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Ligações químicas
Prof. Dr. Cláudio Lopes de Vasconcelos
Ligações químicas, símbolos de Lewis e a regra do octeto Ligação química: é a força atrativa que mantém dois ou mais átomos unidos. Ligação covalente: resulta do compartilhamento de elétrons entre dois átomos. Normalmente encontrada entre elementos não metálicos. Ligação iônica: resulta da transferência de elétrons de um metal para um não-metal. Ligação metálica: é a força atrativa que mantém metais puros unidos. Símbolos de Lewis
Para um entendimento através de figuras sobre a
localização dos elétrons em um átomo, representamos os elétrons como pontos ao redor do símbolo do elemento. O número de elétrons disponíveis para a ligação é indicado por pontos desemparelhados. Esses símbolos são chamados símbolos de Lewis. Geralmente colocamos os elétrons nos quatro lados de um quadrado ao redor do símbolo do elemento. Símbolos de Lewis A regra do octeto
Todos os gases nobres, com exceção do He, têm uma
configuração ns2np6. A regra do octeto: os átomos tendem a ganhar, perder ou compartilhar elétrons até que eles estejam rodeados por 8 elétrons de valência (4 pares de elétrons). Existem várias exceções à regra do octeto. Ligação Iônica
Considere a reação entre o
sódio e o cloro: Na(s) + ½Cl2(g) → NaCl(s) ∆H𝑓° = -410,9 kJ Ligação Iônica A reação é violentamente exotérmica. Inferimos que o NaCl é mais estável do que os elementos que o constituem. Por quê? O Na perdeu um elétron para se transformar em Na+ e o cloro ganhou o elétron para se transformar em Cl−. Observe: Na+ tem a configuração eletrônica do Ne e o Cl− tem a configuração do Ar. Isto é, tanto o Na+ como o Cl− têm um octeto de elétrons circundando o íon central. Ligação Iônica O NaCl forma uma estrutura muito regular na qual cada íon Na+ é circundado por 6 íons Cl−. Similarmente, cada íon Cl− é circundado por seis íons Na+. Há um arranjo regular de Na+ e Cl− em 3D. Observe que os íons são empacotados o mais próximo possível. Observe que não é fácil encontrar uma fórmula molecular para descrever a rede iônica. Configurações eletrônicas de íons dos elementos representativos Essas são derivadas da configuração eletrônica dos elementos com o número necessário de elétrons adicionados ou removidos do orbital mais acessível. As configurações eletrônicas podem prever a formação de íon estável: Mg: [Ne]3s2 Mg+: [Ne]3s1 não estável Mg2+: [Ne] estável Cl: [Ne]3s23p5 Cl−: [Ne]3s23p6 = [Ar] estável Ligação Iônica
Em geral, para formar os íons de metais de transição, os
elétrons são removidos dos orbitais em ordem decrescente de n (i.e. os elétrons são removidos do 4s antes do 3d). Os íons poliatômicos são formados quando há uma carga global em um composto contendo ligações covalentes. Por exemplo, SO2− , NO −. 4 3 Ligação covalente
Quando dois átomos similares se ligam, nenhum deles
quer perder ou ganhar um elétron para formar um octeto. Quando átomos similares se ligam, eles compartilham pares de elétrons para que cada um atinja o octeto. Cada par de elétrons compartilhado constitui uma ligação química. Por exemplo: H + H → H2 tem elétrons em uma linha conectando os dois núcleos de H. Ligação covalente
(a) Repulsões e atrações entre elétrons e núcleos na molécula de
hidrogênio. (b) Distribuição eletrônica na molécula de H2. A concentração de densidade eletrônica entre os núcleos leva a uma força de atração líquida que constitui a ligação covalente que mantém a moléculas unida. Estruturas de Lewis
As ligações covalentes podem ser representadas pelos
símbolos de Lewis dos elementos:
Nas estruturas de Lewis, cada par de elétrons em uma
ligação é representado por uma única linha: Ligações Múltiplas
É possível que mais de um par de elétrons seja
compartilhado entre dois átomos (ligações múltiplas): Um par de elétrons compartilhado = ligação simples (H2); Dois pares de elétrons compartilhados = ligação dupla (O2):
Três pares de elétrons compartilhados = ligação tripla (N2):
Ligações Múltiplas
Em geral, a distância entre os átomos ligados diminui à
medida que o número de pares de elétrons compartilhados aumenta: Polaridade da ligação e eletronegatividade A polaridade de ligação ajuda a descrever o compartilhamento de elétrons entre os átomos. O compartilhamento de elétrons para formar uma ligação covalente não significa compartilhamento igual daqueles elétrons. Existem algumas ligações covalentes nas quais os elétrons estão localizados mais próximos a um átomo do que a outro. Uma ligação covalente apolar é aquela na qual os elétrons estão igualmente compartilhados entre dois átomos. Em uma ligação covalente polar um dos átomos exerce maior atração pelos elétrons ligantes que o outro. Eletronegatividade
Eletronegatividade é definida como a habilidade
de um átomo de atrair elétrons para si em certa molécula. Polaridade da ligação e eletronegatividade
A diferença na eletronegatividade entre dois átomos é
uma medida da polaridade de ligação: as diferenças de eletronegatividade próximas a 0 resultam em ligações covalentes apolares (compartilhamento de elétrons igual ou quase igual); as diferenças de eletronegatividade próximas a 2 resultam em ligações covalentes polares (compartilhamento de elétrons desigual); as diferenças de eletronegatividade próximas a 3 resultam em ligações iônicas (transferência de elétrons). Polaridade da ligação e eletronegatividade
Não há distinção acentuada entre os tipos de ligação.
A extremidade positiva (ou polo) em uma ligação polar é representada por δ+ e o polo negativo por δ-. Afinidade eletrônica Distribuição de densidades eletrônicas calculadas para F2, HF e LiF. Momentos de dipolo A diferença de eletronegatividade na molécula HF leva a uma ligação covalente polar.
Uma vez que há duas ‘extremidades’ diferentes da molécula,
chamamos o HF de um dipolo. O momento de dipolo, μ, é a ordem de grandeza do dipolo:
onde Q é a grandeza das cargas.
Os momentos de dipolo são medidos em debyes (D). Momentos de dipolo
Quando cargas de igual magnitude e sinais opostos, Q+
e Q-, são separados por uma distância r, um dipolo é produzido. Exemplo 1
A distância entre os centros dos átomos de H e Cl na
molécula de HCl é 1.27 Å. (a) Calcule o momento de dipolo, em D, que resultaria se as cargas nos átomos de H e Cl fossem 1+ e 1-, respectivamente. (b) O valor do momento de dipolo do HCl(g) obtido experimentalmente é 1.08 D. Qual é o módulo da carga necessária, em unidades de e, nos átomos de H e Cl, para produzir esse momento? Momentos de dipolo Comprimentos de ligação, diferenças de eletronegatividades e momentos de dipolo de haletos de hidrogênio. Estruturas de Lewis
Some os elétrons de valência de todos os átomos.
Escreva os símbolos para os átomos a fim de mostrar quais átomos estão ligados entre si e una-os com uma ligação simples. Complete o octeto dos átomos ligados ao átomo central. Coloque os elétrons que sobrarem no átomo central. Se não existem elétrons suficientes para dar ao átomo central um octeto, tente ligações múltiplas. Exemplo 2
Desenhe a estrutura de Lewis para (a) PCl3; (b) CH2Cl2;
É possível desenhar mais de uma estrutura de Lewis
obedecendo-se a regra do octeto para todos os átomos. Para determinar qual estrutura é mais razoável, usamos a carga formal. A carga formal é a carga que um átomo teria em uma molécula se todos os outros átomos tivessem a mesma eletronegatividade. Carga formal
A carga formal de um átomo é igual ao número de
elétrons de valência no átomo isolado menos o número de elétrons atribuídos ao átomo na estrutura de Lewis. Carga formal
Para o átomo de C, existem dois elétrons não-ligantes e
três elétrons dos seis na ligação tripla, dando um total de 5. O número de elétrons de valência em um átomo neutro de C é 4. Portanto, a carga formal no carbono é 4 – 5 = -1. Para N, existem 2 elétrons não-ligantes e 3 elétrons da ligação tripla. Como o número de elétrons de valência em um átomo neutro de N é 5, sua carga formal é 5 – 5 = 0. Carga formal Exemplo 2
Três estruturas possíveis do íon tiocianato, NCS-, são:
(a) Determine as cargas formais dos átomos em cada
uma das estruturas. (b) Qual estrutura de Lewis deve ser a preferencial? Estruturas de ressonância Algumas vezes encontramos moléculas e íons nos quais o arranjo conhecido dos átomos não é descrito adequadamente por uma única estrutura de Lewis. A colocação dos átomos nas duas estruturas de Lewis alternativas para o ozônio é a mesma, mas a colocação dos elétrons é diferente. As estruturas de Lewis desse tipo são chamadas estruturas de ressonância. Estruturas de ressonância Estruturas de ressonância Exceções à regra do octeto
Existem três classes de exceções à regra do octeto:
Moléculas com número ímpar de elétrons; Moléculas nas quais um átomo tem menos de um octeto, ou seja, moléculas deficientes em elétrons; Moléculas nas quais um átomo tem mais do que um octeto, ou seja, moléculas com expansão de octeto. Número ímpar de elétrons
Na grande maioria das moléculas, o número de elétrons
é par e ocorre um completo emparelhamento dos elétrons. Em alguns casos, como ClO2, NO e NO2, o número de elétrons é ímpar. Deficiência em elétrons
Um segundo tipo de exceção ocorre quando existe
deficiência de elétrons em um átomo de certa molécula ou íon poliatômico. Expansão do octeto
Os átomos do 3º período em diante podem acomodar
mais de um octeto. Além do terceiro período, os orbitais d são baixos o suficiente em energia para participarem de ligações e receberem a densidade eletrônica extra. Expansão do octeto Exemplo 3
Desenhe a estrutura de Lewis para o ICl−
4. Forças intermoleculares
Comparação da ligação covalente (força intramolecular)
e atração intermolecular. Forças intermoleculares
A intensidade das forças intermoleculares em diferentes
substâncias varia em uma grande faixa, mas elas são muito mais fracas que ligações iônicas e covalentes. É necessário menos energia para vaporizar um líquido ou fundir um sólido do que para quebrar ligações covalentes em moléculas. Por exemplo, necessita-se de apenas 16 kJ/mol para vencer as atrações intermoleculares entre as moléculas de HCl em HCl líquido para vaporizá-lo. Em contraste, a energia necessária para dissociar HCl em átomos de H e Cl é 431 kJ/mol. Forças intermoleculares
Muitas propriedades dos líquidos, incluindo os pontos de
ebulição, refletem a intensidade das forças intermoleculares. Por exemplo, uma vez que as forças entre as moléculas de HCl são tão fracas, HCl entra em ebulição a apenas -85 °C à pressão atmosférica. As moléculas de um líquido devem vencer as forças de atração para separar-se e formar um vapor. Quanto mais forte as forças de atração, maior é a temperatura na qual o líquido entra em ebulição. De forma similar, o ponto de fusão de um sólido aumenta à medida que as forças intermoleculares ficam mais fortes. Forças íon-dipolo Ilustração da orientação preferencial de moléculas polares em direção aos íons. O lado negativo da molécula polar está orientado em direção a um cátion (a), o lado positivo, em direção a um ânion (b). Forças dipolo-dipolo
Moléculas polares neutras se
atraem quando o lado positivo de uma molécula está próximo do lado negativo de outra. Essas forças dipolo-dipolo são efetivas tão somente quando moléculas polares estão muito próximas, sendo elas geralmente mais fracas que as forças íon-dipolo. Forças dipolo-dipolo
Quando examinamos vários líquidos, descobrimos que
para moléculas de massas e tamanhos aproximadamente iguais, a força das atrações intermoleculares aumenta com o aumento da polaridade. Forças de dispersão de London Em 1930, Fritz London identificou que o movimento de elétrons em um átomo ou molécula pode criar um momento de dipolo instantâneo.
Duas representações esquemáticas dos dipolos
instantâneos em átomos de hélio adjacentes, mostrando a atração eletrostática entre eles. Forças de dispersão de London A facilidade com que a distribuição de cargas em uma molécula pode ser distorcida por um campo elétrico externo é chamada polarizabilidade. Podemos pensar na polarizabilidade de uma molécula como uma medida da ‘maciez’ de sua nuvem eletrônica; quanto maior a polarizabilidade de uma molécula, mais facilmente sua nuvem eletrônica será distorcida para dar um dipolo momentâneo. Uma vez que o tamanho molecular e a massa geralmente assemelham-se, as forças de dispersão tendem a aumentar em intensidade com o aumento da massa molecular. Forças de dispersão de London
As forças de dispersão ocorrem entre todas as
moléculas, não importa se elas são polares ou apolares. Forças de dispersão de London Exemplo 4
Os momentos de dipolo da acetonitrila, CH3CN, e do
iodeto de metila, CH3I, são 3,9 D e 1,62 D, respectivamente. (a) Qual dessas substâncias terá as maiores atrações dipolo-dipolo entre as moléculas? (b) Qual dessas substâncias terá as maiores atrações do tipo dispersão de London? (c) Os pontos de ebulição de CH3CN e de CH3I são 354,8 K e 315,6 K, respectivamente. Qual substância tem as maiores forças de atração como um todo? Ligações de hidrogênio
Pontos de ebulição dos hidretos do grupo 4A (abaixo) e 6A (acima) em função da massa molecular. Ligações de hidrogênio
A ligação de hidrogênio é um tipo especial de atração
intermolecular entre o átomo de hidrogênio em uma ligação polar e um par de elétrons não compartilhado em um íon ou átomo pequeno e eletronegativo que esteja próximo. Ligações de hidrogênio Ligações de hidrogênio
Em virtude de as ligações de hidrogênio serem
geralmente mais fortes que as forças dipolo-dipolo e de dispersão, elas têm papel importante em muitos sistemas químicos, incluindo os de significância biológica. Por exemplo, as ligações de hidrogênio ajudam a estabilizar as estruturas das proteínas, que são partes principais da pele, músculos e outros componentes estruturais dos tecidos animais. Ligações de hidrogênio Ligações de hidrogênio Exemplo 5
Em qual das seguintes substâncias é mais provável que
a ligação de hidrogênio tenha papel importante na determinação das propriedades físicas: metano(CH4), hidrazina (H2NNH2), fluoreto de metila (CH3F) ou sulfeto de hidrogênio (H2S)? Exemplo 6
Para cada um dos seguintes pares de compostos,
desenhe as estruturas de lewis e indique qual deles faria ligações de hidrogênio. Justifique sua indicação. (a) amônia, NH3 , ou fosfina, PH3 ; (b) etileno, C2 H4 , ou hidrazina, N2 H4 ; (c) fluoreto de hidrogênio, HF, ou cloreto de hidrogênio, HCl. Exemplo 7
Para cada um dos seguintes pares de compostos,
desenhe as estruturas de lewis e indique qual deles faria ligações de hidrogênio. Justifique sua indicação. (a) água, H2 O, ou sulfeto de hidrogênio,H2 S; (b) diclorometano, CH2 Cl2 , ou fluoramina, NH2 F; (c) acetona, C3 H6 O (contém uma ligação dupla CO), ou etanol, C2 H6 O (contém uma ligação simples CO). Exemplo 8
A molécula de monobrometo de iodo, IBr, tem
comprimento de ligação de 2,49 Å e momento de dipolo de 1.21 D. (a) Que átomo da molécula deverá ter uma carga negativa? (b) Calcule as cargas efetivas nos átomos de I e Br no IBr em e. Exemplo 9
Com base nas estruturas de Lewis, determine a
ordem dos comprimentos de ligação N-O no NO+ , NO− 2 e NO− 3. Sólidos metálicos
Sólidos metálicos, também chamados apenas de
metais, são inteiramente constituídos de átomos metálicos. A ligação nos metais é muito forte por causa de forças de dispersão, mas não há elétrons de valência suficientes para formar ligações covalentes entre os átomos. As ligações metálicas acontecem porque os elétrons de valência estão deslocalizados em todo o sólido. Sólidos metálicos
Os elétrons de valência não estão associados aos
átomos ou a ligações específicas, mas espalhadas por todo o sólido. Podemos visualizar um metal como um conjunto de íons positivos imersos em um “mar” de elétrons de valência deslocalizados. Uma estrutura na qual os átomos estão empacotados facilita esse compartilhamento deslocalizado dos elétrons. Representação esquemática para a ligação metálica correspondente ao modelo de mar de elétrons. Os elétrons de valência deslocalizados formam um mar de elétrons livres que circunda e liga um grande conjunto de íons metálicos. Ligações para elementos do terceiro período.