Decisão
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PROCESSO: 1000124-15.2017.4.01.4200
CLASSE: AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (64)
AUTOR: MINISTERIO PUBLICO DA UNIAO REPRESENTANTE: RAMON AMARAL MACHADO GONCALVES
RÉU: EUGENIA GLAUCY MOURA FERREIRA, JOAO BATISTA CARVALHO DE AGUIAR, MARIA NAZARE DE
LACERDA, JOHANN ANDREAS WERNER, CARDAN IMPORTACAO EXPORTACAO COMERCIO SERVICOS E
REPRESENTACOES LTDA, HALEX ISTAR INDUSTRIA FARMACEUTICA SA
DECISÃO
I.
Trata-se de ação civil pública por atos de improbidade administrativa, com pedido
liminar de indisponibilidade de bens, proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL em face de
EUGENIA GLAUCY MOURA FERREIRA, JOAO BATISTA CARVALHO DE AGUIAR, MARIA
NAZARÉ DE LACERDA, JOHANN ANDREAS WERNER, CARDAN IMPORTAÇÃO
EXPORTAÇÃO COMERCIO SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES LTDA e HALEX ISTAR
INDUSTRIA FARMACEUTICA S/A, sob a imputação da prática de ilícitos relacionados ao Pregão
Presencial para Registro de Preços nº 125/2007, atinente ao Processo Administrativo nº
20001.07524/07-82, que teve como objeto a aquisição de soluções parenterais de grandes
volumes para a atender a Secretaria de Estado da Saúde de Roraima – SESAU.
Assevera que o arresto de bens dos agentes nesta fase processual assegurará o
resultado prático do processo, ao final, ante a natureza cautelar desta medida.
II.
Passo ao exame do pedido liminar e, ao fazê-lo, tenho que a postulação comporta
parcial acolhimento.
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improbidade administrativa.
Pois bem.
Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o pedido de indisponibilidade de
bens “pode ser formulado incidentalmente na ação civil de improbidade administrativa ou
medida cautelar preparatória, e deferido, mediante a presença dos requisitos
autorizadores, antes mesmo da notificação do réu para a apresentação de defesa prévia”
(REsp 1.040.254/CE, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, DJe 2/2/2010). Nesse mesmo
sentido: (REsp. 1.167.776/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe
24/5/2013 e (AgRg no AREsp 20.852/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA
TURMA, Dje 29/6/2013).
Dos precedentes do Eg. Tribunal Regional Federal da 1ª Região colho os seguintes julgados:
PROCESSUAL CIVIL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
INDISPONIBILIDADE DE BENS. APRECIAÇÃO INAUDITA ALTERA PARTES. FUMUS
BONI IURIS. INDÍCIOS DA PRÁTICA DE ATO DE IMPROBIDADE. PERICULUM IN MORA
IMPLÍCITO (ART. 7º, LEI 8.429/92). PRESENÇA DOS REQUISITOS. DEFERIMENTO DA
MEDIDA. LIMITAÇÃO. 1. A concessão da medida liminar insere-se no âmbito do poder
geral de cautela do julgador e depende unicamente do preenchimento dos requisitos fumus
boni iuris e periculum in mora, não estando condicionada ao recebimento da inicial,
podendo, inclusive, ser determinada antes mesmo da notificação a que se refere o art. 17, §
7º da Lei n.º 8.429/92. Precedente deste Tribunal. 2. As alegações do autor da ação de
improbidade (MPF) que, em tese, amoldam-se as condutas tipificadas nos artigos 10 e 11
da Lei nº 8.429/92, respaldadas nas documentações acostadas aos autos apontam a
existência de fortes indícios da prática de atos ímprobos pelos requeridos, consistentes no
desvio de recursos liberados ao Município, através do Programa de Aceleração do
Crescimento - PAC 2, para consecução de obras e serviços de terraplanagem e
contenções, infraestrutura de redes, e demais serviços necessários à implantação do
empreendimento, o que resultou em prejuízo ao erário, (cf. fls. 33 e 44), revelando, à
evidência, a presença do fumus boni iuris. 3. Quanto ao periculum in mora, tal requisito
encontra-se "implícito ao comando normativo do art. 7º da Lei 8.429/92", conforme pacífico
entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça. 4. A indisponibilidade de bens
deve incidir sobre os bens de modo suficiente a garantir o integral ressarcimento de
eventual prejuízo ao erário. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. 5. A constrição
judicial não deve abranger a totalidade de bens dos requeridos, ora agravados,
indiscriminadamente, impossibilitando-os de prover a própria subsistência e de seus
familiares. Assim, em relação à agravada pessoa jurídica, mister se faz a autorização para
movimentação dos ativos financeiros para pagamento de fornecedores e funcionários da
empresa, a fim de evitar que venha a ter sua atividade comercial inviabilizada e, quanto aos
agravados pessoas físicas, não pode incidir sobre verbas de caráter alimentar, tais como
salários e depósitos em caderneta de poupança no montante de até 40 (quarenta) salários
mínimos, nos termos dos artigos 649, incisos IV e X, do CPC. Precedentes deste Tribunal e
do Superior Tribunal de Justiça. 6. Agravo de instrumento parcialmente provido (AG
0069414-66.2013.4.01.0000/BA, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL MÁRIO CÉSAR
RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, e-DJF1 p.1742 de 08/05/2015)
A D MI N I S T R A T I V O E P RO C E SS U AL C I V I L . AG RA V O DE I NS T RU M EN T O .
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INDISPONIBILIDADE DE BENS. MULTA CIVIL.
INAUDITA ALTERA PARTE. PERICULUM IN MORA PRESUMIDO. FUMUS BONI JURIS
DEMONSTRADO. AGRAVO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. De acordo com a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, para decretar a indisponibilidade de bens em
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ação civil pública por ato de improbidade administrativa não se faz necessária a presença
do periculum in mora, o qual estaria implícito no comando do art. 7º da Lei 8.429/92, sendo
bastantes indícios da prática de ato de improbidade que acarrete dano ao erário. 2. A
indisponibilidade de bens em ação de improbidade administrativa pode ser deferida inaudita
altera parte, sem ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa. 3. O deferimento
da medida de indisponibilidade de bens em ação de improbidade administrativa objetiva não
só garantir o ressarcimento do dano causado ao erário, mas também o pagamento da multa
civil quando aplicada como sanção autônoma. (Precedente do STJ). 4. Fumus boni juris
demonstrado com base nas provas inicialmente apresentadas pelo Ministério Público
Federal que apontam, a princípio, que as agravantes receberam benefícios assistenciais do
governo federal mesmo auferindo renda maior do que a permitida para a obtenção de
referido benefício, além de manterem vínculo com a administração municipal. 5. A medida
de indisponibilidade de bens não pode incidir sobre verbas de caráter alimentar, tais como
salários e depósitos em caderneta de poupança no montante de até 40 (quarenta) salários
mínimos, capital de giro e pagamentos de obrigações trabalhistas e tributárias. 6. Agravo de
instrumento parcialmente provido (AG 002118711.2014.4.01.0000/GO, Rel.
DESEMBARGADORA FEDERAL MONICA SIFUENTES, TERCEIRA TURMA, e-DJF1 p.899
de 31/10/2014).
De fato, na forma do art. 7º, da Lei nº 8.429/1992 a medida é cabível quando o juiz
entender estarem presentes fortes indícios de responsabilidade na prática de ato de improbidade
sendo que o periculum in mora está implícito no referido dispositivo.
Pela documentação juntada constato que o objeto do referido Pregão foi adjudicado
às Pessoas Jurídicas CARDAN IMP. EXP. COMÉRCIO SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES
LTDA e HALEX ISTAR INDUSTRIA FARMACÊUTICA LTDA.
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Como parâmetro utilizado para valorar a extensão da medida constritiva, o art. 7º,
parágrafo único, da Lei n. 8.429/92 dispõe que a indisponibilidade de bens recairá sobre
patrimônio suficiente para assegurar o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo
patrimonial resultado do enriquecimento ilícito.
III.
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Intimem-se.
Cumpra-se.
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