Enviando Por Email Dissertacao Juliana Correa 2

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DO CONHECIMENTO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E GESTÃO DO
CONHECIMENTO

Juliana de Souza Corrêa

Dimensões, características e indicadores para avaliação das Universidades


Empreendedoras brasileiras

Florianópolis
2022
Juliana de Souza Corrêa

Dimensões, características e indicadores


para avaliação das Universidades Empreendedoras brasileiras

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação


em Engenharia da Universidade Federal de Santa
Catarina como requisito parcial para a obtenção do título
de Mestra em Engenharia e Gestão do Conhecimento.

Orientadora: Profa. Clarissa Stefani Teixeira, Dra.


Coorientador: Prof. Júlio Teixeira Monteiro, Dr.

Florianópolis
2022
Juliana de Souza Corrêa

Dimensões, características e indicadores para avaliação das Universidades


Empreendedoras brasileiras

O presente trabalho em nível de Mestrado foi avaliado e aprovado, em oito de dezembro de


2022, pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:

Prof. João Artur de Souza, Dr.


Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. Alexandre Augusto Biz, Dr.


Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. Josep Miquel Piqué, Dr.


La Salle Technova Barcelona

Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado
adequado para obtenção do título de Mestre em Engenharia e Gestão pelo Programa de Pós-
Graduação.

___________________________
Prof. Roberto Carlos dos Santos Pacheco, Dr.
Coordenador do Programa

____________________________
Profa. Clarissa Stefani Teixeira, Dra.
Orientadora

Florianópolis, 2022
AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus pai todo poderoso, pois por meio Dele tenho sido
agraciada durante toda a minha vida.
Agradeço a minha família maravilhosa que me forneceu todas as bases para buscar meus
sonhos e destaco aqui um agradecimento ao meu pai e a minha mãe. Agradeço também ao meu
noivo Jaime que acompanhou o que acontece por trás dos palcos e fez de tudo para que eu
tivesse a melhor jornada possível.
Agradeço, de coração, a minha orientadora Clarissa Stefani por ter me oportunizado ser
membro do Grupo VIA e por todo aprendizado não só como orientanda, mas como pessoa.
Aproveito para agradecer a todos que compartilhei a experiência de ser grupo VIA, amigos que
sempre levarei comigo. Agradeço aos meus amigos que me apoiam, torcem e vibram por mim.
Agradeço especialmente a Universidade Federal de Santa Catarina por toda vivência,
por todos os encontros e conexões proporcionados que contribuíram para o meu crescimento.
Ao Programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento que é composto por
pesquisadores de excelência com quem pude aprender fora da caixa.
Agradeço também aos especialistas que participaram da minha pesquisa com
contribuições que permitiram a execução dessa dissertação. Aos membros da banca e ao meu
coorientador Júlio Monteiro Teixeira por aderirem positivamente ao meu tema de pesquisa.
RESUMO

Na sociedade atual em que se predomina a economia do conhecimento, as universidades passam


a ter cada vez mais importância devido ao potencial que possuem em relação à criação,
disseminação e aplicação do conhecimento. As instituições de ensino superior recebem
demandas da sociedade para que sejam solucionadas por meio da tradução do conhecimento
acadêmico em utilidade econômica e social, o que configura a terceira missão das
universidades: o desenvolvimento socioeconômico regional. A atuação universitária em prol do
cumprimento da terceira missão levou às instituições de ensino superior a adotarem práticas
empreendedoras que perpassam por todas as dimensões das universidades. A importância da
atuação universitária já é objeto de instrumentos de avaliação nacionais e internacionais e a
expansão da missão da universidade trouxe desafios de mensuração das universidades
empreendedoras. A pesquisa buscou apresentar dimensões, características e indicadores para
avaliação das universidades empreendedoras brasileiras a partir do olhar da literatura e do
mundo corporativo, por meio dos rankings e frameworks existentes, a fim de sistematizar toda
a informação e superar os desafios de avaliação, contribuindo, assim, para estratégia
universitária no que tange à atuação empreendedora. Primeiramente foi realizada uma revisão
sistemática de literatura sobre dimensões das universidades empreendedoras sendo levantadas
101 dimensões ao total e se verificou que o empreendedorismo é analisado em toda atuação
universitária desde a missão, política, procedimentos, organização, gestão, pessoal, ensino,
pesquisa, inovação, financiamento, interação internacional e com outros tipos de organização.
Após, realizou-se uma análise documental de oito rankings e três frameworks que resultaram
na identificação de 60 dimensões de avaliação das universidades empreendedoras. A partir do
estudo das dimensões, identificaram-se características e indicadores das universidades
empreendedoras. O levantamento dessas informações foi analisado por um grupo focal, onde
especialistas discutiram acerca das dimensões, características e indicadores. Foram analisados
14 dimensões, 75 características e 150 indicadores. A partir da percepção dos especialistas
foram definidas 13 dimensões, 61 características e 198 indicadores que podem balizar a
avaliação de universidades empreendedoras brasileiras.

Palavras-chave: Universidades empreendedoras; Dimensões; Características; Indicadores;


Avaliação.
ABSTRACT

In the current society where the knowledge economy predominates, universities are becoming
increasingly important due to the potential they have in relation to the creation, dissemination
and application of knowledge. Higher education institutions receive demands from society to
be solved by translating academic knowledge into economic and social utility, which configures
the third mission of universities: regional socioeconomic development. University action in
favor of fulfilling the third mission led higher education institutions to adopt entrepreneurial
practices that permeate all dimensions of universities. The importance of university
performance is already the subject of national and international assessment instruments and the
expansion of the university's mission has brought challenges in measuring entrepreneurial
universities. The research sought to present dimensions, characteristics and indicators for the
evaluation of Brazilian entrepreneurial universities from the point of view of the literature and
the corporate world, through existing rankings and frameworks, in order to systematize all the
information and overcome the challenges of evaluation, contributing, thus, for university
strategy with regard to entrepreneurial action. First, a systematic literature review was carried
out on the dimensions of entrepreneurial universities, raising a total of 101 dimensions and it
was verified that entrepreneurship is analyzed in all university activities, from the mission,
policy, procedures, organization, management, personnel, teaching, research, innovation ,
financing, international interaction and with other types of organization. Afterwards, a
documental analysis of eight rankings and three frameworks was carried out, which resulted in
the identification of 60 dimensions of evaluation of entrepreneurial universities. From the study
of dimensions, characteristics and indicators of entrepreneurial universities were identified. The
survey of this information was analyzed by a focus group, where specialists discussed about the
dimensions, characteristics and indicators. 14 dimensions, 75 characteristics and 150 indicators
were analyzed. From the experts' perception, 13 dimensions, 61 characteristics and 198
indicators were defined that can guide the evaluation of Brazilian entrepreneurial universities.

Keywords: Entrepreneurial universities; Dimensions; Characteristics; Indicators; Evaluation.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Canvas de governança para a Inovação nas IFES 41


Figura 2 – Estrutura do Ranking das Universidades Empreendedoras de 2019 43
Figura 3- Indicadores, componentes, peso e fonte dos dados utilizados pelo RUF 2019 53
Figura 4- Revisão sistemática de literatura 58
Figura 5 - Dimensões, indicadores e características para avaliação das universidades
empreendedoras 64
Figura 6 - Fluxo do processo de compilação das dimensões 65
Figura 7 - Tipologias de Habitats de Inovação 97
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Estudos no PPGEGC sobre universidades empreendedoras 19


Quadro 2 - Dimensões e indicadores segundo Paños-Castro et al (2021). 33
Quadro 3 - Painel Economia da Inovação nas IFES - CGU 40
Quadro 4 - Indicadores e subindicadores da Inovação segundo o Ranking das Universidades
Empreendedoras. 45
Quadro 5 - Área, indicadores e proporção do ranking Times Higher Education 2022 46
Quadro 6 - Métricas de avaliação das universidades em relação ao ODS 9 segundo o ranking
THE 2022 47
Quadro 7 - Indicadores do QS Ranking 2022 49
Quadro 8 - Indicadores e fonte das dimensões Transferência de Conhecimento e Engajamento
regional segundo o U-Multirank 2022 51
Quadro 9- Caracterização da pesquisa 56
Quadro 10- Fases da pesquisa 56
Quadro 11-Especialistas que participaram do Grupo Focal 61
Quadro 12 - Dimensões abordadas pela literatura, rankings e frameworks 65
Quadro 13-Dimensões abordadas somente pela literatura 66
Quadro 14 - Agrupamento das dimensões 67
Quadro 15-Descrição das dimensões 69
Quadro 16 - Nova estrutura de dimensões das Universidades Empreendedoras 73
Quadro 17 - Descrição das características da dimensão Individual 76
Quadro 18- Descrição das características da dimensão Institucional 78
Quadro 19-Descrição das características da dimensão Contextual 80
Quadro 20-Descrição das características da dimensão Organizacional 81
Quadro 21 - Descrição das características da dimensão Ensino empreendedor 84
Quadro 22-Descrição das características da dimensão Internacionalização 86
Quadro 23-Descrição das características da dimensão Recurso Financeiro 88
Quadro 24-Descrição das características da dimensão Apoio a cultura empreendedora 90
Quadro 25-Descrição das características da dimensão Pesquisa 91
Quadro 26-Descrição das características da dimensão Inovação 92
Quadro 27-Descrição das características da dimensão Extensão 94
Quadro 28-Descrição das características da dimensão Infraestrutura 97
Quadro 29-Descrição das características da dimensão Impacto da universidade
empreendedora 99
Quadro 30-Compilado de dimensões e indicadores 100
Quadro 31-Dimensões e indicadores ajustados 105
Quadro 32-Características e indicadores da dimensão Individual 110
Quadro 33-Característica e indicadores da dimensão Institucional 113
Quadro 34-Característica e indicadores da dimensão Contextual 114
Quadro 35-Característica e indicadores da dimensão Organizacional 116
Quadro 36-Características e indicadores da dimensão Ensino empreendedor 118
Quadro 37-Características e indicadores da dimensão Internacionalização 119
Quadro 38-Características e indicadores da dimensão Recurso Financeiro 120
Quadro 39-Características e indicadores da dimensão Apoio à cultura empreendedora 122
Quadro 40- Características e indicadores da dimensão Pesquisa 124
Quadro 41-Características e indicadores da dimensão Inovação 125
Quadro 42-Características e indicadores da dimensão Extensão 127
Quadro 43-Características e indicadores da dimensão Infraestrutura 129
Quadro 44-Características e indicadores da dimensão Impacto da universidade empreendedora
130
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CGU Controladoria Geral da União


CNPq Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico Tecnológico
EGC Engenharia e Gestão do Conhecimento
EMBRAPII Empresa Brasileira de Pesquisa Inovação Industrial
GF Grupo Focal
ICT Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação
IES Instituição de Ensino Superior
IFES Instituições Federais de Ensino Superior
MIT Massachusetts Institute of Technology
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PI Propriedade intelectual
PPGEGC Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento
RUE Ranking das Universidades Empreendedoras
RUF Ranking Universitário Folha
THE Times High Education
TT Transferência de Tecnologia
UE Universidade Empreendedora
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 14
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA ................................................................ 14
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 15
1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 15
1.2.2 Objetivos específicos ....................................................................................................... 15
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 16
1.4 ADERÊNCIA AO EGC ..................................................................................................... 17
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................... 18
2.1. UNIVERSIDADES EMPREENDEDORAS ..................................................................... 18
2.1.2 Evolução da Universidade Empreendedora ..................................................................... 21
2.2. AVALIAÇÃO DAS UNIVERSIDADES EMPREENDEDORAS ................................... 24
2.2.1 Desafios na avaliação das Universidades Empreendedoras ............................................ 24
2.2.2 Avaliação das Universidades Empreendedoras segundo a literatura .............................. 26
2.2.2 Avaliação das Universidades Empreendedoras com base nos rankings e frameworks ... 32
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................. 52
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ........................................................................ 52
3.2 FASES DA PESQUISA ..................................................................................................... 53
3.2.1 Fase 1 da pesquisa: Compreensão das universidades empreendedoras e suas dimensões
de avaliação .............................................................................................................................. 54
3.2.2 Fase 2 - Identificação das dimensões das Universidades Empreendedoras .................... 57
3.3.3 Fase 3 - Identificação das características das Universidades Empreendedoras ............... 57
3.3.4 Fase 4 - Identificação dos indicadores das Universidades Empreendedoras................... 58
3.3.5 Fase 5 - Grupo Focal ....................................................................................................... 58
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................... 62
4.1 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DAS UNIVERSIDADES EMPREENDEDORAS
63
4.2 IDENTIFICAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS UNIVERSIDADES
EMPREENDEDORAS............................................................................................................. 74
4.2.1 Características da Dimensão Individual da Universidade Empreendedora ..................... 74
4.2.2 Características da dimensão Institucional da Universidade Empreendedora .................. 76
4.2.3 Características da dimensão Contextual da Universidade Empreendedora..................... 78
4.2.4 Características da dimensão Organizacional da Universidade Empreendedora .............. 79
4.2.5 Características da dimensão Ensino empreendedor da Universidade Empreendedora ... 82
4.2.6 Características da dimensão Internacionalização da Universidade Empreendedora ....... 84
4.2.7 Características da dimensão Recurso Financeiro da Universidade Empreendedora ....... 86
4.2.8 Características da dimensão Apoio à cultura empreendedora da Universidade
Empreendedora ......................................................................................................................... 87
4.2.9 Características da dimensão Pesquisa da Universidade Empreendedora ........................ 90
4.2.10 Características da dimensão Inovação da Universidade Empreendedora ..................... 90
4.2.11 Características da dimensão Extensão da Universidade Empreendedora ..................... 93
4.2.12 Características da dimensão Infraestrutura da Universidade Empreendedora .............. 95
4.2.13 Características da dimensão Impacto da Universidade Empreendedora ....................... 97
4.3 IDENTIFICAÇÃO DOS INDICADORES PARA AVALIAÇÃO DAS
UNIVERSIDADES EMPREENDEDORAS ............................................................................ 98
4.4 DEFINIÇÃO DAS DIMENSÕES, CARACTERÍSTICAS E INDICADORES PARA
AVALIAÇÃO DAS UNIVERSIDADES EMPREENDEDORAS ........................................ 109
4.4.1 Características e indicadores da dimensão Individual ................................................... 109
4.4.2 Características e indicadores da dimensão Institucional ............................................... 111
4.4.3 Características e indicadores da dimensão Contextual .................................................. 113
4.4.4 Características e indicadores da dimensão Organizacional ........................................... 115
4.4.5 Características e indicadores da dimensão Ensino empreendedor ................................ 116
4.4.6 Características e indicadores da dimensão Internacionalização .................................... 117
4.4.7 Características e indicadores da dimensão Recurso Financeiro .................................... 119
4.4.8 Características e indicadores da dimensão Apoio à cultura empreendedora ................. 120
4.4.9 Características e indicadores da dimensão Pesquisa ..................................................... 122
4.4.10 Características e indicadores da dimensão Inovação ................................................... 124
4.4.11 Características e indicadores da dimensão Extensão ................................................... 126
4.4.12 Características e indicadores da dimensão Infraestrutura............................................ 128
4.4.13 Características e indicadores da dimensão Impacto da universidade empreendedora 129
5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 131
5.1 RECOMENDAÇÕES E TRABALHOS FUTUROS ....................................................... 132
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 133
APÊNDICE A – FORMULÁRIO ONLINE ENVIADO AO GRUPO FOCAL.................... 144
14

1. INTRODUÇÃO

Nesta seção será apresentada a temática escolhida para o trabalho, subdividindo-se em


contextualização, mostrando o problema e sua importância, o objetivo geral e objetivos
específicos, a justificativa e a aderência do estudo ao programa de Pós-Graduação em
Engenharia e Gestão do Conhecimento (PPGEGC).

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA

As universidades sempre tiveram um importante papel na sociedade e nas últimas


décadas com a valorização do conhecimento essas instituições tornaram-se atores cruciais para
o desenvolvimento socioeconômico ao adotarem práticas empreendedoras traduzindo o
conhecimento para o ambiente não acadêmico, expandindo assim, sua missão de ensino e
pesquisa, desempenhando sua terceira missão (ETZKOWITZ, 2003; ALMEIDA; CRUZ,
2010).
Assim, surge o conceito de Universidade Empreendedora que pode ser entendida como
uma instituição que adota tanto uma estratégia de formulação de objetivos acadêmicos quanto
a de tradução do conhecimento produzido em utilidade econômica e social (ETZKOWITZ,
2003). Segundo Clark (2006), a universidade empreendedora procura equilibrar uma variedade
de demandas externas com respostas institucionais, salvaguardando sua excelência acadêmica.
Na visão de Panõs-Castro et al (2021) uma Universidade Empreendedora pode significar
três coisas: i) que a própria universidade, como organização, é empreendedora; ii) que os
membros da universidade se tornem empreendedores de alguma forma e, iii) que a interação da
universidade com o ambiente externo siga padrões empreendedores.
Todavia, o ensino superior enfrenta desafios na definição da sua finalidade, papel,
organização e âmbito na sociedade e na economia. A revolução das tecnologias de informação
e comunicação, a emergência da economia do conhecimento, a turbulência da economia e as
consequentes condições de financiamento lançaram uma nova luz e novas exigências aos
sistemas de ensino superior em todo o mundo (OCDE, 2012).
Sob essa perspectiva, Etzkowitz (2016) esclarece que além de ajudar as partes
interessadas a compreender e avaliar melhor o desempenho acadêmico em múltiplas dimensões,
as métricas universitárias empreendedoras também contribuem para que as universidades
15

aprimorem sua estratégia de desenvolvimento, colaborando, portanto, com a contribuição para


a sociedade em geral.
De acordo com Pagell (2009), as classificações e indicadores são elementos importantes
de governança do conhecimento, uma vez que as políticas de ensino superior, bem como as de
inovação, têm se tornado aspectos centrais da competitividade econômica mundial. Nesse
sentido, Landinez et al (2019) afirmam que faltam pesquisas sólidas que investiguem a
integração de indicadores de terceira missão nos principais rankings, especialmente no que diz
respeito aos indicadores que refletem o perfil empreendedor das universidades.
Nesse cenário, observa-se que a literatura, os rankings e os frameworks apresentam
diversas informações de uma universidade empreendedora (ETZKOWITZ, 2016), no entanto
se faz necessário um estudo de dimensões, características e indicadores mais apropriados para
avaliar as práticas empreendedoras universitárias brasileiras, que também servirá de base para
formular políticas institucionais (ALMEIDA; MARICATO, 2021) a fim de fomentar tais
atividades e cumprir a Terceira Missão das universidades que é traduzir o conhecimento gerado
para fora do ambiente acadêmico (ETZKOWITZ, 2003; COMPAGNUCCI; SPIGARELLI,
2020).
Nesse contexto, o problema da presente pesquisa é: Quais dimensões, características e
indicadores devem ser considerados para a avaliação das universidades empreendedoras
brasileiras?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral do trabalho consiste em definir dimensões, características e indicadores


para avaliação das universidades empreendedoras brasileiras.

1.2.2 Objetivos específicos

Para atingir esse objetivo, três objetivos específicos foram definidos:


1) identificar as dimensões das universidades empreendedoras;
2) identificar características das universidades empreendedoras;
3) identificar os indicadores das universidades empreendedoras;
16

1.3 JUSTIFICATIVA

As universidades têm sofrido revoluções acadêmicas influenciadas pela conjuntura e


novas demandas da sociedade. A segunda revolução acadêmica inaugurou a terceira missão
universitária transformando-a em agente do desenvolvimento socioeconômico pela geração,
disseminação e aplicação do conhecimento que gera valor para sociedade (ETZKOWITZ,
2003).
Nesse contexto, as universidades tiveram uma virada empreendedora (SALOMAA,
2019), isto é, ir além de seu papel de produzir ciência e tecnologia para explorar seu potencial
de conhecimento e produzir novas aplicações comerciais e assumir novas funções para dar
respostas para os desafios da sociedade (ETZKOWITZ, 2003; ETZKOWITZ, 2013; ALVES et
al., 2019). Sendo o empreendedorismo entendido capacidade de resolver problemas, assumindo
um comportamento proativo e identificando oportunidades; desenvolvendo soluções,
assumindo riscos e investindo recursos na criação de algo positivo para os outros. O valor criado
pode ser financeiro, cultural ou social (FFE-YE, 2012; SILVA et al, 2020; RUE, 2021).
Nesse cenário, essa atuação universitária demanda mais autonomia na tomada de
decisões, na maneira como novas pesquisas são desenvolvidas e no conjunto de atributos
comportamentais de funcionários e alunos que deve ser adotado para reformular a cultura
organizacional e orientar a força de trabalho necessária para desenvolver o empreendedorismo
universitário (CORSO, 2020).
De acordo com Alvarez-Torres, Lopes-Torres e Schiuma (2019) há um interesse
crescente nas universidades empreendedoras e isso é fundamental em um momento em que as
políticas da universidade empreendedora têm sua eficiência desafiada (MATT; SCHAEFFER,
2018; ALVAREZ-TORRES et al., 2019). Destarte, observa-se que a terceira missão
reposiciona o papel das universidades na sociedade e levanta questões sobre como avaliar o seu
impacto (LANDINEZ et al, 2019).
Assim, um sistema de avaliação das universidades empreendedoras ajuda tais entidades
a aprimorar sua estratégia de desenvolvimento e, dessa forma, contribui para a sociedade em
geral (ETZKOWITZ, 2016). E, para se chegar em processos avaliativos se faz necessário o
conhecimento sobre as dimensões e características que compreendem o conceito e a prática de
uma universidade empreendedora. Além disso, as avaliações podem se dar a partir de
indicadores.
17

1.4 ADERÊNCIA AO EGC

O objeto da pesquisa é atuar com a universidade empreendedora a qual possui aderência


à área de concentração Gestão do Conhecimento e à linha de pesquisa Empreendedorismo,
Inovação e Sustentabilidade do Programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do
Conhecimento (PPGEGC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) uma vez que
estudará metodologias, técnicas e ferramentas de gestão do conhecimento aplicadas à promoção
do empreendedorismo e inovação organizacional das universidades. Além disso,
estruturalmente a dissertação encontra-se dentro do Grupo de Pesquisa VIA Estação do
Conhecimento.
O tema de universidades empreendedoras já foi objeto de seis trabalhos do PPGEGC. O
quadro 1 ilustra as teses e dissertações desenvolvidas no PPGEGC que corroboram com as
temáticas do presente estudo.

Quadro 1 – Estudos no PPGEGC sobre universidades empreendedoras


Título Tipo Ano
Universidade empreendedora: a relação entre a Tese 2008
Universidade Federal de Santa Catarina e o Sapiens Parque
Cultura Empreendedora na Universidade Federal de Santa Dissertação 2014
Catarina: o Centro Tecnológico Como Espaço de Práticas
Empreendedoras.
Estratégias Empreendedoras para a Internacionalização em Tese 2020
Instituições de Ensino Superior Brasileiras
A inovação e o empreendedorismo na universidade: um Tese 2017
framework conceitual sistêmico para promover
desenvolvimento socioeconômico regional e
sustentabilidade institucional
Influência da Competência Empreendedora dos Tese 2014
Coordenadores nos Indicadores de Desempenho dos Polos
Ead
Empreendedorismo em organização pública intensiva em Dissertação 2011
conhecimento: um estudo de caso.
Fonte: Elaborado pela autora (2022)

Conforme observado, parte das pesquisas estão relacionadas a uma dimensão do


empreendedorismo universitário como cultura empreendedora, internacionalização e
competência empreendedora, outros trabalhos dedicam-se a estudo de caso e uma pesquisa
propõe um framework conceitual. Sendo assim, os trabalhos não proporcionam um estudo de
dimensões, características e indicadores para avaliação das universidades empreendedoras,
18

tornando-se uma lacuna de conhecimento que esta pesquisa pode contribuir para a geração de
novos conhecimentos acerca do tema.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica irá abordar primeiramente acerca da contextualização e


conceito de universidades empreendedoras. Após, será apresentada a avaliação das
Universidades Empreendedoras (UE) segundo a literatura e, por fim, conforme os rankings e
frameworks.

2.1. UNIVERSIDADES EMPREENDEDORAS

As universidades passaram por grandes transformações desde o seu surgimento no


século XI na Europa até os dias atuais. No início, a universidade tinha como principal missão a
transmissão do conhecimento dos professores para os alunos, por isso suas atividades eram
voltadas para o ensino. Mas, em vista da sobrevivência, as universidades têm tentado adotar
uma nova abordagem em resposta às mudanças ambientais, baseada em duas revoluções
acadêmicas (LEYDESDORFF; ETZKOWITZ, 2003).
A primeira ocorreu por volta do século XVIII sob o contexto da revolução industrial, as
universidades se depararam com um grande aumento de sua demanda e precisavam atender às
necessidades da sociedade, transformando a pesquisa em uma outra missão acadêmica
(ETZKOWITZ, 2003). Depois da Segunda Guerra Mundial, dá-se início a segunda revolução
acadêmica. Eztkowitz e Zhou (2017) elucidam que o desenvolvimento interno das
universidades, como a estruturação de grupos de pesquisa, e as influências externas sobre as
estruturas acadêmicas associadas à eclosão da inovação baseada no conhecimento contribuíram
para o surgimento dessa revolução.
A partir de experiências em Universidades como Massachusetts Institute of Technology
(MIT), Stanford e Harvard, surgiu o conceito de Universidade Empreendedora, que agrega uma
nova missão, voltada ao desenvolvimento econômico e social por meio da transferência de
conhecimento para a sociedade, ultrapassando as funções do ensino e da pesquisa
(ETZKOWITZ, 2003). Eztkowitz e Zhou (2017, p. 23) esclarecem que:

À medida que a sociedade industrial é suplantada por uma era baseada no


conhecimento, o conhecimento avançado é cada vez mais expeditamente traduzido em
19

usos práticos, devido à sua natureza polivalente, simultaneamente teórica e prática.


Processos de transferência de tecnologia a partir de descobertas teóricas que outrora
levavam gerações para ocorrer agora transcorrem ao longo da vida profissional de seus
inventores, dando-lhe a possibilidade de participarem tanto do processo de inovação
como no de pesquisa.

Nesta visão, além do ensino e da pesquisa – primeira e segunda missão – as


universidades se aproximam das demandas da sociedade pela tradução do conhecimento em
utilidade econômica e social. Nesse contexto, políticas, práticas e inovações organizacionais se
propagaram ao redor do mundo para cumprir a terceira missão (ETZKOWITZ, 2003;
ETZKOWITZ; ZHOU, 2017). Assim, a instituição de ensino superior “está adotando um
formato empreendedor comum que incorpora e transcende suas missões tradicionais de
educação e pesquisa” (ETZKOWITZ; ZHOU, 2017, p. 23).
Sob essa perspectiva, Etzkowitz (2003) define a Universidade Empreendedora como
tendo a capacidade de gerar uma direção estratégica a seguir, formulando objetivos acadêmicos
claros e transformando o conhecimento gerado na Universidade em um valor econômico e
social. Considera a Universidade um ambiente propício à inovação, pela concentração de
conhecimento e de capital intelectual, onde os estudantes são uma fonte de potencial
empreendedores.
De acordo com Etzkowitz (2008), uma universidade empreendedora é sustentada por
quatro pilares: liderança acadêmica, capaz de formular e implementar uma visão estratégica;
controle legal sobre seus recursos, incluindo edifícios, equipamentos e também propriedade
intelectual resultante de pesquisas; capacidade organizacional de transferir tecnologia por meio
de patenteamento, licenciamento e incubação de empresas; e um “ethos” empreendedor,
conjunto de hábitos ou crenças que definem uma comunidade empreendedora, formada por seus
líderes, professores e alunos.
O modelo Triple Hélice descreve os papéis da universidade, indústria e governo e
enfatiza que as interações estratégicas entre os três são os elementos-chave na promoção da
inovação e empreendedorismo resultando no avanço da economia do conhecimento
(ETZKOWITZ, 2008). A hélice tripla tenta dar conta de uma nova configuração de forças
institucionais emergentes nos sistemas de inovação, acentuando um modelo interativo (não
linear) de inovação e ajuste trilateral e colaboração entre academia, governo e indústria. Nesse
modelo, a inovação se dá a partir de interações múltiplas e recíprocas entre as instituições da
Tríplice Hélice em diferentes estágios de produção do conhecimento (TERRA, 2001).
Etzkowitz e Zhou (2017, p. 25) esclarecem que “a Hélice Tríplice foca a universidade
como fonte de empreendedorismo, tecnologia e inovação, bem como de pesquisa crítica,
20

educação e preservação e renovação do patrimônio cultural”. Nesse sentido, Terra (2001)


explica que as universidades deixaram de ter um papel limitado de capacitação profissional das
pessoas, ampliando sua atuação ao estabelecer novas relações com sociedades empresárias e
organizações públicas para realização de atividades de pesquisa e extensão.
Etzkowitz (2013) entende que existem vários caminhos para a universidade
empreendedora em diferentes sistemas acadêmicos. Para ser empreendedora, uma universidade
precisa ter um grau considerável de independência do Estado e da indústria, mas também um
alto grau de interação com essas esferas institucionais, todavia o autor ressalta que esse caminho
é mais difícil quando a universidade está subordinada a um ministério de educação, visto que a
capacidade de tomar iniciativas independentes baseia-se na premissa de que a universidade não
é um elemento subordinado de uma estrutura administrativa hierárquica, nesse caso o autor cita
o modelo brasileiro ao explicar que o empreendedorismo acadêmico também pode basear-se no
papel docente da universidade, introduzindo a formação empreendedora no currículo.
Assim, o autor esclarece que algumas universidades desenvolvem o treinamento
empreendedor como uma extensão de sua missão de ensino, enquanto outras desenvolvem a
transferência de tecnologia como uma extensão da pesquisa. Outras ainda desenvolvem
mecanismos de apoio à inovação, facilitando a formação e o crescimento de empresas. Algumas
instituições optam por desenvolver todos esses três aspectos ao mesmo tempo, ou
progressivamente, ou apenas alguns deles (ETZKOWITZ et al, 2019).
Da mesma forma, a universidade empreendedora busca não apenas produzir trabalhos
de pesquisa, mas aplicar ativamente essa pesquisa aos desafios da economia e da sociedade em
geral, servindo como fonte de inovações que podem, por sua vez, ser pontos de partida para o
desenvolvimento de novas empresas (GUERREIRO et al, 2014).
Clark (2003) define a Universidade Empreendedora como sendo uma instituição ativa
que faz mudanças na sua estrutura e no modo de reagir às demandas internas e externas. Burton
Clark considera que o termo Universidade Empreendedora destaca com mais ênfase e clareza
a necessidade de ações e de uma visão que leve a mudanças na postura das instituições. Mais
tarde, Clark (2006) observa cinco elementos comuns como caminhos de transformação para
uma universidade empreendedora: i) renda universitária diversificada; ii) capacidade de direção
reforçada; iii) uma periferia de desenvolvimento estendida que consiste em centros de pesquisa
não departamentais e programas de extensão; iv) um coração acadêmico estimulado e v) uma
cultura empreendedora abrangente - a construção de um sistema de crenças que engloba as
características mais materiais identificadas nos primeiros quatro caminhos.
21

Segundo Ropke (1998), a universidade empreendedora pode significar três coisas: a


universidade, que se torna uma organização empreendedora capaz de criar valor agregado para
a sociedade; alunos, professores ou funcionários que atuam como empreendedores; e
articulação entre universidade e sociedade a partir de um padrão empreendedor. Para alcançar
o segundo, o primeiro deve ser realizado. E para alcançar o terceiro, o segundo é necessário. Os
três aspectos juntos são condições necessárias e suficientes para fazer uma universidade
“empreendedora”. Conforme tal autor, integrar funções empreendedoras, tipos reais
(empreendedores ou intraempreendedores) e aprendizagem empreendedora nos processos de
ensino e pesquisa torna uma universidade empreendedora.
Kirby et al. (2011) afirmam que a universidade empreendedora é uma incubadora
natural que, ao adotar uma estratégia coordenada entre atividades críticas (por exemplo, ensino,
pesquisa e empreendedorismo), tenta proporcionar um ambiente adequado no qual a
comunidade universitária (por exemplo, acadêmicos, alunos e funcionários) podem explorar,
avaliar e explorar ideias que podem ser transformadas em iniciativas empreendedoras sociais e
econômicas.
A literatura universitária empreendedora associou a terceira missão à
transferência/comercialização de conhecimento (ou seja, patentes, licenças, direitos de
propriedade intelectual) e iniciativas de inovação empreendedora (ou seja, start-ups, spin-offs)
(AUDRETSCH, 2014; GUERRERO; URBANO, 2019). Ressaltou a relevante contribuição das
universidades na configuração dos ecossistemas regionais de empreendedorismo e inovação
(HERRERA et al., 2018). Além de visar resultados puramente econômicos, nos últimos anos
as universidades empreendedoras vêm reorientando suas capacidades para o desenvolvimento
social sustentável (FISCHER et al, 2020).

2.1.2 Evolução da Universidade Empreendedora

Eztkowitz (2000) identifica três fases para o desenvolvimento de uma universidade


empreendedora. Na primeira fase, a instituição acadêmica tem uma visão estratégica de seus
rumos e ganha alguma capacidade de definir suas próprias prioridades, seja levantando seus
próprios recursos por meio de doações, mensalidades e subvenções ou por meio de negociações
com fornecedores de recursos. Na segunda fase, a universidade assume um papel ativo na
comercialização da propriedade intelectual decorrente da atividade dos seus docentes,
funcionários e alunos. Nesta fase, uma universidade normalmente estabelece suas próprias
capacidades de transferência de tecnologia. No terceiro estágio, a instituição acadêmica
22

desempenha um papel proativo na melhoria da eficácia de seu ambiente de inovação regional,


muitas vezes em colaboração com a indústria e atores governamentais.
Assim, a nova missão de inovação da universidade se expandiu de uma preocupação
estreita com a proteção e comercialização dos direitos de propriedade intelectual para um
interesse mais amplo na formação de empresas e no desenvolvimento econômico regional
(ETZKOWITZ, 2013).
Uma universidade empreendedora envolve a extensão das ideias à atividade prática,
capitalizando conhecimentos, organizando novas entidades e gerindo riscos. A universidade é
uma instituição ampla, com a capacidade de se reinventar periodicamente e incorporar múltiplas
missões, como ensino e pesquisa, que se valorizam mutuamente, mesmo enquanto persistem
em uma tensão criativa. A universidade empreendedora estende esse papel constitutivo da
academia da inovação governamental à industrial (ETZKOWITZ, 2013).
A universidade empreendedora assume uma postura proativa em colocar o
conhecimento em uso e em ampliar a contribuição para a criação de conhecimento acadêmico.
O primeiro passo em direção a um ethos empreendedor acadêmico é o aumento da sensibilidade
aos resultados com potencial prático, seguido por uma disposição para participar da realização
desse potencial. O próximo passo para um ethos acadêmico empreendedor é a compreensão de
que trabalhar em problemas práticos apresentados por não acadêmicos pode ter um potencial
duplo. Por um lado, esse trabalho atende às necessidades dos apoiadores do empreendimento
acadêmico e dá suporte a esse empreendimento. Por outro lado, essas tarefas de pesquisa para
outros podem levar ao surgimento de novas questões de pesquisa com potencial teórico
(ETZKOWITZ, 2013).
Nesse sentido, percebe-se que um fluxo bidirecional de influência é criado entre a
universidade e uma sociedade cada vez mais baseada no conhecimento à medida que a distância
entre as esferas institucionais é reduzida. As universidades negociam parcerias com empresas
iniciantes, emanadas de pesquisas acadêmicas nas quais investem capital intelectual e
financeiro em troca de participação nessas empresas. Eles também fazem acordos amplos com
empresas intensivas em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para obter fundos em troca de
acesso preferencial aos direitos de patente e status de docente adjunto para pesquisadores da
empresa (ETZKOWITZ, 2013).
Dalmarco et al (2018) investigam sobre a criação da universidade empreendedora em
economias emergentes e identificam ondas de desenvolvimento das UE em todo o mundo. De
acordo com os autores, a primeira onda se caracteriza pelo estabelecimento de políticas de
transferência de tecnologia, a fim de viabilizar as parcerias de P&D universidade-indústria e
23

gerando novas empresas. As universidades pioneiras foram Massachusetts Institute of


Technology (MIT), Stanford e a Universidade de Wisconsin, dessa forma as universidades
americanas formaram a primeira onda entre 1920 até os dias atuais.
Já a segunda onda se dá na Europa Ocidental a partir do início da década de 1990, as
universidades se transformaram em instituições empreendedoras com capacidade de resposta
comercial aos atores sociais e econômicos (por exemplo, pesquisa por contrato, parcerias de
pesquisa governo- indústria-universidade) e o estabelecimento de uma infraestrutura de apoio
para empreendedores acadêmicos (por exemplo, políticas de patentes, escritórios de
transferência de tecnologia, parques científicos e incubadoras de empresas) (DALMARCO et
al, 2018).
E nos últimos anos, uma terceira onda de transferência de conhecimento acadêmico vem
ocorrendo em economias emergentes na Europa Oriental, Ásia e América do Sul, onde o
empreendedorismo acadêmico e a criação de universidades empreendedoras estão no topo da
agenda política (DALMARCO et al, 2018).
A dinâmica dos processos nas instituições de ensino superior mudou nos últimos anos.
As novas tendências posicionam a universidade como uma organização empreendedora, como
criadora e promotora de conhecimento que baseia seu desenvolvimento na inovação e na
resolução de problemas em benefício da sociedade e do crescimento econômico. Essa mudança
de posicionamento se dá pela rapidez na criação do conhecimento científico pela sociedade. É
um conhecimento cada vez mais complexo e especializado, que se atualiza e progride muito
mais rápido (GARCÍA-HURTADO et al, 2022).
No cenário brasileiro, o empreendedorismo acadêmico também adotou um formato mais
amplo para abordar problemas sociais mais amplos, bem como questões econômicas. Assim, o
conceito de incubadora foi traduzido de um formato de desenvolvimento de empresas de alta
tecnologia para uma iniciativa cooperativa de serviços de baixa tecnologia, traduzindo a
experiência organizacional desenvolvida no projeto inicial para enfrentar as profundas
desigualdades endêmicas à sociedade brasileira (ETZKOWITZ, 2013).
A educação empreendedora também foi introduzida como parte da educação geral, em
vez de ser confinada a estudantes de engenharia e administração, o recurso humano tradicional
das atividades empreendedoras. Assim como os alunos aprendem a escrever um ensaio
expressando seus pensamentos pessoais ou um relatório científico utilizando evidências para
apoiar uma tese, eles também estão sendo ensinados a escrever um plano de negócios,
estabelecendo um objetivo e os meios para realizá-lo, juntamente com um teste de mercado
(ETZKOWITZ, 2013).
24

2.2. AVALIAÇÃO DAS UNIVERSIDADES EMPREENDEDORAS

A Universidade Empreendedora engloba todas as disciplinas, áreas e esferas da


instituição (PAÑOS-CASTRO et al, 2021). Um pré-requisito para a universidade assumir o
papel de empreendedor é a capacidade de definir sua própria direção estratégica
(ETZKOWITZ, 2016). Indiscutivelmente, a razão mais importante para se envolver em
empreendedorismo em toda a universidade diz respeito à mudança da cultura de um campus
(MORRIS; KURATKO; PRYOR, 2014).
Embora seja um empreendimento ambicioso, o empreendedorismo oferece o potencial
para instituições de ensino superior se tornarem mais relevantes para a sociedade
contemporânea, mais dinâmicas em operar como comunidades de inovação, mais competitivas
em um cenário de aprendizagem em mudança, mais flexíveis e adaptáveis às mudanças.
Necessidades e demandas das muitas partes interessadas que a universidade atende, além de ser
mais viável financeiramente (MORRIS; KURATKO; PRYOR, 2014).
Diferentes artigos descrevem vários aspectos das universidades empreendedoras, como
o processo de transferência de tecnologia (FISCHER et al., 2020; WOOD, 2011),
departamentos universitários criando spin-off (RASMUSSEN et al., 2014), fatores subjacentes
ao empreendedorismo acadêmico (MORRIS; KURATKO; PRYOR, 2014), o impacto das
universidades empreendedoras na sociedade (AUDRETSCH, 2014; BUDYLDINA, 2018;
GUERRERO; URBANO, 2012) e o engajamento do conhecimento de cientistas acadêmicos e
da indústria (ADEGBILE; SARPONG; KOLADE, 2021; ALFALIH; RAGMOUN, 2020).
Ainda falta uma abordagem unilateral para definir universidade empreendedora, a
maioria dos trabalhos relacionados destaca as mesmas características: o desenvolvimento de
atividades de terceira missão, ou seja, transferência de tecnologia e vínculos universidade-
indústria, e as contribuições para as regiões, tanto tangíveis (novos empregos criação e geração
de receitas) e intangíveis (formação de mentalidades empreendedoras e cultura inovadora na
sociedade) (BUDYLDINA, 2018).

2.2.1 Desafios na avaliação das Universidades Empreendedoras

Nesse contexto, a fim de ajudar as partes interessadas a compreender e avaliar melhor o


desempenho acadêmico em múltiplas dimensões, as métricas universitárias empreendedoras
também devem ajudar tais entidades a aprimorar sua estratégia de desenvolvimento e, dessa
25

forma, contribuir para a sociedade em geral (ETZKOWITZ, 2016). Entende-se que a indústria
precisa de informações para alocar os investimentos em pesquisa e inovação universitária
(ALMEIDA; MARICATO, 2021).
De acordo com Etzkowitz (2016), os rankings se concentram principalmente nos
critérios tradicionais de pesquisa universitária e de ensino universitário, negligenciando a
contribuição da universidade para o desenvolvimento econômico e social, além de não
desenvolver métricas para avaliar problemas universitários persistentes, como falta relativa da
diversidade no corpo docente e nos alunos, e contribuição para os desafios de interesse público.
A medição da inovação universitária como um fenômeno próprio é um desafio, uma vez
que o componente da pesquisa acadêmica tem se tornado parte do sistema de inovação em razão
da sua afinidade com a Pesquisa e Desenvolvimento associados ao aumento da cooperação entre
empresas e governo (HALÁSZ, 2018). Além disso, Almeida e Maricato (2021, p. 11) observam
que “a mudança gradativa da economia baseada em produtos para uma mais experimental,
orientada a serviços, vem alterando a natureza das atividades de P&D”.
Nesse cenário, uma iniciativa empreendedora requer uma análise multidimensional,
onde fatores individuais e contextuais competem para definir o que desencadeia o processo de
criação de novos negócios (PITA et al, 2021). Assim, Panõs-Castro et al. (2021) esclarecem
que a resposta ao empreendedorismo é diferente em cada universidade e é determinada por
fatores contextuais, incluindo se a universidade é pública ou privada, sua cultura
organizacional, as políticas governamentais do país e a necessidade de buscar financiamento.
Monitorar e mensurar as variáveis que promovem a inovação tem se tornado uma prática
crescentemente relevante visto que, além de permitir o acompanhamento da atividade inovativa
de países e regiões, auxilia na definição de caminhos a serem percorridos na busca por inovação
(ALMEIDA; MARICATO, 2021). O desafio consiste, portanto, em decidir em quais aspectos
focar e como priorizá-los para desenvolver um sistema de classificação robusto (LANDINEZ
et al, 2019).
Desse modo, observa-se que a terceira missão reposiciona o papel das universidades na
sociedade e levanta questões sobre como avaliar o seu impacto (LANDINEZ et al, 2019). Ao
mesmo tempo percebe-se que faltam pesquisas sólidas que investiguem a integração de
indicadores de terceira missão nos principais rankings, especialmente no que diz respeito aos
indicadores que refletem o perfil empreendedor das universidades uma vez que os rankings
universitários, como ferramenta de medição de desempenho também são questionados por
serem os métodos apresentados de forma superficial, a escolha dos indicadores e seus pesos
questionáveis e as pontuações não são explicadas em detalhes (LANDINEZ et al, 2019).
26

Dessa forma, segundo o estudo de Landinez et al. (2019), os rankings têm introduzido
lentamente alguns aspectos das atividades da terceira missão como forma de avaliar a qualidade
e o desempenho das Instituições de Ensino Superior (IES), contudo de forma variada e
fragmentada. Para tais autores, existe um desafio fundamental em ir além das publicações e
patentes e integrar medidas mais sofisticadas de transferência de conhecimento, como por
exemplo as abordagens pedagógicas inovadoras que ainda são pouco contabilizadas, tendo em
vista que medir aspectos qualitativos e tácitos é desafiador.

2.2.2 Avaliação das Universidades Empreendedoras segundo a literatura

Rinne (2009) argumentou que o caminho para se tornar uma universidade


empreendedora é ativado por uma série de fatores internos (como recursos e capacidades) e
externos (contexto jurídico e administrativo, por exemplo). Ziyae e Tajpour (2016)
apresentaram uma abordagem com quatro grupos de fatores: fatores organizacionais, fatores
individuais, fatores institucionais e fatores ambientais (ALFALIH; RAGMOUN, 2020).
Perkmann et al. (2013) também identificaram “antecedentes individuais,
organizacionais e institucionais como os principais fatores que afetam a universidade
empreendedora. Outrossim, a cultura, como fator organizacional, é importante para
proporcionar um ambiente empreendedor que dissemina o conhecimento, agrega às atividades
acadêmicas tradicionais e fornece conhecimento (KIRBY et al., 2011). Já a revisão de
bibliométrica de Bliemel e Monicolini (2020) apresenta 7 temas que envolvem a universidade
empreendedora: universidade (administração e liderança; empreendedorismo acadêmico;
transferência de tecnologia; startup, educação, indústria e política.
Wright et al. (2007) entendem que o desenvolvimento e comercialização do
conhecimento estimula a visão da universidade. Nessa linha, Guerrero et al. (2006) argumentam
que o papel de uma universidade empreendedora não é apenas produzir novos conhecimentos,
mas disseminar o conhecimento gerado para a sociedade e a indústria. Assim, as missões
tradicionais das universidades devem ser revisitadas a fim de potencializar o empreendedorismo
universitário.
Além de suas funções tradicionais de ensino e pesquisa, as universidades se envolvem
na transferência de tecnologia, estabelecem vínculos com a indústria e facilitam a criação de
infraestrutura de inovação, ou seja, laboratórios de pesquisa, parques científicos e clusters
industriais (BUDYLDINA, 2018). Destarte, nas últimas décadas, as universidades têm evoluído
27

para organizações gerenciais de pleno direito, preocupadas em gerar lucros e criar um impacto
econômico em escalas local, regional e nacional (BUDYLDINA, 2018).
Meissner et al (2022) consideram que o macroambiente no qual essas organizações estão
inseridas é a camada analítica primária na avaliação de universidades empreendedoras. Isso
envolve não apenas características nacionais, mas também condições regionais e locais. A
estrutura socioeconômica dos ecossistemas de inovação e empreendedorismo tem forte
influência na densidade de vínculos entre parceiros acadêmicos e industriais (CASPER, 2013).
Isso acontece em função não apenas da proximidade social, mas também por causa das
capacidades da empresa, interesses estratégicos e incentivos para estabelecer um
comportamento orientado para a inovação (MEISSNER et al., 2022) Para os autores, iniciativas
de nível universitário que promovam uma maior integração com o setor privado devem levar
em consideração tanto a concepção dos mecanismos de incentivo quanto na comunicação dos
objetivos institucionais aos pesquisadores (ADEGBILE; SARPONG; KOLADE, 2021;
ALFALIH; RAGMOUN, 2020; ALVES et al., 2019; MEISSNER et al., 2022)
Por outro lado, seja numa base estratégica, estrutural, cultural, organizacional, ao nível
dos sistemas internos, da liderança ou de modelos de desenvolvimento, parece claro que
inúmeros autores ressaltam fatores institucionais endógenos para criação ou fomento da UE
(BRÁS et al., 2021).
Segundo Meisser et al (2022), aspectos institucionais que definem as “regras do jogo”.
Um aspecto importante, mas muitas vezes negligenciado, está nos regulamentos legais que, em
muitos casos, atribuem às universidades o status de entidades públicas que, por leis
constitucionais, não são permitidas a entrar em empreendimentos conjuntos – como
laboratórios conjuntos – com atores privados.
Além disso, o direito do trabalho muitas vezes é uma barreira para envolver
pesquisadores da universidade pública em entidades privadas ou semiprivadas. Existem
certamente boas razões para atribuir às universidades o estatuto de entidades públicas, mas isso
constitui um sério desafio para aproximar as universidades e a indústria (MEISSNER et al.,
2022). Parece uma hipótese de trabalho plausível que cada sistema universitário empreendedor
precise incorporar as respectivas dimensões institucionais e culturais locais (ROTHAERMEL
et al, 2007).
Existem ainda autores que preferem enfatizar a estrutura organizacional acadêmica
enquanto elemento crítico para a criação da UE (PINHEIRO; STENSAKER, 2014), bem como
modelos de desenvolvimento nos quais a organização interna é a pedra basilar da UE
(MOHRMAN et al., 2008).
28

Assim, a evidência da análise da literatura revela que o elemento de controle mais


explicitamente ou implicitamente abordado tem sido a estrutura organizacional (GARCÍA-
HURTADO et al., 2022). Chugh (2004) afirmou que uma estrutura organizacional ágil pode
estimular o desenvolvimento de ideias inovadoras, que é a terceira missão das universidades
empreendedoras conforme discutido anteriormente.
O contexto organizacional, conforme Paños Castro et al (2021) é avaliado segundo os
seguintes critérios de financiamento; tecnologia; inovação; maturidade tecnológica; orçamento
em pesquisa e desenvolvimento. Markuerkiaga et al (2017) ao propor um modelo de maturidade
empreendedora acadêmica para faculdades tecnológicas traz como um dos processos o design
organizacional que aborda a conexão entre ensino e pesquisa; estrutura bottom-up e renda.
Por outro lado, a criação de uma cultura integrada é essencial na mudança para a
orientação empreendedora das universidades (CLARK, 2004), sendo que os valores
acadêmicos radicam na sua base (DILL, 2012). Além disso e de acordo com Leih e Teece
(2016), a liderança acadêmica manifesta-se como crucial para a orientação empreendedora das
universidades, assim como para a implementação de modelos de desenvolvimento e de
governança acadêmica moldados para a UE (CHRISTENSEN & EYRING, 2011).
Numa ótica de fatores endógenos da academia, Guerrero e Urbano (2012) argumentam
que a UE resulta da confluência de fatores formais (medidas de apoio ao empreendedorismo,
ensino do empreendedorismo), fatores informais (atitudes, comportamentos, modelos de
desenvolvimento) e fatores internos (recursos e competências).
São exemplos de medidas de apoio ao empreendedorismo, de acordo com Brás et al
(2021): formação, consultoria e informação sobre propriedade industrial; métodos inovadores
de ensino; inclusão do ensino do empreendedorismo em vários ciclos de estudos; atividades
extracurriculares.
Uma universidade tende a se tornar empreendedora ao adotar a educação
empreendedora ou o empreendedorismo acadêmico (GIBSON; FOSS, 2017). De acordo com
Maclaren (2012), não falta retórica na defesa da criatividade e inovação no ensino superior, mas
os sistemas estruturais e de gestão muitas vezes contrariam as condições em que a criatividade
floresce. O pensamento empreendedor e criativo precisa ser visto não apenas como mais uma
série de disciplinas ou disciplinas, mas como uma prática e um modo de pensar. Uma
mentalidade empreendedora que maximiza o impacto, respondendo à inovação baseada em
problemas e concentrando recursos em uma variedade de disciplinas (THORPE; GOLDSTEIN,
2010).
29

Como os traços criativos e inovadores que precisarão ser desenvolvidos combinando


ideias de desenvolvimento e resolução de problemas com expressão, comunicação e ação
prática podem ser alcançados. Habilidades empreendedoras que incluem tomar a iniciativa,
tomada de decisão intuitiva, fazer as coisas acontecerem, networking, identificação de
oportunidades, resolução criativa de problemas, pensamento estratégico e eficácia pessoal
(CORSO, 2020). As universidades podem estimular o empreendedorismo entre seus alunos
desenvolvendo iniciativas que visam engajar os alunos em redes externas (WRIGHT et al.,
2017).
A internacionalização também é uma parte fundamental da estratégia empreendedora da
universidade (ALFALIH; RAGMOUN, 2020). A colaboração internacional é um fator que a
Universidade Empreendedora deve considerar uma vez que essa dimensão pretende aferir se a
universidade apoia a mobilidade internacional dos seus diferentes membros, promove cursos
com instituições estrangeiras ou se relaciona com instituições internacionais com o fim de
desenvolver projetos de pesquisa (BRÁS et al., 2021).
Outro fator associado ao construto da UE é a estratégia de financiamento, o qual se
traduz na procura de financiamento não público, na autonomia financeira das faculdades e
departamentos ou no fato do topo da gestão da universidade desempenhar um papel ativo na
obtenção de fundos e rendimentos alternativos (BRÁS et al., 2021).
Uma maneira simples de pensar as universidades empreendedoras é como uma
agregação dos indivíduos (líderes ou gestores e acadêmicos) que as compõem (ADEGBILE;
SARPONG; KOLADE, 2021). Nessa visão, dois atores importantes podem contribuir para uma
universidade empreendedora: o empreendedor acadêmico, que garante que as atividades que
ocorrem estejam relacionadas às práticas/educação empreendedora; e acadêmicos
empreendedores, que participam de atividades que conectam a universidade com organizações
e indústria (ALFALIH; RAGMOUN, 2020).
Os fatores individuais também são considerados pela literatura da Universidade
Empreendedora (BRÁS et al, 2019; ALFALIH; RAGMOUN, 2020; ADEGBILE et al, 2021;
MEISSNER et al, 2022). De acordo com Alfalih e Ragmoun (2020), por exemplo, estes fatores
são: experiência, independência, comportamentos inovadores, assumir riscos e inovação.
Adegible et al (2021) apresenta com fatores: habilidades, conhecimento, experiência e
capacidades cognitivas.
Todavia, Meissner et al (2022) chamam a atenção para o fato de que assumir novas
atividades provavelmente gerará carga de trabalho adicional e pressões concorrentes de colegas
acadêmicos e parceiros de negócios. Essas condições podem levar à confusão interna do
30

indivíduo, provocando frustração, ansiedade e redução da motivação (MEEK; WOOD, 2016).


Mas, se a missão da universidade for clara quanto aos seus objetivos para alcançar o status
empreendedor, os conflitos de identidade podem ser minimizados (MEISSNER et al., 2022).
A pesquisa acadêmica representa outra área focal promissora para o empreendedorismo
em toda a universidade (MORRIS; KURATKO; PRYOR, 2014). As universidades são
entidades de alta complexidade e seus processos de troca de conhecimento são afetados pela
intensidade e qualidade da pesquisa (ABREU et al., 2016). A qualidade da pesquisa realizada
pelas universidades demonstrou impactos significativos na capacidade das instituições de gerar
empreendedorismo estudantil (WRIGHT et al., 2017). Di Gregorio e Shane (2003) identificam
que a eminência intelectual das universidades funciona como um preditor chave de startups.
Assim, assume-se que as universidades intensivas em pesquisa podem afetar positivamente a
geração de novos negócios por parte dos alunos, com destaque especial para empreendimentos
voltados para a inovação (ROCHA; FREITAS, 2014).
Dessa maneira, espera-se que a qualidade da universidade exerça uma influência
positiva na qualidade e na taxa de atividade empreendedora, considerando a relevância do
ambiente tecnológico no desempenho das empresas jovens (LAURSEN; SALTER, 2011).
Antes de estabelecer a incubação de empresas e o escritório de transferência de tecnologia, as
universidades devem ter excelência em pesquisa científica, fonte de start-ups de base
tecnológica (MIDLER; SILBERZAHN, 2008). Nesse sentido, é necessário analisar como as
universidades organizam o processo de ciência para o mercado e como esse processo resulta
ativamente em novos empreendimentos (DALMARCO; HULSINK; BLOIS, 2018).
Além disso, a existência de uma incubadora de empresas ou parque científico facilita o
processo de empreendedorismo, pois permite que empreendedores acadêmicos permaneçam
próximos à universidade (DALMARCO; HULSINK; BLOIS, 2018)
O aumento da criação de conhecimento pode ajudar a gerar novas tecnologias com
potencial comercial, justificando o processo de spin-off de projetos e empreendimentos
(WOOD, 2011). (DALMARCO; HULSINK; BLOIS, 2018). Os contratos de pesquisa também
são destacados como um meio de transferência de conhecimento cocriativo entre universidades,
indústria, governo e usuários finais dentro do ecossistema de hélice quádrupla de inovação
(KLASOVÁ; KOROBANIČOVÁ; HUDEC, 2019).
Nesse cenário, Dalmarco et al (2018) esclarecem que o arranjo de inovação se refere à
infraestrutura de apoio que a universidade oferece, por exemplo, Centro de Empreendedorismo,
Escritório de Transferência de Tecnologia, Incubadora de Empresas e/ou Parque Tecnológico.
31

Nesse contexto, o quadro 2 sintetiza os componentes de avaliação segundo Paños e Castro et


al, (2021).

Quadro 2 - Dimensões e indicadores segundo Paños-Castro et al (2021).


Dimensões Descritivos
Contexto jurídico e administrativo Legislação; financiamento; infraestruturas públicas
Financiamento; tecnologia; inovação; maturidade
Contexto organizacional
tecnológica; Orçamento P&D
Financiamento para ensino-aprendizagem de
empreendedorismo; financiamento para pesquisa em
Financiamento de empreendedorismo
empreendedorismo; financiamento de
empreendedorismo
Treinamento em empreendedorismo; transferência
Capacitação em empreendedorismo para docentes de conhecimento; Criação de spin-offs
universitários
Participação no corpo diretivo principal da
Inclusão de profissionais de empresas e
faculdade; Participação no desenvolvimento e
organizações no desenvolvimento e entrega do
entrega; Profissionais ocasionalmente convidados
currículo
como oradores convidados
Presença na missão; objetivos relacionados à
Missão e estratégia transferência de conhecimento; e relacionados ao
desenvolvimento do compromisso social
transferência de conhecimento; colaboração
Políticas e procedimentos
universidade-empresa; criação de spin-offs
Apoio ao empreendedorismo; receita para
Apoio da equipe de gestão
empreendedorismo; Presença na agenda
Relação entre ensino e pesquisa; decisão
Design organizacional descentralizada; estrutura de baixo para cima;
autonomia financeira
Habilidades empreendedoras no currículo;
Formação e pesquisa em empreendedorismo programas específicos sobre empreendedorismo;
pesquisa
Conscientização do empreendedorismo;
Formação extracurricular em empreendedorismo Identificação de oportunidades; Desenvolvimento de
plano de negócios; Lançamento de spin-offs
Uso de metodologias ativas; Canais com
Metodologia ativas empreendedores; Projeto e desenvolvimento de
produtos inovadores recursos educacionais
Internacionalização Diplomas conjuntos; receita; mobilidade; pesquisa
Escritório de Transferência de Tecnologia; Centro de
empreendedorismo; incubadora; Parque tecnológico
Outros dados relativos à universidade
associado à universidade; cursos e oficinas;
fornecimento de treinamento
Fonte: Elaborado pela autora (2022) segundo Paños-Castro, et al (2021).

De acordo com a percepção dos reitores participantes da pesquisa que resultou no


Quadro 2, os itens mais desenvolvidos para a formação da Universidade Empreendedora foram
o uso de metodologias ativas, objetivos relacionados ao desenvolvimento do compromisso
social e o desenho e desenvolvimento de projetos educacionais inovadores. Os menos
desenvolvidos foram o financiamento do empreendedorismo, as políticas e procedimentos
32

relacionados ao lançamento de spin-offs (PAÑOS-CASTRO; MARKUERKIAGA;


BEZANILLA, 2021).
Nesse sentido, Rothaermel et al (2007) esclarece que as atividades empreendedoras são
medidas de várias maneiras: existência de um programa formal, acordos de cooperação, apoio
à pesquisa, licenciamento, atividades de marketing, qualidade da produção comercial (licenças,
patentes), envolvimento em joint ventures de pesquisa, existência de incubadoras e parques.
Percebe-se que a avaliação de uma UE, segundo a revisão sistemática de literatura
sobre as dimensões das universidades empreendedoras, busca analisar o empreendedorismo em
toda atuação universitária desde a missão, política, procedimentos, organização, gestão,
pessoal, ensino, pesquisa, inovação, financiamento e interação internacional e com outros tipos
de organização.

2.2.2 Avaliação das Universidades Empreendedoras com base nos rankings e frameworks

Para esta pesquisa foram selecionados, com base em uma análise bibliográfica e
documental, os sistemas de classificação e frameworks que abordam dimensões da
Universidade Empreendedora. Desta feita, serão analisados o framework da Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a ferramenta HEInnovate, o painel de
da Economia da Inovação nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) da Corregedoria-
Geral da União (CGU), o Ranking das Universidades Empreendedoras, o Time High Education,
o Edurank, o QS Ranking, o Ranking Universitário Folha e o U-Multirank.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) entendeu
que o ensino superior enfrenta desafios na definição de seu papel, finalidade e organização no
âmbito da sociedade e economia. Somado a isso, a revolução das tecnologias de informação e
comunicação, o surgimento da economia do conhecimento e as incertezas econômicas sendo as
Universidades Empreendedoras uma resposta diante desse cenário. Sob essa perspectiva, a
OCDE organizou um guia orientador para universidades empreendedoras no âmbito europeu.
É um guia projetado para auxiliar as universidades interessadas a se avaliarem em relação a
fatores que caracterizam a UE (OCDE, 2012).
Trata-se de uma ferramenta de autoavaliação em que as instituições de ensino superior
podem identificar sua atual situação, bem como potenciais áreas de atuação (OCDE, 2012).
Para avaliar o nível do aspecto empreendedor de uma universidade, a OCDE definiu uma escala
que varia de 0 (muito fraco) a 10 (muito forte) em sete áreas comumente identificadas: liderança
e governança; capacidade organizacional; pessoas e incentivos; desenvolvimento do
33

empreendedorismo no ensino e na aprendizagem; caminhos para empreendedores; relações


universidade-empresa/externas para troca de conhecimento; a universidade empreendedora
como instituição internacionalizada; e medir o impacto da universidade empreendedor (OCDE,
2012; ALFALIH; RAHMOUN, 2020).
De acordo com o framework da OCDE, para se desenvolver como uma organização
empreendedora com cultura empreendedora as atividades empreendedoras devem ser
estabelecidas na estratégia. Essa estratégia quando estabelecida por um compromisso,
principalmente a nível de reitoria, já confere uma melhor avaliação nessa área. Outro aspecto
que influencia é a existência de um modelo de coordenação e integração das atividades
empreendedoras em todos os níveis da universidade bem como com o ecossistema
empreendedor local.
Na visão deste Guia, as universidades com menos barreiras burocráticas têm mais
facilidade para empreender atividades empreendedoras e acelerar a criação de ideias e a tomada
de decisões, assim avalia-se também o grau de autonomia das unidades universitárias. Por fim,
a liderança e a governança é bem avaliada caso seja um ator ativo no ecossistema regional,
social e na comunidade por meio de participação de clusters regionais, apoio a atividades
culturais e artísticas, fornecimento de instalações para a comunidade externa.
A área de capacidade organizacional, pessoas e incentivos aborda a estratégia financeira,
a atração e retenção das pessoas certas e o incentivo ao comportamento empreendedor dos
indivíduos (OCDE, 2012). Nesse sentido, torna-se importante avaliar a diversificação de receita
como por exemplo receita gerada por e compartilhamento de espaço e atividades
empreendedoras (OCDE 2012).
Segundo essa abordagem, os alunos e os funcionários devem romper as estruturas
formais a fim de criar sinergia entre as estruturas de ensino, grupos de pesquisa e
departamentos. Além disso, uma boa avaliação requer a presença de pessoas externas à
academia para trazer outras habilidades bem como faz-se necessário investir na qualificação
empreendedora dos funcionários e do corpo docente, assim as instituições de ensino superior
devem ter sistemas de incentivo e recompensa para aqueles que apoiam práticas
empreendedoras. (OCDE, 2012).
Por fim, dentro dessa área, também se analisa a contribuição de partes externas com a
agenda empreendedora da universidade:

Seu valor através dos seguintes tipos de atividades e oportunidades: oferecendo


uso de instalações e serviços, mecanismos de risco compartilhado e
34

recompensa por engajamento, oportunidades de bolsas, associações,


professores industriais ou professores convidados (OCDE, 2012, p. 8, tradução
nossa).
A terceira área do framework é concernente ao desenvolvimento do empreendedorismo
no ensino e na aprendizagem que é avaliada pela existência de cargo de Professor de
empreendedorismo ou ao menos um pessoal responsável por este tema ao nível da unidade que
estejam envolvidos no planejamento universitário. Ademais, para alcançar uma boa pontuação
o ensino empreendedor deve ser adotado em todos os departamentos por uma variedade de
métodos como por meio de living labs e aprendizado interdisciplinar. Além disso, o contato
com empreendedores reais também faz parte do ensino empreendedor informal (OCDE, 2012).
Outro ponto abordado pelo Guia é que as universidades devem validar os resultados da
aprendizagem do empreendedorismo. Outrossim, a pesquisa acerca do tema também compõe a
avaliação desta área a qual é ponderada pela atualização do currículo dos funcionários a fim de
incentivar o intercâmbio de conhecimento (OCDE, 2012).
A quarto tema do framework da OCDE está relacionado ao percurso para
empreendedores que pode ser entendido por processos que desenvolvem intraempreendedores,
- aqueles que assumem a responsabilidade pela criação de inovações de qualquer espécie dentro
de uma organização (PINCHOT, 1989) - que vai desde a conscientização e criação de
habilidades empreendedoras entre alunos e funcionários as quais oportunizarão atividades
educacionais que envolvam problemas da vida real e criação de startups com a finalidade de
colocar em prática o aprendizado. Para tanto, a universidade deve fornecer serviços de apoio
aos empreendedores como orientação e conexão com o ecossistema empreendedor por meio de
mentorias e acesso a incubadoras (OCDE, 2012).
A quinta área do Guia da OCDE dedica-se à avaliação das relações comerciais e externas
da universidade para a troca de conhecimento. De acordo com a OCDE (2012, p. 13, tradução
nossa) “o envolvimento ativo de uma série de partes interessadas tem se mostrado um fator que
contribui para o sucesso das Universidades Empreendedoras”. Assim, considera-se que a troca
de conhecimento com a sociedade, indústria e setor público devem fazer parte da política
institucional da universidade. Além disso, as parcerias devem se dar com vários tipos de
organizações como escolas, pequenas e médias empresas, organizações regionais, locais e
sociais.
Outro aspecto importante referente a essa temática são as interações com parques
científicos e incubadoras.
35

Para obter uma pontuação alta, as universidades devem ter um sistema em vigor que
permita a fertilização cruzada de conhecimentos e ideias de parques científicos e
empresariais, por exemplo, fornecendo espaços abertos para colaboração, palestras e
organizando workshops conjuntos, reuniões de café da manhã e outros eventos de
networking e oportunidades. Deve haver um fluxo de pessoas e conhecimento em ambas
as direções. As universidades também podem ter um interesse financeiro ou gerencial
direto nos parques científicos e incubadoras, desde a participação até a propriedade
(OCDE, p. 13, tradução nossa).
Nesse sentido, a universidade deve incentivar a participação dos funcionários e alunos
com o ambiente externo. E o conhecimento absorvido nesse movimento deve voltar ao ambiente
acadêmico por meio do ensino, da pesquisa colaborativa e parcerias industriais e comerciais
(OCDE, 2012).
A OCDE (2012) também identificou que a perspectiva internacional em todos os níveis
da instituição de ensino superior é considerada uma característica empreendedora, constituindo,
assim, a sexta área do modelo de avaliação da OCDE o qual confere uma pontuação alta a
universidade que garante que os compromissos estabelecidos na estratégia de
internacionalização reflitam nos objetivos empreendedores da instituição (OCDE, 2012). O
framework também analisa a mobilidade internacional da comunidade acadêmica por
intermédio de programas de intercâmbio, bolsas de estudo, estágios no exterior e o uso de outros
programas de mobilidade mais amplos. Ademais, a universidade deve estabelecer a demanda
por pessoal internacional e empreendedor; o ambiente de ensino deve estar adaptado ao público
global e devem existir parcerias internacionais voltadas à pesquisa bem como vínculos com
ambientes de inovação (OCDE, 2012). As universidades devem, portanto, usar suas redes,
parcerias e ex-alunos internacionais para retroalimentar as agendas de ensino, aprendizagem e
pesquisa (OCDE, 2012).
Por fim, a estrutura de avaliação da OCDE se completa com o sétimo tema concernente
à mensuração do impacto das Universidades Empreendedoras. De acordo com a Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (2012), grande parte das medidas
encontradas na literatura relaciona-se a spin-offs, propriedade intelectual e resultados de
pesquisa, em vez de empreendedorismo na pós-graduação, retenção de talentos,
desenvolvimento econômico local ou os impactos mais amplos da estratégia empreendedora.
Para De Araújo Ruiz e Martinez (2019), o guia apresentado pelo OCDE (2012)
possibilita a identificação de certas informações sobre o progresso da mudança em uma
universidade e propõe que estas instituições sejam organizações empreendedoras não
direcionadas por sistemas de controle detalhados, mas sim por missão e valores. Além disso, os
36

autores ressaltam que o guia estimula o estabelecimento de estratégias alinhadas com toda a
comunidade acadêmica para atingir os resultados traçados (DE ARAÚJO RUIZ; MARTINEZ,
2019).
Desse modo, o modelo da OCDE não apresenta as áreas em que uma universidade deve
mensurar mas sim as áreas que tal instituição pode querer medir como: coletar evidências do
efeito das atividades em sua agenda empreendedora; avaliação do nível do engajamento do
ensino e aprendizagem em toda a universidade; monitoramento regular da educação
empreendedora o qual deve considerar as mudanças na motivação dos participantes e o nível
de competência nas habilidades adquiridas por meio das atividades empreendedoras; a troca de
conhecimento deve ter critérios de sucesso, neste item a OCDE esclarece:
Para medições internas, isso pode incluir o número de start-ups e spin-offs, patentes,
novas ideias de pesquisa e novos relacionamentos. Para medições externas, deve incluir
o valor percebido e o impacto da universidade no ambiente mais amplo das partes
interessadas (negócios, governo, etc.) (OCDE, 2012, p. 18, tradução nossa).

Outro monitoramento que deve ser realizado é referente ao apoio fornecido às empresas
nascentes o qual considera não só o suporte inicial, mas também o impacto em um momento
posterior do negócio.
Com base no guia orientador para universidades empreendedoras da OCDE (2012) foi
construída a ferramenta HEInnovate por uma iniciativa da Diretoria Geral de Educação e
Cultura (Comissão Europeia), Fórum de Desenvolvimento Econômico e Emprego local, além
do apoio de seis especialistas. Assim como o guia da OCDE (2012), a ferramenta consiste em
uma autoavaliação para Instituições de Ensino Superior que estejam interessadas em explorar
o potencial inovador e empreendedor (HEINNOVATE, 2022).
A HEInnovate utilizou as sete dimensões do framework da OCDE e acrescentou uma:
transformação e capacidade digital. Essa dimensão considera que as IES devem utilizar as
tecnologias digitais para seu desenvolvimento e para apoiar a inovação e o empreendedorismo.
Dessa maneira, a ferramenta possui oito dimensões com 42 afirmações para avaliar a
instituição, sendo que há possibilidade de escolha das áreas que a universidade deseja avaliar,
não sendo necessário completar as oito dimensões (HEINNOVATE, 2022).
As afirmações são, então, classificadas pelos respondentes em uma escala de 'não
aplicável' (n/a) a 5, de acordo com o quanto concordam ou discordam da declaração em relação
à instituição. Na escala, 1 representa a menor pontuação e 5 a maior pontuação
(HEINNOVATE, 2022).
37

A Controladoria Geral da União criou o Painel Economia da Inovação nas IFES com o
“objetivo de avaliar se os arranjos, as estratégias, os incentivos e as políticas do ecossistema de
inovação estão contribuindo para o desenvolvimento da inovação pela rede federal de ensino
superior, considerando o paradigma da tríplice hélice (CGU, 2022). Para tanto, o painel
considera a estrutura de avaliação disposta no quadro 3.

Quadro 3 - Painel Economia da Inovação nas IFES - CGU

Dimensão Descrição Escopo

Recursos financeiros contemplando os aportes de


recursos do MEC, os captados em projetos e os captados
em agências federais de fomento;
Dotações que diferenciam a
universidade frente aos demais agentes
públicos ou privados, ainda que Ambientes atrativos ao empreendedorismo e inovação.
Recursos providos por fontes externas, com análise de contexto dos PCTs e incubadoras
existentes e disponíveis para gerar vinculadas às IFES;
inovação em razão de seus atributos
Recursos humanos especializados ( docentes,
institucionais
colaboradores NIT e TAES)
Infraestrutura de pesquisa, restrita a avaliação da
utilização de ativos físicos das IFES em projetos e no
investimento da FINEP, por meio do CT infra.

Inovação incorporada na estratégia institucional: planos,


políticas e normas; estabelecimento de parcerias com
setores da sociedade, ambientes de inovação e conceito
de inovação vigente nas IFES

Aptidões da Universidade para gerar


inovação pela interação com os demais
Atividades em cooperação: projetos de pesquisa e
agentes do ecossistema, consideradas
prestação de serviços
Capacidades neste trabalho, as que favorecem os
relacionamentos tanto de forma direta Governança de projetos, restrita ao registro de inovação,
ou precedente no âmbito da própria à triagem de projetos e ao tratamento de conflito de
organização interesse;
Estratégia de comunicação para inovação

Incentivos aos docentes para inovação, com foco em


publicação científica, incentivando às atividades de
inovação na progressão dos docentes e avaliação dos
programas de pós-graduação
Conhecimento técnico, jurídico e comercial para a
38

proteção da PI e da TT

1.Pesquisa científica: característica da pesquisa e


comunicação de invenção; 2. estabelecimento de
parcerias, com foco na prospecção de parcerias e nos seus
Ações inerentes ao ambiente obstáculos; 3.Gestão da PÌ: atividades no percurso do
Atividades universitário que propiciam, de forma registro da PI em âmbito nacional ou internacional e
indireta ou direta, a inovação abandono da PI; 4.Gestão de projetos: triagem dos
projetos para potencial geração de PI e trâmite de
projetos e 5.formação discente/docente para o
empreendedorismo e inovação
Resultado de processo considerado 1.Produtos intermediários: PI requerida; características
produto intermediário quando da PI requerida. 2. Produtos finais: geração de spin-offs;
desdobrável ou necessário à etapa publicações científicas; empresas com relacionamento
subsequente, consubstanciada como com PCT e incubadoras; transferência de conhecimento
produto final na cadeia de inovação, pela prestação de serviços; transferência de tecnologia de
atrelados ou não à propriedade PI. 3.Inovação resultante de projeto de pesquisa e
Produtos intelectual prestação de serviço
Agentes públicos, privados e 1.Pessoas jurídicas parceiras do contrato de TT; pessoas
sociedade em geral que se apropriam jurídicas parceiras das PIs (cotitulares); PJ parceiras de
da inovação gerada no ecossistema da projetos de pesquisa e prestação de serviços e PJ
Clientes universidade parceiras de publicação
1. Inovação nas empresas: taxa de rentabilização e tempo
para rentabilização de PIs. 2 Receitas arrecadas pela
Externalidades positivas às dimensões rentabilização da PI. 3. Impacto local, regional, nacional
econômicas e sociais geradas pelas da TT. 4. Participação das IFES no balanço nacional de
Impacto atividades de inovação PI
Contribuições da Universidade para a
agregação de valor da cadeia Fortalecimento do elo Universidade-estado-empresa
Valor público produtiva
Fonte: elaborado pela autora segundo o Painel Economia da Inovação nas IFES - CGU.

Segundo o painel da CGU, as dimensões se relacionam conforme o seguinte canvas de


governança:
Figura 1 - Canvas de governança para a Inovação nas IFES
39

Fonte: Painel de Inovação CGU (2022).

A Confederação Brasileira de Empresas Juniores do Brasil – Brasil Júnior – elaborou o


Ranking das Universidades Empreendedoras (RUE). A arquitetura do ranking foi concebida
por meio uma consulta a 4 mil estudantes a respeito das características que mais contribuem
para que uma Instituição de Ensino Superior seja mais empreendedora aliada à concepção de
ecossistema empreendedor desenvolvido pela Babson College em que seis domínios estão
sempre presentes em um ecossistema autossustentável: política, mercado, capital, habilidades
humanas, cultura e apoio. Assim, a Brasil Júnior chegou em seis dimensões do ecossistema
empreendedor universitário: Extensão, Inovação, Cultura Empreendedora, Infraestrutura,
Internacionalização e Capital Financeiro (BRASIL JÚNIOR, 2021).
O Ranking das Universidades Empreendedoras iniciou em 2016 e originariamente era
anual, mas após a edição de 2017 passou a ser bianual, pois a organização percebeu que as
universidades tinham poucas mudanças estruturais (BRASIL JÚNIOR, 2019). O RUE é
direcionado ao ranqueamento de IES brasileiras e é realizado a partir da coleta e análise de três
fontes: a) pesquisa de percepção dos discentes; b) alunos voluntários – embaixadores – buscam
informações autodeclaradas pelas universidades e c) base de dados complementares (BRASIL
JÚNIOR, 2022).
De acordo com a Brasil Júnior (2019, p. 22) a “Universidade Empreendedora é a
comunidade acadêmica, medida por meio de sua cultura empreendedora. Ela deve estar inserida
em um ecossistema favorável que significa ter: infraestrutura, capital financeiro e
internacionalização de boas práticas e projetos”. Desse modo, a metodologia do Ranking
considera que as dimensões Extensão, Inovação e Cultura empreendedora são as que mensuram
o grau de empreendedorismo da Instituição de Ensino Superior e as dimensões Infraestrutura,
Capital Financeiro e Internacionalização oferecem as condições para o protagonismo
acadêmico medindo assim os meios para o empreendedorismo na IES (BRASIL JÚNIOR,
2022). Cada área possui indicadores próprios, conforme figura abaixo:
40

Figura 2 – Estrutura do Ranking das Universidades Empreendedoras de 2019

Fonte: Brasil Júnior (2019).

A arquitetura do Ranking é revisada a cada edição, mas as seis dimensões compõem a


estrutura principal desde o primeiro ano, já os indicadores sofreram algumas alterações ao longo
do tempo. Na edição do RUE de 2017 o indicador “disciplinas de empreendedorismo” da
dimensão Cultura empreendedora foi substituído pela “avaliação da matriz curricular”
(BRASIL JÚNIOR, 2017). A edição de 2019 acrescentou a altimetria como indicador da
Extensão e atribuiu maior peso às empresas juniores dentro do indicador “rede”. Além disso, a
dimensão Inovação teve as bases de dados e as métricas dos indicadores alterados. (BRASIL
JÚNIOR, 2019). Já a edição do Ranking de 2021 adicionou indicadores referentes ao ensino
remoto, além de modificações de critérios de alguns indicadores devido à situação de pandemia
(BRASIL JÚNIOR, 2021).
De forma geral, para a Confederação Brasileira de Empresas Juniores uma universidade
empreendedora precisa oferecer espaços de qualidade e adequados para a realização das
atividades. Dessa maneira, a dimensão da Infraestrutura é avaliada pela percepção dos alunos
quanto à qualidade da infraestrutura física como a dos laboratórios de experimentação, de
informática, salas de aula, biblioteca, espaços de convivência, transporte interno e ambientes
de inovação; a dimensão também busca mensurar a disponibilidade da internet (BRASIL
JÚNIOR, 2021).
41

Outro indicador que compõe a avaliação da Infraestrutura é a existência e/ou parceria


com o Parque Tecnológico local. A percepção dos discentes é coletada por meio de um
formulário on-line sobre cada um desses itens com as seguintes opções de respostas: péssima,
ruim, razoável, boa, excelente, não possui e não observado (BRASIL JÚNIOR, 2021).
No Ranking das Universidades Empreendedoras, a dimensão Internacionalização visa
avaliar a conexão da IES com o ecossistema internacional. Para tanto, analisa-se as
oportunidades de intercâmbio, o desenvolvimento de soluções inovadoras em parceria com
instituições internacionais de ensino bem como o número de artigos produzidos com
colaboração internacional (BRASIL JÚNIOR, 2019). Os dados sobre intercâmbio e parcerias
internacionais são coletados pelos embaixadores, já os dados sobre os artigos são extraídos da
Web Of Science/InCites (BRASIL JÚNIOR, 2019).
O capital financeiro possui extrema importância, segundo o RUE, uma vez que o
investimento em iniciativas empreendedoras e inovadoras tende a alavancar o ecossistema ao
proporcionar as condições básicas de infraestrutura e de pessoal a fim de apoiar tais iniciativas
(BRASIL JÚNIOR, 2019). A avaliação desta dimensão é composta por dois indicadores: o
orçamento total da universidade que é dividido pelo número total de alunos, informação
coletada pelos embaixadores; e pela existência de fundo patrimonial que é mantido pela
sociedade e demonstra uma forma de diversificação da receita (BRASIL JÚNIOR, 2019).
A dimensão da Cultura empreendedora avalia a postura empreendedora da comunidade
acadêmica que é entendida como a “proatividade para resolver problemas, assumindo riscos e
aproveitando oportunidades” (BRASIL JÚNIOR, 2019, p. 66). Isso envolve o desenvolvimento
de competências nos discentes que perpassa pela exploração da matriz curricular bem como
pela postura empreendedora docente. Os dados dessa dimensão são as percepções dos alunos
que são extraídas por meio de declarações em que os respondentes informam se concordam,
discordam ou são indiferentes (BRASIL JÚNIOR, 2021).
As afirmações são relacionadas às características empreendedoras e postura
empreendedora presentes nos alunos e professores; também se questiona se o aluno participa
de algum projeto da Universidade e se o professor tem alguma experiência com o mercado de
trabalho. A respeito da grade curricular, os discentes respondem acerca da contribuição da
metodologia de ensino e da grade curricular para o desenvolvimento das competências
empreendedoras bem como da flexibilidade para participação em atividades extracurriculares
(BRASIL JÚNIOR, 2019).
42

A dimensão Inovação está relacionada diretamente ao desenvolvimento de tecnologias


e conhecimento na Universidade (BRASIL JÚNIOR, 2022). E a partir de 2019 tal dimensão
passou a ser avaliada conforme quadro abaixo:

Quadro 4 - Indicadores e subindicadores da Inovação segundo o Ranking das Universidades


Empreendedoras.

Indicador Subindicador Definição Fonte

Pesquisa Citações Número de citações por artigo Web of


science/InCites

Produção Volume de produção científica para cada -


100 alunos na IES

Patentes - Número de patentes depositadas pela WIPO


universidade em um período de 10 anos

Proximidade IES- Empresas incubadas Número de empresas incubadas para cada Própria IES
empresa 1000 alunos na IES.

Resultados das ICTs Número de acordos de parcerias Própria IES


realizadas entre as instituições e ICTs para
cada 100 alunos, recebendo um fator
multiplicador que seja proporcional ao
valor toral dos acordos (R$).

Situação do NIT Analisa a situação de implementação (ou Própria IES


não) do Núcleo de Inovação Tecnológica
(NIT) na IES, atribuindo 10 para as ICTs
que declaram a existência do NIT e 5 para
os que estão em processo de
implementação

Fonte: Almeida; Maricato (2021).

Percebe-se que a maioria das atividades avaliadas por essa dimensão são executadas
pelos Núcleos de Inovação Tecnológica, ambientes responsáveis pela criação e identificação de
spin-offs e comercialização de patentes como também facilitam a interação entre unidades de
pesquisa e empresa (COMPAGNUCCI; SPIGARELLI, 2020).
Por fim, a dimensão Extensão está relacionada, conforme o Ranking, ao
compartilhamento do conhecimento produzido na universidade com o público externo e de
43

acordo com a pesquisa de percepção realizada, a extensão é essencial para o desenvolvimento


do empreendedorismo universitário (BRASIL JÚNIOR, 2021). Três indicadores compõem
essa dimensão: i) rede - revela como as organizações estudantis com representatividade
nacional são vistas, sendo elas a Associação Internacional de Estudantes de Economia e
Ciências Comerciais (AIESEC), Brasil Júnior e Enactus (nome originado das palavras
entrepreneurial; act e us).
As empresas juniores correspondem a 80% da nota, enquanto a existência de escritórios
da AIESEC e Enactus correspondem a 10% cada um; ii) ações de extensão cadastradas na
universidade dividido pelo número de alunos; e iii) altimetria que se dispõe a avaliar o impacto
das produções científicas no ambiente online, como compartilhamentos e menções em mídias
sociais (BRASIL JÚNIOR, 2021).
Há outros rankings universitários com temas correlatos à inovação e ao
empreendedorismo. As tentativas de medir o desempenho das IES em suas missões têm sido
feitas por meio de métricas globais altamente divulgadas, conhecidas como rankings
universitários globais (LANDINEZ et al, 2019). Um deles é o Times Higher Education (THE),
o qual avalia as universidades intensivas em pesquisa nas suas principais missões: ensino,
pesquisa, transferência de conhecimento e perspectiva internacional (THE, 2022). Os 13
indicadores do ranking THE do ano de 2022 estão agrupados em cinco áreas e balanceados nas
proporções indicadas no quadro 5:

Quadro 5 - Área, indicadores e proporção do ranking Times Higher Education 2022


Área Indicadores Proporção
Ensino (ambiente de Reputação da instituição, 36%
aprendizagem) proporção de funcionários/ alunos,
proporção de doutorado/
bacharelado, proporção de
doutorado/funcionários e renda
institucional
Pesquisa Volume; receita; reputação 34%
Citações (influência da pesquisa) Número médio de vezes que o 20%
trabalho publicado de uma
universidade é citado por
acadêmicos em todo o mundo
Internacionalização Proporção de estudantes 7,5%
internacionais, proporção de
44

funcionários internacionais e
colaboração internacional
Renda da Indústria Receita de pesquisa que uma 2,5%
instituição ganha da indústria
(ajustada para Paridade do Poder de
Compra) em relação ao número de
funcionários que ela emprega.
Fonte: Elaborado pela autora com base no THE (2022) e em Almeida; Maricato (2021).

O ranking THE também elabora uma tabela de desempenho das universidades a partir
dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas (ONU)1. O ODS
número 9 se refere à indústria, inovação e infraestrutura, o ranking mede, então, a pesquisa das
universidades sobre indústria e inovação, seu número de patentes e empresas derivadas e sua
receita de pesquisa da indústria (THE, 2022). As métricas dessa avaliação podem ser
observadas no quadro 6.

Quadro 6 - Métricas de avaliação das universidades em relação ao ODS 9 segundo o ranking


THE 2022
Métrica e proporção Indicador Coleta de dados
Pesquisa sobre indústria, inovação e Medição do volume das pesquisas Conjunto de dados Scopus da
infraestrutura (11,6%) produzidas Elsevier, com base em uma
consulta de palavras-chave
associadas ao ODS 9 e
complementados por
publicações adicionais
identificadas por inteligência
artificial.

Patentes citando pesquisas Número de patentes de qualquer Os dados são fornecidos pela
universitárias (15,4%) fonte que citam pesquisas realizadas Elsevier e referem-se a
pela universidade. patentes publicadas entre 2016
e 2020. As patentes são
provenientes da Organização
Mundial da Propriedade
Intelectual, do Escritório
Europeu de Patentes e dos
escritórios de patentes dos
EUA, Reino Unido e Japão
Spin-offs de universidades (34,6%) Spin-offs que foram estabelecidas Dados fornecidos pela
em ou após 1º de janeiro de 2000. universidade
Elas devem ter sido estabelecidas há

1
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são uma agenda mundial adotada durante a Cúpula das
Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável em setembro de 2015, composta por 17 objetivos e 169
metas a serem atingidos até 2030 (ESTRATÉGIA ODS, 2022). Os ODS contemplam um plano de ação para acabar
com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar
de paz e de prosperidade (NAÇÕES UNIDAS BRASIL, 2022).
45

pelo menos três anos e ainda estar


ativas.
Renda de pesquisa da indústria Mede a quantidade de receita de Os dados são ponderados por
(38,4%) pesquisa que uma instituição recebe assunto em três grandes áreas:
da indústria, ajustada pela paridade Ciência, Tecnologia,
do poder de compra (PPP), em Engenharia e Matemática
relação ao número de funcionários (STEM – sigla em inglês);
que ela emprega. medicamento; e artes,
humanidades e ciências
sociais. Isso é comparado ao
número de funcionários
equivalentes em tempo
integral em cada área.
Fonte: elaborado pela autora com base no THE (2022).

Tanto na métrica “Patentes citando pesquisas” quanto na “spin-offs de universidades”


os dados são normalizados usando a pontuação Z2. A métrica “Renda de pesquisa da indústria”
reflete a capacidade da universidade de gerar novas receitas de pesquisa da indústria e do
comércio e também é utilizada no Times Higher Education World University Rankings (THE,
2022b).
O Edurank também é um ranking mundial de universidades e a pontuação final consiste
em três partes. A primeira parte denomina-se “Desempenho de pesquisa” e representa 45% dos
pontos, para fazer a avaliação desse item usa-se o banco de dados Microsoft Academic como
proxy para recuperar publicações científicas e ligações entre elas (citações). A partir disso, cria-
se um gráfico com publicações como nós e citações como arestas para calcular o peso de cada
publicação. Em seguida, ajusta-se esse peso para a data de publicação e participação de
representantes da universidade na lista de autores (EDURANK, 2022).
A segunda parte mede o “Destaque não acadêmico” e corresponde 45% da pontuação
final e consiste em calcular a reputação de páginas da Web individuais - backlinks para uma
universidade de outros sites usando a mesma abordagem de mecanismos de pesquisa. O
terceiro indicador é a pontuação dos ex-alunos, corresponde a 10% da pontuação final do
ranking e busca refletir o número combinado de visualizações de página que os graduados de
uma universidade e outros indivíduos afiliados têm (EDURANK, 2022).

2
Um z-score é o número de desvios padrão em relação à média de um ponto de informação (DATA SCIENCE,
2022).
46

O Edurank também elabora rankings por região e áreas específicas de pesquisa. Assim,
o ranking traz a lista de universidades com base no desempenho em pesquisa em
empreendedorismo, por exemplo. Para isso, foi usado um gráfico de 1,74 milhão de citações
recebidas por 44,8 mil trabalhos acadêmicos feitos por 748 universidades no mundo para
calcular as classificações das publicações, que foram ajustadas para datas de lançamento e
adicionadas às pontuações finais (EDURANK, 2022b).
O QS World University Ranking é um ranking internacional universitário que fornece
informações da qualidade do ensino, população estudantil, fatores de empregabilidade, pesquisa
e diversidade e também é possível comparar a reputação de universidades em todo o mundo e
filtrar a seleção por categoria e região (QS RANKING, 2022a). Os indicadores desse ranking
podem ser vistos no quadro 7.

Quadro 7 - Indicadores do QS Ranking 2022


Indicador e proporção O que mede
Reputação acadêmica (40%) Analisa a qualidade do ensino e da pesquisa a partir
de 130 mil opiniões de especialistas de ensino
superior
Reputação do empregador (10%) Avalia-se como as instituições preparam os alunos
para carreiras de sucesso e quais instituições
fornecem os graduados mais competentes,
inovadores e eficazes.
Relação corpo docente/aluno (20%) Avalia-se como as universidades fornecem aos
alunos acesso significativo a professores e tutores.
Citações por corpo docente (20%) Mede-se a qualidade da pesquisa universitária com
uma métrica de citação por corpo docente,
considerando o número total de citações acadêmicas
em artigos produzidos por uma universidade em um
período de cinco anos.
Proporção de estudantes internacionais e professores Demonstra a capacidade de atrair estudantes e
internacionais (10%) funcionários de qualidade de todo o mundo e implica
uma visão altamente global. Instituições
internacionais fortes proporcionam um ambiente
multinacional, construindo afinidades internacionais
e consciência global.

Fonte: elaborado pela autora segundo o QS Ranking (2022a).

O indicador “reputação do empregador” é baseado em 75 mil respostas à QS Employer


Survey e é composto pelas seguintes métricas:
a. Resultados dos ex-alunos que correspondem a 25% da pontuação do indicador. A
métrica foi feita com base na análise de mais de 40.000 dos indivíduos mais inovadores,
criativos, ricos, empreendedores e/ou filantrópicos do mundo para estabelecer quais
universidades estão formando indivíduos que mudam o mundo. Vale ressaltar que uma
47

ponderação maior é aplicada aos indivíduos apresentados em listas voltadas para perfis
mais jovens, para garantir um alto nível de relevância contemporânea. Ademais, as
licenciaturas têm um peso superior às pós-graduações, uma vez que se assume que as
fases iniciais do processo de aprendizagem no ensino superior são mais formativas para
estabelecer a empregabilidade de um indivíduo (QS RANKING, 2022b).
b. Parcerias com Empregadores por Faculdade que representa 25% dos pontos da
Reputação do Empregador. Tal métrica é balizada pelo banco de dados Scopus da
Elsevier para estabelecer quais universidades estão colaborando com sucesso com
empresas globais para produzir pesquisas transformadoras e citáveis. Apenas empresas
distintas que produzem dois ou mais trabalhos colaborativos em um período de cinco
anos (2015-2019) estão incluídas na contagem. E também considera as parcerias
relacionadas a estágios que são relatadas pelas instituições e validadas pela equipe de
pesquisa do QS. Ambos os números são ajustados para levar em conta o número de
professores em cada universidade e, em seguida, combinados em um índice composto
(QS RANKING, 2022b).
c. Conexões empregador/aluno que corresponde 10% da pontuação e abrange a soma do
número de empregadores individuais que estiveram ativamente presentes no campus de
uma universidade nos últimos doze meses, proporcionando aos alunos a oportunidade
de interação e de acesso a informações. Essa contagem é ajustada pelo número de
alunos, levando em conta o porte de cada instituição. A presença do empregador
também aumenta as possibilidades que os alunos têm de participar de estágios de início
de carreira bem como oportunidades de pesquisa. Além disso, esta presença mais ativa
pode resultar em participação em feiras de carreiras, organização de apresentações de
empresas ou quaisquer outras atividades de autopromoção (QS RANKING, 2022b).
d. Taxa de emprego de pós-graduação representa 10% do indicador principal e
compreende a medição da proporção de graduados em empregos de tempo integral ou
parcial dentro de 12 meses após a formatura (excluindo aqueles que optam por continuar
os estudos ou indisponíveis para trabalhar). Para calcular as pontuações, é levado em
conta a diferença entre a taxa de cada instituição e a média do país em que estão
sediadas. Para evitar anomalias expressivas, os resultados são ajustados pelo intervalo
entre os valores máximos e mínimos registrados em cada país ou região. Isso explica o
fato de que o desempenho econômico do país em que a universidade está situada afeta
a capacidade desta em promover a empregabilidade (QS RANKING, 2022b).
48

Outra abordagem multidimensional de universidades é o U-Multirank (UMR) que é uma


ferramenta que possibilita a criação de rankings pelos usuários. O desempenho das
universidades é comparado em cinco dimensões: (1) atividade universitária; (2) pesquisa; (3)
transferência de conhecimento; (4) orientação internacional e (5) engajamento regional (U-
MULTIRANK, 2022). Assim que os dados são coletados, a avaliação é realizada a partir de
grupos de ranqueamento que vai do “muito bom” ao “fraco” para cada um dos 36 indicadores
correspondentes às cinco dimensões (MORANDIN et al, 2020).
O quadro 8 apresenta os indicadores e as fontes de informações das dimensões
“Transferência de Conhecimento” e “Engajamento Regional” visto que trazem inovações em
relação a outros rankings globais universitários (MORANDIN et al, 2020):

Quadro 8 - Indicadores e fonte das dimensões Transferência de Conhecimento e Engajamento


regional segundo o U-Multirank 2022
Dimensão Indicador Fonte
Renda de fontes privadas Questionário institucional
Spin-offs Questionário institucional
Renda de desenvolvimento profissional
contínuo Questionário institucional
Empresas de pós-graduação Questionário institucional
CWTS/Thomson Reuters -Web of
Co-publicações com parceiros industriais Science Core Collection
Patentes concedidas (% absoluto) CWTS/PATSTAT database
Patentes concedidas (tamanho
normalizado) CWTS/PATSTAT database
Transferência de
Co-patentes da indústria CWTS/PATSTAT database
conhecimento
CWTS/Thomson Reuters -Web of
Publicações citadas em patentes Science Core Collection
Percentagem de teses de mestrado
realizadas em cooperação com
organizações privadas
Dissertações de mestrado com (empresas/outras organizações
organizações regionais externas).

Percentagem de teses de bacharelado


realizadas em cooperação com
organizações privadas
Teses de bacharelado com organizações (empresas/outras organizações
regionais externas).
Estágio estudantil na região Questionário institucional
CWTS/Thomson Reuters -Web of
Publicações conjuntas regionais Science Core Collection
Engajamento regional
Renda de fontes regionais Questionário institucional
Graduados trabalhando na região Questionário institucional
Mestres trabalhando na região Questionário institucional
49

Publicações Regionais com Parceiros


Industriais CI, SSCI and AHCI of We of Science
Fonte: elaborado pela autora com base no U-Multirank (2022).

Os dados subjacentes ao indicador “Publicações citadas em patentes” são coletados da


edição licenciada da Centre for Science and Technology Studies (CWTS) do banco de dados da
Worldwide Patent Statistical Database (PATSTAT). Os dados brasileiros pré-preenchidos
foram recuperados das bases de dados abertas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP) (U-
MULTIRANK, 2022).
Um outro ranqueamento de universidades é o Ranking Universitário Folha (RUF) que
desde 2012 avalia as universidades brasileiras credenciadas no Ministério da Educação e
também classifica os cursos de graduação. O RUF busca medir a qualidade das instituições de
ensino superior do Brasil em suas diferentes missões, partindo de metodologias utilizadas em
rankings internacionais, porém com adaptações para o cenário nacional. Assim, o ranking
universitário é elaborado com base em cinco indicadores: pesquisa, ensino, mercado,
internacionalização e inovação (MORANDIN et al, 2020). A figura 3 apresenta a composição
do ranking da edição de 2019:
50

Figura 3- Indicadores, componentes, peso e fonte dos dados utilizados pelo RUF 2019

Fonte: Morandin et al (2020).


Nota: SCIELO (Scientific Electronic Library Online); Inep-MEC (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira-Ministério da Educação); CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico); Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes); INPI (Instituto Nacional da Propriedade
Industrial).

Observa-se que as fontes de informação reúnem bases de dados públicas nacionais e


internacionais e as pesquisas de opinião que são realizadas pelo Instituto Datafolha
(ALMEIDA; MARICATO, 2021). O indicador “Mercado”, por exemplo, foi mensurado a partir
da opinião de 5.549 profissionais da área de Recursos Humanos de todo o Brasil (MORANDIN
et al, 2020).
Quanto ao indicador “Inovação”, Almeida e Maricato (2021) esclarecem que o
componente “patentes” refere-se ao número de patentes pedidas pela universidade em 10 anos
com base no INPI; já o componente “parcerias com empresas” é balizado pela quantidade de
estudos publicados pela universidade em colaboração com o setor produtivo entre 2010 a 2016,
consoante a Web of Science. Argumenta-se que há uma certa fragilidade do RUF em relação ao
peso desse indicador e à forma como ele é mensurado (ALMEIDA; MARICATO, 2021), outro
51

apontamento relaciona-se aos índices que consideram os números totais sem considerar o
tamanho da instituição (MONDARIN et al, 2020).
52

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nesse capítulo serão abordados os procedimentos metodológicos realizados para atingir


os objetivos descritos anteriormente neste trabalho. Os procedimentos metodológicos são
constituídos por técnicas e instrumentos e suas respectivas justificativas de contribuição para a
pesquisa (PRADANOV; FREITAS, 2013).
Este trabalho adota a concepção pragmática, segundo os conceitos de visão de Creswell
(2010), sendo orientado para resolução de problemas reais e preocupada com aplicações que
funcionem.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa pode ser definida como o processo formal e sistemático de desenvolvimento


do método científico (GIL, 2008). Marconi e Lakatos (2003) acrescentam que a pesquisa
também é um processo reflexivo e trata-se de um caminho para descobrir verdades parciais ou
para conhecer a realidade, sendo os métodos científicos procedimentos técnicos e intelectuais
para se alcançar um objetivo e gerar conhecimento (GIL, 2008). Assim, o trabalho enquadra-se
na modalidade científica pois visa desenvolver um método de análise de um problema
(WEBER, 2018) e expandir o conhecimento em uma determinada área.
No processo de pesquisa desse trabalho, observou-se a lacuna de conhecimento sobre
temas como dimensões, características e indicadores para avaliação das universidades
empreendedoras brasileiras. Dessa forma, a presente pesquisa tem natureza aplicada, consoante
Marconi e Lakatos (2003), visto que se utiliza de uma metodologia própria que resulta em uma
aplicação prática em uma área trabalhada na literatura.
Quanto à abordagem, possui uma abordagem qualitativa pois, para Gil (2008), a
natureza qualitativa destina-se a pesquisas onde há a interpretação do investigador quanto ao
sujeito e ao meio estudado. A pesquisa qualitativa pode ser entendida como um meio de
entender os significados dos sujeitos explorados e análise é construída a partir das
especificidades do tema e interpretação do pesquisador sobre os significados dos dados
(CRESWELL, 2010).
Ademais, esta pesquisa é definida como exploratória quanto aos objetivos, já que
desenvolve e esclarece conceitos e ideias referentes a um tema (GIL, 2008), aumentado a
familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno (MARCONI; LAKATOS,
2003).
53

A utilização da técnica do Grupo Focal (GF) caracteriza os procedimentos da pesquisa.


Trata-se de uma técnica de coleta de dados qualitativos por intermédio de entrevistas em grupo
onde se pretende avaliar nas discussões os sentimentos, preferências e atitudes dos participantes
(ASCHIDAMINI; SAUPE, 2004; OLIVEIRA et al, 2008).

Quadro 9- Caracterização da pesquisa

Tipos de caracterização Forma adotada


Modalidade Científica
Abordagem Qualitativa
Natureza Aplicada
Objetivos Exploratória
Procedimentos Grupo Focal
Fonte: elaborada pela autora (2022).

A seção a seguir apresentará as fases da pesquisa a partir da orientação da caracterização


descrita.

3.2 FASES DA PESQUISA

A pesquisa se dividiu em 5 fases para o cumprimento dos objetivos da pesquisa. O


quadro 10 resume a presente seção.

Quadro 10- Fases da pesquisa

Fases Etapas

1) Busca de informações acerca da 1) Pesquisa bibliográfica acerca do conceito de UE;


avaliação das universidades
empreendedoras 2) Revisão sistemática da literatura a fim de
compreender as dimensões das universidades
empreendedoras;

3) Análise documental sobre os rankings e


frameworks das universidades empreendedoras a fim
de identificar o estado da arte.
54

2) Identificação das dimensões 1) identificação das dimensões trazidas pelos 27 artigos


analisados na revisão de literatura;
2) identificação das dimensões dos 11 instrumentos de
avaliação investigados;
3) computação total das dimensões obtidas pela
literatura e computação das dimensões encontradas nos
rankings e frameworks;
4) verificação de dimensões abordadas pelas duas
fontes de pesquisa e
5) agrupamento de termos semelhantes e sinônimos
6) descrição das dimensões.

3) Identificação das características 1) Análise de cada dimensão

2) Aprofundamento conceitual de cada característica


apontada pela literatura

4) Identificação dos indicadores 1) Identificação de indicadores na literatura;


2) Identificação de indicadores nos rankings e
frameworks;
3) Associação dos indicadores às dimensões e
características encontradas nas fases anteriores.

5) Grupo Focal 1) Envio de formulário on-line

2) Reunião do GF

Fonte: elaborado pela autora (2022)

3.2.1 Fase 1 da pesquisa: Compreensão das universidades empreendedoras e suas


dimensões de avaliação

A fase 1 da pesquisa destinou-se a buscar informações acerca da avaliação das


universidades empreendedoras para construir a fundamentação teórica, descrita no capítulo 2
deste trabalho. Para tanto, essa fase foi caracterizada por três etapas. A primeira etapa da fase
1 consistiu na realização de uma pesquisa bibliográfica para compreender o conceito das
universidades empreendedoras.
A segunda etapa da fase 1, constituiu-se na realização de uma revisão sistemática da
literatura para compreender as dimensões de avaliação das universidades empreendedora a
55

partir de buscas sistematizadas nas bases Scopus e Web of Science pela relevância para área de
inovação e afins que se dispõem dentro de sua multidisciplinariedade.
A busca foi realizada em março de 2022 e resultou em 60 artigos na base de dados Web
of Science e 54 artigos na Scopus, totalizando 114 artigos com as seguintes palavras nos títulos,
resumos e palavras-chaves: "entrepreneurial universit*" AND "dimension*" a fim de analisar
as dimensões que compõem a avaliação de uma Universidade Empreendedora. Após, foi
realizada uma seleção dos artigos para formação do corpus de pesquisa e a busca analítica na
avaliação integral dos artigos, caracterizando sua elegibilidade para análise que finalizou em
julho de 2022.
Os critérios de elegibilidade foram baseados nos procedimentos da metodologia
PRISMA (2009). Os artigos científicos da pesquisa foram incluídos no corpus de pesquisa
considerou:
● Campo – aderência com o objetivo da pesquisa – foco do estudo na discussão do
termo dimensões da universidade empreendedora;
● Desenho do estudo – considerados elegíveis estudos teóricos e estudos
empíricos;
● Ano de publicação – não foram estipulados recortes temporais.
● Idioma – considerados estudos escritos em inglês e português;
● Status de publicação – incluídos apenas artigos originais de periódicos revisados
por pares sem restrição de áreas.

Eliminando as duplicidades e usando os critérios de exclusão chegou-se a um número


de 27 artigos elegíveis. A figura 4 ilustra a revisão sistema de literatura realizada:
56

Figura 4- Revisão sistemática de literatura

Fonte: elaborada pela autora (2022).

A partir da análise dos 27 artigos elegíveis foi possível verificar as dimensões,


características e indicadores com foco em universidade empreendedora trazidos pela literatura.
Em sequência, foi executada a etapa 2) da fase 1, que se constitui de uma análise documental
dos rankings e frameworks de avaliação das instituições de ensino superior com ênfase na
temática de universidades empreendedoras disponíveis na web a fim de identificar dimensões,
características e indicadores.
A terceira etapa da fase 1, consistiu-se na realização de análise documental de
instrumentos de avaliação para identificar os aspectos das universidades empreendedoras. A
partir do entendimento do conceito da UE da primeira fase, buscou-se por instrumentos de
avaliação que contemplassem a atuação empreendedora universitária. A busca resultou em 11
ferramentas de avaliação: três frameworks: OCDE (2012), Heinnovate e Painel Economia da
Inovação CGU; e oito rankings: Ranking Universitário Folha (RUF); Ranking das
Universidades Empreendedoras (RUE); Times Higher Education (THE) ranking; Subranking
THE ODS 9, QS world university, QS Employer Survey, Edurank e U-multirank. Alguns desses
instrumentos foram trazidos pelos autores da revisão de literatura como o framework da OCDE,
o Heinnovate e o U-multirank. Sendo os demais, selecionados pela relevância na temática
abordada no âmbito nacional e internacional. No que se refere aos dados do Painel da CGU, os
mesmos foram consultados por intermédio da Secretaria de Inovação da Universidade Federal
de Santa Catarina.
57

3.2.2 Fase 2 - Identificação das dimensões das Universidades Empreendedoras

A partir dos resultados encontrados, foi realizada a fase 2 por meio da qual foi possível
identificar as dimensões das universidades empreendedoras. As dimensões podem ser
entendidas como variáveis de análise. Tais informações foram sintetizadas pelas seguintes
etapas: 1) identificação das dimensões das universidades empreendedoras coletadas a partir da
leitura completa dos 27 artigos encontrados na revisão sistemática de literatura. A partir da
revisão foi possível verificar na literatura as variáveis de análise que os autores consideram
relevantes para uma atuação empreendedora das universidades, possibilitando assim, identificar
as dimensões disponíveis no âmbito acadêmico.
A etapa 2) configura-se na identificação das dimensões das universidades
empreendedoras a partir da leitura das metodologias dos 11 instrumentos de avaliação
investigados foi possível coletar as dimensões disponíveis no mercado; na etapa 3) realizou-se
a computação total das dimensões obtidas pela literatura e computação das dimensões
encontradas nos rankings e frameworks a fim de identificar o estado da arte nesta temática e
assim ter um olhar holístico da avaliação das universidades empreendedoras.
A etapa 4) dedicou-se a verificar quais dimensões eram abordadas tanto pela literatura
quanto pelos instrumentos de avaliação com objetivo de identificar as convergências de
mensuração das UE na esfera acadêmica e mercadológica; na etapa 5) foi realizado um
agrupamento de termos semelhantes e sinônimos, visto que se observou muitos temas que
traziam o mesmo escopo de análise, o agrupamento está detalhado na seção 4.1; e a etapa 6)
consistiu na descrição das dimensões com base nas descrições e nos exemplos fornecidos pelos
autores e pelas ferramentas de avaliação estudadas.

3.3.3 Fase 3 - Identificação das características das Universidades Empreendedoras

A fase 3 da pesquisa dedicou-se a identificar as características das universidades


empreendedoras. A característica é entendida como uma qualidade distintiva fundamental.
A primeira etapa dessa fase consistiu na análise da descrição de cada dimensão apontada
ao final da fase anterior, em que foi possível coletar as características das universidades
empreendedoras. E na segunda etapa da fase 3 realizou-se o aprofundamento conceitual a partir
de uma pesquisa bibliográfica de cada característica encontrada na etapa 1 dessa fase.
58

3.3.4 Fase 4 - Identificação dos indicadores das Universidades Empreendedoras

Na sequência, foi possível seguir para a fase 4 que busca identificar os indicadores para
avaliação das universidades empreendedoras. Entende-se que o indicador é uma medida, de
ordem quantitativa ou qualitativa, dotada de significado particular e utilizada para organizar e
captar as informações relevantes dos elementos que compõem o objeto da observação. É um
recurso metodológico que informa empiricamente sobre a evolução do aspecto observado.
(FERREIRA; CASSIOLATO;GONZALES, 2009).
Para tanto, essa fase foi constituída por 3 etapas: 1) identificação de indicadores na
literatura a partir dos achados da revisão sistemática de literatura; 2) identificação de
indicadores nos rankings e frameworks a partir das métricas utilizadas pelos instrumentos de
avaliação e 3) associação dos indicadores às dimensões e características encontradas nas fases
anteriores com base na descrição e conceituação realizadas nas fases anteriores.

3.3.5 Fase 5 - Grupo Focal

Por fim, a fase 5 caracteriza-se pela utilização da técnica do Grupo Focal para apoio às
definições das dimensões, características e indicadores para avaliação das universidades
empreendedoras. Tal fase foi realizada em duas etapas: 1) envio de questionário online
(Apêndice A) aos especialistas para a primeira coleta de informações e 2) realização de reunião
do grupo focal.
O Grupo Focal, conforme apresentado anteriormente nesta seção, operacionaliza-se em
torno da discussão do tema de pesquisa em suas mais variadas dimensões dentro de um processo
de interação e participação dos envolvidos (TRENTINI; GONÇALVES, 2000; OLIVEIRA et
al, 2008). É composto por um moderador, um observador e pelos participantes que se encontram
por um período em torno de um tema de interesse a fim de capturar informações e percepções
acerca da pesquisa (LEOPARDI et al, 2001; ASCHIDAMINI; SAUPE, 2004; OLIVEIRA et
al, 2008).
Nesse contexto, o moderador, para proporcionar uma discussão produtiva, precisa ter o
domínio máximo dos tópicos relevantes sobre o conteúdo, deve limitar suas intervenções a fim
de possibilitar que a discussão flua e intervir apenas para introduzir novas questões e facilitar a
condução do processo (MORGAN, 1997). Assim como o moderador, o observador tem
59

fundamental importância para o sucesso da técnica de GF (DALL’AGNOL; TRENCH,1999).


O papel do observador consiste em auxiliar o moderador na anotação verbais e não verbais do
grupo, cultivar a atenção da reunião e se atentar às questões técnicas audiovisuais
(ASCHIDAMINI; SAUPE, 2004).
No que diz respeito ao tamanho do grupo focal, Chiesa e Ciampone (1999) declaram
que o número ideal é de seis a doze pessoas, já Dall’agnol e Trench (1999), Iervolino e Pelicione
(2001) e Meier e Kudlowiez (2003) alegam que o tamanho do grupo deve estar adaptado aos
objetivos da tarefa. Outro ponto a se considerar é a seleção dos participantes que deve estar
alinhada com os propósitos definidos pelo pesquisador, sendo um procedimento relevante tendo
em vista que afetará na capacidade de contribuição com os objetivos da pesquisa
(ASCHIDAMINI; SAUPE, 2004). Critérios como sexo, idade, escolaridade podem variar,
todavia um traço em comum nos membros é importante existir (WESTPHAL, BOGUS e
FARIA,1996).
A quantidade de encontros também é um aspecto a ser considerado nesta técnica
(OLIVEIRA et al, 2008). De acordo com Aschidamini e Suape (2000), não existe um padrão
de número de sessões uma vez que pode sofrer variações conforme a complexidade do tema e
o interesse do estudo. O local também deve ser escolhido com cuidado a fim de promover um
ambiente agradável, neutro, de fácil acesso e sem muitas interferências (MEIER;
KUDLOWIEZ 2003). Além disso, sugere-se que o tempo de duração dos encontros seja de uma
a duas horas para evitar o cansaço e outras situações desconfortáveis (ASCHIDAMINI;
SAUPE, 2004).
A condução do grupo focal pode ser facilitada pela elaboração de uma guia de temas
onde se encontra uma lista de temas e questões qualitativas e abrangentes, que favorece a
discussão, servindo de roteiro para o moderador (MEIER; KUDLOWIEZ 2003).
No que tange à análise dos dados, por se tratar de dados de natureza qualitativa é
procedimento habitual fazer uma análise parcial a fim de adequar a coleta de dados aos
objetivos da pesquisa. A análise pode ocorrer de dois modos, que podem ser combinados: um
sumário com citações textuais dos membros do grupo (sumário etnográfico) e pela codificação
dos dados via análise de conteúdo, verificando de forma numérica, a ausência ou frequência de
categorias (IERVOLINO; PELICIONE, 2001).
O grupo focal, portanto, provê dados ricos uma vez que permite captar expressões e
formas de linguagem que por outras técnicas são insuficientes, oportunizando ao pesquisador o
conhecimento de comportamentos dos sujeitos pesquisados. (MEIER; KUDLOWIEZ 2003).
60

Nesse cenário, foi escolhido o GF como procedimento com intuito de esclarecer pontos
ou resultados que ainda eram vagos (PADILHA, 2022) na literatura, rankings e frameworks
acerca da avaliação das universidades empreendedoras. Assim, a presente pesquisa selecionou
seis especialistas para participar do grupo focal que pudessem contribuir com os objetivos da
pesquisa e com a finalidade de verificar a adequação das dimensões, características e
indicadores para avaliação das universidades empreendedoras coletados na etapa anterior.
Todos os participantes tinham atuação em universidades com foco em inovação e
empreendedorismo, sendo esse o traço em comum.
Tendo em vista a complexidade da temática e agenda dos membros, optou-se,
primeiramente, elaborar um questionário on-line para coletar as primeiras percepções sobre o
tema com questionamentos em relação à adequação dos dados coletados e possíveis sugestões
de melhoria. Essa etapa resultou em cinco respostas que foram analisadas, via sumário
etnográfico e codificação de dados, para levar para a reunião do grupo, servindo também como
um guia de temas para a condução da sessão. O quadro 11 apresenta o conjunto dos especialistas
que participaram da pesquisa.

Quadro 11-Especialistas que participaram do Grupo Focal

Tipo Especialidade
Especialista 1 Gestão do Conhecimento para inovação e empreendedorismo em
Instituições de Ensino Superior
Especialista 2 Comportamento inovador
Especialista 3 Gestão visual e Inovação digital
Especialista 4 Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a
Inovação e Administração Universitária
Especialista 5 Gestão de ambientes de inovação
Fonte: elaborado pela autora.

Sendo os membros do grupo de diferentes regiões geográficas, a reunião do GF realizou-


se de forma remota com duração de duas horas onde se coletou a percepção dos participantes
sobre as dimensões, características e indicadores. Assim, com a percepção dos especialistas e a
descrição conceitual das características foram definidas as dimensões, características e
indicadores para avaliação das universidades empreendedoras brasileiras.
Com a aplicação dos procedimentos metodológicos foram coletados os dados que serão
analisados e discutidos no próximo capítulo.
61
62

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O presente estudo busca definir dimensões, características e indicadores para avaliação


das universidades empreendedoras brasileiras. Assim, a análise e discussão de resultados é
apresentada de forma alinhada com a proposição dos objetivos específicos para se alcançar
dimensões, características e indicadores para avaliar as universidades empreendedoras
brasileiras.
Ao se analisar a avaliação das universidades empreendedoras, a literatura, os
frameworks e rankings indicam aspectos importantes da atuação das universidades. A revisão
de literatura, a análise documental dos instrumentos de avaliação em conjunto com a análise
dos especialistas do grupo focal permitiu englobar 13 dimensões das universidades
empreendedoras: Individual, Institucional, Contextual, Organizacional, Ensino empreendedor,
Internacionalização, Recurso Financeiro, Apoio à cultura empreendedora, Pesquisa, Inovação,
Extensão, Infraestrutura e Impacto da universidade empreendedora. A partir dessas dimensões,
identificou-se 61 características e 198 indicadores para universidades empreendedoras
brasileiras, conforme ilustra a figura 5.
63

Figura 5 - Dimensões, indicadores e características para avaliação das universidades


empreendedoras

Fonte: elaborado pela autora.

As próximas seções são dedicadas a analisar os objetivos específicos que permitiram


chegar na estrutura da figura 5.

4.1 IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DAS UNIVERSIDADES EMPREENDEDORAS

No que diz respeito à realização do primeiro objetivo específico: identificar as


dimensões das universidades empreendedoras, observou-se que algumas dimensões eram
64

abordadas tanto pela literatura quanto pelos frameworks e rankings, dispostas no quadro 12. E
também revelou que certas dimensões foram citadas somente pela literatura, apresentadas no
quadro 13. Na figura 6 ilustra-se o fluxo de análise das dimensões.

Figura 6 - Fluxo do processo de compilação das dimensões

14 dimensões após agrupamento

60 dimensões encontradas nos 11


instrumentos de avaliação

101 dimensões encontradas na


literatura

Fonte: elaborado pela autora.

Foi levantado um total de 101 dimensões pela literatura e 60 dimensões pelos 11


instrumentos de avaliação e se observou que algumas dimensões são abordadas por ambas as
fontes, que após o agrupamento de termos semelhantes resultou na disposição apresentada no
quadro 12.

Quadro 12 - Dimensões abordadas pela literatura, rankings e frameworks

Dimensões Fonte
Liderança e Governança Alfalih; Ragmoun (2020), OCDE, HEINNOVATE.
Capacidade Organizacional, Pessoas e incentivos Alfalih; Ragmoun (2020), OCDE, HEINNOVATE.
Desenvolvimento do empreendedorismo no ensino e na
aprendizagem Alfalih; Ragmoun (2020), OCDE, HEINNOVATE.
Caminhos para empreendedores Alfalih; Ragmoun (2020), OCDE, HEINNOVATE.
Relações universidades-empresas/externas para troca de Alfalih; Ragmoun (2020), Klasova e Hudec (2019);
conhecimento OCDE, HEINNOVATE.
65

Alfalih; Ragmoun (2020); Brás et al (2021);


Sułkowski, Ł., & Patora-Wysocka, Z (2020);
Dalmarco et al (2018); Ruiz e Costa (2020); Panõs-
Internacionalização
Castro et al (2021); OCDE, HEINNOVATE,
RUE;THE; QS world university; U-muliranking,
RUF
Alfalih; Ragmoun (2020), OCDE, HEINNOVATE;
Impacto
CGU.
Alvarez-Torres et al (2019);Uden, L.; Del Vecchio,
Inovação
P. (2018); Dalmarco et al (2018); RUE; RUF
Budyldina, N. (2018); Corso (2020); Morris et al
(2014); Dalmarco et al (2018); RUE, THE,
Pesquisa
Subranking THE ODS 9, Edurank, U-multirank e
RUF
Ruiz e Costa (2020); RUE; Oshea et al (2017);
Capital financeiro THE; Subranking THE ODS 9; Dalmarco et al
(2018); Panõs-Castro et al (2021)
Cultura empreendedora Ficher et al (2020); Corso (2020); RUE (2021)
Ruiz e Costa (2020);Salomaa (2019); Adegbile et al
Infraestrutura
(2021); RUE
Engajamento regional Uden, L.; Del Vecchio, P. (2018); U-Multirank.
Fonte: elaborado pela autora.

Quando da análise das dimensões abordadas tanto pela literatura quanto pelos rankings
e frameworks, percebeu-se que haviam dimensões levantadas somente pela literatura de
universidades empreendedoras, segundo o quadro 13.

Quadro 13-Dimensões abordadas somente pela literatura

Dimensões Autor

Contexto estratégico
Meinsser et al (2022)
Aspectos individuais

Estrutura organizacional Gracia-Hurtado et al (2022)

Contexto jurídico e administrativo Panõs- Castro et al (2021)


Processo de transformação continuado e
Fischer et al (2020)
sustentado
Indivíduos Adegbile et al (2021)

Estrutura organizacional

Fatores organizacionais
Alfalih; Ragmoun (2020)
Fatores individuais
66

Fatores ambientais

Vetores sistêmicos
Alves et al (2019)
Traços individuais

Processos internos Brás et al (2021)

Contexto organizacional Klasova et al (2019)

Contexto Markuerkiaga et al (2017)

Operações da Universidade Morris et al (2014)

Processos
Sułkowski, Ł.; Patora-Wysocka, Z (2020)
Contexto ambiental

Gestão estratégica Ruiz e Costa (2020)


Fonte: elaborado pela autora.

Ao analisar as dimensões propostas por todos os artigos da revisão de literatura e pelos


rankings e frameworks pesquisados, realizou-se um agrupamento de sinônimos e semelhantes
que permitiu englobar 14 diferentes dimensões, conforme quadro abaixo:

Quadro 14 - Agrupamento das dimensões

Dimensão Agrupamento
Fatores individuais (Alfalih; Ragmoun 2020); indivíduo (Adegbile et al, 2021); traços
Fatores individuais individuais (Alves et al, 2019); aspectos individuais (Meinsser et al, 2022); campeão
acadêmico (Morris et al,. 2019).

Fatores institucionais (Alfalih; Ragmoun 2020); aspectos institucionais (Meinsser et al,


2022); contexto institucional (Klasova et al, 2019); metas institucionais (Salomaa, 2019)
Fatores institucionais missão e estratégia (Panõs-Castro et al, 2021); manifestação da missão empreendedora
(Budyldina, N., 2018); políticas e procedimentos (Panõs-Castro et al, 2021) e
Capacidades (CGU).

Contexto jurídico e administrativo (Panõs-Castro et al, 2021); contexto ambiental


Fatores contextuais (Salomaa, 2019), macroambiente (Meinsser et al, 2022); fatores ambientais (Alfalih;
Ragmoun 2020).

Fatores organizacionais (Alfalih; Ragmoun 2020); capacidade organizacional (Alfalih;


Ragmoun 2020; Gracia-Hurtado et al, 2022) OCDE, HEINNOVATE; estrutura
Fatores
organizacional (Gracia-Hurtado et al, 2022); design organizacional (Panõs-Castro et al,
organizacionais
2021); organização interna (Brás et al, 2021); contexto organizacional (Panõs-Castro et
al, 2021; Klasova et al, 2019).
67

Inclusão de profissionais de empresas e organizações no desenvolvimento e entrega do


currículo (Panõs-Castro et al, 2021); currículo e programa co-curricular (Morris et al,
Ensino 2014); formação extracurricular em empreendedorismo (Panõs-Castro et al, 2021);
empreendedor metodologias ativas (Panõs-Castro et al, 2021); desenvolvimento do empreendedorismo
no ensino e na aprendizagem (Alfalih; Ragmoun, 2020) OCDE, HEINNOVATE;
Atividades (CGU).

Internacionalização (Sułkowski, Ł., & Patora-Wysocka, Z 2020; Ruiz; Costa, 2020;


Panõs-Castro et al, 2021); universidade empreendedora como instituição
Internacionalização internacionalizada (Alfalih; Ragmoun 2020); colaboração internacional (Brás et al,
2021); vínculos externos (nacionais e internacionais) (Dalmarco et al, 2018); OCDE
(2012), HEINNOVATE, RUE;THE; QS world university; U-multirank; RUF (2019).

Estratégia de financiamento (Brás et al, 2021); financiamento (Prencipe et al, 2020);


financiamento para o empreendedorismo (Panõs-Castro et al, 2021); diversificação de
fontes de renda (Budyldina, N., 2018); criação de capital empreendedor (Budyldina, N.,
Recurso Financeiro 2018); acesso a recursos universitários (Dalmarco et al, 2018); capital financeiro (RUE;
Ruiz; Costas, 2020); financiamento de pesquisa em ciência e engenharia (Oshea et al,
2017); fluxo de recursos da indústria para pesquisa (Oshea et al, 2017); sistemas de
recompensa (Garcia-Hurtado et al, 2022). Subranking THE ODS 9; Recursos (CGU).

Capacitação de empreendedorismo para docentes (Panõs-Castro et al, 2021); Formação


e pesquisa em empreendedorismo (Panõs-Castro et al, 2021); Promoção de uma cultura
empreendedora (Fischer et al, 2020); Promoção do ecossistema empreendedor e
iniciativas empreendedoras e inovadoras (Fischer et al, 2020); Percursos para
empreendedores (Alfalih; Ragmoun 2020; OCDE 2012), HEINNOVATE;
Apoio à cultura
desenvolvimento de capacidades empreendedoras (Uden, L.; Del Vecchio, P., 2018);
empreendedora
atividade empreendedora (Alves et al., 2019); perspectiva empreendedora (Dalmarco et
al, 2018); medidas de apoio ao empreendedorismo (Brás, et al, 2021); cultura de
inovação e empreendedorismo (Corso, 2020); cultura empreendedora ( RUE, 2021);
Capacidades (CGU); proatividade da universidade (Prencipe et al, 2020); orientação
empreendedora (Alves et al, 2019)

Pesquisa: pesquisa (Morris et al, 2014); qualidade da pesquisa (Budyldina, N., 2018);
pesquisa científica (Dalmarco et al, 2018); pesquisa de aplicação (Corso, 2020). RUE,
Pesquisa
THE, Subranking THE ODS 9, Edurank, U-multirank (2022); RUF (2019) e
Atividades (CGU).
68

Inovação: arranjo de inovação (Dalmarco et al, 2018); tecnologia (Uden, L.; Del
Vecchio, P., 2018); transferência de tecnologia e inovação (Uden, L.; Del Vecchio, P.,
Inovação
2018); inovação (Alvarez-Torres et al, 2019). RUE (2021); RUF (2019); Atividades
(CGU); Produtos (CGU).

Envolvimento de diversos atores socioeconômicos nas decisões, atividades e objetivos


(Fischer et al, 2020); relações universidade-empresa/externas para troca de
conhecimento (Alfalih; Ragmoun 2020) OCDE (2012), HEINNOVATE; relação
Engajamento
universidade-indústria (Klasova et al, 2019); promoção ativa de iniciativas empresariais
regional/ extensão
na região (Budyldina, N., 2018); engajamento da comunidade (Morris et al., 2014);
engajamento social e desenvolvimento regional (Uden, L.; Del Vecchio, P., 2018); Valor
público (CGU); rede extensiva (Budyldina, N, 2018)

Apoio da equipe de gestão (Panõs-Castro et al, 2021); liderança e governança (Alfalih;


Ragmoun 2020); OCDE (2012), HEINNOVATE. liderança (Salomaa, 2019; Sułkowski,
Ł., & Patora-Wysocka, Z, 2020); gestão estratégica (Ruiz; Costa, 2020); liderança
Gestão/ Governança
empreendedora (Corso, 2020); contexto estratégico (Meinsser et al, 2022); Processos
(Fischer et al, 2020; Sułkowski, Ł.; Patora-Wysocka, Z, 2020); processos e interações
(Adegibile et al (2021)

Infraestrutura (Ruiz; Costa, 2020); RUE (2021); OCDE (2012); (CGU, 2022);
Infraestrutura
(Salomaa, 2019).
Impacto da universidade empreendedora: Alfalih; Ragmoun (2020), OCDE (2012),
Impacto HEINNOVATE; impacto socioeconômico nas regiões (Fischer et al, 2020); Impacto
(CGU).
Fonte: elaborado pela autora (2022).

Com base na fundamentação teórica e nas metodologias dos rankings e dos frameworks,
chegou-se na seguinte descrição das dimensões segundo ilustra o quadro 15:

Quadro 15-Descrição das dimensões

Dimensão Descrição

Os fatores individuais também são considerados pela literatura da Universidade


Empreendedora (BRÁS et al, 2019; ALFALIH; RAGMOUN, 2020; ADEGBILE et
al, 2021; MEISSNER et al, 2022). De acordo com Alfalih e Ragmoun (2020), por
Fatores individuais
exemplo, estes fatores são: experiência, independência, comportamentos inovadores,
assumir riscos e inovação. Adegible et al (2021) apresentam como fatores:
habilidades, conhecimento, experiência, capacidades cognitivas.
69

Segundo Meissner et al (2022), aspectos institucionais definem as “regras do jogo”.


A literatura apresenta como relevante a manifestação da missão empreendedora na
Fatores institucionais política da Universidade, fator corroborado pela CGU (2022) segundo a qual traz em
seu escopo de avaliação a incorporação da inovação na estratégia institucional:
planos, políticas e normas.

A resposta ao empreendedorismo é diferente em cada universidade e é determinada


por fatores contextuais, incluindo se a universidade é pública ou privada, sua cultura
organizacional, as políticas governamentais do país e a necessidade de buscar
Fatores contextuais financiamento. Para Meissner et al (2022), a camada analítica primária na avaliação
de universidades empreendedoras diz respeito ao macroambiente no qual essas
organizações estão inseridas. Isso envolve não apenas características nacionais, mas
também condições regionais e locais.

Há autores que preferem enfatizar a estrutura organizacional acadêmica enquanto


elemento crítico para a criação da UE (PINHEIRO; STENSAKER, 2014), bem como
modelos de desenvolvimento nos quais a organização interna é a pedra basilar da UE
(MOHRMAN et al., 2008). Assim, a evidência da análise da literatura revela que o
Fatores organizacionais
elemento de controle mais explicitamente ou implicitamente abordado tem sido a
estrutura organizacional (GARCÍA-HURTADO et al., 2022). Chugh (2004) afirmou
que uma estrutura organizacional ágil pode estimular o desenvolvimento de ideias
inovadoras, que é a terceira missão das universidades empreendedoras.

Uma universidade tende a se tornar empreendedora ao adotar a educação


empreendedora (GIBSON; FOSS, 2017). Tanto a literatura e os frameworks
abordam essa dimensão via inclusão de profissionais de empresas e organizações no
Ensino empreendedor
desenvolvimento e entrega do currículo; metodologias ativas de ensino-
aprendizagem; formação extracurricular em empreendedorismo (PANÕS-CASTRO
et al, 2021).

A internacionalização também é uma parte fundamental da estratégia empreendedora


da universidade (ALFALIH; RAGMOUN, 2020). A colaboração internacional é um
fator que a Universidade Empreendedora deve considerar uma vez que essa
Internacionalização dimensão pretende aferir se a universidade apoia a mobilidade internacional dos seus
diferentes membros, promove cursos com instituições estrangeiras ou se relaciona
com instituições internacionais com o fim de desenvolver projetos de pesquisa
(BRÁS et al., 2021).

Um fator associado ao construto da UE é a estratégia de financiamento, o qual além


de abranger o orçamento da Universidade, também se traduz na procura de
Recurso Financeiro financiamento não público, na autonomia financeira das faculdades e departamentos
ou no fato do topo da gestão da universidade desempenhar um papel ativo na
obtenção de fundos e rendimentos alternativos (RUE, 2021; BRÁS et al., 2021).
70

A criação de uma cultura integrada é essencial na mudança para a orientação


empreendedora das universidades (CLARK, 2004). A cultura é importante para
Apoio à cultura proporcionar um ambiente empreendedor que dissemine o conhecimento, agrega às
empreendedora atividades acadêmicas tradicionais e fornece conhecimento (KIRBY et al., 2011).
Para que as universidades sejam empreendedoras, elas precisam apoiar os caminhos
percorridos por aspirantes a empreendedores (OCDE, 2012).

A pesquisa acadêmica representa outra área focal promissora para o


empreendedorismo em toda a universidade (MORRIS; KURATKO; PRYOR, 2014).
As universidades são entidades de alta complexidade e seus processos de troca de
conhecimento são afetados pela intensidade e qualidade da pesquisa (ABREU et al.,
Pesquisa
2016). Assim, assume-se que as universidades intensivas em pesquisa podem afetar
positivamente a geração de novos negócios por parte dos alunos, com destaque
especial para empreendimentos voltados para a inovação (ROCHA; FREITAS,
2014).

Além de suas funções tradicionais de ensino e pesquisa, as universidades se


envolvem na transferência de conhecimento e tecnologia, estabelecem vínculos com
a indústria e facilitam a criação de infraestrutura de inovação, ou seja, laboratórios
Inovação
de pesquisa, parques científicos e clusters industriais (BUDYLDINA, 2018). A
dimensão inovação tem ligação direta tanto com o desenvolvimento de tecnologia
como também de conhecimento na universidade (RUE, 2021).

Ações que a Universidade realiza em conjunto com o ecossistema, promovendo um


ambiente favorável ao desenvolvimento de projetos dentro do ambiente
universitário, os quais permitem a interação com o público externo (RUE, 2021). Os
contratos de pesquisa também são destacados como um meio de transferência de
Engajamento regional/
conhecimento cocriativo entre universidades, indústria, governo e usuários finais
extensão
dentro do ecossistema de hélice quádrupla de inovação (KLASOVÁ;
KOROBANIČOVÁ; HUDEC, 2019). Assim, as atividades em cooperação como
projetos de pesquisa e prestação de serviços refletem essa interação com a região e
a sociedade (CGU, 2022).

Para Etzkowitz (2008) um dos pilares da universidade empreendedora é a liderança


acadêmica, capaz de formular e implementar uma visão estratégica. Assim,
Gestão e Governança
segundo a OCDE (2012), para desenvolver uma cultura empreendedora
em uma instituição, uma liderança forte e uma boa governança são cruciais.

A jornada em direção a uma universidade empreendedora é limitada devido à falta


de infraestrutura adequada que melhoraria o aprendizado baseado em projetos,
apoiaria spin-offs e patentes (PITA et al, 2021). Além disso, a existência de uma
Infraestrutura
incubadora de empresas (ou parque científico) facilita o processo de
empreendedorismo, pois permite que empreendedores acadêmicos permaneçam
próximos à universidade (DALMARCO et al, 2018).
71

Externalidades positivas às dimensões econômicas e sociais geradas pelas atividades


Impacto da universidade de inovação (CGU, 2022). Os impactos afetam os stakeholders internos
empreendedora (estudantes/graduados, funcionários) e também os stakeholders externos (empresas
locais, organizações e comunidades inteiras) (OCDE, 2012).

Fonte: elaborado pela autora.

Ao analisar as discussões realizadas pelos especialistas do grupo focal realizou-se um


novo agrupamento de sinônimos e semelhantes das dimensões que culminou em 13 diferentes
dimensões. Por exemplo, termos como indivíduos (ADEGIBILE et al, 2021), aspectos
individuais (MEINSSER et al, 2022), traços individuais (ALVES et al, 2019) e fatores
individuais (ALFALIH; RAGMOUN, 2020) foram agrupados na dimensão “Individual”; já
aspectos institucionais (MEINSSER et al, 2022), metas institucionais (SALOMAA, 2019),
contexto institucional (KLASOVA et al, 2019) e aspectos de governança e liderança (OCDE,
2012) foram agrupados na dimensão “Institucional”.
As expressões como macroambiente (MEINSSER et al, 2022), contexto ambiental
(SALOMAA, 2019), fatores ambientais (ALFALIH; RAGMOUN, 2020) , contexto jurídico e
administrativos (PAÑOS-CASTRO et al, 2021) foram englobados na dimensão “Contextual”;
os conteúdos referentes à gestão (RUIZ; COSTA, 2020; PAÑOS-CASTRO et al, 2021),
processos (FISCHER et al,2020; SUŁKOWSKI, Ł.;PATORA-WYSOCKA, Z, 2020) , design
organizacional (PAÑOS-CASTRO et al, 2021) e estrutura organizacional (GARCÍA-
HURTADO et al, 2020) foram agrupados na dimensão “Organizacional”. Aspectos
relacionados à orientação empreendedora, atividade empreendedora (ALVES et al, 2019),
perspectiva empreendedora (DALMARCO et al, 2018), apoio ao empreendedorismo (BRÁS
al, 2021), cultura e cultura empreendedora (CORSO, 2020; FISCHER et al, 2020) foram
agrupados na dimensão “Apoio à cultura empreendedora”. Os temas relacionados a currículo
(OCDE, 2012; PAÑOS-CASTRO et al, 2021) e educação empreendedora (ALFALIH;
RAGMOUN, 2020) foram incorporados na dimensão “Ensino empreendedor”. Conteúdos
referentes à interação com a sociedade por meio de projetos de pesquisa ou prestação de
serviços (CGU, 2012) bem como fatores de engajamento regional (MORRIS et al, 2014;
UDEN; VECCHIO, 2018) foram agrupados da dimensão “Extensão”. No quadro 14, observa-
se a nova estrutura de dimensões e fontes.
Ademais, a presente pesquisa visa estudar dimensões, características e indicadores para
avaliação das universidades brasileiras as quais seguem o princípio constitucional da
“indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (art. 207) – chamado de tripé acadêmico.
72

Nesse sentido, entendeu-se que a extensão está relacionada à dimensão “engajamento regional''
visto que “o conceito de extensão é atribuído à universidade visando viabilizar sua interação
com a sociedade” (ORTEGA, 2016, p. 121).

Quadro 16 - Nova estrutura de dimensões das Universidades Empreendedoras

Dimensão Agrupamento
Fatores individuais (Alfalih; Ragmoun 2020); indivíduo
Individual (Adegbile et al, 2021); traços individuais (Alves et al, 2019);
aspectos individuais (Meinsser et al, 2022).
Fatores institucionais (Alfalih; Ragmoun 2020); aspectos
institucionais (Meinsser et al, 2022); contexto institucional
(Klasova et al, 2019); metas institucionais (Salomaa, 2019)
missão e estratégia (Panõs-Castro et al, 2021); manifestação
Institucional
da missão empreendedora (Budyldina, N., 2018); políticas e
procedimentos (Panõs-Castro et al, 2021) e Capacidades
(CGU); liderança empreendedora (Corso, 2020); Governança
e liderança (OCDE, 2012).
Contexto jurídico e administrativo (Panõs-Castro et al, 2021);
contexto ambiental (Salomaa, 2019), macroambiente
(Meinsser et al, 2022); fatores ambientais (Alfalih; Ragmoun
2020). apoio da equipe de gestão (Panõs-Castro et al, 2021);
liderança e governança (Alfalih; Ragmoun 2020); OCDE
Contextual
(2012), HEINNOVATE. liderança (Salomaa, 2019;
Sułkowski, Ł., & Patora-Wysocka, Z, 2020); gestão
estratégica (Ruiz; Costa, 2020); contexto estratégico
(Meinsser et al, 2022); Processos (Fischer et al, 2020;
Sułkowski, Ł.; Patora-Wysocka, Z, 2020).
Fatores organizacionais (Alfalih; Ragmoun 2020); capacidade
organizacional (Alfalih; Ragmoun 2020; Gracia-Hurtado et al,
2022) OCDE, HEINNOVATE; estrutura organizacional
Organizacional (Gracia-Hurtado et al, 2022); design organizacional (Panõs-
Castro et al, 2021); organização interna (Brás et al, 2021);
contexto organizacional (Panõs-Castro et al, 2021; Klasova et
al, 2019).
Inclusão de profissionais de empresas e organizações no
desenvolvimento e entrega do currículo (Panõs-Castro et al,
2021); currículo (Morris et al, 2014); programa co-curricular
(Morris et al, 2014); formação extracurricular em
Ensino empreendedor
empreendedorismo (Panõs-Castro et al, 2021); metodologias
ativas (Panõs-Castro et al, 2021); desenvolvimento do
empreendedorismo no ensino e na aprendizagem (Alfalih;
Ragmoun, 2020) OCDE, HEINNOVATE; Atividades (CGU).
73

Internacionalização (Sułkowski, Ł., & Patora-Wysocka, Z


2020; Ruiz; Costa, 2020; Panõs-Castro et al, 2021);
universidade empreendedora como instituição
internacionalizada (Alfalih; Ragmoun 2020); colaboração
Internacionalização
internacional (Brás et al, 2021); vínculos externos (nacionais
e internacionais) (Dalmarco et al, 2018); OCDE (2012),
HEINNOVATE, RUE;THE; QS world university; U-
multirank; RUF (2019).
Estratégia de financiamento (Brás et al, 2021); financiamento
(Prencipe et al, 2020); financiamento para o
empreendedorismo (Panõs-Castro et al, 2021); diversificação
de fontes de renda (Budyldina, N., 2018); criação de capital
empreendedor (Budyldina, N., 2018); acesso a recursos
Recurso Financeiro universitários (Dalmarco et al, 2018); capital financeiro (RUE;
Ruiz; Costas, 2020); financiamento de pesquisa em ciência e
engenharia (Oshea et al, 2017); fluxo de recursos da indústria
para pesquisa (Oshea et al, 2017); sistemas de recompensa
(Garcia-Hurtado et al, 2022). Subranking THE ODS 9;
Recursos (CGU).

capacitação de empreendedorismo para docentes (Panõs-


Castro et al, 2021); Formação e pesquisa em
empreendedorismo (Panõs-Castro et al, 2021); Promoção de
uma cultura empreendedora (Fischer et al, 2020); Promoção
do ecossistema empreendedor e iniciativas empreendedoras e
inovadoras (Fischer et al, 2020); Percursos para
empreendedores (Alfalih; Ragmoun 2020; OCDE 2012),
Apoio à cultura empreendedora HEINNOVATE; desenvolvimento de capacidades
empreendedoras (Uden, L.; Del Vecchio, P., 2018); atividade
empreendedora (Alves et al., 2019); perspectiva
empreendedora (Dalmarco et al, 2018); medidas de apoio ao
empreendedorismo (Brás, et al, 2021); cultura de inovação e
empreendedorismo (Corso, 2020); cultura empreendedora (
RUE, 2021); Capacidades (CGU); proatividade da
universidade (Prencipe et al, 2020).

Pesquisa: pesquisa (Morris et al, 2014); qualidade da pesquisa


(Budyldina, N., 2018); pesquisa científica (Dalmarco et al,
Pesquisa 2018); pesquisa de aplicação (Corso, 2020). RUE, THE,
Subranking THE ODS 9, Edurank, U-multirank (2022); RUF
(2019) e Atividades (CGU).
Inovação: arranjo de inovação (Dalmarco et al, 2018);
tecnologia (Uden, L.; Del Vecchio, P., 2018); transferência de
Inovação tecnologia e inovação (Uden, L.; Del Vecchio, P., 2018);
inovação (Alvarez-Torres et al, 2019). RUE (2021); RUF
(2019); Atividades (CGU); Produtos (CGU).
74

Envolvimento de diversos atores socioeconômicos nas


decisões, atividades e objetivos (Fischer et al, 2020); relações
universidade-empresa/externas para troca de conhecimento
(Alfalih; Ragmoun 2020) OCDE (2012), HEINNOVATE;
Extensão promoção ativa de iniciativas empresariais na região
(Budyldina, N., 2018); engajamento da comunidade (Morris
et al., 2014); engajamento social e desenvolvimento regional
(Uden, L.; Del Vecchio, P., 2018); impacto socioeconômico
nas regiões (Fischer et al, 2020); Valor público (CGU).

Infraestrutura (Ruiz; Costa, 2020); RUE (2021); OCDE


Infraestrutura
(2012); CGU (2022).

Impacto da universidade empreendedora: Alfalih; Ragmoun


Impacto da universidade empreendedora
(2020), OCDE (2012), HEINNOVATE e Impacto (CGU).
Fonte: elaborada pela autora.

Verificou-se que as dimensões possuem características que precisam ser aprofundadas


para um melhor entendimento de como avaliar as universidades empreendedoras, visto que
algumas dimensões não foram contempladas em alguns sistemas de classificação. Nesse
sentido, foram identificadas as características de cada dimensão que serão apresentadas na
próxima seção.

4.2 IDENTIFICAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS UNIVERSIDADES


EMPREENDEDORAS

Esta seção corresponde ao segundo objetivo: identificar as características das


universidades empreendedoras. A partir do estudo das dimensões, verificou-se as características
que foram exploradas neste trabalho.

4.2.1 Características da Dimensão Individual da Universidade Empreendedora

Uma maneira simples de pensar as universidades empreendedoras é como uma


agregação dos indivíduos (líderes ou gestores e acadêmicos) que as compõem (ADEGBILE;
SARPONG; KOLADE, 2021). Nessa visão, dois atores importantes podem contribuir para uma
universidade empreendedora: o empreendedor acadêmico, que garante que as atividades que
ocorrem estejam relacionadas às práticas de educação empreendedora; e acadêmicos
empreendedores, que participam de atividades que conectam a universidade às organizações e
à indústria (ALFALIH; RAGMOUN, 2020).
75

Dessa maneira, a dimensão Individual, de acordo com Alfalih e Ragmoun (2020) é


composta pelos seguintes fatores: experiência, independência, comportamentos inovadores,
assumir riscos e inovação. Adegible et al (2021) apresentam como fatores: habilidades,
conhecimento e experiência.
Consoante o Ranking das Universidades Empreendedoras, a postura empreendedora
discente e docente está relacionada à proatividade para resolver problemas, assumindo riscos e
aproveitando oportunidades e se caracteriza por aspectos como: inconformismo com a realidade
e disposição para transformá-la; visão para oportunidades; facilidade para comunicar ideias e
se socializar; capacidade de realização; apoio a iniciativas empreendedoras; pensamento
inovador e criativo; coragem para tomar riscos (RUE, 2021).
Considerando tais aspectos, identificou-se as características dessa dimensão segundo o
quadro 17.

Quadro 17 - Descrição das características da dimensão Individual

Característica Descrição

Habilidades Tomar a iniciativa, tomada de decisão intuitiva, fazer as coisas


empreendedoras acontecerem, networking, identificação de oportunidades, resolução
(ADEGIBILE et criativa de problemas, pensamento estratégico; eficácia pessoal;
al, 2021). autodisciplina; capacidade de assumir riscos; inovação; orientação à
mudança; persistência (COOLEY, 1990; CORSO, 2020).

Experiência De acordo com Adegibile et al (2020) a experiência individual no


(ALFALIH; âmbito da universidade está relacionada ao nível de educação e ao
RAGMOUN, tempo de trabalho.
2020).

Independência Busca autonomia com relação às regras ou ao controle de outros;


(ALFALIH; mantém sua posição mesmo com oposição de outros ou resultados
RAGMOUN, iniciais ruins; demonstra confiança na capacidade de concluir uma tarefa
2020). difícil ou enfrentar um desafio (COOLEY, 1990).

Conhecimento Conhecimento é uma combinação de dados e informações a qual se


(ADEGIBILE et adicionam habilidades, experiências e opiniões de especialistas, que
al, 2021) resulta em um ativo valioso que pode ser utilizado no apoio à decisão e
que aumentam a compreensão ou o desempenho numa área ou disciplina
(QUEIROZ, 2001; CEN; 2004).
76

Assumir riscos Tem preferência por situações envolvendo um desafio ou risco


(ALFALIH; moderado; calcula deliberadamente os riscos; toma medidas para
RAGMOUN, reduzir riscos ou controlar resultados (COOLEY, 1990). Relacionado
2020). com a orientação de uma pessoa para arriscar em contextos de decisão
incerta (NASCIMENTO, 2020).

Inovação Criação de novos produtos, serviços, novos métodos e processos de


(ALFALIH; produção, entrada ou criação de um novo mercado, criação de
RAGMOUN, organização, assim como, a estrutura de negócio (GÜROL; ATSAN,
2020). 2006). Criação de algo novo ou significativamente melhorado que gere
valor (SOUZA, 2019).

Visão (RUE, Visualizar cenários futuros a fim de orientar esforços e ações para
2021) expandir seu empreendimento (SALAMZADEH et al., 2014; DIAS-
TRINDADE et al, 2020).

Criatividade Desenvolver ideias e oportunidades para criar valor, incluindo melhores


(RUE, 2021) soluções para desafios atuais e futuros que excedem ou substituem algo
estabelecido (CARAYANNIS et al., 2014; DIAS-TRINDADE et al,
2020).
Fonte: elaborado pela autora.

Desse modo, tendo em vista que a universidade empreendedora deve ser composta por
membros que agem de forma empreendedora (PAÑOS-CASTRO et al, 2021), a dimensão
Individual torna-se importante na atuação da instituição.

4.2.2 Características da dimensão Institucional da Universidade Empreendedora

Segundo Meissner et al (2022), aspectos institucionais definem as “regras do jogo”,


mecanismos de transferência de conhecimento e tecnologia estão no centro de conceitos como
Tríplice Hélice, cocriação, sistema e ecossistema de inovação. No entanto, tais processos não
ocorrem automaticamente. Embora as políticas de nível macro tenham um papel importante a
desempenhar, elas devem estar alinhadas com as abordagens institucionais de nível
universitário (MEISSNER et al, 2022).
Nesse sentido, Buldildyna (2018) declara a necessidade da manifestação da missão
empreendedora em documentos oficiais da universidade, também Paños-Castro et al (2021)
trazem como dimensões da UE a missão e estratégia que consistem em: presença na missão;
objetivos relacionados à transferência de conhecimento; e relacionados ao desenvolvimento do
77

compromisso social. Fator corroborado pela CGU (2022) segundo a qual traz em seu escopo de
avaliação a incorporação da inovação na estratégia institucional: planos, políticas e normas.
Da mesma forma, de acordo com o framework da OCDE (2012), para se desenvolver
como uma organização empreendedora com cultura empreendedora as atividades
empreendedoras devem ser estabelecidas na estratégia que quando definida por um
compromisso, principalmente a nível de reitoria, já confere uma melhor avaliação nessa área.
Ademais, de acordo com a OCDE (2012, p. 13, tradução nossa) “o envolvimento ativo
de uma série de partes interessadas tem se mostrado um fator que contribui para o sucesso das
Universidades Empreendedoras”. Assim, considera-se que a troca de conhecimento com a
sociedade, indústria e setor público devem fazer parte da política institucional da universidade,
logo, deve haver alguém a nível de reitoria responsável pela agenda empreendedora e estrutura
que coordene as atividades dentro da instituição e com outras partes interessadas dentro do
ecossistema de empreendedorismo local (OCDE, 2012).
Na visão do guia da OCDE, as universidades com menos barreiras burocráticas têm
mais facilidade para empreender atividades empreendedoras e acelerar a criação de ideias e a
tomada de decisões, assim avalia-se também o grau de autonomia das unidades universitárias.
Por fim, a liderança e a governança é bem avaliada caso seja um ator ativo no ecossistema
regional, social e na comunidade por meio de participação de clusters regionais, apoio a
atividades culturais e artísticas, fornecimento de instalações para a comunidade externa (OCDE,
2012).
Dessa maneira, a dimensão institucional das universidades também deve ser avaliada
para atuação de uma universidade empreendedora.

Quadro 18- Descrição das características da dimensão Institucional

Característica Descrição

Manifestação da missão Ter expresso no documento institucional da


empreendedora em documentos universidade a promoção e o apoio às atividades
oficiais da universidade empreendedoras e inovadoras da comunidade
(BULDYINA, 2018; PAÑOS- universitária (BULDYINA, 2018; PAÑOS-
CASTRO et al, 2021). CASTRO et al, 2021).

Presença na missão (PAÑOS- A missão da universidade deve conter objetivos


CASTRO et al, 2021). relacionados à transferência de conhecimento e
relacionados ao desenvolvimento do compromisso
social (PAÑOS-CASTRO et al, 2021).
78

Incorporação da inovação na Existência de objetivos estratégicos relacionados à


estratégia da universidade (CGU, inovação no plano de desenvolvimento da
2022). universidade (CGU, 2022).

As atividades empreendedoras devem Estabelecer as atividades empreendedoras por meio


ser estabelecidas na estratégia por um de compromissos a fim de que toda a universidade
compromisso, principalmente a nível atue em prol da execução dessas atividades (OCDE,
de reitoria (OCDE, 2012). 2012).

Ator ativo no ecossistema regional, Ator ativo no ecossistema regional, social e na


social e na comunidade (OCDE, comunidade por meio de participação de clusters
2012). regionais, apoio a atividades culturais e artísticas,
fornecimento de instalações para a comunidade
externa (OCDE, 2012).
Fonte: elaborado pela autora.

As características da dimensão Institucional refletem que, para uma universidade ser


empreendedora, é imperativo que o documento institucional declare que a universidade tem
essa missão, que tenha objetivos relacionados ao tema para que toda a universidade tenha acesso
e instrução de como deve atuar.

4.2.3 Características da dimensão Contextual da Universidade Empreendedora

No que se refere à dimensão Contextual, para Meissner et al (2022), a camada analítica


primária na avaliação de universidades empreendedoras diz respeito ao macroambiente no qual
essas organizações estão inseridas. Isso envolve não apenas características nacionais, mas
também condições regionais e locais. A estrutura socioeconômica dos ecossistemas de inovação
e empreendedorismo tem forte influência na densidade de vínculos entre parceiros acadêmicos
e industriais (CASPER, 2013).
Isso acontece em função não apenas da proximidade social, mas também por causa das
capacidades da empresa, interesses estratégicos e incentivos para estabelecer um
comportamento orientado para a inovação (MEISSNER et al., 2022). Nesse sentido, Panõs-
Castro et al (2021) apontam que dentro do contexto jurídico e administrativo encontram-se os
critérios: legislação, financiamento e as infraestruturas públicas. Assim, mapear os atores
ecossistêmicos, infraestruturas e legislações da região onde a universidade está inserida oferece
mais informações para a tomada de decisão para uma atuação mais empreendedora desta
entidade.
79

Quadro 19-Descrição das características da dimensão Contextual

Característica Descrição

Ecossistema de Pode ser entendido como um conjunto dinâmico e colaborativo de


Inovação (CASPER, atores, instituições e relações que afetam o processo de inovação
2013; MEISSNER et de uma região, evoluem a partir de modelos de sistema de inovação
al., 2022). nacionais, onde universidades, centros de pesquisa, grandes e
pequenas empresas, instituições e governos são impelidos a
cooperar e colaborar entre si, compartilhando e trocando
informações e experiências capazes de transformar cidades e
regiões em um locus de empreendedorismo inovador (PEDRINHO
et al, 2019). Conforme Teixeira et al (2017) sete hélices compõem
os atores do ecossistema de inovação: ator de conhecimento; ator
de fomento, ator público, ator empresarial, ator institucional, ator
de sociedade civil e ator de habitats de inovação.

Contexto jurídico e Relacionado ao tipo de universidade, se é pública ou privada, sua


administrativo cultura organizacional, as políticas governamentais do país e a
(PAÑOS-CASTRO et necessidade de buscar financiamento, logo a disponibilidade de
al, 2021). legislações, infraestrutura pública e financiamento que a
universidade pode usufruir (PAÑOS-CASTRO et al, 2021).
Fonte: elaborado pela autora.

Considerando que a interação da universidade com o ambiente externo siga padrões


empreendedores é um aspecto da universidade empreendedora (PAÑOS-CASTRO et al, 2021),
o contexto em que ela está inserida influencia sua atuação.

4.2.4 Características da dimensão Organizacional da Universidade Empreendedora

No que refere à dimensão Organizacional, há autores que preferem enfatizar a estrutura


organizacional acadêmica enquanto elemento crítico para a criação da UE (PINHEIRO;
STENSAKER, 2014; KLASOVA et al, 2019; PAÑOS-CASTRO et al, 2021; BRÁS et al, 2021;
GARCIA HURTADO et al, 2022), bem como modelos de desenvolvimento nos quais a
organização interna é a pedra basilar da UE (MOHRMAN et al., 2008). Assim, a evidência da
análise da literatura revela que o elemento de controle mais explicitamente ou implicitamente
abordado tem sido a estrutura organizacional (GARCÍA-HURTADO et al., 2022). Chugh
(2004) afirmou que uma estrutura organizacional ágil pode estimular o desenvolvimento de
ideias inovadoras, que é a terceira missão das universidades empreendedoras.
Nesse contexto, para Alfalih e Ragmoun (2020), o primeiro fator associado ao construto
da Universidade Empreendedora consiste nos processos internos e procura mensurar, entre
80

outros aspetos, em que medida é valorizado dentro da universidade o trabalho em equipe, o


trabalho multidisciplinar, o diálogo e a troca de experiências entre diferentes membros da
comunidade universitária, o trabalho autônomo, o acesso à informação, os membros que
procuram soluções inovadoras ou desenvolvem atividades inovadoras.
García-Hurtado et al, (2022) apresentam como descritor dessa dimensão as ferramentas
de gestão do conhecimento. Já Paños-Castro et al (2021) trazem a dimensão design
organizacional que apresenta os seguintes aspectos: relação entre ensino e pesquisa; decisão
descentralizada; estrutura de baixo para cima; autonomia financeira, sendo este último
abordado pela dimensão recurso financeiro nesta pesquisa.
Sob o prisma dos frameworks, características como governança de projetos, restrita ao
registro de inovação, à triagem de projetos e ao tratamento de conflito de interesse tem como
indicadores a procedimentalização do processo decisório de Propriedade Intelectual, estratégia
para a comunicação da inovação e registro da inovação como resultado são abordadas pela CGU
(2022). Segundo a abordagem da OCDE (2012), os alunos e os funcionários devem romper as
estruturas formais a fim de criar sinergia entre as estruturas de ensino, grupos de pesquisa e
departamentos.
A dimensão transformação e capacidade digital da ferramenta Heinnovate (2022) pode
ser incorporada pela dimensão Organização e Gestão uma vez que considera que as IES devem
utilizar as tecnologias digitais para seu desenvolvimento e para apoiar a inovação e o
empreendedorismo.
Desse modo, uma universidade empreendedora precisa ter uma organização que
favoreça o desenvolvimento de atividades e soluções inovadoras.

Quadro 20-Descrição das características da dimensão Organizacional

Características Descrição

Estrutura organizacional ágil (CHUGH, Erl (2008) associa a agilidade organizacional


2004). à adoção de novas abordagens tecnológicas
que integram serviços e tecnologias. Utilizar
tecnologias de gestão resulta em agilização
dos fluxos por interação de posições distantes
espacialmente. O sistema de rede, a interação
sistêmica, com o estabelecimento de códigos
de comunicação, não só permite a eficiência
dos serviços como representa um agente de
reorganização das relações de poder
(VIEIRA; VIEIRA, 2003).
81

Valorização do trabalho em equipe, trabalho Incentivar e promover iniciativas de trabalho


multidisciplinar, diálogo e a troca de em equipe, trabalho multidisciplinar, diálogo
experiências entre diferentes membros da e a troca de experiências entre diferentes
comunidade universitária, o trabalho membros da comunidade universitária, o
autônomo, o acesso à informação, os trabalho autônomo, o acesso à informação, os
membros que procuram soluções inovadoras membros que procuram soluções inovadoras
ou desenvolvem atividades inovadoras ou desenvolvem atividades inovadoras.
(ALFALIH ;RAGMOUN, 2020). Utilizar sistemas de recompensa, elementos
relacionados ao desempenho, podendo ser
extrínsecos (ou seja, bônus) ou intrínsecos
(ou seja, reconhecimento social de
conquistas) (GARCÍA-HURTADO et al,
2022).

Relação entre ensino e pesquisa (PAÑOS- Criar sinergia entre as estruturas de ensino,
CASTRO et al, 2021). grupos de pesquisa e departamentos (OCDE,
2012).

Estrutura de baixo para cima (PAÑOS- A abordagem Bottom Up (de baixo para
CASTRO et al, 2021). cima) enfatiza a influência da equipe da linha
de frente como tomadores de decisão
essenciais e com determinado grau de
autonomia para adaptar e mediar as demandas
que são impossíveis de serem controladas
totalmente (WINTER, 2010). Nessa
abordagem, o conhecimento é formado pela
base e a organização tem uma estrutura
organizacional mais horizontal, com poucos
níveis hierárquicos entre o topo e a linha de
frente (PEREIRA, 2012). O foco são atores
executores e suas ações (GAMA et al, 2020).

Transformação e capacidade digital Utilização das tecnologias digitais para seu


(HEINNOVATE, 2022). desenvolvimento e para apoiar a inovação e o
empreendedorismo (HEINNOVATE, 2022).

Governança de projetos, restrita ao registro Procedimentalização do processo decisório


de inovação, à triagem de projetos e ao de Propriedade Intelectual,nível de segurança
tratamento de conflito de interesse (CGU, do processo decisório de PI; estratégia para a
2022). comunicação da inovação e registro da
inovação como resultado (CGU, 2022).

Menos barreiras burocráticas (OCDE, 2012). Universidades com menos barreiras ou


hierarquias consideram mais fácil realizar
atividades empreendedoras e acelerar a
criação de ideias e a tomada de decisões. A
instituição deve maximizar a autonomia e a
apropriação individual das iniciativas
(OCDE, 2012).
82

Ferramentas de gestão do conhecimento A gestão do conhecimento (GC) consiste em


(GARCÍA-HURTADO et al, 2022). facilitar os processos de criação,
compartilhamento e utilização dos
conhecimentos organizacionais (NERI;
RADOS, 2020). Assim, as ferramentas de GC
são métodos e técnicas para apoiar a
estruturação, representação e visualização do
conhecimento, bem como para facilitar a
interação entre as pessoas para capturar o
conhecimento tácito e explícito. Exemplos de
ferramentas de GC: comunidade de prática,
matriz de habilidades e competências, mapa
do conhecimento e taxonomia e lições
aprendidas (BRODOLINE, 2020).
Fonte: elaborado pela autora.

De acordo com Paños-Castro et al (2021), uma das vertentes da universidade


empreendedora é ser uma organização empreendedora, para tanto as características acima
trazidas pela literatura contribuem para o empreendedorismo a nível organizacional.

4.2.5 Características da dimensão Ensino empreendedor da Universidade


Empreendedora

No que tange à dimensão Ensino empreendedor, observa-se que uma universidade tende
a se tornar empreendedora ao adotar a educação empreendedora (GIBSON; FOSS, 2017) que
é um conceito intra-disciplinar intrínseco ao desenvolvimento de todos os alunos. A educação
para o empreendedorismo não se limita apenas à criação de novas empresas e postos de
trabalho, podendo ter diversos objetivos, como sensibilização e motivação; formando os alunos
para iniciar e gerir um negócio, não necessariamente empresarial, mas socialmente responsável;
intraempreendedorismo na organização; e desenvolvendo habilidades empreendedoras para
identificar e aproveitar oportunidades (PANÕS-CASTRO et al, 2021).
A OCDE avalia essa dimensão pela existência de cargo de Professor de
empreendedorismo ou ao menos um pessoal responsável por este tema ao nível da unidade que
estejam envolvidos no planejamento universitário. Ademais, para alcançar uma boa pontuação
o ensino empreendedor deve ser adotado em todos os departamentos por uma variedade de
métodos como por meio de living labs e aprendizado interdisciplinar. Além disso, o contato
com empreendedores reais também faz parte do ensino empreendedor informal (OCDE, 2012).
83

Outro ponto abordado pelo Guia da OCDE é que as universidades devem validar os
resultados da aprendizagem do empreendedorismo. Outrossim, a pesquisa acerca do tema
também compõe a avaliação desta área a qual é ponderada pela atualização do currículo dos
funcionários a fim de incentivar o intercâmbio de conhecimento (OCDE, 2012).
As universidades empreendedoras devem enfatizar a aprendizagem baseada em
problemas, bem como os programas de educação para o empreendedorismo em uma ampla
gama de disciplinas científicas e sociais (FISCHER, 2020). Panõs-Castro et al (2021) abordam
essa dimensão pela inclusão de profissionais de empresas e organizações no desenvolvimento
e entrega do currículo e metodologias ativas de ensino-aprendizagem e Brás et al (2021) falam
em métodos inovadores de ensino e inclusão do ensino do empreendedorismo em vários ciclos
de estudos. O Painel da CGU (2022), por sua vez, traz aspectos como cursos de pós-graduação;
oferta de disciplinas em inovação, PI ou empreendedorismo.
A partir dessa abordagem da literatura de universidade empreendedora, identificou-se
características que foram descritas conforme quadro 21.

Quadro 21 - Descrição das características da dimensão Ensino empreendedor

Característica Descrição

Ensino empreendedor Utilização de uma variedade de métodos, por meio de living


labs e aprendizado interdisciplinar, deve ser adotado em todos
os departamentos (OCDE, 2012).
O aprendizado interdisciplinar acontece por meio da
integração de mais de uma disciplina, professores e áreas de
conhecimento. A iniciativa pode partir da atitude de
professores ou fazer parte do projeto pedagógico da instituição
(BACICH, MORAN; 2018).
As disciplinas podem fazer uso das infraestruturas e conceito
de habitats de inovação para fomentar as habilidades
empreendedoras, seja por meio do método aprender fazendo
em ambientes makers, pelo desenvolvimento de modelo de
negócio em pré-incubadora e incubadoras ou experimentando
soluções em laboratórios vivos (DALMARCO et al, 2018).
As metodologias ativas podem ser entendidas como práticas
pedagógicas alternativas ao ensino tradicional, ou seja, em vez
do ensino baseado na transmissão de informação, na
metodologia ativa o aluno assume uma postura mais
participativa, na qual ele resolve problemas, desenvolve
projetos e, com isso, cria oportunidades para a construção de
conhecimento (VALENTE, 2018). Exemplos: construções de
jogos; sala de aula invertida; design thinking; aprendizagem
baseada em projetos (BACICH, MORAN; 2018).
84

Desenvolvimento Disciplinas que abordam temáticas como inovação,


de habilidades empreendedorismo e propriedade intelectual, bem como
empreendedoras por meio da cursos de pós-graduação (CGU, 2022). Além disso, a
educação empreendedora universidade deve ter cargo de professor de
empreendedorismo ou pessoal responsável por este tema ao
nível da unidade que esteja envolvido no planejamento
universitário (OCDE, 2012).

Inclusão de profissionais de Integrar a educação para o empreendedorismo nos currículos


empresas e organizações no (RUIZ et al, 2020). A conexão com um programa de
desenvolvimento e entrega empreendedorismo estabelecida com um currículo básico
do currículo (MORRIS et al, 2014). Assim, a participação de profissionais
de mercado pode estar definida na grade curricular seja como
palestrante ou na participação do corpo diretivo (PAÑOS-
CASTRO et al, 2021). Oferecer educação para o
empreendedorismo com empreendedores reais sempre que
possível e usar uma variedade de métodos de ensino,
incluindo: estudos de caso, jogos e simulação, relatos de
experiência real de start-ups e estudos de insucesso
empresarial (OCDE, 2012).
Fonte: elaborado pela autora.

A primeira missão da universidade é o ensino (ETZKOWITZ, 2003) e o advento da


sociedade do conhecimento trouxe novas demandas a essa missão uma vez que, além da
formação técnica, exige-se dos estudantes que sejam capazes de resolver problemas complexos
de forma eficiente (GIJBELS et al., 2005). Para tanto, as características do ensino
empreendedor mencionadas acima colaboram para que o ensino superior contemple o
empreendedorismo, o qual é visto como competência fundamental no contexto contemporâneo.

4.2.6 Características da dimensão Internacionalização da Universidade Empreendedora

No que diz respeito à Internacionalização, trata-se também de uma parte fundamental


da estratégia empreendedora da universidade (ALFALIH; RAGMOUN, 2020). A colaboração
internacional é um fator que a Universidade Empreendedora deve considerar uma vez que essa
dimensão pretende aferir se a universidade apoia a mobilidade internacional dos seus diferentes
membros, promove cursos com instituições estrangeiras ou se relaciona com instituições
internacionais com o fim de desenvolver projetos de pesquisa (BRÁS et al., 2021).
Os compromissos estabelecidos na estratégia de internacionalização devem refletir nos
objetivos empreendedores da instituição (OCDE, 2012). O framework também analisa a
85

mobilidade internacional da comunidade acadêmica por intermédio de programas de


intercâmbio, bolsas de estudo, estágios no exterior e o uso de outros programas de mobilidade
mais amplos. Ademais, a universidade deve estabelecer a demanda por pessoal internacional e
empreendedor; o ambiente de ensino deve estar adaptado ao público global e devem existir
parcerias internacionais voltadas à pesquisa bem como vínculos com ambientes de inovação
(OCDE, 2012). As universidades devem, portanto, usar suas redes, parcerias e ex-alunos
internacionais para retroalimentar as agendas de ensino, aprendizagem e pesquisa (OCDE,
2012).
Para o Ranking das Universidades Empreendedoras, a dimensão de Internacionalização
tem como finalidade avaliar a conexão entre a universidade e o ecossistema internacional seja
por meio de intercâmbio, contato com outras instituições e desenvolvimento de pesquisa que
possam gerar soluções inovadoras (RUE, 2021).
Dessa maneira, uma universidade empreendedora deve estar conectada com o ambiente
internacional por meio do ensino e da pesquisa bem como atuando em redes internacionais a
fim de ter capacidade de receber o público internacional, desenvolver pesquisas inovadoras e
obter conhecimento de atores globais para incrementar seu próprio desenvolvimento. O quadro
22, abaixo, resume as características dessa dimensão.

Quadro 22-Descrição das características da dimensão Internacionalização

Características Descrição

Mobilidade internacional Intercâmbio de alunos, professores e funcionários (RUE) e


(OCDE, 2012; RUE, 2021; proporção de estudantes internacionais e funcionários
BRÁS et al, 2021; THE; internacionais (THE, 2022).
2022)

Pesquisa internacional Produção e citação de artigos em parceria com instituições


(RUF, 2019; BRÁS et al., internacionais (RUE, 2021). Podendo abranger também os
2021; RUE, 2021) diplomas conjuntos/compartilhados (OCDE, 2012; PAÑOS-
CASTRO et al, 2021).

Estratégia (OCDE, 2012). Compromissos estabelecidos na estratégia de


internacionalização reflitam nos objetivos empreendedores da
instituição Recrutamento de pessoal a nível internacional e
ambiente adaptado ao público global.(OCDE, 2012)
86

Relacionamento Vínculos com redes internacionais e com clusters de inovação


internacional (BRÁS et al., universitária (OCDE, 2012).
2021)

Fonte: elaborado pela autora.

Portanto, uma universidade empreendedora precisa apresentar comprometimento com


a mobilidade internacional da sua comunidade, com a pesquisa internacional, ter estratégia e
relacionamento internacional.

4.2.7 Características da dimensão Recurso Financeiro da Universidade Empreendedora

Um outro fator associado ao construto da UE é a estratégia de financiamento, o qual


além de abranger o orçamento da Universidade, também se traduz na procura de financiamento
não público, na autonomia financeira das faculdades e departamentos ou no fato do topo da
gestão da universidade desempenhar um papel ativo na obtenção de fundos e rendimentos
alternativos (RUE, 2021; BRÁS et al., 2021). Nesse sentido, torna-se importante avaliar a
diversificação de receita como por exemplo receita gerada por e compartilhamento de espaço e
atividades empreendedoras (OCDE 2012).
Para a CGU (2022) recursos financeiros contemplam os aportes de recursos do
Ministério da Educação, os captados em projetos e os captados em agências federais de fomento
e incentivos aos docentes para inovação, com foco em publicação científica, incentivando às
atividades de inovação na progressão dos docentes e avaliação dos programas de pós-
graduação. Também nessa dimensão se inclui a renda da pesquisa que uma instituição ganha
da indústria (THE; SUBRANKING THE ODS 9; BUDYLDINA, N., 2018; OSHEA et al, 2017)
e renda de fontes regionais (U-MULTIRANK, 2022).
Nesse ínterim, autores também apresentam o fundo para o empreendedorismo
(MARKUERKIAGA et al, 2017; PANÕS-CASTRO et al, 2021) e a existência de um sistema
de recompensa monetária: bônus ou promoções, que são cruciais para o sucesso da transferência
de conhecimento e da exploração de oportunidades (GARCIA-HURTADO et al, 2022).
Para a Brasil Júnior (2019), por exemplo, a avaliação desta dimensão é composta por
dois indicadores: o orçamento total da universidade que é dividido pelo número total de alunos,
informação coletada pelos embaixadores (alunos que escolhidos pela Brasil Júnior); e pela
existência de fundo patrimonial que é mantido pela sociedade e demonstra uma forma de
diversificação da receita.
87

Considerando os aspectos levantados pela literatura e instrumentos de avaliação,


identificou-se as seguintes características:

Quadro 23-Descrição das características da dimensão Recurso Financeiro

Característica Descrição

Diversificação da Um outro fator associado ao construto da UE é a estratégia de


receita (DALMARCO financiamento, o qual além de abranger o orçamento da
et al, 2018) Universidade, também se traduz na procura de financiamento não
público, na autonomia financeira das faculdades e departamentos
ou no fato do topo da gestão da universidade desempenhar um
papel ativo na obtenção de fundos e rendimentos alternativos
(RUE, 2021; BRÁS et al., 2021). Uma base de financiamento
diversificada é fundamental para a transformação empreendedora
das universidades (CLARK, 1998).

Orçamento total (RUE, Dados orçamentários das instituições de ensino (RUE, 2021).
2021)

Fundo para o Financiamento específico para ensino/aprendizagem e pesquisa


empreendedorismo em empreendedorismo (PAÑOS-CASTRO et al, 2021).

Fundo patrimonial Conjunto de ativos de natureza privada instituído, gerido e


(RUE, 2021) administrado pela organização gestora de fundo patrimonial com o
intuito de constituir fonte de recursos de longo prazo, a partir da
preservação do principal e da aplicação de seus rendimentos
(BRASIL, 2019). Os fundos patrimoniais, também conhecidos
como fundos filantrópicos ou endowments, foram concebidos
como uma importante ferramenta de fomento a iniciativas e
financiamento de causas ou instituições de interesse público
(BRASIL, 2019; FUNDO CATARINA, 2022).

Fonte: elaborado pela autora.

Percebe-se que a forma como a universidade capta recurso financeiro e se parte do


capital é usada em prol do empreendedorismo são fatores relevantes para a atuação da
universidade empreendedora.

4.2.8 Características da dimensão Apoio à cultura empreendedora da Universidade


Empreendedora
88

Em relação à dimensão Apoio à cultura empreendedora, sabe-se que a criação de uma


cultura integrada é essencial na mudança para a orientação empreendedora das universidades
(CLARK, 2004). A cultura é importante para proporcionar um ambiente empreendedor que
dissemine o conhecimento, agrega às atividades acadêmicas tradicionais assim como fornece
conhecimento (KIRBY et al., 2011). Para que as universidades sejam empreendedoras, elas
precisam apoiar os caminhos percorridos por aspirantes a empreendedores (OCDE, 2012).
Esses caminhos podem ser processos que desenvolvem intraempreendedores que vão
desde a conscientização e criação de habilidades empreendedoras entre alunos e funcionários
as quais oportunizarão atividades educacionais que envolvam problemas da vida real e criação
de startups com a finalidade de colocar em prática o aprendizado. Para tanto, a universidade
deve fornecer serviços de apoio aos empreendedores como orientação e conexão com o
ecossistema empreendedor por meio de mentorias e acesso a incubadoras (OCDE, 2012).
Além disso, uma boa avaliação requer a presença de pessoas externas à academia para
trazer habilidades que não estejam disponíveis internamente bem como faz-se necessário
investir na qualificação empreendedora dos funcionários e do corpo docente, assim as
instituições de ensino superior devem ter sistemas de incentivo e recompensa para aqueles que
apoiam práticas empreendedoras (OCDE, 2012).
São exemplos de medidas de apoio ao empreendedorismo, de acordo com Brás et al
(2021): formação, consultoria e informação sobre propriedade industrial; atividades
extracurriculares. De acordo com Ruiz et al (2020), atividades extracurriculares como palestras
de ex-alunos e palestrantes convidados, seminários, workshops, mesas redondas, desafios,
competições, concursos de ideias de negócios, boot camps, hackathons, festivais, cursos de
verão e atividades online apoiam a mentalidade empreendedora bem como a atuação de
ambientes de inovação contribuem para a concepção e implementação de atividades
extracurriculares. A formação extracurricular em empreendedorismo segundo Panõs-Castro et
al (2021) envolve ações como conscientização do empreendedorismo; identificação de
oportunidades; desenvolvimento de plano de negócios e lançamento de spin-off.
Para a Brasil Júnior (2021), a cultura empreendedora envolve o desenvolvimento de
competências nos discentes que perpassa pela exploração da matriz curricular bem como pela
postura empreendedora docente. Para a CGU (2022), o apoio à inovação e ao
empreendedorismo se dá pela oferta de capacitação de empreendedorismo, inovação social,
propriedade intelectual, gestão da inovação e transferência de tecnologia aos docentes. Segundo
o Painel da CGU (2022), a formação discente relaciona-se a disciplinas nestes temas e cursos
89

de pós-graduação, indicadores que fazem parte da dimensão ensino empreendedor neste


trabalho.
A dimensão apoio à cultura empreendedora compreende medidas de apoio ao
empreendedorismo fora do ambiente de sala de aula, relaciona-se, portanto, ao fomento de
práticas universitárias que possam contribuir para o desenvolvimento de habilidades
empreendedoras dos funcionários, alunos e professores.

Quadro 24-Descrição das características da dimensão Apoio a cultura empreendedora

Característica Descrição

Apoiar os caminhos Serviços de apoio aos empreendedores como orientação e


percorridos por aspirantes a conexão com o ecossistema empreendedor por meio de
empreendedores (OCDE, mentorias e acesso a incubadoras (OCDE, 2012).
2012).

Medidas de apoio ao Conscientização e criação de habilidades empreendedoras entre


empreendedorismo (BRÁS alunos e funcionários (OCDE, 2012; PANÕS-CASTRO et al,
et al, 2021). 2021). Presença de pessoas externas à academia para trazer
habilidades que não estejam disponíveis internamente;
Qualificação empreendedora dos funcionários e do corpo docente
(OCDE, 2012). Formação, consultoria e informação sobre
propriedade industrial (BRÁS et al, 2021). Formação docente
para o empreendedorismo e inovação (CGU, 2022). Programas
específicos sobre empreendedorismo (PAÑOS-CASTRO et al,
2021)

Atividades Atuação de ambientes de inovação; palestras de ex-alunos e


extracurriculares (RUIZ et palestrantes convidados, seminários, workshops, mesas
al, 2020). redondas, desafios, competições, concursos de ideias de
negócios, boot camps, hackathons, festivais, cursos de verão e
atividades online (RUIZ et al, 2020).

Postura empreendedora Proatividade para resolver problemas, assumindo riscos e


discente e docente (RUE, aproveitando oportunidades (RUE, 2021).
2021).

Flexibilidade na grade Flexibilidade na grade curricular para engajamento em


curricular (RUE, 2021). atividades extracurriculares (RUE, 2021).
Fonte: elaborado pela autora.
90

Assim, as características apresentadas no quadro 24, deflagram como as universidades


podem apoiar a cultura empreendedora na comunidade acadêmica.

4.2.9 Características da dimensão Pesquisa da Universidade Empreendedora

A pesquisa acadêmica representa outra área focal promissora para o empreendedorismo


em toda a universidade (MORRIS; KURATKO; PRYOR, 2014). As universidades são
entidades de alta complexidade e seus processos de troca de conhecimento são afetados pela
intensidade e qualidade da pesquisa (ABREU et al., 2016).
Assim, assume-se que as universidades intensivas em pesquisa podem afetar
positivamente a geração de novos negócios por parte dos alunos, com destaque especial para
empreendimentos voltados para a inovação (ROCHA; FREITAS, 2014), pois a pesquisa
científica é considerada a principal fonte de ideias empreendedoras (DALMARCO et al, 2018).

Quadro 25-Descrição das características da dimensão Pesquisa

Característica Descrição

Intensidade da A intensidade da pesquisa pode ser entendida pelo volume de


pesquisa (ABREU et publicações científicas (RUF, 2019; RUE, 2021). O Rankings
al., 2016). Universitário da Folha (2019) também inclui nessa dimensão a
quantidade de teses e bolsistas CNPq das instituições de ensino
brasileiras.

Qualidade da A qualidade da pesquisa pode ser percebida pelo número de citações


pesquisa (ABREU et das publicações (RUF, 2019; RUE, 2021; QS RANKING, 2022),
al., 2016). assim como por uma análise a partir da opinião de especialistas (QS
RANKING, 2022).
Fonte: elaborado pela autora.

A pesquisa é a segunda missão da universidade (ETZKOWITZ, 2003) e também se


configura como uma maneira de transmitir o conhecimento para a sociedade.

4.2.10 Características da dimensão Inovação da Universidade Empreendedora

Em relação à dimensão inovação, a literatura universitária empreendedora associou a


terceira missão à transferência/comercialização de conhecimento (ou seja, patentes, licenças,
91

direitos de propriedade intelectual) e iniciativas de inovação empreendedora (ou seja, start-ups,


spin-offs) (AUDRETSCH, 2014; GUERRERO ;URBANO, 2019).
A inovação é uma das principais ferramentas do empreendedorismo na medida em que
os empreendedores exploram os desafios e as oportunidades de mercado (DRUCKER, 2002;
SANTANDREU-MASCARELL; GARZON; KNORR, 2013). Tais oportunidades podem ser
por abordagens que incluem a criação de novos produtos, serviços, novos métodos e processos
de produção, entrada ou criação de um novo mercado, criação de organização, assim como, a
estrutura de negócio (GÜROL; ATSAN, 2006), podendo ser entendida, então, como a criação
de algo novo ou significativamente melhorado que gere valor (SOUZA, 2019).
Além de suas funções tradicionais de ensino e pesquisa, as universidades se envolvem
na transferência de conhecimento e tecnologia, estabelecem vínculos com a indústria e facilitam
a criação de infraestrutura de inovação, ou seja, laboratórios de pesquisa, parques científicos e
clusters industriais (BUDYLDINA, 2018). Assim, a dimensão inovação tem ligação direta tanto
com o desenvolvimento de tecnologia como também de conhecimento na universidade (RUE,
2021). Por exemplo, considera-se que as co-patentes representam interações entre
universidades, empresas e institutos de pesquisa e identificam as redes de conhecimento dos
atores da inovação (GUAN; CHEN 2012; WANZENBO¨CK et al, 2015).
Vale ressaltar que métricas quantitativas normalmente agem como um indicador de
resultados imediatos de atividades de pesquisa e infraestrutura de inovação, enquanto o
horizonte de tempo necessário para que spin-offs ou atividades de comercialização relacionadas
dêem frutos se estende por anos e até décadas. Isso corresponde aos achados de Ankrah et al
(2013): a transferência de conhecimento e tecnologia vai além dos resultados tangíveis e
comerciais, como patentes ou protótipos, e inclui os chamados produtos “intermediários”
(ideias, redes, resultados negativos, etc.).
Dessa maneira, o quadro 26 resume as características da dimensão Inovação.

Quadro 26-Descrição das características da dimensão Inovação

Características Descrição

Desenvolvimento de Criação de novos produtos, serviços, métodos e processos de


tecnologia (RUE, 2021) produção (GÜROL; ATSAN, 2006), podendo ser entendido
como o desenvolvimento de ativos de propriedade
intelectual: invenção, modelo de utilidade, programa de
computador, cultivar e desenho industrial (BRASIL, 2004).
92

Transferência de A transferência de tecnologia pode ser compreendida como


conhecimento e tecnologia o conjunto de etapas que caracterizam a transferência formal
(AUDRETSCH, 2014; de invenções resultantes das pesquisas científicas realizadas
GUERRERO ;URBANO, pelas universidades ao setor produtivo (STEVENS et al,
2019; RUE, 2021). 2005). A transferência de tecnologia pode ocorrer por meio
de acordos de parceria, licenciamento, cessão ou por spin-off
acadêmicas que são empresas criadas dentro de instituições
de ensino de forma a comercializar as pesquisas e
conhecimentos ali desenvolvidos (AUDRETSCH, 2014;
GUERRERO ;URBANO, 2019). Refere-se às atividades e
ativos de uma universidade empreendedora, que liga a
pesquisa ao comércio, socializando resultados tecnológicos
e inovadores (COMPAGNUCCI; SPIGARELLI, 2020).

Desenvolvimento de O processo que gera as inovações apresenta uma certa


conhecimento (RUE, 2021). complexidade, pois depende intrinsecamente de elementos
relacionados ao conhecimento que devem se traduzir em
novos produtos e processos ( ROCZANSKI, 2016).

Estabelecimento de vínculo A relação universidade-indústria favorece a troca de


com a indústria conhecimento, isto é, ao mesmo tempo em que as empresas
(BUDYLDINA, 2018). recebem conhecimento e recursos humanos, as universidades
obtêm dados, experiências e demandas acerca das
necessidades reais da sociedade e do mercado (SANTOS et
al, 2020). Tais vínculos podem ser evidenciados pela
produção de co-patentes e pela graduação de empresas.

Facilitação de criação de A credibilidade proporcionada pelo arranjo de inovação da


infraestrutura de inovação universidade empreendedora é reforçada pela existência de
(DALMARCO et al, 2018). um parque tecnológico, escritório de patentes e incubadoras
(DALMARCO et al, 2018).

Produtos intermediários O tempo necessário para que spin-offs ou atividades de


(ANKRAH et al. 2013; comercialização relacionadas dêem frutos se estende por
CGU, 2022). anos e até décadas. Nesse sentido, as ideias, redes, PI
requeridas são produtos desse processo. (ANKRAH et al.
2013; CGU, 2022).
Fonte: elaborado pela autora.

A inovação ocorre quando a invenção é aplicada, isto é, quando chega ao mercado


gerando valor para algum setor da sociedade. No âmbito universitário, esse processo perpassa
pelo desenvolvimento de conhecimento e tecnologia, que pode gerar invenções e produtos
intermediários, transferência de conhecimento e tecnologia e infraestrutura para que esse
processo aconteça.
93

4.2.11 Características da dimensão Extensão da Universidade Empreendedora

Já a dimensão Extensão refere-se a ações que a Universidade realiza em conjunto com


o ecossistema, promovendo um ambiente favorável ao desenvolvimento de projetos dentro do
ambiente universitário, os quais permitem a interação com o público externo (RUE, 2021). Os
contratos de pesquisa também são destacados como um meio de transferência de conhecimento
cocriativo entre universidades, indústria, governo e usuários finais dentro do ecossistema de
hélice quádrupla de inovação (KLASOVÁ; KOROBANIČOVÁ; HUDEC, 2019). Assim, as
atividades em cooperação como projetos de pesquisa e prestação de serviços refletem essa
interação com a região e a sociedade (CGU, 2022).
As universidades podem estimular o empreendedorismo entre seus alunos
desenvolvendo iniciativas que visam engajar os alunos em redes externas (WRIGHT et al.,
2017), as parcerias devem se dar com vários tipos de organizações como escolas, pequenas e
médias empresas, organizações regionais, locais e sociais. Outro aspecto importante referente
a essa temática são as interações com parques científicos e incubadoras (DALMARCO et al,
2018).
Ademais, o engajamento regional para o U-Multirank (2022) é avaliado pelos estágios
e trabalho ocupados pelos alunos ou formados pela universidade. A questão da contratação de
alunos e ex-alunos também é abordada pelo QS Ranking (2022). Dessa forma, identificou-se
as seguintes características dessa dimensão.

Quadro 27-Descrição das características da dimensão Extensão

Característica Descrição

Engajamento regional Alguns autores, discutiram o empreendedorismo


(ALVAREZ-TORRES et al., universitário, relacionado a orientação empreendedora
2019; KAZIN et al., 2017; e ao engajamento do jovem universitário no contexto
MORRIS et al., 2014; PAÑOS- local como uma das dimensões a ser cuidada pelas
CASTRO et al., 2021 U- universidades empreendedoras (ALVAREZ-TORRES
MULTIRANK, 2022) et al., 2019; KAZIN et al., 2017; MORRIS et al., 2014;
PAÑOS-CASTRO et al., 2021). Característica que é
avaliada por rankings internacionais pela porcentagem
de mestres e graduados trabalhando na região;
oportunidade de estágio e emprego na região (U-
MULTIRANK, 2022; QS RANKING, 2022).
94

Projetos de pesquisa (KLASOVÁ; Os contratos de pesquisa são destacados como um meio


KOROBANIČOVÁ; HUDEC, de transferência de conhecimento cocriativo entre
2019). universidades, indústria, governo e usuários finais
dentro do ecossistema de hélice quádrupla de inovação
(KLASOVÁ; KOROBANIČOVÁ; HUDEC, 2019).

Projetos de prestação de serviço A prestação de serviço no âmbito universitário consiste


(CGU, 2022). na realização de trabalho oferecido pela Universidade
ou solicitado por terceiros, na forma de assessorias,
consultorias e perícias (UFSC, 2016). Ademais, há a
prestação de serviço técnico especializado nas
atividades voltadas à inovação e à pesquisa científica e
tecnológica no ambiente produtivo, visando, entre
outras finalidades, à maior competitividade empresarial
(BRASIL, 2016).

Ações de extensão (RUE, 2021). A extensão universitária é compreendida como uma


atividade acadêmica que pressupõe a integração entre a
comunidade universitária e a sociedade, sob formas de
programas, projetos, cursos e eventos (SANTOS et al,
2016).

Impacto das produções científicas Considera um conjunto bem diversificado de


em ambiente online (RUE, 2021). informações, como citações, menções,
compartilhamentos e curtidas em mídias sociais, entre
outros, que é fornecido pela plataforma Altimetric
(RUE, 2021).

Prospecção ativa (CGU, 2022). Existência de prospecção ativa de


problemas/oportunidades das empresas, setor público
ou sociedade e forma de prospecção: eventos da
unidade administrativa; eventos do NIT; iniciativa dos
pesquisadores; atendimento a editais; eventos embrapii;
eventos da unidade acadêmica; eventos do Parque
tecnológico; unidades específicas (CGU, 2022).

Organizações estudantis (RUE, Organizações estudantis podem ser definidas como


2021). organizações sem fins lucrativos estruturadas pelos
próprios discentes com a finalidade de vivenciar
experiências fora da sala de aula. Há diversas áreas de
atuação como projetos sociais, organizações focadas na
inserção no mercado de trabalho e prestação de serviços
(LEITE; GAVIRA, 2020).

Interação com parque científico e A proximidade da comunidade acadêmica a


incubadora (DALMARCO et al, incubadoras de empresas e parques tecnológicos
2018). promove laços entre clientes, fornecedores e
pesquisadores por meio desses facilitadores de negócios
(IANSITI; LEVIEN, 2004), além de fomentar a
atratividade dos alunos.
95

Fonte: elaborado pela autora.

A tradução do conhecimento gerado no ambiente acadêmico para a sociedade é aspecto


essencial da universidade empreendedora. Nesse sentido, as práticas interativas com a
sociedade permitem a troca do conhecimento, em que a instituição de ensino superior percebe
as demandas da sociedade a qual fornece informações para a academia que corresponde com
uma atuação mais acertada na solução de desafios reais.

4.2.12 Características da dimensão Infraestrutura da Universidade Empreendedora

A jornada em direção a uma universidade empreendedora pode ser estimulada com a


presença de uma infraestrutura adequada que melhore o aprendizado baseado em projetos, apoie
spin-offs e patentes (PITA et al, 2021). Além disso, a existência de uma incubadora de empresas
(ou parque científico) facilita o processo de empreendedorismo, pois permite que
empreendedores acadêmicos permaneçam próximos à universidade (DALMARCO et al, 2018).
A CGU traz em seu painel alguns tipos de infraestrutura dentro da dimensão Recursos
e que neste estudo foram considerados características da dimensão Infraestrutura como:
ambientes atrativos ao empreendedorismo e inovação e infraestrutura de pesquisa, uma vez que
a presente pesquisa separou esse critério e identificou a dimensão de Recursos Financeiros. Ao
mesmo tempo, o RUE (2021) apresenta a dimensão infraestrutura e apresenta como indicador
a aproximação com o Parque Tecnológico local, além da percepção dos alunos acerca da
qualidade e velocidade da internet, qualidade das salas de aula, biblioteca, espaços de
convivência, espaços para a prática de esporte, moradia estudantil, transporte interno,
laboratórios e ambientes de inovação (RUE, 2021).
No que se refere aos habitats de inovação, Souza e Teixeira (2022) esclarecem que são
espaços propícios para que a inovação ocorra por meio de compartilhamento de conhecimento
e aproximação dos atores do ecossistema a fim de maximizar os resultados e diminuir os riscos
dos potenciais empreendedores e inovadores. O apoio fornecido por esses ambientes varia, indo
desde a capacitação em negócios e estrutura física (AZEVEDO; TEIXEIRA, 2016; WANG et
al., 2020) até serviços mais elaborados como laboratórios e equipamentos, mentorias em áreas
financeiras, judiciais ou administrativas bem como suporte para acesso a tecnologias (WANG
et al., 2020).
96

Nesse aspecto, a Figura 7 apresenta as tipologias associadas aos habitats de inovação


em esferas macro (externas) para micro (internas):

Figura 7 - Tipologias de Habitats de Inovação

Fonte: Depiné; Teixeira, 2020.

Nesse contexto, as características da dimensão Infraestrutura são apresentadas no


quadro 28:

Quadro 28-Descrição das características da dimensão Infraestrutura

Característica Descrição

Aproximação com o Existência de parceria, associação ou convênio entre a


Parque tecnológico local instituição e o Parque Tecnológico da cidade (RUE, 2021).
(RUE, 2021; Salomaa;
2019)
97

Infraestrutura adequada Ressalta-se a importância de a universidade possuir uma


para melhorar o infraestrutura adequada e de qualidade para proporcionar a
aprendizado (PITA et al, execução e o desenvolvimento das atividades (RUE, 2021).
2021; RUE, 2021).

Existência e qualidade de A Brasil Júnior (2021) considera que os ambientes de inovação


ambientes de inovação são lugares para gestão do conhecimento, criação de novos
(RUE, 2021) produtos, serviços e processos, e que também, oferecem suporte
para transformar ideias em empreendimentos, a exemplo de
incubadoras, coworkings, fablabs, hubs.
Fonte: elaborado pela autora.

Assim, a infraestrutura de uma universidade empreendedora deve abranger não só


ambientes de inovação e empreendedorismo e sim proporcionar qualidade em toda sua
infraestrutura física.

4.2.13 Características da dimensão Impacto da Universidade Empreendedora

Por fim, a dimensão Impacto da universidade empreendedora aborda externalidades


positivas às dimensões econômicas e sociais geradas pelas atividades de inovação (CGU, 2022).
Os impactos afetam os stakeholders internos (estudantes/graduados, funcionários) e também os
stakeholders externos (empresas locais, organizações e comunidades inteiras) (OCDE, 2012).
De acordo com a OCDE (2012), envolve desenvolvimento econômico local ou os
impactos mais amplos da estratégia empreendedora (OCDE). Neste item a OCDE esclarece
“para medições externas, deve incluir o valor percebido e o impacto da universidade no
ambiente mais amplo das partes interessadas (negócios, governo, etc.)” (OCDE, 2012, p. 18,
tradução nossa).
A universidade deve incentivar a participação dos funcionários e alunos com o ambiente
externo. E o conhecimento absorvido nesse movimento deve voltar ao ambiente acadêmico por
meio do ensino, da pesquisa colaborativa e parcerias industriais e comerciais (OCDE, 2012).
Assim, um indicador interessante para estabelecer a posição de liderança da universidade em
um determinado campo e o tipo de conhecimento que ela gera são os prêmios que a universidade
recebe (GARCIA-HURTADO et al, 2022).
O papel ativo da universidade no desenvolvimento regional pode ser observado na
comercialização de seus conhecimentos por meio de spin-offs, patentes e licenciamentos. As
regiões, dessa forma, ganham com a criação de empregos, spin-offs, transbordamentos de
conhecimento, atração de novos talentos além de pesquisas que podem ser traduzidas em
98

produtos e serviços. Assim, as instituições de ensino superior podem impactar o bem-estar


econômico e fomentar inovações na região (OLO et al, 2020). As características dessa dimensão
podem ser observadas no quadro 29.

Quadro 29-Descrição das características da dimensão Impacto da universidade


empreendedora

Característica Descrição

Externalidades positivas às Relacionada ao resultado da exploração comercial de ativos


dimensões econômicas e de propriedade intelectual da universidade (CGU, 2022).
social geradas pelas
atividades de inovação
(CGU, 2022)

Impacto da universidade no O papel ativo da universidade no desenvolvimento regional


ambiente mais amplo das pode ser observado na comercialização de seus
partes interessadas conhecimentos por meio de spin-offs, patentes e
(negócios, governo, etc.) licenciamentos. As regiões, dessa forma, ganham com a
(CGU, 2022). criação de empregos, spin-offs, transbordamentos de
conhecimento, atração de novos talentos além de pesquisas
que podem ser traduzidas em produtos e serviços. Assim, as
instituições de ensino superior podem impactar o bem-estar
econômico e fomentar inovações na região (OLO et al, 2020).

Posição de liderança da Um indicador interessante para estabelecer a posição de


universidade (GARCIA- liderança da universidade em um determinado campo e o tipo
HURTADO et al, 2022). de conhecimento que ela gera são os prêmios que a
universidade recebeu (GARCIA-HURTADO et al, 2022).

Fonte: elaborado pela autora.

Tais características diferenciam a avaliação das universidades em relação ao


empreendedorismo.

4.3 IDENTIFICAÇÃO DOS INDICADORES PARA AVALIAÇÃO DAS UNIVERSIDADES


EMPREENDEDORAS

A partir da identificação e descrição das dimensões das universidades empreendedoras,


a presente pesquisa avançou para a identificação dos indicadores, analisando cada dimensão
99

segundo os autores da revisão de literatura; métricas dos rankings e informações dos


frameworks. Num primeiro momento, identificou-se os indicadores apresentados no quadro 30.

Quadro 30-Compilado de dimensões e indicadores

Dimensão Indicadores
Utilização de habilidades, comportamento e experiência empreendedoras como
critérios de recrutamento (OCDE, 2012)
Fatores individuais
Existência de política formal de desenvolvimento de carreira para todos os
funcionários, que aborde a agenda empreendedora (OCDE, 2012).
Nº de objetivos, ações e metas em relação ao fomento de parcerias (CGU, 2022)
Nº de objetivos, ações e metas em relação ao fomento do empreendedorismo
(CGU, 2022)
Nº de objetivos, ações e metas em relação ao fomento da produção de PI (CGU,
2022)
Nº de objetivos, ações e metas em relação ao fomento de prestação de serviço
Fatores institucionais (CGU)
Nº de objetivos, ações e metas ao fomento da transferência de tecnologia (CGU,
2022)
Existência de temas da Lei e Decreto da inovação na política de inovação (CGU,
2022)
Existência de normativos específicos além da política nos temas Lei e Decreto
da inovação na política de inovação (CGU, 2022)
Fatores contextuais -
Nº de ferramentas da gestão do conhecimento aplicadas (GARCÍA-HURTADO
et al., 2022)
Fatores Nº de decisões descentralizadas nos últimos doze meses (PAÑOS-CASTRO et
organizacionais al, 2021)
Existência de estrutura de baixo para cima (MARKUERKIAGA et al. (2017;
PAÑOS-CASTRO et al, 2021)
Nº de disciplinas em inovação (CGU, 2022; Panõs-Castro et al, 2021)
Nº de disciplinas de PI (CGU, 2022)
Nº de disciplinas de empreendedorismo (CGU, 2022)
Nº de Cursos de pós-graduação (CGU, 2022)
Nº de cursos específicos para desenvolvimento de habilidades empreendedoras
(Panõs-Castro et al, 2021)
Nº de disciplinas com aplicação de metodologias ativas (OCDE, 2012; Panõs-
Castro et al, 2021)
Ensino empreendedor Profissionais de empresas e organizações no desenvolvimento e entrega do
currículo (Panõs-Castro et al, 2021)
Existência de cargo de Professor de empreendedorismo (OCDE, 2012).
Professores de empreendedorismo (OCDE, 2012).
Existência de um pessoal responsável por este tema ao nível da unidade que
estejam envolvidos no planejamento universitário (OCDE, 2012).
Contatos com empreendedores reais (palestras, visitas técnicas, eventos)
(OCDE, 2012)
Nº de disciplinas com cunho interdisciplinar (OCDE, 2012)
100

Nº de disciplinas com contado com habitas de inovação (adaptado de OCDE,


2012)
Nº de intercâmbios internacionais realizados pela IES, abrangendo tanto a saída
de alunos da IES para o exterior, como a entrada de alunos estrangeiros na IES,
dividido pelo número de alunos (RUE, 2021).
Oferta de intercâmbios e de integração por meio de pesquisas com outras IES:
número de parcerias internacionais para cada 1000 alunos (RUE, 2021).
Nº de artigos em parceira internacional frente ao número de produção da IES,
extraídos da Web Of Science/InCites e normalizados de 0 a 10, sendo 10 a IES
com o maior valor (RUE, 2021).
Diplomas compartilhado/ conjunto (Paños-Castro et al, 2021; Markuerkiaga et
al, 2017).
Compromissos estabelecidos na estratégia de internacionalização reflitam nos
objetivos empreendedores da instituição (OCDE, 2012)
Internacionalização Iniciativas específicas de recrutamento internacional (OCDE, 2012)
Oferta de Ambiente de aprendizagem adaptado ao público global (OCDE, 2012)
Vínculos com outras redes internacionais,
clusters de inovação universitária e parcerias bilaterais com outras instituições
(OCDE, 2012).
Proporção de estudantes internacionais, proporção de funcionários
internacionais e colaboração internacional (THE, 2022)
Citações Internacionais por docente (RUF, 2019)
Nº de cursos com instituições internacionais (BRÁS et al, 2021)
Nº de colaboração com empresas globais para produzir pesquisas
transformadoras e citáveis métrica é balizada pelo banco de dados Scopus (QS
RANKING, 2022)
O valor global do orçamento dividido pelo número de alunos (RUE, 2021)
Presença de fundo patrimonial (RUE, 2021)
Renda da indústria para a pesquisa (THE; Subranking THE ODS 9; Budyldina,
N., 2018; Oshea et al, 2017)
Recursos do MEC (CGU, 2022)

Recurso Financeiro Recursos captados em projetos (CGU, 2022)


Recursos captados em projetos e os captados em agências federais de fomento
(CGU, 2022).
Presença de fundo para o empreendedorismo (Markuerkiaga et al, 2017; Panõs-
Castro et al, 2021)
Recompensa monetária: bônus ou promoções, que são cruciais para o sucesso da
transferência de
conhecimento e da exploração de oportunidades (Garcia-Hurtado et al, 2022).
Capacitação de empreendedorismo aos docentes (PAÑOS-CASTRO et al, 2021;
CGU, 2022)
Capacitação em inovação social aos docentes (PAÑOS-CASTRO et al, 2021;
Apoio à cultura CGU, 2022)
empreendedora Capacitação em gestão da inovação aos docentes (PAÑOS-CASTRO et al, 2021;
CGU, 2022)
Capacitação em transferência de tecnologia aos docentes (PAÑOS-CASTRO et
al, 2021; CGU, 2022)
101

Existência de Política de Incentivos aos docentes para inovação, com foco em


publicação científica, incentivando às atividades de inovação na progressão dos
docentes e avaliação dos programas de pós-graduação (CGU,2022)
Quantidade de horas disponíveis para engajamento em atividades
extracurriculares (RUE; 2021)
% de Programas específicos sobre empreendedorismo (Panõs-Castro et al, 2021)
Quantidade de Desenvolvimento de planos de negócio (Panõs-Castro et al,
2021)
Nº de docentes com experiência no mercado de trabalho (RUE, 2021)
Nº de Canais com empreendedores (Panõs-Castro et al, 2021)
Ações da conscientização sobre o valor/importância do desenvolvimento de
habilidades empreendedoras entre funcionários da universidade (OCDE, 2012;
Panõs-Castro et al, 2021).
Ações da conscientização sobre o valor/importância do desenvolvimento de
habilidades empreendedoras pelos alunos da universidade (OCDE, 2012; Panõs-
Castro et al, 2021).
Existência de orientação e conexão com o ecossistema empreendedor por meio
de mentorias realizadas pela universidade (OCDE, 2012)
Existência de orientação e conexão com o ecossistema empreendedor por meio
acesso a incubadoras (OCDE, 2012)
Tecnologias digitais para o desenvolvimento universitário (HEINNOVATE)
Tecnologias digitais para apoiar a inovação e o empreendedorismo
(HEINNOVATE)
Volume de produção científica para cada 100 alunos na IES (RUE, 2021)
Nº de citações por artigo (Web of science) (RUE, 2021)
Nº médio de vezes que o trabalho publicado de uma universidade é citado por
acadêmicos em todo o mundo (THE)
Citação por corpo docente, considerando o número total de citações acadêmicas
em artigos produzidos por uma universidade em um período de cinco anos (QS
RANKING, 2022)
Total de publicações Web of Science (RUF, 2019)
Pesquisa
Total de citações - Web of Science (RUF, 2019)
Publicações em revistas nacionais -Scielo (RUF, 2019)
Publicação por docente (RUF, 2019)
Nº de Bolsistas CNPQ (RUF, 2019)
Nº de Teses (RUF, 2019)
Análise da qualidade da pesquisa a partir de opinião de especialistas (QS
RANKING, 2022).
Nº de patentes que foram depositadas pela IES em um período de 10 anos
(WIPO) (RUE, 2021)
Nº de empresas incubadas para cada 1000 alunos na IES (RUE, 2021; CGU,
2022)
Inovação Nº de acordos de parceria para cada 1000 alunos com um fator multiplicador que
seja proporcional ao valor total dos acordos (em R$) (RUE, 2021).
% de patentes de qualquer fonte que citam pesquisas realizadas pela
universidade (THE, 2022; U-Multirank, 2022).
Patentes concedidas (nº absoluto) (U-Multirank, 2022)
102

Co-publicações com parceiros industriais (CGU, 2022; U-Multirank, 2022)


% Dissertações de mestrado com organizações regionais (U-Multirank, 2022)
% teses de bacharelado realizadas em cooperação com organizações U-
Multirank, 2022)
Co-patentes da indústria (U-Multirank, 2022)
Quantidade de PI requerida; tipo; área de conhecimento (CGU, 2022)
Spin-off geradas (CGU, 2022; THE, 2022; U-multirank, 2022)
nº de empresas graduadas (CGU, 2022)
Quantidade de empresas apoiadas em parques (CGU, 2022).
% de Transferência de Tecnologia por tipo de PI (CGU, 2022).
Existência do NIT (RUE, 2021)
Renda de fontes regionais (U-multirank, 2022)
Volume de Publicações Regionais com Parceiros Industriais (U-multirank,
2022)
Volume de Publicações conjuntas regionais (U-multirank, 2022)
Nº Estágio estudantil na região (U-multirank, 2022)
Nº de Graduados trabalhando na região (U-multirank, 2022)
Nº de Mestres trabalhando na região (U-multirank, 2022)
Nº de contratos de pesquisa (KLASOVA et AL, 2019; CGU, 2022).

Engajamento Nº de contratos de prestação de serviços (CGU, 2022).


regional/extensão Nº de ações de extensão cadastradas dividido pelo número de alunos (RUE,
2021)
Impacto das produções científicas em ambientes online (RUE, 2021)
Empresas que implementaram inovações com relações de cooperação com
outras organizações por grau de parceira com as universidades (CGU, 2022)
Nº de alunos que participam da organização estudantil AIESEC (RUE, 2021)
Nº de alunos que participam de empresas juniores (RUE, 2021)
Nº de alunos que participam da organização estudantil Enactus (RUE, 2021)
Reputação de páginas da Web individuais - backlinks para uma universidade de
outros sites usando a mesma abordagem de mecanismos de pesquisa
(EDURANK, 2022).
Existência de procedimentalização do processo decisório de PI (CGU; 2022)
Registro da inovação como resultado (CGU, 2022)
Existência de alguém a nível de reitoria responsável pela agenda empreendedora
(OCDE, 2012)
Gestão/Governança Existência de estrutura que coordene as atividades dentro da instituição e com
outras partes interessadas dentro do ecossistema de empreendedorismo local
(OCDE, 2012)
Existência de estratégia de comunicação para inovação (CGU, 2022; OCDE,
2012).
Existência de Tratamento de conflito de interesse (CGU, 2022).
Nº de ativos físicos das Universidades (laboratórios exclusivos; multiusuários e
Infraestrutura
curtas instalações (CGU, 2022)
103

Ocorrência de parceria, associação ou convênio entre a instituição e o Parque


Tecnológico da cidade (RUE, 2021; Salomaa; 2019)
Qualidade da internet (RUE, 2021)
Velocidade da internet (RUE, 2021)
Qualidade dos espaços para prática de esportes (RUE, 2021)
Qualidade da biblioteca (RUE, 2021)
Qualidade dos espaços de convivência (RUE, 2021)
Qualidade das salas de aula (RUE, 2021)
Qualidade dos laboratórios de pesquisa e experimentação (RUE, 2021)
Qualidade do restaurante (RUE, 2021)
Qualidade do transporte interno (RUE, 2021)
Qualidade da moradia estudantil (RUE, 2021)
Nº º de exploração comercial por tipo de PI (CGU, 2022)
Tempo médio entre a TT e a rentabilização por tipo de PI (CGU, 2022)
Receitas de PIs transferidas por tipo de PI (CGU, 2022)
Receitas obtidas pelas PIs transferidas por tipo de parceiro (CGU, 2022)
Origem de PI e destino (CGU, 2022)
Participação percentual das PIs da universidade sobre o total de depósitos de PIs
de residentes (CGU, 2022)
Rentabilização/TT geral (CGU, 2022)
Prêmios recebidos pela universidade (GARCIA-HURTADO et al, 2022).
Impacto
Prêmios recebidos pelos pesquisadores (GARCIA-HURTADO et al, 2022)
Orientação e conexão com o ecossistema empreendedor por meio acesso a
incubadoras (OCDE, 2012)
Nº combinado de visualizações de página que os graduados de uma universidade
e outros indivíduos afiliados têm (EDURANK, 2022).
Nº de parcerias relacionadas a estágios (QS RANKING, 2022)
Soma do número de empregadores individuais que estiveram ativamente
presentes no campus da universidade nos últimos doze meses, proporcionando
aos alunos a oportunidade de interação e de acesso a informações dividido pelo
número de alunos (QS RANKING, 2022)
Proporção de graduados em empregos de tempo integral ou parcial dentro de 12
meses após a formatura (QS RANKING, 2022)
Fonte: elaborado pela autora.

Observa-se que há pouca abordagem dos indicadores referentes aos fatores individuais
pelos instrumentos de avaliação. Destaca-se que não foram encontrados indicadores na
literatura, rankings e frameworks relacionados aos fatores contextuais, sendo que os
instrumentos de avaliação analisados não consideram essa dimensão na avaliação das
universidades. Além disso, algumas dimensões possuem maior número de indicadores devido
à maior ocorrência das dimensões nas fontes pesquisadas. Ademais, os fatores organizacionais,
104

segundo essa configuração, também não foram abordados pelos instrumentos de avaliação.
Outro ponto a se observar é que alguns modelos de avaliação são desenvolvidos a partir de
coleta de percepções e opiniões (RUF, 2019; RUE, 2021; QS RANKING, 2022).
Após as rodadas do grupo focal percebeu-se que os indicadores “Utilização de
habilidades, comportamento e experiência empreendedoras como critérios de recrutamento
(OCDE, 2012)” e “Existência de política formal de desenvolvimento de carreira para todos os
funcionários, que aborde a agenda empreendedora (OCDE, 2012)” enquadraram-se na
dimensão Institucional. Além disso, alguns aspectos da dimensão Gestão/governança foram
incorporados na dimensão Organizacional e outros na dimensão Institucional. O quadro 31
apresenta as dimensões e os indicadores existentes ajustados após as discussões do grupo focal.

Quadro 31-Dimensões e indicadores ajustados

Dimensão Indicadores
Nível de qualificação (ADEGIBLE et al, 2020)
Individual
Tempo de trabalho (ADEGIBLE et al, 2020)

Nº de objetivos, ações e metas em relação ao fomento de parcerias (CGU, 2022)


Nº de objetivos, ações e metas em relação ao fomento do empreendedorismo
(CGU, 2022)
Nº de objetivos, ações e metas em relação ao fomento da produção de PI (CGU,
2022)
Nº de objetivos, ações e metas em relação ao fomento de prestação de serviço
(CGU)
Nº de objetivos, ações e metas ao fomento da transferência de tecnologia (CGU,
Institucional 2022)
Existência de temas da Lei e Decreto da inovação na política de inovação (CGU,
2022)
Existência de normativos específicos além da política nos temas Lei e Decreto
da inovação na política de inovação (CGU, 2022)
Utilização de habilidades, comportamento e experiência empreendedoras como
critérios de recrutamento (OCDE, 2012)
Existência de política formal de desenvolvimento de carreira para todos os
funcionários, que aborde a agenda empreendedora (OCDE, 2012).
Contextual -
Existência de procedimentalização do processo decisório de PI (CGU; 2022)

Organizacional Registro da inovação como resultado (CGU, 2022)

Existência de alguém a nível de reitoria responsável pela agenda empreendedora


(OCDE, 2012)
105

Existência de alguém a nível de reitoria responsável pela agenda empreendedora


(OCDE, 2012)

Existência de estratégia de comunicação para inovação (CGU, 2022; OCDE,


2012).

Existência de Tratamento de conflito de interesse (CGU, 2022).

Nº de disciplinas em inovação (CGU, 2022; Panõs-Castro et al, 2021)


Nº de disciplinas de PI (CGU, 2022)
Nº de disciplinas de empreendedorismo (CGU, 2022)
Nº de Cursos de pós-graduação (CGU, 2022)
Nº de cursos específicos para desenvolvimento de habilidades empreendedoras
(Panõs-Castro et al, 2021)
Nº de disciplinas com aplicação de metodologias ativas (OCDE, 2012; Panõs-
Castro et al, 2021)
Profissionais de empresas e organizações no desenvolvimento e entrega do
Ensino empreendedor currículo (Panõs-Castro et al, 2021)
Existência de cargo de Professor de empreendedorismo (OCDE, 2012).
Professores de empreendedorismo (OCDE, 2012).
Existência de um pessoal responsável por este tema ao nível da unidade que
estejam envolvidos no planejamento universitário (OCDE, 2012).
Contatos com empreendedores reais (palestras, visitas técnicas, eventos)
(OCDE, 2012)
Nº de disciplinas com cunho interdisciplinar (OCDE, 2012)
Nº de disciplinas com contado com habitas de inovação (adaptado de OCDE,
2012)
Nº de intercâmbios internacionais realizados pela IES, abrangendo tanto a saída
de alunos da IES para o exterior, como a entrada de alunos estrangeiros na IES,
dividido pelo número de alunos (RUE, 2021).
Oferta de intercâmbios e de integração por meio de pesquisas com outras IES:
número de parcerias internacionais para cada 1000 alunos (RUE, 2021).
Nº de artigos em parceira internacional frente ao número de produção da IES,
extraídos da Web Of Science/InCites e normalizados de 0 a 10, sendo 10 a IES
com o maior valor (RUE, 2021).
Diplomas compartilhado/ conjunto (Paños-Castro et al, 2021; Markuerkiaga et
al, 2017).
Compromissos estabelecidos na estratégia de internacionalização reflitam nos
Internacionalização objetivos empreendedores da instituição (OCDE, 2012)
Iniciativas específicas de recrutamento internacional (OCDE, 2012)
Oferta de ambiente de aprendizagem adaptado ao público global (OCDE, 2012)
Vínculos com outras redes internacionais,
clusters de inovação universitária e parcerias bilaterais com outras instituições
(OCDE, 2012).
Proporção de estudantes internacionais, proporção de funcionários
internacionais e colaboração internacional (THE, 2022)
Citações Internacionais por docente (RUF, 2019)
Nº de cursos com instituições internacionais (BRÁS et al, 2021)
106

Nº de colaboração com empresas globais para produzir pesquisas


transformadoras e citáveis métrica é balizada pelo banco de dados Scopus (QS
RANKING, 2022)
O valor global do orçamento dividido pelo número de alunos (RUE, 2021)
Presença de fundo patrimonial (RUE, 2021)
Renda da indústria para a pesquisa (THE; Subranking THE ODS 9; Budyldina,
N., 2018; Oshea et al, 2017)
Recursos do MEC (CGU, 2022)

Recurso Financeiro Recursos captados em projetos (CGU, 2022)


Recursos captados em projetos e os captados em agências federais de fomento
(CGU, 2022).
Presença de fundo para o empreendedorismo (Markuerkiaga et al, 2017; Panõs-
Castro et al, 2021)
Recompensa monetária: bônus ou promoções, que são cruciais para o sucesso da
transferência de
conhecimento e da exploração de oportunidades (Garcia-Hurtado et al, 2022).
Capacitação de empreendedorismo aos docentes (PAÑOS-CASTRO et al, 2021;
CGU, 2022)
Capacitação em inovação social aos docentes (PAÑOS-CASTRO et al, 2021;
CGU, 2022)
Capacitação em gestão da inovação aos docentes (PAÑOS-CASTRO et al, 2021;
CGU, 2022)
Capacitação em transferência de tecnologia aos docentes (PAÑOS-CASTRO et
al, 2021; CGU, 2022)
Existência de Política de Incentivos aos docentes para inovação, com foco em
publicação científica, incentivando às atividades de inovação na progressão dos
docentes e avaliação dos programas de pós-graduação (CGU,2022)
Quantidade de horas disponíveis para engajamento em atividades
extracurriculares (RUE; 2021)
% de Programas específicos sobre empreendedorismo (Panõs-Castro et al, 2021)
Quantidade de Desenvolvimento de planos de negócio (Panõs-Castro et al,
Apoio à cultura 2021)
empreendedora
Nº de docentes com experiência no mercado de trabalho (RUE, 2021)
Nº de Canais com empreendedores (Panõs-Castro et al, 2021)
Ações da conscientização sobre o valor/importância do desenvolvimento de
habilidades empreendedoras entre funcionários da universidade (OCDE, 2012;
Panõs-Castro et al, 2021).
Ações da conscientização sobre o valor/importância do desenvolvimento de
habilidades empreendedoras pelos alunos da universidade (OCDE, 2012; Panõs-
Castro et al, 2021).
Existência de orientação e conexão com o ecossistema empreendedor por meio
de mentorias realizadas pela universidade (OCDE, 2012)
Existência de orientação e conexão com o ecossistema empreendedor por meio
acesso a incubadoras (OCDE, 2012)
Tecnologias digitais para o desenvolvimento universitário (HEINNOVATE)
Tecnologias digitais para apoiar a inovação e o empreendedorismo
(HEINNOVATE)
Volume de produção científica para cada 100 alunos na IES (RUE, 2021)
Pesquisa
Nº de citações por artigo (Web of science) (RUE, 2021)
107

Nº médio de vezes que o trabalho publicado de uma universidade é citado por


acadêmicos em todo o mundo (THE)
Citação por corpo docente, considerando o número total de citações acadêmicas
em artigos produzidos por uma universidade em um período de cinco anos (QS
RANKING, 2022)
Total de publicações Web of Science (RUF, 2019)
Total de citações - Web of Science (RUF, 2019)
Publicações em revistas nacionais -Scielo (RUF, 2019)
Publicação por docente (RUF, 2019)
Nº de Bolsistas CNPQ (RUF, 2019)
Nº de Teses (RUF, 2019)
Análise da qualidade da pesquisa a partir de opinião de especialistas (QS
RANKING, 2022).
Nº de patentes que foram depositadas pela IES em um período de 10 anos
(WIPO) (RUE, 2021)
Nº de empresas incubadas para cada 1000 alunos na IES (RUE, 2021; CGU,
2022)
Nº de acordos de parceria para cada 1000 alunos com um fator multiplicador que
seja proporcional ao valor total dos acordos (em R$) (RUE, 2021).
% de patentes de qualquer fonte que citam pesquisas realizadas pela
universidade (THE, 2022; U-Multirank, 2022).
Patentes concedidas (nº absoluto) (U-Multirank, 2022)
Co-publicações com parceiros industriais (CGU, 2022; U-Multirank, 2022)
% Dissertações de mestrado com organizações regionais (U-Multirank, 2022)
Inovação
% teses de bacharelado realizadas em cooperação com organizações U-
Multirank, 2022)
Co-patentes da indústria (U-Multirank, 2022)
Quantidade de PI requerida; tipo; área de conhecimento (CGU, 2022)
Spin-off geradas (CGU, 2022; THE, 2022; U-multirank, 2022)
nº de empresas graduadas (CGU, 2022)
Quantidade de empresas apoiadas em parques (CGU, 2022).
% de Transferência de Tecnologia por tipo de PI (CGU, 2022).
Existência do NIT (RUE, 2021)
Renda de fontes regionais (U-multirank, 2022)
Volume de Publicações Regionais com Parceiros Industriais (U-multirank,
2022)
Volume de Publicações conjuntas regionais (U-multirank, 2022)
Engajamento Nº Estágio estudantil na região (U-multirank, 2022)
regional/extensão
Nº de Graduados trabalhando na região (U-multirank, 2022)
Nº de Mestres trabalhando na região (U-multirank, 2022)
Nº de contratos de pesquisa (KLASOVA et AL, 2019; CGU, 2022).
Nº de contratos de prestação de serviços (CGU, 2022).
108

Nº de ações de extensão cadastradas dividido pelo número de alunos (RUE,


2021)
Impacto das produções científicas em ambientes online (RUE, 2021)
Empresas que implementaram inovações com relações de cooperação com
outras organizações por grau de parceira com as universidades (CGU, 2022)
Nº de alunos que participam da organização estudantil AIESEC (RUE, 2021)
Nº de alunos que participam de empresas juniores (RUE, 2021)
Nº de alunos que participam da organização estudantil Enactus (RUE, 2021)
Reputação de páginas da Web individuais - backlinks para uma universidade de
outros sites usando a mesma abordagem de mecanismos de pesquisa
(EDURANK, 2022).
Nº de ativos físicos das Universidades (laboratórios exclusivos; multiusuários e
curtas instalações (CGU, 2022)
Ocorrência de parceria, associação ou convênio entre a instituição e o Parque
Tecnológico da cidade (RUE, 2021; Salomaa; 2019)
Qualidade da internet (RUE, 2021)
Velocidade da internet (RUE, 2021)
Qualidade dos espaços para prática de esportes (RUE, 2021)
Infraestrutura Qualidade da biblioteca (RUE, 2021)
Qualidade dos espaços de convivência (RUE, 2021)
Qualidade das salas de aula (RUE, 2021)
Qualidade dos laboratórios de pesquisa e experimentação (RUE, 2021)
Qualidade do restaurante (RUE, 2021)
Qualidade do transporte interno (RUE, 2021)
Qualidade da moradia estudantil (RUE, 2021)
Nº º de exploração comercial por tipo de PI (CGU, 2022)
Tempo médio entre a TT e a rentabilização por tipo de PI (CGU, 2022)
Receitas de PIs transferidas por tipo de PI (CGU, 2022)
Receitas obtidas pelas PIs transferidas por tipo de parceiro (CGU, 2022)
Origem de PI e destino (CGU, 2022)
Impacto
Participação percentual das PIs da universidade sobre o total de depósitos de PIs
de residentes (CGU, 2022)
Rentabilização/TT geral (CGU, 2022)
Prêmios recebidos pela universidade (GARCIA-HURTADO et al, 2022).
Nº combinado de visualizações de página que os graduados de uma universidade
e outros indivíduos afiliados têm (EDURANK, 2022).
Fonte: elaborado pela autora.

Percebe-se que foram encontrados apenas dois indicadores na literatura para a dimensão
Individual, e a dimensão contextual não foi identificado indicador pelos instrumentos de
avaliação tampouco pelos autores da revisão de literatura. Destaca-se que a literatura de
109

universidade empreendedora aborda essas duas dimensões para atuação empreendedora da


universidade.

4.4 DEFINIÇÃO DAS DIMENSÕES, CARACTERÍSTICAS E INDICADORES PARA


AVALIAÇÃO DAS UNIVERSIDADES EMPREENDEDORAS

Para definir as dimensões, características e indicadores para avaliação das universidades


empreendedoras utilizou-se o método grupo focal. Num primeiro momento foi enviado um
formulário online para coletar as informações acerca da adequação dos temas e sugestões gerais
para, em um segundo momento, realizar a reunião e abordar as respostas divergentes para
discussão.
Para tanto, verificou-se as características das dimensões para associar com os
indicadores, sendo que algumas características não apresentaram indicador pela literatura ou
ferramenta de avaliação, sendo formulados pela percepção dos especialistas a partir da leitura
das características.
De acordo com as respostas do formulário, cerca de 34% dos indicadores foram
considerados adequados por todos ou pela maioria dos especialistas. E com a reunião foram
coletadas percepções que culminaram nas informações que serão apresentados a seguir.

4.4.1 Características e indicadores da dimensão Individual

As características e indicadores da dimensão Individual podem ser visualizadas no


quadro 32 abaixo.

Quadro 32-Características e indicadores da dimensão Individual

Característica Indicador

Habilidades nº de docentes que participam de acordo de cooperação técnica


empreendedoras
(ADEGIBILE et al, nº de discentes que participam de acordo de cooperação técnica
2020)

nº de funcionários que participaram de acordo de cooperação


técnica
110

Experiência Tempo de trabalho


(ADEGIBILE et al,
2020)

Independência nº de projetos executados sem recurso


(ALFALIH;
RAGMOUN, 2020).
nº de disciplinas extracurricular propostas

nº de mobilidade acadêmica realizada

Conhecimento nº de prêmios de recebidos pelos pesquisadores


(ADEGIBLE et al,
2020)
Nível de titulação dos docentes

Nível de titulação dos funcionários

Índice de aproveitamento dos discentes

Assumir riscos nº de docentes que participam de projetos de inovação


(ALFALIH;
RAGMOUN, 2020). nº de docentes que participam de processos de ambiente de
inovação

nº de discentes que participam de projetos de inovação

nº de discentes que participam de processos de ambiente de


inovação

nº de funcionários que participam de projetos de inovação

nº de funcionários que participam de processos de ambiente de


inovação

Visão (RUE, 2021). nº de alunos que participam de práticas de ensino, pesquisa,


extensão e inovação

nº de docentes que participam de práticas de ensino, pesquisa,


extensão e inovação

nº de funcionários que participam de práticas de ensino, pesquisa,


extensão e inovação

nº de ativos de PI produzidos por discentes


111

Inovação (ALFALIH; nº de ativos de PI produzidos por docentes


RAGMOUN, 2020).
nº de ativos de PI produzidos por funcionários

nº de inovações desenvolvidas por discentes

nº de inovações desenvolvidas por docente

nº de inovações desenvolvidas por funcionários

Criatividade (RUE, nº de discentes que participam de processos de incubação e pré-


2021) incubação;

nº de docentes que participam de processos de incubação e pré-


incubação;

nº de funcionários que participam de processos de incubação e pré-


incubação;

nº de proposição de soluções reais para desafios vindo do


ecossistema

Fonte: elaborado pela autora.

A dimensão individual é pouco abordada pelos instrumentos de avaliação, somente o


Ranking das Universidades Empreendedoras menciona as características, mas a coleta é por
meio de pesquisa de percepção do aluno, o RUE questiona por meio de um formulário se os
alunos encontram essas características no corpo docente e discente da universidade.
Nesse contexto, os indicadores apresentados são baseados na descrição e características
da dimensão e na percepção dos especialistas levando em consideração, sobretudo, que as
características devem estar presentes nos alunos, professores e funcionários da universidade.

4.4.2 Características e indicadores da dimensão Institucional

A maioria dos indicadores da dimensão institucional foram encontrados nos


instrumentos de avaliação, conforme indica o quadro 33.
112

Quadro 33-Característica e indicadores da dimensão Institucional

Característica Indicador

Manifestação da missão Presença da missão empreendedora na Política


empreendedora em documentos Institucional da Universidade (BULDYINA, 2018).
oficiais da universidade
(BULDYINA, 2018).

Presença na missão (PAÑOS- Existência de objetivos relacionados à transferência


CASTRO et al, 2021). de conhecimento (PAÑOS-CASTRO et al, 2021).

Existência de objetivos relacionados ao


desenvolvimento do compromisso social (PAÑOS-
CASTRO et al, 2021).

Existência de compromisso institucional com a troca


de conhecimento com a sociedade, indústria e setor
público (OCDE, 2012).

Incorporação da inovação na Existência de objetivos, ações e metas em relação ao


estratégia institucional: planos, fomento de parcerias (CGU, 2022).
políticas e normas (CGU, 2022).
Existência de objetivos, ações e metas em relação ao
fomento do empreendedorismo (CGU, 2022).

Existência de objetivos, ações e metas em relação ao


fomento da produção de propriedade intelectual
(CGU, 2022).

Existência de objetivos, ações e metas em relação ao


fomento da transferência de tecnologia (CGU, 2022).

Existência de objetivos, ações e metas em relação ao


fomento da prestação de serviços (CGU, 2022).

Utilização de habilidades, comportamento e


experiência empreendedoras como critérios de
recrutamento (OCDE, 2012).

Existência de política formal de desenvolvimento de


carreira para todos os funcionários que aborde a
agenda empreendedora (OCDE, 2012).

Existência de Política de Inovação instituída na


universidade (CGU, 2022).
113

Abordagem de temas da Lei e Decreto da inovação.


Existência de normativos específicos além da política
nestes temas (CGU, 2022).

As atividades empreendedoras Existência de alguém a nível de reitoria responsável


devem ser estabelecidas na pela agenda empreendedora (OCDE, 2012).
estratégia (OCDE, 2012).

Existência de estrutura que coordene as atividades


dentro da instituição e com outras partes interessadas
dentro do ecossistema local (OCDE, 2012).

Ator ativo no ecossistema regional, Participação da IES como membro de clusters


social e na comunidade (OCDE, regionais.
2012).

nº de atividades atividades culturais e artística


apoiadas pela universidades

nº de ações com fornecimento de instalações para a


comunidade externa

nº de representações institucionais junto ao


ecossistema;
Fonte: elaborado pela autora.

Os indicadores acerca da característica “Ator ativo no ecossistema regional, social e na


comunidade (OCDE, 2012)” foram elaborados com base no conceito da característica a partir
da opinião dos especialistas do grupo focal.

4.4.3 Características e indicadores da dimensão Contextual

Após o estudo da dimensão Contextual, chegou-se nos seguintes indicadores


relacionados às características:

Quadro 34-Característica e indicadores da dimensão Contextual


114

Característica Indicador

Ecossistema de inovação (CASPER, nº atores de conhecimento na região.


2013).
nº de atores de fomento na região

nº de atores públicos na região

nº de atores empresariais na região

nº de atores de habitats de inovação na região

nº de atores institucionais na região

nº de atores da sociedade civil na região

Contexto jurídico e administrativo Existência de legislações nacionais acerca de


(PAÑOS-CASTRO et al, 2021). inovação e empreendedorismo;

Existência de infraestrutura pública que a


universidade pode acessar

Existência de legislações estaduais acerca de


inovação e empreendedorismo;

Existência de legislações municipais acerca de


inovação e empreendedorismo;

Existência de recursos financeiros que a IES pode


acessar.

Fonte: elaborado pela autora.

Os instrumentos de avaliação não abordam essa dimensão, portanto os indicadores têm


fundamento nas características da dimensão e na percepção dos especialistas. As informações
levantadas por essa dimensão auxiliam nas estratégias acadêmicas para o desenvolvimento de
canais que aproximam a universidade e os mercados (FISCHER et al, 2018).
115

4.4.4 Características e indicadores da dimensão Organizacional

No que diz respeito à dimensão Organizacional parte das características trazidas pela
literatura possuem indicadores existentes frameworks como pode se observar no quadro 35.

Quadro 35-Característica e indicadores da dimensão Organizacional

Características Indicadores

Estrutura organizacional ágil (CHUGH, Tempo de tramitação de processos.


2004).

Valorização do trabalho em equipe, trabalho Existência de sistemas de recompensa para


multidisciplinar, diálogo e a troca de membros que procuram soluções
experiências entre diferentes membros da inovadoras.
comunidade universitária, o trabalho
autônomo, o acesso à informação, os membros
que procuram soluções inovadoras ou
desenvolvem atividades inovadoras
(ALFALIH ;RAGMOUN, 2020).
Existência de ações que promovam a
conexão multidisciplinar.

Existência de ações que promovam o acesso


à informação

Relação entre ensino e pesquisa (PAÑOS- Existência de sinergia entre as atividades de


CASTRO et al, 2021). ensino e as práticas do grupo de pesquisa.

Estrutura de baixo para cima (PAÑOS- Existência de mecanismos que incentivem a


CASTRO et al, 2021). participação universitária na tomada de
decisão

Transformação e capacidade digital Nível de utilização das tecnologias digitais


(HEINNOVATE, 2022). para desenvolvimento da universidade
(HEINNOVATE, 2022).

nº de ações de inovação e
empreendedorismo realizadas virtualmente
(HEINNOVATE, 2022).

Existência de tecnologias de apoio à


inovação e ao empreendedorismo
(HEINNOVATE, 2022).
116

Governança de projetos, restrita ao registro de Grau de importância dos critérios utilizados


inovação, à triagem de projetos e ao pelo NIT para selecionar comunicados de
tratamento de conflito de interesse invenção para registro de PI em âmbito
nacional: atendimento aos requisitos legais;
alto potencial do impacto social; alto
potencial mercadológico; relação custo-
benefício favorável; nível de TRL
avançados (CGU, 2022).

Abandono de PI: baixo potencial


mercadológico; obsolescência tecnológica;
inviabilidade econômica; mudanças
regulatórias;desistência de um dos
cotitulares (CGU, 2022).

Responsável pela busca de anterioridade e


redação técnica: pesquisador/ inventor; NIT
com apoio do inventor; serviço terceirizado.
Periodicidade média da avaliação de
manutenção ou abandono de PI (CGU,
2022).

Menos barreiras burocráticas (OCDE, 2012). nº de instâncias para aprovação de projetos


da universidade

Ferramentas de gestão do conhecimento Existência de práticas de Gestão de


(GARCÍA-HURTADO et al, 2022). Conhecimento na universidade
Fonte: elaborado pela autora.

Os indicadores referentes às características: estrutura organizacional ágil; valorização


do trabalho em equipe; menos barreiras burocráticas e ferramentas de gestão do conhecimento
não apresentaram indicadores existentes, sendo elaborados segundo o grupo focal e o conceito
de cada característica.

4.4.5 Características e indicadores da dimensão Ensino empreendedor

A dimensão Ensino empreendedor apresenta alguns indicadores de frameworks e outros


elaborados com base na discussão do grupo focal.

Quadro 36-Características e indicadores da dimensão Ensino empreendedor


117

Característica Indicador

Ensino empreendedor (OCDE, nº de componente curricular que usam metodologias


2012; FISCHER et al, 2020) ativas de ensino-aprendizagem.

nº de disciplinas com a participação interdisciplinar.

nº de disciplina que tem contato com habitats de


inovação.

Desenvolvimento de habilidades Existência de cargo de Professor de empreendedorismo


empreendedoras por meio da ou ao menos um pessoal responsável por este tema ao
educação empreendedora nível da unidade que estejam envolvidos no
(OCDE, 2012; (PANÕS- planejamento universitário (OCDE, 2012).
CASTRO et al, 2021).
nº de componente curricular que propõe o
desenvolvimento de habilidades empreendedoras

nº de cursos de pós-graduação (CGU, 2022).

nº de disciplinas de PI (CGU, 2022)

nº de disciplinas de inovação (CGU, 2022)

nº de disciplinas de empreendedorismo (CGU, 2022)

Inclusão de profissionais de nº de empreendedores participantes em estratégias de


empresas e organizações no aprendizagem.
desenvolvimento e entrega do
currículo (OCDE, 2012; Inclusão de profissionais de empresas e organizações no
PAÑOS-CASTRO, 2021) desenvolvimento e entrega do currículo.

Fonte: elaborado pela autora.

Os indicadores da característica “Ensino Empreendedor” e os indicadores: nº de


componente curricular que propõe o desenvolvimento de habilidades empreendedoras, nº de
empreendedores participantes em estratégias de aprendizagem; Inclusão de profissionais de
empresas e organizações no desenvolvimento e entrega do currículo foram definidos segundo
o conceito das respectivas características e a percepção dos especialistas.

4.4.6 Características e indicadores da dimensão Internacionalização


118

A dimensão Internacionalização apresenta indicadores segundo as três fontes de


pesquisa: literatura, rankings e frameworks, conforme ilustra o quadro 37 abaixo.

Quadro 37-Características e indicadores da dimensão Internacionalização

Característica Indicador

Mobilidade internacional Nº de intercâmbios internacionais realizados pela IES,


(OCDE, 2012; RUE, 2021; abrangendo tanto a saída de alunos da IES para o exterior,
BRÁS et al, 2021; THE; 2022) como a entrada de alunos estrangeiros na IES, dividido pelo
número de alunos (RUE, 2021).

Nº de colaboração com empresas globais para produzir


pesquisas transformadoras e citáveis, métrica é balizada pelo
banco de dados Scopus (QS RANKING, 2022).

Proporção de estudantes internacionais, proporção de


funcionários internacionais e colaboração internacional
(THE, 2022)

Pesquisa internacional (RUF, nº de artigos em parceria internacional frente ao número de


2019; BRÁS et al., 2021; produção da IES, extraídos da Web Of Science/InCites
RUE, 2021) (RUE, 2021).

% de diplomas compartilhado/ conjunto


(MARKUERKIAGA et al, 2017; PAÑOS-CASTRO et al,
2021).

Citações Internacionais por docente (RUF, 2019)

Estratégia (OCDE, 2012) nº de Compromissos estabelecidos na estratégia de


internacionalização reflitam nos objetivos empreendedores
da instituição (OCDE, 2012)
119

nº de iniciativas específicas de recrutamento internacional


(OCDE, 2012)

Existência de ambiente de aprendizagem adaptado ao


público global (OCDE, 2012)

Relacionamento internacional nº de vínculos com redes internacionais (BRÁS et al., 2021)


(BRÁS et al., 2021)

Clusters de inovação universitária e parcerias bilaterais com


outras instituições (OCDE, 2012).

nº de cursos com instituições internacionais (BRÁS et al,


2021)

nº de parcerias internacionais para cada 1000 alunos (RUE,


2021).

Fonte: elaborado pela autora.

Observa-se que essa dimensão se faz bastante presente nos instrumentos de avaliação,
todavia a literatura acrescenta os itens “diploma conjunto/ compartilhado” e “cursos com
instituições” como relevantes para a mensuração da Internacionalização na universidade.

4.4.7 Características e indicadores da dimensão Recurso Financeiro

A maioria dos indicadores da dimensão Recurso Financeiro foram encontrados nos


instrumentos de avaliação, exceto aquele relacionado à característica “sistema de recompensa”
que foi definido com base na literatura e no grupo focal. No quadro 38 ilustra-se as
características e indicadores definidos para essa dimensão.

Quadro 38-Características e indicadores da dimensão Recurso Financeiro

Característica Indicador
120

Diversificação da receita Quantidade de recursos do Ministério da Educação


(BULDYINA, 2018; DALMARCO et (CGU, 2022).
al, 2018; BRÁS et al, 2021)
Quantidade de captados em projetos e captados em
agências federais de fomento (CGU, 2022).

Quantidade de recursos da indústria para a pesquisa


(THE, 2022; SUBRANKING THE ODS 9;
BUDYLDINA, N., 2018; OSHEA et al, 2017).

Quantidade de recursos de fontes regionais (U-


MULTIRANK, 2022).

Receita gerada por e compartilhamento de espaço e


atividades empreendedoras (OCDE, 2012).

Orçamento total da universidade O valor global do orçamento dividido pelo número


(RUE, 2021) de alunos (RUE, 2021)

Fundo Patrimonial (RUE, 2021) Existência de fundo patrimonial (RUE, 2021)

Fundo para empreendedorismo Existência de Fundo para empreendedorismo


(MARKUERKIAGA et al, 2017; (MARKUERKIAGA et al, 2017; PANÕS-
PANÕS-CASTRO et al, 2021) CASTRO et al, 2021)

Sistema de recompensa (GARCIA- Existência de bônus ou promoções associados à


HURTADO et al, 2022). transferência de conhecimento e da exploração de
oportunidades (GARCIA-HURTADO et al, 2022).
Fonte: elaborado pela autora.

Percebe-se a relevância da característica “diversificação da receita” na atuação


empreendedora universitária pelo número de indicadores encontrados. Além disso, nota-se que
a literatura apresenta características voltadas a aspetos da universidade empreendedora como o
fundo para o empreendedorismo (MARKUERKIAGA et al, 2017; PANÕS-CASTRO et al,
2021) e bônus ou promoções associados à transferência de conhecimento e da exploração de
oportunidades (GARCIA-HURTADO et al, 2022).

4.4.8 Características e indicadores da dimensão Apoio à cultura empreendedora

A dimensão Apoio a cultura empreendedora também apresenta indicadores das três


fontes de pesquisa: literatura, rankings e frameworks, conforme dispõe o quadro 39.
121

Quadro 39-Características e indicadores da dimensão Apoio à cultura empreendedora

Característica Indicador

Apoiar os caminhos percorridos por Existência de orientação e conexão com o ecossistema


aspirantes a empreendedores empreendedor por meio de mentorias realizadas pela
(OCDE, 2012). universidade (OCDE, 2012).

Existência de orientação e conexão com o ecossistema


empreendedor por meio acesso a incubadoras (OCDE,
2012).

Medidas de apoio ao Nª de ações de conscientização e criação de habilidades


empreendedorismo (BRÁS et al, empreendedoras entre alunos e funcionários (OCDE,
2021). 2012; PANÕS-CASTRO et al, 2021).

Existência de ações com pessoas externas à academia


para trazer habilidades que não estejam disponíveis
internamente (OCDE, 2012)

Existência de qualificação empreendedora dos


funcionários e do corpo docente (OCDE, 2012).

Existência de formação, consultoria e informação sobre


propriedade industrial (BRÁS et al, 2021).

Existência de formação docente para o


empreendedorismo e inovação (CGU, 2022).

Existência de Programas específicos sobre


empreendedorismo (PAÑOS-CASTRO et al, 2021).

Atividades extracurriculares (RUIZ Tipologias de ambientes de inovação existentes na


et al, 2020). universidade (RUIZ et al, 2020).

nº palestras realizadas por ex-alunos (RUIZ et al,


2020).

nº de palestrantes convidados (RUIZ et al, 2020).

nº de seminários realizados (RUIZ et al, 2020).

nº de mesas redondas realizadas (RUIZ et al, 2020).


122

nº concursos de ideias de negócios (RUIZ et al,


2020).

nº de hackathons (RUIZ et al, 2020).

nº de cursos de verão (RUIZ et al, 2020).

nº de atividades on-line (RUIZ et al, 2020).

nº de boot camps (RUIZ et al, 2020).

nº de desafios (RUIZ et al, 2020).

Postura empreendedora discente e Docentes com experiência em mercado de trabalho


docente (RUE, 2021). (RUE, 2021).

Discentes que participam de projetos da universidade


(RUE, 2021).

Flexibilidade na grade curricular % de horas para engajamento em atividades


(RUE, 2021). extracurriculares em relação a carga horária total
(RUE, 2021).
Fonte: elaborado pela autora.

Observa-se que o apoio à cultura empreendedora não foi abordado por rankings
internacionais e, que além da literatura, o framework nacional (CGU) e internacional (OCDE)
e o Ranking das Universidades Empreendedoras adotam esse critério para avaliação das
universidades empreendedoras.

4.4.9 Características e indicadores da dimensão Pesquisa

A dimensão pesquisa tem ampla abordagem nos instrumentos de avaliação, sendo os


indicadores das características todos encontrados nessa fonte.
123

Quadro 40- Características e indicadores da dimensão Pesquisa

Indicador
Característica

Intensidade da pesquisa Volume de produção científica para cada 100 alunos na IES (RUE,
(ABREU et al., 2016). 2021)

Total de publicações Web of Science (RUF, 2019)

Publicação por docente (RUF, 2019)

nº de teses (RUF, 2019)

nº de bolsistas CNPq (RUF, 2019)

Volume de publicações regionais com parceiros industriais (U-


multirank, 2022)

Volume de publicações conjuntas regionais (U-multirank, 2022)

Qualidade da pesquisa nº de citações por artigo (Web of science) (RUE, 2021)


(ABREU et al., 2016).

Citação por corpo docente, considerando o número total de


citações acadêmicas em artigos produzidos por uma universidade
em um período de cinco anos (QS RANKING, 2023)

Total de citações - Web of Science (RUF, 2019)

Publicações em revistas nacionais -Scielo (RUF, 2019)

Análise da qualidade da pesquisa a partir de opinião de


especialistas (QS RANKING, 2022).

Fonte: elaborado pela autora.


124

Embora a dimensão apresente apenas duas características, identificou-se 13 indicadores


já definidos nas fontes da pesquisa.

4.4.10 Características e indicadores da dimensão Inovação

Sobre os indicadores da dimensão Inovação, observa-se a maioria tem origem nos


instrumentos de avaliação, exceto o “Disposição da universidade para facilitar a criação da
infraestrutura de inovação (DALMARCO et al, 2018) e “Disposição da universidade em
realizar interação com parque (DALMARCO et al, 2018)” que são baseados na literatura e na
opinião de especialistas. O quadro 41 apresenta os indicadores das respectivas características
da Inovação.

Quadro 41-Características e indicadores da dimensão Inovação

Características Indicadores

Desenvolvimento de tecnologia nº de patentes que foram depositadas pela IES em um


(RUE, 2021). período de 10 anos (WIPO) (RUE, 2021)

nº de patentes de qualquer fonte que citam pesquisas


realizadas pela universidade (THE, 2022;U-Multirank,
2022).

Patentes concedidas (% absoluto) (U-Multirank, 2022)

Transferência de conhecimento e nº de acordos de parceria para cada 1000 alunos com


tecnologia (AUDRETSCH, 2014; um fator multiplicador que seja proporcional ao valor
GUERRERO ;URBANO, 2019; total dos acordos (em R$) (RUE, 2021).
RUE, 2021).

Spin-off geradas (CGU, 2022; THE, 2022; U-


multirank, 2022)

nº de contratos de know-how
125

nº de transferência de tecnologia por tipo de PI (CGU,


2022).

Estabelecimento de vínculo com a Co-publicações com parceiros industriais (CGU,


indústria (BUDYLDINA, 2018). 2022; U-Multirank, 2022)

Co-patentes da indústria (U-Multirank, 2022)

nº de empresas graduadas em processos de incubação


(CGU, 2022)

nº de empresas apoiadas em parques (CGU, 2022).

Desenvolvimento de conhecimento % Dissertações de mestrado com organizações


(RUE, 2021). regionais (U-Multirank, 2022)

% de teses de bacharelado realizadas em cooperação


com organizações U-Multirank, 2022)

Facilitação de criação de nº de empresas incubadas para cada 1000 alunos na


infraestrutura de inovação IES (RUE, 2021; CGU, 2022);
(DALMARCO et al, 2018)
Existência do NIT (RUE, 2021);

Disposição da universidade para facilitar a criação da


infraestrutura de inovação (DALMARCO et al, 2018).

Disposição da universidade em realizar interação com


parque (DALMARCO et al, 2018).

Produtos intermediários PI requerida; características da PI requerida (CGU,


(ANKRAH et al. 2013; CGU, 2022).
2022).

Fonte: elaborado pela autora.

Consoante o quadro 41, verifica-se que os indicadores de Inovação nos instrumentos de


avaliação analisados abrange as características de desenvolvimento de tecnologia, relação com
a indústria e transferência de conhecimento e tecnologia que perpassam por ativos de
propriedade intelectual, alguns ambientes de inovação como NIT, incubadoras e Parques
126

Científicos e Tecnológicos, já a literatura também traz a ótica da Inovação na universidade


como facilitadora de criação do arranjo de inovação para que os processos inovativos ocorram.

4.4.11 Características e indicadores da dimensão Extensão

No que se refere à dimensão Extensão, de acordo com os especialistas, observou-se que


a característica "organizações estudantis” não poderia estar limitada a alguns movimentos como
acontece no Ranking das Universidades Empreendedoras, assim se alterou esse indicador,
segundo o conceito da característica com o apoio dos especialistas, como indica o quadro
abaixo.

Quadro 42-Características e indicadores da dimensão Extensão

Característica Indicador

Engajamento regional Estágio estudantil na região (U-MULTIRANK, 2022)


(U-MULTIRANK,
2022)
Proporção de graduados trabalhando na região (U-MULTIRANK,
2022; QS RANKING; 2022)

Mestres trabalhando na região (U-MULTIRANK,, 2022)

nº de empregadores individuais que estiveram ativamente presentes


no campus de uma universidade nos últimos doze meses,
proporcionando aos alunos a oportunidade de interação e de acesso
a informações ajustada pelo número de alunos (QS RANKING,
2022)

Projetos de pesquisa nº de projetos de pesquisa (CGU, 2022)


(KLASOVA et AL,
2019; CGU, 2022).
Natureza do projeto: mais prática que teórica; equilíbrio entre
prática e teórica; totalmente prática; mais prática que teórica;
totalmente teórica (CGU, 2022)

Projetos de prestação de nº de projetos de prestação de serviços (CGU, 2022).


serviços (CGU, 2022).
127

Ações de extensão nº de ações de extensão cadastradas dividido pelo número de


(RUE, 2021) alunos (RUE, 2021)

Impacto das produções Impacto das produções científicas em ambientes online obtido pela
científicas no ambiente plataforma altimetric (RUE, 2021)
online (RUE, 2021)

Organizações estudantis nº de organizações estudantis


(RUE, 2021)

nº de movimentos estudantis

Prospecção ativa (CGU, Existência de prospecção ativa de problemas/oportunidades das


2022) empresas, setor público ou sociedade: sim de forma não
sistemática; não possui de forma sistemática; sim de forma
sistemática (CGU, 2022)

Forma de prospecção: Eventos da unidade administrativa; eventos


do NIT; iniciativa dos pesquisadores; atendimento a editais;
eventos embrapii; eventos da unidade acadêmica; eventos do
Parque tecnológico; unidades específicas (CGU, 2022)

Interação com parque nº de ações de extensão realizadas com ambientes de inovação


científico e incubadora
Fonte: elaborado pela autora.

Uma perspectiva diferente de avaliação da extensão pode ser notada por uma
característica do Painel da Inovação da CGU em que se propõe avaliar a prospecção ativa de
problemas e oportunidades pela Universidade, prática que pode ser compreendida como
empreendedora a medida que o empreendedorismo é postura proativa de identificar
oportunidades, capacidade de resolver problemas, assumindo riscos e desenvolvendo soluções
que agreguem valor para os outros (FFE-YE, 2012; SILVA et al, 2020; RUE, 2021). Ademais,
observa-se que a literatura também aborda a interação com habitats de inovação como forma
de interação com a sociedade, visto que, tais espaços promovem essa conexão com diversos
atores do ecossistema de inovação.
128

4.4.12 Características e indicadores da dimensão Infraestrutura

No que concerne à dimensão Infraestrutura, somente o indicador “nº de ambientes de


inovação” precisou ser definido com base na descrição das características e percepção dos
especialistas para integrar uma característica, os demais foram encontrados nos rankings e
frameworks, como dispõe o quadro 43.

Quadro 43-Características e indicadores da dimensão Infraestrutura

Característica Indicador

Aproximação com o Parque Ocorrência de parceria, associação ou convênio entre


tecnológico local (RUE, 2021; a instituição e o Parque Tecnológico da cidade (RUE,
Salomaa; 2019) 2021; SALOMAA; 2019)

Infraestrutura adequada para Quantidade de ativos físicos das Universidades


melhorar o aprendizado (PITA et al, (laboratórios exclusivos; multiusuários e curtas
2021; RUE, 2021) instalações (CGU, 2022).

Qualidade da internet (RUE, 2021)

Velocidade da internet (RUE, 2021)

Qualidade dos espaços para prática de esportes (RUE,


2021)

Qualidade da biblioteca (RUE, 2021)

Qualidade dos espaços de convivência (RUE, 2021)

Qualidade das salas de aula (RUE, 2021)

Qualidade dos laboratórios de pesquisa e


experimentação (RUE, 2021)

Qualidade do restaurante (RUE, 2021)

Qualidade do transporte interno (RUE, 2021)


129

Qualidade da moradia estudantil (RUE, 2021)

Qualidade e Existência de ambientes nº de habitats de inovação


de inovação (RUE, 2021)

Qualidade dos ambientes de inovação (RUE, 2021)

Fonte: elaborado pela autora.

Verifica-se que a dimensão Infraestrutura tem apoio na literatura, porém é abordada


somente por instrumentos de avaliação brasileiros. Observa-se também que essa dimensão é
avaliada de forma qualitativa e quantitativa.

4.4.13 Características e indicadores da dimensão Impacto da universidade


empreendedora

Em relação à dimensão Impacto da universidade empreendedora, observa-se um


indicador inovador, fundamentado na literatura, que os instrumentos de avaliação não
identificaram: os prêmios que a universidade recebe. No quadro 44 estão as características dessa
dimensão com seus respectivos indicadores.

Quadro 44-Características e indicadores da dimensão Impacto da universidade empreendedora

Características Indicadores

Externalidades positivas às nº de exploração comercial por tipo de PI (CGU,


dimensões econômicas e social 2022)
geradas pelas atividades de inovação
(CGU, 2022)
Tempo médio entre a TT e a rentabilização por tipo
de PI (CGU, 2022)

Receitas de PIs transferidas por tipo de PI (CGU,


2022)

Receitas obtidas pelas PIs transferidas por tipo de


parceiro (CGU, 2022)
130

nº de ativo de PI por país (CGU, 2022)

Participação percentual das PIs da universidade sobre


o total de depósitos de PIs de residentes (CGU, 2022)

Rentabilização/TT geral (CGU, 2022)

Receitas arrecadas pela rentabilização da PI (CGU,


2022)

Impacto da universidade no ambiente Empresas que implementaram inovações com


mais amplo das partes interessadas relações de cooperação com outras organizações por
(negócios, governo, etc.) (CGU, grau de parceria com as universidades: baixa ou não
2022). relevante; alta; média (CGU, 2022).

Posição de liderança da universidade nº de prêmios que a Universidade recebeu (GARCIA-


(GARCIA-HURTADO et al, 2022). HURTADO et al, 2022).

Fonte: elaborado pela autora.

Um dos desafios de avaliação das universidades no que concerne ao cumprimento da


terceira missão é a mensuração do impacto das atividades universitárias, visto que, essa terceira
missão está relacionada a tradução do conhecimento gerado na academia em utilidade
econômica e social. Das onze ferramentas de avaliação analisadas no presente estudo, o Painel
da CGU foi a que apresentou indicadores que avaliam essa dimensão.
131

5 CONCLUSÃO

O presente estudo buscou definir as dimensões, características e indicadores que devem


ser considerados para a avaliação das universidades empreendedoras brasileiras. O estudo
mostrou-se relevante por fazer um levantamento das informações a partir da literatura e de
instrumentos de avaliação bem como sistematizar todos esses dados, contribuindo com o
conhecimento para a universidade empreendedora acadêmica no Brasil. Dessa maneira,
considerando o objetivo de identificar as dimensões das universidades empreendedoras
pode-se verificar, a partir da literatura e da visão dos especialistas, 13 dimensões das
universidades empreendedoras: 1. Individual; 2. Institucional; 3. Contextual; 4. Organizacional;
5. Ensino empreendedor; 6. Internacionalização; 7. Recurso Financeiro; 8. Apoio à cultura
empreendedora; 9. Pesquisa; 10. Inovação; 11. Extensão; 12. Infraestrutura e 13. Impacto da
universidade empreendedora.
Cada dimensão possui um conjunto de características correspondendo ao segundo
objetivo da pesquisa que foi identificar características das universidades empreendedoras.
A dimensão Individual está relacionada com características que os indivíduos precisam ter para
que uma universidade seja empreendedora. As características da dimensão Institucional
refletem que, para uma universidade ser empreendedora, é imperativo que o documento
institucional declare que a universidade tenha essa missão e que tenha objetivos relacionados
ao tema para que toda a universidade tenha acesso e instrução de como deve atuar, englobando
liderança e governança. A dimensão Contextual caracteriza-se pelo ecossistema de inovação e
o contexto jurídico administrativo que a universidade se encontra. A dimensão Organizacional,
por sua vez, apresenta características que favorecem o desenvolvimento de ideias inovadoras e
aspectos de gestão. As características da dimensão Ensino empreendedor versam sobre a
utilização de variadas metodologias de ensino e aprendizagem, desenvolvimento de habilidades
empreendedoras e inclusão de profissionais de empresas e organizações no desenvolvimento e
entrega do currículo. A dimensão Internacionalização caracteriza-se pela mobilidade
internacional, pesquisa internacional, estratégia e relacionamento internacional. A dimensão
Recurso Financeiro é caracterizada pela diversificação de receitas, orçamento total, fundo
patrimonial e fundo para o empreendedorismo. A dimensão Apoio à cultura empreendedora
tem características a respeito das medidas de apoio ao empreendedorismo fora do ambiente de
sala de aula, relaciona-se, portanto, ao fomento de práticas universitárias que possam contribuir
para o desenvolvimento de habilidades empreendedoras dos funcionários, alunos e professores
132

A dimensão Pesquisa caracteriza-se pela intensidade e qualidade da pesquisa


universitária. A dimensão Inovação apresenta características relacionadas ao desenvolvimento
de tecnologia, produtos intermediários, transferência de conhecimento e tecnologia,
estabelecimento de vínculo com a indústria e facilitação para criação de infraestrutura de
inovação. A dimensão Extensão envolve características como o engajamento regional, projetos
de pesquisa e de prestação de serviços, ações de extensão, organizações estudantis e interação
com ambientes de inovação. A dimensão Infraestrutura relaciona-se a características que
refletem as condições dos ativos físicos da universidade e, por fim, a dimensão Impacto da
universidade empreendedora é caracterizada por: externalidades positivas às dimensões
econômicas e social geradas pelas atividades de inovação; impacto da universidade no ambiente
mais amplo das partes interessadas e posição de liderança da universidade.
Com a realização do primeiro e o segundo objetivos pode-se prosseguir o terceiro
objetivo específico de identificar os indicadores das universidades empreendedoras em que
se associam as dimensões e as características. A partir da literatura e de rankings e frameworks
identificou-se 150 indicadores. Assim, em conformidade com o objetivo geral de definir as
dimensões, características e indicadores para universidades empreendedoras brasileiras,
foram definidas 13 dimensões, 61 características e considerados 198 indicadores para avaliação
das universidades empreendedoras brasileiras com base na análise da descrição das
características e na percepção dos especialistas.

5.1 RECOMENDAÇÕES E TRABALHOS FUTUROS

Como oportunidade de trabalhos futuros, identificou-se que há uma necessidade de


aprofundar a natureza dos indicadores, se são qualitativos ou quantitativos, bem como pode-se
estudar a utilização de um nível de maturidade. Outra lacuna a ser preenchida é a validação e a
verificação de aplicabilidade das dimensões, características e indicadores em uma instituição
de ensino superior brasileira para avaliação no que tange à atuação da universidade
empreendedora.
133

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APÊNDICE A – FORMULÁRIO ONLINE ENVIADO AO GRUPO FOCAL

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