da sociedade. O principal objetivo era salvaguardar a proteção das pessoas com baixos
rendimentos. De salientar que os seguradores tinham que garantir que o negócio de microsseguro não
12
se encontrava abaixo de um determinado volume de vendas. Caso o segurador não cumprisse as
quotas determinadas, poderia ser multado e em última instância poderia existir uma revogação da sua
licença. Atualmente na Índia existem seis milhões de pessoas com seguros de vida e dez milhões com
seguros não vida. Considerando que a legislação obriga que os seguradores comercializem o
microsseguro, houve um aumento de produtos e experiências com novos canais de distribuição. Porém
existe um lado negativo da legislação existente, isto porque existem seguradores que oferecem
produtos com pouco valor, sendo o único objetivo o de satisfazer as quotas a que estão obrigados.
Não obstante da regulamentação, a taxa de penetração do mercado de microsseguro é muito baixa,
cerca de 2 %.
Na China, a sua a Federação de Comércio fornece uma cobertura limitada aos seus cerca de 30 milhões
de associados para a saúde, desemprego e outros riscos. Existe uma tentativa de desenvolver o
microsseguro na China rural, através dos reguladores. Os produtos-piloto a serem comercializados,
estão associados a seguros de saúde, seguro de gado, seguro de crédito, seguro de trabalhos migrante
e produtos para pessoas de idade avançada.
Nas Filipinas foi desenvolvido um microsseguro contra tufões para produtores de arroz. De salientar
que o seguro é acionado desde que se verifiquem três fatores, nomeadamente a cobertura, distância
existente entre a plantação e o tufão e por fim pela velocidade do vento. O objetivo por trás da criação
deste produto, tendo em conta os padrões climáticos cada vez mais irregulares, é o de proteger os
agricultores contra as forças da natureza.
Na Indonésia, por forma a salvaguardar o elevado risco de subida do caudal das águas, aos habitantes
de certas áreas de Jacarta foram vendidos seguros de inundações sobre a forma de um cartão válido
para um ano (figura 5). Segundo a mesma entidade, se os níveis de água registados em determinados
medidores subirem acima da linha dos 9.5 metros, os portadores do cartão, podem reivindicar o
pagamento de 250.000 rupias indonésias (26 USD). O prémio de aquisição do referido cartão é de 5.2
USD. De salientar que a cobertura pode ser aumentada, desde que sejam adquiridos mais cartões
(Lloyd`s. 2009).
13
Figura 5.: Cartão de microsseguro vendido na Indonésia
Na cidade Colombiana de Bucaramanga, as pessoas com baixos rendimentos, cujo salário diário varia
entre os 2 e 10 dólares, possuem agora a possibilidade de adquirir seguros adequados, face às suas
necessidades, nomeadamente em consequência de morte, doença grave, desgraças naturais,
arrombamento roubo e incendio. O prémio mensal varia entre os 0,3 e 10 dólares (Smolka et al., 2008).
14
2.1.2 O microsseguro nos países desenvolvidos
Nesta secção iremos abordar o tema do microsseguro nos países desenvolvidos. O microsseguro não
pode ser considerado um contrato de seguro com custo reduzido, para um grupo específico de
pessoas, mais concretamente de baixo rendimento, para os países em desenvolvimento. O
microsseguro tem de ser encarado como uma forma inovadora de vender seguros, alinhados com as
expetativas dos clientes, uma vez que os mesmos cada vez mais irão pretender contratar um seguro
que os proteja de um risco específico, num determinado momento e por um preço que os mesmos
consideram como adequado. Este género de seguro, irá permitir uma alteração da abordagem do
mercado segurador, podendo ajudar a aproximar a proteção existente nos países desenvolvidos e nos
subdesenvolvidos (Silvello. 2017).
Segundo McCord (2019), grande parte do seguro nos países agora desenvolvidos, inicialmente era
microsseguro. Os mercados de seguros nesses países enfrentaram historicamente problemas
semelhantes aos de hoje no microsseguro. O MicroInsurance Center examinou aspetos dos mercados
de registo de vida, catástrofe imobiliária e seguro de saúde em países desenvolvidos que são
particularmente relevantes para o microsseguro e as lições aprendidas decorrentes de seus desafios e
sucessos.
É importante referir que os seguradores nos países desenvolvidos se estabeleceram sobre uma base
sólida, isto porque na maioria dos casos as mesmas provieram de associações mútuas ou de seguros
de vida de trabalhadores de indústrias. Nos países em desenvolvimento os seguradores apenas
evoluíram na segunda metade do século XX, e começaram a centraram-se em clientes corporativos,
havendo pouco esforço para criar infraestruturas nos países. O facto de muitos países terem saltado a
fase inicial do seguro, advêm dê um setor segurador fraco e pouco desenvolvido. Não obstante do
supra, o microsseguro poderá ser a resposta para os países em desenvolvimento se reconstruirem e
criarem uma base sólida no setor segurador, podendo inclusive ser um impulsionador do
desenvolvimento económico do país (Churchill, Matul, 2014).
A falta de estudos científicos sobre o microsseguro nos países desenvolvidos evidencia que o termo
microsseguro é utilizado, normalmente, para os países em desenvolvimento. No entanto, nos países
desenvolvidos, nomeadamente nos europeus, a oferta de produtos específicos para as pessoas mais
pobres tem sido desenvolvida e distribuída por entidades informais – as associações mútuas (Coydon
e Molitor, 2010), sendo os mais oferecidos Vida, Poupança, Saúde, Acidentes Pessoais (normalmente
em parceria com seguradores ou corretores) e funeral. De salientar que a Swiss Re não faz qualquer
referência aos mercados desenvolvidos. A experiência de maior relevo conhecida que podemos
analisar prende-se com a parceria criada em França, em 2007, entre a Axa, a MACIF e a ADIE, para
15
disponibilizar produtos para microempresários. De acordo com a Cote AXA (2010), estas entidades
oferecem coberturas de acidentes de trabalho, automóvel, de escritório em casa (para quem quer
começar a trabalhar de casa) a preços acessíveis (prémios médios inferiores a 1 euro por dia).
Neste sentido, consideramos que deverá existir uma abordagem diferente do mercado tradicional. De
salientar que os produtos que iremos abordar estão associados a uma realidade em crescimento,
Insurtech. As insurtechs surgiram com o objetivo de revolucionar o mercado segurador, através de
tecnologias inovadoras, na maioria das vezes através de startups, mudando a forma como os
consumidores podem contratar um seguro (Prado, José. 2017). Por exemplo, verificamos a existência
de um produto denominado como FloodFlash, o qual líquida um capital, desde que a água proveniente
de uma inundação atinga um determinado nível, previamente acordado entre a instituição e o cliente.
Recordamos que se trata de uma solução similar à existente na Indonésia e referida na secção 2.1.1
(figura 5). Posteriormente encontramos um seguro de acidentes pessoais, o Tikkr. O objetivo é poder
ativar o seguro, através de uma aplicação de telemóvel, para um determinado momento,
nomeadamente, andar de skate, jogar futebol, entre outras atividades. Por fim, encontramos um
seguro de vida, Fabric. A referida instituição vende seguros de morte acidental e de vida online.
Assim, cremos que a utilização criativa da tecnologia, poderá propiciar a difusão do microsseguro nos
países desenvolvidos. Podendo ser desta forma, uma forma de suprir necessidades a futuros clientes
que possuam baixos rendimentos.
No que concerne ao panorama nacional, verificamos que já existe uma sensibilidade dos seguradores
para seguros com preços mais acessíveis. A sua análise poderá ser consultada no ponto 4.3.2 da
dissertação.
16
2.1.3 O papel do Governo na aplicação do microsseguro
1. Inclusão financeira: Os governos podem melhorar o acesso dos indivíduos com baixos
rendimentos aos serviços financeiros e prepará-las para lidar com certas inseguranças,
nomeadamente através de formas para gerir os seus riscos financeiros (por exemplo,
empréstimos);
17
De acordo com o estudo da Associação Internacional de Supervisores de Seguros (2007), mesmo em
países onde existem formas de proteção social, as populações com baixos rendimentos podem não ter
acesso às mesmas devido a uma multiplicidade de fatores, desde a falta de informação até à politização
dos esquemas de proteção social. Os objetivos dos sistemas de segurança social são, na maioria dos
casos, bastante similares, isto porque na maioria das situações o estado é o último gestor de risco e é
responsável por garantir que a população, de forma geral, seja capaz de gerir os seus riscos de forma
eficaz. Os programas de microsseguro e de financiamento privado, podem estar interligados e podem-
se complementar. Ou seja, uma vez que o seguro é construído sobre o princípio da mutualidade, as
pessoas de baixos rendimentos ao adquirirem um seguro de baixo custo, e ao acionar a respetiva
cobertura, na maioria dos casos terão de ser assumidos pelas pessoas que mais despendem para
possuir um contrato de seguro. No entanto, é necessário ter cuidado com este princípio de
redistribuição, isto porque os elevados custos que poderão estar associados com o acionamento do
microsseguro, poderão diminuir o interesse no negócio. De forma a criar um ambiente propício e
atrativo para o desenvolvimento do microsseguro, é necessário que os legisladores e outras partes
possivelmente interessadas, iniciem um diálogo público – privado, no qual sejam explanadas as
estratégias de forma transparente.
Nos países onde os governos têm uma capacidade financeira e institucional limitada, os programas de
microsseguro podem alavancar recursos que podem beneficiar o setor de proteção social num todo,
nomeadamente através de recursos financeiros, mão-de-obra, entre outros. Por exemplo, um
microsseguro de saúde, ajuda a melhorar o acesso a cuidados médicos básicos. No seguimento do
diálogo público – privado, a qualidade até pode ser melhorada quando existem acordos com
prestadores de serviços médicos (Churchill. 2006).
No México foi criado um fundo para auxílio em caso de desastres naturais, o Caribe FONDEN. A Swiss
Re, sugere que este produto é o primeiro produto de seguro comprado por um governo e o primeiro
contrato de catástrofe emitido na América Latina. O FONDEN, oferece cobertura para riscos de
terramoto. Embora o referido risco esteja para além da capacidade do fundo, existe uma solução de
resseguro que salvaguarda uma eventual catástrofe natural. Um outro exemplo de microsseguro, é o
Mecanismo de Seguro de Risco e Catástrofes do Caribe (CCRIF). Mais se informa que o CCRIF foi criado
com o financiamento e apoio do Banco Mundial, agrupando riscos de catástrofes naturais de dezasseis
países do Caribe, oferecendo coberturas que não estavam disponíveis nos mercados comerciais, ou
apenas seriam possíveis de ser adquiridos mediante quantias elevadas e não suportáveis pelas pessoas
com baixos rendimentos (Lloyd`s. 2009).
18
Na India o governo aplicou o microsseguro através da Agricultural Insurance Company Limited (AIC), a
qual garante cerca de vinte milhões de agricultores de um público-alvo de 170 – 180 milhões. Através
desta abordagem oferece-se proteção em caso de perda de rendimento em consequência de incêndio
natural, tempestades, inundações, deslizamentos de terras, secas, pragas / doenças, entre outras
possibilidades. O seguro agrícola na Índia é obrigatório para os agricultores que solicitem um
empréstimo a uma instituição financeira (Internacional Labour Organization.2006).
O governo vietnamita, desde 1947, fornece um seguro social para funcionários públicos e para o
pessoal do exército. Em 1994 o governo decidiu introduzir um novo sistema, de modo a ampliar a
cobertura para os empregados do setor não público. O governo vietnamita efetuou algumas tentativas
para incentivar os seguradores a alcançar as pessoas com baixos rendimentos, porém não obteve
resultados muito significativos. De salientar que os diversos seguradores públicos e privados oferecem
seguros de saúde em áreas urbanas a cerca de dez milhões de estudantes e alunos. Mais se acrescenta
que a estratégia implementada pelo Vietnam para garantir a proteção social incorpora quatro grandes
pilares, nomeadamente, políticas ativas para o mercado de trabalho, seguro social, assistência social e
serviços sociais básicos, assim como outras medidas, incluído um programa de redução da pobreza
(Gaby, Mayur. 2015).
Nesta secção iremos abordar os meios de distribuição. De acordo com a Autoridade de Supervisão de
Seguros e Fundos de Pensões (2018), a distribuição no ramo Vida é maioritariamente efetuada por
mediadores, conforme é possível verificar na tabela 6. Analisando a referida tabela, é plausível afirmar
que o mercado nacional é bastante tradicional.
19
Serviços públicos e de telecomunicações, que oferecem produtos de seguro de invalidez,
desemprego, acidentes pessoais e de multirriscos;
Tabela 6.: Distribuição dos prémios de seguro direto por canais de distribuição
Neste sentido, é necessário repensar a distribuição, por forma a alcançar o maior número de
intervenientes, por um custo menor. Para o efeito, o objetivo será visar grandes concentrações de
clientes, nomeadamente através de lojas de retalho, serviços públicos ou empresas de
telecomunicações. Uma forma de alcançar um grande número de pessoas poderá envolver a
construção de parcerias com grandes empresas. Por fim, é importante associar / construir parcerias
com marcas confiáveis. Assim, e conforme poderão verificar mais à frente no nosso estudo,
consideramos que em Portugal as marcas confiáveis que poderão alcançar o maior número de pessoas,
por forma a construir eventuais parcerias, são a Caritas e a Santa Casa da Misericórdia.
Um canal de distribuição poderá ser a primeira vez que um determinado cliente é confrontado com a
necessidade de adquirir um contrato de seguro. Neste contexto, é importante que o processo de
venda, permita ao cliente tomar uma decisão consciente e informada. Para o efeito, poderão existir
dois processos de interação com o cliente, mais concretamente o ativo, o qual envolve um
representante do segurador e/ou um parceiro de distribuição, que informa o cliente sobre os
benefícios e caraterísticas do produto. O segundo processo é passivo, ou seja, não é oferecido qualquer
estímulo para que um cliente compre um seguro, assim como não existe qualquer comunicação e/ou
explicação sobre o produto.
20
Figura 8.: Canais de distribuição para seguradores comerciais
A inovação no microsseguro é caraterizada por seguradores que trabalham em parceria com meios de
distribuição não tradicionais, cujo objetivo é o de alcançar o maior número de clientes possíveis.
Associando a isso, é igualmente pretendido chegar a pessoas que não estão abrangidos por nenhum
contrato de seguro e/ou com apólices mal dimensionadas para as suas reais necessidades. Neste
21
sentido a inovação na distribuição do microsseguro, estará no desenvolvimento de produtos, vendas
e cobrança de prémios, colocando menos enfase na manutenção, administração e sinistros.
De modo a obtermos uma maior eficiência na distribuição, terá de existir um maior foco na redução
dos seus custos. Esta situação poderá implicar diminuir o número de entidades que estão associados
à cadeia de distribuição, assim como o segurador terá de repensar a organização das suas parcerias
comerciais. Associado a esta questão, estão os valores dos parceiros selecionados. Ou seja, o segurador
terá de assegurar que o parceiro selecionado prioriza o interesse do cliente, ao invés do seu, correndo
o risco de existirem vendas desinformadas e enganosas. Não obstante ao anteriormente exposto,
mesmo que o segurador consiga otimizar os meios de distribuição, de modo a conseguir angariar o
maior número de clientes possível, a sua retenção está ameaçada se não forem capazes de inovar no
processamento e prestação de sinistros. Neste sentido, os seguradores terão de começar a usar os
parceiros de distribuição, de modo a possibilitar efetuar alterações às suas apólices, bem como
participar e pagar sinistros. De salientar que a última palavra é a do cliente, pelo que se os seguradores
não são capazes de adicionar valor onde e quando o mesmo é mais necessário, o futuro do
microsseguro estará ameaçado (Smith, Smit, Chamberlain, 2012).
Nesta secção iremos abordar dois temas importantes, o mercado-alvo potencial e o willingness do pay.
Segundo Churchill e Matul (2014), na esfera da política pública e do desenvolvimento internacional,
tendo em conta o seu potencial o microsseguro poderá ser uma solução interessante. O seguro é um
tema que passa por vários domínios, nomeadamente saúde e proteção social, agricultura e pecuária,
mudança climática e gestão de catástrofes, microfinanças e desenvolvimento de pequenas empresas
e cooperativas. Neste sentido, cada vez mais organizações estão a participar no microsseguro. Para
além das parcerias público-privadas e dos canais de distribuição, existem outros players que estão a
assumir papéis importantes ao criarem condições para que o microsseguro tenha sucesso, mais
concretamente consultores, provedores, investidores e gigantes tecnológicos. Neste sentido, existe
um maior envolvimento de uma variedade de públicos-alvo, entre os quais governos e canais de
distribuição, temas abordados nas secções 2.1.3 e 2.2 respetivamente. Além dos anteriormente
indicados existe um maior envolvimento de seguradores e resseguradores, e facilitadores.
22
Embora seja um erro indicar que os seguradores mútuos estejam a perder força, a grande
novidade é o facto de uma enorme quantidade de seguradores comerciais estarem a
demonstrar interesse neste mercado de pessoas com rendimentos mais baixos. A
Microinsurance Network, indica que pelo menos 33 dos maiores seguradores do mundo,
oferecem produtos relacionados com o microsseguro (Churchil, Matul. 2014). Extrapolando o
tema para Portugal verificamos quais os maiores Seguradores os que poderiam alcançar o
maior número de potenciais clientes para adquirir o microsseguro (ASF. 2018) (Figuras 9 e 10).
Facilitadores: Trata-se de um termo utilizado para fazer referência aos que contribuem para
aumentar a disponibilidade de melhores serviços de seguros a um maior número de pessoas
com menos rendimentos. De salientar que existiu um crescimento de facilitadores, os quais
foram essenciais para a possibilitar o avanço do microsseguro. Os facilitadores são os criadores
de capacidade (atuários por exemplo), especialistas operacionais (por exemplo
intermediários), financiadores (doadores e investidores) e promotores (associações de
seguros e Microinsurance Network).
Segundo a Microinsurance Network, nos 100 países mais pobres do Mundo, menos de 80 milhões têm
de possibilidade de acederem a seguros.
Não obstante do microsseguro estar por norma associado a pessoas com baixos rendimentos,
pretendemos com o presente estudo avaliar o interesse deste produto por indivíduos de todas as
classes.
23
Figura 10.: Distribuição da produção por grupo económico – Ramo não Vida
De acordo com a tabela 2, verificamos que em Portugal a maioria possui rendimentos entre os 5.001
e 10.000 euros, mais concretamente 30 %. Assim, e dado que um dos principais objetivos da nossa
investigação é alagar o âmbito do microsseguro a agregados familiares que não estejam rotulados
como detentores de baixos rendimentos, consideramos que o referido universo poderá beneficiar
bastante com a instituição do microsseguro em Portugal.
Por forma a conseguirmos determinar um valor médio que o mercado-alvo potenciar estaria disposto
a despender pelo microsseguro, iremos calcular o willingess to pay. De salientar este é um dos
principais objetivos da nossa dissertação.
Primeiramente é importante esclarecer a discrepância que existente entre vontade de aceitar (WTA)
e a vontade de pagar (WTP). O WTA, é por exemplo quando um individuo recebe um bem de um
24
terceiro e pergunta por quanto é que ele estaria disposto a vender. O WTP é, e seguindo o mesmo
exemplo, quanto é que um individuo estaria disposto a pagar para comprar um bem a um terceiro. De
salientar que o WTA, por norma, é quase sempre maior que o WTP. A diferença entre WTA e WTP
depende da relação entre a procura e quantidade de produtos que existem no mercado para substituir
um bem. Ou seja, quando um bem possui muitos substitutos no mercado, os ganhos ou perdas são
limitados pelos substitutos disponíveis e a diferença entre WTP e WTA será pequena. Por outro lado,
se existirem poucos bens para substituir o produto, os ganhos podem ser elevados, porém uma perda
pode ser insubstituível, consequentemente a diferença entre WTA e WTP será maior (McConnel,
Horowitz. 2003).
Considerando que o nosso objetivo é o de calcular o valor que pessoas estão dispostas a pagar pelo
microsseguro, iremos cingir-nos apenas ao willingness to pay.
Importa referir que este objetivo é bastante relevante, tendo em conta que muitas seguradoras do
mercado mundial, demonstram um interesse crescente em se expandir para produtos associados ao
microsseguro (Churchil, Matul. 2014).
25
3. METODOLOGIA
Regressão logística em R
Fonte: Elaboração própria (Técnicas quantitativas)
De acordo com a figura 12, iremos efetuar uma análise inicial dos dados secundários e primários.
Importa referir que os dados secundários são informações que se encontram disponibilizadas,
nomeadamente através de publicações, artigos, entre outros. Neste sentido, a sua utilização é muito
importante, porque será com base na sua análise que construiremos o questionário.
26
Técnicas quantitativas (questionários)
Posteriormente iremos elaborar o nosso questionário, sendo que tivemos em consideração o facto de
ir ser respondido por pessoas das mais variadas classes socioeconómicas e tivemos o cuidado de
efetuar um questionário muito simples, de modo a obter o maior número de respostas possíveis. O
inquérito tem 25 questões, divididas por cinco grupos.
No primeiro grupo de questões, temos como principal objetivo o de caraterizar os indivíduos que se
dispuseram a responder ao nosso questionário. Entendemos que os dados recolhidos neste segmento
serão úteis de modo a qualificar a nossa amostra.
27
Tabela 9.: Questões socioeconómicas
O terceiro grupo tem duas questões, as quais se referem à imagem que as pessoas têm do mercado
segurador e se possuem algum contrato de seguro. De salientar que pergunta associada à imagem que
28
as pessoas têm dos Seguradores está construída numa escala de Likert (1 a 5). Entendemos que esta
questão tem relevância, face ao produto em questão que pretendemos estudar.
O quarto grupo é o maior do modelo, e será com base no mesmo que iremos recolher a maioria dos
dados para efetuar o tratamento estatístico e calcular o willingness to pay. Vamos recolher a
informação de quanto é que as pessoas estão dispostas a pagar pelo microsseguro. Pretendemos saber
quais os produtos estão dispostos a adquirir, assim como, dependendo do preço que pretendiam
pagar, quantos produtos adicionais estariam dispostos a comprar. Queremos ainda saber se a amostra
sabe como funciona um contrato de seguro, se já sabia da existência do microsseguro, quais as
necessidades da amostra (produtos), assim como se as pessoas associam a qualidade de um produto
ao seu preço. Elaboramos ainda uma questão correlacionada com a aversão ao risco, ou seja, se a
29
amostra está disposta adquirir um contrato de seguro, de forma a precaver eventuais situações
futuras.
O quinto grupo, pretende saber em que circunstância é que os indivíduos comprariam o microsseguro.
Perguntamos ainda qual deveria ser o papel do governo na aplicação do microsseguro.
Vemos pi como uma realização de uma variável aleatória Pi que pode assumir valores um e zero com
probabilidades yi e 1 – yi.
A distribuição logística padrão, é notavelmente semelhante à distribuição normal, mas tem a vantagem
de uma expressão de forma fechada.
30
(2)
𝑌= 𝛼+ 𝛽 Χ +𝜀
ℯ (𝑌) 1 (3)
𝑃 (𝑌) = =
1 + ℯ (𝑌) 1 + ℯ (𝑌)
1
=
1+ ℯ − 𝛼+∑ 𝛽 Χ +𝜀
(5)
𝑃(𝑌)
ln = 𝑌= 𝛼+ 𝛽 Χ +𝜀
[1 − 𝑃 (𝑌)]
X: Atributos ou características
Y: Variável binomial, 0 ou 1
Por forma a efetuar a regressão logística, vamos dividir a sua execução em quatro grandes fases:
1. Definir uma variável dependente: Define o padrão, ou seja, se o microsseguro será ou não
comprado;
2. Selecionar variáveis preditivas relevantes: Iremos selecionar da nossa base de dados, quais
as variáveis relevantes para efetuar a regressão logística;
3. Efetuar uma primeira análise gráfica: Efetuar correlações entre as variáveis, verificar dados
irregulares e eliminá-los de modo a obter melhores resultados com o modelo de regressão
logística;
31
4. Efetuar uma teste stepwise: Excluir varáveis insignificantes, por forma a aumentar a robustez
do nosso modelo.
Em suma, o nosso objetivo é verificar quais as variáveis significativas, de modo a verificar qual a
probabilidade do microsseguro ser ou não adquirido pela amostra.
Por fim, iremos efetuar o cálculo do willingness to pay. Assim, teremos de definir algumas variáveis,
nomeadamente:
Segundo McConnel e Horowitz (2003), a proporção do willingness to pay é quando V (y, x) é a utilidade
(indireta) e quando y é o rendimento e x é um determinado bem. Quando o investimento é (y0, x0), a
disposição do individuo pagar por um incremento xi – x0 é definida pelo seguinte ratio:
No nosso caso, considerando que os dados necessários para o calcular se encontram agrupados por
classes, iremos ter que a calcular através do método de distribuição de frequência com intervalo de
classe:
(𝐿 − 𝐿 ) (7)
2
32
Por fim, calculamos a média da tabela de frequência:
∑( . ) (8)
𝑋= ∑
33
4. ANÁLISE DE DADOS
4.1 ENTREVISTAS
Nesta secção iremos explorar as entrevistas efetuadas. De salientar que efetuamos o pedido de
entrevista a 18 instituições, existindo cinco respostas, contudo apenas três demonstraram interesse
em efetivar a entrevista. Importa referir que a baixa taxa de resposta, poderá estar associada pelo
facto de laborar no mercado segurador, isto porque rececionamos uma resposta de uma congénere a
indicar que não iria efetuar a entrevista somente por esse facto.
Entrevistas Total
Enviadas 19
Respondidas 5
Efetuadas 3
Taxa de resposta 26,32 %
Taxa de sucesso (entrevistas efetuadas) 15,79 %
Fonte: Elaboração própria
No seguimento das entrevistas aos seguradores, verificamos que o tema ainda se encontra numa fase
muito embrionária. Embora tenhamos conversado com um segurador que revelou algum
desconhecimento sobre o tema em questão, apuramos que existe inclusive um segurador que possui
um produto a ser comercializado na vertente de acidentes pessoais.
No que concerne às associações de caráter social, uma vez que estão mais próximas das pessoas de
baixos rendimentos, consideramos imprescindível a execução de entrevistas junto das mesmas.
Fidelidade seguros
No seguimento de conversas informais junto do Segurador que possui a maior quota de mercado, foi-
nos transmitido que embora não tenha nenhum produto específico para as pessoas de baixos
rendimentos, referiram-nos que existe um grande mercado a explorar, podendo vir a ser um tema
explorado num futuro próximo pela instituição.
Zurich
Tivemos a oportunidade de conversar com o Sr. Luís Cabral, Gestor de Área, tendo sido transmitida
uma perspetiva direcionada mais para o ponto de vista rentável do microsseguro. A Zurich não
comercializa produtos direcionados para pessoas com baixos rendimentos, isto porque o seu interesse
é segurar riscos. As pessoas com rendimentos mais baixos, têm menos e/ou nenhuma matéria
segurável, consequentemente não é do interesse da Companhia de Seguros Zurich a criação de
34
produtos para este mercado. De salientar que considera que um Segurador nacional que pretenda
comercializar microsseguro, iria fazê-lo de forma filantrópica e/ou numa vertente direcionada para a
responsabilidade social, isto porque não consegue verificar como é que seria possível obter uma
rentabilidade. Referiu ainda que uma solução de possível sustentabilidade para o microsseguro, seria
o de existir uma associação entre um Segurador e uma instituição de solidariedade social,
nomeadamente a Santa Casa da Misericórdia.
Liberty Seguros
Tivemos a oportunidade de falar com a Sra. D.ª Rita Rosário, responsável da gestão de produto de
Acidentes pessoais da direção de Design e Gestão de Produtos. Foi-nos dado a conhecer a existência
de três de produtos que já se encontram em comercialização para o sector de acidentes pessoais. De
facto, a perspetiva do mercado e da possibilidade de instituir o produto é completamente distinta da
Zurich, isto porque para a Liberty Seguros, existe um grande mercado que necessita de ser
aproveitado, e é sem dúvida possível implantar o microsseguro em Portugal. Crê ainda que a aplicação
do microsseguro em Portugal poderá não ficar apenas no sector dos Acidentes Pessoais, sendo possível
estender a oferta por exemplo para multirriscos habitação, porém apenas seria sustentável considerar
uma garantia por produto, ou seja, danos por água (roturas de canalização), tempestades, inundações,
entre outras. Foi sugerido da nossa parte um aumento dos prémios do seguro tradicional, de forma a
sustentar a existência de prémios mais baixos para as pessoas de baixos rendimentos, algo que foi
imediatamente refutado, dado que os clientes pretendem descontos e/ou produtos mais baratos. Não
obstante, o ponto mais crítico é o da comercialização do produto. Isto porque, embora os produtos
comercializados tenham uma maior procura têm potencial para possuírem índices de venda
superiores. O maior problema está na rede de distribuição, a qual não vende e/ou porventura não
estará preparada para vender um produto diferenciado dos demais. Segundo o que nos foi indicado a
sua rede de agentes não estará possivelmente a vender os produtos mais adequados às necessidades
das pessoas de baixo rendimento.
Caritas
35
rendimento social de inserção, isto porque geralmente já foram bastante escrutinados. Neste sentido,
considera viável que as pessoas que sejam beneficiários do RSI sirvam de teste para a implementação
do microsseguro em Portugal. Sugeriu ainda algumas ideias para produtos úteis para pessoas com
baixos rendimentos e para algumas realidades que a Cáritas lida diariamente. Um dos quais está
associado ao facto de existirem cada vez mais mulheres com filhos, solteiras e/ou divorciadas. Em
consequência deste facto e muitas vezes em forma de vingança os pais das crianças recusam-se a pagar
a pensão de alimentos, pelo que as mulheres passam grandes dificuldades financeiras, não
conseguindo fazer face a todas as responsabilidades, mais concretamente rendas, água, luz, entre
outras. Assim, sugeriu a criação de um seguro que salvaguardasse esta situação delicada, ou seja, que
protegesse as mulheres nesta situação, enquanto as instâncias jurídicas nacionais não responsabilizam
os pais das crianças.
Como forma de sustentabilidade do mercado segurador, sugere que seja criado um fundo, onde todas
as Companhias de Seguro aderentes ao microsseguro tenham que colocar uma percentagem dos seus
lucros, de modo a responder às necessidades das pessoas com rendimentos mais baixos. Importa
referir que a criação deste fundo seria independente do Estado Português, isto porque, os Seguradores
intervêm quando o Estado não tem capacidade de intervir. Assim, a criação de um fundo mutuário,
poderia ser uma solução para fazer face à rentabilidade escassa que poderá estar associada ao
microsseguro.
É da opinião, para que haja uma aplicação eficaz do microsseguro em Portugal terá de existir uma
alteração da mentalidade e/ou postura das Companhias de Seguros em Portugal, nomeadamente ao
nível da responsabilidade social, indo de acordo ao princípio da mutualidade que as construiu. Mais
referiu que será igualmente preciso que os próprios portugueses tenham uma mudança de
mentalidade, isto porque sabendo da existência de um produto mais barato, irão tentar obter esse
produto.
As grandes preocupações dos envolvidos são os meios de distribuição, assim como a morfologia dos
produtos a serem desenvolvidos. A rentabilidade associada é igualmente uma preocupação, sendo que
a construção de um fundo mutuário para este fim, poderia ser uma solução interessante para a sua
resolução.
36
Um ponto importante, mencionado por todos os entrevistados, está associado com a alteração de
mentalidades em Portugal. Referiram que será necessário que os Seguradores retornem às origens,
nomeadamente ao princípio da mutualidade.
Um segundo ponto convergente está associado com a mudança de mentalidades, quer seja das
instituições que comercializam os seguros, como as pessoas que os adquirem. Segundo os inquiridos,
a aplicação de produtos de microsseguro, primeiramente precisa de uma mudança na forma como os
produtos são comercializados, assim como na transparência que será necessário existir com o cliente.
Por outro lado, seria igualmente necessário existir uma alteração de mentalidades do cliente, isto
porque a existência de um seguro mais barato iria desde logo criar uma apetência para as pessoas o
adquirirem, mesmo não se enquadrando no seu perfil de pessoas com baixos rendimentos. Uma outra
questão importante estaria associada a um possível aumento da fraude. No seguimento da conversa
com a Sra. D.ª Rita Rosário, foi-nos indicado que seria útil existir a intervenção do Estado Português na
aplicação do microsseguro, de modo a alterar mentalidades e a explicar a importância do seguro para
as pessoas em questão. Foi igualmente sugerida a existência de uma educação iniciada nas escolas
sobre a importância do seguro, para que a nova geração esteja mais consciente da sua necessidade e
consequente importância.
4.2. QUESTIONÁRIO
4.2.1. AMOSTRA
Nesta secção, pretendemos demonstrar qual a amostra ideal para o nosso estudo. Uma vez que um
dos nossos principais objetivos é o de calcular o valor que as pessoas estão dispostas a pagar pelo
microsseguro, informamos que o questionário incide sobre os rendimentos dos agregados familiares.
No seguimento dos dados da tabela 2, iremos considerar a nossa amostra até ao rendimento anual de
27.500 euros, perfazendo um universo de 4 343 633 de agregados. De salientar que que o limite
estipulado, será onde se localizam os indivíduos que poderão tirar mais partido do microsseguro.
Assim, se considerarmos um nível de confiança de 95 %, com uma margem de erro de 5 %, perfaz um
tamanho de amostra de 384 questionários respondidos.
𝓏 𝓅𝓆 (9)
𝓃 =
ℯ
Fonte: Israel, G.D. (1992).
37
De salientar que no nosso caso, uma vez que estamos a estudar uma grande população, permite uma
menor precisão na definição do número exato da amostra.
No que concerne à margem de erro, a mesma é uma percentagem que indica a proximidade dos
resultados obtidos da amostra para população, ou seja, indica qual a margem de erro que haverá, caso
exista a extrapolação dos resultados. Associado a esta definição, está o nível de confiança, o qual
define o nível de certeza que a pesquisa realmente representa as caraterísticas da população,
considerando a margem de erro.
O desvio padrão indica a variação esperada entre as respostas obtidas. No entanto, como é difícil
determinar um valor antes de analisar os resultados, utilizaremos um desvio padrão de 0.5, isto porque
considera o pior caso possível, garantindo que o tamanho da amostra é grande o suficiente para
representar a população.
Por fim, possui o valor Z, o qual é automaticamente definido de acordo com o nível de confiança
selecionado. Uma vez que o nosso nível de confiança é de 95 %, o valor Z é de 1.96 (Israel. 1992).
Forma de difusão do
Respostas
questionário
Enviados 273
Correio eletrónico 94
Taxa de sucesso 34,43 %
Redes sociais 76
Direto (syde-by-syde) 2
Total 172
Fonte: Elaboração própria
Nesta secção iremos analisar as variáveis do questionário. Iremos efetuar uma análise estatística
simples de algumas das variáveis mais relevantes, através da média moda e mediana (tabela 15).
Verificamos que possuímos uma amostra com uma média de idades de 34,77 anos, composta por um
agregado familiar de duas pessoas, com uma despesa mensal de 54,99 %, cujo rendimento médio é de
2,410 euros e está disposta a gastar 7,45 % do seu rendimento para o microsseguro.
38
Tabela 15.: Medidas de tendência das variáveis
Variáveis
Percentagem
Medidas de Agregado Despesa do Rendimento
Idade do
tendência familiar agregado do agregado
rendimento
Média 34,77 2,70 54,99 % 2,410 7,45 %
Moda 26,00 2,00 60,00 % 2,500 5,00 %
Mediana 36,00 3,00 60,00 % 2,500 5,00 %
Fonte: Elaboração própria
Uma vez que o questionário se encontra dividido em cinco grupos, iremos proceder à análise de cada
uma das variáveis por grupo.
A primeira questão de qualificação efetuada está associada à idade dos participantes. Assim,
verificamos que parte da amostra se localiza ente os 26 e 35 anos, com uma percentagem de 33,10 %.
A seguir com 31,40 % situa-se a faixa etária entre os 36 e 45 anos. Relativamente aos indivíduos com
idade entre os 46 e 55 anos, perfazem 19,80 %. Os intervalos etários entre os 56 e 65 anos e os 18 e
25 anos, possuem percentagens muito similares. Por fim surge a faixa etária com mais de 65 anos
(gráfico 3).
No que concerne ao sexo da amostra, verificamos que 66 % é representada pelo sexo feminino,
estando a restante percentagem associada ao sexo masculino (gráfico 4).
Posteriormente efetuamos uma questão de forma a obter informações quanto ao estado civil (gráfico
5). Esta informação é importante de modo a obter informações quanto ao valor que agregado familiar
está disposto a pagar pelo microsseguro. Neste sentido, verificamos que a maior parte da nossa
amostra ou é casada (50,00 %) ou solteira (23,80 %).
39
Gráfico 3.: Estratificação da idade da amostra
40
Gráfico 5.: Estado civil
A penúltima questão pretende saber quantas pessoas compõem o agregado familiar. À semelhança da
anterior questão, trata-se de uma qualificação que irá ser bastante útil para analisar o valor que as
pessoas estão dispostas a pagar para obter um produto de microsseguro. Nesta questão, as
percentagens são bastante similares, porém a maior parte da amostra localiza-se nos 30,02 % (gráfico
6), o que equivale a duas pessoas.
41
A última questão está associada à qualificação da família (gráfico 7). Ao analisar os dados, concluímos
que na amostra prevalece a família tradicional com filhos biológicos, com uma percentagem de 51,70
%.
O Grupo II tem uma especial importância, uma vez que iremos obter dados de variáveis, para que
possamos calcular o willingness to pay.
Primeiramente questionamos qual a formação da amostra (gráfico 8). Mais de metade da amostra
possui um curso superior (73,30 %), sendo que 23,30 % possui o 3.º ciclo ou um curso equivalente
(gráfico 7).
Posteriormente efetuamos uma questão sobre a origem dos rendimentos da amostra, verificando que
a mesma é igualmente tradicional, ou seja, mais de 89 % dos inquiridos obtém os mesmos através de
trabalho à conta de outrem (gráfico 9).
A seguinte questão colocada, foi com o intuito de perceber se os inquiridos possuíam algum bem, mais
concretamente habitação, automóvel, mota, ou se porventura não possuíam. O objetivo seria
perceber se o mesmo teria algum bem passível de ser segurável. Neste contexto, 78,50 % eram
detentores de uma viatura e 73,30 % de uma habitação. Nesta questão era possível selecionar mais
que uma possibilidade, pelo que cerca de 59,00 % dos inquiridos respondeu possuir mais que um bem.
42
Gráfico 8.: Formação da amostra
As seguintes questões, são essenciais para o nosso estudo, nomeadamente qual o rendimento (gráfico
10) e a despesa do agregado familiar (gráfico 11). De salientar que ambas as questões irão ter uma
relação direta com o valor que as pessoas estarão dispostas a pagar para obter o microsseguro.
Verificamos que a maioria dos agregados familiares possui rendimentos localizados até 2500 euros
(25,58 %), bem como até 2000 e 3000 euros (20,35 % e 15,12 % respetivamente). Para o efeito,
apuramos que a maioria das pessoas indicadas se insere na amostra pretendida, ou seja, com
rendimentos anuais até 27.500 euros. No que concerne à despesa do agregado familiar verificamos
43
que os valores são bastante similares, contudo os inquiridos que gastam até 40 % e 60 % do
rendimento destacam-se (18,00 % e 23,30 % respetivamente).
Para finalizar, efetuamos uma questão relacionada com a existência de doenças crónicas na família,
por forma a verificar a apetência que o inquirido poderia ter para adquirir um seguro de saúde.
Apuramos que 72,70 % das pessoas não possuem nenhum familiar com doença crónica.
44
3. Grupo III – Imagem do mercado segurador
No grupo III, o objetivo seria o de obter informações sobre a imagem que as pessoas possuem do
mercado segurador. Esta questão está associada com o facto de entendermos que o microsseguro
poderá ser uma forma de alterar a imagem, por vezes degradada, dos seguradores. A primeira questão
vai no sentido de perceber se o inquirido possui ou já teve algum contrato de seguro. A maioria das
pessoas indicou que sim, mais concretamente 94,20 %.
Posteriormente efetuamos uma questão numa escala de escala de Likert, de modo a perceber o grau
de confiança que a amostra possui no mercado segurador (gráfico 12). A escala vai desde o 1 (não
confio) ao 5 (confio plenamente). Assim, verificamos que os inquiridos foram neutros, ou seja 50,60 %
responderam 3.
No grupo IV, iremos abordar o tema do microsseguro, assim como a percentagem do rendimento
mensal que estaria disposto a pagar.
Perguntamos aos inquiridos se sabem como funciona um contrato de seguro, sendo que 90,10 %
indicam que sim. De seguida questionamos se as pessoas têm conhecimento da existência do
microsseguro. Nesta questão 74,40 % dos inquiridos responderam que não. Para o efeito, estamos
perante uma modalidade de seguro, de forma geral, praticamente desconhecida. Posteriormente
perguntamos se a amostra estava disposta a adquirir um contrato de seguro, por forma a proteger um
45
determinado bem de uma ocorrência futura, concluindo que 96,50 % de pessoas estão dispostas a
proteger os seus bens através da contratação de um seguro.
A seguir questionamos qual a percentagem do rendimento que o inquirido estaria disposto a pagar
para adquirir o microsseguro (gráfico 13). Ao analisar os resultados, verificamos que as pessoas apenas
estão dispostas a despender até 20 % do seu rendimento para obter o produto. De salientar que a
amostra está divida entre quatro intervalos, nomeadamente 1 % a 5 % do rendimento (59,30 %), 6 %
a 10 % (36.60 %), 11 % e 15 % (3,50 %) e entre 16 % e 20 % do rendimento (0,6 %).
Gráfico 13.: Percentagem do rendimento mensal que estaria disposto a pagar pelo microsseguro
A questão posterior está direcionada para os produtos, que de acordo com a bibliografia consultada,
teriam mais aderência. Neste sentido, consideramos apenas quatro vertentes, nomeadamente os
seguros de vida (doença, funeral, saúde), de catástrofes (inundações, tempestades, sismos), danos por
água (roturas de canalização) e de acidentes pessoais. Solicitamos à amostra para ordenar conforme a
sua necessidade, sendo que o 1 seria muito necessário, por outro lado o 4 seria prescindível.
Verificamos uma tendência que vai de acordo com a bibliografia consultada, ou seja, a maioria – 117
dos inquiridos –, entende que o seguro de saúde, doença ou funeral seria imprescindível. Logo a seguir
vem o seguro de acidentes pessoal com cerca de 25,00 % da amostra a entendê-lo com muito
necessário. As outras duas modalidades surgem muito equiparadas.
Posteriormente questionamos qual seria a modalidade de pagamento preferida, tendo sido dadas
quatros opções, mais concretamente, mensalmente, trimestralmente, semestralmente e anualmente
(gráfico 14). Aqui apuramos que a maioria dos inquiridos pretende pagar o produto mensalmente
(44,80 %), contudo a uma curta distância (32,60 %) encontra-se a modalidade de pagamento anual.
46
Gráfico 14.: Modalidade de pagamento
Considerando que estamos perante um produto, cujo principal objetivo é o de ser menos oneroso que
um contrato de seguro habitual, questionamos se os inquiridos associam a qualidade ao preço, tendo
a maioria indicado que sim (77,90 %).
A questão seguinte está direcionada para uma vertente comercial, ou seja, pretendemos saber quanto
mais os inquiridos estariam dispostos a pagar, se eventualmente possuísse descontos noutros
contratos de seguro. Analisando os dados verificamos que 61,60 % da amostra estaria disposta a pagar
mais 5 % do inicialmente previsto para adquirir mais contratos.
Por fim, e fazendo a ponte com o grupo II, efetuamos uma questão direcionada para a possibilidade
do microsseguro poder alterar a imagem do mercado perante os consumidores, tendo 85,50 % da
amostra indicado que sim.
O último grupo está associado aos meios de distribuição do microsseguro. Considerando o potencial e
a vertente social que o mesmo poderá adotar, entendemos ser interessante inquirir qual seria o papel
que o Governo Português deveria possuir na difusão do microsseguro. Verificamos que 88,40 % da
amostra indicou que o Governo deveria possuir um papel preponderante na sua divulgação e
consequente aplicação. Posteriormente perguntamos quais seriam os apoios políticos que poderiam
ser mais interessantes. Entre as hipóteses possíveis, colocamos a retenção fiscal (29,70 %), subsidiar
parcialmente o prémio (44,20 %) e aplicações fiscais (26,20 %).
47
No que concerne aos meios de distribuição do microsseguro, e no seguimento da bibliografia
consultada, colocamos possibilidades alternativas, entre as quais aplicação de telemóvel e
supermercados (gráfico 14). Verificamos que 39,00 % admite adquirir o produto via internet, contudo
a maior percentagem (45,30 %) está disposta a deslocar-se a um mediador para comprar um contrato
de seguro (gráfico 15). Assim, concluímos que o consumidor é bastante tradicional.
Para concluir o nosso questionário, perguntamos qual seria a razão por parte do inquirido para adquirir
um produto, sem ser o produto em si. Mais de metade (56,40 %) respondeu que compraria serviço
pela sua segurança. Poderemos associar esta questão à que pergunta de aversão ao risco, na qual mais
de 95 % dos inquiridos respondeu que compraria um seguro, por forma a proteger-se de um evento
futuro.
48
poderemos estimar a razão (Rodriguez. 2007) – probabilidade de adquirir ou não o microsseguro por
exemplo.
Considerando o exposto no secção 3, iremos efetuar uma análise dos dados, através da construção de
uma regressão logística (logit). Este modelo é apropriado quando a resposta usa apenas um de dois
possíveis valores que representam o sucesso ou insucesso.
Primeiramente teremos de defina a variável dependente. Será através da referida variável que iremos
definir o padrão e a janela de desempenho. No nosso objeto de estudo, iremos defini-la como status.
O objetivo desta variável é catalogar cada um dos dados com 0 e 1. Uma vez que a nossa amostra é
pequena, fizemos a catalogação com o envio de uma moeda ao ar.
Posteriormente selecionamos as variáveis preditivas relevantes (tabela 16). Dado que o tamanho da
amostra não é muito significativo, não a iremos dividir entre modelo de treino e de teste. Assim, iremos
efetuar um modelo para a totalidade dos elementos recolhidos, mais concretamente 172. No entanto,
importa referir que para a construção da regressão logística retiramos algumas variáveis do
questionário, por não as consideramos interessantes. Deste modo iremos testar o modelo com catorze
variáveis.
De salientar que ao analisar os resultados obtidos no nosso modelo, devemos considerar as interações,
porque significam a proporção de não conformidade (coef). Um dado essencial para decidir quais
agrupar, de modo a construir um modelo aceitável, é o valor p. O valor p é uma probabilidade que
mede a evidência contra a hipótese nula. As probabilidades inferiores fornecem evidências mais fortes
contra a hipótese nula. Ou seja, se a hipótese for menor que 5%, rejeitamos, confirmando a alternativa.
49
Assim, rejeitando a hipótese, os dados são significativos. Se os dados não forem significativos,
removeremos as observações do modelo e faremos um novo teste.
Primeiramente começamos a construção do modelo de regressão linear com a totalidade das variáveis
e observações selecionadas. Numa primeira instância verificamos que o modelo não é significado, uma
vez que o valor p é de 0.997. De salientar que descobrimos que existem variáveis que não são
significativas, como é o caso da idade, do trabalho, entre outas (tabela 17).
Posteriormente fomos removendo as variáveis que consideramos não estarem a potenciar o modelo,
nomeadamente a que caraterizava o estado civil, a formação, a entidade empregadora, se o individuo
era adverso ao risco, o tipo de família e a modalidade de pagamento. Nesta fase optamos por não
remover mais variáveis, uma vez que consideramos a remoção das anteriormente indicadas, potencia
o modelo para os nossos pressupostos, ou seja, se a amostra é propensa à aquisição de um serviço de
microsseguro (tabela 18). O valor p deste modelo é de 0.000397. Considerando o referido indicador,
este modelo é significativo.
Importa referir que a regressão logística se iniciou com catorze variáveis dependentes, porém após o
desenvolvimento de vários testes, terminou apenas com 5 variáveis. De salientar que esta situação é
explicada pelo facto de não possuirmos poucas observações, pelo que o nosso modelo poderá ser
considerado como explicativo. Não obstante do supra, verificamos que a regressão logística composta
pelas cinco variáveis dependentes apresenta um valor p bastante bom, e com base nos resultados,
podemos considerar que a possibilidade de adquirirem um produto de microsseguro é elevada.
50
Tabela 17.: Regressão logística – modelo completo
Coeficientes
Estimate Std Error Z value Pr (>|z|)
Interceção 4.5172461 13861.1858159 0.000 0.9997
Idade 0.0183796 0.0321707 0.571 0.5678
Sexo Masculino 0.1238921 0.5330661 0.232 0.8162
Divorciado -18.0115427 1616.7019645 -0.011 0.9911
Separado -17.1372039 1616.7030135 -0.011 0.9915
Estado Civil Solteiro -18.7263425 1616.7025909 -0.012 0.9908
União de facto 0.7039903 0.7397749 0.952 0.3413
Viúvo -19.6758808 1616.7033623 -0.012 0.9903
Agregado familiar -0.4190304 0.3877057 -1.081 0.2798
Monoparental
14.0636135 1616.7016044 0.009 0.9931
feminina
Tradicional com
-1.0888157 1.1340984 -0.960 0.3370
Família filhos biológicos
Tradicional sem
-2.9527686 1.5888421 -1.858 0.0631
filhos
Isolada 15.8390372 1616.7018961 0.010 0.9922
2.º ciclo 33.6998628 10012.1082890 0.003 0.9973
3.º ciclo ou
Formação 36.3866964 6500.5305159 0.006 0.9955
equivalentes
Ensino superior 36.3369987 6500.5305354 0.006 0.9955
Desempregado 0.9413974 15208.4711536 0.000 1.0000
Estudante 14.9384571 11321.6749899 0.001 0.9989
Reformado 32.7714724 14055.2075069 0.002 0.9981
Sem rendimentos -0.7946123 17008.3217911 0.000 1.0000
Rendimentos
Trabalhador por
-21.9304507 10754.0131171 -0.002 0.9984
conta de outrem
Trabalhador por
-2.8845538 10874.8576597 0.000 0.9998
conta própria
Automóvel, mota -20.5984686 7527.9239190 -0.003 0.9978
Habitação -0.8691058 0.8815940 -0.986 0.3242
Habitação,
-0.4687705 0.8038095 -0.583 0.5598
automóvel
Habitação,
-1.8648010 1.3549960 -1.376 0.1687
Bens seguráveis automóvel, mota
Habitação,
automóvel, mota, -36.1956490 10874.8573299 -0.003 0.9973
não
Mota -16.0438204 7520.3340032 -0.002 0.9983
Não 36.9868592 2703.6880576 0.014 0.9891
Rendimento -0.0002814 0.0003451 -0.815 0.4149
Despesa 0.0819244 0.0188938 4.336 0.0000145
Doença Sim -0.6159133 0.5276924 -1.167 0.2431
Aversão ao risco Sim -20.5070916 5850.3654426 -0.004 0.9972
Percentagem
-0.0017279 0.0788581 -0.022 0.9825
rendimento
Mensalmente 0.4431042 0.5765237 0.769 0.4421
Pagamento Semestralmente 0.3426448 0.7073518 0.484 0.6281
Trimestralmente -0.2620075 0.9301686 -0.282 0.7782
Fonte: Elaboração própria
51
18.: Regressão logística – modelo inicial
Coeficientes
Estimate Std Error Z value Pr (>|z|)
Interceção - 4.2982171 1.2133713 - 3.542 0.000397
Idade 0.0345772 0.0212885 1.624 0.104329
Sexo Masculino 0.6117050 0.4078793 1.500 0.133687
Agregado familiar 0.2495703 0.2105640 1.185 0.235920
Automóvel, mota -18.3982878 2793.4458973 - 0.007 0.994745
Habitação -0.8069574 0.6760189 -1.194 0.232599
Habitação,
- 0.5513199 0.5596811 - 0.985 0.324594
automóvel
Habitação,
- 1.8949065 1.1551936 -1.640 0.100935
Bens seguráveis automóvel, mota
Habitação,
automóvel, mota, -17.6989394 3956.1803835 -0.004 0.996430
não
Mota -16.6236517 2473.1314417 -0.007 0.996430
Não 18.2923368 1082.4182784 0.017 0.986517
Rendimento -0.0002127 0.0133432 4.354 0.0000134
Despesa -0.0580990 0.0133432 4.354 0.0000134
Doença Sim -0.7425347 0.4377356 -1.696 0.089827
Percentagem
0.0117978 0.0540062 0.218 0.827077
rendimento
Fonte: Elaboração própria
Coeficientes
Estimate Std Error Z value Pr (>|z|)
Interceção -4.33740 0.97638 -4.442 0.000008900
Idade 0.03369 0.02106 1.599 0.110
Sexo Masculino 0.60463 0.40058 1.509 0.131
Automóvel, mota -18.52064 2797.33962 -0.007 0.995
Habitação -0.84149 0.66482 -1.266 0.206
Habitação,
-0.50788 0.54752 -0.928 0.354
automóvel
Habitação,
-1.81312 1.13202 -1.602 0.109
Bens seguráveis automóvel, mota
Habitação,
automóvel, mota, -17.57757 3956.18037 -0.004 0.996
não
Mota -16.29527 2562.73055 -0.006 0.995
Não 18.09434 1116.000817 0.016 0.987
Despesa 0.06329 0.01247 5.075 0.00000388
Doença Sim -0.69886 0.43048 -1.623 0.104
Fonte: Elaboração própria
52
4.2.4. CÁLCULO DO WILLINGNESS TO PAY
Nesta secção iremos efetuar o cálculo do willingess to pay. De acordo com McConnel e Horowitz
(2003), o WTP é o valor que um individuo está disposto a pagar por um determinado bem. O willingness
to pay, corresponde à visão económica de um preço de reserva do consumidor. De salientar ainda que
algumas pesquisas, se referem ao conceito como se fosse um intervalo.
Uma vez que a amostra que possuímos não é muito significativa – 172 –, consideramos que a melhor
forma de calcular o willingness to pay é através da sua média. Considerando que os dados necessários
para o calcular se encontram agrupados por classes, iremos ter que calcular a respetiva a média através
do método de distribuição de frequência com intervalo de classe e posteriormente calcularemos a
média da tabela de frequência, conforme demonstrado no ponto 3.
Considerando que os dados estão distribuídos por classes, a melhor e mais justa forma de obter o WTP,
será calcular a sua média por rendimentos. Isto porque, somos a crer se formos juntar todas as classes
iriamos obter um valor disponível a pagar que não seria exequível para os agregados familiares que
têm um rendimento menor, porém a percentagem que estão disponíveis da gastar é a mesma dos
agregados que possuem o maior rendimento.
Neste sentido, efetuamos várias tabelas de frequência, mais concretamente para todos os intervalos
de rendimento. Para o efeito, iremos apresentar o exemplo que efetuamos para a classe que possui o
maior número de observações (tabela 20) e por fim a conjugação de todos os intervalos (tabela 10).
Tabela 20.: Willingness to pay para a classe até 2500 euros de rendimento
53
Considerando o exemplo da tabela 20, verificamos que recolhemos 44 observações, ou seja, respostas
de agregados familiares que têm um rendimento disponível até 2500 euros. Neste sentido, fomos
identificar, apenas no intervalo indicado, quais as percentagens que os agregados estariam dispostos
a pagar pelo microsseguro. Findos os cálculos verificamos, que possuímos uma percentagem média
que os mesmos estão dispostos a pagar de 5,73 %, perfazendo um valor médio de 143,25 euros. De
salientar que este valor poderá ser pago mediante a vontade de cada um dos agregados familiares,
conforme opções do questionário. Por exemplo, um agregado que se insira neste intervalo e que
pretenda pagar o prémio mensalmente, está na disponibilidade de pagar cerca de 11,94 euros por
mês. Em adenda ao anteriormente exposto, é importante referir que a média indicada se situa em
intervalos, ou seja, possui um valor mínimo que o agregado familiar estaria disposto a pagar. Neste
sentido, a quantia indicada é o limite que o possível cliente estaria disposto a despender.
Após a elaboração dos cálculos para todos os intervalos de rendimentos existentes (tabela 10),
verificamos que poderá ter existido uma resposta desviante, ou seja, um agregado que indica que
possui rendimentos até 4500 euros, respondeu que estaria disponível a pagar mais de 50 % para obter
o produto. Ao efetuar os cálculos com a referida observação, verificamos que os resultados são irreais,
ou seja, que os agregados familiares deste grupo estavam disponíveis a disponibilizar até 1 063,35
euros, desfazendo o propósito do microsseguro. Neste sentido, optamos por remover a referida
observação, por forma a uniformizar os cálculos e por consequência o willingness do pay.
WILLINGNESS TO PAY
Intervalos de rendimentos Observações WTP (%) WTP (€)
Até 900 euros 4 8,00 % 72,00 €
Até 1200 euros 15 4,67 % 56,04 €
Até 1500 euros 25 4,20 % 63,00 €
Até 2000 euros 35 5,14 % 102,80 €
Até 2500 euros 44 5,73 % 143,25 €
Até 3000 euros 26 4,54 % 136,20 €
Até 3500 euros 7 5,86 % 205,10 €
Até 4000 euros 5 7,00 % 280,00 €
Até 4500 euros* 4 23,63 % 1 063,35 €
Até 4500 euros 3 6,33 % 284,85 €
Até 5000 euros 4 5,50 % 275,00 €
Mais de 5000 euros 3 4,67 % 233,55 €
Total* 171* 5,19 %* 112,72 €*
*retiramos uma observação desviante
Neste contexto, verificamos que os valores mais elevados se concentram nos agregados que possuem
um maior rendimento disponível. No entanto é importante referir que as percentagens indicadas não
54
divergem muito entre classes. Para o efeito, efetuamos um outro exercício por forma a verificar qual
a média do rendimento disponível de todas as classes – 2 171,84 euros. Ao aplicar a média da
percentagem total que os agregados familiares estão disponíveis a pagar pelo microsseguro, obtemos
um resultado médio de 112,72 euros, ou de cerca 9,39 euros por mês. Alertamos, conforme
anteriormente mencionado que a média se localiza num intervalo (1 % a 5 %). Para o efeito, o valor
indicado é a média que o agregado estaria disposto a pagar para obter o produto.
Para finalizar a presente análise, efetuamos relação entre o valor médio que os agregados familiares
estão dispostos a pagar para obter o microsseguro e a sua despesa mensal (gráfico 16). Ao analisar o
gráfico indicado, verificamos que existe uma relação inversa entre as duas variáveis, ou seja, se a
despesa do agregado familiar é mais elevada, a predisposição que existe para libertar rendimento é
menor. A presente análise é interessante, por forma a entender o comportamento do mercado-alvo
potencial e adequar os produtos a cada um dos intervalos de rendimentos, mais concretamente o seu
preço de aquisição.
Por forma a comparar os valores determinados, após calcular o willingness to pay, efetuamos várias
simulações de seguros de saúde. De salientar optamos pelo referido produto, dado que se trata do
mais oneroso dos selecionados. Para o efeito, selecionamos os seguradores mais expressivos no
mercado nacional, mais concretamente a Multicare, Tranquilidade, Ageas e Medis.
Multicare: Uma pessoa segura = 9.59 euros por mês ou 115,08 euros anuais
Médis: Uma pessoa segura = 10,79 euros por mês ou 129.48 euros anuais
55
Ageas: Duas pessoas seguras = 21,05 euros por mês ou 252.60 euros anuais
Tranquilidade: Duas pessoas seguras = 27,89 euros por mês ou 334.68 euros anuais
De salientar que os valores indicados nas simulações, referem produtos muito simples, os quais
permitem às pessoas seguras, na maioria dos casos, acesso à rede convencionada dos seguradores.
Neste sentido, verificamos que os valores para um simples seguro de saúde, continuam, na sua grande
maioria, fora da capacidade dos agregados familiares questionados. Isto porque, é importante
relembrar, que os valores indicados dos rendimentos são por agregado familiar. Ou seja, quantas mais
pessoas incluírem no seguro de saúde, mais oneroso será o prémio, consequentemente será mais
difícil a contratação de um seguro para o efeito.
Não obstante do supra, temos de ressalvar que já existe uma sensibilidade dos seguradores para
seguros com preços mais acessíveis, contudo os mesmos continuam demasiado altos para a maioria
das pessoas questionadas.
56
5. CONCLUSÃO
De forma generalizada, com exceção da Companhia de Seguros Zurich, que indicou que não é do
interesse da referida instituição a criação de produtos para este nicho de mercado. Mais nos indicaram
que um Segurador nacional que pretenda comercializar microsseguro, iria fazê-lo de forma filantrópica
e/ou de responsabilidade social, isto porque não consegue verificar como é que seria possível obter
uma rentabilidade possível com o referido produto. No entanto, o referido segurador foi o único, com
os quais tivemos oportunidade de dialogar, que não olhava para o microsseguro como uma
oportunidade de negócio. De salientar que tivemos a oportunidade de verificar que a Liberty Seguros
já comercializa três produtos de microsseguro, vertente de acidentes pessoais. Mais verificamos que
cada um dos produtos cobre apenas um risco, nomeadamente, morte, incapacidade temporária por
internamento hospital e incapacidade permanente. Foi-nos ainda declarado que os referidos produtos
possuem um comportamento atrativo de vendas, sendo a sua procura é cada vez maior.
No entanto, conforme se poderá verificar na tabela 1, o risco de pobreza em Portugal é elevado, pelo
que a quantidade de matéria passível de ser segurável é enorme. No entanto, alertamos que terá de
57
existir uma alteração da mentalidade dos seguradores, nomeadamente ao nível da responsabilidade
social, indo de acordo ao princípio da mutualidade. Os portugueses terão igualmente que mudar a sua
mentalidade perante o seguro, sendo necessário perceber que se trata de um produto necessário.
Associado a isto, temos que igualmente alertar para o oportunismo que poderá surgir, uma vez que se
trata de um procuto mais barato que os demais.
Embora o conceito do microsseguro esteja direcionado para pessoas de baixos rendimentos, somos
igualmente a crer que poderá ser aplicado a outras classes sociais, nomeadamente a classe média, a
qual representa a maior fatia da matéria segurável em Portugal.
Embora tenhamos verificado que a nossa amostra prefere o contato com o mediador, consideramos
que seria interessante apostar na Insurtech para difundir o microsseguro, tendo igualmente em
perspetiva a diminuição de custos operacionais. Consideramos, portanto, que microsseguro será uma
forma inovadora de vender seguros, alinhado com a expetativas dos clientes. Neste sentido,
efetuamos a difusão de um questionário, com o objetivo de alcançar agregados familiares das mais
variadas classes sociais. No entanto foi difícil a sua divulgação e obtenção dos dados necessários, uma
vez que é algo que não conseguimos controlar, ou seja, a predisposição para o questionado responder
às questões existentes. Neste sentido, não foi de facto possível alcançar o número de amostra
desejado.
No entanto conseguimos obter dados que nos permitiram calcular o willingness to pay, tendo apurado
que a média da amostra foi de 112.72 euros por agregado familiar. Uma vez que a amostra entende
que o seguro de saúde é o produto mais necessário, efetuamos várias simulações de produtos base
(internamentos e acesso à rede de prestadores) em seguradores de referência, verificando que
continuam fora da capacidade da amostra. No entanto, ressalvamos que já existe uma sensibilidade
por parte do mercado segurador para a diferenciação dos preços e da oferta, tendo em conta a
capacidade económica das pessoas.
Numa primeira fase, por forma a implementar o microsseguro em Portugal, consideramos que a
melhor estratégia seria associá-lo a marcas de confiança. Neste sentido, consideramos que será
vantajoso existir associações entre os seguradores e associações de caráter social, de modo a proteger
as pessoas, numa primeira instância, com menor possibilidade de acederem ao microsseguro.
58
igualmente a atividade seguradora e para proteger a sua sustentabilidade, sugerimos que seja criado
um fundo, onde todas as Companhias de Seguro aderentes ao microsseguro, tenham que colocar uma
percentagem dos seus lucros. Importa referir que a criação deste fundo seria independente do Estado
Português.
Em suma, somos da opinião que é possível aplicar o microsseguro em Portugal. Julgamos que deverão
existir associações entre os seguradores e associações de carater social, por forma a tornar possível a
sua aplicação. Adicionalmente, consideramos que uma intervenção do Estado Português seria
bastante interessante. De salientar que os seguradores intervêm quando o Estado não tem capacidade
de intervir.
59
6. REFERÊNCIAS
Alho, J., Bravo, J. M., & Palmer, E. (2012). Annuities and life expectancy in NDC. In R. Holzmann, E.
Palmer, D. Robalino (eds.), Non-Financial Defined Contribution Pension Schemes in a Changing Pension
World, Volume 2: Gender, Politics and Financial Stability, Washington: World Bank Publications, 395-
436.
Anónimo (2006). The role o micro-insurance as a tool do face risks in the context of social protection.
Disponível via ILO:
https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&cad=rja&uact=8&ved=2ahUK
Ewiw9L6szbTjAhURdBQKHQ4jAyMQFjABegQIBBAC&url=https%3A%2F%2Fwww.ilo.org%2Fwcmsp5%
2Fgroups%2Fpublic%2F---ed_protect%2F---
soc_sec%2Fdocuments%2Finstructionalmaterial%2Fwcms_secsoc_93.pdf&usg=AOvVaw1ODd3xubnr
JFm-dCxWf1a6
Anónimo (2007). Issues in regulation and supervision of microinsurance. Disponível via iais em:
https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=2ahUKEwiw9L6szbTjAh
URdBQKHQ4jAyMQFjAAegQIBRAC&url=https%3A%2F%2Fwww.iaisweb.org%2Ffile%2F34275%2Fissu
es-paper-in-regulation-and-supervsion-of-microinsurance-june-
2007&usg=AOvVaw340q6Oe8yb_D9kNa5i0oEp
Ayuso, M., Bravo, J. M., & Holzmann, R. (2017a). On the Heterogeneity in Longevity among
Socioeconomic Groups: Scope, Trends, and Implications for Earnings-Related Pension Schemes. Global
Journal of Human Social Sciences - Economics, 17(1), 31-57.
Ayuso, M., Bravo, J. M., & Holzmann, R. (2017b). Addressing Longevity Heterogeneity in Pension
Scheme Design. Journal of Finance and Economics. 6(1), 1-21.
Ayuso, M., Bravo, J. M., & Holzmann, R. (2019). Getting Life Expectancy Estimates Right for Pension
Policy Period versus Cohort Approach. IZA DP No. 11512. Submitted to Journal of Pension Economics
and Finance. Available at https://www.iza.org/publications/dp/11512/getting-life-expectancy-
estimates-right-for-pension-policy-period-versus-cohort-approach
60
Blokhin, Andriy (2018, Março 27). What is the utility function and how is it calculated? Disponível na
Investopedia. Consultado em Dezembro 30, 2018:
https://www.investopedia.com/ask/answers/072915/what-utility-function-and-how-it-
calculated.asp
Bravo (2019). Pricing Participating Longevity-Linked Life Annuities: A Bayesian Model Ensemble
approach. Preprint submitted for publication.
Bravo, J. M. (2015). Living longer and prospering? Opções de redesenho dos sistemas de pensões em
Portugal. In Neto, Paulo e Serrano, Maria Manuel (coords.) (2015). Políticas Públicas, Economia e
Sociedade. Contributos para a Definição de Políticas no Período 2014-2020, pp. 139-168. Nexo
Literário, Alcochete
Bravo, J. M. (2016). Taxation of Pensions in Portugal: A Semi-Dual Income Tax System. CESifo DICE
Report - Journal for Institutional Comparisons. 14 (1), 14-23.
Bravo, J. M. (2018). Taxation of Pensions in Portugal: Is There a Rationale for a Semidual Income Tax
System? In: R. Holzmann, & J. Piggott (Eds.), The Taxation of Pensions, 135-166. (CESifo Seminar
Series). The MIT Press. ISBN: 9780262038324.
Bravo, J. M. (2019). Funding for Longer Lives: Retirement Wallet and Risk-Sharing Annuities.
EKONOMIAZ Basque Economic Review, Nº 96 (II-2019), 266–289.
Bravo, J. M. (2020). IDD and Distribution Risk Management. In: Insurance Distribution Directive –
Promises and Reality. AIDA Europe Research Series on Insurance Law and Regulation, Springer
(Accepted / In Press).
Bravo, J. M., & El Mekkaoui, N. (2018). Valuation of longevity-linked life annuities. Insurance:
Mathematics and Economics, 78, 212-229.
61
Bravo, J. M., & Herce, J. A. (2019). Career breaks, Broken pensions? Long-run effects of early and late-
career unemployment spells on pension entitlements. Preprint submitted to Journal of Pension
Economics and Finance.
Bravo, J. M., & Silva, C. (2006). Immunization Using a Stochastic Process Independent Multifactor
Model: The Portuguese Experience. Journal of Banking and Finance, 30 (1), 133-156.
Bravo, J. M., Afonso, L. e Guerreiro, G. (2013). Avaliação Actuarial do Regime de Pensões da Caixa Geral
de Aposentações: Formulação Actual e Impacto das Medidas Legislativas. Ministério das Finanças,
Novembro. http://www.portugal.gov.pt/pt/ documentos-oficiais/20131219-convergencia-pensoes-
tc.aspx.
Bravo, J. M., Ayuso, M., & Holzmann, R., (2019). Making use of Home Equity: The Potential of Housing
Wealth to Enhance Retirement Security. IZA Discussion Paper Series No. 12656, September, IZA
Institute of Labour Economics, Germany.
Bravo, J. M., Guerreiro, G., Afonso, L. (2014). Avaliação Actuarial do Sistema Previdencial da Segurança
Social e Prestação Única da Segurança Social. GEP - Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança
Social, Lisboa, Dezembro.
Bravo, J.M. (2015). Reforma Estrutural dos Sistemas de Pensões. In: Viriato S. M., V., P. T. Pereira, V. S.
(Coord.). Afirmar o Futuro: Políticas Públicas para Portugal, Volume I - Estado, Instituições e Políticas
Sociais (pp. 264-329). Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
Churchil Craig, Matul Michal (2014). Protegendo a população de baixa renda. Um compêndio de
microsseguro Volume II. Disponível via munichre-foundation em: http://www.munichre-
foundation.org/dms/MRS/Documents/Microinsurance/2012_MICompendium_VolII_English/2014_M
ICompendium_VolII_Portuguese/2014Compendio-Microsseguros-Vol-
2_p/2014_MI%20Compendio%20Volume%202_s.pdf
62
Herce, J. & Bravo, J. M. (2015). Las pensiones en España y Portugal: Descripción de los esquemas y
evolución reciente comparada. In: ¿Es posible planificar la jubilación? Dos años del Instituto BBVA de
Pensiones en España. Instituto BBVA de Pensiones, p. 89-126.
Horowitz, J. K., & McConnell, K. E. (2003). Willingness to accept, willingness to pay and the income
effect. Journal of Economic Behavior & Organization, 51(4), 537-545.Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0167268102002160
in the World’s 100 Poorest Countries. Homepage. Consultado em Maio 19, 2018:
http://www.munichre-
foundation.org/dms/MRS/Documents/Microinsurance/2012MILandscape/2007Landscape100poores
tcountries_E.pdf
Instituto Nacional de Estatística (2017). Rendimentos e Condições de Vida (Dados provisórios), 2018.
Disponível via Instituto Nacional de Estatística:
https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=3151568
75&DESTAQUESmodo=2
J. Angove, & N., Tande (2011, Junho). Understanding the circumstances in which insurance companies
generate profits from microinsurance. Homepage. Consultado em Maio 27, 2018:
https://www.microfinancegateway.org/library/business-case-microinsurance-analysis-profitability-
microinsurance-five-insurance-companies
Lloyd`s 360 Risk Insight (2009). Insurance in developing countries: Exploring the oportunies in
microfinance. Disponível via Lloyd´s: https://www.lloyds.com/~/media/lloyds/reports/360/360-
other/insuranceindevelopingcountries.pdf
Market business news (2018). Willingness do pay – definition and meaning. Consultado em Dezembro
22, 2018: https://marketbusinessnews.com/financial-glossary/willingness-pay-definition-meaning/
Martin, D. (1977). Early warning of bank failure: A logit regression approach. Journal of banking &
finance, 1(3), 249-276. Disponível em:
https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/48871879/0378-4266_2877_2990022-
x20160915-13528-1g38pop.pdf?response-content-
disposition=inline%3B%20filename%3DEarly_warning_of_bank_failure_A_logit_re.pdf&X-Amz-
Algorithm=AWS4-HMAC-SHA256&X-Amz-Credential=AKIAIWOWYYGZ2Y53UL3A%2F20191117%2Fus-
east-1%2Fs3%2Faws4_request&X-Amz-Date=20191117T173725Z&X-Amz-Expires=3600&X-Amz-
SignedHeaders=host&X-Amz-
Signature=9b50996a61937834368ba540f70ff21efd3de778bc09c1af58178150f03da3d8
63
McCord J. Michael (2019). Microinsurance Lessons from History. Disponível via Risk the Insurance
Business: http://www.riskandtheinsurancebusiness.com/session-6-history-and-the-future-of-
microinsurance/
Peternelli, Luiz (n.d). Capítulo 9. Regressão Linear e Correlação. Disponível via Universidade Federal
Viçosa: http://www.dpi.ufv.br/~peternelli/inf162.www.16032004/materiais/CAPITULO9.pdf
Pordata. (2018). Pequenas e médias empresas em % do total de empresas: total e por dimensão.
Disponível em:
https://www.pordata.pt/Portugal/Pequenas+e+m%C3%A9dias+empresas+em+percentagem+do+toa
l+de+empresas+total+e+por+dimens%C3%A3o-2859
Pordata. (2019). Agregados familiares por escalões de rendimento: IRS Modelo 1. Disponível em:
https://www.pordata.pt/Portugal/Agregados+familiares+por+escal%c3%b5es+de+rendimento+IRS+
Modelo+1++2-79
Pordata. (2019). População residente: total e por grandes grupos etários. Disponível em:
https://www.pordata.pt/Portugal/Popula%c3%a7%c3%a3o+residente+total+e+por+grandes+grupos
+et%c3%a1rios-513
Ramm Gaby, Ankolekar Mayur. (2015). The Role of microinsurance social protection: A county study
of Vietnam. Disponível via microinsurance network:
https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=3&cad=rja&uact=8&ved=2ahUK
Ewiw9L6szbTjAhURdBQKHQ4jAyMQFjACegQIAhAC&url=https%3A%2F%2Fmicroinsurancenetwork.or
g%2Fsites%2Fdefault%2Ffiles%2FMICRO_Network-
Vietnam%2520Paper%2520A4%2520%25283%2529final_0.pdf&usg=AOvVaw3kGFpH39PjIO3iD7OYe
QqT
Rodriguez, G. (2007). Logit Models for Binary Data. Disponivel via Princeton:
https://data.princeton.edu/wws509/notes/c3.pdf
Roth Jim, McCord J. Michael, Liber Dominic. (2007). The Landscape of Microinsurance
Silvello, Andrea (2017, Junho 9). Microinsurance in developing countries is an eldorado for insurtech.
Consultado em Novembro 11, 2018: https://www.linkedin.com/pulse/microinsurance-developing-
countries-eldorado-andrea-silvello/
Smith, A., Smit, H., Chamberlain, D. (2012). Compêndio Microsseguros Volume 2 (Canais de
distribuição e intermediários # 7). Disponível via munichre Foundation em:
https://www.google.pt/search?source=hp&ei=-
KlGXZyoEoSdlwSjiYjQBw&q=Novos+obst%C3%A1culos+na+distribui%C3%A7%C3%A3o+do+microsseg
64
uro&oq=Novos+obst%C3%A1culos+na+distribui%C3%A7%C3%A3o+do+microsseguro&gs_l=psy-
ab.3..33i160.9586.12240..12668...1.0..0.224.342.0j1j1......0....2j1..gws-
wiz.....0.swD2uNLqrtE&ved=0ahUKEwichKT49-jjAhWEzoUKHaMEAnoQ4dUDCAU&uact=5#
Smolka, A., Moser, A., Allman, A., Hollnack, D., Spranger, M. (2008). Microinsurance schemes for
property: Examples from Latin America. Disponível via IIT Kanpur:
http://www.iitk.ac.in/nicee/wcee/article/14_S01-01-005.pdf
SwissRe (2010). Microseguro: proteción contra el riesgo para 4.000 milliones de personas. Disponível
via SwissRe: https://www.swissre.com/dam/jcr:873c10d2-21c4-4bee-a0c0-
f819932e6d2e/sigma6_2010_es.pdf
World Bank Group. (2018). Piecing Together de Poverty Puzzle. Disponível em:
https://openknowledge.worldbank.org/bitstream/handle/10986/30418/9781464813306.pdf
65
ÍNDICE DE ANEXOS
66
ANEXO 1 – Guião de entrevista
O microsseguro é caracterizado como “proteção de pessoas de baixa renda contra os riscos
específicos em troca de pagamentos regulares de prémios, os quais considerem a probabilidade e
custo do risco envolvido”.
2. Responsabilidade social:
Tendo em conta a imagem que os Seguradores possuem no público, de forma geral, poderá
ser o Microsseguro no âmbito da responsabilidade social a ser desenvolvida, uma forma de
auxiliar a alteração de dessa perspetiva?
3. Os Seguradores em Portugal:
6. Processos de implementação:
67
Numa fase inicial a implementação do microsseguro, face à possível necessidade de
execução de novos produtos e/ou novas táticas de comercialização e/ou reescrever as
condições de forma mais simples e clara, poderão ter custos acrescidos. Entende que será
viável?
7. Meios de distribuição:
68
ANEXO 2 – Entrevistados
69
ANEXO 3 – Questionário
70
71
72
73
74
75
ANEXO 4 – Dados das Caritas Diocesanas
Caritas Localização
Caritas Diocesana dos Açores Canadá dos Folhadais, 54 – São Pedro. 9700-202 Angra do Heroísmo
Caritas Diocesana do Algarve Rua Brites de Almeida, 10A. 8000-234 Faro
Caritas Diocesana de Aveiro Rua do Carmo, nº 42. 3800-127 Aveiro
Caritas Diocesana de Bragança
Bairro da Coxa, Rua da Cáritas, 5300-469 Bragança
– Miranda
Caritas Diocesana de Beja Rua Afonso Lopes Vieira nº. 18, 7800 - 273 Beja
Caritas Arquidiocesana de Beja Rua dos Falcões, s/n. 4700-316 Braga
Caritas Diocesana de Funchal Calçada do Pico, 57-59. 9000-206 Funchal
Caritas Diocesana de Coimbra Rua D. Francisco de Almeida, nº 14, 3030-382 Coimbra
Caritas Arquidiocesana de
Av. dos Combatentes da Grande Guerra, 2. 7005-138 Évora
Évora
Caritas Diocesana de Leiria –
Largo Padre Carvalho - Seminário Diocesano de Leiria. 2414-011 Leiria
Fátima
Caritas Diocesana de Guarda Colégio de S. José, s/n. 6300-568 Guarda
Caritas Diocesana de Lamego Travessa dos Loureiros, s/n. 5100-180 Lamego
Caritas Diocesana do Porto Rua Latino Coelho, 314. 4000-314 Porto
Caritas Diocesana de Lisboa Av. Sidónio Pais, 20, 5º dto. 1050–215 Lisboa
Caritas Diocesana de Portalegre
Rua 15 de Maio, 11. 7300-206 Portalegre
– Castelo Branco
Caritas Diocesana de Viana do
Rua Góis Pinto, s/n. 4900-864 Viana do Castelo
Castelo
Caritas Diocesana de Santarém Praça Sá da Bandeira, Edifício do Seminário 2000-135 Santarém
Caritas Diocesana de Setúbal Praça Teófilo Braga, 13, apartado 934. 2900-647 Setúbal
Caritas Diocesana de Vila Real Rua da Portela, 8 - Quinta da Tapada. 5000-312 Vila Real
Caritas Diocesana de Viseu Rua Alexandre Herculano, 475, 1º andar. 3510-039 Viseu
Fonte: Caritas. (2019)
76
ANEXO 5 – Seguradores em Portugal
Solicitada entrevista Solicitada entrevista
Segurador Segurador
(Sim / Não) (Sim / Não)
Abarca – Companhia de Açoreana Seguros
Não Sim
Seguros SA (Seguradoras Unidas)
ACP Mobilidade –
AEGON Santander Vida e
Sociedade de Seguros de Não Não
Não Vida
Assistência, SA
AEGEAS Portugal –
Companhia de Seguros, Sim AIG Europe S.A. Não
S.A.
Allianz Portugal Sim ARAG SE Não
ATRADIUS Crédito e
ASISA Não Não
Caución, S.A.
Bankinter Seguros de
AXA Não Não
Vida
BBVA Seguros Y
Não BNP Paribas Cardif Não
Reaseguros
BPI Pensões e Vida Não CA Seguros Sim
Cesce – Companhia
Caravela – Companhia
Não Española de Crédito a La Não
de Seguros, S.A.
Exportation S.A.
CHUBB Não Coface Portugal Não
Companhia Portuguesa Cosec – Companhia de
Não Não
de Resseguros Seguros de Créditos, S.A.
España, S.A. Não Euro Insurances DAC Não
Europ Assistance Não Fidelidade Sim
Generali – Companhia GNB – Companhia de
Sim Não
de Seguros, S.A. Seguros, S.A.
Greenval Insurance DAC Não IMA Ibérica Não
Inter Partner Assistance,
Não Liberty Seguros, S.A. Sim
S.A.
LLOYD`S Não Lusitania Sim
Mapfre Sim Médis Não
Multicare – Seguros de
Metlife Não Não
Saúde, S.A.
Munich Re Não Murimar Seguros Não
Mútua dos Pescadores Não N Seguros Não
Ocidental Seguros Não Popular Seguros Não
PSN – Previsión Sanitaria
Prevoir Vie Não Não
Nacional
RNA – Seguros de
Real Vida Seguros Sim Não
Assistência, S.A.
Santander Totta Seguros Não Seguros Logo Não
Swiss Re Europe Não Tranquilidade Sim
Una Seguros Sim Via Direta Sim
Zurich Companhia de
XL Catlin Não Sim
Seguros, S.A.
Fonte: Associação Portuguesa de Seguradores. (2019)
77
Page | i