Ginecologia
Ginecologia
Ginecologia
GINECOLOGIA
INTRODUÇÃO
• Mecanismos de defesa no menacme
o Mecanismos: acidez vaginal (pH < 4,5), lactobacilos (bacilos de Döderlein), pelos abundantes, muco
cervical, alterações cíclicas, coaptação de pequenos lábios...
• Investigação do corrimento
o Sequência: exame especular → microscopia direta → teste do pH → teste das aminas (KOH 10%).
Vulvovaginites Corrimento genital Úlceras genitais Doenças virais
Vaginoses, candidíase, Cervicite, uretrite e doença Sífilis, cancro mole, herpes, Infecção pelo HPV e HIV na
tricomoníase e vaginites inflamatória pélvica donovanose e linfogranuloma gestação
* Vaginose e candidíase não são ISTs → não é necessário tratar as parcerias.
VULVOVAGINITES
• Vaginose bacteriana
o Agente etiológico: a principal representante é a Gardnerella vaginalis (anaeróbio) → polimicrobiana.
o Critérios de Amsel: corrimento branco-acinzentado, fino e/ou homogêneo, pH vaginal > 4,5, teste das
aminas (teste de Whiff) positivo e clue cells (células em alvo) → 3 critérios fecham o diagnóstico.
o Critérios de Nugent: método de Gram com escore ≥ 7 (nº de bactérias e lactobacilos patogênicos).
o Tratamento: metronidazol 500 mg VO de 12/12h por 7 dias → só existe comprimido de 250 mg.
§ Gestantes → tanto o tratamento tópico, quanto o oral podem ser utilizados na gestação.
§ Efeito antabuse → evitar o consumo de álcool durante o tratamento (reação dissulfiram-like).
• Candidíase vulvovaginal
o Agente etiológico: a principal representante é a Candida albicans (pode fazer parte da flora vaginal).
o Fatores de risco: gravidez, obesidade, ACO com altas doses de estrogênio, imunossupressão, hábitos
de higiene, vestuários, uso de antibióticos, diabetes mellitus descompensado.
o Diagnóstico: prurido, disúria, dispareunia, edema, hiperemia, corrimento grumoso, aderido e branco
com aspecto de nata, pH vaginal < 4,5, pseudo-hifas no exame a fresco.
§ Recorrente → ≥ 4 episódios/ano = fluconazol 150 mg VO D1, D4 e D7 + 1 cp/sem por 6 meses.
o Tratamento: miconazol creme vaginal por 7 noites (de preferência) ou fluconazol 150 mg VO.
§ Gestantes → apenas os derivados imidazólicos tópicos podem ser utilizados na gestação.
§ Parcerias sexuais → o tratamento fica reservado apenas para aqueles que forem sintomáticos.
§ Tratamento oral → deve ser reservado apenas para os casos refratários/recorrentes (MS).
• Tricomoníase
o Agente etiológico: a doença é causada pelo Trichomonas vaginalis.
o Diagnóstico: corrimento amarelo esverdeado, abundante, fétido e bolhoso, dispareunia, pH > 5, colo
em framboesa ou tigróide (teste de Schiller), teste das aminas positivo, protozoário flagelado móvel.
o Tratamento: metronidazol 500 mg VO de 12/12h por 7 dias + tratamento dos parceiros.
• Vaginite descamativa
o Diagnóstico: corrimento purulento, pH alcalino, predomínio de células profundas, basais e parabasais,
grande quantidade de polimorfonucleares, flora vaginal tipo 3 (cocos Gram-positivos).
o Tratamento: clindamicina 5 g creme vaginal 2% por 7 dias.
• Vaginose citolítica
o Diagnóstico: leucorreia, prurido, pH < 4,5, ausência patógenos, aumento dos lactobacilos, citólise.
o Tratamento: alcalinização do pH por meio de duchas vaginais com bicarbonato.
• Vaginite atrófica
o Diagnóstico: corrimento amarelado, prurido, pH > 5, ausência patógenos, aumento da quantidade de
polimorfonucleares e células basais e parabasais.
o Tratamento: estrogenioterapia tópica (sempre avaliar contraindicações).
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M.E.D. – 2022 Levi Almeida
• Vaginite inespecífica
o Características: vulvovaginite mais comum da infância e não possui um agente etiológico específico.
o Diagnóstico: exame físico minucioso, exame a fresco e EPF → é um diagnóstico de exclusão.
§ Diagnóstico diferencial → sempre descartar violência sexual, oxiuríase e má higiene pessoal.
o Tratamento: medidas de higiene, modificações de vestuário, banho de assento, tratar verminoses.
CERVICITES E URETRITES
• Principais conceitos
o Agentes etiológicos: são a Neisseria gonorrhoeae (gonococo) e a Chlamydia trachomatis.
o Fatores de risco: sexarca precoce, múltiplos parceiros, outras ISTs associadas, sexo desprotegido.
• Investigação e conduta
o Diagnóstico: corrimento cervical/uretral, colo hiperemiado e friável, sinusorragia, dispareunia.
o Tratamento: ceftriaxone 500 mg IM associado a azitromicina 1 g VO + tratamento dos parceiros.
§ Ausência de patógenos no Gram → tratar apenas contra clamídia = azitromicina.
§ Diplococos Gram-negativos intracelulares → tratar contra ambos = ceftriaxone + azitromicina.
o Utilidade: é usada para definir qual paciente será candidata ao tratamento ambulatorial e hospitalar.
o Outros critérios de internação: gestantes, sem melhora após 72h, intolerância ao tratamento clínico.
Características Conduta
Estágio I DIP não complicada Tratamento ambulatorial + reavaliação em 48-72h
Estágio II DIP com peritonite
Tratamento hospitalar
Estágio III Oclusão de trompa ou abscesso < 10 cm
Estágio IV Abscesso > 10 cm ou roto Tratamento hospitalar/cirúrgico
• Tratamento
o Ambulatorial: ceftriaxone 500 mg IM dose única + metronidazol 500 mg VO de 12/12h por 14 dias +
doxiciclina 100 mg VO de 12/12h por 14 dias + tratamento dos parceiros.
o Hospitalar: ceftriaxone 1 g IV de 24/24h por 14 dias + metronidazol 400 mg IV de 12/12h por 14 dias
+ doxiciclina 100 mg VO de 12/12h por 14 dias + tratamento dos parceiros.
§ Outros → clindamicina 900 mg IV de 8/8h por 14 dias + gentamicina 3-5 mg/kg IV por 14 dias.
o Parceiros: ceftriaxone 500 mg IM dose única + azitromicina 1 g VO dose única.
o Cirurgia: indicada se falha do tratamento clínico, massa pélvica que persiste ou aumenta mesmo com
o tratamento clínico, suspeita de rotura de abscesso, abscesso em fundo de saco e hemoperitônio.
o Complicações: sepse, síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (peri-hepatite + aderências em corda de violino),
abscesso tubo-ovariano, dispareunia, gestação ectópica, infertilidade, dor pélvica crônica, óbito.
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M.E.D. – 2022 Levi Almeida
• Herpes genital
o Agente etiológico: a doença é causada pelo Herpes simplex (principalmente o sorotipo 2).
o Diagnóstico: múltiplas vesículas com base eritematosa, úlceras dolorosas e limpas, adenopatia
dolorosa que não fistuliza, sintomas constitucionais.
o Tratamento: aciclovir 400 mg VO de 8/8h por 5-10 dias se primoinfecção/recorrência e 400 mg VO de
12/12h por 6 meses se ≥ 6 episódios/ano (supressão) → encurta a crise, mas não erradica o vírus.
o Parto: indicar cesariana se no trabalho de parto houver úlceras ativas na região ± terapia supressiva
com aciclovir 400 mg VO de 8/8h a partir da 36ª semana se primo-infecção ou recidivas frequentes.
• Sífilis
o Agente etiológico: doença de alta incidência causada pelo Treponema pallidum.
o Primária: cancro duro (úlcera única, indolor, resolução espontânea) e linfonodomegalias regionais.
o Secundária: condiloma plano, roséola, madarose, lesões cutâneo-mucosas, lesões palmo-plantares.
o Terciária: goma sifilítica, tabes dorsalis, aneurisma de aorta, artropatia de Charcot, neurossífilis.
o Diagnóstico: campo escuro (padrão-ouro na primária), sorologia treponêmica (teste rápido e FTA-Abs)
e sorologia não treponêmica (VDRL) → treponêmico + não treponêmico = confirmam diagnóstico.
§ Teste treponêmico → primeiro a positivar e último a negativar (bom para fechar diagnóstico).
§ Teste não treponêmico → demora para positivar e negativa primeiro (útil para controle).
§ Gestação → qualquer um dos testes positivos já é indicação de início de tratamento.
o Tratamento: penicilina benzatina DU de 2,4 milhões UI IM se primária, secundária ou latente recente
(< 1 ano) e 3 doses de 2,4 milhões de UI IM se terciária, latente tardia (> 1 ano) ou indeterminada.
§ Alergia a penicilina → internação hospitalar + dessensibilização a penicilina.
§ Tratamento inadequado → incompleto, feito com outra droga ou iniciado a < 30 dias do parto.
o Controle de cura: VDRL trimestral (3-6-9-12), exceto na gestante que deverá ser feito mensalmente.
• Linfogranuloma venéreo
o Agente etiológico: a doença é causada pela Chlamydia trachomatis sorotipos L1, L2 e L3.
o Diagnóstico: pápula/úlcera indolor + adenopatia dolorosa que fistuliza em “bico de regador”.
o Tratamento: doxiciclina 100 mg VO de 12/12h por 21 dias ou azitromicina 1 g VO 1x/sem por 3 sem.
• Donovanose
o Agente etiológico: a doença é causada pela Klebsiella (Calymmatobacterium) granulomatis.
o Diagnóstico: úlcera profunda, indolor e crônica + biópsia com corpúsculo de Donovan.
o Tratamento: azitromicina 1 g VO 1x/sem por 3 sem ou doxiciclina 100 mg VO de 12/12h por 21 dias.
Herpes, cancro Herpes (fundo Linfogranuloma
mole ou limpo) ou cancro (vários) ou cancro
S IM donovanose S IM mole (fundo sujo) S IM mole (único)
Múltiplas Linfonodo
Doem?
úlceras? NÃ NÃ fistulizado? NÃ
O O Linfogranuloma, O
Sífilis ou Herpes, sífilis ou
sífilis ou
linfogranuloma donovanose
donovanose
DOENÇAS VIRAIS
• Infecção pelo HPV
o Características: é transmitido pelo contato (principalmente sexual) e está associado ao CA de colo.
o Subtipos: os sorotipos 16 e 18 são os mais oncogênicos, enquanto o 6 e 11 são condilomatosos.
o Vacinas: são de partículas semelhantes a vírus (VLP), podem fazer reação cruzada contra outros
subtipos do HPV e no SUS é administrada na forma de vacina quadrivalente.
§ Bivalente → tem cobertura contra os subtipos oncogênicos.
§ Quadrivalente → tem cobertura contra os subtipos condilomatosos e oncogênicos.
§ Nonavalente → tem cobertura contra os subtipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58.
o Esquema tradicional: 2 doses (0-6 meses) para meninos e meninas de 9-14 anos.
o Esquema para situações especiais: 3 doses (0-2-6 meses) para homens e mulheres de 9-45 anos com
HIV/AIDS, pacientes oncológicos ou transplantados (medula óssea ou órgãos sólidos).
o Cautério/laser: ideal nas lesões extensas e pode ser feito no ambulatório ou no centro cirúrgico.
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M.E.D. – 2022 Levi Almeida
VIOLÊNCIA SEXUAL
• Atendimento primário
o Notificação: agravo de notificação compulsória imediata (em até 24 horas) → mesmo se suspeita.
o Autoridades: não exigir BO/perícia para realizar o atendimento + comunicação a autoridade policial.
§ Paciente < 18 anos → notificar conselho tutelar ou vara da infância em até 48 horas.
o Provas: coletar e armazenar vestígios de crimes sexuais (fluidos, roupas íntimas, absorvente, gazes).
o Exames: conteúdo vaginal, sorologias (hepatites B e C, sífilis e HIV), transaminases e hemograma.
• Contracepção e profilaxia das ISTs
o Contracepção de emergência: levonorgestrel 1,5 mg VO em dose única idealmente em até 72 horas.
o Profilaxia contra o HIV: tenofovir + lamivudina + dolutegravir em até 72 horas por 28 dias
o Profilaxia contra o HBV: vacina e imunoglobulina (em até 14 dias) de acordo com o estado vacinal.
o Profilaxia contra os não virais: METronidazol + Azitromicina + Benzetacil + Ceftriaxone → “MET ABC”.
§ Tricomoníase → metronidazol 2 g VO em dose única.
§ Clamídia e haemophilus → azitromicina 1 g VO em dose única.
§ Sífilis → penicilina G benzatina 2,4 milhões de UI IM em dose única.
§ Gonococo → ceftriaxone 500 mg IM em dose única.
• Procedimentos de interrupção da gestação
o Termo de relato circunstanciado: assinado pela gestante, perante dois profissionais de saúde.
o Parecer técnico: anamnese, exame físico geral e ginecológico, avaliação do laudo ultrassonográfico.
o Termo de aprovação: atenção e avaliação especializada da equipe de saúde multiprofissional.
o Termo de responsabilidade: assinatura da paciente com advertência e responsabilização sobre os
crimes de falsidade ideológica e de abortamento.
o Termo de consentimento: linguagem acessível e declaração expressa sobre a decisão voluntária.
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M.E.D. – 2022
Volume 02: Oncologia I
GINECOLOGIA
DERRAME PAPILAR
• Etiologias
o Descarga láctea: hiperprolactinemia (gestação, prolactinoma, hipotireoidismo, uso de medicações).
§ Medicamentos associados → metoclopramida, ACO, antipsicóticos, tricíclicos e ranitidina.
o Descarga multicolor: alteração funcional benigna das mamas e ectasia ductal.
o Descarga sanguínea/serossanguínea: papiloma intraductal (principal causa) e carcinomas de mama.
• Investigação
o Indicações: descarga espontânea, uniductal, unilateral, do tipo “água de rocha” ou sanguinolenta.
o Conduta: na presença de qualquer uma das indicações o ducto deverá ser prontamente ressecado.
• Tumores benignos
o Fibroadenoma: lesão sólida mais comum da mulher jovem e retirar se grande (3-4 cm) ou > 35 anos.
o Tumor Phyllodes: massa firme, multilobulada, móvel, indolor, grande e de crescimento rápido.
o Esteatonecrose: nódulo doloroso com surgimento após trauma local.
o Alteração funcional benigna das mamas: mastalgia cíclica associada a adensamentos e cistos.
MASTALGIA
• Mastalgia cíclica
o Características: tem relação com o ciclo, sendo mais intensa na fase lútea e geralmente é bilateral.
o Etiologias: alteração funcional benigna das mamas (mastalgia cíclica + adensamentos + cistos).
o Conduta: orientações gerais (não se torna e nem é risco para câncer de mama), sustentação das
mamas e evitar o uso de medicações (em casos graves o tamoxifeno pode ser considerado).
• Mastalgia acíclica
o Características: sem relação com o ciclo menstrual, geralmente é unilateral e de localização variável.
o Etiologias: mastite, abcesso, nevralgia, esteatonecrose, cistos, ectasia ductal ou carcinoma.
o Conduta: orientações gerais e tratamento direcionado a causa de base da mastalgia.
CÂNCER DE MAMA
• Fatores de risco
o Baixo risco: > 40 anos, história familiar em parente de 1º grau, nuliparidade, menacme longo e mulher.
o Alto risco: mutações nos genes BRCA 1 e 2, hiperplasias atípicas e carcinoma in situ (ductal e lobular).
• Rastreio
o Ministério da Saúde: toda mulher a partir dos 50 e até os 69 anos devem realizar mamografia bienal.
§ Autoexame das mamas → é contraindicado e o exame clínico tem benefício incerto.
o FEBRASGO: realizar mamografia anualmente a partir dos 40 anos se paciente de baixo risco e em
menores de 40 anos se paciente de alto risco (BRCA 1 e 2 e/ou hiperplasia atípica).
• Tumores malignos
o Carcinoma ductal infiltrante: câncer de mama invasor mais comum.
o Carcinoma lobular infiltrante: tendência a bilateralidade e multicentricidade.
o Carcinoma inflamatório: mulheres mais velhas, aspecto em “casca de laranja” e localmente avançado.
o Doença de Paget: descamação unilateral, pouco prurido, destrói papila e não responde ao corticoide.
§ Diagnóstico diferencial → eczema areolar (descamação bilateral, muito pruriginoso, não faz
destruição de papila e melhora com o uso de corticoide tópico).
• Imuno-histoquímica
o Luminal A: receptores para estrogênio e/ou progesterona positivos, HER2 negativo e Ki-67 < 14%.
o Luminal B: receptores para estrogênio e/ou progesterona positivos, HER2 negativo e Ki-67 ≥ 14%.
o Triplo negativo: receptores para estrogênio, progesterona e HER2 negativos (pior prognóstico).
o HER2 positivo: receptores para estrogênio e progesterona negativos e superexpressão de HER2.
• Tratamento cirúrgico
o Cirurgia conservadora: é realizada com segmentectomia ou quadratectomia e a avaliação da relação
mama/tumor (ideal ser < 20% da mama) sempre deverá ser realizada na escolha dessa modalidade.
§ Contraindicações → microcalcificações extensas e difusas, relação mama/tumor ruim, doença
multicêntrica e impossibilidade de realizar RT no pós-operatória.
o Cirurgia radical: mastectomia por cirurgia de Hasteld (retirada dos dois músculos peitorais), de Patey
(retirada somente do músculo peitoral menor) ou de Madden (sem retirada do músculo peitoral).
o Abordagem da axila: sempre indicada na presença de tumor infiltrante e pode ser realizada por meio
do esvaziamento radical ou pela pesquisa do linfonodo sentinela (uso de tecnécio ou azul patente).
o Pesquisa de linfonodo sentinela: não realizar investigação se axila clinicamente positiva.
§ Linfonodo sentinela negativo → evita o esvaziamento axilar radical.
§ Linfonodo sentinela positivo → tendência a evitar o esvaziamento axilar radical e realizar RT
na presença de até 2 linfonodos sentinelas positivos. Serrátil anterior
o Esvaziamento axilar radical: pode complicar com escápula alada pela lesão do nervo torácico longo.
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M.E.D. – 2022 Levi Almeida
• Tratamento farmacológico
o QT adjuvante: realizar se tumores > 1 cm, linfonodo positivo (≥ N1), metástase hematogênica (M1),
expressão de receptor HER2 ou receptor hormonal negativo.
o QT neoadjuvante: realizar antes da cirurgia para reduzir o tamanho de tumor localmente avançado.
o RT adjuvante: realizar após a QT (se indicada) e se cirurgia conservadora ou tumores > 4 cm.
o Hormonioterapia: se receptor de estrogênio positivo usar tamoxifeno (mulheres jovens) ou inibidores
da aromatase (mulheres na pós-menopausa).
o Terapia alvo dirigida: tem menos efeitos adversos e é feita com o uso de trastuzumabe em pacientes
com superexpressão de receptor HER2 (relação com pior prognóstico e maior agressividade).
• Câncer de mama na gestação
o Definição: câncer de mama diagnosticado durante a gestação ou até um ano de pós-parto.
o Pesquisa de linfonodo sentinela: deve ser realizada apenas com o uso do tecnécio.
o Tratamento: cirurgia conservadora (com limitação) ou QT (a RT é totalmente contraindicada).
CÂNCER DE OVÁRIO
• Principais conceitos
o Anatomia: o ovário é um órgão intraperitoneal e é vascularizado pela artéria ovariana (ramo da aorta).
o Disseminação: principalmente por via transcelômica (especialmente para fígado, pulmão e cérebro).
• Fatores de risco e proteção
o Risco: história familiar, idade > 60 anos, mutações nos genes BRCA 1 e 2, obesidade e dieta rica em
gorduras, menacme longo, nuliparidade, uso de indutores de ovulação e tabagismo.
o Proteção: amamentação, uso de anovulatórios, laqueadura tubária, anexectomia e fimbriectomia.
• Ultrassonografia
o Lesão SUSPEITA: Sólida, USG doppler com resistência diminuída (< 0,4), Septada, projeções Papilares,
Espessamento da parede, Irregular, Tamanho > 8-10 cm e/ou aparecimento Antes/Após a menacme.
§ Diagnóstico definitivo → é essencialmente cirúrgico, porém a suspeita pode ser levantada com
base na avaliação clínica em conjunto com o exame de USG (não existe rastreio).
• Marcadores tumorais
o CA 125: sugestivo de tumores epiteliais e útil para complementar a avaliação e acompanhamento.
o α-fetoproteína e hCG: sugestivo de tumores de tecido embrionário.
§ Outros marcadores → LDH no disgerminoma e testosterona no tumor de células de Sertoli.
Disgerminoma ou teratoma Tumor de seio endodérmico Carcinoma embrionário Coriocarcinoma
hCG e α-fetoproteína (-) hCG (-) e α-fetoproteína (+) hCG e α-fetoproteína (+) hCG (+) e α-fetoproteína (-)
• Tratamento cirúrgico
o Laparotomia: é um procedimento diagnóstico, terapêutico e que serve para o estadiamento.
1. Lavado peritoneal + inventário da cavidade + excisão do tumor + biópsia de congelação.
2. Malignidade confirmada = biópsias peritoneais + histerectomia total + salpingo-ooferctomia
bilateral + omentectomia infracólica + ressecção de implantes e linfonodos.
o Desejo de gestar: salpingo-ooforectomia unilateral ou cistectomia se tumores epiteliais estadiamento
Ia (tumor unilateral) moderadamente (G1) ou bem (G2) diferenciados.
• Tratamento farmacológico
o QT adjuvante: está indicada para todos os estadiamentos, exceto para os tumores Ia/Ib e G1/G2.
§ RT → não costuma ser feita no manejo terapêutico devido a grande extensão a ser irradiada,
sensibilidade das vísceras abdominais e limitação da dose de segurança.
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M.E.D. – 2022
Volume 02: Oncologia I
GINECOLOGIA
CÂNCER DE ENDOMÉTRIO
• Principais conceitos
o Fatores de risco: obesidade (mais importante), > 60 anos, nuliparidade, branca, anovulação crônica,
menacme longo, DM, síndrome de Lynch tipo II, hiperplasia endometrial atípica e uso de tamoxifeno.
o Fatores de proteção: multiparidade, tabagismo e uso de contraceptivos a base de progesterona.
o Lesão precursora: hiperplasia endometrial (não é obrigatória para que ocorra o CA de endométrio).
§ Sangramento pós-menopausa → atrofia (30%), TRH (30%) e câncer de endométrio (15%).
o Histopatologia: o tipo mais comum de câncer de endométrio é o adenocarcinoma endometrioide.
• Investigação
o Quadro clínico: sangramento peri/pós-menopausa por endométrio espessado.
o USG-TV: a espessura endometrial pós-menopausa sem TRH deve ser < 4-5 mm e com TRH < 8 mm.
o Colpocitologia: a presença de célula endometrial em uma mulher pós-menopausa levanta a suspeita.
o Histopatológico: cureta de Novak, curetagem fracionada e histeroscopia com biópsia (padrão-ouro).
• Hiperplasia endometrial
o Benigna ou sem atipia: deve ser tratada preferencialmente com o uso de progesterona.
§ Taxa de malignização → 1% se simples sem atipia e 3% se complexa sem atipia.
o Neoplasia intraepitelial ou atípica: deve ser tratada preferencialmente com a histerectomia total.
§ Taxa de malignização → 8% se simples com atipia e 29% se complexa com atipia.
• Tipos de neoplasia de endométrio
o Tipo I: é a mais frequente, tem como principal subtipo histológico o adenocarcinoma endometrioide
e tem forte associação com o hiperestrogenismo e a hiperplasia endometrial.
o Tipo II: é mais raro, tem pior prognóstico, os principais subtipos histológicos são o seroso e o de células
claras e não está relacionado ao hiperestrogenismo ou com a hiperplasia endometrial.
• Tratamento
o Estadiamento: é iminentemente cirúrgica, todavia, a ressonância magnética pode auxiliar no processo
(detecta invasão miometrial, cervical e linfonodal e a presença de metástases a distância).
o Cirurgia: laparotomia + lavado peritoneal + inventário de toda a cavidade + histerectomia total +
anexectomia bilateral ± linfadenectomia pélvica e para-aórtica (não é feita de rotina).
o Adjuvantes: a RT está indicada se ≥ 50% de invasão miometrial (tumor ≥ Ib) e a QT se metástases.
pontilhados, leucoplasia, epitélio com zona acetobranco e Schiller positivo (iodo negativo).
Coilocitose,
discariose e
§ Ácido acético → marcador de área com atividade proteica (área acetobranca = biópsia).
disceratose § Teste de Schiller → o iodo (lugol) marca áreas saudáveis, ou seja, regiões ricas em glicogênio
(iodo/lugol negativo ou teste de Schiller positivo = biópsia).
o Histopatológico: o câncer cervical mais comum é o carcinoma epidermoide/escamoso/espinocelular.
§ Gestantes → só realizar biópsia se houver alta suspeita de invasão neoplásica.
• Lesões intraepiteliais cervicais (NIC)
o NIC I: acompanhamento de 6/6 meses e se não regredir em 2 anos realizar crioterapia/cauterização.
§ Observação → representa a expressão citomorfológica de uma infecção transitória pelo HPV
e têm alta probabilidade de regredir (não é uma lesão precursora de câncer de colo de útero).
o NIC II-III: realizar exérese da zona de transformação (EZT) que pode ser do tipo I, II ou III (conização).
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M.E.D. – 2022 Levi Almeida
DOENÇAS DA VULVA
• Líquen escleroso
o Quadro clínico: idosa com apagamento de pequenos lábios, hipocromia vulvar e prurido.
o Conduta: diagnosticar com biópsia e tratar com pomada de corticoide de alta potência (clobetasol).
• Câncer de vulva
o Fatores de risco: HPV, outras ISTs e seus fatores de risco, tabagismo, líquen escleroso e NIV.
o Histopatologia: o câncer de vulva mais comum é o carcinoma epidermoide/escamoso/espinocelular.
§ Características → o local mais comum são os grandes lábios e a disseminação é linfática.
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M.E.D. – 2022 Levi Almeida
o Quadro clínico: prurido vulvar crônico, lesões pigmentadas, úlceras irregulares e sangramento.
o Diagnóstico: teste de Collins (azul de coilodina) positivo e biópsia sugestiva.
o Tratamento: vulvectomia se lesão > 2 cm e excisão com margem de segurança se lesão < 2 cm.
• Outras lesões vulvares
o Melanoma: apresenta-se como uma lesão hiperpigmentada, é suspeitado pelo ABCDE do melanoma
e diagnosticado por biópsia excisional com margens de segurança (complementar com o Breslow).
o Doença de Paget: apresenta-se como uma erosão/descamação vulvar e é diagnosticada por biópsia.
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M.E.D. – 2022
Volume 03: Ciclo Menstrual, Distopia Genital e Incontinência Urinária
GINECOLOGIA
• Diagnóstico
o Exame clínico: anamnese, exame físico, calcular IMC, investigar prolapsos e realizas testes de esforço.
o Exames complementares: EAS, urocultura, cistoscopia (> 50 anos + tabagista + hematúria = pensar
em CA), mobilidade do colo vesical (teste do cotonete e USG) e estudo urodinâmico (padrão-ouro).
§ Indicações de urodinâmica → tratamento clínico refratário, prolapso volumoso, realização de
procedimento cirúrgico ou exame clínico insuficiente (sem perda de urina).
• Estudo urodinâmico
o Urofluxometria: indica o esvaziamento inicial (fluxo livre) da bexiga (fluxo máximo e volume residual).
o Cistometria: indica a fase de enchimento (pressão do detrusor = pressão vesical - pressão abdominal).
§ Principais alterações → atividade do músculo detrusor, perda de urina ou dor.
o Estudo miccional: indica a fase de esvaziamento vesical (avalia obstrução e hipocontratilidade).
• Tipos de IU de esforço
Hipermobilidade do colo vesical Defeito esfincteriano
PPE (pressão de perda de esforço) > 90 cm H₂O. PPE (pressão de perda de esforço) < 60 cm H₂O
• Tratamento da IU de esforço
o Medidas gerais: perda de peso e fisioterapia (exercícios de Kegel, biofeedback e eletroestimulação).
o Tratamento farmacológico: duloxetina (risco de suicídio) e agonistas α-adrenérgicos (risco de AVE)
o Tratamento cirúrgico: Sling TVT (retropúbico) ou TOT (transobturatório) é o padrão-ouro.
§ Sling TOT → menor risco de perfuração (não passa perto da bexiga) e dispensa cistoscopia.
§ Sling TVT → indicado na cistocele e necessita de cistoscopia no intraoperatório.
§ Cirurgia de Burch → era padrão-ouro para hipermobilidade, mas atualmente está em desuso.
• Tratamento da bexiga hiperativa
o Medidas gerais: perda de peso, diminuir o uso de cafeína, energéticos e frutas cítricas, cessar o fumo
e fisioterapia (treinamento vesical, cinesioterapia e eletroestimulação).
o Tratamento farmacológico: anticolinérgicos seletivos, imipramina (droga de 2ª linha) ou mirabegrona
(agonista β3-adrenérgico, menos efeitos adversos e contraindicações e mesma eficácia).
§ Contraindicação aos anticolinérgicos → arritmia, glaucoma, gestação e lactação.
• Investigação e conduta
o Quadro clínico: dor ao enchimento vesical, urgeincontinência, disúria, noctúria, hematúria ocasional,
polaciúria grave e incapacitante e dor suprapúbica/pélvica aliviada pelo esvaziamento vesical.
o Diagnóstico: excluir ITU (EAS + urocultura), cistoscopia (identifica úlceras de Hunner), hidrodistensão
(se doença grave) e biópsia (excluir malignidade).
o Tratamento: medidas comportamentais, amitriptilina/cimetidina, DMSO, heparina ou PPS intravesical
e tratamento cirúrgico conservador (toxina botulínica ou neuromodulação sacral).
DISTOPIA GENITAL
• Estática pélvica
o Suspensão: pubovesicuterinos (anterior), cardinais/paramétrios (lateral), uterossacros (posterior).
o Sustentação: diafragma pélvico (elevador do ânus e isquiococcígeo) e urogenital e fáscia endopélvica.
§ Músculo elevador do ânus → puborretal, ileococcígeo e pubococcígeo.
§ Diafragma urogenital → bulbocavernoso, esfíncter, transverso do períneo e isquiocavernoso.
• Etiologias
Características Tratamento
Mais comum em pacientes com Pessários e fisioterapia nos prolapsos pequenos e risco cirúrgico elevado ou
Prolapso uterino
história de multiparidade histerectomia vaginal ou cirurgia de Manchester (se desejo reprodutivo)
Mais comum em pacientes pós- Fixar cúpula vaginal ao promontório ou ligamento sacroespinhoso ou realizar
Prolapso de cúpula
histerectomizadas colpocleise de Le Fort (contraindicada caso haja desejo sexual)
Ao comprimir a face anterior com o Colporrafia anterior (colpoperineoplastia) com correção da fáscia
Cistocele
especulo o prolapso regride pubovesicocervical ou tela de polipropileno (múltiplas recidivas)
Ao comprimir a face posterior com
Retocele Colporrafia posterior (colpoperineoplastia) com correção da fáscia retovaginal
o especulo o prolapso regride
• Classificação POP-Q
Aa e Ba Ap e Bp Ponto C Ponto D Sinal negativo Ponto zero Sinal positivo
Parede anterior Parede posterior Colo uterino ou Fundo de saco Interior da Carúncula Além do hímem
da vagina da vagina cúpula vaginal de Douglas vagina himenal vaginal
* Na ausência de útero não haverá o ponto D, mas sim apenas o ponto C.
• Estadiamento
Estádio 0 Estádio 1 Estádio 2 Estádio 3 Estádio 4
Ausência de prolapso Prolapso menor que a Prolapso entre as Prolapso maior ou igual a Eversão completa do
genital posição -1 posições -1 e +2 posição +2 prolapso (total)
TOTAL NORMAL
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M.E.D. – 2022
Volume 03: Ciclo Menstrual, Distopia Genital e Incontinência Urinária
GINECOLOGIA
CICLO MENSTRUAL
• Ação central
o Eixo H-H-gonadal: hipotálamo libera GnRH → adeno-hipófise libera LH e FSH → desenvolvimento
folicular e esteroidogênese ovariana → preparo endometrial para o acolhimento do concepto.
§ Ciclo ovariano x ciclo uterino → acontecem de forma paralela e simultânea.
o Liberação de GnRH: ocorre de forma pulsátil para que o ciclo aconteça de forma harmoniosa.
§ Primeira fase (folicular) → alta frequência e baixa amplitude = liberação de FSH.
§ Segunda fase (lútea) → baixa frequência e alta amplitude = liberação de LH.
MEDGRUPO - CiClO 1: MEDCURSO 14
Capítulo 1 - EndoCrinologia rEprodutiva E CiClo MEnstrual
Fig. 7: Diagrama
simplificado da
teoria das duas
células e duas
gonadotrofinas da
esteroidogênese
folicular ovariana.
1ª fase 2ª fase 15
M.E.D. – 2022 Levi Almeida
CICLO UTERINO
• Fases uterinas
Fase proliferativa Fase secretora (pós-ovulação) Fase menstrual
Regulação hormonal Estrogênio ↓ Progesterona ↑ Estrogênio e progesterona ↓
Características Proliferação endometrial Melhora da citoarquitetura e vasos Descamação uterina
Ultrassonografia Endométrio trilaminar (fase tardia) Útero hiperecogênico Endométrio atrófico
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M.E.D. – 2022 Levi Almeida
• Critérios diagnósticos
o SPM: ≥ 1 sintomas afetivos + ≥ 1 sintomas somáticos + presença dos sintomas nos 3 últimos ciclos
consecutivos, pelo menos nos 5 dias que antecedem a menstruação.
§ Sintomas afetivos → ansiedade, irritabilidade, labilidade emocional e explosão de raiva.
§ Sintomas somáticos → mastalgia, cefaleia e edema abdominal e em extremidades.
o SDPM: ≥ 1 critérios maiores + ≥ 1 critérios menores + diário dos sintomas por vários ciclos (12 meses)
≥ 5 sintomas na semana que antecede a menstruarão, com melhora após o início.
§ Critérios maiores → labilidade, irritabilidade/raiva, humor deprimido e ansiedade acentuada.
§ Critérios menores → diminuição do interesse, fadiga, déficit de concentração, ganho de peso,
aumento do apetite, insônia ou sonolência, mastalgia e edema.
• Tratamento
o Medidas gerais: atividade física, dieta hipossódica e rica em triptofono e psicoterapia.
o Medidas farmacológicas: ACO/espironolactona para o edema, sintomáticos para cefaleia, tamoxifeno
ou agonistas dopaminérgicos para malstalgia e ISRS contínuo/intermitente se transtorno grave.
DISMENORREIA
• Principais conceitos
o Definição: menstruação difícil ou dor pélvica associada ao período menstrual.
o Etiologias: primária (ausência de doença pélvica) e secundária (ginecopatias ou outras causas).
o Fisiopatologia: maior produção de prostaglandinas e tromboxano A2 → vasoconstrição e contração
miometrial → redução do limiar de dor.
• Causas secundárias
Intrauterinas Extrauterinas Não ginecológicas
Adenomiose, leiomioma, DIU, abortamento, Endometriose, DIP, aderências e gravidez Desordens psicossomáticas, constipação, SII,
anomalias müllerianas e estenose cervical ectópica DII, dor miofascial, ITU e litíase renal
• Investigação
Dismenorreia primária Dismenorreia secundária
Início 2 anos após a menarca (início dos ciclos ovulatórios) Independe da menarca
Manifestações Imediatamente antes ou no início do fluxo Antes e durante o fluxo e com pior prognóstico
Quadro clínico Dor em hipogástrio, náuseas, cefaleia e lombalgia Dor pélvica crônica e dispareunia
Exame clínico Não há achados significativos Dor a palpação, nódulos e massas pélvicas
Exames subsidiários Normais CA-125, USG-TV e RNM de pelve
• Tratamento
o Medidas gerais: atividade física, dieta rica em ômega 3 e cessar tabagismo e etilismo.
o Medidas farmacológicas: analgésicos, AINEs e contraceptivos hormonais.
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M.E.D. – 2022
Volume 04: Amenorreia, Síndrome dos Ovários Policísticos e Infertilidade
GINECOLOGIA
INTRODUÇÃO
• Compartimentos
Compartimento I Compartimento II Compartimento III Compartimento IV
Trompas, útero, endométrio e Ovários (produção de
Hipófise (secreção de FSH e LH) Hipotálamo (secreção de GnRH)
vagina estrogênio e progesterona)
• Embriologia
AMENORREIA
• Etiologias
o Primária: 13-14 anos sem menstruação e sem características sexuais secundárias ou 15-16 anos com
desenvolvimento das características sexuais secundárias.
§ Desenvolvimento puberal → Telarca → Pubarca → Estirão de crescimento → Menarca.
o Secundária: ausência de 3 ciclos ou 6 meses sem menstruar (alguns citam 3 meses).
• Investigação da amenorreia primária
o Ausência de caracteres sexuais secundário: realizar dosagem de LH e FSH.
§ LH e FSH elevados → causa ovariana (descartar disgenesia gonodal).
• Disgenesia gonodal: solicitar cariótipo se infantilismo e gonadotrofinas elevadas.
§ LH e FSH baixos → teste do GnRH para diferenciar causa hipofisária de hipotalâmica.
o Presença de caracteres sexuais secundário: realizar avaliação uterovaginal (compartimento I).
• Investigação da amenorreia secundária
1. Dosagem de β-hCG: descarta diagnóstico de gravidez (preferir β-hCG quantitativo).
2. Dosagem de TSH e prolactina: investiga hipotireoidismo e hiperprolactinemia.
§ Efeitos do TSH → estimula a secreção de prolactina (tratar primeiro o hipotireoidismo).
3. Teste da progesterona: avalia os níveis de estrogênio e o trato de saída.
§ Sangramento presente → anovulação crônica (síndrome dos ovários policísticos).
§ Sangramento ausente → deficiência de estrogênio, obstrução ao fluxo ou lesão endometrial.
4. Teste do estrogênio: avalia o endométrio e o trato de saída.
§ Sangramento presente → deficiência de estrogênio (compartimento II, III ou IV afetados).
§ Sangramento ausente → alteração do trato de saída (compartimento I afetado).
5. Dosagem de FSH: avalia os ovários, hipófise e hipotálamo.
§ FSH elevado (> 20 UI/L) → causas ovarianas.
§ FSH baixo (< 5 UI/L) → causas hipofisárias ou hipotalâmicas.
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M.E.D. – 2022 Levi Almeida
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
• Hipotálamo (compartimento IV)
o Tumores: principalmente pelos craniofaringiomas.
o Síndrome de Kallman: amenorreia primária + infantilismo sexual + anosmia ± cegueira para cores.
o Outros: estresse, anorexia e exercício físico intenso (é uma das causas mais comuns de amenorreia).
• Hipófise (compartimento III)
o Hiperprolactinemia: pode ser por neoplasia, causas farmacológicas ou miscelânea.
§ Prolactinoma → RNM de sela túrcica + agonistas dopaminérgicos ± cirurgia (se compressão).
§ Farmacológica → metoclopramida, ranitidina, ACO, neurolépticos ou tricíclicos.
§ Miscelânea → macroprolactinemia, gestação, lactação, estimulação ou endocrinopatias.
o Síndrome de Sheehan: necrose hipofisária pós-parto complicada por hemorragia intra-parto.
• Ovários (compartimento II)
o Insuficiência ovariana prematura: climatério precoce (< 40 anos de idade) por esgotamento folicular.
o Síndrome de Savage: quadro clínico de climatério secundário a resistência folicular às gonadotrofinas.
o Disgenesia gonadal: gônada em fita sem células germinativas (principal causa de amenorreia 1ª).
§ Síndrome de Turner (45, X0) → pescoço alado, tórax em escudo, baixa estatura, micrognatia,
hipertelorismo mamário, infantilismo sexual e associação com doenças autoimunes.
• Disgenesia gonadal + cromossomo Y: retirada da gônada pelo risco de disgerminoma.
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M.E.D. – 2022 Levi Almeida
• Fenótipos da SOP
A B C D
Oligo ou amenorreia + + - +
Hiperandrogenismo + + + -
Ovários policísticos + - + +
• Tratamento
o Medidas gerais: mudanças no estilo de vida (dieta, atividade física regular e controle do peso e IMC).
o Hiperinsulinismo: metformina (somente se as medidas de MEV não forem suficientes).
o Hirsutismo: cosméticos, ACO ou progesterona isolada e antiandrogênicos (se necessário).
§ Medicações antiandrogênicos → ciproterona, finasterida e espironolactona.
o Controle do ciclo: ACO ou progesterona isolada de uso contínuo.
o Infertilidade: mudanças no estilo de vida + clomifeno ou letrozol ± metformina ± FIV/gonadotrofinas.
INFERTILIDADE
• Principais conceitos
o Definição: casal com ausência de gravidez após um ano de tentativa com atividade sexual regular.
o Etiologias: causas tuboperitoneais (35%), masculinas (35%), ovulatórias (15%) e idiopática (15%).
o Indicações de investigação: depende da idade da mulher e da frequência das relações (2-4/semana).
§ Idade → aguardar por até 1 ano se < 35 anos ou imediatamente ou após 6 meses se > 35 anos.
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M.E.D. – 2022 Levi Almeida
• Investigação da mulher
o Fator ovariano: dosagem hormonal e avaliação por exame de imagem.
§ Progesterona → > 3 ng/mL na fase lútea (21-24º dia do ciclo) indica ovulação.
§ FSH (reserva ovariana) → < 10 UI/L no 2-5º dia do ciclo é sinal de bom prognóstico.
• Segunda opção: dosagem de hormônio anti-mülleriano (em qualquer fase do ciclo).
§ USG-TV seriada → documenta ovulação (para coito/captação) e contagem de folículos.
o Fator tuboperitoenal: histerossalpingografia (exame inicial) e videolaparoscopia (padrão-ouro).
§ Trompa pérvia → extravasamento peritoneal com prova de Cotte positiva (uni ou bilateral).
§ Trompa impérvia → sem extravasamento peritoneal com prova de Cotte negativa.
o Fator uterino: USG-TV, histerossalpingografia e histeroscopia (padrão-ouro).
• Tratamento
o Fator masculino: FIV convencional (SPTZ + oócito na placa) ou com ICSI (SPTZ injetado no oócito).
o Fator ovariano: mudanças no estilo de vida, indução da ovulação (clomifeno ou letrozol) ou FIV.
§ Hiperestímulo ovariano → ascite, derrame pleural, IRA e TEP pelo uso de gonadotrofinas
o Fator tuboperitoenal: correção por laparoscopia ou FIV (alteração grave e fator masculino associado).
o Fator uterino: cirurgia direcionada a causa de base (retirada de pólipos, septos ou miomas).
o Infertilidade sem causa aparente: inseminação intrauterina.
§ Requisitos → ovulação, útero e trompas normais e espermograma normal ou alteração leve.
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M.E.D. – 2022
Volume 05: Anticoncepção, Sangramentos Ginecológicos e Endometriose
GINECOLOGIA
LEIOMIOMA
• Principais conceitos
o Epidemiologia: correspondem a 95% dos tumores benignos do trato genital feminino.
o Considerações: a maioria é assintomático e nem sempre sua presença será a causa do SUA.
• Classificação e quadro clínico
o Subseroso: jamais irá sangra, porém pode comprimir estruturas ajacentes causando dor.
o Intramural: pode causar sangramento e infertilidade de acordo com o tamanho.
o Submucoso: pode fazer sangramento importante e também está relacionado com infertilidade.
• Tratamento
o Assintomáticos: acompanhamento e observação (não realizar nenhum tipo de intervenção).
o SUA leve/moderado e mioma pequeno: expectante ou ACOs/anti-fibrinolíticos.
§ Observação → os ACOs não diminuem o mioma, mas agem diminuindo a dor e o fluxo.
o SUA intenso ou mioma volumoso: miomectomia se nulíparas e histerectomia se multíparas (preferir
miomectomia histeroscópica se mioma submucoso exclusivo).
§ Droga no preparo cirúrgico → análogos do GnRH (diminuem o tumor e o grau de anemia).
§ Outras opções → embolização e miólise por USG de alta intensidade guiada por RNM.
• Degeneração dos miomas
Hialina Rubra ou necrose asséptica Sarcomatosa
Forma mais comum de degeneração Pode evoluir com dor e fazer abdômen Degeneração cancerígena rara (< 0,5%) que
miomatosa agudo na gestação ocorre no pós-menopausa
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M.E.D. – 2022 Levi Almeida
ENDOMETRIOSE
• Principais conceitos
o Fisiopatologia: proliferação de endométrio (glândulas e estroma) fora da cavidade uterina.
§ Menstruação retrógrada → disseminação pelas trompas.
§ Imunológica → o tecido endometrial “escapa” dos mecanismos de defesa do sistema imune.
§ Metaplásica → células totipotentes que são capazes de se diferenciar em endométrio.
o Infiltrativa profunda: penetra espaço retroperitoneal ou órgãos pélvicos > 5 mm de profundidade.
o Fatores de risco: menacme longo, primiparidade tardia, nuliparidade, história familiar, etnia branca,
fluxo aumentado, malformações uterinas e excesso de álcool e café (controverso).
• Investigação
o Quadro clínico: dismenorreia secundária, dispareunia de profundidade, dor pélvica, obstrução ou
aderências, massa anexial, nódulos vaginais e útero doloroso e menos móvel.
§ Gravidade → não há correlação direta entre a extensão das lesões e a intensidade da dor.
o Diagnóstico: USG e USG-TV com preparo intestinal, RNM (ruim para implantes pequenos/superficiais),
laparoscopia (padrão-ouro) e CA-125 (útil para acompanhamento).
§ Endometrioma → aspecto em vidro fosco no USG e achocolatado na laparoscopia.
• Tratamento
o Controle da dor: tratamento clínico (ACO, progesterona, análogo do GnRH e inibidores da aromatase)
ou cirurgia se refratário, lesão ureteral, suboclusão intestinal ou endometrioma > 4-6 cm (cistectomia).
o Infertilidade e endometriose sem dor: cirurgia se doença leve ou FIV se doença severa.
o Infertilidade e endometriose com dor: FIV se prognóstico reprodutivo ruim ou cirurgia se bom.
§ Fatores de prognóstico reprodutivo → principalmente a idade e a reserva ovariana.
ANTICONCEPÇÃO
• Prescrição do anticoncepcional
o Escolha do método: analisar a facilidade, mecanismo de ação, desejo da paciente e reversibilidade.
o Aplicar o índice de Pearl: taxa de gravidez para cada 100 mulheres/ano que utilizam algum método e
quanto menor o índice, maior a segurança do método.
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M.E.D. – 2022 Levi Almeida
• Métodos
o Comportamentais: tabelinhas, curva térmica, muco cervical (filância) e amenorreia da lactação.
§ Tabelinha → após 6 meses de ciclos regulares aplicar a fórmula (ciclo mais curto - 18 = X) e
(ciclo mais longo - 11 = Y), o período fértil será de X a Y.
§ Amenorreia da lactação → amamentação exclusiva + amenorreia + até 6 meses após o parto.
o Barreira: camisinha masculina e feminina, diafragma vaginal e espermicida.
§ Camisinha → baixa eficácia na contracepção, mas é um bom método para prevenção de ISTs.
o Dispositivos intrauterinos: dispositivos de cobre, progesterona e de cobre com prata
o Progesterona sistêmica: minipílula, progesterona isolada, implante subdérmico e injetável trimestral.
o Combinados sistêmicos: anticoncepcional oral combinado, anel vaginal, adesivos e injetável mensal.
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M.E.D. – 2022
Volume 01: Tópicos Especiais
GINECOLOGIA
CLIMATÉRIO
• Principais conceitos
o Climatério: período correspondente aos primeiros indícios de falha ovariana até os 65 anos de idade.
§ Alterações hormonais → esgotamento folicular, FSH > 40, estradiol < 20, HAM indetectável
(fim da reserva ovariana) e maior concentração de estrona (aromatização periférica).
o Perimenopausa: compreende os anos que precedem a menopausa, já na presença de distúrbios da
duração do ciclo menstrual e os doze meses que se seguem após o término das menstruações.
o Menopausa: é definida como a última menstruação devida à falência ovariana (45-51 anos de idade),
porém, esta “última menstruação” só pode ser chamada de menopausa após um ano do seu término.
§ Alterações hormonais → diminuição da inibina B, elevação do FSH, LH e progesterona normais
e estrogênio normal ou discretamente elevado.
o Pós-menopausa: período que se inicia um ano após a última menstruação e vai até os 65 anos.
§ Alterações hormonais → FSH elevado, estrogênio reduzido, HAM indetectável (fim da reserva
ovariana) e maior concentração de estrona (aromatização periférica).
o Senilidade: é o período que se inicia a partir dos 65 anos de idade.
• Investigação
o Quadro clínico: irregularidade menstrual, sintomas vasomotores (fogachos), alterações de sono e de
cognição, redução da densidade mineral óssea, atrofia urogenital e dispareunia.
o Diagnóstico: é clínico (sintomas e idade de início típicos e > 12 meses de amenorreia).
• Terapia de reposição hormonal (TRH)
o Pré-requisitos: glicemia, lipidograma, mamografia, colpocitologia, USG-TV (SN) e densitometria (SN).
§ Espessura do endométrio após a menopausa SEM uso de TRH → < 4-5 mm.
§ Espessura do endométrio após a menopausa COM uso de TRH → < 8 mm.
o Indicações: presença de sintomas vasomotores (principal indicação), atrofia urogenital (preferir TRH
vaginal) e osteoporose (isolada não é critério suficiente para TRH sistêmica).
§ Considerações → fazer na menor dose e o mais precocemente possível (< 5-10 anos).
o Contraindicações: CA de mama ou endométrio, SUA indeterminado, AVE, IAM, trombose (avaliar via
de administração), LES, doença hepática descompensada, porfiria e meningioma (para progesterona).
Útero presente Útero ausente
Estrogênio e progesterona Estrogênio isolado
OSTEOPOROSE
• Principais conceitos
o Definição: doença com resistência óssea comprometida (maior causa de fraturas em > 50 anos).
o Fatores de risco: idade avançada, história familiar, brancos, magros, climatério, etilismo, tabagismo,
heparina, corticoides, anticonvulsivantes, mieloma, hiperparatireoidisma e insuficiência renal.
o Tipos: primária quando não há nenhuma outra doença associada (mais comum) ou secundária quando
ocorre devido alguma doença de base ou uso de medicação.
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M.E.D. – 2022 Levi Almeida
o Rastreio: aos 65 anos se sexo feminino e aos 75 se sexo masculino ou antes dessa faixa etária na
presença de fatores de risco (doenças/drogas relacionadas à osteoporose e fratura de fragilidade).
§ Fratura de fragilidade → fraturas relacionadas a traumas de baixo impacto (quedas).
• Tipos de ossos
o Cortical (80%): denso e compacto, constituindo a parte externa de todas as estruturas ósseas e a
diáfise dos ossos longos, sua maior função é prover proteção mecânica e resistência.
o Trabecular (20%): é encontrado dentro dos ossos longos, nos corpos vertebrais, na porção interna da
pelve e outros grandes ossos planos e é mais ativo metabolicamente do que o osso cortical.
§ Maior incidência de fraturas → maior atividade osteoclástica/metabólica e remodelamento.
• Densitometria óssea (DMO)
Normal Osteopenia Osteoporose
T-score > -1 ou Z-escore < 1 T-score de -1 a -2,5 ou Z-escore de 1 a 2,5 T-score ≤ -2,5 ou Z-escore ≥ 2,5
O T-escore compara DMO de adultos jovens e o Z-escore DMO esperada para a idade
• Tratamento
o Não farmacológico: dieta, exercício físico, prevenção de quedas, cessar tabagismo e etilismo, ingesta
de cálcio de 1.200 mg/dia após os 50 anos e manter os níveis de vitamina D ≥ 30 ng/mL.
o Farmacológico: bifosfonatos (inibem a atividade osteoclástica), TRH, raloxifeno (SERM) e teriparatida
(efeito anabólico) e calcitonina (reduz dor da fratura osteopórtica).
§ Indicações → fratura vertebral ou de quadril, T-score ≤ 2,5, baixa massa óssea e mais de 3
fatores de risco, história prévia de fraturas por fragilidade (mesmo sem DMO).
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