04 Cultura Catedral

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A Europa das Cidades (séc. XII a meados séc.

XV)
Conceitos

- Burguesia: nova classe social com poder económico, que disputava privilégios e
estatutos sociais com a nobreza

- Escolástica: ensino filosófico seguido nas faculdades, influenciada pela doutrina de


Aristóteles, conciliando a razão com a fé

- Secularização: ação de tornar temporal, mundano e sem caráter religioso

Séc. XII

Período de paz Estabilidade política, económica e social

Inovações técnicas agrícolas

Aproveitamento dos solos Aumento da produtividade

Aumento do comércio e artesanato

Aumento demográfico Melhoria das condições de vida

Ressurgimento das cidades

- Surge uma economia de mercado: movimentação de produtos e circulação da moeda


geram acumulação de riqueza por parte dos produtores

- Surgimento de bancos, que depositavam a moeda e faziam empréstimos, mediante juros

- O sistema feudal começou a desintegrar-se, já que a posse de terras e propriedades


deixou de ser o único fator em que se baseava a riqueza

- Catedral surge como símbolo urbano e de autonomia do clero em relação ao rei

- Sociedade manifesta tendência para a laicização e secularização

- Nos finais do século XIV, a Europa sofreu um novo período de recessão económica e
estagnação:

- Alterações climáticas quebraram a produção agrícola

- Alastramento da fome na população pobre

- Crescimento urbano desorganizado e más condições higiénicas

- Revoltas sociais contra o privilégio da aristocracia

- Instabilidade e degradação social

- Desvalorização da moeda e aumento dos impostos

- Surgimento da Peste Negra, que dizimou 1/3 da população europeia


A Catedral como Símbolo do Divino no Espaço
- Centro da autoridade espiritual e do poder temporal, símbolo do poder do bispo e da
burguesia (financiadora)

- Suprema representação do divino no espaço, afirmando a riqueza e capacidade


empreendedora da comunidade

- Harmoniza o racional com o misticismo cristão

- A verticalidade acentuada pelos elementos arquitetónicos conferia uma dinâmica


ascensional ao edifício

- Quanto mais alta e elaborada a catedral, mais rica a cidade onde estava construída

Dante Alighieri (1265 a 1321)


- Marca o dolce stil nuovo e a poesia lírica, desenvolvendo o tema do amor como
justificação da poesia e da própria vida

- Designado embaixador de Florença, exilando-se em Ravena, aquando da derrota do seu


partido

- Na Divina Comédia exprime a sua poesia de forma experimentalista, fantasiosa, clara e


com rigor estrutural

- Obra que resume a cosmologia medieval, tendo como tema o trajeto da alma pelo
Inferno, purgatório e paraíso em busca de redenção

A Peste Negra (1348)


- Vitimou 1/3 da população europeia

- Propagou-se através de barcos de comércio que deram entrada em portos mediterrânicos

- População refugiou-se nos campos, provocando um declínio das atividades económicas


e comerciais

- Levou a um fanatismo religioso, desencadeando perseguições e massacres a


comunidades minoritárias

- Impulsionou os donativos à Igreja, peregrinações e manifestações de profunda devoção,


como meio de expiação de pecados

O Nascimento do Gótico
- O Gótico nasce a partir da reconstrução da Abadia de Saint-Denis, pelas mãos do Abade
Suger

- Este aspirou à assimilação da pura luz celestial, transcendendo a realidade física


- Radiação Divina: luz terrena filtrada através de imagens sagradas nos vitrais policromos

- A luz converte o interior da catedral num espaço mágico, sobrenatural e metafísico

- Inovação de técnicas e processos:

- Abóboda ogival formada por arcos soltos onde assenta o casco

- Elevação das construções

- Novas qualidades plásticas do interior

- Paredes ligeiras

- Uso de grandes vitrais

Revoluções Construtivas
- A uniformidade formal e estética do Gótico deveu-se à mobilidade das guildas de
artesãos que viajavam pela Europa

- Inovações construtivas:

- Arco quebrado: dois segmentos de círculo que se intersetam, exercendo cargas


menores

- Abóboda de cruzaria de ogivas: formado por dois arcos quebrados, que se


cruzam na diagonal e transmitem o impulso a quatro pontos

- Menos pesada

- Maior flexibilidade de adaptação

- Peso das abóbodas é conduzido para os pilares e arcobotantes

- Arcobotante: arco de descarga que transmite o impulso da abóboda para o


contraforte

- Estas inovações permitem construir naves mais altas, sem pôr em perigo a sua
estabilidade

- Mantem-se a planta de cruz latina, mas o transepto e o cruzeiro deslocam-se para o meio
do edifício, sendo menos saliente
Expansão do Gótico
- Gótico Primitivo (1140 a 1230)

- Incidente em França

- Introdução do sistema estrutural gótico

- Quatro níveis de grandes arcadas rasgadas no piso inferior

- Janelas altas

- Gótico Clássico (c. 1190 a 1240)

- Muito presente em Paria, França

- Amadurecimento do sistema estrutural

- Três níveis

- Normalização da abóboda de cruzaria de ogivas e do


arcobotante

- Adelgaçamento das paredes

- Construções esqueléticas

- Supressão da tribuna

- Gótico Radiante (1240 a 1350)

- Expansão do Gótico pela Europa

- Enriquecimento das variantes locais

- Decoração mais complexa

- Aumento dos janelões com motivos mais elaborados

- Grandes rosáceas de virtuosismo decorativo

- Gótico Flamejante (1350 a 1520)

- Afirma-se em França e na Alemanha

- Decoração de motivos ondulantes

- Decoração sobrepõe-se à estrutura, revestindo todo o


edifício

- Fantasioso e desordenado
O Gótico em Portugal: O Estilo Manuelino
- O Gótico afirma-se no período final da Reconquista

- Evolui com:

- Afirmação da nacionalidade portuguesa

- Organização administrativa do Estado

- Desenvolvimento da economia

- Povoamento das terras conquistadas

- Consolidação do poder monárquico e da sua afirmação no espaço público

- 1ª Fase (séc. XIII a XIV)

- Características rurais e monásticas

- Formas e linhas modestas e simples

- Igrejas de três naves, com a central mais alta

- Cobertura de madeira

- Fachada sóbria, com portal único e rosácea sobreposta

- Pouca decoração

- Exteriores compactos e fechados, com suporte em contrafortes comuns

- 2ª Fase/Manuelino (final séc. XIV a XVI)

- Exaltação da grandeza do país

- Protagonismo do rei com obras artísticas à altura da glória real

- Ornamentação exuberante e ecletismo das temáticas, com motivos naturalistas,


relacionados com o mar e a Expansão, e religiosos

- Abóbodas com complexas redes de nervuras

- Arcos polilobados, de ferradura, contracurvados ou abatidos

- Influência do Gótico flamejante e da tradição

- Decoração abundante

A Escultura Gótica
- Relação de cumplicidade com a arquitetura, como no românico

- Evolução a nível da composição, expressão, monumentalidade e do interesse pelo real

- Aproximação da cultura humanista

- Caráter naturalista do rosto, do corpo e da natureza


- Novas capacidades expressivas

- Autonomização da arquitetura, surgindo vultos-redondos

- Novas capacidades expressivas:

- Humanização do rosto e das figuras

- Representação mais fiel do corpo humano

- Aparecimento dos primeiros retratos

- Tratamento naturalista das vestes, revelando a anatomia do corpo

- Acentuação da expressão e dos movimentos

- Recuperação da tradição clássica

- As ombreiras das catedrais são substituídas por estátuas coluna

- Temas inspirados no Novo Testamento

- Cristo em Majestade

- Juízo Final

- Virgem em Majestade

- Santo patrono ocupa o tímpano

- Figuras divinas são humanizadas, demonstrando sentimentos

- Escultura funerária:

- Surgem as estátuas jacentes

- Corpo do defunto representado em alto-relevo

- Passagem dos traços fisionómicos à pedra, perpetuando a sua memória

- Túmulos cobertos de baixos-relevos com narrativas alusivas ao defunto

Os Vitrais
- Substitui a pintura mural românica

- Estrutura formal dos edifícios góticos

- Programa estético e artístico do Abade Suger

- Temáticas bíblicas, da vida de Cristo e da Virgem

- Tornam o ambiente da catedral místico e fantástico


A Iluminura
- Feita através da técnica da têmpera

- Exploração do realismo e do rigor da representação

- Interesse tardio na composição e representação do corpo

- Fundo repleto de formas humanas e animais

- Temas religiosos fundidos com temas cortesãos

- Composição e riqueza cromática (azul, vermelho e dourado)

- Maior realismo nos rostos e panejamentos

- Paisagens arquitetónicas e refinado tratamento técnico

O Mural a Fresco
- Emerge nas cidades italianas, com prosperidade económica e protagonismo cultural

- Início da conquista das três dimensões

- Influência da cultura bizantina e da plástica gótica

- Maior naturalismo da representação

- Tratamento volumétrico dos corpos

- Tridimensionalidade do espaço arquitetónico

- Giotto

- 1ª utilização da perspetiva com ilusão da terceira dimensão

- Antecipa a perfeição matemática da perspetiva renascentista

- Domínio do desenho

- Valorização a luz e da cor

- Grande expressividade e forte experimentalismo

- Princípio da imitação e da visão racional da natureza

- Caráter emotivo e humano

- Narrativa e autenticidade descritiva dos elementos cenográficos

- Representação realista, com pormenores paisagísticos e da perspetiva empírica


das formas e dos espaços
Pintura a Óleo (Flandres, séc. XV)
- Impulsionada pela cultura de mecenato burguesa

- Óleo seca lentamente, permitindo um trabalho de retoque minucioso e sobreposições


de camadas, dando maior realismo à pintura

- Jan van Eyck foi o pintor mais importante desta escola

- Cores vivas, duráveis, de fácil mistura e obtenção de tonalidades intermédias

- Maior tratamento do volume e da profundidade, com maior rigor

- Utilização da perspetiva empírica

A Arte Mudéjar
- Arte produzida por muçulmanos que permaneceram em território cristão, após a
Reconquista

- Arte Almorávide:

- Arquitetura sóbria, de linhas austeras e sem ornamentos

- Ascetismo religioso, com um vocabulário rico e austero

- Arte Almóada:

- Arquitetura simples, ordenada e racional

- Pátios e espaços interiores com grandes composições geométricas e vegetalistas


policromadas

- Arte Nasride:

- Refinada

- Intensidade decorativa

- Simbiose entre espaço, forma e luz

- Água transmite sensação de efemeridade

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