1.09.ET. Bases Sobre Nutri. Humana e Nutri. Esportiva

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ELEMENTOS NUTRICIONAIS

APLICADOS A EDUCAÇÃO FÍSICA E


ESPORTE
Jaqueline Santos Moreira Leite
1 BASES SOBRE NUTRIÇÃO HUMANA E NUTRIÇÃO ESPORTIVA
Caro aluno, para trilharmos este caminho ao conhecimento sobre a importância dos
nutrientes e alimentos para manutenção da vida, longevidade e seu efeito no esporte,
é importante primeiro entendermos um pouco dos conceitos básicos sobre nutrição.
A ciência da nutrição é ampla, que visa estudar a interação entre homem e alimento.

A boa nutrição e a prática do exercício físico são fundamentais para manutenção da


saúde do indivíduo, bem como a prevenção de doenças. Desta forma, é fundamental
que o educador físico entenda os conceitos básicos de nutrição e a importância da
alimentação aliada ao exercício físico na promoção de saúde. Por isso, neste primeiro
bloco, abordaremos conceitos básicos sobre nutrição e a sua importância no esporte.

Então, vamos lá!

1.1 Conceitos sobre nutrição e nutrição esportiva

1.1.1 Definição de nutrição e nutrição esportiva

A ciência da nutrição é uma ciência diversa, que iniciou a partir da identificação e o


isolamento de nutrientes presentes nos alimentos e com os estudos do efeito sobre a
saúde e o desenvolvimento de doenças. Esta ciência pode ser definida como
“a ciência dos alimentos, dos nutrientes, sua ação-interação e equilíbrio relacionado à
saúde e à doença, e o processo pelo qual o organismo ingere, digere, absorve,
transporta, utiliza e elimina as substâncias alimentares” (PRADO et al., 2011).

Portanto, a ciência da nutrição busca conhecer os processos que envolvem o alimento,


desde a obtenção dos nutrientes para o bom funcionamento do organismo, a
interação dos nutrientes à propensão ou prevenção de doenças, até o contexto
socioeconômico e cultural que envolvem o alimento e alimentação.

Adicionalmente, quando pensamos em esporte e prática de exercício físico, não


podemos esquecer da importância do bom fornecimento dos nutrientes para execução
e recuperação do exercício físico. Os atletas realizam uma periodização do
treinamento, com o objetivo de prepará-los para o máximo desempenho em

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competições. O suporte nutricional também precisa ser periodizado, levando em
consideração as necessidades diárias do atleta conforme cada etapa do treinamento e
os objetivos nutricionais gerais (THOMAS et al., 2016).

Neste contexto, área da nutrição esportiva visa estudar a relação dos nutrientes e dos
alimentos na prática do exercício físico e esporte, para busca da performance,
recuperação pós-exercício, além da saúde e bem-estar dos atletas.

Leia mais sobre o assunto acessando o link ao final do bloco, em “Saiba mais”.

1.1.2 Conceitos sobre alimentos e alimentação

Os alimentos são todas as substâncias sólidas e líquidas que, levadas ao tubo digestivo,
são degradadas e depois usadas para formar e/ou manter os tecidos do corpo, regular
processos orgânicos e fornecer energia (PRADO et al., 2011).

A alimentação não envolve somente o ato de ingerir o alimento para adquirir o


“combustível’’ necessário para a boa manutenção do organismo, mas também os
aspectos culturais e socioeconômicas que influenciam diretamente no modo de
preparo dos alimentos e nas práticas alimentares, o que influencia diretamente na
saúde e longevidade do indivíduo. Por exemplo, estudos demonstram que alimentação
da população do Mediterrâneo tem sido associada com menor predisposição à
doenças crônicas e maior longevidade, quando comparada ao estilo de alimentação
americano.

Portanto, quando se pensa em alimentação, é importante avaliar desde seu enfoque


biológico até social e cultural. O homem, desde o início da civilização, tem uma relação
intima com a alimentação. Seus hábitos alimentares acompanham a evolução da
espécie humana. Por exemplo, ao imaginarmos o modo de alimentação do homem
das cavernas e modo como nos alimentamos atualmente, observamos que mudou
completamente, desde hábitos, acesso, até a relação com os alimentos. Neste
contexto é importante frisar que, nos primórdios da civilização, o homem sofria com a
escassez, a falta de métodos de cocção e o armazenamento de alimentos. Atualmente,
com os avanços da agricultura e industrialização, vivemos os efeitos do excesso de
alimentos com aumento da obesidade e das doenças crônicas.

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Os alimentos podem ser caracterizados de acordo com sua origem, nível de
processamento e conforme a sua composição de nutrientes.

A classificação dos alimentos de acordo com a origem pode ser animal, vegetal ou
sintético. Este último se refere a alimentos sintetizados de forma industrial, como, por
exemplo, os adoçantes. De acordo com o Guia alimentar da população brasileira
(2014) os alimentos podem ser classificados de acordo com seu processamento em:

• Alimentos in natura: obtidos diretamente de plantas ou de animais e não


sofrem qualquer alteração após deixar a natureza. Ex: alface, brócolis, maçã,
leite sem pasteurização.

• Alimentos minimamente processados: são alimentos que sofreram um


pequeno processamento, tais como limpeza, remoção de partes indesejáveis,
congelamento. Exemplo: legumes congelados, leite pasteurizado, café, arroz.

• Alimentos processados: são alimentos industrializados com a adição de sal,


açúcar ou outra substância de uso culinário a alimentos in natura, para os
tornar duráveis e mais agradáveis ao paladar. Exemplo: cenoura e ervilha em
conserva, extrato de tomate, atum enlatado e frutas em calda.

• Alimentos ultraprocessados: são os alimentos fabricados pela indústria a partir


de substâncias extraídas de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, amido,
proteínas), derivadas de constituintes de alimentos (gorduras hidrogenadas,
amido modificado) ou sintetizadas em laboratório com base em matérias
orgânicas como petróleo e carvão (corantes, aromatizantes, realçadores de
sabor e vários tipos de aditivos usados para dotar os produtos de propriedades
sensoriais atraentes). Exemplos: sorvetes, chocolates, pizzas, biscoitos,
salgadinhos, hamburguer e salsicha.

Com intuito de orientar a população a para obter uma alimentação mais saudável, o
guia alimentar da população brasileira ressalta a importância de uma alimentação
diversificada, respeitando a cultura de cada região, priorizando os alimentos in natura
e minimamente processado. Neste guia, são apresentados dez passos para uma
alimentação adequada e saudável.

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Tabela 1.1 – Dez passos para uma alimentação adequada e saudável

Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da



alimentação
Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e

cozinhar alimentos e ao criar preparações culinárias
3º Limitar o consumo de processados

4º Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados


Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que

possível, com companhia
Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou

minimamente processados
7º Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias

8º Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece
Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na

hora
Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação
10º
veiculadas em propagandas comerciais

Fonte: BRASIL, 2014, p. 125-128.

Reflita: Você tem se alimentado adequadamente? Você tem utilizado mais alimentos
in natura ou mais alimentos processados ou ultraprocessados? Como está a sua
alimentação?

Ao final do bloco, leia mais sobre esses pontos no link disponibilizado em “Saiba mais”.

1.2 Conceitos sobre anabolismo, nutrientes e macronutrientes

Os nutrientes são os elementos responsáveis pela manutenção de todas as reações


bioquímicas necessárias para o perfeito funcionamento do organismo. Além disso, os
nutrientes são substâncias químicas que fazem parte dos alimentos e são absorvidas
pelo organismo após a digestão pelo trato gastrointestinal.

Os nutrientes são de extrema importância para o crescimento e manutenção do


organismo. Os nutrientes são subdivididos em: proteínas, carboidratos, lipídeos,
vitaminas, minerais, água e compostos bioativos. Estes podem ser classificados
conforme a essencialidade, função ou quantidade necessária.

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A classificação conforme a sua essencialidade é denominado nutriente essencial ou
não essencial. O conceito de nutriente essencial surgiu há mais de 100 anos, a partir da
observação em que a ausência de algum alimento no hábito alimentar do indivíduo,
principalmente em dietas pobres em alimentos, poderia ser o fator desencadeador de
doenças e, ao incluir este alimento a saúde, se reestabelecia (MELLO, 2018).

Os nutrientes essenciais são aqueles indispensáveis para o nosso organismo, pois não
são sintetizados em quantidades adequadas para suprir nossas necessidades
fisiológicas e precisam ser adquiridos a partir dos alimentos (proteínas, por exemplo).
Já os não essenciais são aqueles que são sintetizados pelo nosso organismo em
quantidades fisiológicas a partir de outro substrato, sem a necessidade de ser
adquirido a partir da alimentação (compostos bioativos).

Em relação a classificação a sua função, os nutrientes podem ser divididos em


energético, plástico ou construtores e reguladores. Os nutrientes energéticos são
aqueles vitais para organismo, pois fornecem energia (como o carboidrato). Os
nutrientes plásticos ou construtores são aqueles necessários para construção e
manutenção das células e tecido do organismo (lipídeos, por exemplo) e os nutrientes
reguladores controlam e/ou regulam funções importantes em nosso organismo (por
exemplo, as vitaminas).

Os nutrientes também são classificados em macro e micronutrientes, conforme a sua


necessidade de ingestão diária. Entre os macronutrientes, estão os carboidratos,
proteínas e lipídeos; e os micronutrientes, as vitaminas e minerais (TIRAPEGUI e
MENDES, 2013).

A tabela abaixo apresenta as principais diferenças entre os macros se micronutrientes.

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Tabela 1.2 – Diferenças entre macronutrientes e micronutrientes.

Micronutrientes Macronutrientes
Consumidos em pequenas quantidades Consumido em grandes quantidades
(<1g/dia) (muitos g/dias)
Absorvidos inalterados Degradados pela digestão
Essenciais – não sintetizando pelo Aminoácidos essenciais e ácidos graxos
organismo essenciais
Não fornecem energia Fornecem energia
Funções principais: coenzimas e
Enzimas são proteínas, energia
catalisadores
Fonte: Tirapegui e Mendes, 2013.

A todo tempo, estão sendo degradados e sintetizados novos substratos em células do


nosso corpo. Os nutrientes são extremamente necessários para todas as reações que
acontecem no organismo. O conjunto de todas a reações químicas que ocorrem nas
células ou no organismo é denominado Metabolismo. Esse conjunto que acontece em
nossas células com uma determinada função constitui as vias metabólicas, nas quais o
produto de uma reação se torna o reagente, produzindo uma pequena alteração
química específica – em geral, remoção, transferência ou adição de um átomo
particular ou um grupo funcional. O produto formado nesta casta de reações é
denominado metabolito (MCARDLE et al., 2016).

O Metabolismo é divido por dois grandes processos: anabolismo e catabolismo.


O primeiro é referente aos processos de formação de novas moléculas, como por
exemplo novas proteínas e membrana celular. Já o segundo é referente aos processos
de degradação de moléculas, como a morte celular.

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Fonte: Nelson e Cox, 2014.

Figura 1.1 – Conceito diagrama das reações formada em catabolismo e anabolismo.

Certamente você já deve ter ouvido falar que durante o exercício estamos em
catabolismo, e após o exercício estamos em anabolismo. É importante ressaltar que,
em nosso organismo, ocorrem a todo tempo tanto reação anabólica quanto catabólica.
Portanto, quando estamos em anabolismo, acontecem mais reações de formação, e,
quando em catabolismo, estamos em mais reação de quebra.

Figura 1.2 – Conceito de metabolismo: catabolismo e anabolismo.

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Reflita: Em qual momento estamos mais em catabolismo ou anabolismo? Qual a
importância dos processos anabólicos e catabólicos no contexto do exercício físico?
Qual a importância dos nutrientes para este processo?

1.3 Macro e micronutrientes e compostos bioativos

Os alimentos contêm diversos nutrientes que são utilizados no metabolismo humano.


Os nutrientes podem ser classificados como macronutrientes ou micronutrientes,
conforme a sua necessidade. Uma diferença importante é que os macronutrientes
fornecem energia, e entre eles estão carboidratos, proteínas e lipídeos; e enquanto os
micronutrientes não fornecem energia, e entre eles estão as vitaminas e minerais.

É importante salientar que os alimentos podem conter mais de um tipo de nutrientes.


Por exemplo, o feijão é rico em carboidratos, proteínas e ferro. Dessa maneira, a
combinação entre diferentes alimentos é de grande importância para adquirir, de
forma adequada, todos os nutrientes necessários para o bom funcionamento do
metabolismo.

1.3.1 – Carboidratos

Os carboidratos são as biomoléculas mais abundantes na terra, presente


principalmente nos vegetais, e contribuem como uma importante fonte energética
para o metabolismo humano – 1g de carboidrato contém 4kcal, e alguns carboidratos
também contêm nitrogênio, fósforo ou enxofre. Este macronutriente é composto por
carbono, oxigênio e hidrogênio, e têm como fórmula empírica (CH2O)n.

Os carboidratos podem ser classificados conforme o tamanho da molécula em


monossacarídeos, dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.

• Monossacarídeos: são os carboidratos mais simples, que contêm somente uma


única unidade poli-hidroxicetona ou poli-hidroxialdeído. Os três
monossacarídeos existentes são galactose, frutose e glicose. Cabe salientar que
organismo humano somente absorve este tipo de carboidrato. Os demais
carboidratos precisam passar pelo processo de digestão a monossacarídeos
para ser absorvidos.

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Figura 1.3 – estrutura química dos monossacarídeos.

Quando há a junção de dois monossacarídeos a partir de ligações glicosídicas, são


formados os dissacarídeos – como a sacarose, lactose e maltose. Já os oligossacarídeos
contêm de 3 a 19 unidades de monossacarídeos, como a maltodextrina.

Tabela 1.3 – Composição dos dissacarídeos.

Dissacarídeos Unidades formadoras


Lactose Glicose e galactose
Sacarose Glicose e frutose
Maltose Glicose e glicose

Figura 1.4 – Estrutura molecular dos dissacarídeos.

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Os polissacarídeos contêm mais de 20 unidades de monossacarídeo, podendo alguns
ter centenas ou milhares de unidades. Os polissacarídeos podem ter estrutura linear,
como a celulose; ou ramificada, como amido e o glicogênio. Por haver maior número
de unidades de Mossacarídeos, eles também são chamados de açúcar complexo.

Figura 1.5 – Estrutura molecular de celulose.

Figura 1.6 – Molécula de glicogênio.

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A estrutura dos carboidratos, principalmente o número de ligações glicosídica e tipo de
ligação (β ou α), influencia diretamente no processo de digestão e na absorção dos
carboidratos. Por exemplo, monossacarídeos e dissacarídeos são absorvidos mais
rápido quando comparados a polissacarídeos, devido ao maior número de ligação
glicosídica. A celulose, presente nos vegetais, não é digerida pelo organismo humano,
pois os monômeros de glicose são ligadas por ligação β, e o nosso organismo não é
capaz de quebrar este tipo de ligação.

Os alimentos fontes de carboidratos são vegetais, leguminosos, tubérculos, frutas,


grãos e cereais, tais como: banana, arroz, milho, mandioca, batata, tomate, inhame,
maçã etc.

1.3.2 – Lipídeos

Na dieta humana, os lipídios representam cerca de 30% da dieta. Este macronutriente


é o principal estoque de energia no organismo, permanecendo no tecido adiposo.
Além da função de reserva de energia, os lipídeos estão presentes na membrana
celular, em hormônios e precursores de moduladores inflamatórios. Cabe salientar que
1 grama de lipídeo fornece 9kcal.

Os lipídeos, comumente chamado de gorduras, é um grupo de compostos


quimicamente diversos, cuja característica em comum que os define é a insolubilidade
em água. Ele é denominado substâncias orgânicas de origem vegetal ou animal, são
insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos.

Assim como os carboidratos, os lipídeos também são compostos por Carbono,


Hidrogênio e Oxigênio em proporções diferentes pela proporção desses componentes.
O monômero dos lipídeos é o ácido graxo. Os ácidos graxos são classificados conforme
a sua saturação:

• Saturados: não contêm duplas ligações.


• Monoinsaturado: Contêm uma dupla ligação.
• Poli-insaturados: contêm mais de uma dupla ligação.

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Figura 1.7 – Estrutura dos triglicerídeos saturados e insaturados.

Leia mais sobre lipídios no link disponibilizado ao final do bloco, em “Saiba mais”!

Nos alimentos, são encontrados principalmente na forma de triglicerídeos e em menor


quantidade em fosfolipídios. Os triglicerídeos são formados por uma molécula de
glicerol e 3 ácidos graxos. Os principais alimentos fontes de lipídeos são encontrados
nas carnes de animais em geral, óleos e em grãos e castanhas.

Para que você possa entender melhor sobre o assunto, pesquise sobre qual a
influência da saturação na qualidade dos lipídeos.

1.3.3 – Proteínas

As proteínas é o principal constituinte do organismo humano, sendo o principal


componente das células do organismo. Elas se diferenciam na composição dos
carboidratos e dos lipídeos por conter nitrogênio, além do carbono, hidrogênio e
oxigênio. As proteínas são formadas a partir de monômeros denominados
aminoácidos.

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Na natureza existem mais de 300 aminoácidos diferentes, porém somente 20 são
assimilados pelo organismo dos mamíferos. Todos os aminoácidos são compostos por
um grupo amino, grupo carbóxilo e uma cadeia lateral R (Figura 1.8). O que diferencia
os aminoácidos é a composição dessa cadeia.

Figura 1.8 – Estrutura de um aminoácido.

Figura 1.9 – Os 20 aminoácidos assimilados pelos mamíferos.

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Os aminoácidos são unidos a partir de ligações peptídicas: entre o grupo amino de um
aminoácido e o grupo carboxila de outro aminoácido. Quando há a junção de dois
aminoácidos, é formado um dipeptídeo; junção de três, tripeptídeo; até cinquenta,
polipeptídeo; e mais de cinquenta, uma proteína.

Os aminoácidos podem ser classificados conforme a necessidade de síntese pelo


organismo em:

• Essenciais: são aqueles que o corpo humano não consegue sintetizar de forma
adequada, e devem ser adquiridos via alimentação.

• Não essenciais: são os sintetizados de forma adequada pelo organismo, e não é


necessário serem adquiridos via alimentação.

• Condicionalmente indispensáveis: são aqueles que somente é necessário serem


adquiridos via alimento, quando o indivíduo se encontrar em situações
catabólicas, como doenças ou exercício físico intenso.

Tabela 1.4 – Lista dos aminoácidos essenciais, não essenciais, e


condicionalmente indispensáveis.

Condicionalmente
Essenciais Não Essenciais
indispensáveis
Fenilalanina Ac. Aspártico Glicina
triptofano Ac. Glutâmico Prolina
Valina Asparagina Tirosina
Leucina Serina
Isoleucina Cisteína e Cistina
Metionina Taurina
Treonina Arginina
Lisina Histidina
Glutamina

As proteínas são encontradas nos alimentos tanto de origem animal quanto vegetal.
Sendo em maior quantidade nos de origem animal, como carne, leite e ovos.

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1.3.4 Vitaminas

As vitaminas são substâncias orgânicas que diferem na estrutura dos lipídeos e


carboidratos. São essenciais para o nosso organismo, pois não são sintetizadas e têm
que vir através da alimentação, com exceção da vitamina D. As vitaminas são
fundamentais para a realização de reações metabólicas especificas, atuam como
cofatores e coenzimas. De estrutura química diversa, elas podem ser classificadas
conforme a sua solubilidade:

• Vitaminas hidrossolúveis: solúveis em água – vitamina C e vitaminas do


complexo B (B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9, B12).
• Vitaminas lipossolúveis: solúveis em lipídeos – vitaminas A, D e E.

As vitaminas estão presentes nos alimentos de origem vegetal e animal,


principalmente em frutas, verduras e legumes, carnes, leites e ovos.

Figura 1.10 – Exemplos de alimentos e suas fontes de vitaminas.

1.3.5 Minerais

Os minerais são substâncias inorgânicas, essenciais para o organismo humano. Os


minerais atuam na homeostase celular, fazem parte da composição óssea e atuam
como cofatores e coenzimas de diversas vias metabólicas.

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Os minerais são classificados conforme a sua necessidade para organismo em
macrominerais e microminerais (ou minerais traço). Os macrominerais são necessários
em quantidades maiores em nosso organismo, com recomendações em mg, tais como:
sódio, potássio, cálcio e fósforo. Já os microminerias são necessários em menores
quantidade, tais como: selênio, zinco, cobre, iodo e flúor.

Nos alimentos os minerais são encontrados principalmente nos vegetais, nos cereais e
em alimentos de origem animal.

Figura 1.11 – Exemplo de alimentos fontes de minerais

1.3.5 Fibras dietéticas

As fibras são os componentes dos vegetais que não digeridos pelo trato
gastrointestinal. São importantes para a boa manutenção do trânsito intestinal e
servem de substrato para a microbiota intestinal. Por definição, a fibra dietética
consiste em polissacarídeos e lignina, presentes em plantas que são resistentes à
hidrolise por enzimas digestivas humanas. As fibras podem ser classificadas em:

• Fibras Solúveis: são solúveis e tendem a formar um gel ao entrar contato com a
água, fermentadas pelas bactérias intestinais, como pectinas, inulina, gomas e
algumas hemiceluloses. Ex: Feijão, frutas, aveia e cevada.

• Insolúveis: são insolúveis em água, aumentam o bolo fecal e retardam a


digestão e absorção de alguns nutrientes, como celulose, lignina e outras
hemiceluloses. Ex: vegetais folhosos.

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Diversos estudos têm associado o consumo de fibras com a menor propensão a
doenças crônicas, principalmente pelo seu papel probiótico, por servir de fonte
alimentar para a microbiota intestinal, além de atuarem na redução do LDL colesterol,
sendo um agente protetor para doenças cardiovasculares.

1.3.6. Compostos bioativos

Compostos bioativos são constituintes extranutricionais, que ocorrem tipicamente em


pequenas quantidades nos alimentos, principalmente frutas e vegetais, e exercem uma
função biológica, trazendo diversos benefícios à saúde humana (HORST et al., 2016).

Diversos estudos têm demonstrado benefícios do compostos bioativos na prevenção e


tratamento de doenças crônicas e no exercício físico, como, por exemplo, a catequina
presente no chá verde, que apresenta benefícios na recuperação após exercício, ou o
consumo de fito esteróis para a redução do colesterol.

Saiba mais

Leia mais sobre nutrição esportiva pelo artigo “Alimentação e nutrição como campo
científico autônomo no Brasil: conceitos, domínios e projetos políticos”, de Prado et
al., disponível no link abaixo:
<https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
52732011000600013>.

Leia mais sobre alimentação in natura, processada e ultraprocessada nos links abaixo:
<https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
52732011000600013>.
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2e
d.pdf>.

Pesquise mais sobre lipídios no link abaixo:


<https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/lipidios.htm>.

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Conclusão

Caro aluno, neste bloco foram apresentados os conceitos básicos da nutrição e a


importância da boa nutrição para o desempenho de atletas.

Você aprendeu que o alimento é composto de diversos nutrientes, que podem ser
classificados em macronutrientes, aquele que tem as necessidades diárias em maior
quantidade (g) diária e fornecem energia; e micronutrientes, que são necessários em
menor quantidade (mg ou ul) e não fornecem energia.

Também foram ressaltadas as funções dos nutrientes. Você entendeu que os


carboidratos e os lipídeos são importantes fontes de energia. As proteínas de extrema
importância para a estrutura corporal e as vitaminas e minerais são cofatores de várias
reações em nosso organismo. Além disso, os compostos bioativos apresentam uma
função biológica, principalmente em melhorar processos inflamatórios no organismo.

Você também estudou que os alimentos são classificados conforme o seu grau de
processamento. De acordo com o guia alimentar da população brasileira, os alimentos
podem ser classificados em in natura, minimamente processados, processados e
ultraprocessados. Este guia também apresenta os 10 passos para uma alimentação
saudável, priorizando uma alimentação variada com alimentos regionais e dando
preferência ao alimentos in natura.

Enfim, neste bloco você pode aprender um pouco de como é importante uma
alimentação variada, com preferência a alimentos in natura e minimamente
processados, para adquirir todos os nutrientes necessários ao organismo.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira.


Secretaria de Atenção à Saúde. 2. ed. [1. reimpr.]. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

HORST, M. A. et al. Biodisponibilidade de compostos bioativos de alimentos. In:


COZOLLINO, S. M. F. (org). Biodisponibilidade de nutrientes. 5. ed. Manole. Barueri,
SP, 2016.

PRADO, S. D. et al. Alimentação e nutrição como campo científico autônomo no Brasil:


conceitos, domínios e projetos políticos. Rev. Nutr. 24, n. 6. Campinas, nov./dez. 2011.

MCARDLE, W. D. et al. Fisiologia do exercício, nutrição, energia e desempenho


humano. 8. ed. Guanabara Koogan: Guanabara Koogan, 2016.

NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Dados


eletrônicos. Porto Alegre: Artmed, 2014.

TIRAPEGUI, J. O; MENDES, R.R. Introdução à Nutrição, IN: TIRAPEGUI, J. O. (org).


Nutrição, Fundamentos e Aspectos Atuais. São Paulo: Ateneu. 3. ed., 2013.

THOMAS, D. T. et al. American College of Sports Medicine Joint Position Statement.


Nutrition and Athletic Performance. Med Sci Sports Exerc, 48, n. 3, p. 543-568, mar.
2016.

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