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TJBA

PJe - Processo Judicial Eletrônico

20/03/2024

Número: 0546051-67.2018.8.05.0001
Classe: CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Órgão julgador: 15ª VARA DE RELAÇÕES DE CONSUMO DA COMARCA DE SALVADOR
Última distribuição : 06/08/2018
Valor da causa: R$ 1.000,00
Processo referência: 05460516720188050001
Assuntos:
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
JOANA ANGELICA MARQUES DE MATOS (EXEQUENTE) LEONARDO PINHO DE OLIVEIRA VITORIA (ADVOGADO)
FELIPE BULCAO PALMEIRA (ADVOGADO)
BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA S.A. (EXECUTADO) FÁBIO GIL MOREIRA SANTIAGO (ADVOGADO)
PAULO EDUARDO PRADO (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
82760 02/09/2020 13:40 Sentenças Sentença
292
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA Justiça Gratuita
Comarca de Salvador
15ª Vara de Relações de Consumo
Rua do Tingui, s/n, Campo da Pólvora, Fórum Prof. Orlando
Gomes - 2º andar, Campo da Pólvora - CEP 40040-900, Fone:
3320 6851, Salvador-BA - E-mail:
salvador15vrconsumo@tjba.jus.br
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SENTENÇA

Processo nº: 0546051-67.2018.8.05.0001


Classe Assunto: Procedimento Comum - Seguro
Autor: Joana Angélica Marques de Matos
Réu: BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA
JOANA ANGÉLICA MARQUES DE MATOS, devidamente qualificada nos
autos, através de advogado constituído, intentou AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA, em face de
BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A, também qualificado nos autos, aduzindo, para o
acolhimento do pleito, os fatos e fundamentos jurídicos articulados às fls. 01/07. Carreou, aos
autos, instrumento procuratório (fls. 08) e documentos (fls. 09/93).
Afirmou, a autora, na petição inicial, que, na condição de funcionária do
Banco Bradesco S/A, objetivando garantir o pagamento de indenização securitária, em caso de
eventual sinistro, aderiu ao seguro de vida em grupo e acidentes pessoais, apólice nº 7900,
ofertado pela seguradora acionada. Noticiou que, após adesão, passou a ser descontado,
mensalmente, o valor de R$ 171,58 (-).
Destacou, contudo, que, ao longo dos anos, a seguradora ré passou a
exigir, da autora, a adesão a algumas mudanças, na apólice securitária, sem esclarecer os reais
motivos das alterações. Salientou, por fim, que, em razão de estar acometida por uma série de
enfermidades, optou por resgatar a quantia pertinente, porém, não logrou êxito.
Ao final, pugnou pela procedência do pedido, a fim de que seja acionada
condenada ao pagamento da indenização securitária, nos termos da apólice contratada.
Indeferido o benefício da assistência judiciária gratuita e instada a
comprovar o recolhimento das custas processuais (fl. 94), a parte autora colacionou petição de
fls. 95/96, acompanhada de documentos de fls. 97/103.
Às fls. 104, foi concedido, em parte, o benefício da justiça gratuita,
possibilitando à parte autora o recolhimento das custas processuais, em três parcelas, iguais e
sucessivas, sem acréscimo de juros.
Demonstrado o pagamento das custas judiciais (fls. 107/111), foi
designada a audiência de tentativa de conciliação (fl. 112).
A parte acionada, regularmente citada (fl. 115), apresentou contestação
(fls. 116/163), acompanhada de instrumento de mandato, atos constitutivos e documentos (fls.
164/265), suscitando, preliminar e prejudicialmente, respectivamente, a inépcia da petição

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inicial e a prescrição da pretensão autoral. No mérito, sustentou que a apólice, firmada pela
autora, na petição inicial, fora renovad,a ano a ano, até dezembro de 2006, quando não pôde
mais renovar o pacto firmado, vez que a SUSEP, por meio da Circular 302/05, determinou que as
seguradoras começassem a comercializar novas condições de seguro. Alegou que, por tal razão,
no lugar da apólice 7900, não renovada, extinta pelo decurso do prazo da contratação, foi
pactuada a apólice 850.688, nos termos da Circular 302/2005. Advogou que, em lugar de
cobertura de Invalidez por Doença (IPD) extinta, fora possibilitada a contratação de duas outras
coberturas, quais sejam: Cobertura de Invalidez Laborativa Permanente Total por Doença
(Seção IV da Circular 302/2005) e a Cobertura de Invalidez Funcional Permanente Total por
Doença (prevista na Seção V da mesma Circular). Aduziu, porém, que, no caso em tela, a
Cobertura de Invalidez Laborativa Permanente Total por Doença (ILPD), não fora contratada
pela demandante, na apólice em comento. Por fim, afirmou que atuou imbuída de boa-fé objetiva
e norteada pelo princípio da função social do contrato para salvaguardar os direitos do grupo
segurado.
Pronunciou-se, a autora, em sede de réplica, às fls. 266/287.
Realizada audiência de conciliação, frustrada a tentativa de
autocomposição (fl. 360), fora proferida decisão, às fls. 361/370, afastando-se a preliminar de
inépcia da petição inicial e a prejudicial de mérito, relativa à prescrição. Outrossim, restou
facultado que as partes, por meio de manifestação nos autos, delimitassem as questões de fato e
de direito relevantes para decisão de mérito, indicando as provas de forma específica.
Embargos de declaração opostos pela empresa acionada às fls.
379/380, manifestando-se, a acionante/embargada, às fls. 382/383.
Aclaratórios não acolhidos (fls. 384/385).
Às fls. 389/390, a seguradora requerida apresentou pedido de produção
de prova pericial técnica, pronunciando-se, a autora, às fls. 391.
Foi saneado o feito, deferindo-se a realização de prova pericial (fl. 411).
Proposta de honorários, colacionada às fls. 418/423.
Juntada e comprovante de depósito, às fls. 427/428.
Valor dos honorários, homologado às fls. 429.
Quesitos e assistente técnico, apresentados pela parte acionante, às fls.
433/434.
Lista de assistentes técnicos e quesitos, formulados pela parte acionada,

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às fls. 435/445.
Juntada de documentos, pela requerente, às fls. 447/461.
Marcação de perícia (fl. 462).
Laudo pericial, colacionado às fls. 466/490.
Manifestação da parte autora às fls. 494/496, acompanhada de
documentos (fls. 497/546).
Pronunciamento da seguradora ré, às fls. 547, acompanhada de
documentos (fls. 548/560).
Expedição de alvará, em favor do perito, às fls. 561.
Apresentadas as alegações finais, pela demandante (fls. 568/578), bem
como pela seguradora acionada (fls. 579/583).
Após, foram os autos incluídos no rol de conclusos para sentença.
É O RELATÓRIO. PASSO A DECIDIR.
Primordialmente, cumpre tecer considerações acerca da aplicabilidade
dos princípios e regras, estabelecidos no Código de Defesa do Consumidor, à causa em exame.
1. DA APLICABILIDADE DAS REGRAS CONSUMERISTAS: O contrato
por adesão reflete o modo de produção e distribuição de bens e serviços em larga escala, de
forma impessoal e abstrata, inclusive no setor securitário. Nessa espécie de negócio jurídico,
não há tratativas e as cláusulas não são livremente negociadas entre as partes; ao revés, o
fornecedor, chamado de predisponente, elabora, de antemão, o contrato e o submete ao
consumidor, denominado aderente, o qual, como o próprio nome esclarece, tem apenas a
faculdade de aceitar ou não aos termos da avença. Justamente por implicar em séria limitação à
autonomia da vontade de uma das partes, o aderente a um contrato dessa natureza merece
tutela especial do legislador, a qual busca, assim, evitar a perpetração de abusos por parte do
fornecedor de bens ou serviços.
A Lei 8.078/90 criou um microssistema de proteção ao hipossuficiente,
consolidando as bases de um novo paradigma contratual, abandonando a ficção da igualdade
entre as partes contratantes. Foram instituídos mecanismos neutralizadores das desigualdades
comumente verificadas nas relações contratuais de contorno consumerista. Trata-se, em
verdade, da relativização do princípio pacta sunt servanda, e da aplicação do princípio da
proporcionalidade.
Importante destacar o magistério de Nelson Nery Júnior, quando afirma

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que, por ser norma de sobre direito, a teoria geral dos contratos, disciplinada no capítulo VI do
Título I do CDC, deve ser aplicada a toda e qualquer relação jurídica de direito privado, seja civil,
comercial ou de consumo. Os contratos de seguro individual, por óbvio, se subsumem à referida
norma, precipuamente, por se constituírem, em regra, em contratos de adesão, nos quais os
adquirentes encontram-se em posição de inferioridade, no que tange à estipulação das
cláusulas, em relação as seguradoras
Os princípios do negócio jurídico contemporâneo, dentre os quais, o da
boa-fé objetiva, o da função social do contrato, normas supralegais de ordem pública, são,
portanto, de observância obrigatória e aplicáveis de ofício.
A relação jurídica firmada entre seguradora e segurado, tem, nesse
diapasão, nítido caráter consumerista, não se olvidando, entretanto, o fato de que, tal afirmação,
não tem o condão de excluir a incidência de normas de caráter material especialmente aquelas
contidas no Capítulo XV, Título VI, Livro I, da Parte Especial (arts. 757 a 802) - e processual, à
luz do princípio do diálogo das fontes.
2. DO MÉRITO:
Pleiteia, a parte autora, na petição inicial, a condenação da parte
acionada ao pagamento de indenização securitária, prevista na apólice.
Noticiou, a demandante, ter aderido ao seguro de vida em grupo e
acidentes pessoais, fornecido pela seguradora ré, referente à apólice de nº 7900, passando a
efetuar, a partir de então, o pagamento do respectivo prêmio mensal, no valor de R$ 171,58 (-).
Assinalou, ainda, que, em razão das atividades laborais exercidas, contraiu uma série de
enfermidades incuráveis, motivando a formulação de pedido de pagamento da indenização, não
obtendo, entretanto, êxito.
A seguradora ré, na peça de defesa, sustentou que, por determinações
da SUSEP, a apólice, noticiada na petição inicial, fora alterada, sendo substituída pelas apólices
de nº 850.688 e nº 850.689. Salientou, ainda, que, em lugar da cobertura de Invalidez por
Doença (IPD), restou, à época, possibilitada a contratação de duas outras coberturas, quais
sejam: a) Invalidez Laborativa Permanente Total por Doença (Seção IV da Circular 302/2005);
b) Invalidez Funcional Permanente Total por Doença (Seção V da Circular 302/2005).
Advogou, por fim, que a invalidez, alegada pela requerente, não se
enquadra no rol de cobertura, nos termos das apólices contratadas, sob a justificativa de que,
conforme as condições gerais, o segurado apenas fará jus ao pagamento de indenização em caso

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de invalidez funcional permanente total por doença, a qual cause a perda da condição de
existência independente do segurado.
Neste cenário, ora delineado, o cerne da questão cinge-se à análise
acerca das apólices aplicáveis ao caso; da caracterização, ou não, da invalidez aduzida pela
requerente e o respectivo grau (parcial ou total); bem como à verificação do alcance das
coberturas securitárias pactuadas.
À luz do disposto no art. 113, do CC, a boa-fé funciona como elemento
balizador da interpretação do contrato, tem fundo ético e exigibilidade jurídica. Maria Helena
Diniz ensina que o princípio da boa-fé deve estar ligado “ao interesse social das relações
jurídicas, uma vez que as partes devem agir com lealdade, retidão e probidade, durante as
negociações preliminares, a formação, a execução e a extinção do contrato (…) (RJTJRS, 28:373,
43:374, 47:345, 29:298; RT, 587:137; RSTJ, 120:370, 140:396, 145:446; RF, 379:329) (2014, p.
252)” (in Código Civil anotado, 17.ed. São Paulo: Saraiva, 2014, ps. 195 e 252).
O comportamento exigido e endereçado, à ambas as partes
contratantes, sob o crivo do princípio da boa-fé objetiva, é de omissão, em relação às condutas
que possam prejudicar a parte contrária, e a imposição de ações cooperativas, para que a parte
contrária possa adimplir, da melhor forma possível, a prestação a que está obrigada.
2.1. DAS DISPOSIÇÕES CONTRATUAIS APLICÁVEIS AO CASO. DO
ALCANCE DAS COBERTURAS SECURITÁRIAS: Conforme evidencia o contrato, colacionado
pela pessoa jurídica acionada, na cláusula 3.1 (fl. 223), estabeleceu-se que a adesão às mudanças
das apólices estava condicionada à manifestação dos funcionários/segurados, mediante
preenchimento de “Proposta de Adesão”.
Tratando-se de relação de consumo, competia, evidentemente, à
empresa requerida, promover a demonstração da colheita da prévia ciência da consumidora, o
que poderia ter sido feito por meio de colação, aos autos, de cópia da Proposta de Adesão,
devidamente assinada. Limitou-se, contudo, a sustentar ter agido sob o pálio do exercício
regular de direito, em consonância com determinações expedidas pela SUSEP.
A informação é dever anexo, de observância cogente, configurando, a
sua inobservância, violação positiva do contrato. Segundo Paulo Jorge Scartezzini Guimarães:
“Nas relações de consumo, tipicamente de massa, onde o conhecimento sobre os produtos e serviços
por parte dos consumidores é escasso, onde impera a complexidade técnica e a ausência de tempo
para qualquer verificação mais detalhada, a informação é algo fundamental. Ela cria no

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destinatário uma confiança; crê o consumidor que aquilo que lhe está sendo dito é
verdadeiro, é correto, e seguro.” (GUIMARÃES, Paulo Jorge Scartezzini. A informação ao
consumidor e a responsabilidade civil solidária. Revista de Direito do Consumidor. São Paulo:
RT, n. 38, p. 291, 2001.) (grifei).
O Código de Defesa do Consumidor, no art. 54, §4º, dispõe que: “As
cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com
destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.”.
In casu, observa-se evidente caráter limitativo das alterações efetuadas,
posteriormente, pela seguradora ré, uma vez que a apólice, anteriormente pactuada, pela
requerente (nº 7900) não fazia distinção entre invalidez laboral e funcional, levando à crença da
possibilidade de abrangência de ambas as hipóteses. A propósito: a) Morte natural; b) Morte
acidental; c) Invalidez total por doença ou acidente; d) Invalidez parcial por acidente.
A apólice, mencionada pela seguradora ré (n 850.688), na peça de
defesa, por seu turno, estabelece, dentre outros riscos: a) Invalidez Funcional Permanente
Total por Doença, excluindo, logicamente, eventuais casos de invalidez para o trabalho.
Evidente que, por tal razão restritiva, fazia-se indispensável a prévia
ciência da autora, ora segurada, acerca das alterações contratuais que seriam efetuadas na
apólice securitária. Nesse sentido, transcreve-se fração de julgado, de análogo padrão decisório:
DIREITO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA. INDENIZAÇÃO
SECURITÁRIA. CONTRATO DE SEGURO DE VIDA EM GRUPO. INVALIDEZ
PERMANENTE TOTAL POR DOENÇA. COBERTURA. PREVISÃO
CONTRATUAL. POSTERIOR ALTERAÇÃO NA APÓLICE. EXCLUSÃO DA
COBERTURA POR INVALIDEZ PERMANENTE DECORRENTE DE DOENÇA.
INEXISTÊNCIA NOS AUTOS DE PROVAS ACERCA DAS MODIFICAÇÕES DO
CONTRATO E DA CIÊNCIA DO AUTOR. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA.
RECURSO IMPROVIDO. Tratando-se de contrato de seguro de vida em
grupo, o estipulante não deve alterar as cláusulas originariamente
estabelecidas na apólice com o fito de minorar os direitos dos
segurados, sem oportunizar a manifestação acerca da proposta de
revisão, sob pena de violar o princípio da boa-fé. Conjunto probatório
que, no presente caso, não evidencia as supostas alterações realizadas na
pactuação, com a supressão da garantia de cobertura por invalidez
permanente, deixando, ainda, de demonstrar que o autor teve ciência da
abolição da aludida garantia, razão pela qual permanece hígida a apólice
de seguro originária, nos termos em que foi apresentada ao recorrido."
(TJBA - APL 01276876920058050001 BA 0127687-69.2005.8.05.0001,
Segunda Câmara Cível, Relator: Des. Jatahy Júnior Publicado em
11/10/2013) (g. n.)
Diante do exposto, caracterizado o descumprimento do dever de
informação, impõe-se, por conseguinte, o reconhecimento, para efeito de definição da

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indenização securitária, da apólice anteriormente contratada pela autora, a saber: Seguro de


Vida em Grupo Apólice 7900, a qual prevê Cobertura por Invalidez Total por Doença ou
Acidente.
2.2. DA CARACTERIZAÇÃO DA INVALIDEZ: A prova produzida,
notadamente o laudo pericial carreado às fls. 466/490, revelou que a requerente “é portadora
de patologias osteomusculares, denominadas de Tenossinovites, epicondilite em cotovelo e
Síndrome do Túnel do Carpo, consoante documentos apresentados às fls. 22, 25, 26, 27, 28, 29,
30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38/42, 92/93.”.
Segundo informações, constantes do laudo técnico (fl. 479), no que
tange às atividades pessoais (incapacidade fisiológica), a CIF "(...) é uma lesão moderada
relacionada à sensação dolorosa, mobilidade e força do membro superior direito da periciada,
b280.2.8.0, b710.2.8.0, b730.2.8.0, s730.2.8.0, cujo percentual vai de 25% a 49%. Pelo Baremos
tem-se como Grau 3 (transtornos funcionais médios caracterizados por sintomas tipo dor,
incômodos e diminuição da força, definidos e limitação da mobilidade articular), cujos
percentuais variam entre 15% a 30%".
No caso em tela, o expert considerou, como percentual que quantifica a
incapacidade verificada na periciada, a interseção final entre as tabelas (CIF e Baremas), que
resultou em 30% (trinta por cento), em caráter permanente.
Quanto à incapacidade laboral, o laudo técnico concluiu ser
permanente e total, em 100% (cem por cento).
Dentre as respostas aos quesitos formulados pela parte autora,
destacam-se:
Quesito 01: Diante dos exames realizados, pode-se afirmar que o
Autor é incapaz para o trabalho? Em caso positivo, informar o CID. R. Sim. CIDs M75, M77,
G56 (fl. 482);
Quesito 08: Ao exame físico do Requerente, o mesmo apresenta
limitações funcionais? Em caso afirmativo, quais são os achados do exame físico que
justificam? R. Sim. Tem dor, diminuição da força muscular, sinais físicos de Síndrome do
Manguito rotador, dores à mobilização articular (fl. 484).
Dentre as efetuadas pela seguradora ré, tem-se:
Quesito 8: Quais são as repercussões físicas experimentadas pela
periciada em razão das eventuais doenças constatadas? R. Dor, diminuição de força e de

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mobilidade e rendimento do membro superior direito (fl. 486);


Quesito 17: A periciada está impossibilitada de realizar as
atividades que desenvolvia anteriormente? Está inapta para realizar todo e qualquer tipo
de atividade laboral? R. Sim. Não (fl. 487);
Quesito 18: Eventual quadro de incapacidade da periciada para
realização de atividades de forma autônoma pode ser considerado TOTAL ou PARCIAL? R.
Há incapacidade total para atividade desenvolvida habitualmente e parcial, sob o ponto de vista
fisiológico (fls. 487/488).
Diante do exposto, observa-se que a autora se encontra, parcialmente,
incapacitada para o exercício das atividades pessoais, porém, totalmente, inválida no que tange
à prática de atividades laborativas, ambas de carácter permanente.
2.3. DA INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA: A Teoria do Diálogo das Fontes
propõe a interpretação do sistema jurídico como único, harmônico e coordenado entre si.
Segundo magistério de Flávio Tartuce: “A essência da teoria é que as normas jurídicas não se
excluem, supostamente porque pertencentes a ramos jurídicos distintos, mas se
complementam” (in Manual de Direito Civil - Volume Único - Flávio Tartuce - Editora Método).
O Código de Defesa do Consumidor, no art. 7º, estabelece que: “Os
direitos previstos neste código (CDC) não excluem outros decorrentes de tratados ou
convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de
regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que
derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e eqüidade.”.
A legislação previdenciária, especificamente, a Lei nº 8.213, de 24 de
julho de 1991, no art. 19, preceitua que o: “Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos
segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade
para o trabalho.”.
Considera-se, ademais, como acidente do trabalho, nos termos do art.
19, da Lei 8.213/91, a doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação
elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
Em caso análogo, o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento

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no sentido de que os microtraumas, decorrentes do exercício da atividade laborativa, os quais


resultam em incapacidade para o trabalho, enquadram-se no conceito de acidente laboral.
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. SEGURO DE
VIDA EM GRUPO. COBERTURA PARA INVALIDEZ PERMANENTE
TOTAL POR ACIDENTE. INCAPACIDADE LABORATIVA. ACIDENTE DE
TRABALHO EQUIPARADO A ACIDENTE PESSOAL. INTERPRETAÇÃO DE
CLÁUSULA CONTRATUAL E REEXAME DE FATOS E PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. 1. O
Tribunal de origem, com base nos elementos fáticos constantes dos
autos, considerou tratar-se de acidente de trabalho, por ter sido o
agravado acometido de polipose nasal recidivante com hiposmia, em
decorrência de inalar substâncias químicas irritantes relacionadas com
o labor, sendo sua invalidez total e permanente, pois encontra-se
impossibilitado de exercer sua atividade laboral. 2. A discussão referente
à extensão da cobertura, se a invalidez por acidente pessoal definida na
apólice alcança a enfermidade laboral, bem como a análise de eventual
cláusula excludente da cobertura por acidente em razão de doença
profissional, demandariam inevitável interpretação de cláusula
contratual. 3. "A análise da subsunção ou não da invalidez permanente
por doença (apresentada pela segurada) ao risco expressamente
acobertado no contrato de seguro reclama a incursão no conteúdo
fático-probatório dos autos, bem como a interpretação de cláusulas
contratuais, o que é vedado ao STJ no âmbito do julgamento de recurso
especial, em razão das Súmulas 5 e 7" (AgRg no AREsp 223.011/SP,
Rel. Ministro MARCO BUZZI, Quarta Turma, julgado em 03/03/2015, DJe
de 10/03/2015). 4. Esta Corte, em casos semelhantes, já decidiu que
se incluem no conceito de acidente laboral os chamados
microtraumas, assim entendidos os males que ocorrem no
exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão da
qual resulta incapacidade laborativa. 5. Uma vez demonstrado nos
autos que o agravado comprovou a invalidez permanente, em
decorrência de inalar substâncias químicas irritantes no exercício do
trabalho a serviço da empresa, o que provocou sua incapacidade
laborativa, mostra-se devida a indenização securitária por invalidez
permanente total por acidente. 6. Agravo interno não provido. (STJ -
Acórdão Agint no Aresp 1043920 / Ba, Relator(a): Min. Lázaro
Guimarães, data de julgamento: 10/04/2018, data de publicação:
13/04/2018, 4ª Turma) (destaquei).
ACIDENTE NO TRABALHO. Seguro. Tenossinovite. Microtraumas. O
esforço repetitivo pode provocar microtraumas, que se incluem no
conceito de acidente no trabalho, pois a subitaneidade não é seu
elemento essencial. Precedentes. Recurso conhecido e provido." (REsp
242.104/SP, Rel. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA,
julgado em 21/03/2000, DJ de 22/05/2000, p. 115) (destaquei).
SEGURO DE VIDA EM GRUPO E ACIDENTES PESSOAIS. MICROTRAUMAS.
LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS E HÉRNIA DISTAL.
INCAPACITAÇÃO PARCIAL E PERMANENTE DE 50%. Os microtraumas
sofridos pelo operário, quando exposto a esforços repetitivos no
ambiente de trabalho, incluem-se no conceito de acidente pessoal
definido no contrato de seguro. Precedentes. Recurso especial
conhecido e provido." (REsp 324.197/SP, Rel. Ministro BARROS
MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em 23/11/2004, DJ de

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14/03/2005, p. 340) (destaquei).


O Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, por seu turno, decidiu de igual
forma, no sentido de que as lesões, relacionadas com o labor, as quais provocam a invalidez
permanente do segurado, se amoldam ao conceito de acidente pessoal, para fins securitários.
Adensam-se frações de julgamentos, com destaques realizados por este Juízo:
APELAÇÃO CÍVEL. SEGURO. RECUSA DA SEGURADORA AO PAGAMENTO.
ACIDENTE DE TRABALHO EQUIPARADO AO ACIDENTE PESSOAL.
INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA DEVIDA. APELO IMPROVIDO. O STJ vem
decidindo que as lesões por esforços laborais, que provocam a invalidez
permanente, sendo espécie de acidente de trabalho se enquadram no
conceito de acidente pessoal para fins securitários. Havendo previsão
no contrato para risco decorrente de acidentes pessoais impõe-se o
pagamento da indenização. A aposentadoria do segurado junto à
previdência social constitui prova bastante da invalidez permanente,
para efeito de recebimento de seguro de vida em grupo. (TJ-BA APL:
01711616120038050001 BA, data de julgamento: 21/01/2014, Segunda
Câmara Cível, Data de Publicação: 30/01/2014).
APELAÇÃO. CONTRATO DE SEGURO DE VIDA E ACIDENTES PESSOAIS.
EXECUÇÃO DO CONTRATO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA DOS EMBARGOS. PREJUDICIAL DE PRESCRIÇÃO
REJEITADA. SEGURO. RECUSA DA SEGURADORA AO PAGAMENTO.
ACIDENTE DE TRABALHO EQUIPARADO AO ACIDENTE PESSOAL.
INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA DEVIDA. SENTENÇA EM CONSONÂNCIA
COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. APELO
IMPROVIDO. I - PREJUDICIAL DE PRESCRIÇÃO REJEITADA: A demora na
citação do executado ocorreu por motivos inerentes ao mecanismo do
Poder Judiciário, razão pela qual deve ser aplicada a súmula 106 do STJ. II
Existência de prova robusta nos autos acerca da comprovação da
incapacidade do apelado, atestada pela perícia oficial do Juízo e pela
existência de perícia oficial pelo INSS, bem como pelos documentos
comprobatórios da aposentadoria por invalidez reconhecida pelo INSS.
III - O STJ vem decidindo que as lesões por esforços laborais
repetitivos, que provocam a invalidez permanente, sendo espécie de
acidente de trabalho se enquadram no conceito de acidente pessoal
para fins securitários. Havendo previsão no contrato para risco
decorrente de acidentes pessoais, impõe-se o pagamento da
indenização."Os microtraumas sofridos pelo operário, quando exposto a
esforços repetitivos no ambiente de trabalho, incluem-se no conceito de
acidente pessoal definido no contrato de seguro. Precedentes.Recurso
especial conhecido e provido”.( REsp 324.197/SP) IV- A aposentadoria
do segurado junto à previdência social constitui prova bastante da
invalidez permanente, para efeito de recebimento de seguro de vida em
grupo.V- É devido o pagamento do seguro, em razão da ocorrência da
invalidez, ante o ato concessivo de aposentadoria pelo INSS, em conjunto
com a perícia judicial. RECURSO IMPROVIDO. (TJ BA: APL
0371236-04.2012.8.05.0001, data de julgamento: 05/07/2016, Quarta
Câmara Cível, publicado em: 11/07/2016).

APELAÇÃO.DIREITO CIVIL, DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À


EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. SEGURO DECORRENTE DE

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INVALIDEZ. RECUSA DA SEGURADORA AO PAGAMENTO. ACIDENTE DE


TRABALHO EQUIPARADO AO ACIDENTE PESSOAL. INDENIZAÇÃO
SECURITÁRIA DEVIDA. APELAÇÃO PROVIDA, SENTENÇA REFORMADA.
Comprovada a invalidez total e permanente do segurado para o exercício
de sua profissão, a qual foi atestada pelo INSS, que lhe concedeu o
benefício de aposentadoria por invalidez, o mesmo faz jus ao
recebimento da indenização securitária contratada. A doença
profissional contraída pela Apelante e que ocasionou sua
aposentadoria por invalidez, sendo equiparada ao acidente de
trabalho, é considerada para fins de seguro como acidente pessoal.
(TJ BA: APL 0004212-51.2011.8.05.0001, data de julgamento:
11/08/2015, Quarta Câmara Cível, publicado em: 13/08/2015).
Diante do exposto, caracterizada a incapacidade total permanente da
autora, para o exercício das atividades laborativas, em decorrência de acidente pessoal, mesmo
que por equiparação; o pleito indenizatório merece acolhimento.
As referidas regras contratuais estabelecem que, em se tratando de
Funcionário(a), a Cobertura por Invalidez Total por Doença ou Acidente consiste na importância
de até 100x (cem vezes) o salário do(a) funcionário(a) limitado ao máximo de R$ 600.000,00 (-),
(precedente deste Juízo - autos de nº. 0565507-37.2017.8.05.0001).
Isto posto, considerando os proventos, recebidos pela autora, no
importe de R$ 2.908,09 (-), conforme Demonstrativo de Pagamento, coligido às fls. 12, tem-se:
R$ 2.908,09 x 100 = R$ 290.809,00 (-).
Diante do exposto, JULGO PROCEDENTES os pedidos, formulados por
JOANA ANGÉLICA MARQUES DE MATOS, em face de BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A, a
fim de declarar devidos o Seguro de Vida em Grupo (Apólice 7900) e, por conseguinte, condenar
a acionada ao pagamento do valor pactuado, no importe de total de R$ 290.809,00 (-),
corrigido monetariamente pelo INPC, a partir da contratação do seguro, acrescido de juros
legais de 1% ao ms, a contar da data em que a seguradora deveria ter efetuado o pagamento da
indenização (conhecimento do sinistro), ambos a incidir até o efetivo pagamento, nos termos da
súmula 632, do STJ.
Em face da sucumbência plena, condeno a pessoa jurídica acionada,
ainda, ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, no percentual de 15% (-)
sobre o valor atualizado da condenação, com base no que dispõe o artigo 85, §2º, do Código de
Processo Civil. P. I. Certificado acerca do trânsito em julgado, arquivem-se, com baixa.
Salvador(BA), 01 de setembro de 2020.
CARLA CARNEIRO TEIXEIRA CEARA
Juiz de Direito

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