Araujo & Batista INTRODUÇÃO A PSICOPATOGIA

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Rev Enfermagem e Saúde Coletiva, Faculdade São Paulo – FSP, 2022

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Introdução à Psicopatologia Geral

Terezinha Oliveira de Araújo


Faculdade da Amazônia - FAMA
Eraldo Carlos Batista
Faculdade Anhanguera, Tangará da Serra - MT

Resumo: A loucura é um fenômeno tipicamente humano presente em toda trajetória histórica


da sociedade. Durante toda existência pessoas perderam o controle de suas emoções e
alteraram o seu comportamento, constituindo assim, o que é conhecido como psicopatologia.
O objetivo desse trabalho é fazer uma um estudo teórico sobre os principais conteúdos
ministrados na disciplina de Psicopatologia II no curso de Psicologia. Trata-se de um estudo
bibliográfico a partir de fontes secundárias publicadas em livros especializados e artigos
científicos sobre o tema em epigrafe. O trabalho consiste em: introdução e desenvolvimento
este último subdivido em seis seção sendo elas: Psicopatologia: conceito e história; principais
entidades nosológicas em psicopatologia; Aspectos relativos ao tratamento da doença mental;
Conceito, tipos e psicodinâmica da neurose; Conceito, tipos de transtorno da personalidade e
Conceito, psicodinâmica e tipos de psicose. Conclui-se que a Psicopatologia está diretamente
ligada com diferentes áreas do conhecimento. Sobretudo, entre a Psicologia, Psicanálise,
Neurologia e Psiquiatria. Dessa forma, devido aos muitos discursos que ela abrange possui
uma grande dificuldade de coesão teórica.

Palavras-Chave: Psicopatologia. Saúde mental. Psicologia.

Introduction to General Psychopathology


Abstract: Madness is a typically human phenomenon present in every historical trajectory of
society. During their entire existence people lost control of their emotions and altered their
behavior, thus constituting what is known as psychopathology. The objective of this work is
to make a theoretical study on the main contents taught in the discipline of Psychopathology
II in the Psychology course. This is a bibliographic study based on secondary sources
published in specialized books and scientific articles on the subject in question. The work
consists of: introduction and development, the latter subdivided into six sections, namely:
Psychopathology: concept and history; main nosological entities in psychopathology; Aspects
relating to the treatment of mental illness; Concept, types and psychodynamics of neurosis;
Concept, types of personality disorder and Concept, psychodynamics and types of psychosis.
It is concluded that Psychopathology is directly linked with different areas of knowledge.
Above all, between Psychology, Psychoanalysis, Neurology and Psychiatry. Thus, due to the
many discourses that it covers, it has great difficulty in theoretical cohesion.

Keywords: Psychopathology. Mental health. Psychology.

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dos transtornos mentais e seus efeitos sobre as
Introdução concepções de normalidade e patologia. Nesse
primeiro contato com a psicopatologia o aluno além
De modo geral a psicopatologia é o estudo
de conhecer a definição do campo da psicopatologia
descritivo dos fenômenos psíquicos anormais,
e o problema da classificação passa ter contato com
exatamente como se apresentam à experiência
os conceitos básicos da semiologia psiquiátrica e
imediata. No entanto, o objetivo da psicopatologia
conhecer as contribuições da genética, das
não deve ser confundido com o objetivo da
neurociências, e das psicologias cognitiva, afetiva, do
psiquiatria, pois o seu campo é mais restrito e se
desenvolvimento, cultural e social para a
limita ao estudo dos fenômenos “anormais” da vida
psicopatologia.
mental e tem como método a fenomenologia. Em
A segunda, Psicopatologia Geral II, por sua vez,
outras palavras, o campo da psicopatologia inclui um
é mais específica, e trata-se da descrição dos
grande número de fenômenos humanos especiais,
transtornos psicopatológicos, bem como a
associados ao que se denominou historicamente de
semiologia, etiologia, tratamento e cuidados
doença mental. Esse campo inclui as vivências, os
primários. Assim, disciplina Psicopatologia Geral II
estados mentais e os padrões comportamentais uma
visa introduzir o estudo da psicopatologia através da
especificidade psicológica e conexões complexas
conceituação dos principais quadros psicopatológicos
com a psicologia do normal. Da mesma forma, a
e refletir sobre a atuação do psicólogo na área. Na
psicopatologia não é um prolongamento da
referida disciplina o aluno aprende a manejar os
neurologia ou da psicologia, pois se trata de uma
sistemas de classificação diagnósticas utilizados na
ciência autônoma.
atualidade, como o uso do Manual Estatístico dos
As raízes da psicopatologia estão na tradição
Transtornos Mentais – DSM e a Classificação
médica, na obra dos grandes clínicos e alienistas do
Internacional de Doenças – CID. Desenvolver suas
passado e na tradição humanística (filosofia, literatura
habilidades de avaliação clínica e realização do
e artes) que sempre viu no sofrimento mental extremo
exame do estado mental e compreender os diversos
uma possibilidade rica de reconhecimento de
quadros clínicos psicopatológicos, considerando a
dimensões humanas que, sem o fenômeno da doença
semiologia, etiologia, tratamento e cuidados
mental permaneceriam desconhecidas. Enquanto
primários.
disciplina acadêmica/científica a psicopatologia tem
se tornado disciplina obrigatória em diversos cursos
Psicopatologia: Conceito e História
de graduação da área da saúde.
No curso de Psicologia, a disciplina
Como vimos na introdução desse texto, a
Psicopatologia Geral é de grande importância pra a
psicopatologia está ligada a diversas vertentes, porém
formação do futuro psicólogo. A aquisição de
é foco de muitos estudos nas disciplinas de
conhecimentos psicopatológicos básicos constitui a
psicologia, psiquiatria e psicanálise entre outras. Na
essência da prática do profissional de psicologia em
Psicologia faz parte da psicologia clínica, psicologia
todas as áreas de atuação, sobretudo a clínica. Nos
geral e psicologia ligada às neurociências entre
cursos de psicologia a disciplina de Psicopatologia é
outros. Quanto a etimologia da palavra psicopatologia
oferecida em dois momentos, sendo dividida em:
essa é composta por três palavras gregas: psychê,
Psicopatologia Geral I e Psicopatologia Geral II. A
pathos e logos. Psychê resultou em psique, psíquico,
primeira tem por objetivo a introdução do conteúdo,
psiquismo e alma; pathos em paixão, excesso,
como por exemplo, apresentar aos alunos as
passagem, passividade, sofrimento, assujeitamento e
definições operacionais e técnicas da psicopatologia,
patológico; e logos, em lógica, discurso, narrativa e
apresentar as circunstâncias históricas, sociais e
conhecimento (Ceccarelli, 2005).
epistemológicas condicionantes da história da
Embora o termo psicopatologia é, em geral,
loucura; a constituição e delimitação do campo da
utilizado para se referir ao estudo das doenças
saúde mental, e discernir a noção de pathos no intuito
mentais, ele abrange uma série de diferentes
de se compreender as especificidades semiológicas
definições, cada qual relacionada a um contexto, seja
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médico, psicológico, ou, ainda, ligado a distintos (psiquiatria, psicologia clínica). Entende-se por
olhares dentro da própria psicologia. Veremos a técnica o “conhecimento aplicado a uma prática
seguir algumas definições. Psicopatologia, seguindo profissional e social concretas”. Nesse sentido o
Zanoni e Serbena (2011, p. 486) “poderia ser campo de estudo da psicopatologia inclui um grande
entendida como um discurso ou um saber sobre a número de fenômenos humanos especiais, associados
paixão da alma. Ou seja, um discurso representativo ao que se denominou historicamente de doença
a respeito do sofrimento ou do padecer psíquico”. mental. Esses fenômenos são marcados, por um lado,
De acordo com psiquiatra Paulo Dalgalarrondo a pela especificidade psicológica, o seja, as vivências
Psicopatologia é: dos doentes mentais possuem dimensão própria,
genuína, não sendo apenas ‘exageros’ do normal. E,
um ramo da ciência que trata da natureza essencial por outro, por suas conexões complexas com a
da doença mental, suas causas, as mudanças
estruturais e suas formas de manifestação. Ela pode psicologia normal (o mundo da doença mental não é
ser definida, em uma acepção mais ampla, como o um mundo totalmente estranho ao mundo das
conjunto de conhecimentos referentes ao experiências psicológicas ‘normais’ (Dalgalarrondo,
adoecimento mental do ser humano (Dalgalarrondo, 2008).
2008, p. 27).

Assim, como as causas, mudanças estruturais e A Psicopatologia e seu contexto histórico


funcionais associadas ao adoecimento mental suas
formas de manifestação. Entretanto, Dalgalarrondo Cada época histórica vai tratar deste fenômeno
(2008) ressalva que nem todo estudo psicopatológico de um modo característico, marcado pelo horizonte
segue a rigor os ditames de uma ciência sensu strictu. racional, cultural, social, político predominante no
Em outras palavras, a psicopatologia também tem os momento. Desta forma, a loucura na Idade Média era
seus limites Limites, ainda que o seu objeto de estudo possessão demoníaca e na modernidade, época do
seja o enfermo em sua totalidade, nunca se pode Racionalismo, passa a ser a perda da razão. Em
reduzir o ser humano a conceitos psicopatológicos. tempos de cuidados médicos torna-se psicopatologia,
Nesse sentido, Amarante (2007) afirma que os concebida enquanto doença mental (Schneider,
tratados da psiquiatria classificam as doenças mentais 2009). Nesse sentido, Berrios (2012) assevera que
como sendo objetos da natureza. Ou seja, analisam os estudos histórico-conceituais são parte integrante da
tipos, suas semelhanças e diferenças. Para o mesmo construção da linguagem na psicopatologia pois, sem
autor “ocuparam-se das doenças e esqueceram-se dos esses dados, a calibração estatística torna-se uma
sujeitos que ficaram apenas com o pano de fundo das atividade incompleta. Em segundo lugar, a
mesmas” (Amarante, 2007, p. 66). Esse modelo psicopatologia descritiva é uma atividade vinculada à
entendido como: colocar o sujeito entre parênteses e linguagem que, apesar de sua crescente formalização
ocupar-se da doença, o qual foi duramente criticado científica, ainda continua dependente de uma tradição
pelo psiquiatra italiano Franco Basaglia. Para esse escrita e oral.
especialista a estratégia deve ser ao contrário: Por milhares de anos, tentamos explicar e
controlar o comportamento problemático: o que é
[...] colocar a doença entre parêntese, é, a um só definido como normal e o que é patológico é, em
tempo, uma ruptura com o modelo teórico-conceitual parte, contingente. De acordo com Foucault (1972) o
da psiquiatria que adotou o modelo das ciências
naturais para conhecer a subjetividade e terminou por discurso sobre a loucura durante os séculos XV a XIX
objetivar e coisificar o sujeito e a experiencia humana é um discurso sobre formas de poder, isolamento e
(Amarante, 2007, p. 67). punição no intuito de mostrar que tanto o saber
médico, quanto a internação psiquiátrica, tornaram-se
Em outras palavras, ao colocar a doença entre
alguns dos instrumentos de poderes institucionais da
parênteses, aparecem os sujeitos que estavam
época. Didaticamente, podemos identificar três
invisíveis, reduzidos ao mero sintomas.
teorias principais sobre a loucura: o modelo
Para Jaspers (2003), a psicopatologia é uma
sobrenatural, o modelo biológico, e o modelo
ciência básica que serve de auxílio à técnica clínica
psicológico (Barlow & Durand, 2016).
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A psicopatologia biológica considerava o Atualmente novas experiências e novos modelos
encéfalo como a sede da sabedoria, da consciência, da de atenção à saúde mental tem surgido a partir da
inteligência, e das emoções. Essa sugeria que os Reforma Psiquiátrica, sobretudo a reforma Brasileira.
transtornos mentais podem ser tratados como Muitos tem sido os esforços teórico-metodológicos
qualquer outra doença e que podem ser causados por do movimento antipsiquiátrico com a psicologia, os
patologias do cérebro ou por traumas, bem como quais tem apontado para novas possibilidades de
podem ser influenciados por fatores hereditários. A construir uma síntese pós-psiquiátrica que visa
tradição sobrenatural” defendia que suposição de que enfrentar os impasses gerados pelas contradições na
agentes externos ao organismo influenciam o história da psicopatologia. Na contemporaneidade a
comportamento, pensamento e emoções (divindades, psicopatologia é estudada principalmente pela
demônios, espíritos, campos magnéticos, signos do psiquiatria e pela psicologia. Entretanto, o
zodíaco) e que todas as doenças físicas e mentais desenvolvimento de diferentes correntes e
eram consideradas atos dos demônios (Barlow & conceituações acerca do psicopatológico, trazem a
Durand, 2016). possibilidade de uma ruptura entre as diferentes
tendências, até mesmo do desaparecimento das
A substituição do tema da morte pelo da loucura não referências psicopatológicas segundo (Beauchesne,
marca uma ruptura, mas sim uma virada no interior
2002). Dessa maneira passa-se, então, a repensar o
da mesma inquietude. Trata-se ainda do vazio da
existência, mas esse vazio não é mais reconhecido fenômeno psicopatológico e também os modelos que
com termo exterior e final, simultaneamente caracterizam cada uma dessas diferentes tendências,
ameaça e conclusão; ele é sentido do interior, como principalmente o modelo médico que tentou unificá-
forma contínua e constante da existência. E
enquanto outrora a loucura dos homens consistia em las, normalizando e classificando o indivíduo que
ver apenas que o termo da morte, agora a sabedoria adoece. Surgem questionamentos sobre esse modelo,
consistirá em denunciar a loucura por toda parte, em enfatizando a ótica das singularidades e do processo
ensinar aos homens que eles não são mais que psicopatológico como uma possibilidade de
mortos, e que se o fim está próximo, é na medida
em que a loucura universalizada formará uma só e restabelecer a saúde psíquica e não mais como
mesma entidade com a própria morte (Foucault, degenerador (Zanoni & Serbena, 2011).
2013, p. 16). Quanto a sua história as suas raízes encontram-
se boa parte no modelo biomédico, o qual, como já
Nesse período histórico os loucos tinham
observado, privilegia a classificação derivada da
então uma existência facilmente errante. As cidades
observação prolongada e cuidadosa de populações de
escorraçavam-nos de seus muros; deixava-se que
doentes mentais. Outra raiz nas humanidades
corressem pelos campos distantes, quando não eram
(principalmente filosofia, literatura, artes e
confiados a grupos de mercadores e peregrinos”
psicanálise), que via o transtorno como possibilidade
(Foucault, 2013).
“de reconhecimento de dimensões humanas se, sem o
O surgimento da psiquiatria no séc. XVIII se dá
fenômeno ‘doença mental’ permaneceriam
com a transição do asilo custodial para o asilo
desconhecidas (Dalgalarrondo, 2008).
terapêutico. Havia a necessidade de estabelecer um
Por outro lado, Birman (1999) afirma que a
corpo médico capacitado para administrar essas
psicopatologia contemporânea se interessa
instituições de uma forma que fosse benéfica ao
fundamentalmente pelas síndromes e pelos sintomas,
paciente. Assim o crescimento no século XIX
no sentido médico do termo. Segundo o referido
provocou o aumento rápido no número de asilos,
autor, isso faz com que a concepção tradicional de
como resultado de crescente urbanização e aumento
enfermidade, centrada na ideia de etiologia, perde
na incidência de transtornos; o aumento no número de
terreno face à articulação de sintomas sob a forma de
clínicas e sanatórios privados, bem como de spas e
síndromes. Nestes termos, a psicopatologia da
centros de tratamento residencial. No último quarto
atualidade se aproxima bastante e até se identifica
do século XIX, as clínicas particulares deslancharam,
com a nova racionalidade clínica. Ou seja, esta
conforme a psiquiatria adquiria mais conhecimentos
identificação não é arbitrária e casual, mas se realiza
da psicologia.
pela identidade da psiquiatria com o novo discurso da
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medicina clínica, que constituiu os parâmetros novos (Dalgalarrondo, 2008). O autor ainda afirma que cabe
para realizar um outro recorte no universo das lembrar que o reconhecimento dessas entidades não
enfermidades (Birman, 1999). tem apenas um interesse científico ou acadêmico
Por fim, seguimos o entendimento de Berrios (valor teórico); ele geralmente viabiliza ou facilita o
(2012), de que a história da psicopatologia deve ser desenvolvimento de procedimentos terapêuticos e
considerada mais do que uma mera comédia de erros, preventivos mais eficazes (valor pragmático).
exercício de antiquário, ou análise política dos De outra maneira Dalgalarrondo (2008)
aspectos sociais da psiquiatria. É uma poderosa esclarece que os transtornos mentais são categorias,
técnica de calibração por meio da qual a linguagem entidades nosológicas completamente
da psiquiatria é conceitualmente ajustada e preparada individualizadas, com contornos e fronteiras bem-
para a quantificação. demarcados pois são compostas por dimensões
A seguir exploraremos a disciplina (espectros) que incluem diferentes graus de
Psicopatologia II ao tecermos descrição e discussão comprometimento e de alteração de funções
sobre seu objetivo no curso de Psicologia. Vale psicológicas. A forma como são organizados e
lembrar que esse é o objeto de estudo desse trabalho, classificados os transtornos é o modelo prototípico
o qual visa contemplar a ementa da disciplina (DSM-5). No referido manual são identificadas certas
Psicopatologia II com a finalidade de obtenção de características essenciais de uma entidade de forma
aprovação na mesma. Discorremos incialmente sobre que possam classificá-la, mas que também permite
as principais entidades nosológicas e psicopatologia. certas variações não-essenciais que não
necessariamente mudam a classificação. Diversas
Principais Entidades Nosológicas em características ou propriedades do transtorno são
Psicopatologia listadas, e um transtorno deve apresentar um número
suficiente deles para ser considerado parte da
Procuramos inicialmente explorar o termo categoria (Barlow & Durand, 2016).
entidade nosológica em psicopatologia. Segundo Nesse sentido, Dalgalarrondo (2008, p. 26)
Karwowski (2015) esclarece, a Nosologia (do grego acrescenta que ao se delimitar uma síndrome, “não se
'nósos', "doença" + 'logos', "tratado", "razão trata ainda da definição e da identificação de causas
explicativa") é a parte da medicina, ou o ramo da específicas e de uma natureza essencial do processo
patologia que trata das enfermidades em geral e as patológico”. Uma entidade nosológica deve ter cinco
classifica do ponto de vista explicativo (isto é de sua conjuntos de validadores segundo Barlow e Durand
etiopatogenia). Logo, nosologia significa “estudo das (2016): a) Descrição clínica; b) Estudos laboratoriais;
doenças”, ou arte da medicina que trata da c) Diferenciação de outros transtornos; d) Estudos de
classificação das diferentes patologias. Em desfecho; e) Estudos familiares. Já Dalgalarrondo
psicopatologia denominam-se entidades nosológicas, 92008) aponta os validadores importantes, tais como:
doenças ou transtornos específicos: a) Fatores causais (etiologia); b) Curso temporal; c)
Estados terminais (desfechos) típicos; d) Mecanismos
[...] os fenômenos mórbidos nos quais podem-se psicológicos e psicopatológicos; e) Antecedentes
identificar (ou pelo menos presumir com certa
consistência) certos fatores causais (etiologia), um
genéticos e de desenvolvimento; f) Respostas a
curso relativamente homogêneo, estados terminais tratamento mais ou menos previsíveis. E por fim
típicos, mecanismos psicológicos e Barlow e Durand (2016) descrevem a validade
psicopatológicos característicos, antecedentes diagnóstica afirmando que essa depende de: a) Valor
genético/ familiares algo específicos e respostas a
tratamentos mais ou menos previsíveis de construto (os sinais e sintomas escolhidos como
(Dalgalarrondo, 2008, p. 26). critério para a categoria estão consistentemente
associados, e o que identificam difere de outras
De forma resumida elas são os fenômenos categorias); b) Valor preditivo/de critério: capacidade
mórbidos nos quais se pode identificar (ou pelo de prever o curso e o desfecho em um paciente
menos presumir com certa consistência), prototípico; c) Valor de conteúdo: os critérios
determinados fatores causais, ou seja, a etiologia. diagnósticos devem refletir a maneira como a maioria
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dos especialistas do campo veem a categoria. como; a) Somáticos e b) Psicoterapêuticos
Sendo assim, entende-se que os sintomas
psicopatológicos agregam-se em determinados Quadro 1 – Tipos de tratamento
padrões e podemos, portanto, falar de diferentes
doenças mentais ou psiquiátricas. Os métodos Tipo Descrição
precisos de diagnóstico ou a definição da natureza do Tratamentos Incluem medicamentos,
somáticos eletroconvulsoterapia e outros
problema continuam sendo importantes. Para que a tipos de terapia que estimulam o
nosologia psiquiátrica possa ser melhorada, é cérebro (por exemplo,
necessária uma observação acurada dos fenômenos estimulação magnética
com os quais nos confrontamos. transcraniana e estimulação do
nervo vago).
De acordo com Barlow e Durand (2008) o Tratamentos Incluem psicoterapia
transtorno psicológico ou comportamento anormal é psicoterapêuticos (individual, de grupo ou familiar
uma disfunção psicológica que ocorre em um e conjugal), técnicas de terapia
indivíduo e está associada com angústia, diminuição comportamental (por exemplo,
métodos de relaxamento ou
da capacidade adaptativa e apresenta uma resposta terapia de exposição) e
que não é culturalmente aceita. De acordo com o hipnoterapia.
DSM – V (2014) existem cinco critérios clinicamente
significativos para um transtorno mental. São eles, os Grande parte dos estudos sugere que, para
comportamentos que refletem disfunção nos transtornos de saúde mental importantes, uma
processos psicológicos, biológicos, social e que abordagem terapêutica que contemple tanto
transtorno deve ter utilidade clínica (Whitbourne & medicamentos como psicoterapia é mais eficaz do
Halgin, 2015). que qualquer um dos métodos de tratamento
Jaspers (2003) enumera ainda o que deve ser utilizados isoladamente. Os psiquiatras não são os
entendido como enfermidade: a) Processos únicos profissionais de saúde mental preparados
somáticos; b) Acontecimentos graves que causam para tratar a doença mental.
ruptura com a vida até então considerada sã; c) Outros profissionais incluem psicólogos
Desvios grandes em relação ao normal estatístico e clínicos, enfermeiros com formação avançada e
visto como indesejados pelo afetado ou seu meio. As assistentes sociais. Entretanto, psiquiatras são os
enfermidades psiquiátricas entendidas como uma únicos profissionais de cuidados com a saúde mental
condição de anormalidade na ordem psíquica, mental com permissão para receitar medicamentos. Outros
ou cognitiva podem interferir negativa mente profissionais da saúde mental trabalham, sobretudo,
diversos órgãos do corpo (por consequência da com psicoterapia.
redução do sistema imunológico) e afetar a vida
pessoal, profissional e social do indivíduo. Farmacoterapia
A seguir destacaremos os aspectos relativos ao
tratamento da doença mental. Nesse bloco será A medicalização é um recurso terapêutico em
apresentado as principais formas de tratamento tanto que um problema e/ou comportamento não médico é
âmbito da prevenção como na esfera da intervenção definido com um transtorno, doença ou problema
médico, sendo delegada ao profissional médico, a
Aspectos Relativos ao Tratamento da Doença responsabilidade pela prescrição do medicamento.
Mental Já os psicofármacos, são medicamentos que
auxiliam no alivio do sofrimento mental, podendo
Nas últimas décadas ocorreram avanços ser indispensáveis para o tratamento de algumas
extraordinários no tratamento das doenças mentais. psicopatologias. São substâncias que interferem em
Como resultado, atualmente, é possível tratar muitos funções do sistema nervoso central proporcionando
transtornos de saúde mental quase com tanto êxito a redução do desconforto causado pela
como os físicos. A maioria dos métodos para tratar sintomatologia dos transtornos mentais (Azevedo,
os transtornos de saúde mental pode ser classificada Fagundes & Pinheiro, 2018).
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O reconhecimento de sintomas somáticos pode organismo/meio e impedindo o crescimento do self.
levar à prescrição indiscriminada de psicofármacos, A neurose é, portanto, um enfraquecimento das
nem sempre utilizados para transtornos mentais funções de ego do self, resultando numa perda de
específicos; algumas vezes, o próprio médico que fluidez entre contato e retraimento, estabelecendo-se
prescreveu não consegue pontuar ao certo o motivo uma fixação da fronteira em uma dessas polaridades.
da utilização dos psicofármacos por seus pacientes (Tenório, 2003).
(Borge, Hegadoren & Miasso, 2015). A necessidade organísmica primordial, e que
está na base do desenvolvimento da neurose, é a
Psicoterapia fome. Neste sentido, a agressividade oral, através da
mordida e da mastigação, é uma importante
Nos últimos anos, houve importantes avanços resistência contra as imposições do meio; é a
no campo da psicoterapia, que às vezes é capacidade para desestruturar o alimento, para que
denominada terapia de conversa. Ao criar um este possa ser devidamente assimilado pelo
ambiente de empatia e aceitação, o terapeuta é capaz organismo. A assimilação através da mastigação está
de ajudar a pessoa, frequentemente, na identificação na base do desenvolvimento saudável, enquanto a
da origem do seu problema e a considerar as introjeção está na base do desenvolvimento neurótico
alternativas para enfrentá-lo. De acordo om os da personalidade. (Tenório, 2003).
clínicos acompanham a fase de diagnóstico em um
plano de tratamento, um resumo de como a terapia Psicanálise Freudiana
deve ser realizada (Whitbourne & Halgin, 2015).
A psicoterapia é uma técnica que usa dos mais A neurose é um mito individual. Seu
variados instrumentos do método em que é funcionamento se dá a partir da constituição do
embasada. Sendo, portanto, uma técnica válida e sujeito, desde fatos primitivos, ocorridos na infância.
positiva, visto que utiliza de instrumentos, com Sua atividade é uma resposta a eventos antigos, em
eficácia comprovada cientificamente. constante repetição e reedição, de forma particular e
A psicoterapia é também, uma forma de incompreensível ao olhar de terceiros. Nela, há um
autoconhecimento, de crescimento e aprendizagem. conflito entre o “eu” e o “isso”, fazendo coexistirem
Dessa forma, a psicoterapia não é apenas uma teoria as atitudes que contrariam as exigências pulsionais e
ou técnica que trata de pessoas doentes, mas uma as que levam em conta a realidade, em um conflito
ação entre duas pessoas, que resulta em maior entre desejo e censura.
envolvimento de ambos com a realidade. O mecanismo de defesa psíquico a esses embates
Consequentemente, psicoterapeuta e paciente, utilizado pelos neuróticos é o recalque. Este afasta os
juntos, podem estabelecer uma relação benéfica, que conteúdos indesejáveis ou conflituosos da
fará com que o paciente, ao adentrar sua própria consciência, mas os mantém no inconsciente. Os
realidade, encontre meios para amenizar seu mesmos podem vir à tona, e no caso, é de maneira
sofrimento psicológico. A psicoterapia já é um simbólica, na forma de sintomas, que os escoam.
efetivo recurso de mudança e, com a força do
contato humano e dos psicofármacos, quando Formas Clássicas de Neurose
necessários, garante a eficácia do tratamento
(Azevedo, Fagundes & Pinheiro, 2018). Neste sentido, a neurose se caracteriza por uma
estrutura de self fragilizada e dividida em duas partes
Conceito, Tipos e Psicodinâmica da Neurose que lutam constantemente uma contra a outra
(dominador e dominado). A parte introjetada ou falsa
De acordo com a abordagem gestáltica, a (dominador - não devo sentir raiva), formada
neurose é o resultado de processos inconscientes, basicamente a partir do medo de ser punida ou
repetitivos e obsoletos de interrupção do contato, abandonada, por garantir a sobrevivência da criança,
gerando uma distorção na percepção da realidade, torna-se a parte mais forte, enquanto a parte
dificultando a recuperação do equilíbrio no campo verdadeira ou não introjetada (dominada - sinto
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raiva)torna-se mais fraca, submetendo-se às (paralisias histéricas, contraturas, cegueira, anestesias
imposições da parte introjetada, tornando-se alienada e globus faríngeo).
e projetada para fora das fronteiras do self (Tenório,
2003). Conceito, Tipos de Transtorno da Personalidade

Neurose obsessiva Os transtornos de personalidade são um grupo de


doenças psicológicas que se apresentam um padrão
Os quadros obsessivos-compulsivos rígido e persistente de comportamentos, pensamentos
caracterizam-se por ideias, fantasias e imagens e sentimentos que são diferentes daquilo que é
obsessivas e por atos, rituais ou comportamentos esperado em uma determinada cultura. Para falarmos
compulsivos (Dalgalarrondo, 2008). em transtornos de personalidade, é necessário
Nesse tipo de neurose, o conflito é expresso por compreender o que é personalidade. De acordo com
sintomas compulsivos (ideias persistentes, ritos Dalgalarrondo (2008, p. 257) a personalidade é “o
conjuratórios e realização de atos indesejáveis) e pelo conjunto de traços psíquicos, constituindo no total das
modo de pensar caracterizado por ruminações características individuais, em sua relação com o
mentais e dúvidas, que levam a inibições de meio, incluindo todos os fatores físicos, biológicos
pensamento e ação. psíquicos e socioculturais de sua formação”.
De acordo com suas características, os
Neurose fóbica transtornos de personalidade são classificados em 3
categorias:
As síndromes fóbicas caracterizam-se por medos a) Suspeita: transtornos paranóide, esquizóide e
intensos e irracionais, por situações, objetos ou esquizotípico;
animais que objetivamente não oferecem ao b) Emocional e impulsivo: transtornos
indivíduo perigo real e proporcional a tal medo antissocial, borderline, histriônico e
(Dalgalarrondo, 2008). narcisista;
Neste caso, atesta-se a presença de uma fobia, c) Ansiedade: transtornos evitativo, dependente
que é a fixação da angústia em um objeto exterior. e obsessivo-compulsivo
Assim, o medo do mesmo é desproporcional ao seu Os principais transtornos de personalidade são:
perigo real e acarreta em reações incontroláveis do
sujeito. Personalidade narcisista

Neurose histérica O transtorno de personalidade narcisista


caracteriza-se por uma supervalorização e sentimento
O termo histeria é historicamente associado ao grandioso acerca de si próprio, além de uma grande
sofrimento de pessoas do sexo feminino – não à toa necessidade de reconhecimento e desvalorização de
deriva da palavra grega hystera (útero, matriz). outras pessoas. Esse grupo tem como característica a
Ademais, foi uma noção cara à Freud, inicialmente excentricidade, desregulação cognitiva e perceptual,
utilizada para denominar os sofrimentos das mulheres crenças e experiencias incomuns, distanciamento,
que atendia (europeias, brancas e burguesas). As afetividade restrita, afastamento e desconfiança
síndromes histéricas caracterizam-se por apresentar (Whitbourne & Halgin, 2015).
manifestações clínicas tanto referentes ao corpo como
à mente a ao comportamento. (Dalgalarrondo, 2008). Personalidade borderline
Seus quadros clínicos são variados e da ordem
da somatização, conversão e dissociação. O transtorno de personalidade borderline, ou
Os sintomas corporais são divididos em síndrome de borderline, caracteriza-se por uma
paroxísticos (crises emocionais teatrais e ataques ou instabilidade nos relacionamentos interpessoais e por
convulsões de aparência epiléptica) e duradouros sentimentos constantes de vazio, alterações
repentinas de humor e acentuada impulsividade.
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Entenda melhor o que é a personalidade borderline. A pessoa com esse tipo de transtorno de
Além disso, segundo Dalgalarrondo (2008) esse personalidade geralmente evita realizar atividades
grupo apresenta instabilidade emocional intensa, interpessoais, devido ao medo da crítica e rejeição ou
sentimentos crônicos de vazio e esforços efetivos para desaprovação, tem medo de se envolver em
evitar o abandono. relacionamentos íntimos ou conhecer pessoas novas e
Geralmente, a pessoa com esse tipo de transtorno sente-se inferior em relação ao outro. Além disso,
de personalidade faz um grande esforço no sentido de também é muito comum o medo de assumir riscos
evitar o abandono, tem um padrão de relacionamentos pessoais e envolver-se em novas atividades.
instáveis e intensos, avaliando as pessoas como boas
em um instante e rapidamente as julgando como más. Personalidade obsessivo-compulsiva
Além disso, em alguns casos, pode apresentar
comportamentos de automutilação ou ameaças O transtorno de personalidade obsessivo-
suicidas. Instabilidade nas metas, nas aspirações, nos compulsiva, popularmente conhecido como TOC é
valores ou nos planos de carreiras (Whitbourne & caracterizado por dois tipos de comportamento: as
Halgin, 2015). obsessões, que são pensamentos impróprios ou
desagradáveis, recorrentes e persistentes; e as
Personalidade antissocial compulsões, que são comportamentos ou atos mentais
repetitivos, como lavar as mãos frequentemente por
O transtorno de personalidade antissocial pode medo de se contaminar com vírus ou bactérias,
surgir muito cedo, ainda na infância, e caracteriza-se organizar objetos ou verificar fechaduras várias
por atitudes de desrespeito e violação dos direitos das vezes, por exemplo. Seus traços de personalidades
outras pessoas, descaso e desconsideração pelo certo são o perfeccionismo rígido e afetividade negativa
e errado, comportamentos perigosos e/ou criminosos (Whitbourne & Halgin, 2015).
e incapacidade de se adequar às normas sociais. Desta forma, geralmente, a pessoa com TOC
demonstra incapacidade para relacionamentos apresenta uma preocupação excessiva com a
mutuamente íntimos. Falta de preocupação com organização, perfeccionismo, controle mental e
sentimentos, necessidade ou sofrimento com os interpessoal, inflexibilidade, preocupação excessiva
outros (Whitbourne & Halgin, 2015). com detalhes, regras, ordem, organização e/ou
Geralmente, a pessoa com transtorno de horários, podendo levar ao surgimento de ansiedade e
personalidade antissocial apresenta uma grande sofrimento.
aptidão para enganar, mentir ou iludir as outras
pessoas, para obter vantagens pessoais ou prazer. É Personalidade paranóide
impulsiva e agressiva e recorre muitas vezes a
agressões físicas e desrespeito pelos outros, sem O transtorno de personalidade paranoide
sentir remorso e mostrando-se indiferente por ter caracteriza-se por uma desconfiança excessiva e
ferido ou maltratado alguém. Saiba como identificar suspeita em relação aos outros, em que as suas
a personalidade antissocial. intenções são constantemente interpretadas como
maldosas. Este transtorno geralmente possui
Personalidade evitativa sensibilidade excessiva a rejeições e a contratempos,
tendência a guardar rancores persistentemente,
O transtorno de personalidade evitativa, também suspeita recorrentes, sem justificativa, com respeito à
chamada de “esquiva”, caracteriza-se por uma fidelidade sexual do parceiro (Dalgalarrondo, 2008).
timidez excessiva e esquiva de situações e interações Nesse tipo de transtorno de personalidade,
sociais, com sentimentos de inadequação e grande geralmente, a pessoa não confia e suspeita de outras
sensibilidade à avaliação negativa por parte das outras pessoas, sentindo frequentemente que está sendo
pessoas. Estado constante de tensão e apreensão e enganado mesmo que não existam motivos. Por isso,
crença de ser socialmente incapaz, desinteressante ou é comum questionar constantemente a lealdade de
inferior aos outros (Dalgalarrondo, 2008). amigos e colegas, não confiar nos outros e sentir que
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as suas intenções têm um caráter humilhante ou para o próprio bem estar. Geralmente, a pessoa que
ameaçador. sofre deste transtorno seu comportamento é de
dramatização, teatralidade, expressão exagerada das
Personalidade esquizóide emoções; afetividade superficial e busca contínua de
atenção (Dalgalarrondo, 2008).
O transtorno de personalidade esquizóide é um Além disso, usa a aparência física para chamar a
tipo mais raro de transtorno de personalidade, atenção e usa um discurso excessivamente
ocorrendo com mais frequência em homens, e é impressionista e expressões emocionais exageradas.
caracterizado por uma tendência da pessoa se No entanto, a pessoa com que tem personalidade
distanciar dos outros e evitar relações sociais ou histriônica, é facilmente influenciada pelos outros ou
relacionamentos íntimos, como fazer parte de uma pelas circunstâncias e considera os relacionamentos
família, por exemplo. Assim, é comum que as pessoas com as pessoas mais íntimos do que realmente são.
com esse transtorno sejam descritas como distantes e
indiferentes. Ou seja, apresenta distanciamento Personalidade dependente
afetivo, afeto embotado, aparente frieza emocional
(Dalgalarrondo, 2008). O transtorno de personalidade dependente
Geralmente, a pessoa com esse tipo de transtorno caracteriza-se por uma falta de autoconfiança, visão
é desapegada, indiferente e tem uma tendência a ser limitada de si e dos outros e pela necessidade
mais introspectiva e a fantasiar as coisas. Além disso, excessiva de ser cuidado, levando a um
prefere realizar atividades solitárias, evita o contacto comportamento submisso e ao medo da separação e
íntimo e social, não tem amigos íntimos, mostra-se do abandono.
indiferente a elogios ou críticas e é emocionalmente Geralmente, a pessoa com esse transtorno tem
frio e distanciado. uma maior dificuldade em tomar decisões sem a ajuda
de outras pessoas, necessidade de que os outros
Personalidade esquizotípica assumam responsabilidade pelas principais áreas da
sua vida e dificuldade para discordar dos outros, com
O transtorno de personalidade esquizotípica medo de perder apoio ou aprovação, o que a torna
caracteriza-se por uma dificuldade para estabelecer mais vulnerável a abusos e exploração.
relacionamentos íntimos, sensação de desconforto ao (Dalgalarrondo, 2008).
manter contato ou relações sociais e interpessoais, Além disso, a pessoa com personalidade
sentimento de que outras pessoas podem ser dependente sente dificuldade para iniciar projetos ou
prejudiciais, além de desconfiança e falta de afeto em fazer coisas por conta própria, por falta de
relação aos outros. Apresenta metas incoerentes ou autoconfiança, energia ou motivação. Tem ainda uma
irreais e padrão internos pouco claro (Whitbourne & necessidade extrema de receber carinho e apoio, e
Halgin, 2015). sente desconforto ou desamparo quando está só. Por
Geralmente, a pessoa com transtorno de isso, busca urgentemente um novo relacionamento
personalidade esquizotípica tem um comportamento, como fonte de carinho e amparo, quando o atual
fala e aparência excêntricos, crença bizarras, que não termina.
estão de acordo com as normas culturais em que a
pessoa está inserida e pensamento, percepções e Conceito, Psicodinâmica e Tipos de Psicose
discurso incomuns, semelhantes à esquizofrenia.
Psicose é o estado mental patológico
Personalidade histriônica caracterizado pela perda de contato do indivíduo
com a realidade, que passa a apresentar
O transtorno de personalidade histriônica comportamento antissocial. De acordo com
caracteriza-se por uma autoestima baixa, Dalgalarrondo 92008, p. 327), “as síndromes
sensibilidade à crítica e rejeição, e tendência a psicóticas caracterizam-se por sintomas típicos
depender da atenção e aprovação de outras pessoas como alucinações, delírios, pensamentos
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desorganizados e comportamento claramente com início entre os 15 e 25 anos, de evolução crônica
bizarro, como fala e risos imotivados”. A Psicose é e necessita de tratamento por longo período. (Martin
bastante mencionada em várias esferas como no et al., 2011).
cotidiano popular, no cinema e, claro, na ciência É caracterizado por prejuízos no pensamento,
psicológica, mais especificamente na psicanálise linguagem, percepção, autopercepção e experiências
(LINS, 2007). No entanto Zimerman (2010) psicóticas, como delírios e alucinações. O quadro
menciona que em relação a psicose distingue três clínico leva à perda de capacidade funcional e afeta a
situações: a) a psicose propriamente dita; b) o estado vida da pessoa como um todo. Apesar dos avanços no
psicótico; c) a condição psicótica. O autor ainda tratamento, o prognóstico permanece restrito e sua
define que as psicoses "implicam um processo principal consequência é o prejuízo no
deteriorativo das funções do ego, a tal ponto que haja, funcionamento social. (Martin et al., 2011).
em graus variáveis, algum sério prejuízo do contato
com a realidade. É o caso, por exemplo, das diferentes Transtorno esquizofreniforme
formas de esquizofrenias crônicas" (Zimerman, 1999,
p. 227). As pessoas com transtorno esquizofreniforme
Do ponto de vista psicanalítico freudiano apresentam um quadro clínico muito parecido com a
entendermos a psicose como um distanciamento do esquizofrenia. A diferença deve-se ao tempo limitado
ego (a serviço do id) da realidade, com predomínio do em que os sintomas persistem. Ou seja, os sintomas
id (e não o princípio da realidade) sobre o ego em si. devem estar presentes por mais de um mês, porém os
Freud estabeleceu a existência de duas fases para o doentes não devem ultrapassar seis meses com o
desenvolvimento de uma defesa psicótica diante um quadro. Whitbourne e Halgin (2015) acrescentam que
estímulo. Inicialmente, o distanciamento do ego para as pessoas que recebem um diagnóstico de transtorno
muito além da realidade do estímulo apresentado; em esquizofreniforme se apresentam sintomas de
seguida, uma possibilidade de tentar reparar o dano esquizofrenia por um período de 1 a 6 meses. Se
provocado pelo distanciamento, por meio do tiveram sintomas por mais de um ano, o clínico
restabelecimento dos contatos do indivíduo com a conduziria uma avaliação para determinar se devem
realidade que o cerca, mas à custa do id (Lins, 2007). receber um diagnóstico de esquizofreniforme
Segundo o DSM – V (2014), a psicose é Mais ou menos metade destes doentes é mais
considerada um sintoma de uma perturbação mental, tarde diagnosticada com esquizofrenia. Este
mas não como uma doença em si mesma. De acordo transtorno ocorre mais comummente naquelas
com este mesmo manual, a psicose é dividida em dois pessoas que têm familiares com esquizofrenia ou
tipos; a) funcional, como a esquizofrenia; b) as transtorno afetivo bipolar (ou transtorno maníaco
doenças afetivas, e orgânicas, como resultado de uma depressivo) e muitos, inclusive, depois de acometidos
demência ou de intoxicações. pelo transtorno esquizofreniforme, mantém o
diagnóstico de bipolaridade. (Dalgalarrondo, 2008).
Tipos de psicose
Transtorno esquizoafetivo
Transtornos Psicóticos
O transtorno esquizoafetivo é uma doença de
Os transtornos psicóticos podem ser grave comprometimento cerebral, onde o doente
desencadeados por estresse, uso de drogas ou álcool, apresenta tanto a esquizofrenia como o distúrbio
lesões ou doenças. Possuem baixa prevalência na bipolar, ao mesmo tempo ou alternado. Ou seja, estes
população geral (de 0,5% a 1,0%); entretanto, doentes apresentam sintomas de esquizofrenia,
representam elevada sobrecarga para a sociedade. O "misturados" com sintomas da doença
transtorno esquizofrênico, por exemplo, ocupa o bipolar (antigamente conhecida como psicose
oitavo lugar na lista de doenças com as maiores maníaco-depressiva) ou de depressão. Os sintomas
proporções de dias de vida sem qualidade (2,6%) para podem surgir juntos ou alternadamente. No transtorno
indivíduos entre 14 e 44 anos. É um transtorno grave esquizoafetivo, indivíduos com transtorno depressivo
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ou bipolar também tem delírios e /ou alucinações quadros costuma ser benigna com total remissão dos
(Whitbourne & Halgin, 2015). sintomas.
Ocorre na adolescência ou início da idade adulta
e costuma ter uma evolução mais benigna que a Diagnóstico da psicose
esquizofrenia. O tratamento consiste em
internamento hospitalar, medicação e intervenções Principais sintomas
psicossociais. A terapêutica medicamentosa utilizada
é a mesma que a usada no tratamento da depressão e A conjunção entre as características da doença,
da doença bipolar, assim como antipsicóticos. pobreza e a vulnerabilidade social pode contribuir
para prejuízos nas condições de vida das pessoas com
Transtorno delirante o transtorno e a diminuição de sua qualidade de vida.
O comportamento social do portador do transtorno
A característica essencial do transtorno delirante pode aumentar a desorganização social, a percepção
é a presença de um ou mais delírios não bizarros que de medo e os crimes nessas comunidades, gerando
persistem pelo menos por um mês. Normalmente o atitudes negativas entre seus residentes (Martin et al.,
funcionamento social destes doentes não está 2011). De forma geral, a pessoa psicótica apresenta
prejudicado, apesar da existência do delírio, maior agitação, agressividade e impulsividade, além
habitualmente interpretativos, egocêntricos, de apresentar outros sintomas como:
sistematizados e coerentes. Pode ser de prejuízo, de
perseguição ou de grandeza, impregnado ou não de Quadro 2 – Principais sintomas psicóticos.
tonalidade erótica ou com ideias de invenção ou de
reforma. Também é frequente o delírio de ciúme, a) Delírios;
mais frequente nas mulheres. b) Alucinações como ouvir vozes;
Pessoas com transtornos delirantes tem como c) Discurso desorganizado, saltando entre vários
temas de conversa;
único sintoma delírios que duram por pelo menos um d) Comportamento desorganizado, podendo passar
mês. Elas recebem diagnóstico se não apresentarem períodos muito agitados ou muito lentos;
qualquer outro sintoma de esquizofrenia e nunca e) Mudanças bruscas de humor ficando muito feliz
satisfeito os critérios para esquizofrenia (Whitbourne num momento e depressivo logo a seguir;
f) Confusão mental;
& Halgin, 2015). g) Dificuldade para se relacionar com outras pessoas;
h) Agitação;
Transtorno psicótico breve i) Insônia;
j) Agressividade e autoagressão
O transtorno psicótico breve pode ter um quadro
clínico muito parecido com a esquizofrenia ou com o A psicose geralmente aparece em jovens ou
transtorno esquizofreniforme, apresentando delírios, adolescentes e pode ser passageira, sendo chamada de
alucinações e linguagem ou comportamento perturbação psicótica breve, ou estar relacionada a
desorganizado. Esta é uma perturbação cujos outras doenças psiquiátricas como transtorno bipolar,
sintomas podem ir de apenas um dia até a um mês, Alzheimer, epilepsia, esquizofrenia, ou depressão,
melhorando completamente dentro desse período sem sendo comum também em usuários de drogas.
deixar sintomas residuais. De acordo com
Whitbourne e Halgin (2015), assim como o termo Possíveis causas
sugere o transtorno psicótico breve “é um diagnóstico
que os profissionais usam quando m indivíduo A psicose não tem uma única causa, mas
desenvolve sintomas de psicose que não persistem diversos fatores relacionados entre si podem levar ao
passado curto período de tempo”. seu surgimento. Alguns fatores que contribuem para
O tratamento inclui medicamentos antipsicóticos o desenvolvimento de uma psicose são:
e pode, eventualmente, ser necessário internamento
hospitalar em casos mais graves. A evolução destes Quadro 3 - Principais causas da psicose
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ciência e sua importância no currículo dos cursos da
a) Doenças que afetam o sistema nervoso central área da saúde, principalmente na psicologia clínica.
como Alzheimer, AVC, AIDS, Parkinson Contudo, vale ressaltar que a psicopatologia não deve
b) Insônia grave, onde a pessoa leva mais de 7 dias
sem dormir;
ser confunda nem com a psiquiatria e tampouco com
c) Uso de substâncias alucinógenas; a psicologia, pois trata-se de uma ciência
d) Uso de drogas ilícitas; independente.
e) Momento de grande stress; O estudo também contribui para o conhecimento
f) Depressão profunda. das principais entidades nosológicas em
psicopatologia, bem como os aspectos relativos ao
Para chegar ao diagnóstico de uma psicose o
tratamento da doença mental. Além disso descreveu-
psiquiatra deve observar a pessoa pessoalmente
se de forma suscinta o conceito, tipos e psicodinâmica
tentando identificar os sintomas apresentados, mas
da neurose, bem como a conceito, os principais tipos
também poderá solicitar exames de sangue, Raio-X,
de transtorno da personalidade e o conceito,
tomografia e ressonância magnética para tentar
psicodinâmica e tipos de psicose. Compreende-se que
identificar se existe alguma alteração que possa estar
conhecimento é necessário para o diagnóstico correto
causando a psicose ou despistar outras doenças.
caracteriza o sujeito psicótico.
O estudo mostrou que o acadêmico de psicologia
Considerações Finais
deve estar pautado de uma postura ética diante dos
debates de temas relevantes à sua prática como a
Esse trabalho teve por objetivo descrever os
Reforma Psiquiátrica e o paciente psicótico. Isso
temas abordados na disciplina Psicopatologia II no
significa que a busca pela capacitação profissional
curso de psicologia. Através da busca realizada na
deve ser constante e dinâmica no quesito
literatura pode-se compreender o percurso da história
teórico/prático da profissão. Ao mesmo tempo o
da loucura desde a antiguidade passando pela idade
aluno deve estar aberto a novas possibilidades que
média e o seu reconhecimento como doença. A
possam contribuir para seu desenvolvimento
história da disciplina abordou o seu nascimento como
profissional.

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Terezinha Oliveira de Araújo


Bacharel em Psicologia pela Faculdade da Amazônia – FAMA. Especialista em Tanatologia e Psicologia
Forense Jurídica.
E-mail: terezinhaaraujo1984@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-7071-9219

Eraldo Carlos Batista


Doutor em Psicologia pela PUC-RS/Faculdade Católica de Rondônia - FCR. Professor do Curso de Psicologia
da Faculdade Anhanguera, Tangará da Serra – MT.
E-mail: eraldopsico@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-7118-5888

Recebido em: 13/03/2022


Aceito em: 02/09/2022
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