Trabalho de Febre Amarela

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INTRODUÇÃO

A febre amarela é uma doença viral aguda, transmitida por mosquitos, que
pode variar de uma infecção assintomática a uma doença grave e fatal. Causada pelo
vírus da febre amarela, do gênero Flavivirus, a doença é endêmica em várias regiões
tropicais da África e América do Sul. No Brasil, áreas como a Amazônia, Centro-
Oeste, partes do Sudeste e Oeste da Região Nordeste são particularmente afetadas.
Devido à sua gravidade e ao potencial de surtos, a febre amarela é classificada como
uma doença de notificação compulsória, exigindo notificação imediata às autoridades
de saúde.aguda, imunoprevenível, de evolução abrupta e gravidade variável, com
elevada letalidade nas suas formas graves. A doença possui dois ciclos de
transmissão (urbano e silvestre)
Esse fato ocorre principalmente no verão, quando a temperatura média
aumenta na estação das chuvas, favorecendo a reprodução e proliferação de
mosquitos (vetores) e, por consequência o potencial de circulação do vírus.

DESENVOLVIMENTO

Ciclo silvestre: Ocorre em áreas florestais, onde mosquitos do gênero


Haemagogus picam primatas não humanos e, ocasionalmente, humanos que entram
nessas áreas.
Ciclo urbano: Ocorre em áreas urbanas, onde mosquitos Aedes aegypti
transmitem o vírus de humanos infectados para outros humanos.
Importante: O ciclo da doença atualmente é silvestre, com transmissão por
meio de vetor (mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes no ambiente
silvestre). O último caso de febre amarela urbana foi registrado no Brasil em 1942 e
todos os casos confirmados desde então decorrem do ciclo silvestre de transmissão.

REGIÕES ENDÊMICAS

África
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A febre amarela é endêmica em 34 países africanos, abrangendo áreas


densamente povoadas. Os surtos frequentes e a elevada taxa de mortalidade
sublinham a necessidade de vigilância constante e campanhas de vacinação.

AMÉRICA DO SUL

No Brasil, a febre amarela é endêmica em regiões como a Amazônia Legal, que


inclui estados como Amazonas, Pará, Rondônia, Acre, Amapá, Roraima, Tocantins,
Maranhão e Mato Grosso. Além disso, estados do Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso
do Sul), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo) e partes do Nordeste também são áreas
de risco.
SINAIS E SINTOMAS

 Fase inicial (sintomas leves)

 Febre: Geralmente alta, podendo ser o primeiro sintoma.


 Calafrios: Comuns nos primeiros dias de infecção.
 Dor de cabeça: Intensa, frequentemente retrorbitária (atrás dos olhos).
 Dores musculares: Especialmente nas costas e membros.
 Náusea e vômito: Podem ser persistentes, levando à desidratação.
 Fadiga e fraqueza: Podem durar por semanas, mesmo após a recuperação.

 Fase tóxica (sintomas graves)

 Febre alta: Retorno da febre após uma breve melhora.


 Icterícia: Amarelecimento da pele e dos olhos, indicando comprometimento
hepático.
 Sangramentos: De gengivas, nariz, olhos e estômago, resultando em
hematêmese ("vômito negro").
 Dor abdominal e vômitos: Intensos e frequentes.
 Insuficiência hepática e renal: Podem levar a complicações fatais.
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PROFILAXIA E TRATAMENTO

A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da febre amarela. O


Sistema Único de Saúde (SUS) oferta vacina contra febre amarela para a população.
Desde abril de 2017, o Brasil adota o esquema vacinal de apenas uma dose durante
toda a vida, medida que está de acordo com as recomendações da Organização
Mundial de Saúde (OMS).
Toda pessoa que reside em Áreas com Recomendação da Vacina contra febre
amarela e pessoas que vão viajar para essas áreas deve se imunizar.
A vacina, que é administrada via subcutânea, está disponível durante todo o
ano nas unidades de saúde e deve ser administrada pelo menos 10 dias antes do
deslocamento para áreas de risco, principalmente, para os indivíduos que são
vacinados pela primeira vez.
IMPORTANTE: A vacina é feita a partir do vírus vivo atenuado, isso quer dizer
que existe uma pequena chance de desenvolver a doença no entanto ela existe na
proporção de 1 reação adversa para cada 400 mil doses de vacinas aplicadas
segundo as referências científicas existentes.
Vacinação: A vacina contra a febre amarela é a principal medida preventiva.
Uma dose única confere imunidade duradoura e é recomendada para pessoas a partir
dos 9 meses de idade que residem ou viajam para áreas endêmicas. Em alguns
casos, uma dose de reforço pode ser recomendada.
Controle de mosquitos: Inclui medidas como:
 Eliminação de criadouros: Remover recipientes que acumulam água.
 Aplicação de inseticidas: Uso de larvicidas em reservatórios de água.
 Uso de repelentes: Aplicação em áreas expostas do corpo.
 Proteção pessoal: Uso de mosquiteiros, roupas de manga longa e calças
compridas.

TRATAMENTO

 Tratamento sintomático: Não existe tratamento antiviral específico para a


febre amarela. O manejo é baseado no alívio dos sintomas:
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 Hidratação: Oral ou intravenosa, dependendo da gravidade.


 Analgésicos e antitérmicos: Para controle da dor e febre (evitar aspirina e
anti-inflamatórios não esteroidais devido ao risco de sangramento).
 Cuidados intensivos: Necessários em casos graves, incluindo suporte
ventilatório e renal.
 Isolamento e suporte hospitalar: Em casos graves, é essencial para prevenir
a disseminação do vírus e fornecer cuidados adequados.
IMPORTANTE: Qualquer pessoa não vacinada, independentemente da idade
ou sexo, que se exponha em áreas de risco e/ou com recomendação de vacina. É
fundamental cobertura vacinal da população em todo o território nacional, esta é a
principal forma de prevenir a febre amarela.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO
O período de incubação, ou seja, o tempo que os sintomas vão começar a
aparecer a partir da infecção, varia, em média, 3 a 6 dias, após a picada do mosquito
infectado.

DIAGNÓSTICO
É clínico, epidemiológico e laboratorial.

ESPECÍFICO
Os exames são realizados pelo Laboratório Central do Estado (LACEN),
devendo-se realizar o cadastro da amostra no Gerenciador de Ambiente Laboratorial
(GAL), informando-se os dados da ficha de notificação do SINAN. O método
diagnóstico deverá ser solicitado conforme a data de início dos sintomas: 1-Até 5 dias:
PCR (Biologia Molecular) para Febre Amarela; 2-Entre 6 e10 dias do início dos
sintomas: PCR e Sorologia (IgM) para Febre Amarela; 3-Após 10 dias de início dos
sintomas: sorologia IgM para Febre Amarela. Para detalhes sobre a coleta e
armazenamento das amostras, vide o manual do Lacen-PR.

INESPECÍFICO
As formas leves e moderadas apresentam quadro clínico autolimitado, não há
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alterações laboratoriais importantes, salvo por leucopenia, discreta elevação das


transaminases (nunca superior a duas vezes os valores normais encontrados) com
discreta albuminúria caracterizada por encontro de cilindros hialinos no sedimento
urinário. Nas formas graves clássicas ou fulminantes podem ser encontradas as
seguintes alterações: leucopenia com neutrofilia e intenso desvio à esquerda.
Em pacientes com infecção secundária pode-se observar leucocitose com
neutrofilia. Trombocitopenia (sendo comum valores de 50.000 plaquetas/cm³ ou
valores menores) aumento dos tempos de protrombina, tromboplastina parcial e
coagulação.
Diminuição dos fatores de coagulação sintetizados pelo fígado (II,V,VII,IX E X).
Aumento de: Transaminases (em geral acima de 1.000 UI); bilirrubinas (com
predomínio da bilirrubina direta); colesterol; fosfatase alcalina; Gama-GT; ureia e
creatinina, estas com valores (5 a 6 vezes ou até mais altos que os valores normais).
Observe-se que a confiabilidade dos resultados dos testes laboratoriais
depende dos cuidados durante a coleta, manuseio, acondicionamento e transporte
das amostras.

DIFERENCIAL

As formas leves e moderadas se confundem com outras viroses, por isso são
de difícil diagnóstico, necessitando-se da história epidemiológica. As formas graves
clássicas ou fulminantes devem ser diferenciadas das hepatites graves fulminantes,
leptospirose, malária por Plasmodium falciparum, febre maculosa, dengue e
septicemias.
CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS

Nas duas últimas décadas, foram registradas transmissões de FA além dos


limites da área considerada endêmica (região amazônica). Casos humanos e/ou
epizootias em PNH ocorridos na Bahia, em Minas Gerais, em São Paulo, no Paraná e
no Rio Grande do Sul representaram a maioria dos registros de FA no período,
caracterizando uma expansão recorrente da área de circulação viral nos sentidos leste
e sul do país, que afetou áreas consideradas “indenes” até então, onde o vírus não
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era registrado há décadas.


Processos de reemergência do vírus da febre amarela produziram importante
impacto na saúde pública, representado pelos mais extensos surtos em humanos e
epizootias em PNH pela doença das últimas décadas, sendo que os mais recentes
ocorreram na região Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.

NOTIFICAÇÃO IMEDIATA OU SEMANAL

Todos os casos suspeitos de febre amarela devem ser notificados


imediatamente às autoridades de saúde, devido ao potencial de surtos e à gravidade
da doença.A notificação deve ser feita por profissionais de saúde que atendem o caso,
como médicos, enfermeiros ou agentes comunitários de saúde.A notificação pode ser
realizada via sistema online, telefone, ou formulários específicos, dependendo da
infraestrutura local e das orientações da Secretaria de saúde
A notificação da febre amarela deve seguir diretrizes específicas conforme
estabelecido pelo Ministério da Saúde no Brasil. A febre amarela é uma doença de
notificação compulsória, o que significa que sua ocorrência deve ser informada às
autoridades de saúde para monitoramento e controle.

NOTIFICAÇÃO IMEDIATA:

QUANDO:
 Casos humanos confirmados ou suspeitos de febre amarela.
 Morte de primatas não humanos (macacos), pois podem ser sentinelas da
circulação do vírus.

COMO:
 Notificação deve ser feita em até 24 horas após a suspeita ou confirmação do
caso.
 Utilização de sistemas de informação em saúde como o SINAN (Sistema de
Informação de Agravos de Notificação) para registrar os casos.
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NOTIFICAÇÃO SEMANAL

QUANDO:
 Dados consolidados e revisados sobre casos de febre amarela ao longo da
semana.

COMO:
 Envio de boletins epidemiológicos semanais que incluem informações sobre
novos casos, áreas afetadas, campanhas de vacinação, entre outras.

IMPORTÂNCIA DA NOTIFICAÇÃO IMEDIATA:

 Permite uma resposta rápida para controlar surtos e evitar a disseminação da


doença.
 Ajuda na implementação de medidas preventivas, como campanhas de
vacinação em áreas de risco.

IMPORTÂNCIA DA NOTIFICAÇÃO SEMANAL:


 Proporciona uma visão geral e atualizada da situação epidemiológica.
 Facilita a análise de tendências e o planejamento de estratégias de longo prazo
para controle e prevenção.

Esses procedimentos são essenciais para a vigilância e o controle eficazes da
febre amarela, protegendo a saúde pública e prevenindo epidemias.

PROCESSO PATOGÊNICO

O vírus da febre amarela, após ser transmitido pela picada de um mosquito


infectado, inicialmente se replica nos linfonodos regionais e dissemina-se pelo sangue,
alcançando diversos órgãos. O fígado é particularmente afetado, resultando em
necrose hepatocelular, que é a principal causa de icterícia e disfunção hepática. A
lesão renal e cardíaca também pode ocorrer devido à replicação viral direta e à
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resposta inflamatória do hospedeiro.


Na maior parte dos casos de febre amarela, o tratamento é bem-sucedido. Em
5% deles, porém, o quadro clínico é grave, com sérias lesões e hemorragias, o fígado
é o órgão são mais afetado, o que leva a distúrbios na coagulação sanguínea e na
circulação cerebral e intestinal. Assim, o quadro pode evoluir com alterações no nível
de consciência, pancreatite aguda e disseminação de bactérias intestinais por todo o
organismo. Nessas situações, a reversão do quadro é mais complicada.

O curso da doença pode ser dividido em três fases:


1. Infecção inicial: Replicação viral e viremia.
2. Período de remissão: Temporária melhoria dos sintomas.
3. Fase tóxica: Complicações graves e possíveis falhas múltiplas de órgãos.

CONCLUSÃO

A febre amarela é uma doença viral grave com potencial para surtos e
epidemias devastadores. A notificação imediata e as medidas preventivas, como a
vacinação e o controle de vetores, são cruciais para a prevenção e controle da
doença. O conhecimento aprofundado sobre os sinais e sintomas, junto com o manejo
adequado dos casos, é essencial para reduzir a mortalidade. A vigilância
epidemiológica contínua e as estratégias de saúde pública são fundamentais para
prevenir surtos e proteger a população.
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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. 3ª ed. Brasília:


Ministério da Saúde, 2019.

WHO. Yellow Fever. Disponível em: <https://www.who.int/news-room/fact-


sheets/detail/yellow-fever>. Acesso em: 15 jun. 2024.

CDC. Yellow Fever. Disponível em: <https://www.cdc.gov/yellowfever/index.html>.


Acesso em: 15 jun. 2024.

https://jornal.usp.br/atualidades/febre-amarela-desenvolve-complexo-processo-
patologico-no-corpo/

https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Febre-
amarela#:~:text=Quais%20os%20sintomas%20da%20febre,melhora%20ap%C3%B
3s%20os%20sintomas%20iniciais.

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