MFC - Gravidez, Parto e Planejamento Familiar
MFC - Gravidez, Parto e Planejamento Familiar
MFC - Gravidez, Parto e Planejamento Familiar
Sumário
Ciclo Menstrual.............................................................3
Fases do ciclo menstrual............................................................................................................ 3
Ciclo ovariano: Fase Folicular............................................................................................................................... 4
Contracepção.............................................................11
Contracepção hormonal............................................................................................................. 12
Anticoncepcionais Orais Combinados (AOC)................................................................................................... 12
Adesivo transdérmico........................................................................................................................................... 16
Progestogênios....................................................................................................................................................... 17
Pílulas de progestogênios..................................................................................................................................... 17
Injetáveis de P4.................................................................................................................................................... 18
Implante subdérmico............................................................................................................................................ 19
Métodos de Barreira............................................................................................................................................ 22
Métodos comportamentais................................................................................................................................. 22
AC de emergência................................................................................................................................................. 24
Esterilização definitiva....................................................................................................................................... 24
Promoção à saúde
Gravidez não desejada está associada com demora no início do PN e com comportamentos que
aumentam risco de desfechos desfavoráveis no nascimento
o Conversar sobre riscos clínicos, comportamentos de riscos, prevenção, tto e programas
assistenciais, assim como aconselhamento sobre práticas sexuais saudáveis
Evitas medicamentos teratogênicos em mulheres em idade fértil
Conversar sobre riscos ocupacionais e exposição a toxinas ambientais durante a gestação, assim
como informar sobre os direitos legais das trabalhadoras grávidas
Atenção para a condição nutricional da paciente – suplementação vitamínica e vacinação são
aspectos importantes
Avaliação de riscos
Avaliar presença de riscos que podem ser modificados
História reprodutiva: ciclo menstrual, história sexual,
contraceptiva e obstétrica (desfechos de gestações
anteriores – número e tempo de cada gestação prévia,
assim como presença de complicações)
Hx de doenças infecciosas: fornecer rastreamento PC,
dx e educação de aconselhamento para HIV a todas as
mulheres em idade reprodutiva; se HIV+, informar
sobre os riscos de transmissão vertical e a
morbimortalidade associada (65-70% das transmissões
verticais ocorrem durante o trabalho de parto e o
nascimento)
Hepatites: Hep B, quando adquirida na infância,
cronifica em mais de 95% dos casos; rastrear Hep B e C
no casal
Toxoplasmose: Efeitos mais graves são mais prováveis quando a mãe é infectada no 1º ou 2º tri; se
TS, orientar medidas para evitar contágio
Rubéola: principalmente se nas primeiras 16 semanas, pode causar aborto espontâneo ou morte
fetal
Catapora (varicela): evitar a concepção durante um mês após serem vacinados
Vaginose bacteriana: associado ao nascimento de crianças com baixo peso
História médica: detecção e controle de condições médicas específicas – no cenário atual, muitas
mulheres >30 anos ficam gravidas, aumentando a porcentagem de gestações com DCNT prévias;
algumas condições comprovadamente se beneficiam de intervenções (DM, tireoide, distúrbios
convulsivos, HAS, AR...)
Doença CV: realizar cx antes da gestação se malformação (assim como receber aconselhamento
genético)
DM: melhorar controle glicêmico antes da concepção (risco de malformação congênita grave)
Epilepsia: além dos riscos do tto, uma convulsão hipoxêmica no início da gestação pode ocasionar
sérias consequências
o Ácido valproico, fenitoína e fenobarbital têm sido associadas a defeitos no tubo neural
o Se medicação é necessária e mulher quer gestar, fazer o controle de crises com a droga
menos tóxica e titular menor dose efetiva antes da gestação
Doenças tratadas: algumas patologias, mesmo que previamente controladas, deixam as mulheres
mais vulneráveis durante a gestação (Graves pode ainda ter Ac circulantes que causam
tireotoxicose fetal; trombocitopenia imune pode causar hemorragias no feto; pcte com Hx de TEP
pode ter recorrência durante a gestação...)
Comportamentos de alto risco: estilo de vida pessoal e social – cessação de tabagismo,
conscientização sobre os malefícios do álcool durante a gestação (síndrome alcoólica fetal – SAF;
principal causa de retardo mental – teratogênico, causa danos fetal, retardo no crescimento,
anomalia nos órgãos, problemas neurossensoriais e retardo mental) e substâncias ilícitas
(principalmente cocaína; causa aborto espontâneo, prematuridade, descolamento de placenta, CIUR,
anomalias congênitas e mortes fetal ou neonatal), que é problemático mesmo no uso recreacional
(uso quando ainda não se sabe que está grávida pode causar sérios problemas, mesmo que cesse o
uso após)
Prevenção
Defeitos do tubo neural: quando falta quantidade adequada de ácido fólico
o Suplementar 2-3 meses antes da gestação até 12ª semana (0,4mg se ausência de FR para
DTN ou 5mg se FR – no SUS só tem formulação de 5mg)
Nutrição: avaliar hábitos alimentares, estilo de vida, uso de suplementos, vitaminas e minerais,
alergias alimentares, conhecimento sobre uma boa alimentação e disponibilidade alimentar
o Identificar mulheres com baixo peso ou sobrepeso/obesidade para desenvolvimento de
planos específicos
o Cálcio: recomendação diária = 1,2 a 1,5g/dia para gestantes e adolescentes (ou 1g adultos)
Alimentos vegetais ricos em Ca (a cada 100g): Gergelim (825mg), chia (631mg), soja
(277mg), grão-de-bico (114mg), couve refogada (177mg), rúcula (160mg)
Fontes de Ca animal: leite desnatado (302mg/xíc), leite integral (290mg), requeijão
(85mg/1col sopa 15g)
o Vit A: consumo de mais de 3000 RAEs/dia resulta em problemas cranianos e neurais
o Fenilcetonúria: risco aumentado de microcefalia, retardo mental, DC congênitas e CIUR
Aconselhamento genético
Nem sempre vai ter anormalidade genética – pode ser dx de mal formações
Base do raciocínio foi o rastreamento da Síndrome de Down
Risco de trissomias aumenta com a idade materna (lembrar que Turner não tem)
Métodos de rastreamentos são diferentes de métodos diagnósticos
o Rastreamento: testes bioquímicos, biofísicos (USG – principalmente TN, mas tbem ducto
venoso, osso nasal – que é atrasado nas aneuploidias) e NIPT (DNA fetal livre – coleta de
sangue materno para sequenciar cariótipo fetal; dura apenas poucos minutos – conta os
cromossomos aumentados ou diminuídos, não é dx)
Teste duplo é na mesma época da TN – acaba sendo a combinação mais utilizada
Sd. Down: aumento do hCG + diminuição PAPP-A
Morfológico de 1º trimestre – vê além da TN (2,5 como corte grosseiro, mas @ CCN
– deve ser realizado com CCN entre 45 e 84mm)
Mas não é só aneuploidias que aumenta TN – cardiopatias tbem pode
aumentar, assim como pode estar aumentado em feto saudável
o Testes dx – são invasivos .: precisam ser bem indicados (idade materna >35 anos não é mais
indicação)
Bx de vilo corial (entre 10 e 13ª semana, é o exame mais precoce)
Amniocentese – mais utilizado na prática (a partir de 14-16 semanas) e mais fácil de
ser realizado, além de ter taxa de perda menor
Cordocentese – mais tardio, mais difícil e com maior taxa de perda
Exames físicos e complementares
Inclui os cuidados apropriados para a idade da mulher
EF: PA, peso, altura, exame pélvico e mamas
Complementares: sorologias, EAS, hemograma...
Se FR, triar para TB
Intervenções
Quando realizada adequadamente, é capaz de identificar mulheres com vários riscos, clínicos ou
sociais, direcionando os recursos para os mais necessitados
o Riscos sociais @ barreiras para acesso aos serviços médicos
Demanda intervenções de toda a equipe
Contracepção
Tema bastante frequente dentro da APS – papel do MFC
orientar pctes e familiares sobre os diferentes modos
de contracepção disponíveis e permitir que a família
decida o método mais apropriado aos seus interesses
Dividido em métodos hormonais, químicos, de barreia,
naturais, definitivos e de emergência
Direito fundamental garantido em lei – a partir dos 12
anos, todo adolescente tem direito à MAC, independente da autorização ou presença dos
responsáveis
o Ainda assim, falta muita informação e é bastante frequente o uso de AC sem nenhuma
consulta prévia (por indicação de uma familiar, amiga, vizinha...)
o Aproveitar, sempre que possível, o momento da consulta para discutir essas questões com
pctes na menacme e, de forma conjunta, definir qual o melhor método AC para aquele
contexto (o profissional apresenta os melhores métodos e orienta a tomada de decisão, mas
quem decide é a mulher)
Importante entender os conceitos do ciclo menstrual
e ter em mente que os MAC, sobretudo os hormonais,
não são isentos de risco e precisam ser
adequadamente indicados, pesando o risco-benefício
do método no contexto da pcte
o Orientar o método com base no contexto
clínico e social da pcte, buscando benefícios
além da anticoncepção e, principalmente,
evitando malefícios
Escolha do método deve ser baseada por diversos
fatores – OMS é o grande órgão que rege as
indicações e CI
o Eficácia é um índice mais teórico (condições
ideais), enquanto a eficiência é o método na
prática, considerando as possíveis falhas no
uso
Índice de Pearl: quantas mulheres ficam
grávidas em 1 ano fazendo uso daquele
método
o Critérios de escolha são clínicos (Anam + EF); 3 é CI relativa, mas na prática geralmente não
se usa
Conteúdos dessa aula tem como referência a aula do medcurso, a Tratado de MFC e o Manual de
Anticoncepção (FEBRASGO, 2015)
Contracepção hormonal
Métodos com melhor eficácia e melhor IP
Atuam alterando a fisiologia do ciclo menstrual
Podem ser, basicamente, de 2 tipos: combinados ou P4 isolados
o E2 nunca é utilizado isoladamente
o Estrogênios utilizados nas formulações (sintéticos) são muito mais potentes do que os
naturais
Etinilestradiol (principal), valerato de estradiol (mais natural) ou 17-beta-estradiol
Adesivo transdérmico
Contém EE e norelgestromina (convertido em levonorgestrel por
metabolismo hepático)
o Guia falava de 750mcg de EE; formulação da farmácia é
de 600mcg
Apresenta mesma eficácia, CI e perfil de adversos do AOC
o Principal vantagem é a comodidade de uso, ausência de
metabolismo de primeira passagem e níveis plasmáticos
mais estáveis
o CI se peso corporal >90kg
Além das CI dos AOC, não deve ser usado em mulheres com
história de doença dermatológica esfoliativa ou pele sensível,
bem como as que apresentam hipersensibilidade a algum dos componentes
Aspectos práticos:
o Iniciar no primeiro dia do ciclo; no primeiro domingo após menstruação (Sunday Start), com
necessidade de contracepção adicional nos primeiros 7d; ou início no dia da prescrição
(Quick Start)
o Aplicar sobre pele limpa e seca; um adesivo a cada 7d, revezando os locais de aplicação
o Pode ser usado por 21 dias + 7 de pausa ou de forma contínua
o Atraso na troca <2d não determina a perda de eficácia
o Deslocamento por menos de 24h -> recolocar o mesmo; se >24h -> colar novo adesivo e
reiniciar um novo ciclo (preservativo por 7d)
Progestogênios
Anovulação depende do tipo de P4
Pílulas de progestogênios
Minipílulas, contém baixas doses de
progestogênio e são indicadas,
preferencialmente, quando há CI para o uso de
estrogênios (efeitos adversos ou amamentação);
são composições monofásicas
o Podem ser utilizadas diariamente, sem
pausas (mesmo durante eventual
sangramento)
o Não pode atrasar mais de 3h (desogestrel
pode atingir até 12h)
o Sem a proteção adicional da amamentação, não são tão eficazes quanto à maioria dos
outros métodos hormonais
Ação: espessamento do muco cervical, redução da motilidade tubária, inibição da proliferação
endometrial, algumas preparações podem inibir a ovulação (resposta depende da usuária e do
hormônio; desogestrel suprime a ovulação em até 97% dos ciclos)
Benefícios: redução das doenças como nos demais hormônios; retorno imediato à fertilidade;
possibilidade de uso em pctes que não podem usar E2 (quase não apresentam riscos importantes à
saúde); podem reduzir crises de falcização; sem efeito significativo no metabolismo CHO e lipídico
o Desvantagens: tolera menos atrasos, pode ter mais spotting, mais associadas a cistos
funcionais de ovário
CI: amamentação há <6semanas do parto; evitar continuidade se surgimento de DCV; descontinuar
se formação de cistos foliculares frequentes
o Sangramento como principal causa de abandono do método (Doxiciclina 100mg 12/12h por 5
dias pode diminuir o sangramento)
Aspectos práticos:
o Iniciar uso no momento que desejar, na certeza de não estar grávida
o Se com ciclos menstruais, iniciar dentro dos primeiros 5 dias – condom nos 2 primeiros dias
o Iniciar 6 semanas após o parto se amamentação
A puérpera pode receber alta do hospital pós TP fazendo uso de Desogestrel
(por isso, Levo e Nore não são mais tão utilizados)
o Se em amamentação exclusiva + amenorreia e esquecimento >3h (ou 12h), seguir uso habitual
o Sangramento menstrual irregular tende a melhorar com o tempo de uso
Uso de AINE para alívio em curto prazo
Se não resolver, trocar a formulação
o Cistos ovarianos tendem a desaparecer sem tratamento específico
o Se suspender ou reduzir consideravelmente as mamadas, trocar de método
Injetáveis de P4
Preparações de liberação lenta com duração de 2-3
meses
Acetato de medroxiprogesterona de depósito (AMP-D)
o 150mg aplicada a cada 90 dias nos músculos
deltoides ou glúteos, inibindo a ovulação por pelo
menos 14 semanas (2 semanas de tolerância para
nova aplicação)
o Nova formulação de 104mg SC (sem interferência do IMC)
Perfil de colateral diminui a utilização – amenorreia, androgenismo e aumento do peso por retenção
hídrica (3 A); lembrar que amenorreia nem sempre é uma característica desejada pela paciente
(algumas sente-se mais seguras quando menstruam)
Mecanismo de ação
o Difere dos outros métodos; ao bloquear o pico do LH, bloqueia a ovulação (além de
mecanismos acessórios, como alterar a espessura endometrial e espessa o muco cervical)
Pouco impacto nos níveis do FSH – E2 permanece inalterado em 1/3 das usuárias ->
menos sintomas vasomotores e atrofia vaginal
o Após descontinuação do uso, ovulação retorna em 14 semanas, podendo levar até 18 meses
Clearence é mais lento em mulheres com sobrepeso
o Início da contracepção em 24h após injeção
o Primeira aplicação deve ser realizada nos primeiros 5 dias do ciclo, sem massagear a área
Eficácia: requer menos participação da usuária
Vantagens são ~ aos AHCO na diminuição de riscos
o É eficaz no alívio da dor associada à endometriose
o Pode ser usada em pctes com CI ao E2
o Acredita-se que aumente o limiar convulsivo – boa
opção para pctes com crises convulsivas
o Diminui as células vermelhas falciformes
o Lactação depende da queda da P4 após o parto –
por isso há preocupações em relação ao uso de P4
durante a amamentação, mas não foram observados
eventos adversos (no estudo, foi aguardado pelo menos
50h após o parto)
Adversos: sangramento menstrual irregular, sensibilidade
mamária, ganho de peso, depressão, acne e cefaleia
o 50% de descontinuação no primeiro ano; 80% em 3 anos
o Sangramentos irregulares ocorrem principalmente no 1º
ano e é o principal motivo de descontinuação
(orientação prévia diminui taxa de suspensão)
AINE pode ajudar
o Ganho de peso é queixa comum, embora resultados em
estudos sejam conflitantes (vários confundidores)
Resposta individual – algumas relatam redução de peso
o Estado hipo E2 -> diminui DMO (que é recuperada, independente da idade desde que não na
menopausa, quando suspende)
Não deve limitar o uso em mulheres de 18-48
anos; <18 e >45, benefícios geralmente superam
os riscos, mas avaliar caso a caso
o Pode acelerar (mas não promover) o crescimento de um
câncer pré-existente – gera maior possibilidade de
detecção precoce
o Impacto no perfil lipídico é incerto – acompanhar; não
afeta CHO
Não aumenta risco de DCV e não exerce efeito
desfavorável na PA
o Orientar que é um método que demora mais para o
retorno da fertilidade
Se menstruação demorar mais de 18 meses
para voltar, investigar
Implante subdérmico
O desenvolvimento dos implantes foi possível a partir da
observação de alguns fenômenos:
1. Os esteroides podem se difundir até os tecidos circundantes
através da parede de tubos de silicone
2. A gravidez pode ser evitada com doses pequenas de P4 sem
causar anovulação
3. Implantes subdérmico de silicone possibilitam a liberação homogênea da quantidade do esteroide por
unidade do tempo
a. P4 é solúvel em silicona polimerizada, permitindo uma passagem sustentada de esteroides por
longos períodos
b. Taxa de difusão é determinada, em boa parte, pela área de superfície e pela espessura da
parede da capsula
c. Concentração na parede da cápsula depende desta solubilidade, não da quantidade
remanescente dentro dela
i. Na prática, o implante é recoberto com capsula
de tecido fibroso que causa queda na velocidade
de liberação
Primeiras formulações eram um sistema de 6 cápsulas contendo
216mg de levonorgestrel – Norplant
Novos sistemas foram desenvolvidos, diminuindo a quantidade de
cápsulas e de esteroide
o Uniplant, Elcometrina...
o Implanon: AC de altíssima eficácia, atualmente é o único
implante disponível no Brasil e nos EUA; fácil de inserir e
remover, pode ser usado durante a lactação, melhora dismenorreia, endometriose e dor
pélvica; principal colateral é o sangramento irregular
Bastão único de Etonogestrel (metabólito ativo
do desogestrel)
Após a remoção, os níveis séricos se tornam
indetectáveis antes de 1 semana na maioria das
usuárias – ovulação antes de 6 semanas após a
remoção
Promove síntese de E2 endógeno normal .: DMO
normal ou até aumentada (alguns autores dizem
que pode diminuir a DMO, principalmente se
usada por mtt tempo)
Promove modificações sobre a histologia e densidade endometrial; exerce efeito no
muco cervical; não há evidência de que altera a motilidade tubária
Inserido na face interna do braço não dominante (6-8cm acima do cotovelo)
Uma vez inserido corretamente, não há benefícios em seguimento rotineiro (seguir
rotina normal de exames)
Se inserção correta, a retirada é bastante simples e rápida
Dados limitados sobre a eficácia em mulheres em sobrepeso/obesidade (estradiol)
Principal causa de descontinuação é padrão irregular de sangramento menstrual
(doxiciclina pode ser considerada para diminuir episódios de hemorragia, mas deve-
se considerar risco-benefício)
AOC com baixa dose de EE tbem seriam recomendados
Atrofia endometrial -> exposição dos vasos da basal -> sangramento
Resultados relativos à acne são conflitantes; alguns casos de alopecia foram
relatados
Pode melhorar a dismenorreia
Alterações do peso corporal têm sido descritas, embora poucas usuárias
descontinuem o uso por esse motivo
P4 isolados têm sido associados com a formação de cistos ovarianos – tempo de
resolução média de 72 dias, a maioria apresentando regressão espontânea, sem
necessidade de tratamento adicional
Pode elevar PRL, CT e TG, assim como diminuir a Cr, mas sem ficar fora dos
parâmetros de normalidade
Não parece aumentar significativamente o RCV
Discutir os possíveis efeitos colaterais antes da aplicação tem o potencial de
diminuir a insatisfação e a taxa de descontinuação
Métodos de Barreira
Pode ser barreira mecânica (preservativo masc ou feminino), química (espermicida) ou mista
Único método que ajuda a prevenir contra IST (proteção dupla)
Não costuma cair muito em provas. Na prática, é um método que deve ser estimulado, mas com foco
na proteção contra IST, pois como método AC não é muito bom
Camisinha masculina: método de barreira mais conhecido e mais utilizado (SUS disponibiliza)
Camisinha feminina: quando comparado à masculina, não é tão difundida (nem disponível). Além disso,
nem todo profissional sabe orientar seu uso correto. Do ponto de vista AC, tem IP maior que a
masculina; do ponto de vista proteção de IST, teoricamente é melhor (recobre uma área maior)
Diafragma (com ou sem geleia espermicida): não é tão usado; espermicida melhora a proteção AC;
requer avaliação ginecológica (distopia) para medição do tamanho correto e exige cuidados com
higiene e treinamento para uso
o Pelo alto IP, os métodos de barreira não são indicados como métodos AC quando utilizados
de forma isolada.
Métodos comportamentais
Tabelinha ou Ogino-Knaus
o Pcte tem que ter ciclos regulares
o Tem que ter anotado ao menos os 6
últimos ciclos para ver se realmente é
regular
o O período de abstinência deve ser do ciclo
mais curto -18 até o ciclo mais longo -11
o Se a diferença entre o ciclo mais curto e
mais longo for >10 dias, o método não é
confiável
Temperatura basal
o P4 atua no centro termorregulador e
aumenta a temperatura basal de 0,3 -
0,8ºC
o Aumento muito sutil, difícil de confiar
o A curva de temperatura é lançada em um
gráfico para acompanhar ao longo do mês
o P4 tem um pico no meio do ciclo, um pouco
antes da ovulação (12-24h antes)
o Abstinência vai da 1ª fase até o 4º dia
após o aumento da temperatura
Muco cervical ou Billings
o E2 causa aumento da filância – quando
aumenta, E2 está aumentando .: logo tem
pico de LH e ovulação
o Abstinência vai da percepção do muco até
o 4º dia após a percepção máxima de
umidade
Amenorreia da Lactação (LAM)
o Algumas fontes consideram
comportamentais, outras como outro tipo
de método
o Pcte precisa preencher 3 critérios básicos: amamentação exclusiva, amenorreia e só até
6 meses
o Além disso, deve ser LM exclusivo e em livre demanda – lactação estimula PRL, que bloqueia
o ciclo
o Se voltou a menstruar, o ciclo já foi restaurado e pcte já está ovulando
AC de emergência
Conceito: prevenir gestação após a relação sexual que,
por alguma razão, foi desprotegida
o O mecanismo de ação é @ fase do ciclo: se usada
antes do pico do LH (retarda a ovulação) ou
depois da rotura folicular (modificando a
viscosidade do muco e impedindo/dificultando a
movimentação dos SPTZ)
Ao retardar a ovulação, aumenta o espaço
entre a atividade sexual desprotegida e a
ovulação
Na segunda fase, o efeito é “potencializar”
as ações da P4 – impedindo a fecundação
Apesar de ser popularmente chamada de pílula do dia seguinte, a AC de emergência deve ser
realizada o mais rapidamente possível
Há, basicamente, 2 categorias: hormonais (levonorgestrel
e método yuzpe) e o DIU de cobre
o O uso do DIU não tem regulamentação em
território nacional
o Usar duas doses é uma metodologia mais antiga –
DU é tão eficaz quanto, sendo mais seguro (menor
risco de esquecimento)
o Yuzpe – doses hormonais elevadas – mais efeitos
colaterais e não é tão eficaz
o A eficácia do método @ momento do ciclo e tempo decorrido do coito até a adm
Idealmente: primeiras 72h; pode usar até 120h (5 dias)
o Levo em DU é o método de escolha
o Não é um método para uso ctn/regular
Se prescrever, marcar um retorno para discutir com a pcte um possível método AC
o Principais colaterais incluem náuseas (40-50%) e
vômitos (15-20%), cefaleia, dor mamária,
vertigens...
Se vômito nas primeiras 12h, tem que
repetir a dose
o Por ser DU, CI clássicas para uso de AOC são
categoria 2 (curto período de exposição)
Esterilização definitiva
Desde 2023, pode ser realizado em indivíduos com >21 anos ou pelo menos 2 filhos
o Condição: ter capacidade civil plena
o Não pode fazer PC só para fazer laqueadura
Médico deve orientar a paciente sobre os riscos e os benefícios de cada método para que, juntos,
possam escolher qual o método mais de adequa às necessidades e expectativas da paciente
Diagnóstico
Sempre pensar no dx quando mulher em idade fértil apresenta atraso menstrual
o Sintomas presuntivos (vários; resumo MedCurso tem mais detalhado) – se presentes,
solicitar teste confirmatório mesmo na ausência de amenorreia
o hCG em sangue ou urina – pode ser detectada em 8 dias após a concepção
Valores de 10mLU/mL são encontradas de 8-9 dias após ovulação
Valor dobra a cada 24h, com pico de 100k por volta de 10 semanas e decréscimo
posterior até 20 semanas, quando estabiliza em 20k até o fim da gestação
Maioria dos testes torna-se positivo após 7 dias de atraso menstrual
o Certeza de gestação ocorre com a presença de BCF, percepção de MF (pelo médico) e por
meio da UG (saco gestacional com vesícula vitelina e atividade cardíaca com 6 semanas)
Acompanhamento
MS prevê calendário mínimo de 6 consultas (1, 2 e 3)
o Periodicidade mensal até 28 semanas, quinzenal até 36 e semanal após 36
Fundamental proporcionar um espaço para que a mulher possa manifestar seus sentimentos e
expectativas em relação a essa nova situação, buscando compreender a mulher dentro do seu
contexto familiar e social
o Gestação planejada? Fazia uso de método AC? Como está sendo recebida a notícia?
Conhecer a história clínica e familiar da gestante
o HAS, DM, cardiopatias, trombose, infecções, IST, doenças psiq e hereditárias...
o Uso de tabaco, álcool e DI
o Uso de medicamentos
o Ocupação laboral
o História obstétrica prévia
Na primeira consulta, preconiza-se um EF completo + exame GO
o Atentar sinais de violência doméstica (após PE, é a condição mais predominante que qqr
outra condição detectável nas consultas de PN)
Exame pélvico (inspeção genital e especular) –
anormalidades anatômicas e investigação de IST
Nas seguintes, examinar conforme a necessidade
o Aferir PA em todas as consultas (<140x90mmHg)
o Calcular IMC na primeira consulta e ganho de peso durante
gestação
o AU não é uma medida exata, mas é recomendada após IG 20s
o Rastreamento de CA colo do útero segue as recomendações de
periodicidade e faixa etária como nas demais mulheres
o Não se recomenda exame rotineiro das mamas – problemas relacionados à amamentação
devem ser identificados e corrigidos nos primeiros dias após o parto (podem ser
beneficiados ao longo da gestação)
o Ausculta de BCF – benefícios psicológicos aos pais
A partir de 10-12 semanas com sonar Doppler
Normal: RR e FC entre 120-160bpm
Se suspeita de sofrimento (DIP), referenciar para emergência
o Não é recomendado avaliação de MF de rotina – pode gerar angústia desnecessária e mais
intervenções, sem benefício de desfecho
Exames Complementares
Hemograma: Hb e Ht em cada trimestre (2º é recomendação dos autores)
o Anemia se Hb < 11 – aumenta risco de baixo peso ao nascer, mortalidade perinatal e trabalho
de parto prematuro
Anemia grave ser Hb < 8 -> referenciar
o Tto: Ferro elementar 120mg/dia, uma hora antes das refeições, preferencialmente com
suco de fruta cítrica
o Se Hb >11, SF profilático (30-60) até o terceiro mês pós-parto
TS e Rh: Se Rh (-), solicitar TS do pai e CI à gestante
o CI negativo: repetir a cada 4 semanas a partir de 24sem
o Ig anti-D até 72h após o parto se CI negativo e RN Rh+
Ou se procedimentos invasivos, sangramento vaginal de 2º ou 3ºT, abortamento e
morte fetal intrauterina, trauma abd, ectópica ou gestação molar
Hemoglobinopatias: Eletroforese de Hb se gestante de descendência africana, mediterrânea ou
sudeste asiático, se antecedentes familiares de anemia falciforme ou história de anemia crônica (se
não preenche esses critérios, investigar apenas com hemograma e seguir investigação se anemia
microcítica não ferropriva)
EQU e UCA: Solicitar em todos os trimestres
o Além de bacteriúria, atentar presença de proteinúria, hematúria e leucocitúria
o Rastrear e tratar bacteriúria assintomática em todas as gestantes
Solicitação de UCA de controle é controverso (livro recomenda exames mensais até
o parto)
Na ocorrência de 2+ episódios de ITU, prescrever ATB profilático (nitro 100mg;
ampi 500mg ou cefalexina 500mg – dose à noite, até duas semanas após o parto)
Nitro compete com o metabolismo da bilirrubina, não devendo ser prescrito
no último mês da gestação (e deve ser evitada durante 1º T)
o Disúria com UCA negativa pode indicar uretrites (Chlamydia ou gonococo) – investigar e
tratar o parceiro sexual
Pesquisa de DM: tema controverso (quanto aos valores de corte e ao impacto nos desfechos)
o Autores recomendam uma estratégia menos agressiva – adoção de critérios mais agressivos
aumenta a necessidade de cuidado PN diferenciado, sem grande impacto no desfecho
o Rastreio feito em dois momentos: GJ no 1º T e TOTG entre 24-28 semanas
o FR: Idade >35anos, obesidade, DM, antecedentes de macrossomia, DMG prévio e SOP
o Importante identificar e tratar os casos de DMp durante o 1º T – durante a fase de
embriogênese (maior risco de eventos adversos), além de realizar um adequado ganho de
peso
Disfunção da tireoide: rastreio universal para mulheres assintomáticas é controverso
o Se FR (áreas de insuficiência de iodo, sintomas de hipo, história familiar ou pessoal de
tireopatias, DM1, radiação de cabeça e pescoço, abortos recorrentes, obesidade mórbida ou
infertilidade), medir TSH no 1º T como rastreio (T4l SN)
Rubéola: Não há conduta específica para casos de infecção – controverso
Toxoplasmose: IgG e IgM na primeira consulta; repetir no 2º e 3º T (se TS, além de orientar
medidas de prevenção – lavar as mãos ao manipular alimentos, lavar bem as frutas, legumes e
verduras, não ingerir carnes cruas, malcozidas ou malpassados, evitar contato com o solo e terra de
jardim)
o Revisar o tratamento
Hep B: HbsAg na primeira consulta e no 3º T; se NR e esquema vacinal desconhecido ou incompleto
-> vacina; se R -> HBeAg e transaminases + encaminhamento
o Se Hep B crônica, tem que receber profilaxia durante o parto (ou >90% dos RN irão
desenvolver infecção aguda, com grande risco de evoluir para crônica; risco diminui para 5-
10% se profilaxia adequada)
Hep C: alguns protocolos não recomendam (não existe imunoprofilaxia para prevenir transmissão
vertical); não há evidências de via de parto preferencial (evitar procedimentos invasivos, parto
laborioso e tempo de ruptura de membranas >6h)
Clamídia: ACOG recomenda na primeira consulta; MS não preconiza
GBS: toda gestante entre 35-37 semanas (swab vaginal + retal); MS não recomenda por falta de
evidências de benefício mais consistentes (recomenda tto apenas se GBS positivo em UCA)
Sífilis: realizar na 1ª consulta, no 3º T e no nascimento (ou abortamento); preferencialmente,
realizar o primeiro teste logo após o dx da gestação (testar o parceiro)
o Sífilis congênita tem graves repercussões – 25% de natimortos ou abortamentos; 25% de
baixo peso ao nascer ou infecção grave, conferindo maior risco de mortalidade perinatal
o Solicitar teste não treponêmico quantitativo (VDRL) para monitorar resposta ao tto ou
ocorrência de reinfecção
o Iniciar tto sem a necessidade de um segundo exame (salvo se história de tto e seguimento
prévios bem documentados)
o Testar parceiro sexual – se negativo, possível contágio recente
o Se dx apenas laboratorial, com duração desconhecida, tratar como latente tardia
o Deverá ser solicitado acompanhamento sorológico mensal até o parto
Elevação de títulos em 2 titulações (1/2 -> 1/8) indica reinfecção ou falha
terapêutica
o Se previamente tratada e títulos permanecem altos e estáveis de 6-12 meses, repetir o tto
ou investigar neuro sífilis (que pode ocorrer em qqr estágio da sífilis)
o Tratamento
Penicilina G benzatina 2,4 mi de UI, IM, DU (1,2 em cada glúteo)
Oferecer 2ª dose 1 semana após se secundária ou latente recente
Se duração >1 ano ou duração desconhecida, 3 doses com intervalo semanal
Se alergia, outros ATB tratam a gestante, mas não o feto
Encaminhar para centro especializado para dessenbilização à penicilina
Após o parto, teste a cada 3 meses no 1º ano e a cada 6 meses no 2º ano
Criança: VDRL com 1, 3, 6, 12 e 18 meses (até negativar 2 vezes
consecutivas) – solicitar teste específico aos 18 meses
Se não negativar ou elevar o título, reavaliar e retratar (SN)
HIV: teste rápido na 1ª consulta e sorologia no 2º e 3º T; se positivo, referenciar gestante e
solicitar CV, contagem de linfócitos T CD4 e genotipagem do HIV
Citopatológico: segue recomendações gerais de acordo com idade e exames prévios
US obstétrica e morfológica: solicitar precocemente para datação se DUM desconhecida, ciclo
irregular ou discrepância entre AU e IG presumida; fora desse contexto, momento ideal para
solicitar é entre 18 e 20 semanas (boa acurácia para IG, possibilidade de identificar malformações
e determinar o sexo do feto); morfológico não tem indicação de ser solicitado de rotina
(individualizar para risco aumentado de malformações – história obstétrica prévia, exame físico e
laboratoriais)
Aneuploidias: apenas em centros que possam realizar aconselhamento pré e pós-testes
Exames sugeridos ao parceiro: objetivo de preparar o homem para a paternidade ativa e
consciente, além de detectar doenças precocemente, atualizar a carteira vacinal e incentivar a
participação em atividades educativos nos serviços de saúde
Condutas propostas
Orientar sobre a importância do PN e estimular a participação do pai do
bebê
Orientar sobre as mudanças físicas e psicológicas do período
Esclarecer dúvidas sobre atividade sexual na gestação; orientar alimentação e hábitos saudáveis
Orientar suplementação de Fe e ácido fólico; alertar para o não consumo de bebidas alcóolicas,
tabaco e outras drogas
Avaliar riscos laborais e orientar em relação aos direitos trabalhistas
Alertar sobre uso de medicamentos
Conversar sobre amamentação e possíveis dificuldades
Orientar sinais de alarme
Conversar sobre voa de parto e possíveis procedimentos
que podem ser realizados durante o parto
Referenciar gestantes de alto risco (mas manter o
acompanhamento durante todo o PN)
Possíveis complicações:
o Náuseas são comuns até 16ª semana: fracionar
alimentação, evitar ingestão de líquidos durante
as refeições, evitar frituras, gorduras e
alimentos com cheiro forte; antiemético SN
o Dispepsia: fracionamento, elevação da cabeceira,
evitar posição supina após refeições... antiácido
SN
o Constipação e hemorroidas: regulação do hábito
intestinal (ingesta de fibras e água); banho de
assento e analgésico SN
o Lombalgia: correção postural, massagem, calor
local...
o Candidíase vaginal: imidazólico tópico
o Vaginose e tricomoníase: metronidazol 400mg 12/12 por 7d
o Se 2 cistites ou 1 pielo (com hospitalização): tto profilático até o final da gestação
Atividades preventivas:
o Grupo de gestantes para troca de experiências
o Orientações sobre direitos sociais e trabalhistas
o Procurar estabelecer rotinas pactuadas conjuntamente entre os vários locais de assistência
o Ag saúde: visitas domiciliares para identificar as gestantes e busca ativa das ausentes;
identificar situações de risco