Cego para A Glória de Deus

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43-49

Cego para a Glória de Deus

(João 9:1-12)

04/05/2014, Manhã

Nesta manhã quero que você abra sua Bíblia em João 9, o nono

capítulo de João. Continuamos trabalhando nesta biografia de Jesus

que enfoca sua divindade. “Estes, porém, foram registrados para que

creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo,

tenhais vida em seu nome”. Esse é o versículo-tema, capítulo 20,

versículos 30 e 31. Isso, então, está escrito para provar que Jesus é

Deus em carne humana e para provar que ele é o Salvador, e que crer

nele traz a salvação eterna. Esse é o propósito do evangelho de João;

não é apenas história, é um tratado evangelístico com o objetivo de

levar as pessoas a confiar no Senhor Jesus Cristo, o único Salvador.

Assim, ao expor sua vida pelas lentes do evangelho de João, ele

continua a demonstrar sua divindade. Ao mesmo tempo, o povo de sua

nação, Israel, continua a aumentar sua rejeição a ele. Quando entramos

no capítulo 9, há uma pequena nuance adicionada aqui que nos diz que

ultrapassamos algum tipo de ponto de inflexão. Isto é, na passagem

que vamos olhar, o versículo 2 menciona seus discípulos. Esta é a

primeira vez que os discípulos são mencionados neste cenário

particular de seu ministério em Jerusalém, porque ele ainda está se

concentrando nas multidões. Ele ainda está interagindo com as pessoas,

demonstrando quem ele é, declarando quem ele é, fazendo


pronunciamentos sobre sua identidade, apoiados por seu poder expresso

nos milagres que ele fez. Ele tem trabalhado, podemos dizer, com o

povo e com os líderes.

Entretanto, faltam apenas alguns meses até sua morte, e a

persistente rejeição do povo tornou-se clara e cristalizada. Então,

como vemos também nos outros evangelhos, agora o vemos começando

nesses últimos meses a se voltar a seus discípulos para assegurar

que responderá às dúvidas deles e os equipará para o que os espera.

Diríamos então que em certo sentido ele se inclina para o outro

lado, longe das multidões, longe da nação de Israel, longe dos líderes

que decidiram sobre ele, concentrando-se em seus discípulos. Isso não

quer dizer que esta porção específica das Escrituras não tenha ou não

devesse ter impacto sobre o povo e os líderes, porque de fato teve.

Mas introduz-se aqui uma nova ênfase.

Leiamos os primeiros 12 versículos deste capítulo. O capítulo

inteiro é até o fim basicamente construído em torno de uma cura

milagrosa, e a maior parte dele é dedicada à discussão desse milagre

em si. É por isso que o intitulei de “A incredulidade investiga um

milagre”, porque é exatamente isso o que vai acontecer. Mas primeiro

temos de examinar o próprio milagre que eles investigam.

Versículo 1: Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E

os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais,

para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais;

mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus. É necessário

que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia. A noite

vem, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a


luz do mundo. Dito isso, cuspiu na terra e, tendo feito lodo com a

saliva, aplicou-o aos olhos do cego, dizendo-lhe: Vai, lava-te no

tanque de Siloé (que quer dizer ‘Enviado’). Ele foi, lavou-se e voltou

vendo. Então, os vizinhos e os que dantes o conheciam de vista como

mendigo, perguntavam: Não é este o que estava assentado pedindo

esmolas? Uns diziam: É ele. Outros: Não, mas se parece com ele. Ele

mesmo, porém, dizia: Sou eu. Perguntaram-lhe, pois: Como te foram

abertos os olhos? Respondeu ele: O homem chamado Jesus fez lodo,

untou-me os olhos e disse-me: Vai ao tanque de Siloé e lava-te. Então,

fui, lavei-me e estou vendo. Disseram-lhe, pois: Onde está ele?

Respondeu: Não sei”.

Doença, enfermidade, deformidade, morte têm dominado a vida no

mundo desde a queda de Adão, o que significa essencialmente toda a

história humana. Toca a todos nós; estamos todos em processo de morte.

Todos nós estamos infectados e afetados pela corrupção que veio por

meio do pecado. Familiarizados com a doença, familiarizados com a

deformidade. Tudo isso faz parte da vida. E tem literalmente dominado

a vida desde o início, desde a própria queda registrada em Gênesis

capítulo 3. E se olharmos o Antigo Testamento, essas influências

corruptas caindo sobre a vida física são tão dominantes e tão normais,

tão ininterruptas que em todo o Antigo Testamento a cura milagrosa é

tão rara que praticamente não existe.

Houve a cura do leproso Naamã, que era um terrorista de fronteira

que atacava os judeus. Isso está em 1 Reis. Depois houve o Rei

Ezequias, que tinha uma doença terminal, o qual Deus poupou, curando-

o dessa doença. Isso está em 2 Reis. Além disso, em Números 21 Deus

enviou cobras que picaram os filhos de Israel com um veneno mortal.


Eles teriam morrido se o Senhor não fosse misericordioso com eles e

curasse aquelas picadas.

Temos, então, a cura de Naamã, um indivíduo; a cura de Ezequias,

um indivíduo; e a cura de um grupo de israelitas, judeus, que foram

picados por cobras.

E existe ainda uma cura individual definitiva, muito, muito rara

e incomum. Quando entramos no Novo Testamento, há no começo alguns

outros milagres físicos de cura. Um acontece com Isabel, para que ela,

que toda a vida fora estéril, pudesse ter um filho, João Batista. Esse

é um milagre de cura. E então é claro que há Maria. Aí não se trata

de cura, mas Maria ganha o direito, o privilégio e o poder de ter um

filho sem pai, um pai humano, o nascimento virginal. Mas voltando ao

Antigo Testamento, temos seis ocasiões em que um milagre físico real

causou uma mudança na fisiologia de alguém.

No Antigo Testamento temos três ressurreições. Isso é tudo. Três.

O filho da viúva em 1 Reis 17, o filho da viúva sunamita em 2 Reis 4

e o homem no túmulo de Elias em 2 Reis 13. Três ressurreições. É isso.

Muito, muito raro em toda a história, desde a Queda até a chegada do

Senhor Jesus Cristo.

Pois bem, mas isso é apenas o Antigo Testamento. Sim, mas se

olhássemos apenas o Antigo Testamento, isso seria o centro da

religião, não seria? Isso seria onde Deus está mais ativo. Isso seria

onde Deus está trabalhando, Deus está agindo através dos pais, através

dos profetas, através da história de Israel, a nação de Israel. E em

todo aquele período da História em que Deus está agindo não acontecem
milagres, exceto em ocasiões extremamente raras alguns milagres de

cura.

Até Jesus aparecer. E quando Jesus apareceu, os milagres

explodiram em todas as direções durante seu ministério de três anos.

A propósito, ele não fez milagres nos primeiros 30 anos de sua vida.

Nenhum. Quando ele fez 30 anos e foi a um casamento em Caná,

transformou água em vinho e a Bíblia diz que aquele foi o primeiro

milagre que Jesus fez. Então, esses falsos evangelhos sem sentido,

gnósticos, que mostram Jesus fazendo milagres quando menino, não

passam de tolice. Simplesmente não temos curas na história. Não há

reversão milagrosa de doenças e deformidades. Não há ressurreições.

Não há pessoas voltando dos mortos. É algo muito raro.

Então chegamos à vida e ao ministério de Cristo, e as curas

acontecem quase que diariamente. É uma explosão destinada a demonstrar

que o Messias, o Filho de Deus, Deus em carne humana, chegou ao mundo.

Mateus 12:15 diz que ele curava todas as pessoas em todos os lugares.

É por isso que eu disse muitas vezes que ele baniu as doenças da terra

de Israel.

E de acordo com Atos 2:22, nas palavras de Pedro que vimos em

nosso estudo de Atos, este é Deus atestando Jesus como o Messias por

milagres. São curas sobrenaturais. São milagres criativos. Pessoas

com membros deformados que receberam novos membros. Pessoas com órgãos

deformados e doentes recebem novos órgãos. Pessoas com olhos cegos

ganharam novos olhos. Pessoas que não podiam ouvir receberam novos

ouvidos. Cada um é um trabalho criativo. Coerentemente com isso, João

apresenta o evangelho dizendo: “No princípio era o Verbo, e o Verbo

estava com Deus, e o Verbo era Deus”. Nada do que foi feito foi feito
sem ele; todas as coisas foram feitas por ele. Ele é o criador e nós

o vemos criar. Todos esses milagres de cura são atos sobrenaturais da

criação, pegando algo corrompido, algo deformado, algo doente, algo

infectado e substituindo-o por algo totalmente novo. São as obras de

Deus por meio de Cristo.

Não há explicação natural para elas. Não há explicação médica

para elas. Não há explicação psicológica para elas. Essas não são

doenças psicossomáticas que as pessoas imaginam ter, sendo anuladas

pelo poder de Jesus como psicólogo. Ele não usa remédios. Não existe

uma fórmula aplicada a nenhuma dessas doenças. Não há processo

natural. São milagres criativos divinos, sobrenaturais, instantâneos

e transformadores feitos por uma palavra ou um toque, instantânea e

completamente. Não há nada parecido na história humana. Tudo explodiu

em um período de três anos.

O profeta Isaías disse no capítulo 42, versículo 7, que o Messias

viria e curaria, e este é o cumprimento daquela profecia messiânica

no cântico do Servo em Isaías capítulo 42.

Agora deixe-me dizer o seguinte: obviamente há tantos milagres

que nem todos estão no Novo Testamento. João nos diz isso no final de

seu evangelho: “Se tudo o que Jesus fez estivesse registrado, o mundo

não poderia conter todos os livros.” Temos aqui no capítulo 9 o

privilégio de olhar para um das dezenas de milhares de milagres

criativos que Jesus fez. Vamos examinar este milagre junto com alguns

incrédulos, e vamos descobrir como a incredulidade investiga um

milagre.
Este milagre deveria sozinho ter mudado substancialmente sua

visão de Jesus. Se eles ainda não tivessem entendido que ele era

divino, isso deveria ter sido o suficiente para validar sua

reivindicação à divindade. Mas em vez de fé, em vez de reconhecer que

não havia explicação humana para o que eles viram e experimentaram,

tudo o que isso faz é aumentar sua animosidade e elevar sua raiva.

Quanto mais evidências Jesus dá, mais zangados ficam. Seu ódio

aumenta. O conflito está acelerado.

Então, o inevitável acontece. Jesus começa a abandoná-los, e é

por isso que vemos a introdução de conversas não tanto com os fariseus,

mas com os discípulos. Na maioria dos casos, eles firmaram uma posição

inabalável em sua ignorância enganosa. Eles buscam apenas reunir as

acusações mais ultrajantes contra Jesus para que possam insistir em

sua execução. É um cumprimento triste e trágico do primeiro capítulo

de João. “Ele veio para o que era seu, e os seus não o receberam”.

O capítulo 9 é, portanto, dedicado ao milagre e à investigação.

Todo o capítulo. Então, vamos ter de fragmentá-lo um pouco nas próximas

semanas. É outro milagre seguido de discussão e diálogo. Vimos isso

no capítulo 5. Vimos isso no capítulo 6. Vamos ver aqui novamente.

Quero então dividir a passagem em algumas seções, e nesta manhã vamos

examinar os versículos 1 a 12. Essa é dureza para mim, como sabem,

mas é uma narrativa e vamos tratar dela.

Eu quero dividir esses 12 versículos em tópicos simples:

escuridão, luz, visão e de volta à escuridão. Vamos começar então com

as trevas, no versículo 1. “Ao passar, viu um homem cego de nascença.”

Cegueira. Vemos isso em todo o Novo Testamento. Era uma experiência

muito comum na época do Novo Testamento e em todo o mundo antigo. Mas


mesmo indo além disso, se voltarmos ao Antigo Testamento, ao

Pentateuco, ao tempo de Moisés e dos patriarcas, encontraremos a

cegueira mencionada muitas e muitas vezes, em Levítico, em

Deuteronômio e depois nos livros históricos. É mencionada também nos

profetas. A cegueira era uma realidade dominante no mundo antigo, e

esta é uma das razões por que Isaías 42:7 disse que, quando o Messias

viesse, ele abriria os olhos cegos.

Aqui está uma ilustração desse tipo de cegueira. Jesus vê um

homem que é cego de nascença. Ele esteve cego a vida toda. Ele nasceu

cego. Vejamos então a imagem. Jesus acabou de declarar no versículo

58 do capítulo 8, que ele é o Eu sou, o próprio Deus. Eles ficaram

tão furiosos com o que viram como blasfêmia que pegaram pedras para

atirar nele, mas Jesus se escondeu deles e saiu do templo.

Ao sair do templo e passar adiante, Ele vê um homem cego de

nascença. O homem está sentado em um dos portões do templo, mendigando

enquanto Jesus passa. Como sabemos disso? Porque essa é uma realidade

muito óbvia: os mendigos inevitavelmente acabavam nos portões do

templo. É onde este homem está. Só preciso observar que, nunca muito

preocupado com a própria vida, Jesus para, embora esteja em alto

risco, em perigo porque está fugindo do apedrejamento. Ele para a fim

de demonstrar graça, poder, misericórdia, compaixão e até mesmo

salvação para um mendigo cego. É muito parecido com Jesus no momento

de sua morte, recolhendo um ladrão no caminho da sua própria morte.

Há um belo paralelo entre esse mendigo e outro mendigo no

terceiro capítulo de Atos. Ambos são mendigos sentados no portão do

templo. O mendigo aqui é cego; o mendigo em Atos 3 está paralisado

desde o nascimento. Esse tem cegueira congênita; aquele tem


deformidade congênita. Ambos estão no templo, ambos são recebidos por

Jesus e ambos são curados por Jesus. Embora os apóstolos tenham mediado

o poder de Jesus em Atos 3, ainda era o poder de Jesus. Mas eles

ilustram o poder de cura que Jesus expressou e a semelhança dos

mendigos sentados perto do templo. Em Mateus 21:14 está escrito: “Os

cegos foram ter com ele no templo. O coxo veio a ele no templo. E ele

os curou.”

Veja: Os mendigos vão para onde estão as multidões, certo? Os

mendigos sempre vão aonde estão as multidões, mesmo hoje. Onde quer

que haja multidões, encontra-se gente implorando. Eles não operam

isoladamente. Os mendigos sabiam aonde ir. Eles foram ao templo. Por

que eles iam ao templo? Porque, para começar, as pessoas mais devotas

iam ao templo. Aparentemente, era gente boa que ia ao templo. Pessoas

com compaixão, pessoas gentis e atenciosas. As pessoas também iam ao

templo porque iam fazer um sacrifício de manhã e à noite, e isso

significava que estavam cônscias de seus pecados. E as pessoas que se

sentem culpadas pelo pecado têm mais probabilidade de ser generosas.

Portanto, temos pessoas devotas e pessoas sentindo culpa. Há

também pessoas tentando ganhar sua salvação deste modo, e a maneira

de ganhar a salvação ensinada pelos rabinos era dar esmolas. Temos

então pessoas praticando atos de bondade e caridade. E são muitas

pessoas ali. Portanto há mais opções, inclusive porque multidões

entravam e saíam do templo o dia todo. Além disso, os mendigos sabiam

que, onde há multidões de pessoas religiosas que querem fazer o bem,

há segurança contra ladrões que de outra forma levariam tudo que um

mendigo tivesse.
Então, o templo era o lugar em que eles ficavam. Permaneciam ali

porque era o melhor clima para sobreviverem. O mendigo não pode ver

Cristo; ele nunca viu nada. Mas está escrito: Ele viu o mendigo

“enquanto passava”. A graça e a vontade soberanas dominam este

milagre. O cego não podia ver nada. Ele não sabia nada sobre a vinda

de Jesus. Mas Jesus o vê. O cego é uma imagem do homem cegado pelo

pecado que não tem capacidade de ver Jesus, que está profundamente

envolvido em sua cegueira desesperada e não tem capacidade de ver o

Salvador. A analogia é irresistível.

Na verdade, os evangelhos usam essa analogia. Paulo fala várias

vezes sobre a cegueira espiritual, e os evangelhos registram mais

casos de pessoas cegas sendo curadas do que qualquer outra doença

específica. Existe uma cura para um surdo-mudo. Existe uma cura para

alguém com paralisia. Há uma cura de alguém com febre. Existem duas

curas de leprosos, grupos de leprosos. Há três mortos ressuscitados,

mas há cinco relatos separados de cegos.

A cegueira ilustra bem a escuridão espiritual e a perdição do

homem. Desamparado desde o início, aquele cego está à mercê de alguém

que surja e opte por ajudá-lo. Ele é como o pecador. Deus precisa

tomar a iniciativa com o cego por meio de Cristo. Deus também tem de

tomar a iniciativa por meio de Cristo pelo pecador. É assim que a

graça opera. Estamos perdidos, estamos mortos, estamos cegos, não

sabemos a verdade, não vemos Cristo, não temos Deus, mas Deus nos vê.

Vem com compaixão e graça, e confere visão espiritual.

É uma bela imagem o que esta cura ilustra. Portanto, vemos a

escuridão no versículo 1. No versículo 2, vemos a luz. Nos versículos

2 a 5, seus discípulos perguntaram-lhe: "Rabi" (mestre) "quem pecou,


este homem ou seus pais, para que nascesse cego?" Isso descreve

essencialmente a teologia deles: se algo está errado com você, é uma

questão de pecado. Nem indireto, mas direto. Agora, todos

concordaríamos que toda doença está relacionada à queda de Adão,

certo? Mas não se pode fazer uma ligação direta do tipo “estou doente

porque há três meses cometi um certo pecado”. Mas na teologia deles

era assim que funcionava. Se alguém está deformado, se está doente,

se tem algum tipo de doença, é diretamente por causa do pecado. Não

por causa da queda do mundo, mas porque você está carregando culpa

sua.

Então, de quem foi o pecado? O que significa essa dúvida deles,

se foi esse homem ou seus pais? Assim é que eles eram, isso era o que

havia se desenvolvido em seu sistema, que as pessoas que estavam

doentes ou o que fosse eram assim porque ou pecaram ou seus pais

pecaram.

Pois bem, essas questões podem ter um componente físico, um

componente fisiológico, um componente médico, se quisermos. O maior

contribuinte antigo para a cegueira era a gonorreia. E como não havia

tratamento para isso, quando uma mãe tinha gonorreia, um bebê que

passava pelo canal do parto podia sair cego. Isso chegava a ser

epidêmico e ocorre mesmo no mundo moderno, onde nos países do terceiro

mundo não há remédio para isso: nitrato de prata, ou o que seja. A

cegueira se multiplica.

De acordo com uma fonte que li, houve um tempo, não muitos anos

atrás, em que 90% dos cegos de nascença eram vítimas de doenças

venéreas. E, novamente, mesmo hoje em países onde não há recursos para

cuidar disso, a cegueira se mantém. Seria então que eles estavam


dizendo algo sobre o pecado da mãe ou do pai? Algo sobre uma doença

transmitida? Talvez isso estivesse em sua mente, mas provavelmente

era mais teológico do que fisiológico.

Os rabinos estavam convencidos de que os pecados dos pais

afetavam os filhos. Onde eles encontraram isso? Eles entendiam dessa

forma porque interpretavam mal Êxodo 20, e chegarei a isso em alguns

minutos. Eles acreditavam que os pecados dos pais podiam ser

castigados nos filhos.

Mas antes de chegarmos a esse ponto e recuando um pouco, eles

fizeram uma conexão direta entre o sofrimento e o pecado na vida da

própria pessoa. Podemos lembrar que a ilustração clássica disso são

os amigos de Jó. Jó não fez nada e está sofrendo desesperadamente.

Seus amigos o assediam capítulo após capítulo, após capítulo, após

capítulo, tentando indiciá-lo, declará-lo culpado, para que possam

encontrar no pecado a causa direta de seu sofrimento. E ele insiste

em rejeitar aquilo, mas era um reflexo da teologia deles: onde há

pecado, há sofrimento; e onde há sofrimento, há pecado específico

correspondente da parte do indivíduo que sofre.

Vemos isso em Lucas 13. Lembrando: desabou uma torre e matou uma

porção de gente. Em outra ocasião, os homens de Pilatos entraram no

templo e massacraram os galileus que estavam adorando, e o que o povo

perguntou? Eles disseram: "Eles são pecadores piores do que todos os

outros?" Se a calamidade vier, se uma torre cair sobre você e o matar,

ou se alguém o apunhalar, isso é um sinal de que você é pior do que

todo mundo, certo? As piores pessoas sofrem as calamidades e as

melhores escapam. Essa era a teologia deles.


Portanto, a pergunta deles vem do conceito dos rabinos. Os

rabinos tinham de explicar questões congênitas, deformidades

congênitas, cegueira congênita, cegueira de nascença. Como pode ser o

pecado de um cego de nascença? Eles perguntam se foi o próprio homem

que pecou. Como ele poderia ter pecado? Ele estava no útero. Os rabinos

chegaram até a desenvolver a ideia da iniquidade pré-natal. Pecando

no útero.

E há algumas discussões realmente bizarras entre rabinos sobre

este assunto, quando um rabino finalmente responde com Gênesis 4:47:

“O pecado está à porta”, e ele faz com que a porta se refira à porta

do útero. Então ele interpreta isso como algum tipo de iniquidade pré-

natal. E o outro rabino argumenta que se o bebê estivesse realmente

pecando no útero, ele chutaria com mais força. Loucura, isso.

Alguns acreditavam na preexistência da alma, influenciados pelos

helenistas como Platão, de modo que de alguma forma sua alma estava

pecando antes de alguém ser concebido. Eles acreditavam que de alguma

forma algo que uma pessoa fez no útero ou uma alma fez antes do útero

contribuiu para essa condição. Por outro lado, eles também acreditavam

que os filhos sofriam com o pecado dos pais.

E isso era Êxodo 20 versículo 5. “Eu, o Senhor vosso Deus, sou

um Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais sobre os filhos até

a terceira e quarta gerações.” Você já ouviu pessoas usarem isso, que

existem crianças amaldiçoadas, gerações amaldiçoadas? Essa noção de

que alguém paga pelos pecados de seus pais conseguiu de alguma forma

sobreviver até hoje. Mas entre os judeus havia a ideia de que as

pessoas poderiam ser punidas por várias gerações pelos pecados

cometidos por seus pais.


Perguntamos então: Bem, o que isso significa? Primeiro, é uma

declaração coletiva: os pecados dos pais, dos líderes, da geração,

dos chefes de uma geração. Os pecados que eles cometem definem aquela

área de geração de forma tão influente que não podem ser revertidos e

erradicados por três ou quatro gerações. Esse é o princípio

estabelecido aqui. Não se trata de que os pecados individuais de três

ou quatro gerações de filhos, netos, bisnetos, serão amaldiçoados.

Isso é completamente estranho ao que as Escrituras dizem, e mostrarei

isso em um minuto.

Tudo o que se diz aqui é: É melhor você cuidar da sua geração,

porque se você for caracterizado pela iniquidade e pelo pecado, vai

demorar três ou quatro gerações para reverter isso.

Pense nisso quando você olhar para a geração em que estamos

vivendo agora. Isso não muda rapidamente, mas penetra profundamente.

Não é pessoal. Abra Ezequiel, porque eu preciso lhe mostrar isso.

Ezequiel capítulo 18, um dos capítulos mais importantes dos profetas

porque trata desta questão. Ezequiel 18.1.

“Veio a mim a palavra do SENHOR” - é Ezequiel falando - “dizendo:

’Que tendes vós que acerca da terra de Israel proferis este provérbio,

dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se

embotaram?’” Esse é o provérbio. O provérbio é que os filhos sofrem

as consequências do comportamento dos pais. Então, Deus diz a Ezequiel

no versículo 3: "O que você quer dizer com isso? Tão certo como eu

vivo, diz o SENHOR Deus, jamais direis este provérbio em Israel.” Pare

de dizer isso!
Em seguida, ele explica no versículo 20: “A alma que pecar, essa

morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai a iniquidade

do filho; a justiça do justo ficará sobre ele e a perversidade do

perverso cairá sobre este.”

Responsabilidade individual, ponto final e parágrafo. Mas

naquela teologia judaica, agora de volta a João 9, eles desenvolveram

aquele sistema em que gerações poderiam ser amaldiçoadas. Então eles

querem saber: o homem pecou de alguma forma? Ele pecou no ventre ou

seus pais pecaram e agora ele está amaldiçoado com a cegueira?

Eles citariam alguns casos. Lembrariam Acã. Ele se apropriou

indevidamente de coisas quando entrou na terra e as enterrou em sua

tenda. Lembra-se que Deus mandou apedrejá-lo com toda a sua família?

Por que Deus queria que toda a família fosse morta? Resposta:

cumplicidade. Eles estavam todos envolvidos nisso. Eram todos

culpados. Houve também ocasiões no Antigo Testamento em que Deus puniu

diretamente alguém pelo pecado, impondo-lhe uma doença e até matando

algumas pessoas. Miriam recebeu lepra em Números 12 como punição

direta de Deus. Uzias morreu por punição direta de Deus. Tocou na

arca, punição direta de Deus, morte.

Então há ocasiões no Antigo Testamento em que isso acontece. Mas

as perguntas apenas refletem aquela teologia. A resposta que Jesus dá

está no versículo 3. “Nem ele pecou, nem seus pais.” Não se trata

disso. Com uma afirmação oblitera completamente todo o sistema

teológico, porque Jesus agora diz: alguém pode ter por toda a vida

uma doença grave, congênita, que não tem nada a ver com seu próprio

pecado ou os pecados de seus pais. Todo aquele sistema ele anulou com

uma declaração. Essa conclusão era indevida.


A razão pela qual ele é cego é: “para que se manifestem nele as

obras de Deus.” Ele está cego para a glória de Deus. Está cego para

que pudéssemos chegar a este momento e esta cura, o poder de Deus ser

revelado e as obras de Deus serem manifestadas e Deus ser glorificado.

Nem todas as doenças, nem todos os defeitos, nem todo sofrimento

vêm de pecado pessoal. Podem até vir. Você pode ser um crente e, se

continuar pecando, o Senhor pode torná-lo fraco e doente e tirar sua

vida. Existe pecado para a morte. Mas não podemos necessariamente

fazer essa conexão, ou seremos como os amigos de Jó dizendo: “Jó, você

está pecando em algum lugar. Vamos, confesse." E não seremos melhores

que os amigos de Jó.

Não, não se trata dos pais desse homem. Eles eram pecadores.

Certo? Ele é um pecador? Claro. Mas isso não tem nada a ver com a

cegueira dele. Existem pecadores saudáveis no mundo. Entendeu?

Realmente, e alguns deles são pecadores miseráveis, mas vivem muito

tempo e são saudáveis, e existem crentes enfermos que são fiéis ao

Senhor. Não podemos fazer essas conexões.

Bem, Jesus acabou com essa teologia, simplesmente cortou a raiz

de tudo isso e disse: “Isso é para que se manifestem nele as obras de

Deus”. O propósito da cegueira daquele homem era revelar o poder

miraculoso de Deus por meio do seu Filho para substanciar suas

afirmações de ser o Messias, de ser o próprio Deus. Ele realizaria um

milagre criador para que ficasse claro para todos que ele é aquele

que criou tudo, como diz João no começo do seu evangelho. Ele é um

vaso preparado para mostrar Deus por meio de Cristo. Jesus não quer

discutir teologia apenas para derrubá-la, mas cortar o erro pela raiz.
Assim, no versículo 4, sem qualquer discussão teológica além de

apenas obliterar aquela conexão absoluta que eles fizeram, ele diz:

“É necessário que façamos as obras daquele que me enviou enquanto é

dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.” E veja só: é bom

ter uma discussão teológica, mas, mais cedo ou mais tarde será preciso

trabalhar. Não se pode ficar ali e debater teologia e parar por aí; é

hora de trabalhar.

Então Jesus diz: “A noite chega, quando ninguém pode trabalhar”.

Ele não está falando sobre a noite física. Suponho que fosse de dia,

e ele provavelmente queria curar o homem durante o dia para que pudesse

enxergar o que havia para ver. Quer dizer, seria despropositado

esperar até que escurecesse para então curar a pessoa. “Espera, me dê

um tempo. Seria muito grosseiro. Pelo menos faça isso durante o dia.

Portanto, acho que Jesus pretendia curá-lo durante o dia, mas esse

não é o ponto. A questão é: “Nós” - adoro esse “nós”. Vou me deter

nisso em um minuto. “Devemos realizar as obras daquele que me enviou.”

No capítulo 5, versículo 17 e seguintes, Jesus disse: “Meu Pai trabalha

até agora, e eu trabalho também”. O Pai e eu trabalhamos juntos. O

que o Pai faz, eu faço; o que o Pai diz, eu digo; o que o Pai quiser,

eu farei. O Pai e eu trabalhamos juntos. Quiseram apedrejá-lo por

isso, porque ele estava se igualando a Deus, lembra disso?

Aqui ele atrai os discípulos com o "nós". Estamos todos juntos,

chamados para "fazer as obras daquele que me enviou, desde que seja

dia." Pois bem, o que quer dizer com "é dia?" Não é a luz do dia. É

tempo de vida. Há uma implicação espiritual muito maior aqui. A morte

está surgindo no horizonte. Jesus ainda dispõe de meses. Dos


discípulos, alguns não têm muito tempo. Eles têm anos, mas serão

martirizados.

Há uma realidade muito maior aqui. Temos apenas um breve tempo.

Este não é um momento para se envolver em debates teológicos. Cortamos

essa teologia em sua base e então começamos a trabalhar. Eu amo esse

“nós”. Jesus diz em João 5: “Eu trabalho com o Pai”. E aqui ele diz:

“E todos nós trabalhamos junto com o Pai”. Que vocação é essa!

Impressionante! Eu amo esse “nós” diante do fato de que está chegando

a noite, o fim da nossa vida.

Não sabemos quanto tempo temos. Meses? Anos? Não sabemos. Menos

a cada respiração; menos a cada dia. É hora de trabalhar. Não sei

quanto tempo tenho, mas acho que nunca tive mais coisas para fazer

pelo reino do que agora. Não posso puxar as rédeas em lugar nenhum,

porque só há uma coisa pela qual vale viver, e é trabalhar com o

Salvador e o Pai, realizando a obra. Fico muito emocionado por fazer

parte do "nós". “Façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é

dia.” Como é dia? É apenas uma expressão para falar sobre a vida,

antes que as luzes se apaguem permanentemente e você deixe este mundo.

Em Efésios 5:16, Paulo diz isso desta forma: “remindo o tempo,

porque os dias são maus”. Aproveitar ao máximo o tempo porque os dias

são maus. Pois bem, o que você está fazendo da sua vida? O que está

fazendo com o seu tempo? Jogando fora com um monte de bobagens que

não importam? Amo o fato de fazermos parte deste “nós”. Isso valoriza

tudo, não é? Ouça cristão: enquanto for dia, limpe sua vida, mexa-se,

remova o pecado, o mundanismo, as coisas triviais, a transigência.

Pare de perder tempo. Pare de flertar com o mundo. Pare de fazer

aquelas coisas que não têm valor algum para o futuro e vá em frente,
de mãos dadas com o Senhor, de mãos dadas com o Pai. Que coisa incrível

trabalhar com aquele que é capaz de fazer muito, muito mais do que

tudo que podemos pedir ou pensar. Ir trabalhar.

Jesus sabia que sua morte viria em poucos meses. Ele diz no

versículo 5: “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo”. Mas isso

é só por um tempo. Em certo sentido ele sempre será a Luz, mas nunca

brilhará no mundo tão intensamente como durante aqueles três anos.

Devo usar meu poder e luz enquanto estou aqui. Ele usaria seu poder

para dar luz física àquele homem. Mais importante, porém, é que ele

lhe daria luz espiritual.

Indo para o versículo 38, veremos o próprio homem dizendo:

“Senhor, eu creio”. E o adorou. Portanto, Jesus não apenas cura o

cego; mas o salva. Então eu digo segundo os versículos 2 a 5 que a

luz invade as trevas. Primeiro luz física para que ele pudesse

enxergar; e depois luz espiritual, para que pudesse ver Deus. Primeiro

ele pôde ver o mundo ao seu redor e depois ele pôde ver o mundo

invisível. No capítulo 8, Jesus diz: "Eu sou a luz do mundo. Quem me

segue, não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida.”

Jesus percebe o fim de sua vida chegando e diz: “Pessoal, temos

de trabalhar. Eu só posso brilhar neste nível de brilho enquanto é

dia, e este está chegando ao fim.” Ele repetiu esse tipo de coisa

várias vezes, pelo menos quatro vezes nos evangelhos, dizendo que ele

era a Luz, mas que nem sempre seria assim. Esse tempo era limitado.

Então temos a escuridão e depois a luz. E em terceiro lugar

chegamos aos versículos 6 e 7: visão. Tendo dito isso, ele cuspiu no

chão, fez lama com a saliva e a aplicou sobre os olhos do homem e


disse-lhe: “Vai, lava-te no tanque de Siloé” (que quer dizer

“enviado”). Ele foi, lavou-se e voltou vendo.

Agora, se você ler comentários, surge a pergunta: por que Jesus

usou esse método? Bem, ele fez isso várias vezes. Em Marcos 7, ele

usou saliva para colocar na língua de alguém. Em Marcos 8 ele fez algo

assim com outra pessoa cega. Pergunta-se então por que ele fez isso.

Bem, encontrei algumas sugestões interessantes. Alguém disse: para

aproveitar a qualidade curativa da saliva. Sério? Isso é exagero.

Outro comentarista disse: para torná-lo ainda mais cego. Ora, não se

pode ser mais cego do que totalmente cego. Enlamear os olhos que não

funcionam não o deixa mais cego. Não é uma boa leitura. Outro escritor

disse: para simbolizar que o homem é feito de terra. Não vejo a

conexão. Outro disse: dar tempo para os olhos sararem. Esses olhos

não precisavam se curar. Eles tiveram de ser substituídos. Essas

ideias são tolas.

Por que ele usou esse método? Não faço ideia. Além disso, eu não

poderia me importar menos. Ele fez. Há um elemento nisso que eu

entendo. Poderia apenas ter tocado seus olhos e o homem teria visto

instantaneamente. Olhos criados no local. Por que ele o manda para

outro lugar? Acho que ele está pedindo obediência aqui. Está pedindo

que o homem se submeta. Agora lembre-se, o homem não sabe quem está

falando com ele. Ele nunca viu ninguém. Mas ele obedece. Ele vai e

faz aquilo. Ele foi embora - versículo 7 - lavou-se, voltou vendo.

Por que ele faria isso? Se você se aproximasse de um mendigo cego,

cuspisse e colocasse sujeira em seus olhos, ele provavelmente o

esbofetearia. Se ele não soubesse quem você era, não importaria quem

você fosse.
Por que ele faz isso? Porque a compulsão irresistível de um poder

divino está começando a agir em sua vontade. Ele está sendo

transformado. Estaríamos vendo aqui uma ilustração de regeneração?

Uma nova vida explodindo em sua alma enegrecida? Não acho de forma

alguma que ele tenha hesitado. Acho que uma centelha de fé se acendeu

em seu coração quando o Espírito de Deus começou a mudá-lo por dentro.

Isso se concretiza no versículo 38, quando ele diz: “Senhor, eu creio”,

e o adora.

São essas as primeiras operações do poder do Espírito Santo para

levar esse homem a se submeter a Cristo? Por que o tanque de Siloé? É

um lugar muito especial. Do lado de fora da muralha de Jerusalém havia

um lugar chamado Fonte de Giom, com muita água. Mas a cidade estava

muito vulnerável. Nos dias de Ezequias ela foi sitiada e eles estavam

preocupados com os assírios cercando a cidade e cortando o

abastecimento de água. Então Ezequias mandou construir um túnel desde

a nascente, sob a muralha da cidade, para que tivessem suprimento de

água, e a água era recolhida no tanque de Siloé. Significava Enviado

porque a água era enviada da fonte de Giom para a cidade. Este era o

suprimento de água para onde eles iam na Festa dos Tabernáculos para

coletar a água para a grande festa, quando derramavam a água lembrando-

se da provisão de água de Deus no deserto, e Jesus disse que ele era

a água, a água viva. Lembra-se disso?

Portanto, aquilo falava da provisão de Deus. Falava da

purificação de Deus, falava da água da vida. É realmente uma bela

ilustração, era a água enviada para a cidade, outro símbolo

maravilhoso. As águas fluem da colina do templo e já no Antigo


Testamento são consideradas um símbolo de bênção espiritual. Isaías 8

fala sobre isso.

Então, quando um homem ia se lavar em Siloé, havia uma analogia

ali. Ele estava indo para aquele que era o verdadeiro Siloé, a fonte

da água da vida de Deus. Cristo é o verdadeiro Siloé. Isso até ele

mesmo disse no capítulo 7, versículo 37. “Se alguém tem sede, venha a

mim e beba.” Belas imagens, belas analogias.

É assim que a salvação funciona nesta analogia. A graça soberana

confronta um pecador implorando, cego e desamparado. Ele não pode ver,

não pode ver Deus, não pode ver Cristo. Mas a graça soberana vem a

ele, coloca sua mão gloriosa e misericordiosa sobre sua alma cega e

pede apenas uma resposta de fé simples. Ele encontra seu caminho até

as águas purificadoras, que em Isaías são um símbolo da salvação

messiânica. Ele volta e consegue ver espiritualmente. É realmente uma

bela imagem.

Isso nos leva à última pequena parte da abertura, e estamos

novamente de volta à escuridão, porque todos estão agora no escuro

sobre o que está acontecendo. Os vizinhos e aqueles que antes o viam

como um mendigo diziam: "Não é este aquele que se sentava lá para

mendigar?" O que significa que era um negócio diário para ele, a

sobrevivência. Muito familiar. O mesmo mendigo, sempre no mesmo lugar.

Eles não conseguem explicar como esse homem pôde vir a enxergar

e então dizem: "Não é este o que costumava sentar-se e implorar?" E

outros diziam: "É ele, sim." Outros ainda diziam: “Não, mas é parecido

com ele. Não pode ser.” Ele dá um passo à frente e diz: “Sou eu. Vocês

não precisam debater. Eu posso lhes contar. Sou eu." Não consigo
imaginar o resto dessa conversa, pois ele estava tentando explicar

que nunca tinha visto nada em sua vida e agora tinha o mundo inteiro

na sua frente. Não sei que tipo de alegria e empolgação ele estava

expressando ao dizer que era ele.

Perguntaram-lhe, pois: “Como te foram abertos os olhos?" Eu amo

isso - versículo 11. Ele respondeu e deu uma explicação simples,

simples. “O homem que se chama Jesus” (alguém deve ter dito isso a

ele). “O homem que se chama Jesus fez barro, ungiu-me os olhos e

disse-me: 'Vai ao tanque de Siloé e lava-te'; então eu fui embora, me

lavei e recuperei a visão.” Isso não explica como aconteceu. Só explica

o que ele fez. Não há explicação de como isso aconteceu. É um milagre

criador.

Mas o homem só pôde descrever a experiência, e assim ele tenta

empurrar as trevas para o resto das pessoas. “Tudo o que posso dizer

a vocês é que aquele homem chamado Jesus veio, colocou lama nos meus

olhos, disse-me para ir a Siloé e lavar-me. E eu o fiz e posso ver”.

Disseram-lhe: "Onde ele está?" Ele disse: “Não sei”. Quer dizer, ele

pode ter dito: “Como, onde está? Eu nunca vi onde ou qualquer outra

coisa, então o que você quer dizer? Você quer orientação minha? Não

sei onde está nada.”

Portanto, essa escuridão segue e atinge todos. Como eles vão

dissipar as trevas? O versículo 13 conta. Eles levaram aos fariseus o

homem que antes era cego. Vão aos especialistas. E é aí que a

incredulidade começa a investigar um milagre com um resultado

previsível. É realmente uma história incrível. O relato de Jesus

curando um cego ilustra muito bem o processo de salvação. Sentamo-nos

cegos pelo pecado, implorando. Não podemos ver Deus. Não podemos ver
Cristo. Não temos capacidade de reconhecer o Salvador. Não temos como

iniciar qualquer tipo de libertação ou resgate.

E então Deus, em sua misericórdia, Cristo, em sua graça, nos

encontra. Isso é salvação. Ele nos alcança em nossa cegueira e nos dá

visão, e tudo o que ele pede é um simples ato de fé, com o que ele

nos capacita. E ele nos lava e veremos para sempre. Foi isso que

aconteceu com aquele homem. Primeiro veio a cura física e depois foi

removida a cegueira da alma. Mas teremos de guardar isso para a próxima

vez. Vamos orar.

É uma grande bênção, Senhor, viver essas cenas, sentir até certo

ponto como se estivéssemos lá graças à linguagem clara, bonita e

simples da Sagrada Escritura. É tão maravilhoso voltar àqueles locais

e andar com Jesus nessas situações, e ainda mais maravilhoso do que

ver isso como história, por mais incrível que seja, é saber que esta

é a nossa própria realidade também, pois éramos cegos e não víamos

Deus, não víamos Cristo e não conhecíamos a luz. Nós nem sabíamos que

havia um mundo para ver, ou como ele era, até que vieste em

misericórdia e graça, soberanamente escolhendo nos dar visão

espiritual. Tudo o que pediste foi um simples ato de fé, com o que

nos capacitaste, e nós viemos e nos lavamos. Fomos limpos e podemos

ver. Obrigado pela salvação que nos deste, soberanamente,

graciosamente. Senhor, peço que concedas isso àqueles que estão aqui

hoje e que ainda estão cegos, ainda sentados implorando sem visão e

sem esperança. Senhor, para aqui por eles. Para por essas almas,

estende a mão e toca-as. Dá visão a eles. Capacita suas vidas para

abraçarem a ti como Senhor e Salvador.


Mais uma vez, Senhor, encerramos com gratidão esta hora. Fomos

revigorados na comunhão uns com os outros e contigo. Muito

enriquecidos e abençoados. Sela em nossos corações essas grandes

verdades. Que se tornem parte de nós, a própria estrutura do nosso

pensamento. Que possamos estar disponíveis para o teu Espírito Santo

para espalhar as palavras de esperança e salvação para aqueles que

encontrarmos. Usa-nos para a tua glória. Oramos em nome de Cristo,

Amém.

FIM

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