Lei 6 2012
Lei 6 2012
Lei 6 2012
DIÁRIO DA REPÚBLICA
SUMÁRIO
ASSEMBLEIA NACIONAL
A Assembleia Nacional decreta, nos termos da alínea Trinta e sete anos depois de São Tomé e Príncipe ter
b) do artigo 97.º da Constituição, o seguinte: ascendido à comunidade das nações como uma nação
independente, dá agora ao prelo o seu primeiro texto de
Artigo 1.º Código Penal que vem substituir o Código Penal anterior,
Aprovação do Código Penal aprovado por Decreto Régio de 16 de Setembro de 1886,
que vigorou em todo o Império Português. Praticamente
É aprovado o Código Penal que faz parte integrante da a única compilação legislativa verdadeiramente nova e
presente Lei. adoptada pelo novo Estado nascente, foi a Constituição
da República, aprovada em 1 de Dezembro de 1975,
Artigo 2.º enquanto Lei Fundamental, mantendo-se em vigor quase
Remissões todo o acervo de leis que integravam os códigos coloni-
ais, ressalvando-se a sua não aplicação quanto às disposi-
1- Às questões relativas aos maus tratos ou sobrecarga ções que contrariassem o espírito do texto constitucional.
de menores e de subordinados e violência doméstica, O avoengo Código manteve-se em vigência com todas as
aplica-se o disposto nas Leis n.ºs 11 e 12 de 2008, de 29 alterações que lhe foram introduzidas até à data da Inde-
de Outubro, publicadas no Diário da República número pendência.
62 e subsidiariamente o disposto no artigo 152.º do Có-
digo Penal. As ligeiras alterações introduzidas foram feitas por
leis avulsas, sem revisões de fundo, quer na estrutura
2- Às questões relativas ao branqueamento de capital e sistémica, quer na filosofia, que inspirava o Código,
crimes económicos, aplica-se o disposto na Lei n.º como o foram:
9/2010, publicada no Diário da República número 83 de
27 de Setembro de 2010 e subsidiariamente o disposto no - O Decreto-Lei n.º 32/75, de 30 de Dezembro, ratifi-
artigo 272.º do Código Penal. cado pela Resolução n.º 1/76, de 28 de Agosto, que criou
o Tribunal Especial para os Actos Contra-
Artigo 3.º revolucionários, cujas decisões não admitiam recurso e
Revogações que tinha competência para julgar os crimes contra a
segurança interna e externa do Estado, nomeadamente: a
Salvo o disposto no artigo anterior são revogadas as assuada, a sedição, injúrias contra as autoridades ou força
disposições legais que contrariem as normas penais pre- pública no exercício das suas funções, ofensas corporais
vistas neste Código. contra autoridades e agentes de autoridade no exercício
das suas funções, a resistência, a desobediência, os boa-
Artigo 4.º tos e crimes de sabotagem económica;
Entrada em vigor
- O Decreto-Lei n.º 5/76, de 19 de Fevereiro, que em
O presente Diploma entra em vigor 3 meses após a sua comemoração de 3 de Fevereiro de 1953, mandava per-
publicação. doar as penas de prisão, multas e impostos de justiça aos
réus a que faltassem cumprir 6 meses ou menos de pri-
Assembleia Nacional, em São Tomé, aos 27 de Abril são, sem contudo extinguir nos termos do parágrafo 1.º
de 2012.- O Presidente da Assembleia Nacional, Evaristo do artigo 125.º do Código Penal, a responsabilidade civil
do Espírito Santo Carvalho. emergente dos factos praticados;
- A Lei n.º 7/2003, que consagrou o Regime de Coac- - Convenção Contra a Criminalidade Organizada
ção aplicável aos delinquentes e a Lei n.º 8/2003, que Transnacional, de 15 de Novembro de 2003;
veio novamente alterar a moldura penal estabelecida para
os crimes contra o património, desagravando-os. - Protocolo Adicional à Convenção Contra a Crimina-
lidade Organizada Transnacional, relativo à Prevenção, à
O antigo Código que, como se disse, continuou a vi- Repressão, e à Punição do Tráfico de Pessoas, em Espe-
gorar em São Tomé e Príncipe manteve-se também em cial de Mulheres e Crianças, de 15 de Novembro de
vigor em Portugal até Setembro de 1982, quando foi 2000;
adoptado o Novo Código Penal, aprovado por Decreto-
Lei n.º 400/82, de 29 de Setembro. - Protocolo Adicional à Convenção Contra a Crimina-
lidade Organizada Transnacional, Contra o Tráfico Ilícito
Sendo o direito penal são-tomense inspirado no direi- de Migrantes por Via Terrestre, Marítima e Aérea, de 15
to penal português e tendo o povo são-tomense sua espe- de Novembro de 2000;
cificidade e identidade próprias, as alterações introduzi-
das neste último sistema penal e a aprovação de um outro - Protocolo Adicional à Convenção Contra a Crimina-
código teriam forçosamente de se reflectir sobre o orde- lidade Transnacional, Contra o Fabrico e o Tráfico Ilícito
namento jurídico-penal são-tomense, impondo-se à ne- de Armas de Fogo, das suas Partes, Componentes e Mu-
cessidade de elaboração do seu próprio Código Penal, nições, de 31 de Maio de 2000;
baseado na defesa de valores diferentes dos do anterior,
com filosofia que lhe fosse intrínseca e norteado por - Convenção Contra a Corrupção, de 31 de Outubro
princípios inovadores inerentes às sociedades modernas e de 2003; Convenção Sobre a Repressão de Crimes Con-
que respondesse às actuais exigências que se colocam ao tra Pessoas Gozando de Protecção Internacional, incluin-
País. Neste sentido, no presente Código são criadas, com do os Agentes Diplomáticos, de 14 de Dezembro de
o surgimento de nova tipologia de crimes, as penas que 1973;
têm na base a criminalidade transfronteiriça, resultante de
maior mobilidade dos cidadãos em consequência do - Convenção Internacional Contra Tomada de Reféns,
elevado grau de desenvolvimento dos meios de transpor- de 17 de Dezembro de 1979; Convenção Internacional
te e comunicações que facilitam muito mais a circulação para Repressão de Atentados Terroristas à Bomba, de 15
de pessoas e bens e permitem uma troca mais rápida de de Dezembro de 1997;
informações.
- Convenção Internacional para a Eliminação do Fi-
Foi animado deste espírito que o legislador decidiu nanciamento do Terrorismo, de 9 de Dezembro de 1999;
elaborar o presente Código, onde para além de se ter Convenção Relativa às Infracções e a Certos Outros
adoptado uma arrumação sistémica diferente da anterior Actos Cometidos a Bordo de Aeronaves, de 14 de Se-
e expurgado o diploma dos institutos eivados duma obso- tembro de 1963;
lência que há várias décadas se tinham transformados em
letra morta, tais como os do desterro (artigos 62.º, 77.º e - Convenção para Repressão da Captura Ilícita de Ae-
98.º); de degredo (artigo 129.º), da pirataria (169.º), e da ronaves, de 16 de Dezembro de 1970; Convenção Sobre
punição do adultério da mulher (401.º), se consagrou a Protecção Física dos Materiais Nucleares, de 26 de
princípios inovadores destinados a combater o tráfico de Outubro de 1979;
pessoas, a violência contra as mulheres, o tráfico de pes-
soas para ablação dos órgãos e o seu comércio, a crimi- - Convenção para a Repressão de Actos Ilícitos Con-
nalidade organizada entre outros. tra a Segurança da Aviação Civil, de 23 de Setembro de
1971;
Por outro lado, este Código assenta-se em pressupos-
tos inerentes aos Estados de direito, em que o direito de - Protocolo de 1988 para a Repressão de Actos Ilíci-
punir deve sempre ter como corolário o dever social de tos de Violência nos Aeroportos ao Serviço da Aviação
reinserir, atendo-se ao princípio da culpa, na reintegração Civil Internacional, complementar à Convenção para a
social dos delinquentes, responsabilização das pessoas Repressão de Actos Ilícitos Contra a Segurança da Avia-
colectivas, no combate à criminalidade informática e ção Civil, de 24 de Fevereiro de 1988;
relacionada com as novas tecnologias, a punição dos
crimes sexuais com a protecção dos menores. - Convenção para Supressão de Actos Ilícitos Contra
a Segurança da Navegação Marítima, de 10 de Março de
Inovador foi também o facto de este Código ter inte- 1988;
grado princípios constantes das Convenções das Organi-
zações Regionais e Internacionais de que São Tomé e - Protocolo Adicional para a Supressão de Actos Ilíci-
Príncipe faz parte. tos Contra a Segurança das Plataformas Fixas localizadas
na Plataforma Continental, de 10 de Março de 1988 e
Dessas convenções saliente-se as seguintes: Convenção Relativa a Marcação dos Explosivos Plásti-
cos para fins de detecção, de 1 de Março de 1991.
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O Código sendo obra humana, não tem a pretensão de 3. Quando a lei vale para um determinado período de
ser perfeição acabada quando se sabe serem os homens tempo, continua a ser punido o facto criminoso praticado
seres imperfeitos. O seu objectivo principal consiste no durante esse período.
facto de colocar nas mãos dos práticos do direito um
instrumento de trabalho onde não sejam postos em causa 4. Quando as disposições penais vigentes no momento
os direitos e garantias dos cidadãos, só pelo facto de a da prática do facto punível forem diferentes das estabele-
sua conduta num dado momento colidir com o direito de cidas em leis posteriores, é sempre aplicado o regime que
punir, cujo monopólio pertence ao Estado. concretamente se mostre mais favorável ao agente se
tiver havido condenação, ainda que transitada em julga-
Com a aprovação do presente Código e o do Processo do, cessam a execução e seus efeitos penais logo que a
Penal, visa o Estado São-tomense dotar o seu sistema parte da pena que se encontra cumprida atinja o limite
penal de instrumentos mais modernos e céleres e prestar máximo da pena prevista na lei posterior.
aos cidadãos serviços jurídico-penais de maior qualidade,
o que implicará a necessidade de formação contínua dos Artigo 3.º
magistrados, advogados, funcionários de justiça e dos Momento da prática do facto
demais que no seu quotidiano fazem desses diplomas
legais os instrumentos de trabalho. O facto considera-se praticado no momento em que o
agente actuou ou no caso de omissão, deveria ter actua-
Nestes termos, a Assembleia Nacional decreta, nos do, independentemente do momento em que o resultado
termos da alínea b) do artigo 97°. da Constituição, o típico se tenha produzido.
seguinte:
Artigo 4.º
Aplicação no espaço: princípio geral
LIVRO I
Parte geral Salvo tratado ou convenção internacional em contrá-
rio, a lei penal da República Democrática de São Tomé e
Título I Príncipe é aplicável:
Da lei criminal a) A factos praticados em território da República
Democrática de São Tomé e Príncipe, seja qual
Capítulo único for a nacionalidade do agente;
Princípios gerais b) A factos praticados a bordo de navios ou aero-
naves são-tomenses.
Artigo 1.º
Princípio da legalidade Artigo 5.º
1. Só pode ser punido criminalmente o facto descrito e Factos praticados fora do território nacional
declarado passível de pena por lei anterior ao momento
da sua prática. 1. A lei penal da República Democrática de São Tomé
e Príncipe é ainda aplicável, salvo tratado ou convenção
2. A medida de segurança só pode ser aplicada a esta- em contrário:
dos de perigosidade desde que os respectivos pressupos- a) A factos praticados fora do território nacional
tos estejam fixados em lei anterior ao seu preenchimento. quando constituam os crimes previstos nos arti-
gos 240.º, 292.º, 304.º a 315.º, 359.º, 360.º, 367.º
3. Não é permitida a analogia para qualificar o facto a 385.º e 389.º a 414.º;
como crime, definir um estado de perigosidade, ou de- b) A factos praticados fora do território nacional,
terminar a pena ou medida de segurança que lhes corres- desde que o agente seja encontrado dentro da
ponde. República Democrática de São Tomé e Príncipe
e não possa ser extraditado, quando constituam
Artigo 2.º os crimes previstos nos artigos 159.º a 164.º,
Aplicação no tempo 172.º, 175.º, 176.º, 179.º, 180.º, 207.º a 211.º,
213.º, 214.º e 216.º;
1. As penas e as medidas de segurança são determina- c) A factos praticados fora do território nacional
das pela lei vigente no momento da prática do facto ou por são-tomenses ou por estrangeiros contra são-
do preenchimento dos pressupostos de que dependem. tomenses, sempre que:
I) Os agentes sejam encontrados na República Demo-
2. O facto punível segundo a lei vigente no momento crática de São Tomé e Príncipe;
da sua prática deixa de o ser se uma lei nova o eliminar II) Sejam também puníveis pela legislação do lugar
do número de infracções, neste caso e se tiver havido em que foram praticados, salvo quando nesse lugar não
condenação transitada em julgado, cessam execução e os se exerça poder punitivo;
seus efeitos penais. III) Constituam crime que admite extradição e esta
não possa ser concedida;
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3. O regime do número anterior não se aplica aos cri- 1. Salvo disposição em contrário, só as pessoas singu-
mes previstos na alínea a) do n.º 1 do artigo 5.º. lares são susceptíveis de responsabilidade criminal.
As disposições deste diploma são aplicáveis aos factos 6. São aplicáveis às pessoas colectivas ou entidades
puníveis pela legislação penal militar e da marinha mer- equiparadas as penas de multa e dissolução.
cante e por outras de carácter especial, salvo disposição
em contrário. 7. A pena de dissolução só é decretada quando se de-
monstre que a pessoa colectiva ou entidade equiparada
foi criada com a intenção exclusiva ou predominante de,
por meio dela, praticar os crimes pelos quais respondem
ou quando a prática reiterada de tais crimes mostre que a
pessoa colectiva ou entidade equiparada está a ser utili-
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Age com negligência quem, por não proceder com o 2. Pode ser declarado inimputável quem, por força de
cuidado a que, segundo as circunstâncias, está obrigado e uma anomalia psíquica grave, não acidental e cujos efei-
de que é capaz: tos não domina, sem que por isso possa ser censurado,
a) Representa como possível a realização de um fac- tem, no momento da prática do facto, a capacidade para
to correspondente a um tipo de crime, mas actua avaliar a ilicitude deste ou para se determinar de acordo
sem se conformar com essa realização; ou com essa avaliação sensivelmente diminuída.
b) Não chega sequer a representar a possibilidade da
realização do facto. 3. A comprovada incapacidade do agente para ser in-
fluenciado pelas penas pode constituir indício da situação
prevista no número anterior.
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2. Os actos preparatórios não são puníveis, salvo dis- São considerados autores:
posição em contrário. a) Quem executa o facto, por si mesmo ou por in-
termédio de outrem, ou tomar parte directa nessa
Artigo 22.º execução;
Tentativa b) Quem por acordo tácito ou expresso com outro ou
outros, tomar parte directa na execução ou actuar
1. Há tentativa quando o agente pratica actos de exe- conjuntamente em conjugação de esforços para a
cução de um crime que decidiu cometer, sem que este prática do mesmo crime;
chegue a consumar-se. c) Quem, desde que haja execução ou começo de
execução, determina directa e dolosamente outrem
2. São actos de execução: à prática do crime.
a) Os que preenchem um elemento constitutivo de
um tipo de crime; Artigo 27.º
b) Os que são idóneos a produzir o resultado típico; Cumplicidade
c) Os que, segundo a experiência comum e salvo cir-
cunstâncias imprevisíveis, são de natureza a fazer 1. É punível como cúmplice quem, dolosamente e por
esperar que se lhes sigam actos das espécies indi- qualquer forma, preste auxílio material ou moral à pratica
cadas nas alíneas anteriores. por outrem de um facto doloso.
Não é ilícito o facto praticado como meio adequado 3. O consentimento só é eficaz se prestado por quem
para afastar um perigo actual que ameaça interesses juri- tenha mais de 16 anos e possua discernimento necessário
dicamente protegidos do agente ou do terceiro, quando se para avaliar o seu sentido e alcance no momento em que
verifiquem os seguintes requisitos: o presta.
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4. Se o consentimento não for conhecido do agente, 2. Exceptuam-se os casos de prisão por dias livres, e
este é punível com a pena aplicável à tentativa. do n.º 1 do artigo 210.º, nº 2 do artigo 211.º, artigos 359.º
e 367.º.
Artigo 39.º
Consentimento presumido 3. O limite máximo da pena de prisão é de 25 anos nos
casos previstos na lei.
1. Ao consentimento efectivo é equiparado o consen-
timento presumido. 4. Em caso algum pode ser excedido o limite máximo
referido no número anterior.
2. Há consentimento presumido quando a situação em
que o agente actua permite razoavelmente supor que o Artigo 43.º
titular do interesse juridicamente protegido teria eficaz- Contagem dos prazos da pena de prisão
mente consentido no facto, se conhecesse as circunstân-
cias em que este é praticado. A contagem dos prazos das penas de prisão é feita se-
gundo os critérios estabelecidos na lei processual penal e,
Título III na sua falta, pelos da lei civil.
Das consequências jurídicas do crime
Artigo 44.º
Capítulo I Execução da pena de prisão
Disposições preliminares
1. A execução da pena de prisão serve a defesa da so-
Artigo 40.º ciedade e a prevenção de futuros crimes e deve ser orien-
Limites absolutos das penas e medidas de segurança tada no sentido da reintegração social do recluso, prepa-
rando-o para conduzir a sua vida de modo socialmente
1. Em caso algum há pena de morte. responsável, sem cometer crimes.
2. Em caso algum há penas privativas da liberdade ou 2. A execução das penas de prisão é regulada em le-
medidas de segurança com carácter perpétuo, de duração gislação especial, na qual são fixados os deveres e os
ilimitada ou indefinida. direitos dos reclusos.
2. Em caso algum a pena aplicada pode ultrapassar a 2. Se a multa não for paga, o condenado cumpre a pe-
medida da culpa. na de prisão aplicada na sentença.
3. A medida de segurança só pode ser aplicada se for 3. É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 5
proporcional à gravidade do facto e à perigosidade do do artigo 49.º.
agente e dura enquanto esta se verificar, não podendo ter
duração superior ao limite máximo da pena correspon- 4. É aplicável à multa que substituir a prisão o regime
dente ao crime referido. dos artigos 46.º e 47.º.
2. A pena de prisão por dias livres consiste numa pri- mónio da pessoa colectiva e, no caso de não ter persona-
vação da liberdade por períodos correspondentes a fim- lidade jurídica, o património comum e, na sua falta ou
de-semana, não podendo exceder 15 períodos. Cada insuficiência, solidariamente, o património pessoal de
período tem a duração mínima de 36 horas e máxima de cada um dos associados.
48, equivalendo a 4 dias de prisão contínua.
8. A multa aplicada a pessoas colectivas ou equipara-
3. Os dias feriados que antecedem ou se sigam imedia- das que não for voluntária ou coercivamente paga não
tamente a um fim-de-semana podem ser utilizados para pode ser convertida em prisão subsidiária.
execução desta pena, sem prejuízo da duração máxima
estabelecida para cada período. Artigo 49.º
Não pagamento de multa e sua substituição por tra-
Artigo 47.º balho
Regime de semi-detenção
1. Se a multa não for paga, terá lugar a execução dos
1. A pena de prisão aplicada em medida não superior a bens do condenado.
1 ano que não deva ser substituída por multa, nem cum-
prida por dias livres, pode ser executada em regime de 2. Se, porém, a multa não for paga voluntária ou coer-
semi-detenção, se o condenado der o seu consentimento. civamente, mas o condenado estiver em condições de
trabalhar e der o seu consentimento, é total ou parcial-
2. O regime de semi-detenção consiste numa privação mente substituída pelo número correspondente de dias de
de liberdade que permita ao condenado prosseguir a sua trabalho em obras ou oficinas do Estado ou de outras
actividade profissional normal, a sua formação profissio- pessoas colectivas de direito público.
nal ou os seus estudos, por força de saída estritamente
limitadas ao cumprimento das suas obrigações. 3. Quando a multa não for paga ou substituída por dias
de trabalho, nos termos dos números anteriores, é cum-
Artigo 48.º prida a pena de prisão aplicada em alternativa na senten-
Pena de multa ça.
1. A pena de multa é, em regra, fixada em dias, no mí- 4. O condenado pode a todo o tempo evitar total ou
nimo de 10 e no máximo de 300. parcialmente a execução da prisão subsidiária, pagando,
no todo ou em parte, a multa a que foi condenado.
2. Cada dia de multa corresponde, em regra, a uma
quantia entre 10.000 e 100.000 dobras que o tribunal 5. Se, todavia, o condenado provar que a razão do não
fixará em função da situação económica e financeira do pagamento da multa lhe não é imputável, pode a prisão
condenado e dos seus encargos pessoais. fixada em alternativa ser reduzida até 6 dias ou decretar-
se a dispensa da pena ou ainda ser suspensa por um perí-
3. Quando o tribunal aplicar a pena de multa é sempre odo até 2 anos com ou sem condições. Se as condições
fixada na sentença prisão em alternativa pelo tempo não forem cumpridas, executa-se a prisão subsidiária; se
correspondente reduzido a dois terços. o forem a pena é declarada extinta.
4. O regime previsto no número anterior é aplicado 6. Caso o agente se tenha colocado intencionalmente
aos casos em que tiver havido condenação em prisão e em condições de não pagar, total ou parcialmente, a mul-
multa. ta ou de não poder ser ela substituída por dias de traba-
lho, é punido com a pena prevista para o crime de deso-
5. Sempre que a situação económica e financeira do bediência qualificada.
condenado o justifique, o tribunal pode autorizar o pa-
gamento da multa dentro de um prazo que não exceda 1 Secção II
ano, ou permitir o pagamento em prestações, não poden- Suspensão da execução da pena
do a última delas ir além dos 2 anos subsequentes à data
da condenação. Dentro dos limites referidos e quando Artigo 50.º
motivos supervenientes o justifiquem, os prazos e os Pressupostos e duração
planos de pagamento inicialmente estabelecidos podem
ser alterados. 1. O tribunal pode suspender a execução da pena de
prisão aplicada em medida não superior a 3 anos, com ou
6. A falta de pagamento de uma das prestações impor- sem multa, bem como a da pena de multa imposta a con-
ta o vencimento de todas. denado que não tenha possibilidade de a pagar.
7. O regime previsto nos números 5 e 6 aplica-se com 2. A suspensão é decretada se o tribunal, atendendo à
as necessárias adaptações às pessoas colectivas ou equi- personalidade do agente, às condições da sua vida, à sua
paradas, respondendo pelo pagamento da multa o patri- conduta anterior e posterior ao facto punível, e às cir-
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cunstâncias deste, concluir que a simples censura do d) Não exercer determinadas profissões ou fre-
facto e a ameaça da pena basta para afastar o delinquente quentar certos meios ou lugares;
da criminalidade e satisfazer as necessidades de reprova- e) Não residir em certos lugares ou regiões ou não
ção e prevenção do crime. acompanhar, alojar ou receber determinadas
pessoas;
3. O tribunal se julgar conveniente e adequada às fina- f) Não frequentar certas associações ou participar
lidades da punição, subordina a suspensão da execução em determinadas reuniões;
da pena de prisão, nos termos dos artigos seguintes, ao g) Não ter em seu poder objectos capazes de facili-
cumprimento de deveres ou à observância de regras de tar a prática de crimes;
conduta, ou determina que a suspensão seja acompanha- h) Apresentar-se periodicamente perante o tribunal
da de regime de prova. ou outras entidades ou ser acompanhado por
técnico de reinserção social.
4. O regime de prova assenta num plano de reinserção 2. O tribunal pode determinar que os serviços de rein-
social, executado com vigilância e apoio, durante o tem- serção social apoiem e fiscalizem o condenado no cum-
po da suspensão, dos serviços de reinserção social. primento dos deveres ou regras impostos.
5. O regime de prova é ordenado sempre que o conde- 3. O tribunal pode ainda, obtido o consentimento pré-
nado não tiver completado ao tempo do crime, 21 anos vio do condenado, determinar a sua sujeição a tratamento
de idade. médico ou cura.
6. O plano de reinserção social a que se refere o n.º 4, 4. O tribunal não pode exigir do condenado nenhuma
assenta nos seguintes princípios: acção vexatória, nem impor-lhe qualquer dever contrário
a) Conter os objectivos da ressocialização a atingir aos bons costumes ou susceptível de ofender a sua digni-
pelo condenado, as actividades que este deva dade pessoal.
desenvolver, o respectivo fundamento e as me-
didas de apoio e vigilância a adoptar pelos ser- 5. Os deveres impostos podem ser modificados até ao
viços de reinserção social; termo do período de suspensão sempre que ocorram
b) Dar a conhecer ao condenado, obtendo-se sem- circunstâncias relevantes ou de que o tribunal só posteri-
pre que possível, o seu acordo prévio; ormente tenha tido conhecimento.
c) Receber visitas do técnico de reinserção social;
d) Informar esse técnico sobre as alterações de re- Artigo 52.º
sidência e de emprego, bem como qualquer des- Falta de cumprimento dos deveres ou regras de con-
locação superior a 8 dias e data previsível de re- duta
gresso; e
e) Obter autorização prévia do magistrado respon- Se durante o período da suspensão o condenado dei-
sável pela execução para se deslocar ao estran- xar de cumprir, com culpa, qualquer dos deveres ou re-
geiro. gras de conduta impostos na sentença, ou for punido por
outro crime, pode o tribunal, conforme os casos:
7. A decisão condenatória especifica sempre os fun- a) Fazer-lhe uma solene advertência;
damentos da sua suspensão. b) Exigir-lhe garantias do cumprimento dos deve-
res impostos ou impor novos deveres ou regras
8. O período de suspensão é fixado entre 1 e 5 anos, a de conduta;
contar do dia em que a decisão transitar em julgado. c) Prorrogar o período da suspensão até metade do
prazo inicialmente fixado, mas não por menos
Artigo 51.º de um ano, nem superior ao limite máximo pre-
Deveres ou regras de conduta que a podem condicio- visto no n.º 5, do artigo 50;
nar d) Revogar a suspensão da pena.
exigir a restituição das prestações que haja efectuado no 5. A prestação de trabalho a favor da comunidade é
cumprimento da suspensão. controlada por órgãos de serviço social.
3. No caso de a execução da pena resultar de revoga- 1. Pode ser demitido da função pública na sentença
ção da liberdade condicional, deve a mesma ser cumprida condenatória o funcionário que tiver praticado o crime
após o cumprimento das restantes penas. com flagrante e grave abuso da função que exerce ou
com manifesta e grave violação dos deveres que lhe são
4. Se a soma das penas que sucessivamente exceder inerentes.
seis anos de prisão, o tribunal coloca o condenado em
liberdade condicional, se dela não tiver antes aproveita- 2. O funcionário público pode ainda ser demitido
do, logo que se encontrem cumpridos cinco sextos da quando o crime, embora praticado fora do exercício da
soma das penas. função pública, revele que o agente é incapaz ou indigno
de exercer o cargo ou implique a perda da confiança
geral necessária ao exercício da função.
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4. Quando for decretada a demissão, deve o tribunal 1. É condenado na proibição de conduzir veículos motori-
comunicar a condenação á autoridade de que o funcioná- zados por um período fixado entre 1 mês e 2 anos quem for
rio depende. punido por crime cometido no exercício daquela condução
com grave violação das regras do trânsito rodoviário ou por
crime cometido com utilização de veículo e cuja execução
Artigo 65.º tiver sido por este facilitada de forma relevante.
Suspensão temporária da função 2. A proibição produz efeito a partir do trânsito em
julgado da decisão e pode abranger a condução de veícu-
1. O funcionário definitivamente condenado a pena de los motorizados de qualquer categoria ou de uma catego-
prisão, que não for demitido, incorre na suspensão do ria determinada.
cargo enquanto durar o cumprimento da respectiva pena.
3. A proibição de conduzir é comunicada aos serviços
2. À suspensão prevista no n.º anterior ligam-se os competentes e implica, para o condenado que for titular
efeitos que, de acordo com a legislação respectiva, de licença de condução, a obrigação de a entregar na
acompanham a sanção disciplinar de suspensão do exer- secretaria do tribunal ou em qualquer posto policial que a
cício de funções. remete àquela. Tratando-se de licença emitida em país
estrangeiro, com valor internacional, a entrega é substitu-
Artigo 66.º ída por anotação, naquela licença, da proibição decretada.
Efeitos da demissão e da suspensão
4. Não conta para o prazo da proibição o tempo em
1. Salvo disposição em contrário, a pena de demissão que o agente estiver privado da liberdade por força de
determina a perda de todos os direitos e regalias atribuídos medida de coacção processual, pena ou medida de segu-
aos funcionários públicos e igual efeito produz a suspensão rança.
relativamente ao período da sua duração.
5. Cessa o disposto no n.º 1 quando, pelo mesmo fac-
2. A pena de demissão não envolve a perda do direito à to, tiver lugar a aplicação da cassação ou da interdição da
aposentação ou à reforma, nem impossibilita o funcionário, concessão de licença.
após o cumprimento da pena, de ser nomeado para cargos
públicos ou lugares diferentes ou que podem ser exercidos Artigo 70.º
sem que o seu titular tenha as particulares condições de Expulsão de cidadãos estrangeiros
dignidade e de confiança que o cargo de que foi demitido
exige. 1. Os cidadãos estrangeiros condenados pela prática
de crime a que corresponda pena de prisão superior a 3
Artigo 67.º anos podem ser expulsos do território nacional, por um
Interdição de exercício de outras profissões ou direitos período entre 2 e 10 anos, se nele residirem há menos de
15 anos.
O disposto nos artigos 64.º, 65.º e 66.º é aplicável à inter-
dição de profissões ou actividades cujo exercício depende de 2. A aplicação do disposto no número anterior depen-
um título público ou de uma autorização ou homologação da de de, no caso concreto, razões de segurança interna,
autoridade pública; nestes casos o tribunal pode determinar, saúde pública ou de impedimento à continuação da acti-
em vez da demissão, a proibição do exercício da profissão ou vidade criminosa, impuserem a adopção da medida de
actividade. expulsão.
Se ao crime forem aplicáveis, em alternativa, pena 2. Serão consideradas para este efeito, entre outras, as
privativa e pena não privativa da liberdade, o tribunal dá circunstâncias seguintes:
preferência à segunda sempre que esta realizar de forma a) Ter o agente actuado sob a influência de ameaça
adequada e suficiente as finalidades da punição. grave ou sob o ascendente da pessoa de quem
depende ou a quem deve obediência;
Artigo 72.º b) Ter sido a conduta do agente determinada por
Determinação da medida da pena motivo honroso, por forte solicitação ou tenta-
ção da própria vítima ou por provocação injusta
1. A determinação da medida da pena, dentro dos limi- ou ofensa imerecida;
tes definidos na lei, é feita em função da culpa e exigên- c) Ter havido actos demonstrativos do arrependi-
cias de prevenção: mento sincero do agente, nomeadamente, a repa-
a) Sobre a pena abstracta correspondente ao crime ração, até onde lhe era possível, dos danos cau-
consumado fazem-se funcionar as circunstâncias sados;
agravantes modificativas da reincidência e da d) Ter decorrido muito tempo sobre a prática do
habitualidade criminal, previstas respectivamen- crime, mantendo o agente boa conduta;
te nos artigos 76.º e 78.º; e) O agente ser portador de imputabilidade dimi-
b) Cumprido o que dispõe a alínea anterior ou a nuída.
partir da pena abstracta correspondente ao crime
consumado se inexistirem circunstâncias agra- 3. Só pode ser tomada em conta uma única vez a cir-
vantes modificativas, considerar-se-ão as situa- cunstância que, por si mesma ou conjuntamente com
ções de atenuação especial da pena se, no caso, outras circunstâncias, der lugar simultaneamente a uma
existirem. atenuação especialmente prevista na lei e à prevista neste
2. Na determinação da medida concreta o tribunal artigo.
atende a todas as circunstâncias que, não fazendo parte
do tipo crime, nem tenham sido valoradas para determi- Artigo 74.º
nação da pena abstracta, deponham a favor do agente ou Termos de atenuação especial
contra ele, considerando, nomeadamente:
a) O grau de ilicitude do facto, o modo de execu- 1. Encontrada a pena concreta aplicável segundo as
ção deste e a gravidade das suas consequências, regras do n.º1 do artigo 72.º, havendo lugar à atenuação
bem como o grau de violação dos deveres im- especial da pena, observa-se o seguinte:
postos ao agente; a) O limite máximo da pena de prisão é reduzido a
b) A intensidade do dolo ou da negligência; um terço (1/3);
c) Os sentimentos manifestados na preparação do b) O limite mínimo da pena de prisão é reduzido a
crime e os fins ou motivos que o determinaram; um quarto (1/4) se for igual ou superior a 3 anos
d) As condições pessoais do agente e a sua situação e ao mínimo legal se for inferior;
económica; c) O limite máximo da pena de multa é reduzido a
e) A conduta anterior ao facto, quando essa falta um terço (1/3) e o limite mínimo é reduzido ao
deva ser censurada através da aplicação da pena; mínimo legal;
f) A gravidade da falta de preparação para manter d) Se o limite máximo da pena de prisão não for
uma conduta lícita, manifestada no facto, quan- superior a 3 anos a mesma pode ser substituída
do essa falta deva ser censurada através da apli- por multa, dentro dos limites gerais.
cação da pena.
2. A atenuação especial da pena não exclui a aplicação
3. Na sentença devem ser expressamente referidos os dos princípios que regulam a pena de multa, nem a pos-
fundamentos da medida da pena. sibilidade de suspensão da execução da pena.
1226 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 95– 6 de Agosto de 2012
1 Se, depois de uma condenação transitada em julga- É descontada, nos termos dos artigos anteriores, qual-
do, mas antes de a respectiva pena estar cumprida, pres- quer medida processual, prisão ou multa que o agente
crita ou extinta, se mostrar que o agente praticou, anteri- tenha sofrido, pelo mesmo ou pelos mesmos factos, no
ormente àquela condenação, outro ou outros crimes, são estrangeiro.
aplicáveis as regras do artigo anterior, sendo a pena que
já tiver sido cumprida descontada no cumprimento da Capítulo V
pena única aplicada ao concurso de crimes. Das medidas de segurança
3. Fica ressalvado, em qualquer caso, o prazo mínimo 1. Não pode iniciar-se a execução da medida de segu-
de internamento fixado no n.º 2 do artigo 85.º. rança de internamento, decorridos 2 anos ou mais sobre a
decisão que a tiver decretado, sem que seja apreciada a
Artigo 88.º subsistência dos pressupostos que fundamentaram a sua
Libertação a título de ensaio aplicação.
1. Decorridos os prazos mínimo de internamento, pode 2. O tribunal pode confirmar, suspender ou revogar a
o delinquente inimputável ser libertado a título de ensaio, medida decretada.
por um período mínimo de 2 anos, desde que haja sérias
razões para presumir que o internado já não oferece o Artigo 91.º
perigo da prática de novos factos ilícitos. Expulsão de estrangeiros inimputáveis
2. A decisão que concede a libertação impõe ao liber- Sem prejuízo do disposto em tratado ou convenção in-
tado os deveres considerados necessários à prevenção da ternacional a medida de internamento de inimputáveis
sua perigosidade e, em especial, o de se submeter a tra- estrangeiros pode ser substituída pela expulsão do territó-
tamentos e regime de cura apropriados e se prestar a rio nacional.
exames e observação nos lugares que lhe forem indica-
dos. Secção II
Interdição de profissões e actividades
3. Os internados postos em liberdade a título de ensaio
são colocados sob a vigilância tutelar de trabalhadores Artigo 92.º
sociais especializados ou de pessoa a escolher pelo tribu- Pressupostos e períodos de interdição
nal.
1. Aquele que for condenado por crime cometido com
4. Se o ensaio confirmar a cessação da perigosidade grave violação dos deveres inerentes à profissão, comér-
criminal, o tribunal converte em definitiva a libertação do cio ou indústria que exerce ou dele for absolvido só por
internado; de contrário, é ordenado o seu internamento falta de imputabilidade, pode ser interdito do exercício da
ou aplicada a medida que, nos termos da lei e em face da respectiva actividade por período de 1 a 5 anos quando,
conduta ou da personalidade do agente, se mostre mais em face do acto praticado e de personalidade do agente,
adequada. haja fundado receio de este vir a praticar outros crimes
que ponham em perigo, directa ou indirectamente, certas
5. Se durante o período de ensaio, e em face da condu- pessoas ou a colectividade.
ta do libertado, se verificar que não é adequado o regime
de liberdade, deve o tribunal ordenar o internamento do 2. O período da interdição conta-se a partir do trânsito
delinquente ou aplicar outra medida, nos termos da últi- em julgado da respectiva decisão, mas suspende-se du-
ma parte do número anterior. rante o cumprimento, pelo agente, de qualquer sanção
criminal privativa de liberdade.
Artigo 89.º
Liberdade experimental Artigo 93.º
Efeitos
A liberdade definitiva de um internado nos estabele-
cimentos destinados a inimputáveis, quando não tenha 1. Durante o período de interdição, o delinquente não
tido lugar a libertação a título de ensaio, é sempre prece- pode exercer a profissão, comércio ou indústria, nem
dida de um período de liberdade experimental não inferi- directamente, nem por interposta pessoa.
or a 2 anos nem superior a 5.
2. A violação da proibição contida no número anterior
2. É aplicável à liberdade experimental prevista no é punível com a pena prevista para o crime de desobedi-
número anterior o disposto nos nºs 2, 3, 4 e 5 do artigo ência qualificada.
anterior.
N.º 95– 6 de Agosto de 2012 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA 1229
Artigo 94.º
Retirada da licença e interdição da concessão da li- Artigo 95.º
cença de condução de veículo motorizado ou de arma Extinção de medidas
1. Em caso de condenação por crime praticado na Se decorridos os prazos previstos nos artigos 92.º e
condução de veículo motorizado ou com ela relacio- 94.º, se verificar, a requerimento do interdito que os
nado, ou com grosseira violação dos deveres que a um pressupostos da aplicação daquelas deixaram de subsistir,
condutor incumbem, ou de absolvição só por falta de o tribunal declara-as extintas.
imputabilidade, o tribunal decreta a retirada da licença
de condução quando, em face do facto praticado e de Secção III
personalidade do agente: Suspensão e reexame das medidas de segurança
a) Houver fundado receio de que possa vir a prati-
car outros factos da mesma espécie; ou Artigo 96.º
b) Dever ser considerado inapto para a condução Suspensão do internamento
de veículo motorizado.
1. O internamento de inimputáveis perigosos pode ser
2. Pode revelar a inaptidão referida na alínea b) do suspenso condicionalmente por um período de 2 a 5
número anterior a prática, entre outros, de factos que anos, desde que o tribunal conclua que à suspensão se
integrem os crimes de: não opõe a necessidade de prevenção da perigosidade.
a) Omissão de auxílio nos termos do artigo 276.º, se 2. É aplicável a este caso, o disposto nos n.ºs 2, 3 e 4
for previsível que dele pudessem resultar graves do artigo 88.º.
danos para a vida, o corpo ou a saúde de alguma
pessoa; 3. A suspensão da execução de internamento não pode
b) Condução perigosa de veículo rodoviário, nos ser decretada se o agente for simultaneamente condenado
termos do artigo 348.º; em pena privativa da liberdade e não se verificarem os
c) Condução de veículo em estado de embriaguez, pressupostos da suspensão da execução desta.
nos termos do artigo 349.º; ou
d) Facto ilícito típico cometido em estado de embri- Artigo 97.º
aguez, nos termos do artigo 353.º, se o facto prati- Suspensão da interdição da profissão
cado for um dos referidos nas alíneas anteriores.
1. Se não tiver havido condenação por falta de impu-
3. Quando decretar a retirada da licença de condução, tabilidade ou a execução da pena tiver sido suspensa, a
o tribunal determina que ao agente não pode ser concedi- interdição de profissão pode também ser suspensa por um
da nova licença de condução de veículos motorizados, de período de 2 a 5 anos, mas nunca inferior ao período de
qualquer categoria ou de uma categoria determinada. É suspensão da execução da pena.
correspondentemente aplicável o disposto nos nºs 2, 3 e 4
do artigo 69.º. 2. A suspensão da interdição pode ser acompanhada
da imposição dos deveres que o tribunal julgue necessá-
4. Se o agente relativamente ao qual se verificarem os rios.
pressupostos dos n.ºs 1 e 2 não for titular de licença de
condução, o tribunal limita-se a decretar a interdição de 3. Se a suspensão da execução da pena for revogada,
concessão de licença, nos termos do número anterior, caduca a suspensão da interdição.
sendo a sentença comunicada à entidade competente.
Artigo 98.º
5. Se contra o agente tiver sido já decretada interdição Revogação da suspensão
de concessão de licença nos 5 anos anteriores à prática do
facto, o prazo mínimo de interdição é de 2 anos. A con- 1. A suspensão do internamento ou da interdição de
cessão de nova licença está dependente de novo exame. profissão é revogada se a conduta do agente durante o
período fixado ou o conhecimento posterior de outras
6. É correspondentemente aplicável o disposto no n.º circunstâncias aconselharem a revogação.
2, do artigo anterior.
2. Não havendo lugar à revogação, a medida conside-
7. Igualmente, em caso de condenação por crime dolo- ra-se extinta findo o prazo da suspensão.
so praticado com utilização de arma, o tribunal pode
decretar a cassação da licença de uso e porte de arma
ponderadas às circunstâncias e à gravidade da conduta,
por um período de 2 a 8 anos.
8. Quando seja decretada a cassação do título de con-
dução, a obtenção do novo título, depende de exame Artigo 99.º
especial. Reexame das medidas de segurança
1230 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 95– 6 de Agosto de 2012
1. Não pode iniciar-se a execução de uma medida de 3. Cessando a causa da suspensão, pode o tribunal, em
segurança, decorridos 3 anos sobre a decisão que a decre- vez de ordenar a execução da pena que esteja por cum-
tou, sem que seja novamente apreciada pelo tribunal a prir, conceder logo a liberdade condicional ou decretar a
situação que lhe deu causa, salvo se o delinquente esteve suspensão da execução da pena.
sujeito durante esse tempo a outra medida privativa de
liberdade. Artigo 103.º
Simulação da anomalia psíquica
2. O tribunal pode confirmar, suspender condicional-
mente, converter ou revogar a medida de segurança. As alterações ao regime normal da execução da pena,
fundadas no que dispõem os artigos 100.º e 101.º, cadu-
Secção IV cam logo que se mostre que a anomalia psíquica do agen-
Do internamento de imputáveis portadores de anomalia te foi simulada.
psíquica
Capítulo VI
Artigo 100.º Da perda de coisas ou direitos relacionados com o crime
Internamento de imputáveis em estabelecimento des-
tinado a inimputáveis Artigo 104.º
Perda de objectos e produtos
1. Quando o delinquente não for declarado inimputá-
vel, mas se mostrar que, por virtude da anomalia psíquica 1. São declarados perdidos a favor do Estado os objec-
de que sofre, o regime dos estabelecimentos comuns lhe tos que tiverem servido ou estivessem destinados a servir
é prejudicial, ou que ele perturba seriamente esse regime, para a prática de um crime, ou que por este foram produ-
pode o tribunal ordenar o seu internamento em estabele- zidos quando pela sua natureza ou pelas circunstâncias
cimento destinado a inimputáveis, por tempo correspon- do caso ponham em perigo a segurança das pessoas, a
dente à duração da pena. moral ou a ordem pública, ou ofereçam sérios riscos de
serem utilizados para o cometimento de novos crimes.
2. O internamento previsto no número anterior não
prejudica a possibilidade de liberdade condicional, nem 2. A perda dos objectos tem lugar, ainda que nenhuma
impede o reinternamento do delinquente em estabeleci- pessoa determinada possa ser criminalmente perseguida
mentos comuns pelo tempo de privação de liberdade que ou condenada.
lhe falte cumprir, logo que cesse a causa determinante do
internamento em estabelecimento especial. 3. Os objectos declarados perdidos a favor do Estado a
que a lei não fixe destino especial e tenham valor econó-
Artigo 101.º mico, são vendidos, logo que transitada a decisão final,
Anomalia psíquica posterior à prática do crime em leilão anual a organizar pelo juiz presidente do tribu-
nal, devendo o produto da venda reverter para um fundo
1. Se a anomalia psíquica, com efeitos previstos nos próprio dos serviços prisionais.
artigos 85.º ou 100.º, sobrevier ao agente depois da práti-
ca do crime, o tribunal ordena o seu internamento nos 4. Se a lei não fixar destino especial aos objectos per-
estabelecimentos destinados a inimputáveis pelo tempo didos nos termos dos números anteriores, pode o juiz
correspondente à duração da pena. ordenar que sejam total ou parcialmente destruídos ou
postos fora do comércio ou entregar os mesmos a uma
2. O internamento anteriormente referido é descontado instituição pública adequada.
na pena, mas, independentemente da sua duração, o tri-
bunal pode conceder a liberdade condicional ao delin- Artigo 105.º
quente. Objectos de terceiro
4. Quando o direito de queixa tiver sido exercido por 2. Para determinação do máximo da pena aplicável a
várias pessoas, tanto a renúncia como a desistência exi- cada crime a que se refere o número anterior, não contam
gem o acordo de todas elas. as agravantes ou atenuantes que, dentro do mesmo tipo
de crime, modifiquem os limites da pena.
Artigo 112.º
Participação da autoridade pública 3. Quando a lei estabelecer para qualquer crime, em
alternativa ou conjuntamente, pena de prisão ou de multa,
Salvo disposição da lei em contrário, se o procedimen- só a primeira é considerada para efeito deste artigo.
to criminal depende de participação de autoridade públi-
ca, a participação por ela apresentada não pode ser objec- Artigo 115.º
to de renúncia nem retirada. Início do prazo
O disposto nos artigos anteriormente é aplicável, com 2. Porém, o prazo de prescrição só corre:
as necessárias adaptações, aos casos em que o procedi- a) Nos crimes permanentes, desde o dia em que
mento criminal depende de acusação particular. cesse a consumação;
b) Nos crimes continuados e nos crimes habituais,
Título V desde o dia da prática do último acto criminoso;
Da extinção da responsabilidade criminal c) Nos crimes não consumados, desde o dia do úl-
timo acto de execução.
Capítulo I
Prescrição do procedimento criminal 3. No caso de cumplicidade atende-se sempre, para os
efeitos desde artigo, ao facto do autor.
Artigo 114.º
Prazo de prescrição 4. Quando a produção de certo resultado não faz parte
do tipo de crime, o prazo de prescrição só corre a partir
1. O procedimento criminal extingue-se, por efeito da do dia em que o resultado se verifique.
prescrição, logo que sobre a prática do crime sejam de-
corridos os seguintes prazos: Artigo 116.º
a) 15 anos, quando se trate de crimes a que cor- Suspensão da prescrição
responda pena de prisão com um limite máximo
igual ou superior a 10 anos; 1. A prescrição do procedimento criminal suspende-se
b) 10 anos, quando se trate de crimes a que corres- para além dos casos especialmente previstos na lei, du-
ponda pena de prisão com um limite máximo rante o tempo em que:
igual ou superior a 5 anos, mas que não exceda a) O procedimento criminal não possa legalmente
10 anos; iniciar-se ou não possa continuar por falta de
c) 5 anos, quando se trate de crimes a que corres- uma autorização legal ou de uma sentença pré-
ponda pena de prisão com um limite máximo via a proferir por tribunal não penal, ou por efei-
igual ou superior a 1 ano, mas que não exceda 5 to da devolução de uma questão prejudicial para
anos; o juízo não penal;
d) 2 anos, nos casos restantes. b) O procedimento criminal esteja pendente, a par-
tir da notificação do despacho da pronúncia ou
2. São imprescritíveis os crimes previstos nos artigos: equivalente, salvo no caso do processo de ausen-
a) Art. 175.º - Abuso sexual de criança; tes;
b) Art. 178.º - Actos homossexuais com adolescen- c) O delinquente cumpra no estrangeiro uma pena
tes; ou uma medida de segurança privativa da liber-
c) Art. 181.º - Lenocínio e tráfico de menores; dade;
d) Art. 210.º - Genocídio; d) A sentença não puder ser notificada ao arguido
e) Art. 211.º - Crimes de guerra contra civis, feri- julgado na ausência.
dos, doentes e prisioneiros de guerra;
f) Art. 212.º - Subtracção as garantias do Estado de 2. No caso previsto na alínea b) do número anterior, a
direito são-tomense; suspensão não pode ultrapassar 2 anos, quando não haja
g) Art.215.º - Tortura e outros tratamentos cruéis, lugar a recurso, ou 3 anos, havendo-o.
degradantes ou desumanos;
h) Art. 216.º- Tortura e outros tratamentos cruéis, 3. A prescrição volta a correr a partir do dia em que
degradantes ou desumanos graves. cesse a causa da suspensão.
N.º 95– 6 de Agosto de 2012 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA 1233
1. A prescrição do procedimento criminal interrompe- 1. A prescrição da pena suspende-se, para além dos
se: casos especialmente previstos na lei, durante o tempo em
a) Com constituição de arguido; que:
b) Com a prisão; a) Por força da lei, a execução não puder começar ou
c) Com a notificação do despacho de pronúncia ou continuar a ter lugar;
equivalente; b) O condenado esteja a cumprir outra pena ou me-
d) Com a notificação do despacho que designa dia dida de segurança privativa da liberdade ou em
para audiência na ausência do arguido. execução de pena suspensa;
c) Perdure a dilação do pagamento da multa.
2. Depois de cada interrupção começa a correr novo
prazo prescricional. 2. A prescrição volta a correr a partir do dia em que
cesse a causa da suspensão.
3. A prescrição do procedimento criminal tem sempre
lugar quando, desde o seu início e ressalvado o tempo de Artigo 121.º
suspensão, tiver decorrido o prazo normal de prescrição Interrupção da prescrição
acrescido de metade. Quando, por força de disposição
especial, o prazo de prescrição for inferior a 2 anos, o 1. A prescrição da pena interrompe-se:
limite máximo da prescrição corresponde ao dobro desse a) Com a sua execução;
prazo. b) Com a prática, pela autoridade competente, dos
actos destinados a faze-la executar, se a execu-
Capítulo II ção se tornar impossível por o condenado se en-
Prescrição das penas contrar em local donde não possa ser extraditado
ou onde não possa ser alcançado.
Artigo 118.º
Prazos de prescrição 2. Depois de cada interrupção começa a correr novo
prazo de prescrição.
1. As penas prescrevem nos prazos seguintes:
a) 15 anos, se forem superior a 10 anos de prisão; 3. A prescrição da pena e da medida de segurança tem
b) 10 anos, se forem igual ou superiores a 5 anos sempre lugar quando, desde o início daquela e ressalvado
de prisão; o tempo de suspensão, tiver decorrido o prazo normal da
c) 5 anos, se forem igual ou superiores a 2 anos de prescrição acrescida de metade.
prisão;
d) 4 anos, nos casos restantes. Capítulo III
Outras causas de extinção
2. Quando ao crime forem aplicadas penas de várias
espécies, a prescrição de qualquer delas não se completa Artigo 122.º
sem que as restantes hajam prescrito também. Morte do agente
3. O prazo de prescrição começa a correr no dia em A morte do agente extingue tanto o procedimento cri-
que transitar em julgado a decisão que aplicou a pena. minal como a pena ou medida de segurança.
A prescrição da pena principal envolve a prescrição da 2. No caso de concurso de crimes, a amnistia é aplicá-
pena acessória que ainda não tiver sido executada, bem vel a cada um dos crimes a que foi concedida.
como dos efeitos da pena que ainda se não tenha verifi-
cado. 3. A amnistia pode ser subordinada ao cumprimento
de certos deveres e não prejudica a indemnização de
perdas e danos que for devida.
1234 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 95– 6 de Agosto de 2012
É punido com pena de prisão de 1 a 5 anos quem for 3. Se do crime resultar a morte, que poderia ser previs-
levado a matar outrem dominado por compreensível ta pelo agente como consequência necessária da conduta,
emoção violenta ou por compaixão, desespero ou outro a prisão é de 2 a 8 anos.
motivo de relevante valor social ou moral, que diminua
sensivelmente a sua culpa. 4. Se o perigo para a vida a que se refere o n.º 1 estiver
ligado à idade, doença ou fragilidade da vítima, a pena é
Artigo 132.º de 2 a 5 anos.
Homicídio a pedido da vítima
5. Se, no caso dos números anteriores, a exposição ou
1. Quem matar outra pessoa maior determinado pelo abandono for levado a cabo pela mãe para ocultar a sua
pedido insistente, consciente, livre e expresso que ela lhe desonra e não tiver ocorrido a morte, a pena não pode
fez é punido com pena de prisão até 3 anos. exceder 2 anos; se, porém, resultar a morte, que poderia
2. A tentativa é punível. ser prevista como consequência necessária da conduta, a
pena é a de prisão até 4 anos.
Artigo 133.º
Incitamento ou ajuda ao suicídio Capítulo II
Dos crimes contra a vida intra-uterina
1. Quem incitar outrem a suicidar-se, ou lhe prestar
ajuda para esse fim, é punido com prisão até 3 anos, se o Artigo 137.º
suicídio vier efectivamente a ser tentado ou a consumar- Aborto
se.
1. Quem, por qualquer meio e sem consentimento da
2. Se a pessoa incitada ou a quem se presta ajuda for mulher grávida, a fizer abortar é punido com prisão de 2
menor de 16 anos, inimputável, ou tiver a sua capacidade a 8 anos.
sensivelmente diminuída, por qualquer motivo, a pena é
de prisão de 2 a 8 anos. 2. Quem, por qualquer meio e com consentimento da
mulher grávida, a fizer abortar, fora dos casos previstos
Artigo 134.º no artigo seguinte, é punido com prisão até 3 anos.
Homicídio por negligência
3. Na mesma pena incorre a mulher grávida que, fora
1. Quem, por negligência, causar a morte de outrem é dos casos previsto no artigo seguinte, der consentimento
punido com prisão até 2 anos. ao aborto causado por terceiro, ou que, por facto próprio
ou de outrem, se fizer abortar.
2. Quando a negligência for grosseira a pena é a de
prisão até 4.
1236 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 95– 6 de Agosto de 2012
sibilidade de utilizar o corpo, os sentidos ou lin- primeiro ou quando o agente tiver unicamente exercido
guagem; retorsão sobre o agressor.
c) Provocar-lhe perigo para a vida, doença particu-
larmente dolorosa ou permanente, ou outra enfer- Artigo 146.º
midade ou anomalia psíquica grave e incurável ou Ofensas corporais por negligência
aborto é punido com prisão, de 2 a 6 anos.
1. Quem por negligência causar, ofensas no corpo ou
Artigo 143.º na saúde de outrem, é punido com prisão até 6 meses ou
Ofensas corporais com dolo de perigo multa até 60 dias.
1. Quem, através de uma ofensa para o corpo ou para a 2. No caso previsto no numero anterior, o tribunal po-
saúde de outrem, criar para o ofendido um perigo para de isentar de pena sempre que a culpa se revele sensi-
vida ou o perigo de verificação dos efeitos previstos no velmente diminuída e quando:
artigo anterior é punido com prisão até 3 anos. a) O agente for médico no exercício da sua profissão
2. A mesma pena é aplicável a quem cometa uma e do acto médico não resultar doença ou incapaci-
ofensa contra o corpo ou contra a saúde de outrem, utili- dade para o trabalho por mais de 8 dias; ou
zando meios particularmente perigosos ou insidiosos, b) Da ofensa não resultar doença ou incapacidade
juntamente com 3 ou mais pessoas, ou quando o meio para o trabalho por mais de 3 dias.
empregado se traduz na prática de um crime de perigo
comum. 3. Se do facto resultar uma ofensa corporal grave, nos
termos do artigo 142.º, ou a criação de um perigo para a
3. A pena é de 1 a 5 anos quando o agente comete uma vida, nos termos do artigo 143.º, a pena é de prisão até 1
ofensa contra o corpo ou contra a saúde de alguma das ano ou multa até 100 dias.
pessoas indicadas na alínea h) do n.º 2 do artigo 130.º e
nas circunstâncias referidas na alínea i) da mesma dispo- 4. O procedimento criminal depende de queixa.
sição.
Artigo 147.º
Artigo 144.º Envenenamento
Agravação pelo resultado
1. Quem ministrar substâncias venenosas ou outras de
1. Quem, em virtude de ofensa corporal ou à saúde de natureza análoga com intenção de prejudicar a saúde
outrem causar a morte do ofendido é punido com prisão física ou psíquica do ofendido é punido com prisão de 2 a
de 1 a 5 anos, no caso do artigo 141.º, e com prisão de 2 6 anos.
a 8 anos, no caso dos artigos 142.º e 143º.
2. Se o agente, querendo apenas criar a situação pre-
2. Se o agente, querendo tão só produzir as ofensas vista no n.º 1, vier causar as ofensas previstas no artigo
previstas no artigo 141.º ou criar a situação prevista no 142º, é punido com prisão de 3 a 9 anos.
artigo 143.º, vier a causar as ofensas previstas no artigo
142.º, é punido com prisão até 3 anos ou de 1 a 5 anos, 3. Se o agente, querendo apenas criar a situação pre-
consoante se verifique o caso do artigo 141.º ou do artigo vista no n.º 1 vier a causar a morte do ofendido, é punido
143.º. com prisão de 6 a 12 anos.
1. Quem causar uma ofensa no corpo ou na saúde de 1. Os bens jurídicos violados por ofensas no corpo ou
outrem é punido, quando se verifiquem as circunstâncias na sua saúde consideram-se livremente disponíveis pelo
previstas no artigo 131.º: seu titular quando o facto não ofenda os bons costumes.
a) Com prisão até 6 meses ou multa até 60 dias, ou
mesmo isento da pena, no caso do artigo 141.º; 2. Para se decidir sobre a ofensa no corpo ou na saúde
b) Com prisão até 1 ano, nos casos dos artigos contrária aos bons costumes toma-se em conta, nomea-
142.º, 143.º e n.º 2 do artigo 144.º; damente, os motivos e os fins do agente ou do ofendido,
c) Com prisão até 2 anos, no caso do n.º 1 do artigo bem como os meios empregados e a amplitude previsível
144.º. da ofensa.
1. O tiro de arma de fogo, o emprego de uma arma de 4. Se dos factos previstos nos números anteriores re-
arremesso contra alguma pessoa, posto que quaisquer sultar:
destes factos não sejam classificados como tentativa de c) Ofensa à integridade física grave, o agente é pu-
homicídio, nem deles resultem ferimento ou contusão, e nido com pena de prisão de 1 a 5 anos;
bem assim a ameaça, com quaisquer das ditas armas, em d) A morte, o agente é punido com pena de prisão
disposição de ofender, ou feita por uma reunião de três de 2 a 8 anos.
ou mais indivíduos, em disposição de causar mal imedia- 5. Nos casos de maus tratos previstos no n.º 3 do pre-
to, considera-se ofensa corporal e são punidos: sente artigo, ao arguido pode ser aplicada a pena acessó-
a) O tiro de arma de fogo ou o emprego de qual- ria de proibição de contacto com a vítima, incluindo a de
quer arma de arremesso, com prisão até 1 ano; afastamento da residência desta, pelo período de 3 anos.
b) A ameaça com arma de fogo ou qualquer arma
de arremesso, em disposição de ofender, com 6. Nos casos previstos nos n.ºs 1 e 3 o procedimento
prisão até 6 meses; criminal depende de queixa.
c) A ameaça feita por três ou mais indivíduos em
disposição de causar mal imediato, com prisão Capítulo IV
até 2 anos. Dos crimes contra a liberdade das pessoas
4. A punição por este crime não consome aquela que Artigo 157.º
couber aos meios empregados para executar. Requisitos do consentimento
5. Se o facto tiver lugar entre cônjuges, ascendentes e Para efeitos do artigo anterior, o consentimento só é
descendentes ou adoptantes e adoptados, ou entre pessoas eficaz quando o paciente tiver sido devidamente esclare-
que vivam em situação análoga às dos cônjuges, o proce- cido sobre a índole, alcance, envergadura e possíveis
dimento criminal depende de queixa. consequências da intervenção ou do tratamento, salvo se
isso implicar o esclarecimento de circunstâncias que, a
Artigo 155.º serem conhecidas do paciente, poriam em perigo a sua
Coacção grave vida ou seriam susceptíveis de lhe causar grave dano à
saúde física ou psíquica.
1. Quando a coacção for feita:
a) Através da ameaça de crime a que corresponda Artigo 158.º
pena superior a 3 anos de prisão; Sequestro
b) Por funcionário, com grave abuso da sua autori-
dade; 1. Quem detiver, prender, mantiver presa ou detida ou-
c) Através de ameaça da qual resulte, como conse- tra pessoa, ou de qualquer forma a privar da sua liberda-
quência adequada, suicídio ou tentativa de sui- de, é punido com prisão até 4 anos.
cídio da pessoa ameaçada ou aquela sobre a qual
o mal deve recair; 2. A prisão é, porém, de 2 a 10 anos se a privação da
d) Sobre as pessoas referidas na alínea h) do n.º 2 liberdade:
do artigo 130.º, a pena é de prisão até 3 anos. a) Durar por mais de 2 dias;
b) For precedida ou acompanhada de agressão à in-
2. No caso das alíneas b) do número anterior, se a co- tegridade física, tortura, tratamento cruel e de-
acção visar obter dinheiro, serviços ou qualquer outra sumano ou com emprego de outros meios vio-
coisa que seja devida, a prisão pode elevar-se a 5 anos. lentos;
c) For praticada com o falso pretexto de que a ví-
Artigo 156.º tima sofria de anomalia psíquica;
Intervenção e tratamento médico-cirúrgicos arbitrá- d) For praticada mediante simulação de autoridade
rios pública, ou por funcionário com grave abuso de
autoridade;
1. As pessoas indicadas no artigo 149.º que, em vista e) Tiver como resultado o suicídio, privação da ra-
dos fins também nele apontados, fizerem intervenções ou zão ou incapacidade permanente para o trabalho
tratamento sem consentimento do paciente são punidos da vítima;
com prisão até 3 anos ou multa até 300 dias. f) Ocorrer depois de o ofendido ter sido fraudulen-
tamente atraído a um local em termos de não
2. O agente não é punido quando o consentimento: poder socorrer-se da autoridade pública ou de
a) Só puder ser obtido com o adiamento que impli- terceiros para se livrar de detenção;
que um perigo para a vida ou um grave perigo g) For praticada por duas ou mais pessoas.
para o corpo ou para a saúde;
1240 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 95– 6 de Agosto de 2012
2. É correspondentemente aplicável o disposto no n.ºs coito anal ou coito oral, é punido com pena de prisão de
2 e 3 do artigo 162º. 3 a 10 anos.
3. Quem se aproveitar da tomada de reféns cometida 2. Quem, abusando de autoridade resultante de uma
por outrem, com a intenção e para as finalidades de cons- relação de dependência hierárquica, económica ou de
trangimento referidas no n.º 1, é punido com as penas trabalho, constranger outra pessoa, por meio de ordem ou
previstas nos números anteriores. ameaça não compreendida no número anterior, a sofrer
ou a praticar cópula, coito anal ou coito oral, consigo ou
Artigo 164.º com outrem, é punido com pena de prisão até 4 anos.
Rapto de menor
Artigo 168.º
1. Quem raptar ou privar de liberdade menor de 16 Abuso sexual de pessoa incapaz de resistência
anos com a intenção de o explorar ou obter recompensa
pela sua entrega ou com intenções libidinosas ou de utili- 1. Quem praticar acto sexual de relevo com pessoa in-
zação na prostituição é punido com prisão de 5 a 10 anos. consciente ou incapaz, por outro motivo, de opor resis-
tência, aproveitando-se do seu estado ou incapacidade, é
2. Se o crime for acompanhado de alguma das circuns- punido com pena de prisão de 1 a 5 anos.
tâncias previstas no n.º 2 do artigo 162.º, a pena é a de
prisão de 8 a 15 anos. 2. Quem, nos termos previstos no número anterior,
praticar com outra pessoa cópula, coito anal ou coito
3. Se dos maus-tratos referidos no número anterior re- oral, é punido com pena de prisão de 2 a 5 anos.
sultar a morte, a pena é de prisão de 10 a 20 anos.
Artigo 169.º
Artigo 165.º Abuso sexual de pessoa internada
Desistência ou libertação
1. Quem, aproveitando-se das funções ou do lugar
Nos casos dos artigos 162.º a 164.º, se o agente volun- que, a qualquer título, exerce ou detém em:
tariamente renunciar à sua pretensão e libertar a vítima, a) Estabelecimento onde se executem reacções
ou se esforçar seriamente por conseguí-lo, pode a pena criminais privativas da liberdade;
ser especialmente atenuada ou, em casos excepcionais, b) Hospital, hospício, asilo, clínica de convales-
ser isento de pena. cença ou de saúde, ou outro estabelecimento
Capítulo V destinado a assistência ou tratamento; ou
Dos crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual c) Estabelecimento de educação ou correcção;
Praticar acto sexual de relevo com pessoa que aí
Secção I se encontre internada e que de qualquer modo
Crimes contra a liberdade sexual lhe esteja confiada ou se encontre ao seu cuida-
do é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.
Artigo 166.º
Coacção sexual e assédio 2. Quem, nos termos previstos no número anterior,
praticar com outra pessoa cópula, coito anal ou coito oral
1. Quem, por meio de violência, ameaça grave, ou de- é punido com pena de prisão de 2 a 8 anos.
pois de, para esse fim, a ter tornado inconsciente ou posto
na impossibilidade de resistir, constranger outra pessoa a Artigo 170.º
sofrer ou a praticar, consigo ou com outrem, acto sexual Acto sexual de relevo e cópula mediante fraude
de relevo, é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.
1. Quem, aproveitando-se fraudulentamente de erro
2. Quem, abusando de autoridade resultante de uma sobre a sua identidade pessoal, praticar com outra pessoa
relação de dependência hierárquica, económica ou de acto sexual de relevo é punido com pena de prisão até 1
trabalho, constranger outra pessoa, por meio de ordem ou ano.
ameaça não compreendida no número anterior, a sofrer
ou a praticar acto sexual de relevo, consigo ou com ou- 2. Quem, nos termos previstos no número anterior,
trem, é punido com pena de prisão até 3 anos. praticar com outra pessoa cópula, coito anal ou coito oral
é punido com pena de prisão até 2 anos.
Artigo 167.º
Violação
7. Se os factos referidos nos artigos, 175.º, 176.º, 3. A boa fé exclui-se quando o agente não tiver cum-
179.º, 180.º e 181.º, forem praticados pelos representan- prido o dever de informação que as circunstâncias do
tes ou órgãos de pessoa colectiva ou equiparada, em caso impunham, sobre a verdade da imputação.
nome destas e no interesse colectivo, são as mesmas
responsáveis criminalmente, sendo puníveis em pena de 4. Quando a imputação for facto que constitua crime, é
multa a fixar entre 10 milhões e 500 milhões de dobras, também admissível a prova, mas limitada à resultante de
podendo ainda ser decretada a sua dissolução. condenação por sentença transitada em julgado.
1. O procedimento criminal pelos crimes previstos nos 1. Quem injuriar outrem imputando-lhe factos, mesmo
artigos 166.º a 168.º, 170.º, 171.º e 174.º a 178.º depende sob a forma de suspeita, ou dirigindo-lhe palavras, ofen-
de queixa, salvo quando de qualquer deles resultar suicí- sivas da sua honra ou consideração, é punido com prisão
dio ou morte da vítima. até 3 meses ou multa até 60 dias.
2. Nos casos previstos no número anterior, quando o
crime for praticado contra menor de 14 anos, pode o 2. Tratando-se de imputação de factos, são aplicáveis
Ministério Público dar início ao procedimento se o inte- as regras dos n.ºs 2, 3 e 4 do artigo anterior.
resse da vítima o impuser.
Artigo 187.º
3. Nos crimes contra a liberdade e auto determinação Equiparação à difamação ou injúria
sexual de menor não agravados pelo resultado, o Ministé-
rio Público, tendo em conta o interesse da vítima, pode A difamação ou injúria verbais são equiparadas às fei-
determinar a suspensão provisória do processo, com a tas por escrito, gestos, imagens ou qualquer outro meio
concordância do juiz de instrução e do arguido, desde de expressão.
que não tenha sido aplicada anteriormente medida similar
por crime da mesma natureza. Artigo 188.º
Publicidade e calúnia
Artigo 184.º
Inibição do poder paternal e proibição do exercício de 1. As penas da difamação ou injúrias são elevadas de
funções um terço (1/3) nos seus limites mínimo e máximo:
a) Se tais crimes forem praticados por meios que
Quem for condenado por crime previsto nos artigos facilitem a divulgação da ofensa;
166.º a 181.º pode, atenta a concreta gravidade do facto e b) Se, quando for admissível a prova dos factos, se
a sua conexão com a função exercida pelo agente, ser averiguar que o agente conhecia a falsidade da
inibido do exercício do poder paternal, da tutela ou da imputação.
curatela ou impedido do exercício de profissão ou fun- c) Se o crime for cometido através dos meios de
ções que, a qualquer título, incluam actividades que im- comunicação social, a prisão pode elevar-se a 2
pliquem ter menores sob sua responsabilidade ou vigi- anos ou multa até 200 dias.
lância, por um período de 2 a 15 anos.
Artigo 189.º
Capítulo VI Agravação
Dos crimes contra a honra As penas previstas nos artigos anteriores são elevadas
de metade, nos seus limites mínimo e máximo, se a víti-
Artigo 185.º ma for uma das pessoas referidas na alínea h) do n.º 2 do
Difamação artigo 130.º, no exercício das suas funções ou por causa
delas ou se o agente for funcionário e praticar o facto
1. Quem, dirigindo-se a terceiros, imputar a outra pes- com grave abuso de autoridade.
soa, mesmo sob a forma de suspeita, um facto, ou repro-
duzir uma tal imputação ou juízo, é punido com prisão Artigo 190.º
até 6 meses ou multa até 90 dias. Ofensa à memória de pessoa falecida
3. Têm legitimidade para exercer o direito de queixa meio que facilite a sua divulgação, o tribunal ordena o
por este crime, os ascendentes, descendentes e o cônjuge conhecimento público da sentença.
não separado judicialmente.
2. O conhecimento público referido no número ante-
Artigo 191.º rior depende de requerimento do ofendido ou de quem o
Imputações equívocas represente ou integre a sua vontade no exercício do direi-
to de queixa, devendo a sentença determinar a formar e o
Quando a imputação de um facto ou a formulação de prazo do seu cumprimento.
um juízo, a que se referem os artigos anteriores, forem 3. Se a ofensa tiver sido feita em publicação periódica,
feitas de forma imprecisa ou equívoca, pode, quem se o conhecimento público da condenação deve ser dado
julgue por eles ofendido ou quem representa na titulari- através de inserção da sentença, sem quaisquer comentá-
dade do direito de queixa, pedir ao seu autor esclareci- rios, no lugar correspondente da mesma publicação e em
mentos em juízo. Se o interpelado se recusar a dá-los ou, caracteres iguais àqueles em que a ofensa foi publicada.
segundo o critério do juiz não os der satisfatoriamente, Se a ofensa tiver sido feita pela radiodifusão ou pela
responde pela injúria ou difamação, conforme os casos. televisão deve o tribunal fixar os termos do conhecimen-
to público da sentença, sem quaisquer comentários, por
Artigo 192.º forma a que este se aproxime, tanto quanto possível, das
Explicações condições em que aquela ofensa foi divulgada.
É isento de pena quem, antes da sentença, der em juí- 4. O conhecimento público é feito, sempre que possí-
zo explicações satisfatórias da difamação ou injúria de vel, a expensas do agente.
que for acusado, se o ofendido, quem o representa ou
integre a sua vontade como titular do direito de queixa, 5. Incorre na pena prevista para o crime de desobedi-
as aceitar como suficientes. ência qualificada quem desobedecer à ordem do tribunal
destinada, nos termos dos n.ºs 2 e 3 do presente artigo, a
Artigo 193.º dar conhecimento público da condenação.
Retorsão
Capítulo VII
1. Quando a difamação ou injúria for provocada por Dos crimes contra a reserva da vida privada
uma conduta ilícita ou repreensível do ofendido, pode o
agente ser isento de pena. Artigo 197.º
Introdução em casa alheia
2. Se o ofendido ripostar imediatamente com uma in-
júria ou difamação a outra injúria ou difamação simples 1. Quem se introduzir na habitação de outra pessoa,
ou um só deles, conforme as circunstâncias, pode o agen- contra a vontade expressa ou presumida de quem de
te ser isento de pena. direito, ou nela permanecer depois de intimado a retirar-
se, é punido com prisão até 1 ano ou multa até 100 dias.
Artigo 194.º
Injúrias através de ofensas corporais 2. Se o crime for cometido de noite ou em lugar ermo,
ou com emprego de violência, com uso de armas ou
Quem cometer contra outrem uma ofensa corporal mediante arrombamento, escalonamento, chaves falsas
que, pela sua natureza, meio empregado ou outras cir- ou por duas ou mais pessoas, ou simulando autoridade
cunstâncias, revela intenção de injuriar, é punido com a pública, a pena é de prisão de 1 a 5 anos, salvo se ao
pena do crime de injúrias, salvo se ao crime de ofensas meio empregado corresponder pena mais grave, que é
corporais, corresponder concretamente pena mais grave, então aplicada cumulativamente com a dos n.ºs 1 ou 2,
que, neste caso, se aplica. conforme o caso.
O procedimento criminal pelos crimes previstos neste 1. Quem, contra vontade expressa ou presumida de
capítulo depende de acusação particular, salvo os casos quem de direito, entrar ou permanecer em pátios, jardins
do artigo 189.º, em que é suficiente a queixa. ou espaços vedados anexos à habitação, barcos ou outras
meios de transporte, lugar vedado e destinado a um ser-
Artigo 196.º viço ou empresa público, a um serviço de transporte ou
Publicação da sentença exercício de profissões ou actividades, ou em qualquer
outro lugar reservado ou não livremente acessível ao
1. Quando a difamação ou injúria tiver sido cometida público, é punido com prisão até 3 meses ou multa até 60
publicamente em assembleia, reunião ou em qualquer dias.
1246 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 95– 6 de Agosto de 2012
tamento puder causar prejuízo ao Estado ou a terceiros, é b) Ofensa grave à integridade física ou psíquica de
punido com prisão até 2 anos ou multa até 200 dias. membros da comunidade ou do grupo;
c) Sujeição da comunidade ou do grupo a condi-
Artigo 206.º ções de existência ou a tratamentos desumanos,
Exclusão de ilicitude susceptíveis de virem a provocar a destruição da
comunidade ou do grupo;
O facto previsto no artigo anterior não é punível se for d) Transferência violenta de crianças para outra
revelado no cumprimento de um dever jurídico sensivel- comunidade ou outro grupo ou impedimento de
mente superior ou visar um interesse em conflito e os procriação ou nascimentos no grupo;
deveres de informação que, segundo as circunstâncias, se é punido com prisão de 10 a 25 anos.
impõe ao agente, se puder considerar meio adequado
para alcançar aquele fim. 2. É punido com prisão de 1 a 5 anos quem, em reu-
nião pública, por escrito destinado à divulgação ou atra-
Título II vés de qualquer meio de comunicação social:
Dos Crimes contra a paz e humanidade a) Difamar ou injuriar uma pessoa ou um grupo de
pessoas ou expuser as mesmas a desprezo públi-
Capítulo I co por causa da raça, da sua cor ou da sua ori-
Dos crimes contra a paz gem étnica;
b) Provocar actos de violência contra pessoa ou
Artigo 207.º grupos de pessoas de outra raça, de outra cor ou
Incitamento à guerra de outra origem étnica.
do de direito são-tomense, é punido com prisão de 3 a 10 c) A intimidar ou para intimidar outra pessoa;
anos. é punido com pena de prisão de 1 a 5 anos, se
2. Na mesma pena incorre quem, pelos mesmos meios, pena mais grave lhe não couber por força de ou-
impedir outrem de abandonar aquela situação de perigo tra disposição legal.
ou o forçar a permanecer nela.
2. Na mesma pena incorre quem, por sua iniciativa
Artigo 213.º ou por ordem de superior, usurpar a função referida no
Destruição de monumentos culturais e históricos número anterior para praticar qualquer dos actos aí
descritos.
Quem, violando as normas de princípios de direito in- 3. Considera-se tortura, tratamento cruel, degradan-
ternacional geral ou comum, em tempo de guerra, de te ou desumano, o acto que consista em infligir sofri-
conflito armado, ou durante a ocupação sem necessidade mento físico ou psicológico agudo, cansaço físico ou
militar, destruir ou danificar monumentos culturais e psicológico grave ou no emprego de produtos quími-
históricos ou estabelecimentos afectos à ciência, às artes, cos, drogas ou outros meios, naturais ou artificiais,
à cultura, à religião ou fins humanitários, é punido com com intenção de perturbar a capacidade de determina-
prisão de 3 a 10 anos. ção ou a livre manifestação de vontade da vítima.
2. Se o valor da coisa não for superior a dois terços 6. Se o valor da coisa furtada for inferior a metade
(2/3) do vencimento correspondente ao índice cem (100) (1/2) do salário correspondente ao índice cem da Função
da função pública, o agente é punido com prisão até 40 Pública, as circunstâncias previstas no n.º 1 funcionam
dias ou multa até 30 dias, podendo ainda o agente ser como meras agravantes de carácter geral.
isento de pena pelo tribunal.
3. A tentativa é punível. Artigo 222.º
Furto de uso de veículo
4. O procedimento criminal depende de queixa.
1. Quem utilizar automóvel ou outro veículo motori-
zado, aeronave, barco, canoa ou bicicleta sem autoriza-
1250 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 95– 6 de Agosto de 2012
ção de quem de direito é punido com prisão até 2 anos ou da Função Pública, a pena de prisão é até 6 meses, po-
multa até 200 dias. dendo mesmo o tribunal isentar o agente da pena.
2. A tentativa é punível. 3. A restituição ou a reparação parcial toma-se em
conta na respectiva proporção.
3. O procedimento criminal depende de queixa.
Artigo 227.º
Artigo 223.º Furto familiar
Furto de coisa pertencente ao sector público ou co-
operativo 1. Os crimes de furto ou de abuso de confiança prati-
cados por um cônjuge em prejuízo do outro não são
Se a coisa subtraída pertencer ao sector público ou co- puníveis, salvo se:
operativo, os limites mínimo e máximo e das penas pre- a) Os cônjuges estiverem separados judicialmente
de pessoas e bens ou separados de facto há mais
vistas nos artigos anteriores são agravados até um terço de 2 anos;
(1/3). b) Estiver pendente acção de declaração de nulida-
de ou de anulação do casamento, de separação
Artigo 224.º de pessoas e bens ou de divórcio.
Abuso de confiança
2. Não são igualmente puníveis os crimes referidos no
1. Quem, ilegitimamente, se apropriar de coisa móvel número anterior quando cometidos pelo ascendente em
que lhe foi entregue por título não translativo de proprie- prejuízo do descendente ou quando cometidos por este
dade, é punido com prisão até 3 anos ou com pena de em prejuízo do ascendente.
multa até 300 dias.
3. Os crimes previstos nos n.ºs 1 e 2 deste artigo são,
2. A tentativa é punível. todavia, puníveis quando o prejuízo causado for superior
a quarenta vezes do vencimento correspondente ao índice
3. O procedimento criminal depende de queixa. cem da Função Pública, ficando, no entanto, o procedi-
mento criminal dependente de queixa.
Artigo 225.º 4. Sendo o furto ou abuso de confiança praticados
Abuso de confiança agravado contra irmão, cunhado ou sogro, padrasto, madrasta,
enteado, tutor ou mestre, o procedimento criminal de-
1. Se a coisa referida no artigo anterior for de valor pende de queixa.
superior a vinte vezes o vencimento correspondente ao
índice cem da Função Pública, o agente é punido com 5. No caso do número anterior, quando o agente viva
prisão até 5 anos. em comunhão de habitação com o ofendido e o prejuízo
não seja, consideradas as circunstâncias do caso, particu-
2. Se a coisa tiver um valor superior a quarenta vezes larmente elevado, o tribunal pode atenuar livremente a
o vencimento correspondente ao índice cem da Função pena ou isentar o agente de punição.
Pública, o agente é punido com prisão de 1 a 8 anos.
6. No caso de o ofendido ser menor, o direito de quei-
3. As penas previstas no artigo 224.º e nos números xa pertence a quem legalmente o represente, salvo se este
anteriores são elevadas de um terço (1/3), nos seus limi- for o agente da infracção, caso em que tal direito cabe a
tes mínimo e máximo, se o agente tiver recebido a coisa qualquer familiar.
em depósito imposto por lei, em razão de ofício, emprego
ou profissão, ou na qualidade de tutor, curador ou deposi- Artigo 228.º
tário judicial.
Apropriação ilícita em caso de acessão ou de coisa
achada
Artigo 226.º
Restituição ou reparação 1. Quem se apropriar ilegitimamente de coisa alheia
que entrou na sua posse ou detenção por efeito de força
1. Quando o objecto do furto ou da apropriação ilícita natural, erro, caso fortuito ou por qualquer maneira inde-
for restituída ou tiver lugar a reparação integral do preju- pendente da sua vontade, é punido com prisão até 1 ano
ízo causado, sem dano ilegítimo de terceiro, antes de ser ou multa até 100 dias.
instaurado o procedimento criminal, os limites da pena
são reduzidos a metade. 2. A mesma pena é aplicada àquele que se apropriar
ilegitimamente de objectos alheios que haja encontrado.
2. Tratando-se de coisas de valor não superior a dois
terços (2/3) do vencimento correspondente ao índice cem
N.º 95– 6 de Agosto de 2012 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA 1251
3. É aplicável o regime do artigo 226.º, mas, tratando- b) Tiver um valor superior a quarenta vezes o ven-
se de coisa de valor não superior a dois terços (2/3) do cimento correspondente ao índice cem da Fun-
vencimento correspondente ao índice cem da Função ção Pública;
Pública, a pena não é superior a 3 meses. c) Tiver um importante valor científico, artístico
ou histórico ou possuir grande importância para
4. O procedimento criminal depende de queixa. o desenvolvimento tecnológico ou científico;
d) For meio de comunicação ou de transporte de
Artigo 229.º grande importância social; o agente é punido
Roubo com prisão de 1 a 8 anos.
2. Se:
1. Quem, com ilegítima intenção de apropriação para a) O agente agir com violência contra pessoa ou
si ou para outrem subtrair, ou constranger a que lhe seja ameaça, com perigo iminente para a vida ou pa-
entregue, coisa móvel alheia, utilizando violência contra ra a integridade física ou pondo-a na impossibi-
uma pessoa ou ameaçando-a com um perigo iminente lidade de resistir;
para a integridade física ou para a vida, ou pondo-a, por b) A coisa danificada tiver valor superior a oitenta
qualquer maneira, na impossibilidade de resistir, é puni- vezes o vencimento correspondente ao índice
do com prisão de 1 a 10 anos. cem da Função Pública;
o agente é punido com pena de prisão de 2 a 10
2. Se o valor da coisa apropriada for superior a qua- anos.
renta vezes do vencimento correspondente ao índice cem
da Função Pública ou se ocorrer alguma das circunstân- 3. Se do facto resultar a morte de outra pessoa a pena
cias do n.º 1 do artigo 220.º, o agente é punido com pri- será de 3 a 15 anos.
são de 2 a 10 anos.
tos por decisão judicial ou com o acordo de quem está b) O agente fizer modo de vida da prática de burla;
legitimamente autorizado para o dar. c) A pessoa prejudicada ficar em difícil situação
3. É aplicável aos crimes previstos neste artigo e nos económica;
artigos 231.º a 233.º o disposto nos artigos 226.º e 227.º. o agente é punido com pena de prisão de 2 a 10
anos.
Artigo 235.º
Prejuízo sem intenção de apropriação 4. É correspondentemente aplicável o disposto no arti-
go 226.º.
1. A pena do artigo anterior é igualmente aplicável se
o agente, tornando não utilizável coisa alheia ou subtra- Artigo 238.º
indo-a sem intenção de apropriação, quiser desse modo Burla relativa a seguros
causar um prejuízo particularmente grave.
1. Quem receber ou fizer receber a terceiro valor total
2. Se o prejuízo for de valor não superior a dois terços ou parcial de um seguro:
(2/3) do vencimento correspondente ao índice cem da a) Provocando um resultado ou agravando sensi-
Função Pública, a pena não excede 6 meses de prisão ou velmente o resultado causado por acidente cujo
60 dias de multa, podendo também o agente ser isento de risco estava coberto; ou
pena. b) Causando a si próprio ou a terceiro, lesão da sa-
úde ou da integridade física ou agravando as
3. O procedimento criminal depende de queixa. consequências da lesão da saúde ou da integri-
dade física provocada por acidente cujo risco es-
Capítulo II teja coberto;
Dos crimes contra o património em geral É punido com prisão até 3 anos ou multa até 300
dias.
Artigo 236.º 2. Se a pessoa prejudicada ficar em difícil situação
Burla simples económica a prisão é de 2 a 6 anos.
1. Quem, com a intenção de obter para si ou para ter- 3. É aplicável a este crime o disposto no artigo 226.º.
ceiro um enriquecimento ilegítimo, por meio de erro ou
engano sobre factos, que astuciosamente provocou, de- Artigo 239.º
terminar outrem à prática de actos que lhe causem, ou
Burla para obtenção de bebidas, alimentos, aloja-
causem a outra pessoa, prejuízo patrimonial, é punido
com prisão até 3 anos ou multa até 300 dias. mento ou acesso a recintos e meios de transporte
2. Com a mesma pena é punido quem, com intenção 5. Se os factos previstos no n.º 1 forem cometidos por
de obter para si ou para terceiro enriquecimento ilegíti- 3 ou mais pessoas, incluindo o agente, que actuem como
mo, causar a pessoa residente no estrangeiro prejuízo grupo organizado, a moldura penal eleva-se de metade.
patrimonial, através de aliciamento ou promessa de traba-
lho ou emprego em São Tomé e Príncipe. 6. Quem obtiver, como garantia de dívida e abusando
da situação de necessidade de outrem, documento que
3. É correspondentemente aplicável o disposto nos ar- pode dar causa a procedimento criminal é punido com
tigos 226.º e n.º 3 do artigo 237.º. prisão de 2 anos ou multa até 200 dias.
1. Quem, abusando da possibilidade, conferida pela 1. Quem, tendo-lhe sido confiado, por lei ou por acto
posse de cartão de crédito, levar o emitente a fazer um jurídico, o encargo de dispor de interesses patrimoniais
pagamento, e causar prejuízo a este ou a terceiro é puni- alheios ou de os administrar ou fiscalizar, intencional-
do com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa mente e com grave violação dos deveres que assumiu,
até 300 dias. causar a tais interesses prejuízo patrimonial importante, é
punido com prisão até 1 ano ou multa até 100 dias.
2. A tentativa é punível.
2. É aplicável o disposto nos artigos 226.º e 227.º.
3. O procedimento criminal depende de queixa.
1254 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 95– 6 de Agosto de 2012
3. A tentativa é punível.
Capítulo III
4. O procedimento criminal depende de queixa. Dos crimes contra direitos patrimoniais
1. Quem, com intenção de alcançar um benefício pa- 1. O devedor sujeito a uma execução já instaurada que
trimonial para si ou para outrem na concessão, outorga, destruir, danificar ou fizer desaparecer parte do seu pa-
renovação, desconto ou prorrogação do prazo e pagamen- trimónio, para dessa forma intencionalmente frustrar,
to de um crédito, explorar a situação de necessidade, total ou parcialmente, a satisfação de um crédito de ou-
anomalia mental, inépcia, ligeireza, inexperiência ou trem, é punido, se a sua insolvência vier a ser declarada,
relação de dependência do devedor, fazendo que ele se com prisão até 1 ano.
obrigue ou prometa, sob qualquer forma, a seu favor ou
de terceiros, vantagem pecuniária, que for, segundo as 2. O terceiro que praticar o facto com o conhecimento
circunstâncias do caso, manifestamente desproporciona- ou a favor do devedor, se este vier a ser declarado insol-
da com a contraprestação, é punido com prisão até 2 anos vente, é punido com prisão até 6 messes ou multa até 90
ou multa até 200 dias. dias.
2. Quem, por força das circunstâncias indicadas no
número anterior, para conceder ou outorgar, renovar, Artigo 247.º
descontar ou prorrogar o prazo do pagamento de um Falência dolosa
crédito, fizer com que alguém, sob qualquer forma, se
obrigue ou prometa pagar, a ele ou a terceiros, juro ou 1. O devedor comerciante que com a intenção de pre-
quaisquer outras vantagens superiores ao limite fixado na judicar os seus credores:
lei, é punido com prisão até 1 ano ou multa até 100 dias. a) Destruir, danificar, inutilizar ou fizer desapare-
cer parte do seu património;
3. Na mesma pena incorre quem adquirir, a qualquer b) Diminuir ficticiamente o seu activo, dissimulan-
título, crédito da natureza indicada nos números anterio- do objectos, invocando dívidas supostas, reco-
res, com a intenção de utilizar, a seu favor ou de tercei- nhecendo créditos fictícios, incitando terceiros a
ros, as referidas vantagens patrimoniais usurárias. apresentá-los ou simulando, por qualquer outra
forma, uma situação patrimonial inferior à reali-
4. A pena pode elevar-se até 3 anos de prisão ou multa dade, particularmente por meio de contabilidade
até 300 dias, quando o agente: inexacta ou de falso balanço;
a) Se entregar habitualmente à usura; c) Para retardar a falência, comprar mercadorias a
b) Dissimular as ilegítimas vantagens patrimoniais créditos, com o fim de as vender ou utilizar em
exigindo letras ou simulando contratos; pagamento por preço sensivelmente inferior ao
c) Provocar, conscientemente, através da usura, a corrente;
ruína patrimonial da vítima. é punido, se vier a ser declarado em estado de
falência, com prisão de 1 a 5 anos.
5. As condutas nos números anteriores não são puní-
veis se o agente, antes de contra ele ser instaurado proce- 2. A mesma pena é aplicada ao concordante que não
dimento criminal: justificar a regular aplicação dada aos valores do activo
a) Renunciar à entrega da vantagem ou benefício existente à data da concordata.
patrimonial pretendidos;
b) Renunciar ou entregar o que recebeu a mais do 3. Qualquer terceiro que, com conhecimento do deve-
que, sem o excesso usurário, devia ter recebido, dor ou em seu benefício, praticar os factos referidos no
acrescido da taxa legal desde o dia em que rece- n.º 1 deste artigo, se o estado de falência vier a ser decla-
beu as vantagens patrimoniais usurárias; rado, é punido com prisão até 2 anos.
c) Modificar o negócio, de acordo com a outra par-
te, em harmonia com as regras de boa fé. 4. É punido nos termos deste normativo, no caso de o
devedor ser pessoa colectiva, sociedade ou mera associa-
ção de facto, quem tiver exercido de facto a respectiva
gestão ou direcção efectiva e houver praticado algum dos
factos previstos no n.º 1.
N.º 95– 6 de Agosto de 2012 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA 1255
1. O devedor comerciante que, por grave incúria ou Quem, com a intenção de impedir ou prejudicar os re-
imprudência, prodigalidade ou despesas manifestamente sultados de arrematação judicial ou qualquer outra arre-
exageradas, especulações ruinosas, ou grave negligência matação pública autorizada ou imposta pela lei, bem
de exercício da profissão, criar um estado de falência, se
esta vier efectivamente a ser declarada, é punido com como de concurso regido pelo direito público, conseguir
prisão até 1 ano ou multa até 200 dias. por meio de dádivas, promessas, violências ou ameaças
graves, que alguém não lance ou não concorra, ou que de
2. Aos factos indicados no número anterior é equipa- alguma forma se prejudique a liberdade dos respectivos
rado o caso de devedor que vier a ser declarado falido, actos, é punido com prisão até 2 anos ou multa até 200
quando tenha deixado de cumprir as disposições que a lei dias, sem prejuízos da pena mais grave que às violências
estabelece para a regularidade da escrituração e das tran-
ou ameaças couber.
sacções comerciais, salvo se a exiguidade do comércio e
as rudimentares habilitações literárias do falido o releva-
rem do não cumprimento dessas disposições. Artigo 252.º
Receptação
3. O procedimento criminal depende de queixa, que
deve ser exercida dentro de 3 meses a partir da declara- 1. Quem, com a intenção de obter, para si ou para ter-
ção de falência. ceiro, vantagem patrimonial, dissimular coisa que foi
obtida por outrem, mediante um facto criminalmente
4. O direito de queixa não pode ser exercido pelo cre- ilícito contra o património, a receber em penhor, a adqui-
dor que tiver induzido o falido a contrair levianamente rir por qualquer título, a detiver, conservar, transmitir ou
dívidas, a fazer despesas exageradas, a dedicar-se a espe- contribuir para a transmitir, ou de qualquer forma assegu-
culações ruinosas ou que o tiver explorado usurariamen- rar, para si ou para terceiros a sua posse, é punido com
te. prisão até 5 anos ou multa até 300 dias.
3. A tentativa é punível.
1258 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 95– 6 de Agosto de 2012
1. Quem, sabendo que os bens ou produtos são prove- 4. Se os factos referidos nos números 1 e 2 forem pra-
nientes da prática, sob qualquer forma, de crimes de ticados pelos representantes ou órgãos de pessoas colec-
tráfico de estupefacientes, de terrorismo, de tráfico de tivas ou equiparadas, em nome destas e no interesse
armas ou de produtos nucleares, de tráfico de pessoas, de colectivo, são as mesmas responsáveis criminalmente,
pornografia envolvendo menores, de corrupção ou de sendo puníveis em pena de multa a fixar entre metade e a
extorsão de fundos, de fraude fiscal ou fraude na obten- totalidade do imposto em dívida.
ção ou desvio de subsídio, no âmbito de infracções eco-
nómico-financeiras e demais infracções previstas na lei 5. Se o agente ou a pessoa colectiva ou equiparada
sobre o branqueamento de capitais, de dimensão interna- procederem ao pagamento da quantia em dívida acresci-
cional ou transnacional, de tráfico de espécies protegidas da dos respectivos juros legais até ao final do julgamento
e de tráfico de órgãos ou tecidos humanos ou de outros em primeira instância, o Tribunal pode atenuar especial-
crimes cujo limite máximo da pena seja superior a 10 mente a pena ou, nos casos menos graves, isentar o agen-
anos de prisão, e: te de pena.
a) Converter, transferir, auxiliar ou facilitar alguma
operação de conversão ou transferência de van- Artigo 274.º
tagens obtidas por si ou por terceiro, directa ou Contrabando ou descaminho e importação e expor-
indirectamente, com o fim de ocultar ou dissi- tação ilícita de bens ou mercadorias
mular a sua origem ilícita, ou de evitar que o
agente ou participante dessas infracções se exi- 1. Quem importar ou exportar bens ou mercadorias
ma às consequências jurídicas dos seus actos; proibidas ou, nos demais casos, se eximir, total ou parci-
ou, almente, aos direitos alfandegários devidos pela entrada
b) Ocultar ou dissimular a verdadeira natureza, ou saída dos bens ou mercadorias, é punido com pena de
origem, localização, disposição, movimentação prisão de 1 a 5 anos.
ou titularidade dos bens, produtos ou direitos a
ela relativos. 2. Se o valor dos bens ou mercadorias for superior a
é punido com pena de prisão de 3 a 12 anos de 100 milhões de dobras a pena é de prisão de 2 a 8 anos.
prisão.
3. Quem exportar ou importar, sem licença, bens ou
2. Se os factos supra referidos forem praticados pelos mercadorias cuja exportação ou importação, por determi-
representantes ou órgãos de pessoa colectiva ou equipa- nação legal, estiver dependente de licença de qualquer
rada, em nome destas e no interesse colectivo, são as entidade ou sem passarem pelas alfândegas, é punido
mesmas responsáveis criminalmente, sendo puníveis em com prisão até 3 anos ou multa até 300 dias.
pena de multa a fixar entre 50 milhões e 500 milhões de
dobras, podendo ainda ser decretada a sua dissolução. 4. Se os factos referidos no nº 2 forem praticados com
negligência a pena é de prisão até 1 ano ou multa até 100
Artigo 273.º dias.
Fraude fiscal e abuso de confiança fiscal
Artigo 275.º
1. Quem, para não pagar ou permitir a terceiro que não Jogo ilegal
pague, total ou parcialmente, qualquer imposto, taxa ou
outra obrigação pecuniária fiscal devida ao Estado: 1. Quem, sem autorização legal, fundar, abrir, financi-
ar, colocar em funcionamento, explorar ou por qualquer
N.º 95– 6 de Agosto de 2012 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA 1259
1. Quando, pela prática de algum dos factos referidos 1. Quem promover, fundar ou financiar grupo, organi-
no artigo 279.º, o agente tiver por finalidade exclusiva zação ou associação de duas ou mais pessoas que, actu-
conseguir plantas, substâncias ou preparações para uso ando concertadamente, vise praticar algum dos crimes
pessoal, a pena é de prisão até 3 anos ou multa até 300 previstos nos artigos 279.º e 280.º é punido com pena de
dias, se se tratar de plantas, substâncias ou preparações prisão de 10 a 20 anos.
compreendidas nas tabelas I a III, ou de prisão até 1 ano
ou multa até 100 dias, no caso de substâncias ou prepara- 2. Quem prestar colaboração, directa ou indirecta, ade-
ções compreendidas na tabela IV. rir ou apoiar o grupo, organização ou associação referi-
dos no número anterior é punido com pena de prisão de 5
2. A tentativa é punível. a 15 anos.
3. Não é aplicável o disposto no n.º 1 quando o agente 3. Incorre na pena de 12 a 20 anos de prisão quem
detiver plantas, substâncias ou preparações em quantida- chefiar ou dirigir grupo, organização ou associação refe-
de que exceda à necessária para o consumo médio indi- ridos no n.º 1.
vidual durante o período de 5 dias.
4. Se o grupo, organização ou associação tiver como
Artigo 283.º finalidade ou actividade a conversão, transferência, dis-
Consumo simulação ou receptação de bens ou produtos dos crimes
previstos nos artigos 279.º e 280.º, o agente é punido:
1. Quem consumir ou, para o seu consumo, cultivar, a) Nos casos dos n.ºs 1 e 3, com pena de prisão de
adquirir ou detiver plantas, substâncias ou preparações 2 a 10 anos;
compreendidas nas tabelas I a IV é punido com pena de b) No caso do n.º 2, com pena de prisão de 1 a 8
prisão até 3 meses ou com pena de multa até 60 dias. anos.
multa até 100 dias, se pena mais grave lhe não couber por
3. Os limites mínimo e máximo das penas são aumen- força de outra disposição legal.
tados de um terço (1/3) se:
a) Os factos foram praticados em prejuízo de me- Artigo 289.º
nor, diminuído psíquico ou de pessoa que se en- Agravação
contrava ao cuidado do agente do crime para tra-
tamento, educação, instrução, vigilância ou As penas previstas nos artigos 279.º, 280.º e 281.º são
guarda; aumentadas de um quarto (1/4) nos seus limites mínimo e
b) Ocorreu alguma das circunstâncias previstas nas máximo se:
alíneas d), e) ou h) do artigo 289.º. a) As substâncias ou preparações foram entregues
ou se destinavam a menores ou diminuídos psí-
Artigo 287.º quicos;
Tráfico e consumo em lugares públicos ou de reu- b) As substâncias ou preparações foram distribuí-
nião das por mais de dez pessoas;
c) O agente obteve ou procurava obter compensa-
1. Quem, sendo proprietário, gerente, director ou, por ção remuneratória superior a 100 milhões de
qualquer título, explorar hotel, restaurante, café, taberna, dobras;
clube, casa ou recinto de reunião, de espectáculo ou de d) O agente for funcionário incumbido da preven-
diversão, consentir que esse lugar seja utilizado para o ção ou repressão dessas infracções;
tráfico ou uso ilícito de plantas, substâncias ou prepara- e) O agente for médico, farmacêutico ou qualquer
ções incluídas nas tabelas I a IV é punido com pena de outro técnico de saúde, funcionário dos serviços
prisão de 1 a 6 anos. prisionais ou dos serviços de reinserção social,
trabalhador dos correios, telégrafos, telefones ou
2. Quem, tendo ao seu dispor edifício, recinto vedado telecomunicações, docente, educador ou traba-
ou veículo, consentir que seja habitualmente utilizado lhador de estabelecimento de educação ou de
para o tráfico ou uso ilícito de plantas, substâncias ou trabalhador de serviços ou instituições de acção
preparações incluídas nas tabelas I a IV é punido com social e o facto for praticado no exercício da sua
pena de prisão de 1 a 5 anos. profissão;
f) O agente participar em outras actividades crimi-
3. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, nosas organizadas de âmbito internacional;
aquele que, após a notificação a que se refere o número g) O agente participar em outras actividades ilegais
seguinte, não tomar as medidas adequadas para evitar facilitadas pela prática da infracção;
que os lugares neles mencionados sejam utilizados para o h) A infracção tiver sido cometida em instalações
tráfico ou o uso ilícito de plantas, substâncias ou prepara- de serviços de tratamento de consumidores de
ções incluídas nas tabelas I a IV é punido com pena de droga, de reinserção social, de serviços ou insti-
prisão até 5 anos. tuições de acção social, em estabelecimento pri-
sional, unidade militar, estabelecimento de edu-
4. O disposto no número anterior só é aplicável após cação, ou em outros locais onde os alunos ou
duas apreensões de plantas, substâncias ou preparações estudantes se dediquem à prática de actividades
incluídas nas tabelas I a IV, realizadas por autoridade educativas, desportivas ou sociais, ou nas suas
judiciária ou por órgão de polícia criminal, devidamente imediações;
notificadas ao agente referido nos nºs 1 e 2, e não medi- i) O agente utilizar a colaboração, por qualquer
ando entre elas período superior a 1 ano, ainda que sem forma, de menores ou de diminuídos psíquicos;
identificação dos detentores. j) O agente actuar como membro de bando desti-
nado à prática reiterada dos crimes previstos nos
5, Verificadas as condições referidas nos n.ºs 3 e 4, a artigos 279.º e 280.º, com a colaboração de, pelo
autoridade competente para a investigação dá conheci- menos, dois outros membros do bando;
mento dos factos à autoridade administrativa que conce- l) As substâncias ou preparações foram corrompi-
deu a autorização de abertura do estabelecimento, que das, alteradas ou adulteradas, por manipulação
decide sobre o encerramento. ou mistura, aumentando o perigo para a vida ou
para a integridade física de outrem.
Artigo 288.º
Abandono de seringas Artigo 290.º
Atenuação ou dispensa de pena
Quem, em lugar público ou aberto ao público, em lu-
gar privado, mas de uso comum, abandonar seringa ou Se, nos casos previstos nos artigos 279.º, 280.º, 281.º e
outro instrumento usado no consumo ilícito de estupefa- 285.º, o agente abandonar voluntariamente a sua activi-
cientes ou substâncias psicotrópicas, criando deste modo dade, afastar ou fizer diminuir por forma considerável o
perigo para a vida ou a integridade física de outra pessoa, perigo produzido pela conduta, impedir ou se esforçar-se
é punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de seriamente por impedir que o resultado que a lei quer
1262 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 95– 6 de Agosto de 2012
evitar se verifique, ou auxiliar concretamente as autori- 2. A punição pelos crimes previstos no número ante-
dades na recolha de provas decisivas para a identificação rior não excede a aplicável às correspondentes infracções
ou a captura de outros responsáveis, particularmente, dos artigos 279.º, 280.º, 281.º e 282.º.
tratando-se de grupos, organizações ou associações, pode
a pena ser-lhe especialmente atenuada ou ter lugar a Artigo 293.º
dispensa de pena. Expulsão de estrangeiros e encerramento de esta-
belecimento
Artigo 291.º
Tratamento espontâneo 1. Sem prejuízo do disposto na parte geral do presente
Código, em caso de condenação por crime previsto no
1. Quem utilize ilicitamente, para consumo individual, presente diploma, se o arguido for estrangeiro, o tribunal
plantas, substâncias ou preparações compreendidas nas pode ordenar a sua expulsão do País, por período não
tabelas I a IV e solicite a assistência de serviços de saúde superior a 10 anos.
do Estado ou particulares tem a garantia de anonimato.
2. Na sentença condenatória pela prática de crime pre-
2. Se se tratar de menor, interdito ou inabilitado, a as- visto no artigo 287.º, e independentemente da interdição
sistência solicitada pelos seus representantes legais é de profissão ou actividade, pode ser decretado o encer-
prestada nas mesmas condições. ramento do estabelecimento ou lugar público onde os
factos tenham ocorrido, pelo período de 1 a 5 anos.
3. Os médicos, técnicos e restante pessoal do estabele-
cimento que assistam o paciente estão sujeitos ao dever 3. Tendo havido prévio encerramento ordenado judici-
de segredo profissional, não sendo obrigados a depor em al ou administrativamente, o período decorrido será leva-
tribunal ou a prestar informações às entidades policiais do em conta na sentença.
sobre a natureza e evolução do processo terapêutico.
4. Se o arguido for absolvido, cessa imediatamente o
4. Ressalvado o disposto no número anterior, qualquer encerramento ordenado administrativamente.
médico pode assinalar aos serviços de saúde do Estado os
casos de abuso de plantas, substâncias estupefacientes ou Artigo 294.º
psicotrópicas que constate no exercício da sua actividade Perda de objectos e de coisas ou objectos relacio-
profissional, quando entenda que se justificam medidas nados com o facto
de tratamento ou assistência no interesse do paciente, dos
seus familiares ou da comunidade, para as quais não 1. São declarados perdidos a favor do Estado os objec-
disponha de meios. tos que tiverem servido ou estivessem destinados a servir
para a prática de uma infracção prevista no presente
Artigo 292.º capítulo ou que por esta tiverem sido produzidos, quan-
Conversão, transferência ou dissimulação de bens do, pela sua natureza ou pelas circunstâncias do caso,
ou produtos puserem em perigo a segurança das pessoas ou a ordem
pública, ou oferecerem sério risco de serem utilizados
1. Quem, sabendo que os bens ou produtos são prove- para o cometimento de novos factos ilícitos típicos.
nientes da prática, sob qualquer forma de comparticipa-
ção, de infracção prevista nos artigos 279.º, 280.º, 281.º e 2. As plantas, substâncias e preparações incluídas nas
282.º: tabelas I a IV são sempre declaradas perdidas a favor do
a) Converter, transferir, auxiliar ou facilitar alguma Estado e são destruídas na presença do juiz.
operação de conversão ou transferência desses
bens ou produtos, no todo ou em parte, directa 3. O disposto nos números anteriores tem lugar ainda
ou indirectamente, com o fim de ocultar ou dis- que nenhuma pessoa determinada possa ser punida pelo
simular a sua origem ilícita ou de auxiliar uma facto.
pessoa implicada na prática de qualquer dessas
infracções a eximir-se às consequências jurídi- 4. Toda a recompensa dada ou prometida aos agentes
cas dos seus actos é punido com pena de prisão de uma infracção prevista no presente capítulo, para eles
de 3 a 12 anos;~ ou para outrem, é perdida a favor do Estado.
b) Ocultar ou dissimular a verdadeira natureza,
origem, localização, disposição, movimentação, 5. São também perdidos a favor do Estado, sem preju-
propriedade desses bens ou produtos ou de direi- ízo dos direitos de terceiro de boa fé, os objectos, direitos
tos a eles relativos é punido com pena de prisão e vantagens que, através da infracção, tiverem sido direc-
de 2 a 10 anos; tamente adquiridos pelos agentes, para si ou para outrem.
c) Os adquirir ou receber a qualquer título, utilizar,
deter ou conservar; é punido com pena de prisão 6. O disposto nos números anteriores aplica-se aos di-
de 1 a 5 anos. reitos, objectos ou vantagens obtidos mediante transac-
N.º 95– 6 de Agosto de 2012 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA 1263
3. O disposto no artigo 294.º e no presente é também 1. Entende-se por documento a declaração compreen-
aplicável aos juros, lucros e outros benefícios obtidos dida num escrito, inteligível para a generalidade ou um
com os bens neles referidos. certo círculo de pessoas que, permitindo reconhecer o seu
emitente, é idónea a provar um facto juridicamente rele-
vante, quer tal destino lhe seja dado no momento da sua
emissão quer posteriormente.
Se o crime previsto no artigo anterior for cometido por 1. Quem, com intenção de causar prejuízo a outrem ou
funcionário a quem os objectos nele referidos foram ao Estado, de obter para si ou para terceiro benefício
confiadas ou são acessíveis em razão das suas funções, a ilegítimo, ou de preparar, facilitar, executar ou encobrir
pena é de prisão até 5 anos. outro crime, utilizar documentos de identificação emitida
N.º 95– 6 de Agosto de 2012 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA 1265
1. Quem, com intenção de a pôr em circulação como 1. Quem adquirir, receber em depósito, importar ou
íntegra, depreciar moeda metálica legítima, carecendo-a, por outro modo introduzir em território são-tomense,
limando-a, submetendo-a a processos químicos, ou dimi- para si ou para terceiro, com a intenção de, por qualquer
nuindo por qualquer outro modo o seu valor, é punido meio, incluindo a exposição à venda, a passar ou pôr em
com prisão até 2 anos ou multa até 200 dias. circulação:
a) Como legítima ou intacta, moeda falsa ou falsi-
2. Com a pena do número anterior é também punido ficada;
quem, sem autorização legal e com a intenção de a pôr b) Moeda metálica depreciada pela seu pleno valor,
em circulação, fabricar moeda metálica com o mesmo ou ou moeda com o mesmo ou maior valor que o da
maior valor que a legítima. legítima, mas fabricada sem autorização legal;
é punido, no caso da alínea a), com prisão até 3
3. A tentativa é punível. anos e, no caso da alínea b), com prisão até 2
anos ou multa até 200 dias.
Artigo 307.º
Conceito de moeda 2. A tentativa é punível.
ros constantes, por força da lei, de um tipo de papel e de marcas ou chancelas, de qualquer autoridade ou reparti-
impressão especialmente destinados a garanti-los contra ção pública, é punido com prisão de 1 a 5 anos.
o perigo de imitações e que, pela sua natureza e finalida-
de, não possam, só por si, deixar de incorporar um valor 2. Quem com a referida intenção, adquirir, receber em
patrimonial. depósito, transferir, importar, ou por outro modo introdu-
zir em território são-tomense, para si ou para terceiro, os
2. São igualmente equiparáveis a moeda os bilhetes ou aludidos selos, cunhos, marcas ou chancelas falsas ou
fracções da lotaria nacional, os cartões de garantia ou de falsificados é punido com prisão até 3 anos ou multa até
crédito. 300 dias.
3. O disposto no n.º 1 não abrange a falsificação de tí- 3. Quem, com a intenção de causar prejuízo a outrem
tulos relativamente a elementos a cuja garantia e identifi- ou ao Estado, utilizar, sem autorização de quem de direi-
cação especialmente se não destine o uso do papel ou to, selos, cunhos, marcas ou chancelas de qualquer auto-
impressão. ridade ou repartição pública, é punido com prisão até 2
anos ou multa até 200 dias.
Artigo 312.º
Falsificação de valores selados Artigo 314.º
Pesos e medidas falsos
1. Quem, com intenção de os empregar ou de os pôr
em circulação por qualquer forma, incluindo a exposição 1. Quem, com intenção de causar prejuízo a outrem ou
à venda, os expor em circulação como legítimos ou intac- ao Estado:
tos, praticar contrafacção, ou falsificação de valores a) Apuser sobre pesos, medidas, balanças ou outros
selados ou timbrados, cujo fornecimento seja exclusivo instrumentos de medidas uma punção falsa ou
do Estado São-tomense, nomeadamente papel selado, tiver falsificado a existente;
papel selado de letra, selos fiscais ou postais, é punido b) Tiver alterado pesos, medidas, balanças ou ou-
com prisão de 1 a 5 anos. tros instrumentos de medidas, qualquer que seja
a sua natureza, que estejam sujeitos legalmente à
2. Quem: existência de uma punção;
a) Empregar como legítimos ou intacto os referidos c) Tiver utilizado pesos, medidas, balanças ou ou-
valores selados ou timbrados, quando falso ou tros instrumentos de medidas falsos ou falsifi-
falsificados; ou cados;
b) Com a intenção referida no nº1, adquirir, receber é punido com pena de prisão até 2 anos ou multa
em depósito, importar ou por outro modo intro- até 200 dias
duzir em território são-tomense, para si ou para
terceiro, os referidos valores selados ou timbra- 2. A tentativa é punível.
dos, quando falso ou falsificados;
é punido com prisão até 3 anos ou multa até 300 3. Se, no caso do n.º 1, o agente tiver causado um pre-
dias. juízo insignificante e tiver utilizado de uma falsificação
grosseira, manifestamente apreensível como tal, é punido
3. Se a falsificação consistir em fazer desaparecer dos com pena de prisão até 6 meses ou multa até 60 dias.
referidos valores selados ou timbrados o sinal de já have-
rem servido, a pena é de prisão até 3 meses ou multa até Artigo 315.º
300 dias. Actos preparatórios
4. Se, no caso do n.º 2, o agente só teve conhecimento Quem, com intenção de preparar a execução dos actos
de que os valores selados ou timbrados são falsos ou referidos nos artigos 304.º, 305.º, 306.º, 311.º, 312.º,
falsificados depois de os ter recebido, a pena é a de multa 313.º e 314.º, fabricar, importar, adquirir, para si ou para
até 60 dias, mas nunca inferior ao dobro do valor repre- outrem, fornecer, expuser à venda ou retiver:
sentado pelos valores selados ou timbrados que passou a) Formas, cunhos, clichés, prensas de cunhar ou
ou pôs em circulação. punções, negativos, fotografias ou outros ins-
trumentos que, pela sua natureza, são utilizáveis
Secção III para realizar crimes;
Falsificação de Cunhos, Pesos e Objectos Equiparados b) Papel, hologramas ou outros elementos iguais
ou susceptíveis de se confundir com os que são
Artigo 313.º particularmente fabricados para evitar imitações
Contrafacção ou falsificação de selos, cunhos, mar- ou utilizados no fabrico de moeda, título de cré-
cas ou chancelas dito ou valor selado;
é punido com prisão até 3 anos.
1. Quem, com intenção de os empregar como autênti-
cos ou intactos, contrafizer ou falsificar selos, cunhos,
N.º 95– 6 de Agosto de 2012 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA 1267
1. Quem, com a intenção de prejudicar a saúde de ou- 1. Aquele que, fora das prescrições legais, fabricar,
tra pessoa, a expuser a radiações, consistentes nos efeitos importar, transportar, vender ou ceder a outrem armas de
de substâncias radioactivas e para tal idóneas, é punido fogo, armas químicas e nucleares não letais, munições
com prisão até 4 anos. para aquelas, substâncias para o seu fabrico ou funcio-
namento ou qualquer outro tipo de explosivo, é punido
2. Se a acção referida no número anterior se dirigir com pena de prisão de 1 a 4 anos.
contra pessoa indeterminada, o agente é punido com
prisão até 2 anos ou multa até 200 dias. 2. Se os factos descritos no número anterior respeita-
rem a armas de guerra, armas químicas e nucleares com
Artigo 322.º elevada capacidade letal a pena é de 2 a 8 anos de prisão.
Exposição de coisa alheia a substâncias radioactivas
3. A simples detenção, uso ou porte de arma de fogo
sem que o agente esteja legalmente autorizado, é punível
Quem, com intenção de prejudicar a possibilidade de com pena de prisão até 2 anos ou multa até 200 dias.
utilização de coisa alheia de importante valor, a expuser a Artigo 326.º
radiações, consistentes nos efeitos de substâncias radio- Inundação e avalanche
activas para tal idóneas, é punido com prisão até 2 anos
ou multa até 200 dias. 1. Quem provocar inundação, desprendimento de ava-
lanches, de massa de terra ou de pedras, criando um
Artigo 323.º perigo para a vida ou a integridade física de outrem, ou
Libertação de gases tóxicos ou asfixiantes de bens patrimoniais alheios de grande valor, é punido
com prisão de 2 a 6 anos.
1. Quem, pela libertação de gases tóxicos ou asfixian-
tes, expuser outrem a um perigo para a sua vida ou de 2. Se o perigo a que se refere o número anterior for
grave lesão da sua integridade física ou da saúde é puni- criado por negligência, a pena é de prisão até 3 anos ou
do com prisão de 2 a 6 anos. multa até 300 dias.
2. Se o perigo referido no número anterior for criado 3. Se a acção referida no n.º 1 deste artigo for imputá-
por negligência, a pena é de prisão até 3 anos ou multa vel a título de negligência, a pena é de prisão até 2 anos
até 300 dias. ou multa até 200 dias.
regulamentares, ou ainda as regras técnicas que no caso, que serve tais serviços, de modo a criar um perigo para a
segundo as normas geralmente respeitadas ou reconheci- vida, integridade física ou bens patrimoniais de grande
das, devem ser observadas, criando desse modo um peri- valor de outra pessoa, é punido com prisão de 2 a 6 anos.
go para a vida, integridade física ou para bens patrimoni-
ais de grande valor de outrem, é punido com prisão de 2 2. Se o perigo a que se refere o número anterior for
a 6 anos. criado por negligência, a pena é de prisão até 3 anos ou
multa até 300 dias.
2. Se o perigo referido no número anterior for criado
por negligência, a pena é de prisão até 3 anos ou multa 3. Se a acção referida no n.º 1 deste artigo for imputá-
até 300 dias. vel a título de negligência, a pena é de prisão até 2 anos
ou multa até 200 dias.
3. Se a acção referida no n.º 1 deste artigo for imputá-
vel a título de negligência, a pena é de prisão até 2 anos Artigo 332.º
ou multa até 200 dias. Dano ou destruição de instalações de interesse público
Artigo 329.º
Instrumentos de escuta telefónica 1. Quem, total ou parcialmente, destruir, danificar ou
tornar não utilizáveis:
1. Quem importar, fabricar, guardar, comprar, vender, a) Grandes instalações para aproveitamento, produ-
ceder ou adquirir a qualquer título, transportar, distribuir ção, armazenamento, condução ou distribuição de
ou detiver instrumento ou aparelhagem especificamente água, óleo, gasolina, gás, calor, electricidade ou
destinados à montagem de escuta telefónica, ou à viola- energia nuclear;
ção de correspondência ou de telecomunicações, fora das b) Instalações para protecção contra forças da natu-
condições legais ou em contrário das prescrições da auto- reza, criando um perigo para a vida ou de grande
ridade competente, é punido com pena de prisão até 3 lesão da integridade física de outrem ou para im-
anos ou com pena de multa até 300 dias. portantes bens patrimoniais alheios;
é punido com prisão de 2 a 6 anos.
2. Se os factos forem praticados por funcionário em
exercício de funções a pena é de 1 a 5 anos de prisão. 2. Se o perigo referido no número anterior for criado
por negligência, a pena é de prisão até 3 anos ou multa
até 300 dias.
Artigo 330.º
Danos em aparelhagem destinada a prevenir aciden-
Artigo 333.º
tes
Contaminação e envenenamento de água
1. Quem, total ou parcialmente, danificar, destruir, ti-
rar, impossibilitar o uso ou, através de meios técnicos, 1. Quem corromper, contaminar ou poluir, por meio
tornar não utilizável instalação ou aparelhagem que, em de veneno ou outras substâncias prejudiciais à saúde,
lugar de trabalho, se destina a prevenir acidentes pesso- água que possa ser utilizada para consumo humano, cri-
ais, característicos ou particulares desse tipo de trabalho, ando um perigo para a vida ou de grave lesão da saúde ou
criando desse modo um perigo para a vida ou integridade da integridade física de outrem, é punido com prisão de 2
física de outrem, é punido com prisão de 2 a 6 anos. a 8 anos.
2. Se o perigo referido no número anterior for criado 2. Se o perigo criado pelas actividades descritas no
por negligência, a pena é de prisão até 3 anos ou multa número anterior para a saúde ou integridade física de
até 300 dias. outrem for de pequena gravidade, ou se limitar a ameaçar
número considerável de animais domésticos ou úteis ao
3. Se a acção referida no n.º 1 deste artigo for imputá- homem, a pena é de prisão até 2 anos ou multa até 200
vel a título de negligência, a pena é de prisão até 2 anos dias.
ou multa até 200 dias.
3. Se o perigo for criado por negligência, a pena é, no
caso do n.º 1, de prisão até 3 anos ou multa até 300 dias
Artigo 331.º
e, no caso do n.º 2, de prisão até 1 ano ou multa até 100
Perturbação do funcionamento de serviços públicos dias.
1. Quem impedir ou perturbar a exploração ou funcio- 4. Se a acção descrita nos n.ºs 1 e 2 for imputável a tí-
namento de serviços públicos de comunicações, tais tulo de negligência, a pena é de prisão até 1 ano ou multa
como correios, telégrafo, telefones, televisão, ou de ser- até 60 dias.
viço de fornecimento ao público de água, luz, energia ou
calor, destruindo, danificando, tornando não utilizáveis,
modificando, subtraindo ou desviando coisa ou energia
1270 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 95– 6 de Agosto de 2012
4. A pena prevista no n.º 1, é igualmente aplicável a 2. Se os factos referidos no nº 1 forem praticados pe-
quem extrair inertes das praias ou regiões costeiras, sem los representantes ou órgãos de pessoas colectivas ou
licença ou não observando as disposições legais ou regu- equiparadas, em nome destas e no interesse colectivo, são
lamentares. as mesmas responsáveis criminalmente, sendo puníveis
em pena de multa a fixar entre 50 milhões e 500 milhões
5. Se os factos referidos no n.º 1 e 4 forem praticados de dobras.
pelos representantes ou órgãos de pessoas colectivas ou
equiparadas, em nome destas e no interesse colectivo, são Artigo 337.º
as mesmas responsáveis criminalmente, sendo puníveis Propagação de doença contagiosa
em pena de multa a fixar entre 30 milhões e 500 milhões
de dobras.
1. Quem propagar doença contagiosa, criando um pe-
Artigo 335.º rigo para a vida ou de grave lesão da saúde ou da integri-
Poluição dade física de um número indeterminado de pessoas, é
punido com prisão de 1 a 5 anos.
1. Quem, em medida para além do admissível e tole-
rável: 2. Se a conduta descrita no n.º 1 deste artigo for impu-
a) Poluir águas ou solos ou, por qualquer forma, tável a título de negligência, a pena é de prisão até 1 ano
degradar as suas qualidades; ou multa até 100 dias. Tratando-se, todavia, da infracção,
b) Poluir o ar mediante utilização de aparelhos téc- por médico, da obrigação de participar doença contagio-
nicos ou de instalações; ou sa, a pena é de prisão até 2 anos ou multa até 200 dias.
c) Provocar poluição sonora mediante utilização de
aparelhos técnicos ou de instalações, em especi- Artigo 338.º
al de máquinas ou de veículos terrestres, fluvi- Difusão de epizootias
ais, marítimos ou aéreos de qualquer natureza;
é punido com pena de prisão até 3 anos ou com 1. Quem difundir doença, praga, planta ou animal no-
pena de multa até 300 dias. civo da natureza de modo a causar dano a número consi-
derável de animais domésticos, ou a quaisquer outros
2. Se a conduta referida no nº 1 for praticada por ne- animais úteis ao homem, é punido com prisão até 3 anos
gligência, o agente é punido com pena de prisão até 1 ano ou multa até 300 dias.
ou com pena de multa.
2. A mesma pena é aplicável a quem praticar a condu-
3. A poluição ocorre em medida para além do admis- ta referida no número anterior, quando causar dano em
sível ou tolerável sempre que a natureza ou os valores da grandes culturas, plantações ou florestas que lhe não
emissão ou da emissão poluentes contrariarem prescri- pertençam.
ções ou limitações impostas pela autoridade competente
N.º 95– 6 de Agosto de 2012 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA 1271
Alteração de análises
Artigo 339.º
Deterioração de alimentos destinados a animais 1. O médico, analista ou seu empregado, enfermeiro
ou empregado de laboratório que fornecer dados ou re-
1. Quem manipular, fabricar ou produzir, importar, sultados inexactos na elaboração de análise clínica, radi-
armazenar, puser à venda ou em circulação alimentos ou ografia, electrocardiograma ou outro exame auxiliar de
forragens destinados a animais domésticos alheios, de diagnóstico ou tratamento médico ou cirúrgico, criando
forma a criar perigo para a vida ou de grave lesão para a um perigo para a vida ou de grave lesão da saúde ou da
saúde ou integridade física dos referidos animais, é puni- integridade física de outrem, é punido com prisão até 2
do com prisão até 1 ano ou multa até 100 dias. anos ou multa até 200 dias.
2. Se o facto descrito no número anterior for imputá- 2. Se o perigo criado para a saúde ou integridade física
vel por negligência, a pena é de multa até 60 dias. de outrem for de pequena gravidade, a pena é de prisão
até 6 meses ou multa até 60 dias.
Artigo 340.º 3. Se o perigo referido no n.º 1 for criado por negli-
Corrupção de substâncias alimentares ou para fins gência, a pena é a de prisão até 1 ano ou multa até 100
medicinais dias.
1. Quem, no aproveitamento, produção, confecção, fa- 4. Se a conduta descrita no n.º 1 for levada a cabo por
brico, serviço, embalagem, transporte, tratamento ou negligência, a pena é de prisão até 6 meses ou multa até
outra qualquer actividade que sobre elas incida, de subs- 60 dias.
tâncias destinadas a consumo alheio, para serem comi-
das, mastigadas, bebidas, para fins medicinais ou cirúrgi- Artigo 342.º
cos, as corromper, falsificar, alterar, reduzir o seu valor Alteração de receituário
nutritivo ou terapêutico, ou lhes juntar ingredientes, de
forma a criar perigo para a vida ou de grave lesão para a
1. O farmacêutico ou seu empregado que fornecer
saúde e integridade física alheias, é punido com prisão de
substâncias medicinais em desacordo com o que estava
2 a 6 anos.
prescrito na receita médica, criando um perigo para a
vida ou de grave lesão para a saúde ou integridade física
2. Na mesma pena incorre quem importar, dissimular,
de outrem, é punido com prisão até 2 anos ou multa até
vender, expuser à venda, tiver em depósito para venda
200 dias.
ou, de qualquer forma, entregar ao consumo alheio:
a) As substâncias que forem objecto de qualquer
2. Se o perigo criado para a saúde ou integridade física
das actividades referidas no número anterior;
de outrem for de pequena gravidade, a pena é de prisão
b) As substâncias com o destino e comportando o
até 6 meses ou multa até 60 dias.
perigo referido no número anterior, na medida
em que forem utilizadas depois do prazo da sua
3. Se o perigo referido no n.º 1 for criado por negli-
validade ou estiverem avariadas, corruptas ou
gência, a pena é de prisão até 1 ano ou multa até 100
alteradas pela mera acção do tempo ou dos
dias.
agentes a cuja acção estão expostas.
4. Se a conduta descrita no n.º 1 for levada a cabo por
3. Se o perigo para a saúde ou integridade física a que
negligência, a pena é de prisão até 6 meses ou multa até
se referem os números anteriores for de pequena gravi-
60 dias.
dade, a pena é de prisão até 2 anos ou multa até 200 dias.
Artigo 344.º exteriores até ao momento em que uma dessas portas seja
Agravação pelo resultado aberta para o desembarque.
1. Quem dificultar ou impedir os serviços do transpor- 3. Se a acção descrita no n.º 1 deste artigo for imputá-
te por ar ou água: vel a título de negligência, a pena é de prisão até 2 anos
a) Colocando obstáculos ao seu funcionamento, ou multa até 200 dias.
destruindo, suprimindo, danificando ou tornando
não utilizável instalação, material ou sinaliza- 4. É aplicável aos casos referidos neste artigo o previs-
ção; to nos artigos 344.º e 345.º.
b) Dando falso aviso ou sinal;
c) Praticando quaisquer actos de que possa resultar Artigo 348.º
desastre e criando, dessa forma, um perigo para Condução perigosa de veículo rodoviário
a vida ou integridade física ou para bens patri-
moniais de grande valor de outra pessoa; 1. Quem conduzir veículo, com ou sem motor, em via
é punido com pena de prisão de 3 a 10 anos. pública ou equiparada:
a) Não estando em condições de o fazer com segu-
2. Se o perigo for causado por negligência a pena é de rança, por se encontrar em estado de embriaguez
prisão até 3 anos ou multa até 300 dias. ou sob influência de álcool, estupefacientes,
substancias psicotrópicas ou produtos com efei-
3. Se a acção descrita no n.º 1 for imputável por negli- to análogo, ou por deficiência física ou psíquica
gência, a pena é de prisão até 2 anos ou multa até 200 ou fadiga excessiva; ou
dias. b) Violando grosseiramente as regras da circulação
rodoviária;
4. Quem, usando de violência ou astúcia, atentar con- e criar deste modo perigo para a vida ou para a
tra a livre decisão do seu comandante ou da sua equipa- integridade física de outrem, ou para bens pa-
gem ou usurpar o respectivo comando: trimoniais alheios de valor elevado, é punido
a) Se apossar de uma embarcação ou de uma aero- com pena de prisão até 3 anos ou com pena de
nave em voo; multa até 300 dias.
b) Desviar uma embarcação ou uma aeronave em
voo da sua rota normal; 2. Se o perigo referido no número anterior for criado
é punido com a pena de prisão de 4 a 12 anos. por negligência, o agente é punido com pena de prisão
até 2 anos ou com pena de multa até 200 dias.
5. É considerado aeronave em voo aquela em que,
terminado o embarque, tenham sido fechadas as portas
N.º 95– 6 de Agosto de 2012 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA 1273
3. Se a conduta referida no n.º 1 for praticada por ne- punido com prisão de 2 a 8 anos, se outra pena mais
gligência, o agente é punido com pena de prisão até 1 ano grave não for aplicável.
ou com pena de multa até 100 dias.
2. É aplicável aos casos referidos neste artigo o dis-
Artigo 349.º posto no artigo 344.º.
Condução de veículo em estado de embriaguez
Secção III
Quem, pelo menos por negligência, conduzir veículo, Dos crimes de perturbação da ordem social
com ou sem motor, em via pública ou equiparada, com
uma taxa de álcool no sangue igual ou superior a 1,2 g/l,
é punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de Artigo 353.º
multa até 200 dias, se pena mais grave lhe não couber por Crime praticado em estado de embriaguez
força de outra disposição legal.
1. Quem pela ingestão voluntária, ou por negligência,
Artigo 350.º de bebidas alcoólicas ou outras substâncias tóxicas, se
Perturbação de transportes rodoviários colocar em estado de completa inimputabilidade e prati-
car um facto ilícito típico é punido com prisão até 1 ano
ou multa até 100 dias.
1. Quem dificultar ou impedir a segurança rodoviária,
destruindo, danificando ou suprimindo as suas vias de
2. Se o agente contar ou pudesse contar que nesse es-
comunicação ou material circulante, obras de arte ou
tado cometeria factos criminalmente ilícitos, a pena é de
instalações, colocando obstáculos ou praticando actos
prisão até 3 anos ou multa até 300 dias.
idóneos a causar desastre e criando dessa forma perigo
para a vida ou integridade física de outrem ou para bens
3. A pena não pode ser superior à prevista para o facto
patrimoniais alheios de grande valor, é punido com pri-
ilícito típico praticado.
são de 2 a 6 anos.
4. O procedimento criminal depende de queixa se o
2. Se o perigo for criado por negligência, a pena é de
procedimento pelo crime cometido também a exigir.
prisão até 2 anos ou multa até 200 dias.
Artigo 352.º
Crimes praticados contra condutor ou passageiros
de veículo
3. Se o agente abandonar voluntariamente a sua acti- 1. Quem não obedecer à ordem legítima de se retirar
vidade, afastar ou fizer diminuir consideravelmente o de ajuntamento ou reunião pública, dada por autoridade
perigo por ela causado, impedir que o resultado que a lei competente, com a advertência de que a desobediência
quer evitar se verifique, auxiliar concretamente na reco- constitui crime, é punido com prisão até 1 ano ou multa
lha de provas decisivas para a identificação ou a captura até 100 dias.
dos outros responsáveis, pode a pena ser livremente ate-
nuada ou decretar-se mesmo a sua isenção. 2. Se os desobedientes forem os promotores de reu-
nião ou ajuntamento, a pena é de prisão até 3 anos ou
multa até 300 dias.
Artigo 361.º
Participação em motim
Artigo 364.º
1. Quem tomar parte em motim público, durante o Ameaça com prática de crime
qual forem cometidas colectivamente violências contra as
pessoas ou propriedades, é punido com prisão até 2 anos Quem, através da ameaça da prática de um crime, cau-
ou multa até 200 dias, se outra pena mais grave lhe não sar alarme ou inquietação entre a população é punido
couber pela sua participação no crime cometido. com prisão até 2 anos ou multa até 200 dias.
2. A pena é de prisão até 2 anos ou multa até 200 dias 2. Se o agente praticar a acção descrita no número an-
se as designações, sinais ou uniformes ou trajos forem terior com a intenção de provocar actos de represália ou
privativos de pessoas que exerçam autoridade pública. hostilidades contra interesses essenciais de São Tomé e
Príncipe nos domínios diplomático, militar, social ou
económico, a pena é de prisão de 3 a 10 anos, reduzindo-
Título V se para a de 1 a 5 anos se o efeito se não seguiu.
Dos crimes contra o Estado
Artigo 370.º
Capítulo I Provocação à guerra ou à represália
Dos crimes contra a segurança do Estado
1. Quem, sendo são-tomense, estrangeiro ou apátrida
Secção I residindo ou encontrando-se em São Tomé e Príncipe,
Dos crimes contra a soberania nacional praticar actos não autorizados pelo Governo São-
Tomense e adequados a expor o Estado São-Tomense a
Artigo 367.º uma declaração de guerra ou a uma acção armada, é
punido com pena de prisão de 3 a 10 anos. Se a esta
Traição à Pátria
conduta se não seguir o efeito previsto, o agente é punido
com pena de prisão de 1 a 4 anos.
Quem, por meio de violência, ameaça de violência ou
com auxílio estrangeiro: 2. Se os actos referidos no número anterior forem ape-
a) Tentar separar da Mãe-Pátria, ou entregar a país nas idóneos a expor a represálias de potências estrangeira
estrangeiro ou submeter à soberania estrangeira, interesses essenciais de São Tomé e Príncipe nos domí-
todo ou parte do território são-tomense, nios diplomático, militar, social ou económico, a pena é
de prisão de 2 a 6 anos, podendo reduzir-se para a de 6
b) Ofender ou puser em perigo a independência do
meses a 2 anos se os actos de represália não vierem a ter
País; lugar.
é punido com prisão de 15 a 25 anos.
Artigo 371.º
Artigo 368.º Inteligências com o estrangeiro para constranger o
Serviço militar em forças armadas inimigas Estado São-tomense
1. Quem, sendo são-tomense, tomar armas debaixo de 1. Quem tiver inteligências com um governo de um
bandeira de nação estrangeira contra São Tomé e Prínci- Estado estrangeiro, com partido, associação, instituição
pe é punido com prisão de 10 a 15 anos. ou grupo estrangeiro ou com algum dos seus agentes,
com intenção de constranger o Estado são-tomense a:
2. Se antes das hostilidades ou da declaração de guerra a) Declarar a guerra;
o agente estiver ao serviço do Estado inimigo com auto- b) Não declarar ou manter a neutralidade;
rização do governo são-tomense pode ser especialmente c) Declarar ou não manter a neutralidade;
atenuada. d) Sujeitar-se à ingerência de Estado estrangeiro
nos negócios são-tomenses de natureza a pôr em
3. Não é punível quem, estando em território de Esta- perigo a independência ou a integridade de São
do inimigo antes da declaração de guerra ou das hostili- Tomé e Príncipe;
dades, for forçada pelas leis militares desse Estado ini- é punido com prisão de 2 a 8 anos.
migo a tomar armas debaixo da bandeira estrangeira
contra São Tomé e Príncipe.
N.º 95– 6 de Agosto de 2012 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA 1277
2. Quem, com a intenção referida no número anterior, materiais próprios das forças armadas ou ainda vias e
publicamente, fizer ou divulgar afirmações que sabe meios de comunicação, transmissão ou transporte, esta-
serem falsas ou grosseiramente deformadas, é punido leiros, instalações portuárias, fábricas ou depósitos é
com prisão de 1 a 5 anos. punido com prisão de 3 a 10 anos.
3. Na pena prevista no número anterior incorre quem, 2. Quem, com a intenção de praticar os actos previstos
directa ou indirectamente, receber ou aceitar promessa de no número anterior importar, fabricar, guardar, comprar,
quaisquer dádivas para facilitar a ilegítima ingerência vender, ceder ou adquirir por qualquer título, distribuir,
estrangeira nos negócios são-tomenses, dirigida a pôr em transportar, detiver ou usar armas proibidas, engenhos ou
perigo a independência ou integridade de São Tomé e substâncias explosivas ou capazes de produzir explosões
Príncipe. nucleares, radioactivas ou próprias para a fabricação de
gases tóxicos ou asfixiantes, é punido com prisão de 2 a
Artigo 372.º 8 anos.
Ajuda a forças armadas inimigas
Artigo 376.º
Violação de segredos de Estado
Quem, sendo são-tomense, estrangeiro ou apátrida re-
sidente em São Tomé e Príncipe, em tempo de guerra ou 1. Quem, pondo em perigo os interesses do Estado
de acção armada contra São Tomé e Príncipe, com a são-tomense relativos à independência nacional, à unida-
intenção de favorecer ou ajudar a execução de operações de e à integridade do Estado, à sua segurança interna e
militares do inimigo contra São Tomé e Príncipe ou de externa ou à condução da sua política externa, transmitir,
causar prejuízo à defesa militar são-tomense, tiver com o tornar acessível a pessoa não autorizada, ou tornar públi-
co facto ou documento, plano ou objecto que devem, em
estrangeiro, directa ou indirectamente, quaisquer enten-
nome daqueles interesses, manter-se secretos relativa-
dimentos ou praticar quaisquer actos com vista aos mes- mente a potências estrangeiras, é punido com prisão de 3
mos fins é punido com prisão de 5 a 15 anos, podendo a 10 anos.
reduzir-se de 2 a 5 anos se o fim não for atingido ou o
auxílio ou prejuízo for pouco significativo. 2. A mesma pena é aplicada a quem, pondo em perigo
os interesses referidos no número anterior, destruir, sub-
trair ou falsificar ou deixar destruir, subtrair ou falsificar
Artigo 373.º documentos, planos ou outros objectos no mesmo núme-
Auxílio a medidas hostis a São Tomé e Príncipe ro indicados.
Quem, sendo são-tomense, estrangeiro ou apátrida re- 3. A prisão pode elevar-se até 15 anos se o agente,
sidente em São Tomé e Príncipe, tiver, directa ou indirec- com o facto, violar um particular dever, que as suas fun-
tamente, quaisquer entendimentos com o estrangeiro ou ções lhe impõem, de guardar os segredos de Estado ou os
praticar quaisquer actos destinados a favorecer a execu- objectos referidos nos números anteriores.
ção de medidas hostis ou de represálias de potências
estrangeiras contra interesses essenciais de São Tomé e 4. A prática por negligência dos factos referidos nos
Príncipe é punido com prisão de 2 a 10 anos, podendo dois primeiros números, é punido com prisão até 3 anos,
reduzir-se de 1 a 5 anos se os fins não forem atingidos ou se o agente tinha acesso aos objectos ou aos segredos de
o auxílio for pouco significativo ou importante. Estado em razão das funções ou serviço competente.
Quem sendo são-tomense, estrangeiro ou apátrida re- 1. Quem, colaborar com governo ou organização, as-
sidente em São Tomé e Príncipe, fizer ou reproduzir, sociação ou serviço de informação estrangeira ou com
publicamente, em tempo de guerra, afirmações que sabe algum dos seus agentes, com a intenção de praticar al-
serem falsas ou grosseiramente deformadas, com inten- gum dos factos referidos no artigo anterior é punido com
ção de impedir ou perturbar o esforço de guerra de São prisão de 5 a 10 anos.
Tomé e Príncipe ou de auxiliar ou fomentar as operações
inimigas, é punido com prisão de 1 a 5 anos. 2. A mesma pena é aplicada a quem, conscientemente,
recrutar, acolher ou receber o agente que pratique os
Artigo 375.º factos referidos no artigo anterior ou no n.º 1 deste artigo
Sabotagem contra a defesa nacional ou, de qualquer modo, favorecer a prática de tais factos.
1. Quem, prejudicar ou puser em perigo a defesa naci- 3. Se o agente praticar os factos descritos no n,º1 vio-
onal, danificar ou destruir quaisquer obras militares ou lando dever especificamente imposto, designadamente, o
de guardar os segredos de Estado ou os objectos referi-
1278 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 95– 6 de Agosto de 2012
dos, pelo estatuto da sua função ou serviço, ou da missão b) Fizer, directa ou indirectamente, comércio com
que lhe foi conferida por autoridade competente, é puni- súbdito ou agente de estado inimigo;
do com pena de prisão de 3 a 15 anos. é punido com prisão até 5 anos.
2. Na mesma pena incorre quem inscrever, impedir a 2. Na mesma pena incorre quem falsear o apuramento,
inscrição de outra pessoa que sabe ter direito a inscrever- a publicação ou a acta oficial do resultado da votação.
se ou, por qualquer outro modo, falsificar o recenseamen- 3. A tentativa é punível.
to eleitoral.
Quem, com intuitos fraudulentos, modificar ou substi- 1. Quem, nas eleições referidas no artigo 409.º, por
tuir cartão de eleitor é punido com prisão até 3 anos ou meio de notícias falsas, boatos caluniosos ou através de
multa até 300 dias. artifícios fraudulentos, impedir que eleitor vote, é punido
com prisão até 1 ano ou multa até 100 dias.
Artigo 407.º
Obstrução a inscrição 2. Na mesma pena incorre:
a) Quem comprar ou vender um voto para as elei-
1. Quem, por violência, ameaça de violência ou artifí- ções referidas no mesmo artigo;
cio fraudulento, determinar um eleitor a não se inscrever b) Quem entrar armado em assembleia ou colégio
no recenseamento eleitoral ou a inscrever-se fora da eleitoral, não pertencendo à força pública devi-
unidade geográfica ou do local próprio, ou para além do damente autorizada.
prazo, é punido com prisão até 1 ano ou multa até 100
dias, se pena mais grave não for aplicável por força de Artigo 412.º
outra disposição legal. Violação do segredo de escrutínio
2. A mesma pena é aplicada aos membros da comissão As penas previstas nesta secção, com ressalva da pre-
recenseadora que, com intuitos fraudulentos, não proce- vista no n.º 2 do 408.º são agravadas de um terço (1/3)
dam à elaboração e correcção dos cadernos do recensea- nos seus limites mínimo e máximo se o agente do respec-
mento. tivo crime for membro da comissão recenseadora, da
secção ou assembleia de voto ou delegado de partido
Artigo 409.º político à comissão, secção ou assembleia referidas.
Perturbação de assembleia eleitoral
Secção VI
Quem, por meio de violência, ameaça de violência ou Disposições comuns
participando em tumultos, desordens ou vozearias impe-
dir ou perturbar gravemente a realização, funcionamento Artigo 414.º
ou apuramento de resultados de assembleia ou colégio Actos preparatórios
eleitoral, destinados, nos termos da lei, à eleição dos
órgãos de soberania, de região autónoma e de autarquias Os actos preparatórios dos crimes previstos nos artigos
locais, é punido com prisão até 3 anos ou multa até 300 367.º a 375.º e 391.º a 393.º são punidos com prisão até 3
dias. anos.
N.º 95– 6 de Agosto de 2012 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA 1283
1. O tribunal pode atenuar livremente a pena ou mes- 3. A agravação prevista no número anterior é extensí-
mo isentá-la, se os agentes dos crimes previstos neste vel à ofensa corporal, ou outra violência praticada contra
capítulo, voluntariamente abandonarem a sua actividade, advogado no exercício das suas funções, em acto presidi-
afastarem ou fizerem diminuir por forma considerável o do por magistrado.
perigo produzido pela conduta ou se antes da advertência
de autoridade competente ou imediatamente depois dela, Artigo 419.º
se renderem sem opor resistência, entregarem ou aban- Agravação
donarem as armas.
Se, no caso dos artigos 417.º e 418.º, a infracção for
2. Se o agente tiver exercido funções de comando ou cometida com arma ou provocar a morte ou grave perigo
direcção, a pena pode ser especialmente atenuada. para a vida, grave ofensa ou grave perigo de ofensa para
a saúde ou integridade física ou psíquica da vítima, a
Artigo 416.º pena é de prisão de 2 a 8 anos, se ao facto não couber
Penas acessórias pena mais grave por força de outra disposição legal.
Quem for condenado por crime previsto neste capítulo Artigo 420.º
em pena de prisão superior a um ano, pode ser incapaci- Coacção sobre funcionários com motim
tado para eleger Presidente da República, membro da
assembleia legislativa ou de autarquia local, para ser Se o crime previsto no artigo 417.º for praticado com
eleito como tal ou para ser jurado, por período de 2 a 10 motim, quem neste participar é punido com prisão de 1 a
anos. 3 anos, se pena mais grave não couber pela sua participa-
ção no crime cometido.
Capítulo II
Dos Crimes contra a Autoridade Pública Artigo 421.º
Desobediência
Secção I
Da Resistência e Desobediência à autoridade pública 1. Quem faltar à obediência devida a ordem ou a man-
dado legítimos, regularmente comunicados e emanados
Artigo 417.º de autoridade ou funcionário competente, é punido com
Coacção de funcionários prisão até 1 ano ou multa até 100 dias.
1. Quem empregar violência ou ameaça grave contra 2. A mesma pena é aplicada se uma outra disposição
funcionário, ou membro das forças armadas, militariza- legal cominar a pena de desobediência simples.
das ou de segurança, para se opor a que ele pratique ou
continue a praticar acto legítimo compreendido nas suas 3. A pena é de prisão até 2 anos ou multa até 200 dias
funções ou para o constranger a que pratique ou continue se uma outra disposição legal cominar a pena de desobe-
a praticar acto relacionado com as suas funções, mas diência qualificada.
contrário aos seus deveres, é punido com prisão até 2
anos ou multa até 200 dias. Secção II
Da tirada, evasão de presos e não cumprimento de
2. Se a violência ou ameaça grave produzir o efeito obrigações impostas por sentença criminal
querido, a pena eleva-se até 3 anos e a multa até 300 dias.
Artigo 422.º
Artigo 418.º Tirada de presos
Ofensa a funcionário
1. Quem por meio de violência, ameaça ou artificio,
1. Quem praticar ofensa corporal ou outra violência libertar pessoa legalmente privada da liberdade em esta-
sobre qualquer das pessoas referidas no artigo anterior no belecimento prisional ou outro, é punido com prisão de 1
exercício das suas funções ou por causa destas, é punido a 5 anos.
com a pena que couber ao respectivo crime, agravada de
um terço (1/3) nos seus limites mínimo e máximo. 2. Na mesma pena incorre quem instigar, promover
ou, de qualquer forma, auxiliar a evasão de pessoas refe-
2. Se o ofendido for membro de um órgão de sobera- ridas no número anterior.
nia, do governo ou da assembleia da Região Autónoma
do Príncipe, membro de órgão das autarquias locais, de
corporação que exerça autoridade pública, comandante
1284 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 95– 6 de Agosto de 2012
Artigo 427.º
Artigo 423.º Motim de presos
Auxílio de funcionário à evasão
Os presos, detidos ou internados, que se amotinarem
O funcionário ou quem estiver encarregado da guarda ou associarem e, concertando as suas forças, com a in-
de pessoa legalmente privada da liberdade que a libertar, tenção de, concertando as suas forças:
deixar evadir, ou facilitar, promover ou, por qualquer a) Atacarem funcionário ou outra pessoa, legal-
forma, auxiliar a sua evasão é punido com prisão de 2 a 8 mente encarregada da sua guarda, tratamento ou
anos. vigilância, ou o constrangerem, por violência ou
ameaça de violência, a praticar qualquer acto ou
Artigo 424.º a abster-se de o praticar;
Negligência na Guarda b) Se evadirem ou ajudarem a evadir um de entre
eles ou outro preso;
O funcionário ou quem, nos termos da lei, for encarre- são punidos com prisão de 2 a 8 anos.
gado da guarda de qualquer das pessoas referidas no
artigo 422.º que, por negligência grosseira, permitir a sua Artigo 428.º
evasão é punido com prisão até 1 ano ou multa até 100 Acumulação
dias.
As penas aplicadas aos crimes previstos nos artigos
Artigo 425.º 425.º,426.º e 427.º são materialmente cumuladas com
Evasão aquelas a que o agente tiver sido condenado ou vier a ser
condenado.
1. Quem, encontrando-se em situação, imposta nos
termos da lei de detenção, internamento ou prisão em Secção III
regime fechado, ou aproveitando a sua remoção ou trans- Da violação de providências públicas
ferência, se evadir, é punido com prisão até 2 anos.
Artigo 429.º
2. Se a evasão tiver lugar num estabelecimento que Descaminho ou destruição de objectos colocados
funcione em regime aberto, a pena é de prisão até 4 anos. sob o poder público
2. Se a evasão tiver lugar num estabelecimento que 1. Quem destruir, danificar, inutilizar ou, de qualquer
funcione em sistema de segurança média, a pena é de forma, subtrair ao poder público, a que está sujeito, do-
prisão até 3 anos. cumento ou qualquer outro objecto móvel, posto sob a
guarda de funcionário competente, ou por este confiado à
3. Se o facto for cometido com violência ou por meio sua guarda ou de terceiro, é punido com prisão até 4
de ameaças contra as pessoas ou mediante arrombamento anos.
a pena é de prisão de 1 a 5 anos.
2. Se o agente do crime for funcionário a cuja guarda
4. Se a violência ou as ameaças forem exercidas por o objecto tiver sido confiado, é punido com prisão de 1 a
meio de armas ou contra um grupo de pessoas, a pena é 5 anos.
de prisão de 2 a 6 anos.
3. Quando do crime não resultar prejuízo para o Esta-
5. A pena pode ser reduzida de metade (1/2) quando o do ou outra pessoa, ou o prejuízo for de pequena gravi-
agente se entregue, antes da condenação, à autoridade dade, a pena é de prisão até 1 ano ou multa até 100 dias.
competente.
Artigo 430.º
Artigo 426.º Violação de arresto ou apreensão legítimos
Violação de obrigações impostas por sentença cri- Quem destruir, danificar, inutilizar ou subtrair coisa
minal que tiver sido legalmente arrestada, apreendida ou objec-
to de providências cautelares, de forma a prejudicar, total
Quem violar obrigações referentes ao lugar a que deve ou parcialmente, a finalidade destas providências, é pu-
apresentar-se, residir ou frequentar, ou proibições de nido com prisão até 3 anos ou multa até 300 dias.
exercício de certa profissão ou actividade, comércio ou
indústria, por si ou por outrem, impostas por sentença Artigo 431.º
criminal é punido com prisão até 1 ano ou multa até 100 Quebra de marcas e de selos
dias.
Quem abrir, romper ou inutilizar, total ou parcialmen-
te, apostos legitimamente, por funcionário competente,
para identificar ou manter inviolável qualquer coisa, ou
para certificar que sobre esta recaiu arresto, apreensão ou
N.º 95– 6 de Agosto de 2012 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA 1285
providência cautelar, é punido com prisão até 2 anos ou 3. Se o crime referido no n.º 1 for praticado depois de
multa até 200 dias. o agente ter sido ajuramentado e advertido das respecti-
vas consequências penais, a pena é de prisão até 4 anos
Artigo 432.º ou multa até 300 dias.
Arrancamento, destruição ou alteração de editais
Artigo 436.º
Quem arrancar, destruir, alterar ou, de qualquer forma, Atenuação e isenção de pena
impedir que se conheça um edital afixado por funcionário
competente, é punido com prisão até 1 ano ou multa até 1. As penas previstas nos artigos 434.º e 435.º são,
100 dias. respectivamente, reduzidas para as penas de prisão até 1
ano ou multa até 60 dias, de prisão até 18 meses ou multa
Artigo 433.º até 100 dias e de prisão até 2 anos ou multa até 200 dias,
Usurpação de funções podendo o agente ser isento de pena quando a falsidade
diga respeito a circunstância secundária ou não tenha
1. Quem, sem para tal estar autorizado, exercer fun- significado para a prova a que os depoimentos, relatórios,
ções ou praticar actos próprios de funcionário ou de co- informações ou traduções se destinem.
mando militar ou de força de segurança pública, invo-
cando essa qualidade, é punido com prisão até 2 anos ou 2. Se os crimes previstos nos artigos 434.º e 435.º tive-
multa até 200 dias. rem sido cometidos para evitar que o agente, o cônjuge,
um adoptante ou adoptado, os seus parentes ou afins até
2. Na mesma pena incorre quem exercer profissão, pa- ao 3.º grau se expusessem ao perigo de virem a ser puni-
ra a qual a lei exige título ou preenchimento de certas dos ou a ser sujeitos à reacção criminal, podem as penas
condições, arrogando-se, expressa ou tacitamente, pos- ser livremente atenuadas ou até mesmo excluir-se a puni-
sui-lo ou preenchê-las, quando efectivamente, o não ção.
possui ou as não preenche.
Artigo 437.º
3. Na mesma pena incorre quem continuar no exercí- Retractação
cio de funções públicas, depois de lhe ter sido oficial-
mente notificada a demissão ou a suspensão dessas fun- 1. Se o agente dos crimes previstos nos artigos 434.º e
ções. 435.º se retractar voluntariamente, a tempo de a retracta-
ção poder ser tomada em conta na decisão, ou antes que
Capítulo III tenha resultado do depoimento, declaração, relatório,
Dos crimes contra a realização da justiça informação ou tradução falsa, prejuízo para interesses de
terceiros, é isento de pena.
Artigo 434.º
Falso depoimento de parte 2. Não há lugar a punição ou a pena pode ser especi-
almente atenuada se a retractação evitar um perigo maior
Quem, em processo cível, prestar depoimento de par- para terceiro. Esta disposição aplica-se, nomeadamente,
te, fazendo falsas declarações relativamente a factos quando a retractação ocorrer depois de proferido o des-
sobre que deve depor, depois de ajuramentado e adverti- pacho de pronúncia ou equivalente em processo criminal.
do das consequências penais a que se expõe com a pres-
tação de depoimento falso, é punido com prisão até 2 3. A retractação pode fazer-se perante um tribunal, o
anos ou multa até 200 dias. Ministério Público, a Polícia de Investigação Criminal ou
outra autoridade competente.
Artigo 435.º
Falso testemunho, falsas declarações, perícia, in- Artigo 438.º
terpretação ou tradução Instrumentalização
1. Quem, como testemunha, declarante, perito, técni- Quem induzir em erro ou influenciar outrem para que
co, tradutor ou intérprete, perante tribunal ou funcionário este pratique um dos factos descritos nos artigos 434.º e
competente para receber como meio de prova, os seus 435.ºº, ainda que a título de negligência, é punido com
depoimentos, relatórios, informações ou traduções, pres- prisão até 3 anos ou multa até 300 dias.
tar depoimentos, apresentar relatórios, der informações
ou fizer traduções falsas, é punido com prisão até 3 anos Artigo 439.º
ou multa até 300 dias. Suborno
2. Na mesma pena incorre quem, sem justa causa, se Quem convencer ou tentar convencer outra pessoa,
recusar a depor, prestar declarações, apresentar relató- através de qualquer vantagem patrimonial ou não patri-
rios, informações ou traduções. monial, a praticar o crime previsto no artigo 435.º, que
1286 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 95– 6 de Agosto de 2012
O funcionário competente para promover processo 1. O advogado ou solicitador que voluntariamente pre-
criminal, por contra-ordenação ou disciplinar, que instau- judicar causa entregue ao seu patrocínio com a intenção
re procedimento contra determinada pessoa que sabe de alcançar um benefício, é punido com prisão até 3 anos
inocente, é punido com prisão de 1 a 5 anos. ou multa até 300 dias.
2. Na mesma pena incorre o advogado ou solicitador
Artigo 447.º que, na mesma causa, advogar ou exercer solicitadoria
Não promoção relativamente a pessoas cujos interesses estejam em con-
flito, com intenção de actuar em benefício ou em prejuízo
1. O funcionário que, faltando aos deveres do seu car- de algumas delas.
go, não promover ou não continuar a promoção de pro-
cedimento criminal contra um infractor, ou não tomar as Artigo 451.º
providências da sua competência para impedir ou preve- Violação do segredo de justiça
nir a prática de qualquer crime, é punido com prisão até 2
anos ou multa até 200 dias. 1. Quem ilegitimamente der conhecimento, no todo ou
em parte sem autorização do juiz ou funcionário compe-
2. No caso, de o funcionário ter participado ou com- tente, de acto ou documento de processo-crime que se
participado na prática de um crime, é punido com a pena encontre coberto por segredo de justiça, ou a cujo decur-
correspondente, elevada de metade nos seus limites mí- so não seja permitida a audiência do publico em geral, é
nimo e máximo. punido com prisão até 3 anos ou multa até 300 dias.
3. O funcionário que, depois de lhe ter sido requerido, 1. O funcionário que por si, ou por interposta pessoa,
se recusar a dar conhecimento dos motivos da detenção, a com o seu consentimento ou ratificação, solicitar ou
quem cumpra pena de prisão à sua ordem ou se encontre aceitar, para si ou para terceiro, sem que lhe seja devida
por outro modo privado da liberdade, é punido com pena vantagem patrimonial ou não patrimonial, ou a sua pro-
de prisão até 3 anos. messa, como contrapartida de acto ou omissão contrários
aos deveres do cargo é punido com prisão de 2 a 6 anos.
4. Se a ordem ou execução ilegal da privação da liber-
dade, ou a omissão de a executar a ordem conforme a lei, 2. Se o acto não for executado, a pena é de prisão até 3
for devida a negligência grave, a pena é de prisão até 2 anos ou multa até 300 dias.
anos ou multa até 200 dias.
3. Tratando-se de mera omissão ou demora na prática
Artigo 449.º de acto relacionado com as suas funções, mas com viola-
Denegação de justiça ção dos deveres do seu cargo, a pena é, respectivamente,
no caso n.º 1, de prisão até 2 anos ou multa até 200 dias e
O funcionário que se negar a administrar a justiça ou a no caso do n.º 2, a de prisão até 1 ano ou multa até 100
aplicar o direito que lhe cabe por inerência de funções e dias.
lhe foi requerido, não promover ou não continuar a pro-
moção de procedimento criminal contra um infractor, ou 4. Se o funcionário, voluntariamente repudiar ao ofe-
não tomar as providências para impedir ou prevenir a recimento ou promessa que aceitara, ou restituir o dinhei-
prática de crime, é punido com prisão até 2 anos ou multa ro ou o valor da vantagem patrimonial, antes da prática
até 200 dias.
1288 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 95– 6 de Agosto de 2012
do acto ou da sua omissão ou demora, é dispensado de ção lícito, com perigo de aquele património ou modo de
pena. vida provir de vantagens obtidas pela prática de crimes
cometidos no exercício de funções públicas, é punível
5. A pena pode ser especialmente atenuada se o agente com pena de prisão até 5 anos.
auxiliar concretamente na recolha das provas decisivas
para a identificação ou captura de outros responsáveis. 2. Para efeitos do número anterior entende-se por pa-
trimónio todo o activo patrimonial existente no país ou
Artigo 453.º no estrangeiro, incluindo o património imobiliário, quo-
Corrupção passiva para acto lícito tas, acções ou partes sociais do capital de sociedades
civis ou comerciais, de direitos sobre barcos, aeronaves
O funcionário que, por si ou interposta pessoa com o ou veículos automóveis, carteiras de títulos, contas ban-
seu consentimento ou ratificação, solicitar ou aceitar, cárias a prazo, aplicações financeiras equivalentes e
para si ou para terceiro, sem que lhe seja devida, vanta- direitos de créditos.
gem patrimonial ou não patrimonial, ou a sua promessa,
como contrapartida de acto ou de omissão não contrários 3. Para efeitos do n.º1 entende-se por modo de vida
aos deveres do cargo, é punido com prisão até 1 ano ou todos os gastos com bens de consumo ou com liberalida-
multa até 100 dias. des realizados no país ou no estrangeiro.
3. Se o destino da aplicação irregular não for efectua- O funcionário que, sem autorização legal, impuser, fi-
do para fim público, sendo essa a finalidade legalmente xar ou receber, com destino ao Tesouro Público, por si ou
estabelecida, o agente é punido com pena de 1 a 5 anos por outrem, contribuições ou impostos ou importâncias
de prisão. de contribuições ou impostos superiores às que forem
devidas, é punido com prisão até 1 ano ou multa até 100
Artigo 458.º dias.
Peculato por erro de outrem
Artigo 462.º
O funcionário que, no exercício das suas funções, Emprego de força pública contra a execução da lei
aproveitando-se do erro de outrem, receber, para si ou ou ordem legal
para terceiro, taxas, emolumentos ou outras importâncias,
não devidas ou superiores às devidas, é punido com pri- O funcionário que, sendo competente para requisitar
são até 2 anos ou multa até 200 dias. ou ordenar o emprego de força pública, requisitar ou
ordenar este emprego para impedir a execução de alguma
Artigo 459.º lei, ou de mandato regular da justiça ou de ordem legíti-
Participação económica em negócio ma de autoridade pública, é punido com prisão até 3 anos
ou multa até 300 dias.
1. O funcionário que, com intenção de obter para si ou
para terceiro, participação económica ilícita, lesar em Artigo 463.º
negócio jurídico os interesses patrimoniais que, no todo Recusa de cooperação
ou em parte, lhe cumpre em razão da sua função, admi-
nistrar, fiscalizar, defender ou realizar, é punido com O funcionário que, tendo recebido requisição legal da
prisão até 4 anos. autoridade competente para prestar a devida cooperação
para a administração da justiça ou qualquer serviço pú-
2. O funcionário que, por qualquer forma, receber van- blico, se recusar a prestá-la, ou sem motivo legítimo a
tagem patrimonial por efeito de um acto jurídico-civil, não prestar, é punido com prisão até 1 ano ou multa até
relativo a interesses de que ele tinha, por força das suas 100 dias.
funções, no momento do acto, total ou parcialmente a
disposição, administração ou fiscalização, ainda que sem Artigo 464.º
os lesar, é punido com multa até 200 dias. Abuso de poderes
3. A pena prevista no número anterior é também apli- O funcionário que, fora dos casos previstos dos artigos
cável ao funcionário que receber para si ou para terceiro, anteriores, abusar de poderes ou violar os deveres ineren-
por qualquer forma, vantagem económica por efeito de tes às suas funções com intenção de obter, para si ou para
cobrança, arrecadação, liquidação ou pagamento de que, terceiro, um benefício ilegítimo ou causar um prejuízo a
por força das suas funções, total ou parcialmente, esteja outrem, é punido com prisão até 3 anos ou multa até 300
encarregado de ordenar ou fazer, posto que se não verifi- dias, se pena mais grave lhe não couber por força de
que prejuízo económico para a Fazenda Pública ou para outra disposição legal.
os interesses que assim efectiva.
Secção IV
Secção III Da violação de segredo
Do abuso de autoridade
Artigo 465.º
Artigo 460.º Violação de segredo por funcionário
Violação de domicílio por funcionário
1. O funcionário que, sem estar devidamente autoriza-
1. O funcionário que, abusando dos poderes inerentes do, revelar um segredo de que teve conhecimento ou que
às suas funções, praticar o crime de introdução em casa lhe foi confiado no exercício das suas funções com a
alheia, ou violar o domicílio profissional de quem, pela intenção de obter, para si ou para outrem, um benefício
natureza da sua actividade, estiver vinculado ao dever de ilegítimo ou de causar um prejuízo do interesse público
sigilo, é punido com pena de prisão até 3 anos ou multa ou de terceiros, é punido com prisão até 2 anos ou multa
até 300 dias. até 200 dias.
TABELA V
Ácido lisérgico.
Efedrina.
Ergometrina.
Ergotamina.
Fenil-1 propanona-2.
Isosafrole.
3,4-Metilenodioxifenil-2-propanona.
N-ácido acetilantranílico.
Piperonal.
Pseudo-efedrina.
Safrole.
Os sais das substâncias inscritas na presente tabela
em todos os casos em que a existência desses sais seja
possível.
TABELA VI
Acetona.
Ácido antranílico.
Ácido clorídrico.
Ácido fenilacético.
Ácido sulfúrico.
Anidrido acético.
Éter etílico.
Metiletilcetona.
Permanganato de potássio.
Piperidina.
Tolueno.
Os sais das substâncias inscritas na presente tabela
em todos os casos em que a existência desses sais seja
possível.
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