Oficina de Leitura e Escrita - Unidade 3
Oficina de Leitura e Escrita - Unidade 3
Oficina de Leitura e Escrita - Unidade 3
OBJETIVOS
Esperamos que ao fim dessa unidade você possa reconhecer a importância e as
etapas do processo de leitura, análise e interpretação de textos no meio acadêmico.
Além disso, almejamos que você esteja apto a utilizar técnicas de leitura, de escrita
e de pesquisa bibliográfica de textos científicos/acadêmico. Possa, ainda, identificar
a estrutura e a função retórica do gênero resumo; e saiba produzir este gênero
textual e avaliá-lo.
PLANO DE ESTUDO
Nesta unidade, serão abordados os seguintes tópicos:
Leitura de textos acadêmicos.
Técnicas de pesquisa bibliográfica.
Redação de trabalhos científicos.
Resumo.
CONVERSA INICIAL
A complexidade característica dos gêneros pertencentes à esfera acadêmica e/ou
científica exige que múltiplas capacidades sejam desenvolvidas, ultrapassando,
assim, a mera organização textual e o enquadramento da escrita às normas
gramaticais vigentes do português padrão. Desse modo, entendemos que faz parte
de seu processo de formação acadêmica, especialmente nesta disciplina em curso,
o desenvolvimento das capacidades de construção de representações adequadas
sobre o contexto de produção acadêmico e/ou científico.
Nesta unidade, então, objetivamos apresentar algumas estratégias de leitura, de
escrita e de pesquisa bibliográfica que poderão subsidiar e/ou aperfeiçoar seu
desempenho acadêmico/científico. Daremos atenção especial para um gênero que
circula intensamente tanto em nosso cotidiano como no meio acadêmico: o resumo.
Sensibilização
Em sua vivência escolar, quando você estudava para as avaliações ou quando
solicitado pelo professor, você já passou pela situação retratada na imagem abaixo,
ao tentar destacar as informações mais importantes de um texto?
Você utiliza alguma técnica de leitura? E quando tem que fazer um resumo, como é
o processo de elaboração?
1. LEITURA DE TEXTOS ACADÊMICOS
Neste tópico, vamos atentar para a complexidade característica dos gêneros
pertencentes à esfera acadêmica e/ou científica a qual exige que múltiplas
capacidades sejam desenvolvidas. Desse modo, entendemos que faz parte de seu
processo de formação acadêmica o desenvolvimento das capacidades de
construção de representações adequadas sobre o contexto de produção, bem como
da organização global e de conteúdos referentes ao trabalho acadêmico e/ou
científico.
Objetivamos, então, apresentar algumas estratégias de leitura, de escrita e de
pesquisa bibliográfica que poderão subsidiar e/ou aperfeiçoar seu desempenho
acadêmico/científico.
Preparação do texto
Visão de conjunto
Busca de esclarecimento
1 ANÁLISE TEXTUAL Vocabulário
Doutrinas
Fatos
Autores
Esquematização do texto
Compreensão da mensagem
do autor
Tema
2 ANÁLISE INTERPRETATIVA Problema
Tese
Raciocínio
Ideias secundárias
Interpretação da mensagem do
autor
3 ANÁLISE TEMÁTICA Situação filosófica e influências
Pressupostos
Associação de ideias
Críticas
Levantamento e discussões de
4 PROBLEMATIZAÇÃO problemas relacionados com a
mensagem do autor
Reelaboração da mensagem
5 SÍNTESE com base na reflexão pessoal
Para perpassarmos todas as etapas apontadas, podemos nos valer de algumas
técnicas. Algumas já bem conhecidas, mas nem sempre utilizadas adequadamente.
Vamos a elas.
1.1.1 Sublinhar
Sublinhar é uma das primeiras técnicas que aprendemos no meio escolar.
Entretanto, nem sempre é usada corretamente. Mas quando utilizada
adequadamente, ela é importantíssima tanto na revisão ou memorização do assunto
abordado, quanto na elaboração de esquemas e resumos.
A estratégia de sublinhar é desenvolvida de forma adequada quando
compreendemos o assunto, uma vez que é somente por meio da identificação das
ideias principais e secundárias que conseguimos selecionar o que é realmente
indispensável para o entendimento global do texto. Para tanto, não é eficaz
sublinharmos parágrafos ou frases inteiras. Isso porque, fazendo isso, podemos
sobrecarregar a memória e o aspecto visual e também apenas reproduzir as
palavras do autor ao fazer um resumo, e não suas ideias.
A respeito dessa técnica, Andrade (2010) destaca o seguinte procedimento:
a) ler o texto integralmente, para termos a ideia global do assunto tratado;
b) desenvolver uma análise textual, sobretudo do vocabulário desconhecido e dos
termos técnicos;
c) reler o texto, identificando as ideias principais;
d) ler e sublinhar, em cada parágrafo, as palavras que correspondem à ideia-núcleo,
bem como os tópicos mais importantes;
e) assinalar com uma linha vertical, à margem do texto, os tópicos mais importantes
(usar palavras-chave ou frases curtas);
f) assinalar, à margem do texto, com um ponto de interrogação, os casos de
dúvidas, discordâncias, argumentos discutíveis, etc.;
g) ler o que foi sublinhado, verificando se há sentido;
h) reconstruir o texto, em forma de esquema ou resumo, lembrando de tomar as
palavras sublinhadas como base.
Enfim, lembre-se de que você deve sublinhar apenas o indispensável, porque o
acúmulo de anotações e destaques pode dificultar o desenvolvimento do resumo.
1.1.2 Esquematizar
O esquema é uma apresentação visual do texto; é uma preparação para a produção
do resumo. Isso significa que em um esquema não há frases completas, mas
apenas palavras-chave, que podem estar interligadas por símbolos diversos (setas,
linhas, círculos, colchetes, subordinação, mapa de ideias etc.). Veja algumas
possibilidades:
1.1.3 Resumir
Diferente do esquema, o resumo compõe-se de parágrafos com sentido completo.
As ideias do autor do texto original devem ser mantidas e respeitadas. Não são
permitidas, nesse gênero, que você, leitor e produtor do resumo, acrescente seus
comentários e possíveis acréscimos.
Podemos redigir um resumo a partir das palavras sublinhadas (conforme vimos
sobre a técnica de sublinhar). Entretanto, apesar desse processo ter a vantagem de
manter a fidelidade ao texto de origem, isso não é uma regra absoluta. Quanto mais
completo for um texto, mas fácil será resumi-lo a partir de um esquema e das
palavras sublinhadas.
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Fique por dentro
É importante salientar que o crédito de autoria deve ser SEMPRE atribuído ao autor do texto original.
Se você copiar ou fizer referência às ideias do autor, em algum trabalho acadêmico, você deve citar a
fonte. Se você reproduzir uma ideia sem citar a fonte, você está cometendo o crime de plágio, ou
seja, está se apropriando indevidamente da ideia de outra pessoa. E plágio pode configurar como
crime de violação de direitos autorais, além de, obviamente, ferir a ética acadêmica.
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Segundo Andrade (2010), nos textos bem estruturados, cada parágrafo corresponde
a uma ideia principal. Entretanto, alguns autores, por questão de estilo ou didática (e
por que não erro?!), usam mais de um parágrafo para desenvolver a mesma ideia
com palavras diferentes. Vamos ver dois exemplos de resumo de parágrafo exposto
por Andrade (2010):
a) Resumo que não se prende fielmente às palavras sublinhadas:
Resumo
Na concepção freudiana, a criatividade dos artistas é substitutiva das brincadeiras infantis. A
criança se expressa por de jogos e da fantasia, o adulto o faz por meio da literatura ou da
pintura, inspirando-se em suas experiências da infância. Essa relação é confirmada pelo
prazer que a pessoa criativa sente em explorar ideias e situações apenas pela alegria de ver
aonde elas podem chegar.
Resumo
Vivemos num ambiente formado por influências semânticas: circulação em massa de jornais
e revistas que refletem os preconceitos e obsessões de seus redatores e proprietários; o
rádio, dominado por motivos comerciais; conselheiros de relações públicas, pagos para
manipular o ambiente a favor de seus clientes. É um ambiente excitante, mas cheio de
perigos. Os cidadãos de uma sociedade moderna precisam ficar conscientes do poder e das
limitações dos símbolos, a fim de evitar confusão ante a complexidade de seu ambiente
semântico. O primeiro princípio que governa os símbolos é este: o símbolo não é a coisa
simbolizada; a palavra não é a coisa; o mapa não é o território que representa.
Evidentemente, um resumo de um livro ou de um texto longo não pode ser feito
parágrafo por parágrafo, a partir das palavras sublinhadas. Nesse caso, segundo
Andrade (2010, p. 23), o autor do resumo deve adotar os seguintes procedimentos:
a) Ler o texto integralmente, para entrar em contato com o assunto global;
b) Aplicar a técnica de sublinhar, destacando as ideias mais importantes;
c) Elaborar um esquema de redação do resumo, valendo-se das subdivisões
organizadas pelo autor. Importa destacar que nem sempre há a necessidade de
manter os títulos e subtítulos designados pelo autor. A forma de apresentação dos
argumentos é que apontarão a necessidade de conservar ou não as divisões.
d) A partir do esquema elaborado, desenvolver um rascunho do resumo – de cada
capítulo ou de unidades do texto;
e) Ler o rascunho, a fim de verificar possíveis omissões ou equívocos. Refazer a
redação do resumo e transcrevê-lo nas normas da materialidade em foco, que pode
ser um fichamento, por exemplo.
É importante ter em mente que um resumo é uma recriação do texto; outras palavras
que mantêm a ideia original. Logo, um bom resumo apresenta de maneira sucinta o
assunto da obra, não apresentando juízos críticos. Além disso, emprega linguagem
clara e objetiva, evita a transcrição de frases do original e dispensa a consulta do
original para a compreensão do assunto.
Lembramos que o gênero resumo será abordado com mais profundidade ao final
desta unidade. Lá serão trabalhados os tipos de resumo e algumas questões
metodológicas de leitura e de produção desse gênero.
2. TÉCNICAS DE PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
A pesquisa bibliográfica é o primeiro passo para a atividade acadêmica. Ela é a base
para seminários, painéis, debates, resumos, resenhas e monografias. O problema é
que muitas vezes o aluno, ao ingressar na faculdade, não sabe como fazer essa
pesquisa.
A primeira coisa que o calouro deve fazer é entrar em contato com a biblioteca da
faculdade/universidade, reconhecendo os títulos disponíveis. Atualmente, esse
levantamento pode ser feito de forma mais facilitada, visto que o acervo está
disponível online, no site da faculdade.
Segundo Gil (1988, p. 62-5 apud ANDRADE 2010, p. 28), as fontes bibliográficas
classificam-se em:
Livros de leitura corrente: obras de literatura (romance, poesia, teatro...), obras de
divulgação científica, técnicas (com linguagem própria de uma área, destinadas aos
especialistas) e a de vulgarização (destinam-se ao público não especializado);
Livros de referência: dicionários, enciclopédias, anuários e jornais especializados;
Periódicos: jornais e revistas;
Impressos diversos: publicações do governo, boletins informativos de empresas
ou de institutos de pesquisa, estatutos etc.
Spina (1974, p. 12 apud ANDRADE, 2010, p. 28) acrescenta as obras de estudo,
que compreende os tratados, manuais, compêndios, monografias, teses, ensaios,
conferências, antologias, seleções, dissertações etc.
Os textos originais, que principiam outras obras para formar uma literatura ampla
sobre determinado assunto, são consideradas como fontes primárias. Já a literatura
originada de determinadas fontes primárias, interpretando-as e analisando-as,
constituem as fontes secundárias.
Mas atenção: uma mesma obra pode ser considerada primária em relação a um
assunto e secundária em relação a outro. Independente de classificações, o mais
importante é procurar fontes seguras, confiáveis, de autores renomados e
considerados autoridades no assunto abordado. Você deve prestar atenção também
ao nível do seu trabalho. Enciclopédias e revistas não especializadas, por exemplo,
não podem constituir exclusivamente a fundamentação bibliográfica de seu trabalho
acadêmico. O mesmo vale para as apostilas de cursos pré-vestibulares que, uma
vez pautadas no nível do ensino médio, não se configuram como base adequada
para trabalhos universitários.
Hoje, a facilidade que os recursos eletrônicos da Internet oferecem na pesquisa
bibliográfica deve ser olhada com atenção. Isso porque apesar de o conteúdo ser
vasto, nem tudo é confiável. Como a publicação na Internet é livre e não sofre
fiscalização, recomendamos certa cautela na utilização das informações obtidas,
sobretudo via sites de busca genérico, como o Google, por exemplo. Conforme
lembra Andrade (2010, p. 37), “a veracidade e a confiabilidade das informações,
bem como a atualidade e procedência, são de responsabilidade de quem reproduz
ou usa a informação, mesmo citando a fonte, como recomendado”.
Uma alternativa importante, que pode tornar a busca mais objetiva e confiável, é
utilizar os sites relacionados à área de interesse e também os sites de instituições de
ensino superior, que disponibilizam dados da produção intelectual e documentos. É
possível encontrar também material bibliográfico em sites de publicações científicas
que mantêm uma versão eletrônica e também em bancos de dados de órgãos do
governo.
Depois de realizar o levantamento bibliográfico, é preciso localizar as informações
úteis para o desenvolvimento do trabalho e também documentar os dados. Para
localizar as informações necessárias para o desenvolvimento do trabalho você deve
colocar em prática as orientações de leitura e produção de esquemas e resumos
abordadas anteriormente neste material.
3. A REDAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS
Antes de começar a produzir um texto acadêmico, é preciso certificar-se de que a
proposta está clara para você mesmo. Construir um raciocínio coerente consiste em
contínuas tomadas de decisão. E esse processo começa antes mesmo de escrever
a primeira frase do seu texto.
Você precisa ter consciência de que precisa organizar seus pensamentos e planejar
sua atividade de escrita. Questione-se, primeiramente:
Quais são os objetivos do texto?
Em linhas gerais, qual é o assunto do texto?
Qual é o gênero adequado aos objetivos? (Se o gênero já foi determinado, quais
são suas especificidades?)
Qual é o nível de linguagem que deve ser usado?
Qual é o nível de conhecimento que eu tenho sobre o assunto?
Qual é o grau de subjetividade ou de impessoalidade que deve ser exposto?
Registrei a origem das informações utilizadas? (tenho todos os dados
bibliográficos?)
Quais são as condições práticas de produção: tempo, apresentação, formato?
Enquanto acadêmico, você precisa ter em mente que pesquisadores e cientistas têm
um modo particular de estruturar sua escrita. Os textos produzidos por esses
sujeitos buscam promover a circulação do conhecimento e, para isso, utilizam-se da
reflexão, da investigação, da crítica e/ou da análise de questões científicas, artísticas
e filosóficas. Por isso, você, leitor, que está no meio acadêmico, tem pela frente um
desafio muito maior do que dominar um tema, testar hipóteses ou sustentar seus
argumentos e conclusões. Você deve relatar com clareza, objetividade, coerência e
precisão suas pesquisas e suas investigações, de modo que elas possam ser
compreendidas e reproduzidas por pesquisadores que tomem o seu trabalho como
referência.
Observe:
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de
barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para
cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis,
documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa,
cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapo. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo.
Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, bloco de notas,
espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo.
Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques,
memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de
anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetor de filmes, xícara, cartaz, lápis,
cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos,
pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes,
pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone
interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo,
papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo,
papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista.
Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras. Cigarro e fósforo. Poltrona,
livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias,
calça, cueca, pijama, chinelos. Vaso, descarga, pia, água, escova, creme dental, espuma, água.
Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.
3.2 Clareza
Clareza diz respeito à qualidade de uma mensagem que não deixa margem para
dúvidas sobre o seu sentido. Logo, um texto claro é entendido de maneira mais
imediata.
Ideias claras são expressas por frases objetivas que privilegiam a ordem direta e
palavras claras. Assim, as frases longas tendem a comprometer a concordância
gramatical e, consequentemente, a clareza do raciocínio.
De forma geral, a concisão deve acompanhar a clareza. Um texto repetitivo, que
apresenta a mesma ideia em mais de um parágrafo ou frase, por mais bem escrito
que seja, torna-se cansativo. É necessário, portanto, evitar o prolongamento da
explicação de uma ideia que já está suficientemente esclarecida, bem como a
repetição desnecessária de informações que não são relevantes para o trabalho.
3.3 Impessoalidade
A impessoalidade é um aspecto de grande contribuição para a objetividade do texto
científico, pois pode promover certo distanciamento do autor (ANDRADE, 2010).
3.4 A revisão
Finalizado o texto, o autor assume outra posição: a de revisor. Ao “fingir” ser o leitor
do seu texto, você deve buscar as lacunas não previstas na preparação do seu
texto, de forma crítica, distanciada. Escrever é um exercício. Se após uma leitura
rápida você percebeu que não atingiu seu objetivo, é preciso recomeçar. Uma vez
sanados os desvios da primeira versão, é hora de esculpir sua criação: suprir
palavras deslocadas, incluir explicações, ajustar a ortografia e a acentuação e
reescrever períodos extensos demais.
Se o seu texto não tem um prazo urgente de entrega, uma opção que pode facilitar a
visualização dos erros e das incoerências, é deixar o texto de lado por algumas
horas ou dias. Com a mente e a visão tranquilos, o autor pode aprimorar seu
trabalho de forma a se deparar com ele como se fosse a primeira vez.
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Reflita
30 dicas para escrever bem
Disponível em <http://www.teclasap.com.br/30-dicas-de-portugues-do-professor-joao-pedro-da-
unicamp/>. Acesso em de jul. de 2018.
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Indicações de leitura
Comunicação e Linguagem
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Outros exemplos de verbos: apresentar, definir, descrever, ressaltar, confrontar, comparar, criticar,
acreditar, afirmar, exemplificar, questionar, negar, abordar, defender, comprovar, esclarecer,
argumentar, relatar, concluir, mostrar, tratar de, sugerir, deduzir, iniciar, explicar, reforçar, introduzir,
classificar.
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Indicação de leitura
Resumo
Autores: Anna Rachel Machado (coordenação), Eliane Lousada, Lília Santos Abreu-Tardelli
Editora: Parábola
Sinopse: Este livro, o primeiro da coleção Leitura e produção de textos técnicos e acadêmicos,
propõe abordar o gênero resumo acadêmico/escolar a partir da ideia de oficina. Isso significa que o
livro traz um conjunto de atividades a partir das quais o leitor aprende sobre o gênero praticando a
leitura e a escrita.
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1
Quanto à extensão, a NBR 6038 estabelece:
a) de 150 a 500 palavras os de trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e outros) e relatórios
técnico-científicos;
b) de 100 a 250 palavras os de artigos de periódicos;
c) de 50 a 100 palavras os destinados a indicações breves.
Os resumos críticos, por suas características especiais, não estão sujeitos a limite de palavra
É importante destacar que em um resumo de um projeto de pesquisa que ainda vai
ser desenvolvido, não é possível apontar resultados ou conclusões. No entanto, ele
deve apresentar os elementos fundamentais como o tema, a problemática, o
objetivo, a metodologia, o contexto, o sujeito e os instrumentos de pesquisa.
Estudiosos da área, na contemporaneidade, defendem que o processamento da
construção de um texto passa por três grandes etapas: o planejamento, a
execução e a revisão. Muitas vezes pulamos etapas e, depois de lido o texto a ser
resumido, centramos nossos esforços na execução e esquecemos o quão
importante são todas as etapas para que nosso texto tenha a consistência e
coerência com a situação comunicativa solicitada.
Dito isso, esperamos que você não se contente com esse texto. Crie estratégias
próprias para desenvolver seu texto, (i) compreendendo que tipo de resumo você
tem que fazer e suas especificidades, (ii) desenvolvendo uma boa leitura do texto –
para isso, sugerimos alguns passos, baseando-nos em Severino (2007) – (iii)
escreva, com suas próprias palavras, as ideias principais do texto, lembrando-se
sempre de remeter aos autores do teto original e (iv) revise o texto produzido,
quantas vezes necessário e verifique se todos os passos foram seguidos. Machado
(2005, p. 57) propõe a seguinte ficha de auto avaliação:
FICHA DE AUTOAVALIAÇÃO
1) O resumo está adequado ao objetivo de um resumo acadêmico/escolar?
2) O resumo está adequado ao seu destinatário?
3) O resumo transmite adequadamente a imagem de quem leu e compreendeu adequadamente o
texto lido?
4) As informações relevantes do texto original, tais como fato, discussão empreendida, posição do
autor e seus argumentos, estão registradas no resumo?
5) Antes de iniciar o resumo, há uma referência bibliográfica completa no texto lido? A referência
está de acordo com as normas da ABNT?
6) Está claro no resumo de quem são as ideias resumidas, por meio da menção do autor de
diferentes formas?
7) O resumo pode ser compreendido em si mesmo por um leitor que não conhece o texto original?
8) Verifique se o resumo não apresenta problemas de paragrafação, pontuação, frases incompletas
ou incompreensíveis, erros de ortografia, problemas de concordância verbal ou nominal.
ANÁLISE
(Atividade adaptada de Guimarães, 2012) Compare os resumos abaixo. Trata-se de
dois resumos do artigo “Cultura da paz”, de Leonardo Boff. Tendo em vista o que
estudamos desde a primeira unidade e considerando o modo como os autores se
referem ao autor, o que se pode concluir? Aponte os principais problemas que
podem ser observados.
RESUMO 1
Ele diz que a cultura dominante se caracteriza pela vontade de dominação da natureza do outro. É
possível superar a violência? Freud diz que é impossível controlar o instinto de morte. Boff diz que a
evolução humana sempre esteve regida pela violência. Em segundo lugar, a cultura patriarcal instalou
a dominação da mulher pelo homem e que a lógica de nossa cultura é a competição. Veja-se, por
exemplo, o número de atos de violência contra a mulher em São Paulo. Precisamos opor a cultura da
paz à cultura da violência. Onde buscar as inspirações para a cultura da paz? Somos seres sociais e
cooperativos, temos capacidades de afetividade. O homem pode intervir no processo de evolução.
Desde os tempos de César Augusto, os filósofos acham que o cuidado é a essência do ser humano.
Gandhi, Dom Hélder Câmara e Luther King são figuras que deram exemplo de comportamento
humano. Eu acho que todos nós devemos lutar pela paz.
RESUMO 2
Leonardo-Boff inicia o artigo “A cultura da paz” apontando o fato de que vivemos em uma cultura que
se caracteriza fundamentalmente pela violência. Diante disso, o autor levanta a questão da
possibilidade de essa violência poder ser superada ou não. Inicialmente, ele apresenta argumentos
que sustentam a tese de que seria impossível, pois as próprias características psicológicas humanas
e um conjunto de forças naturais e sociais reforçariam essa cultura da violência, tornando difícil sua
superação. Mas, mesmo reconhecendo o poder dessas forças, Boff considera que, nesse momento,
é indispensável; estabelecermos uma cultura da paz contra a da violência, pois esta estaria nos
levando à extinção da vida humana no planeta. Segundo o autor, seria possível construir essa
cultura, pelo fato de que os seres humanos são providos de componentes genéticos que nos
permitem sermos sociais, cooperativos, criadores e dotados de recursos para limitar a violência e de
que a essência do ser humano seria o cuidado, definido pelo autor como sendo uma relação amorosa
com a realidade, que poderia levar à superação da violência. A partir dessas constatações, o teólogo
conclui, incitando-nos a despertar as potencialidades humanas para a paz, construindo a cultura da
paz a partir de nós mesmos, tomando a paz como projeto pessoal e coletivo.
AÇÃO
Você se lembra do blog que “criamos” na primeira unidade, para divulgar os textos
de opinião? Imagine, agora, que abriremos nele um espaço para divulgar nossas
preferências: falaremos sobre filmes e livros. Cada aluno deve publicar um resumo
de um livro e/ou filme.
Selecione um filme ou um livro de sua preferência.
Identifique os principais fatos/argumentos/elementos da obra.
Elabore um resumo da obra. Não se esqueça de indicar os dados principais de
publicação da obra (título completo, autor, ano etc.).
Para a revisão do texto, retome a ficha de auto avaliação exposta na seção 3.3.
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ATENÇÃO!
Um resumo é um texto sobre outro texto, de outro autor, e isso deve ficar sempre claro,
mencionando-o frequentemente, para evitar que o leitor tome como sendo nossas as ideias que, de
fato, são do autor do texto resumido.
Para que essa retomada do autor do texto original seja feita de forma adequada, existem diversos
verbos que podemos utilizar para indicar seus atos. Observe:
Apontar – definir – elencar – afirmar – defender a tese – confrontar – esclarecer –
enumerar – convidar apresentar – exemplificar - descrever – elencar - classificar –
caracterizar - contrapor – comparar – opor – diferenciar – começar – iniciar – introduzir –
desenvolver – finalizar – concluir – pensar – acreditar – julgar – afirmar – negar –
questionar – criticar – narrar – relatar – explicar – expor – comprovar – defender a tese –
argumentar – justificar – mostrar – abordar – convidar – incitar – sugerir – levar a
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Indicação de filme
Vários livros, desde os mais clássicos até os contemporâneas foram adaptados para o cinema.
Discutir a adaptação das cenas escritas (ou por que não a obra toda!) para as telas do cinema é uma
ótima oportunidade para refletir com os alunos sobre interpretação e demais questões que envolvem
o texto. Além disso, é uma ótima oportunidade para estimular a produção de resumos e resenhas!
Algumas sugestões:
Brás Cubas, 1986
O Diário de Anne Frank, 2001
Os Três Mosqueteiros, 2011
O Mágico de OZ, 1939
A Menina que Roubava Livros, 2013
O Grande Gatsby, 2013
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta unidade teve como finalidade introduzir o leitor a uma instrumentalização para a
escrita acadêmica, sobretudo para a realização de resumos para o meio acadêmico.
Acreditamos que, com as orientações destacadas, você tenha percebido a
necessidade de criar estratégias para o desenvolvimento da habilidade de produção
desses gêneros textuais e, sobretudo, a necessidade de praticar a escrita
acadêmica para que seu texto fique adequado à modalidade, respeitando as
particularidades de cada tipologia. Ressaltamos a importância de leituras
complementares, que possam ajudá-lo a aperfeiçoar, cada vez mais, sua produção
acadêmica.
REFERÊNCIAS