Aneis

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Anéis

Um conjunto não vazio R, juntamente com duas operações


binárias +, · , é dito ser um anel se:
(i) (R, +) é um grupo abeliano, ou seja;
• a + (b + c) = (a + b) + c, para todo a, b, c  R;
• Existe 0  R tal que para todo a  R a + 0 = 0 + a = a;
• Para todo a  R, existe -a  R; a + (-a) = 0 = (-a) + a;
• a + b = b + a; para todo a, b  R.
(ii) · é associativa, ou seja,
a · (b · c) = (a · b) · c, para todo a, b, c  R.
(iii) Valem as leis distributivas:
a · (b + c) = (a · b) + (a · c),
(b + c) · a = (b · a) + (c · a), para todo a, b, c  R.

Notação: (R, +, ·) é um anel.


Multiplicative identity: mandatory or optional ?
Fraenkel required a ring to have a multiplicative identity 1,whereas Noether did
not.
Most or all books on algebra up to around 1960 followed Noether's convention of
not requiring a 1. Starting in the 1960s, it became increasingly common to see
books including the existence of 1 in the definition of ring, especially in advanced
books by notable authors such as Artin, Atiyah,
MacDonald, Bourbaki, Eisenbud, and Lang. But even today, there remain many
books that do not require a 1.
Faced with this terminological ambiguity, some authors have tried to impose their
views, while others have tried to adopt more precise terms.
In the first category, we find for instance Gardner and Wiegandt, who argue that if
one requires all rings to have a 1, then some consequences include the lack of
existence of infinite direct sums of rings, and the fact that proper direct summands
of rings are not subrings. They conclude that "in many, maybe most, branches of
ring theory the requirement of the existence of a unity element is not sensible, and
therefore unacceptable."
In the second category, we find authors who use the following terms:
rings with multiplicative identity: unital ring, unitary ring, ring with unity, ring with
identity, or ring with 1
rings without multiplicative identity: rng or pseudo-ring..
Exemplos
(Z, +, · ) é um anel

(nZ,+, ·) é um anel

(Zn , +, · ) é um anel (anel dos inteiros módulo n)

Definições:
Um anel (R, +, · ), onde a operação · é comutativa é dito ser um
anel comutativo.

Um anel (R, +, · ) onde · tem elemento neutro é dito ser um


anel com elemento identidade/unidade ou simplesmente, um
anel com unidade ou identidade. Tal elemento neutro será
indicado por 1.
Exemplos e definições
Exemplo
Seja R = { f : R → R; f é função}. Para todo f, g  R, definimos
(f + g) e (f.g) por:
(f + g)(x) = f(x) + g(x), para todo x  R
(f · g)(x) = f(x) · g(x), para todo x  R.
(R, +, · ) é um anel comutativo com 1.

Exemplo:
(M2(Z), +, · ) é um anel não comutativo com unidade.

Definição: Seja (R, +, · ) um anel. Um elemento a  R, a diferente


de 0, é um divisor de zero à esquerda de R se existe b diferente 0
em R, tal que a · b = 0.
Analogamente, a diferente 0 é um divisor de zero à direita se
existe b diferente 0 tal que b · a = 0.
Definições
Um domínio de integridade é um anel comutativo, com 1, sem
divisores de zero, ou seja um anel (R, +, · ) comutativo com 1 e
para todo a, b  R, se ab = 0 então a = 0 ou b = 0.

Um anel (R, +, · ) é um anel com divisão se (R−{0} , · ) é um grupo,


ou seja para todo a  R diferente de 0, existe b  R, tal que a · b =
b · a = 1, este elemento b é dito ser o inverso de a e é denotado
por a−1.

Um corpo é um anel com divisão comutativo.

Exemplo:
Se n é um inteiro positivo que não é primo, então Zn não é
domínio de integridade. Mas, Zp, com p primo é um corpo.
Exemplos
Um exemplo de um anel com divisão que não é corpo,
chamado o anel dos quatérnios de Hamilton.

Seja H = { a+ bi + c j + d k ; a,b,c,d  R} , o espaço vetorial real,


com base {1, i, j, k}.

Com relação ao produto:


i2 = j2 = k2 = −1 ij = k , jk = i , ki = j ji = −k , kj = −i , ik = -j
Teoremas
Seja (R, +, · ) um anel. Então:
(i) O elemento neutro da soma, denotado por 0, é único.
(ii) Para todo a  R, o inverso com relação a + “−a” é único.
(iii) Valem as leis do cancelamento para +.
(iv) Para todo a  R, a · 0 = 0 · a = 0.
(v) Para todo a, b  R , a · (−b) = (−a) · b = −(a · b) e (−a) · (−b) = a · b.
(vi) Se R é um anel com unidade 1, então 1 é único.
(vii) Se R tem mais que um elemento e R tem 1, então 1 ≠ 0.
(viii) Se R é um anel no qual não há divisores de zero à esquerda
(resp., à direita), então vale a lei do cancelamento à esquerda
(respectivamente à direita) para o produto.
Divisores de Zero
Definição: Seja D um domínio de integridade. Definimos DxD.
Dizemos que (a,b) ~ (c,d) se ad=bc.

Teorema : A relação ~ é uma relação de equivalência.

[(a,b)] = { (c,d) | (a,b) ~ (c,d) }

Teorema : Considere um domínio de integridade D.


Seja C={[(a,b)] | a,b  D , com b não nulo.}
Em C definimos as operações:
• [(a,b)]+´[(c,d)] = [(a.d+b.c,b.d)]
• [(a,b)].´[(c,d)] = [(a.c,b.d)].
Então (C, +’ , .’ ) é um corpo.
Teoremas

Teorema:
Todo corpo é domínio de integridade, mais ainda, todo anel
com divisão não tem divisores de zero.

Obs:
A recíproca não é verdadeira (Z,+,.)

Característica de um anel. É o menor inteiro n tal que na=0,


para todo a  R.

Teorema:
Considere um anel com unidade . n é característica do anel
sse n1=0
Exercícios
Seja <S,+,. > tal que < S,+> é um grupo abeliano e < S*,.>
também é um grupo e (a+b).c= (a.c)+ (b.c) e a.(b+c). = (a.b)+
(a.c) . Prove que <S,+,. > é um anel com divisão.

Seja R um anel e a  R fixo. Define-se Ia= {x  R | a.x=0}.


Prove que Ia é um subanel de R.

Num corpo, os elementos não nulos formam um grupo.


(Zp,.) 1, ....., p-1.

Este é o anel dos inteiros módulo p, muito usado para


codificação (CRC- Cyclic redundancy check , etc.),
criptografia,...
Exercícios
Seja Gn os elementos de Zn que não são divisores de zero.
<Gn,.> é um grupo.

Fermat. Se a  Z e p é um primo, então ap  a mod p

Ache o resto da divisão de 347 por 23.

Resolva a equação 3x = 2 em Z7

Resolva a equação x3 – 2x2 – 3 x = 0 em Z12.

Ache a característica dos aneis:


2Z Z3+3Z Z6+Z16
continuação
Definição: Seja D um domínio de integridade. Definimos DxD.
Dizemos que (a,b) ~ (c,d) se ad=bc.

Teorema : A relação ~ é uma relação de equivalência.

[(a,b)] = { (c,d) | (a,b) ~ (c,d) }

Exercício
Considere um domínio de integridade D.
Seja C={[(a,b)] | a,b  D , com b não nulo.}
Em C definimos as operações:
• [(a,b)]+´[(c,d)] = [(a.d+b.c,b.d)]
• [(a,b)].´[(c,d)] = [(a.c,b.d)].
Então (C, +’ , .’ ) é um corpo.
Definições
Homomorfismos entre anéis
h é um homomorfismo entre os anéis (A,+,.) em (A’, +’, .’ ) sse
•h(a+b) = h(a) +' h(b), para todo a,b  A ;
•h(a.b) = h(a) .' h(b), para todo a,b  A.

Sendo f: A  A’ um ŚŽŵŽŵŽĴ smo de anéis, dizemos que


1. f é um ĞŶĚŽŵŽƌĴ smo se A = A’;
2. f é um monomorfismo se a função for injetora;
3. f é um ĞƉŝŵŽƌĴ smo se a função for sobrejetora.
4. f é um ŝƐŽŵŽƌĴ smo se a função for bijetora.
5. f é um automofismo se se A = A’ e for bijetora.
Homomorfismo projeção

Núcleo e imagem de Homomorfismo.

Exercício: Prove, ou refute através de um contra


exemplo, que se h é um homomorfismo de (A,+,.) em
(A’, +’, .’ ), então:
h(0) = 0'
h(-a)= -h(a)
h(1) = 1' (1' é unidade do subanel Imag(h) ) .

Necessita alguma condição a mais, como h ser


sobrejetora (se houver 1’).
Ideais

Obs. : Seja (A,+,.) é um anel e S subanel de A, S gera uma


partição de A, considerando as que são as classes laterais { a+S,
a  A} do grupo abeliano (A,+).

Definição: Dado um anel (A,+,.), um subanel S é denominado


ideal de A se a.S  S , e S.a  S, para todo a  A.
Definição 2: Se (A,+, . ) é um anel e S é um subconjunto não vazio de A,
obs: Dizemos que S é um ideal de A sse:
• (S,+) é um subgrupo de (A,+)
• s S e a  A então sa  S e as  S.
Exemplos:

{..., -4, -2, 0, 2, 4, ...} é um ideal de (Z, +, .).

{0} e {A} são ideais de qualquer anel (A,+, . ).

Obs.: unity – unidade unit: elemento invertível

Exemplo: De um exemplo, se possível, de um anel com


unidade 1 cujo subanel possua uma unidade diferente de
1.
Ideais
Definição: Dado um anel (A,+,.), um ideal principal I(x) é
o menor ideal de A que contem o elemento x.

I(x) = < x > = {ax + xb + rxt + nx : a, b, r, t  A e n  Z}

•Dizemos que x é gerador de I(x)

Definição: Um ideal I de um anel A com I ≠ A é chamado


de ideal primo se toda vez que a . b  I com a; b  A,
então a  I ou b  I.

Exemplos (Z,+,.) anel e (6Z,+,.) não é primo. (5Z,+,.) é


primo.
Se (A,+, . ) é um anel e S é um ideal de A, então considere
A/S o conjunto de classes laterais de S (considerando S
como subgrupo em relação à adição.

Sabemos que A/S é um grupo se definirmos


(a+S)+(b+S)=(a+b)+S

Queremos que A/S seja um anel, para tanto definimos a


multiplicação (a+S)(b+S)=(ab)+S. Para que (A/S,+, .) seja
um anel, temos que provar:
• A definição multiplicação de classes laterais faz sentido,
i.e., a+S=a’+S e b+S=b’+S  (a+S)(b+S)=(a’+S)(b’+S)
• O produto é fechado
• O produto é associativo
• O produto distribui em relação à soma.
Se (A,+, . ) é um anel e U é um ideal de A, então (A/U, +, .) é um
anel, chamado de anel quociente do anel A pelo ideal U.

Qual a relação entre A e A/U. Como no caso de grupos normais,


definimos a função h: A  A/U, pela sua construção, h é
trivialmente um homomorfismo.

Se h:A  A’ é um homomorfismo sobrejetor (epimorfismo) entre os


anéis (A,+, . ) e (A’,+, . ) de núcleo U, então A’ é isomorfo a A/U.

Além disso existe uma correspondência bijetiva entre os ideais de


A’ e os ideais de A que contém U. Se V’ é um ideal de A’ definimos
o ideal V= h-1 (V’) definido desta forma A/V isomorfo a A’/V’.
(prova como exercício)
Provar:

1) Se (A,+, . ) é um anel e U é um ideal de A tal que


1  U, então U=A.

2) Se F é um corpo, então os únicos ideais são {0} e


F.

3) Se R é um anel comutativo com unidade cujos


únicos ideais são {0} e R, então R é um corpo.
Prova do 3
“Se R é um anel comutativo com unidade cujos únicos ideais são
{0} e R, então R é um corpo.”

Para provar isso temos que exibir um inverso de cada elemento a


diferente de 0.

Primeiro provamos Ra é um ideal de R.


Supondo u1 = r1 a e u2 = r2 a temos u1 + u2 = r1 a + r2 a =
(r1 + r2 )a  Ra
-u1 = - (r1 a) = (- r1 )a  Ra. Logo (Ra,+) é grupo.
ru1 = r(r1 a) = (rr1 )a  Ra. Logo Ra é ideal.

Agora, como Ra é ideal, temos Ra = {0} ou Ra = R, logo: se a 0


temos Ra=R, como 1  R temos que existe r tq ra=1. Como R é
comutativo, r é inverso de a. Logo R é um corpo.
Ideais
Definição: Um ideal M de um anel A com M ≠ A e
chamado de ideal maximal se para todo ideal I tal que
M I  A, temos que I = A.

Quais são os ideais maximais de (Z,+, .) ?

Exercícios: Prove ou refute usando um contraexemplo,


as proposições: Se A é um domínio de integridade e I
um ideal próprio de A, então:
•I é um ideal primo
•I é um ideal maximal
Exercício

Seja R o anel das funções reais contínuas sobre o intervalo


unitário fechado, com as operações usuais de soma e
produto de funções. Seja o conjunto:
M = { f  R | f(1/2)=0 }

M é um ideal?
M é um ideal maximal?
Seja R o anel das funções reais contínuas sobre o intervalo
unitário fechado, com as operações usuais de soma e
produto de funções. Seja o conjunto:
M = { f  R | f(1/2)=0 }

M é um ideal?
M é um ideal maximal?

Seja U um ideal tal que M U R. Então existe g(x)  U tq


g(1/2)= 0. Seja h(x)=g(x) . Ora, h(x)  M  h(x)  U
  U. Logo pela propriedade de absorção 1 = -1  U
 U=R.
Portanto M é maximal.
Exercícios

Exercício: Seja A um grupo abeliano. Prove que o conjunto


dos automorfismo em A forma um anel com unidade com
as operações de soma de função e composição.

Obs: M2(F) são as matrizes 2x2 sobre o conjunto F.

Obs: livro usa diferencia as notações de impróprio e


trivial.
Anel dos inteiros

Teorema. Se Z é o anel dos inteiros com um ideal A então existe um


elemento a0  A tal que  A = a0 Z. Ou seja, no anel dos inteiros um
ideal é o conjunto de múltiplos de um dados elemento.

Prova. Se A = {0}, basta tomar a0 = 0. Se A  {0}. Seja a0 0 tal que |


a0 | é mínimo, como |_| leva em inteiros não negativos, isso é sempre
possível. Seja a A, a=t a0 +r, como A é um ideal,
r = a t a0 A,
Além disso r = 0 ou |r|<| a0 |. O segundo caso é uma contradição com |
a0 | ser mínimo, portanto r=0  a=t a0 .
Ideais
Teorema: Se I é um ideal de A então (A/I,+´, .´) é um
anel. (denominado anel quociente)

Teoremas: Seja A é um anel comutativo com unidade e I


um ideal de A.
•I é ideal primo de A sse A/I é um domínio de
integridade.
•I é ideal maximal de A sse A/I é um corpo.
•Todo ideal maximal de A é um ideal primo.

Exemplo: Seja o subanel N={0,3} de Z6. Z6 não é um


corpo mas Z6/N é um corpo.
Ideais
Teoremas: Seja A é um anel comutativo com unidade e I
um ideal de A. A/I é um corpo sse I é um ideal maximal
de A.

Ida: Supor A/I é um corpo. Seja M um ideal que I  M.


Dado a  I e a  M.
Existe b  A tal que (a+I).(b+I) = 1 + I e ab-1 I.
Existe i I tal que i = ab -1 1= ab – i
a  M , logo ab  M
i  I , logo i  M
Logo 1= ab – i  M e M=R
Ideais
Volta: Supor que I é um ideal maximal de A.
Dado (a+I) , com a  I , queremos provar que existe b  I
tal que (a+I).(b+I) = 1 + I .

Considere o conjunto I` = ar+i, onde r  R e i  I

É fácil provar que I´é um ideal de A e I  I´.

Como I é maximal, I´= A e existe r0 e i0 tal que:


1= a r0 + i0 e a r0 = 1- i0

(a+I).(r0 + I) = a r0 + I = 1- i0 + I = 1+ I
Ideais
Exemplos:
a) A= (2Z, +, .) e I = (4Z,+,.).

I é maximal mas não primo.

b) (P(Z), +,.) polinômios com coeficientes inteiros.

I ideal dos polinômios de P(Z) que têm zero como raiz. I é


primo.

I’ ideal dos polinômios de P(Z) que têm zero que têm termo
constante par. I primo mas não é maximal pois I I´  P(Z)
Anel Euclidiano

Um anel A é chamado um anel euclidiano ou um


domínio euclidiano se A é um domínio de
integridade comutativo e se existe uma função
d: A  N tal que:

Satisfazendo:

• Para todo a,b  A , não nulos, d(a)  d(ab)


•Para todo a,b  A , não nulos, existe b,r  A tal que
a=b.q+r , r=0 ou d(r) < d (b).
Anéis booleanos
Definição 1. A característica de um anel é o menor inteiro n tal
que na=0, para todo a  R.
Observação: na é uma abreviação para a+....+a, com n-1 sinais +.

Definição 2. Um anel A é denominado booleano se a.a=a, para


todo a  R.

Teorema 1. Seja A um anel booleano. Então característica(A) = 2.


Prova: Seja x  R. Temos que:
x2 = x e (x+x) 2 = x+x
Logo x2 + x + x + x2 = x+x e x + x =0
Logo, para todo x, temos 2x=0 e característica(A) = 2.
Anéis booleanos (cont)
Teorema 2. Seja A um anel booleano. Então A é um anel
comutativo.
Prova: Sejam x e y  A. Como A é booleano, x 2 = x e y 2 = y.
Para o elemento x+y, teremos
x + y = (x + y) 2 = x 2 + x.y + y.x + y 2 = x + x.y + y.x + y.
Logo xy = −yx. Pelo teorema anterior, para todo x, x=-x, logo:
x.y = −y.x =*1 (-y).x = y.x , conforme queríamos provar.
Anéis booleanos (cont)
Teorema 3. Seja R um corpo. Se R for booleano, então R é
isomorfo a Z2.
Prova. Seja x  R. Temos que x2 = x .
Se x ≠ 0, existe o inverso multiplicativo x-1 .
Aplicando-se x-1 dos dois lados de x2 = x, teremos que x=1.
Logo: R = {0, 1} = Z2.

Exercício. Se A é um anel booleano finito, então a possui 2k


elementos, com k natural.

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