Tema e Tese Redação
Tema e Tese Redação
Tema e Tese Redação
Redação/ Aula 02
UNB
Exasiu EXTENSIVO
Exasiu
Aula 02 – Tema e Tese
Tema, tese, tópico frasal, Linguagem: estilo
estretegiavestibulares.com.br
Sumário
APRESENTAÇÃO 4
1. ATITUDE INICIAL 4
3. TEXTO E CONTEXTO 6
4. RECORTE 16
5. SUBENTENDIDOS 27
6. NÚCLEOS TEMÁTICOS 30
7. TEMA E DISSERTAÇÃO 34
9. O PARÁGRAFO 41
11. LINGUAGEM: A FRASE OU DE QUANTAS MANEIRAS SE PODE DIZER QUASE A MESMA COISA 58
11.1 Estilo 60
14.CONSIDERAÇÕES FINAIS 73
Apresentação
Salve aluno,
Agora que você já decidiu trilhar esse caminho com o Estratégia, tornando-se um vestibulando
corujinha, mãos à obra. Neste e nos próximos dois livros digitais, vamos discutir um dos primeiros critérios
de correção de qualquer banca:
Ao mesmo tempo, você será convidado a pensar no parágrafo. Como organizar melhor seu texto?
1. Atitude inicial
Eu entendo. Escrever é árduo e muitas vezes humilhante. Você faz um texto irado, pede que
alguém leia, e o máximo de reconhecimento que recebe é “tá legal”. Caramba, “tá legal” é a pior coisa
que alguém gostaria de ouvir quando deixa aquele filhinho chamado texto na mão de qualquer um. Por
isso, vai um conselho de Yoga que acho perfeito para quem escreve.
Na Yoga, você não deve olhar para os outros. Deve olhar para dentro de si e desafiar seus próprios
limites, colocar-se à prova para conhecer seus limites numa espécie de processo de conhecimento. Olha
que ideia perfeita para redação. Escreva para melhorar suas habilidades, reconhecer seus limites e
descobrir capacidades expressivas próprias.
A melhor maneira de fazer isso, nesse momento, é procurar temas que você domina. Um dos
autores sobre redação que acompanho contou uma experiência interessante. Em uma sala em que os
alunos tinham bastante resistência para escrever, ele fez uma proposta indecente: “escrevam o texto das
suas vidas, sobre algo que você sabem fazer”. Um dos alunos, que basicamente nunca escrevia, entregou
um texto sobre como fazer uma prancha de surf. Não era qualquer texto. Realmente, o rapaz tinha soltado
o verbo. Ficou muito claro para o professor que a maior dificuldade para a escrita é o objeto do texto.
Deixe o escritor se expressar sobre o que ele realmente conhece, e o texto será o outro.
Ele postulou que a verdade poderia ser alcançada e, para isso, bastaria recolher evidências, reuni-
las pelo pensamento linear, obedecer às regras de dedução e o resultado seria a coação de outras mentes.
O bordão do rapaz era: “aquilo que for pensado de forma clara e distinta será verdadeiro.”
você deve construir uma afirmação (tese) e isso dará um sentido às ideias.
Como diz o renomado professor Whitaker Penteado:
Mas o que a Banca avalia de fato, quando considero o quesito tema? Abaixo, você encontrar os
critérios que expressos pela FUVEST, mas que valem para qualquer vestibular.
3. Texto e contexto
Observe a propaganda abaixo.
(disponível em
https://www.propagandashistoricas.com.br/2014/04/yamaha-rd-50-primeira-moto-brasileira.html, consultado em
12.03.2019)
Aparentemente, essa propaganda parece bastante simples. Mas algumas palavras utilizadas no
corpo do texto têm sentidos mais profundos quando se observa a época em que foi feita. O cartaz é de
1975, dois anos após a crise do petróleo.
A primeira frase “lançada a primeira moto brasileira” fazia referência ao fato de a empresa
nipônica ser a primeira a produzir uma moto em solo pátrio. Mas veja, seria mais exato dizer “lançada a
primeira moto fabricada no Brasil”. Ao fazer questão de utilizar o adjetivo “brasileira”, a propaganda
dialogava com o ufanismo ferido dos brasileiros.
A mesma lógica presidiu a construção da segunda frase, “a Yamaha mais moderna do mundo”.
Transmite-se a ideia de rendição de um país desenvolvido ao potencial nacional, já que a empresa
Ao mesmo tempo, a peça publicitária não deixa de considerar a grave situação econômica do país.
Embaixo das letras em amarelo “RD 50”, é possível ler as seguintes palavras: “poupança em duas rodas”.
Tratava-se de um grande apelo para uma população que empobrecia.
Todo texto incorpora as ideias de uma dada época devido às práticas e as circunstâncias que
envolveram a produção do texto.
Então, vou ter que conhecer um pouco da cultura no momento da produção do texto?
Perfeito.
“Das 40,2 milhões de trabalhadoras, 24,3% haviam completado o ensino superior, enquanto entre
os homens ocupados a proporção era de 14,6%. Apesar disso, em média, as mulheres que trabalham
recebem rendimentos 24,4% menores que os dos homens.”
(disponível, em https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-
noticias/noticias/20287-no-dia-da-mulher-estatisticas-sobre-trabalho-mostram-desigualdade,
consultado em 12.03.2019)
Esse é o conhecimento adquirido pela leitura de jornal. Mas sua vivência conta e muitas vezes
pode ser contraditória diante desses fatos. As mulheres próximas de você são respeitadas, você nunca
soube de um caso de violência familiar e sua mãe tem uma boa colocação no mercado de trabalho.
Perceba que a questão da mulher é atravessada por fatos díspares e até contraditórios.
Contudo, os fatos não são determinantes na decifração do tema. São os discursos de avaliação, de
explicação, de opinião que circulam numa sociedade que interessam a quem vai escrever um texto.
Observe a proposta de redação abaixo, da PUC/PR 2017.
REDAÇÃO
Para atender à proposta, seu texto deverá apresentar
- ponto de vista bem definido;
- argumentos que sustentem seu ponto de vista.
Sua redação será anulada se você
- reproduzir a coletânea;
- fugir ao recorte temático;
- não escrever uma dissertação-argumentativa;
- apresentar letra ilegível, impropérios, desenhos ou qualquer forma de identificação no texto.
TEXTO 1
TEXTO 2
A USP é uma das dez universidades mundiais escolhidas para fazer parte do movimento solidário
ElesPorElas (HeForShe), da ONU Mulheres – instituição criada pelas Nações Unidas para o
desenvolvimento de projetos na área de igualdade de gêneros e empoderamento feminino. O projeto faz
parte do programa Impacto 10x10x10, lançado no Fórum Econômico Mundial, em Davos, em janeiro de
2015, reunindo líderes mundiais, dos setores público e privado e da academia. Os critérios de seleção das
universidades são baseados em sua reputação ética, excelência no serviço público, relevância e alcance
global e a boa vontade em usar sua influência para comandar e inspirar mudanças no ensino superior –
além da USP, participam Georgetown University, University of Hong Kong, University of Leicester, Nagoya
University, Oxford University, Sciences Po, Stony Brook University (The State University of New York),
University of Waterloo e University of the Witwatersrand.
A parceria com a USP, a única universidade latino-americana, surgiu em junho do ano passado, gerando a
criação do Programa USP Mulheres, que agora conta com um escritório dentro do campus da Cidade Universitária,
em São Paulo. Segundo Eva Blay, em artigo publicado no Jornal da USP, o Escritório USP Mulher, vai se
(LEPINSKI/ Paula. A criação do escritório USP mulheres. São Paulo: Jornal da USP. Disponível em:
www.5.usp.br. Acesso em 19/07/2016).
TEXTO 3
A luta por igualdade de gênero passa por uma evolução lenta, mas gradual. A mulher, durante toda a
história, foi tratada de forma preconceituosa, no entanto, é notório o caráter evolutivo da temática em
nosso constitucionalismo. Para que as palavras se concretizem, é imprescindível conhecermos a trajetória
traçada ao longo do tempo.
A Constituição de 1967 estabeleceu uma nova desequiparação, diminuindo o tempo de serviço para a
aposentadoria feminina. Nos anos 60, surge a pílula anticoncepcional, um marco e uma libertação para
as mulheres. Grupos feministas que pregavam um tratamento masculinizado às mulheres surgem na
década de 70 protestando por direitos e pendurando sutiãs. Enfim, promulga-se a “Constituição Cidadã”.
A Carta Magna de 1988 menciona a igualdade perante a lei e reafirma a igualdade de direitos e obrigações
de homens e mulheres. Licenças maternidade e paternidade, proibição de diferenças salariais, proteção
no trabalho, estabilidade à gestante, desequiparação na aposentadoria são constitucionalizados como
garantias fundamentais. Na família, união estável, isonomia conjugal, divórcio, princípio da paternidade
responsável e proteções no ambiente familiar de toda e qualquer forma de violência. Nota-se que a
“História das mulheres” não é apenas delas é a história da família, da criança, e está diretamente ligada à
história dos homens e das relações de poder estabelecidas ao longo dos tempos.
Da leitura dos textos motivadores e de seu conhecimento sobre o assunto, escreva em norma padrão da
língua portuguesa, um texto dissertativo-argumentativo contendo entre 20 e 25 linhas, com seu ponto de
vista sobre a seguinte questão:
Essa proposta oferece um recorte de fragmentos que expressam uma opinião favorável ao
“empoderamento feminino”. Observe que os textos escolhidos dialogam em alguma medida com discursos
contrários que também circulam na sociedade. Muitas vezes, a opinião oposta está implícita, não é
nomeada. Vamos tentar resgatar esses discursos contrários. Faça os exercícios abaixo.
Q.1 Observe o cartaz do texto 1. Uma peça publicitária que visava a incentivar as mulheres a se
engajarem no trabalho antes considerado masculino, dada a falta de mão de obra devido o
envolvimento da uma boa parte dos homens na Segunda Guerra Mundial. Faça um comentário
em que você destaque o discurso machista com o qual o cartaz dialoga.
Agora que você já entendeu como um tema deve ser apreendido – pelas relações com a história
e pelo diálogo com outros textos -, proponho que você faça um tipo de comentário similar ao
exemplificado acima para os outros textos da coletânea. Lembre-se de que essa atividade vai prepará-lo
para dar respostas dissertativas na segunda fase e vai ajudá-lo no desenvolvimento de argumentação.
O exercício é muito parecido como que você fez na aula passada, com a única diferença de que
agora você deve incluir no seu comentário a explicitação do discurso com o qual o texto dialoga.
Q.2 Observe o texto 2, uma réplica de um cartão USPMulheres. A composição central é estruturada
por 2 frases contrárias. A primeira, normalmente, apresenta ações associadas à pauta feminista;
a segunda frase apresenta ideias sociais compartilhadas com as quais a primeira dialoga. Faça um
comentário respeitoso no qual você dê destaque ao diálogo entre os discursos.
Q.3 Considere o texto que se segue ao cartão USPMulheres. Reflita sobre o papel social da
universidade, sobre os discursos que circulam campus (por exemplo, o discurso jurídico) e
compare-os aos discursos antifeministas. A partir disso, comente a escolha da USP para fazer
parte do movimento solidário ElesPorElas (HeForShe), da ONU Mulheres. .
Q.4 O último texto traz um histórico das conquistas femininas. Observe que cada feito dialoga com
um discurso contrário. Escolha um ou dois episódios dessa história e o(s) comente, destacando o
diálogo entre conquista e discursos.
Questão Observe o texto 2, uma réplica de um cartão USPMulheres . A composição central é estruturada
02 por 2 frases contrárias. A primeira, normalmente, apresenta ações associadas à pauta
feminista; a segunda frase apresenta ideias sociais compartilhadas com as quais a primeira
dialoga. Faça um comentário respeitoso no qual você dê destaque ao diálogo entre os
discursos.
Questão Considere o texto que se segue ao cartão USPMulheres. Reflita sobre o papel social da
03 universidade, os discursos que circulam campus (por exemplo, o discurso jurídico) e
compare-os aos discursos antifeministas. A partir disso, comente a escolha da USP para
fazer parte do movimento solidário ElesPorElas (HeForShe), da ONU Mulheres. .
Depois de resumir o assunto, você pode ampliar um dos motivos apontados pelo texto
para a escolha da USP pela ONU Mulheres. O texto afirma que são escolhidas as
instituições que têm “reputação ética, excelência no serviço público, relevância e alcance
global e a boa vontade em usar sua influência para comandar e inspirar mudanças no
ensino superior”. Essa última característica tem potencial para ser desenvolvida. Na USP,
várias mulheres, por serem professoras da instituição, ocupam também lugar de destaque
na sociedade, sendo importantes divulgadoras dos ideais de igualdade de gênero. Além
disso, a liberdade acadêmica garante produção de conhecimento e de pesquisa que
promove o feminismo e isso realmente tem acontecido.
Outro fator se relaciona ao papel do conhecimento superior na vida da mulher. A
graduação proporciona, ao indivíduo, reconhecimento social e autonomia, traços
importantes para formação de mulheres que lutarão pelos direitos do grupo. Há várias
outras possibilidades. É importante contrapor esse ímpeto universitário ao ponto de vista
tradicionalista. Por exemplo, o reconhecimento social da aluna universitária certamente é
uma contraprova ao discurso, segundo o qual, a capacidade intelectual da mulher é
inferior à do homem.
Questão. O último texto traz um histórico das conquistas femininas. Observe que cada feito dialoga
04 com um discurso contrário. Escolha um ou dois episódios dessa história e o(s) comente,
destacando o diálogo entre conquista e discursos.
O procedimento mais indicado é o de ampliação de ideias ou de reorganização dos dados,
considerando a contraposição entre discursos atuais e discursos tradicionais. Vou dar um
exemplo de como isso poderia ser feito. As possibilidades são amplas, dada a quantidade
de informações trazida pelo texto fonte.
“Ninguém, hoje em dia, contestaria a capacidade feminina em escolher um candidato e
votar nele. A ideia de que mulher não seria capaz de entender política atualmente foi
sepultada, embora o processo de luta contra tal discurso tenha sido penoso e longo. Em
SE LIGA!!!
*Se você quiser argumentar contra algum elemento do discurso feminista,faça o contrário.
Comece pela opinião contra a qual você investirá a qual você investirá e depois contra-argumente.
•É verdade que fisicamente a mulher não tem a estrutura de um homem. Mas isso
não significa que ela não possa realizar as mesmas tarefas “ditas” masculinas.
Quando, na Segunda Guerra Mundial, faltaram mão de obra masculinas para as ditas
tarefas “de macho”, foram elas que encaram a atividades como de pedreiro,
Defesa da tese carpinteiro, operário etc. Quanto à essência feminina, não se tem como saber o
quanto dessa forma de agir da mulher é construção cultural. Mesmo que fosse
verdade, que houvesse um essência feminina, essa tal substância da mulher não
impediria, como não impede, o dito sexo frágil de assumir qualquer atividade que se
possa dar a um homem.
4. Recorte
Aqui entra um outro componente importante no seu processo de interpretação da proposta: o
recorte temático que deve aparecer no jogo entre tema e textos da coletânea. A Banca, portanto, amplia
o tema e, ao mesmo tempo, oferece elementos de recorte do assunto que devem ser observados. A
importância disso está textualmente demarca nos critérios de correção apresentados acima, vale lembrar:
“2) coletânea, que se revele capaz de ler e de relacionar adequadamente as ideias e informações do textos
que a integram”.
Consideremos a prova da FUVEST de 2019. A Banca, depois de elencar cinco pequenos textos e uma
imagem, solicitava que o aluno produzisse uma dissertação em prosa, sem deixar explícito o tema: De que
maneira o passado contribui para a compreensão do presente.
Sem a leitura atenta da coletânea, o candidato poderia ficar com a impressão de que deveria
responder a questão de forma bastante simples: o passado contribui muito, para não se repetir os erros
do passado ou o passado contribui pouco, pois a realidade é outra.
Primeiro texto
Segundo texto
Terceiro texto
A minha vontade, com a raiva que todos estamos sentindo, é deixar aquela
ruína [o Museu Nacional depois do incêndio] como memento mori, como O passado deve
memória dos mortos, das coisas mortas, dos povos mortos, dos arquivos também servir como
mortos, destruídos nesse incêndio. Eu não construiria nada naquele lugar. E, memorial do que
sobretudo, não tentaria esconder, apagar esse evento, fingindo que nada deve ser evitado
aconteceu e tentando colocar ali um prédio moderno, um museu digital, um
museu da Internet – não duvido nada que surjam com essa ideia. Gostaria que
aquilo permanecesse em cinzas, em ruínas, apenas com a fachada de pé, para
que todos vissem e se lembrassem. Um memorial.
Quarto texto
O Historiador
Veio para ressuscitar o tempo
e escalpelar os mortos,
O passado é
as condecorações, as liturgias, as espadas,
importuno porque
o espectro das fazendas submergidas,
questiona o senso
o muro de pedra entre membros da família,
comum; por isso a
o ardido queixume das solteironas,
referência ao
os negócios de trapaça, as ilusões jamais confirmadas
passado é tão
nem desfeitas.
criticada.
Veio para contar
o que não faz jus a ser glorificado
e se deposita, grânulo,
no poço vazio da memória.
É importuno,
Sabe-se importuno e insiste,
rancoroso, fiel.
Quinto texto
O passado é
Articular historicamente o passado não significa conhecê-lo ‘como ele importante
de fato foi’. Significa apropriar-se de uma reminiscência, tal como ela relampeja em momentos
no momento de um perigo. de crise
A consideração do passado permite melhorar o presente. Isso pode ser visto no caso do racismo,
pois sem um reflexão séria sobre o passado do Brasil, tal injustiça não se altera. Logo, é preciso que haja
um memorial das crueldades do passado, mesmo que isso seja incômodo. Essa é a única maneira de
passarmos por situações de crise humanitária.
Veja, já ficou quase um rascunho de uma redação inteira. Mas o que interessa nesse tópico é:
como essa compreensão promoveu um recorte do tema?
Ora, se você leu bem a coletânea, entendeu que deve discutir “de que maneira o passado contribui
para o a compreensão do presente “ em situações de crise ou de perigo. No primeiro e no último essa
ideia de urgência social estaria presente. Dentro desse recorte, a primeira coisa que você deveria se
perguntar é: qual é o tipo de urgência que necessita de que se lembre do passado?
Só para se ter uma ideia do que significa perceber contexto e recorte do tema, observe o parágrafo
de um candidato que publicou seu rascunho na internet e que foi bem avaliado pela banca.
O autor do parágrafo acima, valeu-se de ideias presentes na coletânea, até fez algumas paráfrases
pequenas, mas as ampliou e, mais do que isso, subordinou essas ideias a uma tese própria, algo que
confere ao seu texto originalidade.
A partir de um tema bastante amplo, você encontrará textos ou comentários que darão uma
configuração diferente ao tema. Faça um parágrafo de comentário, associando o tema geral ao recorte.
Suponha uma proposta que tenha o seguinte comando: Com base nas ideias e sugestões presentes
na imagem e nos textos aqui reunidos, redija uma dissertação argumentativa, em prosa, sobre o seguinte
tema: O significado do processo educacional no mundo contemporâneo.
Q.1 A imagem abaixo foi tirada no show de Roger_Waters_em_St._Louis. A imagem faz referência
ao clip da música The WallI, no qual há uma crítica contundente ao sistema educacional. As
escolas teriam criado indivíduos que foram adestrados por marteladas e com potencial para
repetir esse padrão. No show de Roger Waters (figura abaixo), associa-se esse processo
educacional ao fascismo. A partir da imagem, faça um comentário em que seja observável o
recorte do tema.
O tema explícito associado à foto e à informação sobre ela deveria levá-lo ao seguinte recorte: a
crítica ao sistema educacional do Pink Floyd procede? É exagerada? No meu comentário,
concordei com o grupo musical.
Faça o mesmo. Nos próximos exercícios, você encontrará o tema amplo da Educação e um texto
que oferece um recorte. Leia o texto de recorte do tema e faça um comentário juntando tema e
recorte.
Q.2 O poema abaixo de Bertold Brecht expressa a concepção do poeta sobre educação. A partir da
poesia, faça um comentário em que seja observável o recorte do tema segundo esse outro viés.
(...)
Veja com seus olhos!
O que não sabe por conta própria
Não sabe.
Verifique a conta
É você que vai pagar.
(BRECHT, Bertolt. Poemas 1913-1956; seleção e tradução: Paulo César de Souza. São Paulo:
Editora 34, 2012. p. 114.)2
Q.3 A reportagem abaixo, publicada no Estadão, apresenta um ponto de vista econômico sobre o
tema. A partir do texto, faça um comentário levando em consideração tal recorte.
Conexão entre educação e desenvolvimento
José Matias-Pereira*, O Estado de S. Paulo
15 de maio de 2015 | 22h00
O Banco Mundial atribuiu a pobreza como causa pela estagnação do processo de
desenvolvimento, e falta de acesso à educação como responsável pela perpetuação da pobreza.
É perceptível a existência de uma inter-relação positiva entre a educação e o desenvolvimento
de um país. Sob essa ótica, o investimento em educação contribui para o país alcançar um
maior nível de desenvolvimento, sem desconsiderar que este (o desenvolvimento) pode gerar
acréscimos no nível educacional da população.
2
Bertold Brecht foi poeta e dramaturgo alemão, nasceu em 1898 e morreu em 1856. Em 1920, adere ao marxismo e torna-se crítico do
sistema capitalista. Seus experimentos teatrais revelam sua opção ideológica. Vale-se da ideia de práxis (fazer um teatro que deve interferir
na vida) e da tentativa de provocar o estranhamento.
(disponível em https://www.estadao.com.br/noticias/geral,conexao-entre-educacao-e-
desenvolvimento,1688387,consultado em 15.03.2018)
2019 – Suzano. (São Paulo) – Dois jovens encapuzados atiraram em alunos da escola fazendo
8 vítimas fatais.
2017 – Goiânia (Goiás) – Um adolescente de 14 anos matou dois colegas e feriu outros 4.
2011 – São Caetano do Sul (São Paulo) – Um aluno de 10 anos de idade atirou na professora.
2011 – Realengo (Rio de Janeiro) – Um homem de 23 anos invadiu uma escola e matou 12
adolescentes.
Fonte: https://www.folhape.com.br/noticias/noticias/sao-
paulo/2019/03/13/NWS,98707,70,632,NOTICIAS,2190-RELEMBRE-OUTROS-CASOS-
ATIRADORES-ESCOLAS-BRASIL.aspx
(Disponível em https://compromissocampinas.org.br/pesquisa-escola-nao-prepara-aluno-para-
mercado-de-trabalho/, acessado em 13.03.2019)
A questão sobre o processo educacional na contemporaneidade levanta discussões relacionadas
a aspectos econômicos, sociais e subjetivos. Escolha um desses elementos como recorte
temático e faça seu comentário.
(...)
Veja com seus olhos!
O que não sabe por conta própria
Não sabe.
Verifique a conta
É você que vai pagar.
https://www.estadao.com.br/noticias/geral,conexao-entre-educacao-e-
desenvolvimento,1688387
Comentário: Neste comentário, a contextualização pode ser muito breve. No primeiro
período você já pode se posicionar e, ao fazer isso, você apresentará o recorte e, ao
mesmo tempo, a tese. Veja que há algumas possibilidades de posicionamento:
✓ A educação é importante para o desenvolvimento de um país.
✓ A ideia da educação como mola do desenvolvimento é um mito que não se
sustenta, embora sem ela a situação econômica piore.
✓ A educação é um dos componentes de desenvolvimento, mas não é o principal.
Depois de apresentar o seu posicionamento, levante alguns fatos ou ideias que possam
dar suporte ao seu ponto de vista.
2019 – Suzano. (São Paulo) – Dois jovens encapuzados atiraram em alunos da escola
fazendo 8 vítimas fatais.
2017 – Goiânia (Goiás) – Um adolescente de 14 anos matou dois colegas e feriu outros
4.
2011 – São Caetano do Sul (São Paulo) – Uma aluno de 10 anos de idade atirou na
professora.
2011 – Realengo (Rio de Janeiro) – Um homem de 23 anos invadiu uma escola e matou
12 adolescentes.
Fonte: https://www.folhape.com.br/noticias/noticias/sao-
paulo/2019/03/13/NWS,98707,70,632,NOTICIAS,2190-RELEMBRE-OUTROS-CASOS-
ATIRADORES-ESCOLAS-BRASIL.aspx
Q.5
(Disponível em https://compromissocampinas.org.br/pesquisa-escola-nao-prepara-
aluno-para-mercado-de-trabalho/, acessado em 13.03.2019)
A questão sobre o processo educacional na contemporaneidade levanta discussões
relacionadas a aspectos econômicos, sociais e subjetivos. Escolha um desses elementos
como recorte temático e faça seu comentário.
Comentário: Essa orientação de recorte é a mais complicada, pois ainda assim a proposta
continua indefinida. O que se entende por
✓ aspecto econômico? Geração de riqueza para o país (o fragmento do Estadão para a
questão 3 tem esse viés);
✓ aspecto social? Esse é mais difícil, pode se referir à relação entre classes sociais
(importância da educação para a ascensão social); ao bem-estar dos indivíduos numa
sociedade (a educação como forma de promover paz e harmonia social); aos
problemas do Brasil (violência, desigualdade, desvalorização cultural da educação)
etc.
✓ aspecto subjetivo? Refere-se ao impacto da educação formal e institucional na
construção da personalidade do indivíduo, refere-se à psicologia.
Escolha um desses aspectos e o desenvolva. Não tente relacioná-los. Não é preciso e você
pode se perder no comentário.
Conexões
Freud3 e Educação
O pai da Psicanálise não falou muito sobre educação formal (escolar, institucional). Contudo, o alemão
desenvolveu um argumento interessante para pensar a importância social da educação e o seu caráter
violento.
Em Mal estar na civilização, Freud apresenta uma tese simples, mas bastante esclarecedora: o processo
civilizatório exige a contenção dos desejos e vontades, ou seja, o indivíduo bem educado vive em
constante mal-estar, pois não pode dar vazão aos seus desejos.
Na sociedade moderna de massas, a observância às milhares de regras presentes no nosso cotidiano (por
exemplo, atravessar a rua somente quando o sinal estiver verde) torna-se fundamental. Ora, o indivíduo
deve ser introduzido nesse mundo complexo e extremamente hostil. A educação, portanto, leva o
indivíduo a apreender as regras, interiorizá-las e automátizá-las – regras que não são agradáveis ao
indivíduo. Esse processo em si é violento.
5. Subentendidos
O que são subentendidos? Quais os subentendidos fundamentais em uma redação.
Segundo Platão & Fiorin, subentendidos textuais “são insinuações, não marcadas linguisticamente,
contidas numa frase ou num conjunto de frases.”4 Há vários níveis de subentendidos em uma ação
comunicativa.
Observe a imagem abaixo, parte de uma proposta de redação de Vestibular.
Percebe-se de imediato que a mensagem literal não traduz a intenção do emissor. Dizemos para
alguém sorrir ao tirar uma foto ou ao ser filmado, pois queremos a melhor imagem da pessoa, afinal,
gostamos dela. Não é esse o caso. Educadamente, o emissor da mensagem quer ameaçar o destinatário:
“lembre-se de que se você estiver fazendo algo errado, você será filmado e sofrerá as penalidades
cabíveis”. A ameaça não está linguisticamente registrada no cartaz, pelo contrário, o comunicado é
extremamente cortês.
3
Sigmund Schlomo Freud nasceu em 1856 (Alemanha) e morreu em 1939 (Inglaterra). Formou-se em Medicina e, aos
poucos, vai se interessando por Psiquiatria. Percebe a fragilidade de tal “ciência” que não consegue explicar
satisfatoriamente os comportamentos humanos a partir de causas físicas. Propõe, então, a “Teoria da alma”. De acordo
com Freud, grande parte dos processos psíquicos da mente humana estão em estado de inconsciência, e são
condicionados pelas relações familiares. Esses processos nada físicos produzem sintomas corporais.
4
Fiorin, José L. & Savioli, Francisco P. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: editora Ática. 1996. P.310.
Proposta de Redação
Texto I
As imagens são confidenciais e protegidas nos termos da lei. Na porta de um shopping center.
Texto II
É obrigatória a identificação.
(Placa industrializada, colocada em portarias de prédios residenciais, repartições públicas etc.)
Texto III
O homem está, cada vez mais, e mais rápido também, pondo a técnica a seu serviço. Hoje,
principalmente nos centros urbanos, o que mais atormenta o cidadão é o perigo dos assaltos e da
violência com que são praticados. E estão cada vez mais sofisticados os sistemas de segurança, com suas
câmeras de filmagem, minúsculas às vezes, posicionadas em lugares bastante discretos. Há aparelhos
que são dotados de aprimorado zoom, o conjunto de lentes cujo alcance focal pode ser ajustado até
permitir ao operador a leitura do que está escrito num papel na mão de uma pessoa a muitos metros de
distância. Tudo para tornar nossa vida mais segura e feliz.
J. Freitas
Texto IV
Que saudades do tempo em que eu era livre!
Os textos II e III apontam para a função utilitária da mensagem ao corroborar práticas de vigilância
que devem tornar “nossa vida mais segura e feliz”. Na verdade,
é assim que lemos o cartaz e ele nos parece extremamente
amigável. O texto IV introduz uma outra leitura a partir de um
subentendido filosófico: a vigilância pressupõe um padrão de
comportamento único, algo que contraria a liberdade do
Fonte: Pixabay
indivíduo.
Esse implícito escapa a uma leitura comum. Toda vez que
apresento essa proposta a um aluno, ele pergunta: qual o
problema em ser filmado? Na prática social, talvez isso seja
necessário; do ponto de vista da reflexão filosófica, a vigilância fere o preceito de liberdade como valor
absoluto e amplo que determinou toda a cultura ocidental.
Aliás, não é à toa que escolhi essa proposta, pois ela toca nos pressupostos básicos de qualquer
proposta de cunho social.
Liberalismo
Subentendidos do
Valores democráticos
Iluminismo
Ceticismo
Liberalismo
Como o próprio nome já diz, Liberalismo é uma doutrina filosófica fundadora da sociedade
moderna, embasada em ideias de liberdade e igualdade. A igualdade liberal não é econômica, mas
jurídica social. Postula-se a universalidade dos direitos. Garantir isso na prática tem sido a grande luta
dos humanistas. Sendo assim, qualquer prática social que ameace os princípios liberais passa a ser
objeto de temas da Banca, por mais que tais práticas se justifiquem de forma utilitária.
A máxima do liberalismo foi expressa por. Para o alemão, o sujeito liberal é aquele que pensa por
conta própria e se comporta de forma autônoma, ou seja, ele age da melhor forma possível (porque é
racional), sem ser coagido por qualquer força exterior – Estado, religião, cultura de massa. O indivíduo
pode ser religioso, obedecer ao Estado ou gostar de novelas, mas age dessa forma tendo consciência do
que faz e sendo sujeito de sua escolha.
(A filmagem como vigilância é uma espécie de força exterior que coage o indivíduo, tirando-lhe a
possibilidade de escolha)
Valores democráticos
O Liberalismo político redundou na criação da Democracia moderna. Esse sistema de governo é
frágil como a história já demonstrou. Em momentos em que as sociedades se sentiram ameaçadas,
houve uma guinada totalitária.
O primeiro valor da Democracia é a própria Democracia, isso significa que é preciso defender o
sistema e estar atento às ameaças a ele.
O segundo valor da democracia se relaciona ao seu funcionamento. Ela não se apoia na
pessoalidade, mas na lei reconhecida por todos. Ou seja, há respeito pelo Estado baseado no direito
aprovado pelos legisladores. Todos são iguais perante a lei.
O terceiro valor se associa à liberdade de expressão. Como não há grupo ou indivíduo melhor
que o outro perante a lei, todos têm o direito de dizer o que pensam. Disso decorre a necessidade de
tolerância.
Ceticismo
6. Núcleos temáticos
Devido à dificuldade óbvia em determinar isso, que tal observarmos núcleos temáticos?
Política
Você deve ter reparado que a maioria das propostas lida com dois grandes temas, política e
ética. Política é fácil de entender o que significa: questões que giram em torno de ações que envolvem a
ação do Estado em alguma medida. Tome-se como exemplo a questão agrária. Ações relacionadas ao
problema agrário no Brasil só podem ser resolvidos com decisões de alguma instância do governo:
executivo, legislativo e executivo.
Ética
O tema “ética” é mais complicadinho, né? Afinal, o que é isso?
A palavra vem do grego ethos que se associa a forma de comportar-se. Pode-se falar em ethos
pessoal, por exemplo, “a honestidade é o ethos de tal indivíduo”. De forma mais ampla, pode-se usar a
palavra para um tipo de comportamento próprio de uma sociedade, por exemplo, “o ethos do brasileiro
é a malandragem”.
Esse uso bastante peculiar decorre do uso que Aristóteles fez da palavra. Ele escreveu um
tratado sobre o tema, no qual, ele aconselhava seu filho Nicômaco a como se comportar para ser feliz. O
texto girava em torno da análise das virtudes e dos hábitos como maneira de prescrever uma forma
segura para viver bem no cotidiano. Digamos que essa ética é a mais particular, a do indivíduo. A UNESP
tem elaborado propostas que fazem o candidato pensar no comportamento individual, tais como a do
ciúmes (2006).
Contudo, a partir do Iluminismo a questão ética ganha outras dimensões. A perda do poder
social da religião com suas normas morais tornou necessário que outro tipo de regras mais elásticas
fossem discutidas e postas em prática. As condutas não deveriam mais ser pautadas pelo código bíblico.
Qual seria o novo parâmetro? O critério dos humanistas liberais. Esses critérios baseiam-se na
igualdade de direitos entre os homens, mas eles não estão especificados em detalhes em nenhuma
tábua de mandamentos. Eles são flexíveis e dignos de discussão, pois podem redundar em condenação
social ou em leis que são promulgadas em nome de uma ética social.
Meio Ambiente
Quando foi cobrado o tema, a perspectiva adotada foi a da preservação da natureza. Tema
bastante debatido. Há outras possibilidades ainda não exploradas: a sustentabilidade e o aspecto social
da degradação da natureza. Várias previsões feitas pela ONU destacam que os mais pobres sofrerão
com as mudanças climáticas.
Além disso, dissemina-se a tese de que a natureza e a sociedade não devem mais ser analisadas
de forma separada. Todo sistema necessita de energia para seu funcionamento. A Sociedade obtém
sua energia da natureza. Os biosistemas fazem parte de uma estrutura semi-aberta porque tudo gira
em torno da energia externa do sol. Através das plantas a energia solar é utilizada pelos seres humanos
. De forma cega estamos destruindo as bases do sistema.
É importante que você faça redações de cada uma dessas áreas, assim,
você não se prepara para o tema específico (algo impossível), mas se
prepara de forma geral e abrangente.
O primeiro caso ocorre por desatenção. Em 2017, logo depois da aplicação do Enem,
circulou, nas redes sociais, uma suposta mensagem de “whatsapp” de alguém que afirmava ter
se enganado. Escrevera sobre cegos, quando o tema era sobre os “desafios para a formação
educacional de surdos no Brasil”. Claro que isso não vai acontecer com você, corujinha esperta que
está se preparando forte para o Vestibular.
O que pode ocorrer é a segunda situação. Em um dos vestibulares da UNICAMP, foi
proposto aos candidatos que falassem a respeito da escassez de água no planeta. Havia alguns
textos de apoio que deveriam servir como fonte para reflexão. Um deles expunha dados sobre o
rio Tietê, cuja água era potável até meados do século XX. Um dos candidatos fez uma dissertação
em que começava a falar da água, mas depois, evidentemente, empolgado com a argumentação
sobre o Tietê, desenvolveu a história do rio, discutindo sua importância para o estado de São
Paulo. É lógico que um rio é feito de água, mas as semelhanças temáticas entre um texto que fale
sobre escassez de água e um que fale sobre a história do Tietê param aí.
Mas pode acontecer o contrário.
Você pode ser obrigado a incluir um subtema e não fazê-lo, o que configura fuga parcial.
Em 2015, a FUVEST propôs o seguinte tema: “camarotização e democracia”. Suponha alguém que
gostasse muito de sociologia e se empolgasse com o tópico da segregação, assunto muito
discutido na tradição do pensamento brasileiro. Suponha, ainda, que o candidato desenvolvesse
muito bem esse subtema, mas não mencionasse o impacto disso na democracia. Ele não iria tirar
zero, mas sua nota final seria abaixo do esperado. Então, cuidado!!!
FICA A DICA
Uma das maneiras de saber se você está fugindo do tema ou não é contar a ocorrência das
palavras-chave no texto. Se você deve dissertar sobre “vigilância” e “informação”, esses
vocábulos devem aparecer no mínimo umas quatro vezes num texto de 30 linhas. Falar sobre
“informação” sem usar a palavra “informação” não é tarefa humana ou é brincadeira de mímica.
Claro que você pode usar sinônimos como “conhecimento”, “dados”, “ideias”, mas observe que
essas palavras devem estar presentes quase em cada parágrafo.
Se você deve falar de “camarotização” e “democracia”, as duas palavras devem ter uma
ocorrência significativa no seu texto.
7. Tema e Dissertação
Nas seções anteriores, tratamos do tema de forma bastante exaustiva, pois ele é o ponto de
partida da produção de seu texto.
Agora com a bola em campo, vamos para o primeiro chute no jogo da dissertação. Você deve
exprimir uma...
OPINIÃO
Como assim? Sempre me disseram que,
no texto dissertativo, a gente não pode
expressar a opinião...
Fonte: Pixabay
dissertativo deve criar um efeito de
objetividade, mas ele sempre vai expressar uma
opinião pessoal.
Considere as três formas linguísticas abaixo de expressão de ideias sobre um mesmo tema.
1 Deus que me livre, que não saio de casa depois das 23h nem que me paguem, já viu o
bairro em que moro?
No primeiro caso, a opinião e a subjetividade são bem marcadas, seja pelo uso da interjeição “Deus
me livre”, seja pelo uso da primeira pessoa em “eu não saio”, seja pelo recurso da pergunta emotiva “já
viu o bairro em que moro?”.
Nesse caso, a pessoa que expressa a opinião não tem necessidade de argumentar sobre seu ponto
de vista, pois ela fala de si mesma e está implícito que seu comportamento interessa apenas a ela.
No segundo texto, o enunciador se vale de traços objetivos – uso da terceira pessoa, generalização
e enumeração de situações comuns. Mesmo assim, há uma opinião e ela fica clara quando se observa a
pergunta e a resposta enfática “Não, a insegurança é real. A partir daí, o articulista deverá provar o que
diz ou comentar a afirmação que fez.
No terceiro texto, também observamos traços objetivos, mas não localizamos com clareza a
opinião do autor. Na verdade, ele parece estar querendo simplesmente expor uma circunstância não
percebia pelo leitor. Mesmo assim, há uma opinião embutida. O enunciador relativiza a sensação de
insegurança diante das ruas, mostrando que, culturalmente, a rua sempre foi percebida como um lugar
perigoso.
Em 2008, a FUVEST publicou algumas das melhores redações daquele ano. Eu selecionei 2 desses
textos e apresento, abaixo, alguns trechos. Observe como os candidatos elaboraram seu ponto de vista.
Esse primeiro excerto é direto. Logo nas duas primeiras linhas, o autor já define seu
posicionamento: “A chamada Era da Informação apresenta diversas falhas.” Essa opinião desperta o
interesse do leitor que fica curioso: quais falhas? Ele terá que ler o texto.
Nesse outro, o título, “postura crítica”, já dá o tom opinativo do autor. O fragmento foi construído
de forma diferente do anterior. Não é curto e nem expõe de forma direta a tese. Primeiramente, ele
contextualiza o tema. O recurso é outro, enfatizar através de expressões negativas a ideia de que a Era
da Informação trouxe problemas para a sociedade: “não...confiáveis”, “irresponsável” e “desinformação”.
Além disso, há menção de subtemas argumentativos. Ele aponta que as informações não obedecem a
regras e a emissão delas se dá de forma irresponsável. Esses dois subtemas merecem ser desenvolvidos.
Ou seja, o autor do texto já apresenta resumidamente qual vai ser o desenvolvimento textual.
Nos 2 fragmentos, você percebeu que o autor expressa sua opinião e posicionamento. Isso pode
ocorrer de forma mais desenvolvida ou mais resumida, mas sempre de forma enfática.
O que é tese?
A tese nada mais é do que a sua opinião sobre o tema, expressa verbalmente e estruturada em
uma ou mais frases articuladas com sujeito, verbo e complemento. Um termo como “a necessidade de
vigilância epistêmica” não configura tese. Isso expressa um tema.
Até agora estou falando da tese simples. Mas ela é extremamente importante.
Considere os temas dados abaixo. Separe as duas palavras-chave e organize uma frase simples.
A comunicação e a
Comunicação,
A relação entre comunicação, conectividade e conectividade devem
conectividade e bens
organização de bens comuns. estar relacionados
comuns
aos bens comuns
Quanto mais clara, específica e interessante for a tese mais fácil será para você desenvolver o
texto. Em outras palavras: se você pudesse resumir a sua dissertação inteira (de 30 linhas) numa única
frase, essa frase seria a tese (a ideia principal do texto).
Normalmente, a expressão escrita da opinião é feita no momento do rascunho. Ela não precisa
aparecer como você a formulou pela primeira vez, mas precisa ser expressa em sua essência.
Um leitor não pode começar a ler um texto tentando adivinhar qual a opinião do escritor, pois,
nessa circunstância, não poderia avaliar se o argumento se sustenta.
Às vezes, quando a tese é muito simples, vale a pena mencionar o seu oposto, para valorizá-la e
transformar o texto numa espécie de discussão que vai despertar o interesse. Suponha que você
simplesmente queira defender a ideia de que a tal “vigilância epistêmica” é importante. Essa ideia parece
óbvia e desnecessária. Para chamar a atenção do leitor, pode-se começar com a ideia oposta. Algo como:
“Muitos acreditam que vivemos no maravilhoso mundo da informação, no qual até mesmo fotos
documentais de difícil acesso podem ser disponibilizadas através das redes sociais, contudo, dada a forma
como circula a informação no mundo, é necessário bastante cuidado ao acessar informações.”
Ficou comprido, né? Mas observe que agora a tese ficou interessante e já aponta uma possível
trajetória.
Corujinha, em Redação, a palavra nunca raramente é empregada. Uma das redações publicadas
partia da tese que, nesse caso, o melhor era o caminho do meio. Ou seja, o autor defendia a ideia de que
“navegar era preciso”, mas com os cuidados epistêmicos necessários. Ele argumentou a favor e contra,
mas veja que o acento enfático recaía sobre os cuidados. Isso não é ficar em cima do muro.
Lembre-se de que o corretor quer avaliar sua capacidade argumentativa, não quer avaliar sua
competência de contabilizador de argumentos, aquele cara que começa a redação dizendo “por um lado
a informação na internet pode levar ao engano....” e, depois de despejar os argumentos sobre isso,
começa outro parágrafo com “ por outro lado também pode nos informar...”e faz a mesma coisa.
Se você respondeu, a terceira, errou. Linguisticamente, tal expressão é um tema. Os termos são
amplos, não há verbo, portanto, não se afirma nada. Ora, se não há afirmação de uma ideia não há nada
sobre o que argumentar, concorda?
A última, sem dúvida nenhuma. Por quê? Você deve estar se perguntando! Na frase em amarelo,
faz-se um julgamento, “a atividade física pode ser prejudicial”, e aponta-se dois motivos que dão força
argumentativa ao que foi dito, há dois fatores que concorrem para tonar o exercício físico perigoso.
A tese é uma coisa engraçada, é o ponto de chegada e de partida ao mesmo tempo. Depois de
você refletir sobre um determinado assunto, o resultado deve ser a tese, pois você deve estar pronto para
defender uma afirmação para a qual você tenha argumentos. Tendo chegado à tese, agora você deve
começar a escrever.
O que é tese?
• Aquilo que vai ser defendido no texto;
• Resumo do texto a ser produzido;
9. O parágrafo
Esse é o básico que serve para você expressar ideias bastante simples, afinal um período não dá
conta de ideias mais complexas. Suponha o seguinte microtexto:
As informações são poucas, mas poderosas. Fazem o leitor imaginar quase o apocalipse. O autor
não dá muitos detalhes e deixa que o leitor imagine sozinho. Qual é a tragédia? Quais são as
consequências? Que tipo de desigualdade? Digamos que esse texto abre a possibilidade de uma leitura
ambígua e coparticipativa, afinal, diante de tais palavras, o leitor pode completar a informação como lhe
“der na telha”.
Normalmente, nos vestibulares, exige-se um texto completo. O autor deve deixar claro qual é a
sua ideia sobre o assunto, deixando pouco espaço para que o leitor preencha com sua experiência o que
não foi dito. Tomemos a primeira frase “ A tragédia se abateu sobre as nações”, um escritor detalhista
passaria a explicar a afirmação.
Essa informação basta? Provavelmente, não. O leitor ficaria curioso em relação a: quais
problemas relacionados à saúde ou à econômica o autor vai selecionar?
Agora sim o parágrafo conduz o leitor e expressa exatamente o que o escritor imaginou. O que
colaborou para isso? A capacidade de discriminar as ideias gerais que estavam na primeira frase do
parágrafo. Observe novamente o parágrafo, como ele está organizado?
O primeiro período contém a ideia núcleo da qual saíram todos as frases subsequentes. Escrever
parágrafos ou texto curto através dessa técnica é um bom jeito de ir organizando o texto, aliás qualquer
tipo de texto.
Esse uso de um período curto no começo do parágrafo em que resumo o que vai ser dito pode
ser usado para dar respostas dissertativas, pois ajuda a organização das ideias. Para exemplificar, vou
considerar aqui uma questão dissertativa da UNICAMP, pois tal banca publica posteriormente um caderno
de comentários em relação ao que era esperado em cada questão, o que permite ter uma noção de qual
o tipo de organização textual os corretores privilegiam.
QUESTÃO 14
A questão valoriza a habilidade da leitura e interpretação de texto, a partir de
um tema clássico de História: as Independências na América. Assim como a
questão anterior, exige a compreensão das relações entre acontecimentos
simultâneos no mundo atlântico.
a)
O processo de Independência da América Espanhola, como aponta
Simón Bolívar no trecho citado, foi multifatorial. Derivou da crise do Antigo Frase inicial que
Regime e da circulação de ideais liberais na América, sendo seguido pela resume a resposta
desintegração das colônias espanholas em países fragmentados.
Descontentamentos nas colônias levaram a questionamentos e reivindicações
por igualdade de representação política perante a Espanha. As elites locais,
desejosas de ampliar seu poder, aproveitaram-se disso para propor
transformações como o liberalismo econômico. Destaca-se a ocorrência de
mobilizações populares, sendo o período marcado por intensas guerras e
conflitos civis, como os mencionados no documento.
b)
O texto expressa a insatisfação de Bolívar perante a não concretização
do projeto político pan-americanista. Dentro desse projeto, enunciado, por
exemplo, no Congresso do Panamá, em 1826, havia a proposta de criação de
Frase inicial que
uma confederação de países hispano-americanos independentes. Apesar da resume a resposta
adesão da Grande Colômbia, México, Peru, Bolívia e Guatemala, o projeto não
conseguiu ser consolidado.
Observe que o autor do parágrafo começa com uma frase que será o fio condutor desse fragmento.
A ideia é de que atravessar uma fronteira não é fácil e ele escolheu como argumento o vestibular. A
seguir, ele vai descrevendo o vestibular, como já fizemos em outros exercícios e, assim, ele configura um
argumento.
Primeira pergunta que deve ser feita é: qual é a ideia núcleo do parágrafo? Parece que a ideia era:
apesar de haver o direito reconhecido de igualdade, os negros ainda sofrem com a exclusão. Contudo, o
autor do parágrafo ficou perdido repetindo informações sem deixar claro qual era a ideia central.
Direito
De acordo com o artigo 5º da Constituição Federal de 1988, todos são iguais
perante a lei. No entanto, a sociedade brasileira permanece excludente, haja
Não é cumprido
vista a desproporcionalidade de cargos entre negros e brancos no mercado de
trabalho. Ainda na temática, de acordo com Aristóteles, é necessário tratar
desigualmente os desiguais na exata medida das suas desigualdades, como Direto
ocorre nas cotas raciais - medida que prevê uma parcela de vagas de um
determinado espaço da sociedade a esse grupo. Todavia, tal medida no ramo
trabalhista e nas universidades ainda causam incômodo em parcela da
população que não sente os efeitos da isonomia deficitária. Sob essa ótica, faz- Não é cumprido
se necessário analisar a persistência da desigualdade racial principalmente no
que diz respeito ao mercado de trabalho e providências à problemática
levantada.
Note que o autor repete a mesma estrutura preenchendo com repertórios diferentes, o que não
permite que o leitor perceba claramente aonde ele quer chegar.
O texto ficaria bem melhor e mais organizado se ele anunciasse a intenção do parágrafo no
primeiro período, depois apresentasse a ideia de direito, seja pela constituição, seja pela filosofia, para
em seguida mostrar que isso não se cumpre no Brasil. Exemplo? Leia como ficaria se fosse mais
organizado.
O primeiro período apresenta uma definição e no resto do parágrafo, você explica, dá exemplo
etc.
Percurso histórico
A primeira frase já inclui algo da tese e apresenta qual o momento histórico que você irá selecionar
de forma bastante geral. No desenvolvimento, você detalha.
Confronto
Uma forma interessante de começar seu parágrafo é apresentar a ideia a partir da oposição.
Depois desenvolva cada um dos termos opostos.
Causa/Consequências
No primeiro período apresente de forma geral uma causa ou uma consequência e a desenvolva a
seguir.
O progresso humano tem consequências danosas para a natureza. Algumas vezes, as mudanças
provocadas pelo homem parecem pequenas e simplesmente como um mal menor, mas tomemos o caso
das rãs e das salamandras nas Ilhas Britânicas. Os invernos estão mais quentes nessa região, devido a
mudanças de clima causadas pelos seres humanos. Isso significa que as lagoas onde aqueles animais se
reproduzem estão mais quentes. Assim, as salamandras (Triturus) começaram a se acasalar mais cedo.
Mas as rãs (Rana temporaria) não. De modo que a desova das rãs está virando almoço das salamandras.
É possível que as lagoas britânicas em que há salamandras continuem por dezenas e dezenas de anos
cada vez com menos rãs. E então, um dia, o ecossistema da lagoa desmorona... (Adaptado de Alanna
Mitchell, “Bad Evolution”, The Globe and Mail Saturday, 4/5/2002.)
Q.1
O texto abaixo é um fragmento adaptado do artigo de Vladimir Safatle “Talvez haja algo limitador
em tratar uma vida plena como uma vida feliz” publicado na Folha em 18.08.2017.
Para os gregos, o conceito de felicidade tinha outra dimensão. Não era uma palavra que se
conjugava no particular. Aristóteles, por exemplo, lembrava que a felicidade (eudaimonia) era a
atividade de acordo com a virtude.
O pensador estabeleceu um critério. Haveria uma excelência a alcançar por meio do exercício de
virtudes, atividade esta que nos permitiria evitar os extremos e alcançar a justa medida, o que
aparece como a condição para realizarmos o que nos seria melhor.
Tais virtudes não eram, no entanto, meras determinações normativas dos comportamentos
individuais. As virtudes dos indivíduos eram as mesmas virtudes da pólis, ou seja, eram as mesmas
disposições de conduta e julgamento necessários para a conservação da pólis.
Com o advento do pensamento liberal, houve uma mudança. A partir do século 17, a felicidade
começou a se associar à liberdade do indivíduo frente à sociedade. Cada um é visto como
portador de sistemas particulares de interesses, como agente maximizador de prazer e de
A própria noção de "interesse" é elucidativa nesse contexto. "Interesse" é o nome que daremos,
a partir de então, às paixões submetidas ao cálculo, enunciadas sob a forma de determinações
conscientes que produzem deliberações conscientes, representações que poderiam ser
assumidas como projetos que claramente dou para mim.
(Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2017/08/1910722-
talvez-haja-algo-limitador-em-tratar-uma-vida-plena-como-uma-vida-feliz.shtml, acessado em
18.04.2019)
Q.2
O próximo texto é uma adaptação feita a partir do texto de Wagner Carelli, publicado pela revista
Carta Capital (15: 12-15, out. 1995) e replicado por Platão & Fiorin (1996, p.34 [2]).
Propositalmente foram retiradas as primeiras frases de cada parágrafo. Você as encontrará
abaixo do texto. Assinale a alternativa que apresenta de forma coerente sequência correta dos
tópicos frasais.
O malcriado brasileiro
No Brasil, uma parte da elite faz questão de adotar um tipo de comportamento marcado
pela indiferença social, arrogância, ostentação e desprezo pela miséria. São pessoas ricas que
fazem questão de ignorar o país em que vivem.
Tópicos frasais
I.O afastamento do espaço social leva tais indivíduos a atitudes egoístas que negam a
possibilidade de convivência.
II. Esse tipo de comportamento chegou a ser observado além-fronteiras e nos Estados Unidos
mereceu uma tese.
IV. Não só essa atitude, mas outras do nosso dia a dia, configuram o que podemos chamar de
malcriado brasileiro.
Assinale a sequência correta dos tópicos que completam o início de cada parágrafo.
b) II, III, IV e I.
c) III, II, IV e I.
e) I, IV, II e III.
Questão O texto abaixo é um fragmento adaptado do artigo de Vladimir Safatle “Talvez haja
01 algo limitador em tratar uma vida plena como uma vida feliz” publicado na Folha em
18.08.2017.
Questão O próximo texto é uma adaptação feita a partir do texto de Wagner Carelli, publicado pela
02 revista Carta Capital (15: 12-15, out. 1995) e replicado por Platão & Fiorin (1996, p.34 [2]).
Propositalmente foram retiradas as primeiras frases de cada parágrafo. Você as encontrará
abaixo do texto. Assinale a alternativa que apresenta de forma coerente sequência correta
dos tópicos frasais.
O malcriado brasileiro
Vai encarar?
Meu desafio: interprete os textos da coletânea, mas não de qualquer maneira. Faça um
comentário escrito. Lembre-se: Redação é a escrita para o outro e, ao tentar comentar um fragmento na
forma dissertativa, você estará se exercitando nesse tipo de linguagem que necessariamente deve ser
dominado.
Outro detalhe é que, muitas vezes, a interpretação solicitada numa prova de Redação não é
restrita como aquela que você faz quando resolve questões de Português. A Banca escolhe textos capazes
de estimular sua reflexão, ou seja, sua interpretação deve ser ampla e associativa. Enquanto estiver lendo
o excerto, pense em exemplos concretos, relacione com teorias sociológicas, lembre-se de notícias de
jornais afins, considere as causas e consequências do fenômeno analisado etc. A partir dessa tempestade
mental, que você deve se habituar a exercitar, escreva um comentário.
* Só para lembrar: período gramatical é configurado pelo intervalo entre letra maiúscula e o ponto.
FUVEST/2001
Um dia sim, outro também. Duas bombas, suásticas nazistas e muitas mensagens pregando a tolerância
zero a negros, judeus, homossexuais e nordestinos marcaram a Semana da Pátria em São Paulo. O
primeiro petardo foi direcionado na segunda-feira 4, para o coordenador da Anistia Internacional.
Tratava-se de uma bomba caseira, postada numa agência dos Correios de Pinheiros com endereço certo:
a casa do coordenador. Uma hora e meia depois, foi a vez de o secretário de Segurança e de os presidentes
das comissões Municipal e Estadual de Direitos Humanos receberem cartas ameaçadoras. Assinando "Nós
os skinheads" (cabeça raspada), os autores abusaram da linguagem chula, do ódio e da intolerância.
"Vamos destruir todos os viados, pretos e nordestinos", prometeram. Eles asseguravam também já terem
escolhido os representantes daqueles que não se enquadram no que chamam de "raça pura" para
receberem "alguns presentinhos".
Como prometeram, era só o começo. No dia seguinte, terça-feira 5, o mesmo grupo mandou outra bomba,
dessa vez para a associação da Parada do Orgulho Gay.
(Isto é, 08/09/2000)
Desde então [os anos 80], o poder racista alastrou-se por todo o mundo numa torrente de excessos
sanguinolentos. Também na Alemanha, imigrantes e refugiados foram mortos friamente por maltas de
radicais de direita em atentados incendiários. Até hoje, a esfera pública minimiza tais crimes como obra
de uns poucos jovens desclassificados. Na verdade, porém, o poder racista à solta nas ruas é o prenúncio
de uma reviravolta nas condições atmosféricas mundiais.
(Robert Kurz)
Um dos eventos realizados no final de abril deste ano no Chile foi uma conferência internacional secreta
de militantes extremistas de direita e organizações neonazistas planejada e divulgada pela Internet.
Foram convidados a participar do "Primeiro Encontro Ideológico Internacional de Nacionalismo e
Socialismo" representantes do Brasil, Uruguai, Argentina, Venezuela e Estados Unidos.
(Isto é, 08/09/2000)
(...) Nos últimos anos, grupos neonazistas têm se multiplicado. Tanto nos Estados Unidos e na Europa
quanto aqui parece existir uma relação entre o desemprego estrutural do sistema capitalista e a ascensão
desses grupos de inspiração neonazista.
(Página da Internet)
Toda proclamação contra o fascismo que se abstenha de tocar nas relações sociais de que ele resulta
como uma necessidade natural, é desprovida de sinceridade.
(Bertolt Brecht)
Q.1
O tema é neonazismo e, segundo o parágrafo final das instruções da proposta, você deveria
pensar na questão sob a perspectiva do “crescimento do movimento”, do “sentido histórico do
fenômeno” e dos “pontos de vista sobre ele”. A partir do fragmento 1 da coletânea, faça um
comentário autoral considerando a amplitude do movimento e o alvo desse novo fascismo.
Q.3 Tendo como base o fragmento 3 da coletânea e considerando a premissa de que o neofascismo,
por motivos óbvios, é um fenômeno prioritariamente europeu, comente a contradição desse
engajamento dos americanos no movimento neofascista.
Q.4
Questão Os dois últimos excertos fazem referência ao nacionalismo e ao bairrismo como causa
05 desses movimentos de ódio. Como se desenvolve o nacionalismo? Qual o pressuposto
básico desse sentimento? Como ele reforça o ímpeto neofascista?
Comentário: Novamente, temos pela frente fragmentos muito curtos, apenas opinativos,
sem nenhum relato de algum fato ou fenômeno. A estrutura do parágrafo deve ser
semelhante à da resposta da questão 4. Você faz uma paráfrase da ideia principal (algo
sobre o nacionalismo ou sobre a violência como forma de educação). A seguir cabe
problematizar a opinião apresentada, isso sempre pode ser feito através de uma pergunta.
Depois disso, o trabalho consiste em reconstituir o raciocínio argumentativo que vai do
nacionalismo até o neofascismo. Essa relação embora pareça óbvia, não é. Afinal, o
nacionalismo foi um conceito construído na Europa como forma de exclusão e de
acirramento de animosidades seja entre os próprios europeus (entre franceses e alemães)
ou entre europeus e colonizados. Lembre-se de que o nascimento do nacionalismo se dá
no terreno da crença da superioridade.
Nada disso, corujinha burocrática. Sem receitas, melhor do que decoreba é a compreensão. Como
essas unidades de escrita ajudam a escrever o parágrafo?
O uso desses recursos tem a ver com o pensamento e com o estilo. Imagine a seguinte diálogo:
Observe a resposta, ela é simples, uma oração com sentido que faz a vez de frase também. Ela
revela uma reflexão rápida sobre um assunto. Óbvio que se o nosso entrevistador fosse estimulado a dizer
mais, a refletir mais sobre o que estava falando, ele teria que acrescentar circunstâncias que tornariam
Essa frase é constituída de uma oração, tem quase a mesma informação da anterior, mas está
recortada por circunstâncias que lhe dão mais consistência e manifestam uma reflexão mais profunda.
Mas vamos supor que o nosso entrevistado tivesse mais detalhes sobre essas circunstâncias e quisesse
ser ainda mais preciso, somente expressões acopladas às palavras com conjunções como “de” e “como”
(“de países...”; “como parâmetro”). Ele teria que transformar essas circunstâncias em outras orações.
Agora o texto manifesta uma análise mais detalhada que exigiu do nosso entrevistado recortes
como aquele que se observa depois de “economistas liberais”, uma oração subordinada explicativa. Como
fazer a crítica aos liberais que não vivem em países em desenvolvimento e que fazem teorias que parecem
se adequar à realidade deles? Com a oração subordinada nosso enunciador consegue acrescentar essa
informação.
Observe ainda, o uso do gerúndio “desprezando”. Como se sabe, o gerúndio é usado para
apresentar ação concomitante, como ocorre na frase “os economistas defendem medidas duras,
recebendo altos salários”. Mas em textos dissertativos, o gerúndio pode assumir o sentido de uma ação
consecutiva como acontece no trecho “desprezando os números que revelam a desigualdade social. A
preocupação com sucesso financeiro tem como consequência o desprezo pelas questões sociais.
Daí surge um problema. Às vezes, você tem muita informação sobre o assunto e isso acaba por
tornar sua ideia um pouco confusa. O reflexo é imediato. Seu parágrafo não terá fim, manifestando um
número enorme de relações lógicas e circunstâncias que para você podem parecer claras, mas para o seu
leitor se tornam insuportáveis.
Nesse caso, você deve estar começando a entender como o jogo entre simplicidade e
complexidade de um parágrafo construído por tópico frasal torna o texto mais agradável e compreensível
para o leitor. Vamos deixar nosso entrevistado reelaborar mais uma vez a sua ideia.
O que deve ter ficado bastante claro para você? O manejo de orações, frases e períodos deve ser
balizado por 3 elementos:
- complexidade do pensamento;
11.1 Estilo
Othon M. Garcia, na sua incrível “bíblia”, Comunicação em prosa moderna, faz uma análise do uso
da construção da frase como recurso de produção de sentido, ou seja, de estilo. Ele dá como exemplo 7
tipos de frase: de arrastão, entrecortada, de ladainha, labiríntica, fragmentária, caótica, intercalada. Mas
para efeito de compreensão do efeito que a construção frasal pode dar ao seu texto, vou considerar
apenas 3: de arrastão, labirítintica e intercalada
Frase de Arrastão
Frase labiríntica
É aquilo que Othon chama de período tenso. O escritor apresenta uma oração que é interrompida
criando expectativa até que afinal ela se completa. O leitor é obrigado a prestar a atenção, nas
informações novas, ao mesmo tempo que espera o desfecho da informação inicial. Considere o período
abaixo.
5
Garcia. O.M. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2011
Frase intercalada
Esse tipo de frase, segundo Othon “Existe, no âmbito da justaposição (rever 1.4.2 e 1.4.3), uma
classe de orações que não pertencem propriamente à sequência lógica das outras do mesmo período, no
qual se inserem como elemento adicional, sem travamento sintático e, frequentemente, se não
predominantemente, com propósito esclarecedor. Múltiplas nas suas acepções, elas denunciam, na
maioria dos casos, um como que segundo plano do raciocínio, uma espécie de pensamento em surdina.”
A desigualdade que se verifica até hoje, tem ares de endêmica (por mais que os
“especialistas” digam o contrário, e apontem malabarismos estatísticos para
manter o otimismo), fato que leva a uma certa condescendência com aquilo
que prejudica o desenvolvimento do país. 6
A frase entre parênteses permite uma certa crítica da crítica, momento em que se reforça a tese,
pois o autor se permite enfatizar seu ponto de vista.
6
Idem, ibidem.
Segundo Maria L. A. Aranha e Maria H. P.Martins, o senso comum pode ser definido como?
Podemos apontar algumas das características do senso comum que mostram o perigo de se valer
desse expediente quando o conhecimento da realidade se faz necessário.
Superficial
Daí para se transforma no ditado “a voz do povo (do senso comum) é a voz de Deus. E qual o
problema? Com Deus não se discute. E a história da ciência mostra muito bem isso. A Terra é o centro
do universo, a doença é provocada pelo desequilíbrio dos humores, o sangue menstrual tem
propriedades mágicas são algumas das ideias do senso comum que impediram, durante algum tempo, a
ciência de avançar.
Isso para não falar nos preconceitos. O mais flagrante deles, o de que os negros eram inferiores,
deixou marcas profundas em todo o mundo até hoje. O senso comum é um grande obstáculo a
comunicação humana e, consequentemente, a abertura para a produção de um texto mais interessante.
Segundo o professor J.R. Whitaker Penteado, autor do livro “A Técnica da comunicação humana,
há dois tipos de obstáculos:
Quantas vezes, ao discutir alguém sobre algum assunto, você não jogou aquela cartada: “eu estou
falando, porque sei a respeito disso”? Já se perguntou o quanto você sabe sobre alguma coisa? O
professor Whitaker contava um história interessante sobre um professor que pedia aos alunos que
escrevessem uma monografia sobre uma espécie de peixe em duas semanas. Findo o prazo, ele
desprezava os trabalhos dizendo que em duas semanas não era possível saber nada de sério sobre
qualquer coisa.
“São nossos preconceitos que norteiam a seleção de fatos, pessoas e depoimentos, com o objetivo
de mostrar ao mundo que somos nós que estamos com a razão. Esse “emparedamento” leva-nos, na
audição de uma conferência, a fechar os ouvidos a todos os argumentos que nos pareçam contrários a
nossas convicções, e a abri-los, escancarados, às ideias que já tínhamos.
7
Penteado, J.R. W. A técnica da comunicação humana. São Paulo: Dengage Learning, 201.
Mas enquanto estiver no caminho da boa dissertação, aprenda a ler a favor e contra o que você
pensa. Procure avaliar os argumentos contrários. Entenda o seu interlocutor.
Uma pessoa chega molhada na sua porta. Esse é o fato. Você pode deduzir que ela tomou chuva,
porque choveu recentemente, ela não estava de guarda-chuva e estava irritada. Sua conclusão, ligando
esses três itens é uma opinião.
Segundo Whtitaker é preciso cuidado. Um fato pode ser considerado uma opinião. Uma opinião
pode transformar-se em fato. Existe algo mais perigoso na Comunicação humana do que nos
convencermos de que nossas suposições aconteceram, ou de que os acontecimentos não passaram de
suposições? E se são os outros que contrapõem a nossos fatos suas opiniões, considerando opiniões os
fatos porque são nossos, e fatos as opiniões por que são seus?”
Uma opinião muito bem fundamentada, mas é opinião. Por quê? Pois é preciso ligar uma série de
fenômenos observáveis para se perceber que o tal aquecimento esteja ocorrendo. Isso não significa que
ele não seja provável, mas que é discutível. Os vestibulares sempre irão focar em temas que mexem com
a opinião, já que “contra fatos” não há argumentos.
Para fazer uma boa redação é importante que você tenha clareza se possui fatos ou opiniões. Os
fato são fenômenos observáveis que você apresenta no seu argumento, como por exemplo as notícias de
jornais, fatos históricos, dados de geografia.
2. Minhas deduções não estão indo além do que eu mesmo pude observar pessoalmente?
3. Quando lido com inferências importantes, faço uma escala das probabilidades?
4. Quando me comunico com os outros rotulo minhas inferências como tais e peço aos outros que
rotulem as suas?
A Proposta 1, da UFPR, pede que candidato faça um texto curto de resposta a ideia de Jason Brennar
sobre Epistocracia. É um texto para se exercitar.
Já a proposta 2 é desafiante, mas nem tanto. Escolhi uma proposta da FAMEMA, polêmica, sobre cujo
tema você já deve ter se questionado.
Divirta-se.
(Fonte:
<http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/11/1829957>)
Escreva um texto argumentativo posicionando-se em relação à proposta apresentada por Jason Brennan.
O seu texto deve:
ter de 10 a 12 linhas;
explicitar em linhas gerais as ideias de Jason Brennan;
assumir uma posição contra ou a favor dela, contrapondo argumentos se for contra, ou reforçando
os já apresentados se for a favor
Texto 2
Tema bastante controverso, a redução da maioridade penal vem conquistando um número cada
vez maior de adeptos, que, pressionados pela sensação generalizada de insegurança, veem a sua
implantação como a única solução imediatamente possível para a diminuição da criminalidade praticada
por menores.
Vige desde o século XIX a teoria de que crianças e adolescentes não possuiriam o
desenvolvimento intelectual e psicológico completo, necessário e essencial para a responsabilização
criminal nos termos do Código Penal. Considerando-se as transformações ocorridas na sociedade, em
que os jovens têm maior acesso às informações e participam de forma cada vez mais autônoma das
diversas relações sociais, ter-se-ia por indispensável o conhecimento daquilo que é ou não lícito. Tanto é
assim, que o Código Civil prevê a capacidade relativa da pessoa com 16 anos completos, permitindo-lhe
Izabelle Rhaissa F. Moreira. “Argumentos favoráveis à redução da maioridade penal”. https://jus.com.br, fevereiro de 2017. Adaptado.
Texto 3
“Se prisão resolvesse alguma coisa, nós deveríamos ser um país muito mais seguro”, comenta
Rafael Custódio, coordenador do programa de justiça da ONG Conectas Direitos Humanos. O sistema
prisional brasileiro atravessa problemas históricos, como a superlotação e o alto índice de reincidência
criminal. De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça, um em cada quatro condenados volta a
cometer crimes. Nesse cenário, Custódio aponta que inserir menores de idade no sistema penal adulto
contribuiria para que a violência aumentasse ao invés de diminuir. “O Brasil criou um sistema carcerário
que viola direitos, não recupera ninguém e só produz mais violência. Diante dessa realidade, nós
queremos trazer os adolescentes para essa lógica? Não faz sentido”.
Heloisa de Souza Dantas, mestre em Psicologia Comunitária pela Michigan State University,
também afirma que a redução da maioridade penal não é o caminho para combater a violência. Além de
investimentos em educação e saúde, a psicóloga defende que a sociedade deve mudar o tratamento
dado a esse assunto. “É um país que precisa olhar os adolescentes como seus filhos e não como
inimigos”. Sobre o debate acerca do assunto, a psicóloga acha que está se formando uma “cortina de
fumaça” que desvia as atenções do problema real. A maioria dos atos infracionais cometidos por jovens
estão relacionados ao tráfico de drogas, enquanto crimes hediondos representam um número menor.
Souza aponta que um investimento maior em inteligência policial ajudaria a pegar os “peixes grandes”
do tráfico de drogas ao invés de manter a política de encarceramento em massa, que não tem ajudado a
reduzir os índices de violência no Brasil.
Natália Silva. “Os riscos da redução da maioridade penal”. www.cartacapital.com.br, 08.11.2018. Adaptado.
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-
argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A redução da maioridade penal pode colaborar para a diminuição da violência no Brasil?
Texto motivador
Como você pôde perceber, essa proposta apresenta somente um texto motivador extremamente
importante para a construção de seu texto, visto que ele contém as informações que deverão ser
discutidas em seu texto. Dessa forma, é muito importante que você o leia com atenção, para que possa
depreender o pensamento do filósofo e, assim, poder se posicionar sobre ele. Faça dessa leitura uma
constante na sua escrita. Os textos motivadores, via de regra, nos direcionam para o tema e nos auxiliam
a construir um pensamento mais próximo da realidade, fugindo, muitas vezes, daquilo que chamamos de
senso comum. A seguir, para te ajudar nessa compreensão, apresentamos os pontos mais importantes do
texto.
Gênero textual
Como comentei rapidinho anteriormente, a melhor ideia para a sua produção de texto nessa
proposta é a produção de um parágrafo-dissertativo, muito utilizado em certames que apresentam
questões subjetivas e que exigem respostas mais objetivas. Para a construção desse parágrafo,
pensaremos em um texto organizado não em parágrafos, mas em períodos dentro de um parágrafo,
mantendo a ideia de construção de introdução, desenvolvimento e conclusão, somente adaptada à
necessidade de espaço. A seguir, apresentamos um resumo das características desse tipo de produção.
Destaco, ainda, que esse exemplo colocado na análise deve ser visto apenas como um exemplo,
não o tome como um modelo a ser seguido, visto que isso não existe em teoria textual. Contudo, siga a
estrutura apresentada para exemplificar esse texto menos usado por nós.
Teses
Para a construção de seu texto, você deverá se posicionar acerca da ideia apresentada pelo filósofo
Brennan. Dessa forma, você deverá concordar com ele ou discordar dele, de forma bastante clara e
objetiva. Recomendamos, inclusive, que você não permaneça “em cima do muro”, visto que o texto é
curto para que você deixe sua ideia clara para esse posicionamento. Na análise do tema, apresentamos
alguns elementos mais próximos da argumentação para que você fundamente suas ideias. Pense em seus
argumentos antecipadamente e escreva o seu texto deixando tudo muito claro. Só sucesso!
Proposta 2
Tema e proposta
O tema apresentado propõe a construção de uma dissertação-argumentativa, em que será
defendida uma das teses que serão apresentadas mais à frente. Sua defesa, claro, deverá ser feita por
meio de argumentos que se combinem com a tese. Importante destacar que, de posse de um tema tão
complexo, é necessário que seus argumentos sejam extremamente fundamentados, por meio de base
argumentativa, que, hoje, é mais conhecida como repertório, depois do ENEM.
O tema em sim, que trata da redução da maioridade penal no país, é extremamente
contemporâneo e polêmico, principalmente porque as pessoas se dividem, hoje, em dois grupos,
essencialmente, o daqueles que são contra e o daqueles que são a favor, polarizadamente. Dessa
maneira, é importante que você pondere bastante com relação à sua escolha de tese e, claro, de
Coletânea de textos
É interessante notar que a coletânea de textos apresenta dois textos bastante posicionados
contra a redução da maioridade, no caso, a charge e o último texto; e um texto posicionado a favor da
redução, com viés de análise dos direitos e respeito às vítimas. Com relação ao posicionamento
contrário à redução, temos a charge, que é o texto mais “pesado”, por assim dizer, porque inclui a classe
social na discussão; e o texto 3, que aponta evidências científicas para a não redução. A favor do
processo de redução, temos o texto 2, que apresenta a ideia de que as vítimas, nessa relação, não estão
sendo respeitadas. A seguir, como já é praxe, apresentamos um pequeno resumo dos textos.
Não se esqueça de não usar os textos que, necessariamente, são somente motivadores, sem que
sejam copiados de forma alguma.
Sempre gosto de destacar que esse são argumentos que podem servir de direcionamento para o
que você escreverá, bem como os repertórios apresentados a seguir. Sabemos, inclusive, que este
costuma ser um problema de início para vocês, visto que arrumar argumentos costuma ser muito
complicado na produção de um texto.
Repertórios
• Aproximadamente 85% da população brasileira é favorável à redução, segundo pesquisa
do Datafolha.
14.Considerações finais
Chegamos ao final desta aula do nosso curso de Redação. Expliquei com o máximo de detalhes o
significado e a importância do tema na produção do seu texto. Pode ser até que você ache que me
alonguei demais, não creio dada a importância desse quesito na correção.
Estou certo de que você, que me acompanhou e fez as atividades sugeridas, teve um ótimo
aproveitamento .
Confira comigo. Ao final desta aula, espera-se que você tenha adquirido e exercitado algumas
habilidades importantes:
- habituar-se a considerar as várias opiniões sobre o tema;
- refletir sobre o contexto;
- elaborar teses opinativas e não expositivas.
Faça uma autoavaliação e verifique se você alcançou o esperado para a aula.
Até a próxima aula ou, mesmo antes, no Fórum de dúvidas.
Saudações e bom estudo.
Lembre-se: continue escrevendo.
Blog de crônicas :
https://www.outrasvias.com/