Firmes Na Brecha Pgs Ind
Firmes Na Brecha Pgs Ind
Firmes Na Brecha Pgs Ind
Thomas J. Olmsted
Bispo Emérito
de Phoenix
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O mundo está sob o ataque de Satanás, como previsto pelo Senhor (1
Pedro 5, 8-14). Esta batalha acontece na própria Igreja; e a devastação é
muito evidente. Desde o ano 2000, 14 milhões de católicos deixaram a
fé, a educação religiosa para crianças nas paróquias teve uma queda de
24%, a frequência nas escolas católicas caiu 19%, o batismo de crianças
diminuiu em 28%, o batismo de adultos 31%, e os casamentos sacra-
mentais católicos tiveram queda de 41%1. Esta é uma brecha muito grave,
um buraco nas linhas de frente de Cristo. Embora a Diocese de Phoenix
esteja muito melhor do que as estatísticas nacionais, as perdas são as-
sombrosas.
Uma das principais razões por que a Igreja está titubeando sob os ata-
ques de Satanás é que muitos homens católicos não estão dispostos a
“permanecer firmes na brecha” — preenchendo esse espaço aberto e
vulnerável a ataques. Um grande número deixou a fé e muitos dos que
ainda são “católicos” praticam a fé com timidez e são só minimamente
comprometidos a transmitir a fé aos seus filhos. Pesquisas recentes reve-
lam que um grande número de jovens homens católicos está deixando a
fé para se tornar “indiferentes”, homens que não têm nenhuma afiliação
religiosa. As crescentes perdas de homens católicos jovens terão um im-
pacto devastador sobre a Igreja nos EUA nas próximas décadas, na me-
dida que homens velhos morrem e os homens jovens não permaneçam
nem se casem na Igreja, acelerando assim as perdas que já ocorreram.
Estes dados são devastadores. À medida que nossos pais, irmãos, tios,
filhos e amigos se afastam da Igreja, caem mais profundamente no peca-
do, rompendo seus laços com Deus e tornando-se homens vulneráveis
ao fogo do Inferno. Embora saibamos que Cristo acolhe todo pecador
arrependido, a verdade é que muitos homens católicos estão fracassando
no cumprimento das promessas que fizeram no batismo de seus filhos -
promessas de conduzi-los a Cristo e criá-los na fé da Igreja.
6
Essa crise se faz evidente no desânimo e na desconexão de homens cató-
licos como vocês e eu. Na verdade, é precisamente por isso que conside-
ro necessária esta exortação, e até mesmo a razão da minha esperança.
Porque Deus sempre supera o mal com o bem. A alegria do Evangelho é
mais forte do que a tristeza trazida pelo pecado. Uma cultura de descarte
não pode resistir à luz e vida nova que constantemente irradia de Cristo.
Por isso, eu os chamo para que abram suas mentes e corações a Ele, o
Salvador que os fortalece para permanecer firmes na brecha!
7
Contexto # 1:
Um Novo Momento Apostólico – A “Nova Evangelização”
Contexto # 2:
Um Hospital de Campanha e Escola de Combate
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para nós mesmos e os meios para cuidar de outros que, como nós, car-
regam a marca da Queda de maneiras debilitantes, sejam feridas físicas
ou espirituais (vício em pornografia, álcool, drogas, comida, casamentos
desfeitos, ausência de pai, ou uma vida familiar conturbada). Nossos
tempos pedem a renovação da habilidade da Igreja para a cura física e
espiritual, dada a ela pelo Espírito Santo. Como diz o Papa Francisco,
os feridos estão ao nosso redor e “é inútil perguntar a uma pessoa gra-
vemente ferida se ela tem colesterol alto e sobre o nível de açúcar no
sangue. Você tem que curar as feridas”3. Ao mesmo tempo, é essencial
o anúncio da plenitude da verdade encontrada na Igreja Católica. Isso
leva a vocês, homens, a viver vidas onde os pecados não causem fe-
ridas apodrecidas. Pela misericórdia e pela verdade de Cristo, somos
curados e revitalizados para a batalha. Na misericórdia e na verdade
de Cristo, nos tornamos fortes em sua força, corajosos em sua coragem,
e podemos realmente experimentar a joie de guerre (alegria da guerra)
de ser soldados de Cristo.
Desde que Jesus escolheu Doze Apóstolos, Ele os formou em sua pre-
sença e os enviou em seu Nome, Ele continuou a escolher e formar ho-
mens, por meio da Sua Igreja, para enviá-los a curar os feridos. Esse é
o significado da palavra apóstolo — homens enviados. Com esta carta,
então, meus filhos e meus irmãos, exorto-os que atendam ao chamado
de Jesus e permitam que Ele forme suas mentes e corações com a luz do
Evangelho, com o propósito de serem enviados. Por isso, esta carta é uma
exortação apostólica. Eu estou, por meio dela, exortando vocês a entrarem
na brecha - para fazer o trabalho de soldados de Cristo no mundo de hoje.
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Contexto # 3:
O homem e a mulher são pessoas
complementares, e não concorrentes
4- Claro que há exceções a esta regra. Sabemos de exceções como resultado de defeitos ge-
néticos ou desenvolvimento hormonal insuficiente. Por exemplo, na Síndrome de Turner
em meninas e a Síndrome de Insensibilidade Androgênica em crianças causam situações
muito dolorosas na vida desses jovens homens e mulheres e suas famílias. Rezo para que
pesquisadores católicos, médicos e psicólogos estejam à frente do estudo desses fenôme-
nos, provendo aconselhamento ético, cuidado e apoio a estes indivíduos e suas famílias.
Todos estes dados científicos descobertos pela ciência contribuem para o conhecimento
da complementaridade sinfônica entre homem e mulher, algo em que acertamos em pon-
derar e que nos alegramos ao encontrar a beleza dessa diferença.
11
mulheres. Mas esta luta dos sexos não é resultado da criação de Deus; é
o resultado do pecado. O Papa Francisco o explica da seguinte maneira:
12
o homem e a mulher devem falar mais entre si, ouvir-se e conhecer-se
mais, amar-se mais. Devem tratar-se com respeito e cooperar com
amizade.“7
Assim como o Papa Francisco nos lembra que devemos “amar-nos uns
aos outros”, eu os exorto, meus filhos e irmãos em Jesus Cristo, a abraçar
mais profundamente a beleza e a riqueza da diferença sexual e a defen-
dê-la contra as falsas ideologias.
13
do que significa ser homem — isto é, ser plenamente humano e, ao
mesmo tempo, o modelo da masculinidade. Somente em Jesus Cristo
podemos encontrar a maior demonstração da virtude e força masculi-
na de que precisamos em nossas vidas pessoais e na própria socieda-
de. O que era visível em sua vida terrena conduz ao mistério invisível
de sua filiação divina e de sua missão redentora. O Pai enviou seu
Filho para revelar-nos o que significa ser um homem; e a totalidade
dessa revelação nasce da Cruz. Disse que foi por essa razão que Ele
veio ao mundo e que esse era o Seu maior desejo — entregar-se a Si
mesmo por completo8. Aqui reside a masculinidade em sua totalida-
de; cada homem católico deve estar preparado para entregar-se com-
pletamente, manter-se firme na brecha, entrar em combate espiritual,
defender as mulheres, as crianças e demais contra as adversidades e
as ciladas do demônio.
8- João 12,27.
14
significado transcendental nos corações dos homens por meio de uma
liturgia bela e com reverência; e assim ajudar aos homens a descobrir
Jesus na Eucaristia a cada domingo. Ensinar os fiéis sobre a poderosa
verdade da liturgia, de maneira que os homens possam se relacionar a
ela e compreendê-la. Ajudar os homens a entender a plenitude e o poder
da missa deve ser sua maior prioridade. Que alegria para os homens de
Deus quando eles são liderados por padres com o sentido seguro de sua
própria masculinidade, seu chamado a partilhar do amor de Cristo como
esposo, e sua paternidade generosa e vivificante!
Isto é o que os nossos pais, os santos, têm feito há dois milênios. Assim
como o Evangelho revela a realidade da masculinidade, podemos tam-
bém encontrá-la vivida no testemunho heroico dos santos.
Os santos são como a continuação dos Evangelhos pois nos dão exem-
plos de vários caminhos da santidade. E, assim como Jesus demonstrou
a perfeição da masculinidade, podemos encontrá-la vivida nos santos
que foram guiados por Cristo. Da mesma forma que um jogador de bei-
sebol é inspirado pelo Hall da Fama de Beisebol, nós homens católicos
olhamos aqueles que caminharam antes de nós como uma inspiração e
encorajamento para combater o bom combate.
15
Homem!”. Isso é o que São Paulo deu a entender, ao dizer: “Já não sou
eu que vivo, mas é Cristo quem vive em mim” (Gálatas 2,20).
16
mãos coptas foram decapitados em uma praia no Egito, como disse o
Papa Francisco “pelo simples fato de serem cristãos”10.
17
nham algo em comum: Jesus Cristo, Aquele que lhes deu sua verdadeira
identidade! Aqui lembramos a sabedoria exposta no Concílio Vaticano
II: “Cristo manifesta plenamente o homem ao próprio homem e lhe des-
cobre a sublimidade de sua vocação”11.
18
Filhos amados e livres, chamados a uma batalha interior
Olhemos para São João Apóstolo, o discípulo amado, para entender esta
batalha. Na sua Primeira Carta à Igreja, São João fala da tríplice tenta-
ção que todos nós enfrentamos: tentações à paixão da carne, cobiça e
ostentação de riqueza (1 João 2, 16-17). Não estão todos os pecados liga-
dos a estes três? João identifica as batalhas que todos nós devemos lutar
dentro de nós. Na verdade, Cristo combate especificamente contra estas
tentações durante seu encontro com Satanás no deserto (Mateus 4) e, em
seguida, instrui-nos em seu Sermão da Montanha (Mateus 6) sobre como
lutar contra elas.
Contra as paixões da carne, Jesus rejeita a oferta de pão feita por Satanás;
e no Sermão da Montanha duas vezes nos instrui a jejuar (Mateus 6,16).
Note-se que o Senhor não diz “se jejuardes” mas “quando jejuardes”. O
jejum é um treinamento de autoconhecimento; é uma arma fundamental
para o autodomínio. Se nós não temos domínio sobre nossas próprias
paixões, especialmente sobre a comida e o sexo, não podemos possuir-
-nos a nós mesmos, muito menos colocar os interesses dos outros antes
do nosso próprio.
19
Finalmente, no terceiro ataque de Satanás, Jesus foi tentado ao pecado
do orgulho. Satanás lhe ofereceu usar Seu poder para fins egoístas; mas
Jesus rejeitou essa glória sem cruz e escolheu o caminho da humildade.
No Sermão da Montanha, Ele nos diz duas vezes para que sejamos hu-
mildes ao repetir “quando orardes” (Mateus 6, 5). Na verdade, a maior
proteção contra o egoísmo e a autossuficiência é humildemente buscar
a Deus em oração. As novas tecnologias das redes sociais, por meio das
quais estamos constantemente na frente dos outros, falando sobre nós
como quem se exibe, podem levar a um tipo de idolatria que nos conso-
me. A oração honesta pode nos manter com os pés no chão e nos ajudar
a evitar essa tentação.
20
em seu próprio corpo é o modelo para nós, como católicos, mas não
apenas Maria — todo grande santo, ou seja, grande amante na história de
nossa Igreja. Não há um atalho para a santidade, para nos convertermos
nos grandes homens católicos que somos chamados a ser. Não há ne-
nhum atalho para além da ancestral batalha interior que cada um de nós
deve travar!
21
Ai de nós se não tomamos com coragem e gratidão as armas do Espírito,
que nos são oferecidas gratuitamente, e lutarmos. O que precisamos é
coragem, segurança e humilde confiança nos recursos infinitos de Deus.
Avante! Firmes na brecha!
DIARIAMENTE
1. Rezem todos os dias. Todo homem Católico deve começar seu dia
com a oração. Tem sido dito “até dar-se conta de que a oração é a coisa
mais importante em sua vida, nunca terão tempo para orar”. Sem oração,
um homem é como um soldado sem comida, água ou munição! Reser-
vem algum tempo para falar primeiro com Deus ao iniciar cada manhã.
Orem as três orações essenciais da fé católica: o Pai Nosso, a Ave Maria
e o Glória. Orem também em cada refeição. Antes que a comida ou be-
bida toquem seus lábios, façam o sinal da cruz e digam: “Abençoai-nos,
Senhor” e, em seguida, terminem com o sinal da cruz. Façam isto, não
importa onde estejam, ou com quem estejam. Nunca tenham vergonha
ou timidez para rezar ao comer; não neguem a Cristo. Rezar como um
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homem católico antes de cada refeição é simples, mas uma maneira mui-
to poderosa para se manter firme na brecha.
23
rulho causado pelos meios de comunicação, o domingo é o alento que
Deus nos dá dessa tempestade. É como os homens católicos devem co-
meçar, ou aprofundar na santificação deste dia. Se são casados, devem
assumir a liderança com suas esposas e filhos para que façam o mesmo.
Dediquem o dia ao descanso, e a uma recreação autêntica; evitem todo
trabalho desnecessário. Passem tempo em família, vão à Missa, e desfru-
tem o dom do dia.
MENSALMENTE
24
mesmo os homens se sentem incomodados ao usar. Por quê? O que ago-
ra envolve a palavra amor? Apenas um sentimento? Algo que passa?
Útil apenas para o mercado ou cartões de felicitação, mas nada mais?
Cristo deixou claro que no centro de sua missão está o amor. “Amai-vos
como eu vos amei” (João 15,12) diz com paixão, mas sem sinais de sen-
timentalismo. Todos os ensinamentos de Nosso Senhor se reduzem a
este mandamento. O amor não é um assunto adicional, é a missão. E, no
entanto, só podemos amar do modo como fomos criados e, portanto, só
podemos amar como homens. Como os homens amam?
Quanto isto difere com Cristo? Há medo nele? Nem um pouco! Quem é
mais homem, aquele que corre ou aquele que enfrenta suas responsabi-
lidades e os desafios dos relacionamentos, da família e da intimidade?
Pode um homem que teme entregar-se a si mesmo ser um autêntico dis-
cípulo de Cristo? Na verdade, pode um homem assim amar de verdade?
25
sangue para vincular-nos a Ele por amor. Na Última Ceia, oferece-Se na
Eucaristia, a Sua oração ao Pai foi “para que sejam um, como nós” (João
17,11). Seu amor comprometido e aglutinador, como Ele diz, “atrairá to-
dos os homens a Ele” (João 12,32). A palavra religião, em sua raiz latina,
significa “unir”. Não surpreendentemente, em uma cultura de laços
quebrados, com tanto medo de compromisso, tantas vezes ouvimos
“sou espiritual, mas não religioso”. Gostaria de lembrá-los que Sata-
nás também é “espiritual, mas não religioso!”. Um homem de 40 anos
sem um único laço de autoentrega em sua vida merece pena, não a
nossa admiração.
26
Três amores masculinos: amigo, esposo, pai
27
sidades que enfrentamos hoje, se os homens procuram uma verdadeira
irmandade trarão consigo irmãos em Cristo e serão aplaudidos no Céu!
Por isso, perguntem-se os homens: Como são seus amigos? Têm amigos
com quem partilhem a missão da santidade? E mais, no seminário os
homens jovens descobrem a diferença que faz ter amizades centradas
em Cristo, e suas vidas são transformadas. Estas amizades não estão
limitadas às ordens religiosas e aos sacerdotes. Uma masculinidade
renovada não será possível sem que os homens primeiro se unam
como verdadeiros irmãos e amigos. Na minha própria vida, no meu
primeiro ano como sacerdote, eu fui grandemente abençoado por
meus irmãos sacerdotes na Jesus Caritas Fraternity14. Seu compro-
misso com a adoração eucarística e simplicidade de vida, sua fideli-
dade a Cristo no celibato e na oração diária, seu amor fraternal, sá-
bios conselhos e encorajamento têm me influenciado e me inspirado
muito para perseverar em minha própria missão em Cristo. Foi uma
alegria ver como a fraternidade em nossa diocese cresceu e flores-
ceu em esforços como a Conferência dos Homens, os Cavaleiros de
Colombo, Este Homem és Tu (That Man is You no original), o Movi-
mento de Cursilhos e outros grupos. Ainda há espaço para crescer,
é claro, mas a partir de agora os frutos do Espírito são evidentes
nestes irmãos e amigos católicos.
14- Ver o Apêndice para uma descrição e o chamado a formar estes grupos de homens leigos.
28
Estudos têm mostrado que muitos homens hoje vivem uma vida sem
amigos.15 Isso tem um efeito sobre os casamentos, onde os homens não
têm um suporte emocional além de suas esposas, bem como nos filhos,
que deveriam ver verdadeiros amigos nas vidas de seus pais, mas mui-
tas vezes não o fazem. Que bênção ter a presença de bons e leais amigos
para nos dar o encorajamento e o apoio responsável que precisamos para
ser livres! Com efeito, como diz a Escritura: “Assim como o ferro afia o
ferro, o homem afia o homem” (Provérbios 27,17).
15- Social Isolation in America: Changes in Core Discussion Networks over Two Decades.
http://www.jstor.org/stable/30038995
16- Papa São João Paulo II, Catequese sobre o amor humano, 100:6.
29
passiva, muito menos para tolerância com o pecado. “A juventude não
foi feita para o prazer, mas para o heroísmo”, diz o grande dramatur-
go católico francês Paul Claudel. Eu incentivo os homens jovens a se
preparar para o casamento antes mesmo de saber quem será sua noiva.
Esse treinamento em sacrifício consiste em amar a sua noiva antes de
conhecê-la; para que um dia eles possam dizer “antes de te conhecer,
eu já te era fiel”.
18- Papa São João Paulo II, Catequese sobre o amor humano, 14:5.
30
“Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se
entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do batismo
com a palavra, para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem má-
cula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e
irrepreensível. Assim os maridos devem amar as suas mulheres, como
a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Cer-
tamente, ninguém jamais aborreceu a sua própria carne; ao contrário,
cada qual a alimenta e a trata, como Cristo faz à sua Igreja — porque
somos membros de seu corpo. Por isso, o homem deixará pai e mãe e
se unirá à sua mulher, e os dois constituirão uma só carne (Gn 2,24).
Este mistério é grande, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja”.
(Ef 5,25-32).
31
proclamar esta verdade em um tempo em que muito ela se faz necessá-
ria. Ao fazer isso, vocês irradiarão a luz de Cristo em uma área da so-
ciedade muito obscurecida por aquilo que sempre ameaçou o amor dos
esposos. O nosso Catecismo os nomeia claramente. Trata-se da “discórdia,
o espírito de domínio, a infidelidade, ciúmes e conflitos que podem se
transformar em ódio e separação…, individualismo, egoísmo, a busca do
auto prazer”.21 Aqui poderíamos adicionar o uso da pornografia, sempre
algo tóxico para os envolvidos e aqueles que observam, e a subcultura
consumista chamada em inglês “hookup” (que consiste em promiscuida-
de desenfreada, até mesmo com totais estranhos), a qual remove comple-
tamente os encontros sexuais de seu contexto de relação conjugal.
33
“... integração bem-sucedida da sexualidade na pessoa e, por ela, na
unidade interior do homem em seu ser corporal e espiritual. A sexu-
alidade, no que expressa a pertença do homem ao mundo corporal e
biológico, torna-se pessoal e verdadeiramente humana quando está in-
tegrada na relação de pessoa a pessoa, no dom recíproco total e tempo-
ralmente ilimitado do homem e da mulher”24.
“Ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não cometerás adultério’. Eu,
porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma
mulher, já adulterou com ela em seu coração. Se teu olho direito é para
ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque te é preferível
perder um só dos teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado no
inferno. E se tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a
longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros,
a que o teu corpo inteiro seja atirado no inferno. (Mateus 5, 27-30).
34
que os homens arranquem os olhos e cortem sua mão, para deixar claro
que é preciso agir com urgência. A pornografia não só coloca o homem
em perigo do inferno, ela também destrói os laços com sua esposa assim
como o adultério. Pensem na pornografia como não menos grave e tão
séria quanto o adultério. Tentando amar outra pessoa enquanto se pra-
ticam esses atos narcisistas, sem serem transformados pela misericórdia,
certamente isso implicará em graves danos.
35
A castidade masculina é “um trabalho que dura a vida inteira” que nos
daria orgulho empreender.25 Imaginem-se estar diante do trono de Deus
no dia do juízo. Os grandes santos do passado, que lidaram com o peca-
do à sua própria maneira, talvez dissessem um ao outro: “Nós lidamos
com as dificuldades da luxúria em nossos tempos, mas esses homens são
do século XXI. Estes poucos tiveram a dita de combater a besta muito de
perto!” Não só isso, teremos a alegria de ajudar os homens em torno de
nós a buscar o autodomínio, que é o melhor a ser feito entre irmãos. En-
corajo vocês a pôr de lado seus medos e inseguranças que os impedem
de levarem adiante a luta pela castidade. Cristo quer ajudar a formar os
homens de acordo com o Seu próprio coração, em cada confessionário
da Igreja, em cada Missa, onde o poder de Seu Sangue derramado na
Cruz é oferecido na Santa Comunhão.
A PATERNIDADE É ESSENCIAL
36
Todos os homens são chamados à paternidade de alguma forma:
28- Papa São João Paulo II, Cruzando o limiar da esperança, Nova York, NY, Knopf, 1994,
228.
37
Qual é o impacto sobre o coração de uma criança, em sua compreensão
do mundo, do amor, e do Pai Celestial, quando a resposta a essa pergun-
ta é: “Ele nos deixou”, ou, “Eu não sei”, ou ainda, “Foi um doador em
um banco de esperma e não deixou nenhum endereço”?
38
paternidade), algo está faltando neste homem, algo aconteceu. Todos
nós, para sermos plenos, para sermos maduros, precisamos sentir a
alegria da paternidade: até mesmo nós, celibatários. A paternidade é
dar vida aos demais, dar a vida, dar a vida”30. É por isso que a paterni-
dade — viver a vocação da paternidade, seja uma paternidade unida
pelo matrimônio físico ou espiritual, no sacerdócio ou na vida religiosa
— é essencial para que um homem viva a plenitude de sua existência
na vida. Falamos dos Padres da Igreja, os Padres do Deserto; falamos
ao Papa Francisco o Santo Padre, e por boas razões chamamos nossos
sacerdotes de “Padre”.
Para viver plenamente, todo homem deve ser um pai! Meus irmãos, não
podemos “ser como Deus”, e permanecer sem essa compreensão, sem
esse movimento do coração, seguido por uma ação decisiva. Se vocês
não abraçam a vocação esponsal e paterna que Deus planejou para vo-
cês, estarão presos na impotência da “semente” que se recusa a morrer,
que se recusa a dar a vida. Não se conformem com uma vida pela meta-
de! Sejam pais. A pergunta para um homem não é “Eu sou chamado a
ser pai?”, mas, sim, “Que tipo de pai sou chamado a ser?
Desejo falar uma palavra para vocês que são avós. Poucas culturas es-
peraram pouco e mostraram tamanha indiferença para aqueles como
vocês que lutaram e agora têm sabedoria para oferecer a seus filhos e
netos. O mundo lhes diz que seu tempo para influenciar terminou e
que é hora de se aposentar, ou seja, renunciar a seu posto de paterni-
dade. Não acreditem nisso! Os avôs são muito importantes.
39
minha avó, que morreu de câncer. Sem cair em desespero ou autopie-
dade, ele lutou com todas as suas forças para manter unida uma família
de seis, e para prover seus filhos. Desses, a mais jovem era minha mãe.
Tudo isso aconteceu durante o tempo difícil, que mais tarde se tornou
conhecido como a Grande Depressão. As memórias que mais valorizo de
meu avô Jim são o seu espírito pacífico, seu humor irlandês e sua sincera
devoção à Igreja. Meu avô Tom teve um impacto maior sobre a minha
vida, apesar de que nunca foi batizado. Ao lado dele, aprendi a cuidar
das nogueiras, cuidar de melancias e abóboras, cavalos e gado, galinhas
e porcos. Dentro de todas as atividades necessárias para sobreviver na
granja, aprendi com meu avô Tom e meu pai a importância de sermos
bons vizinhos, de dizer a verdade, não importa o quanto custe, e ter um
profundo respeito pela mãe natureza. Quando fui ordenado sacerdote,
eu escolhi uma frase bíblica para os convites de minha primeira Missa,
a qual capturou tudo o que eu aprendi com o meu avô. É do profeta
Miquéias (6,8), “Já te foi dito, ó homem, o que convém, o que o Senhor
reclama de ti: que pratiques a justiça, que ames a bondade, e que andes
com humildade diante do teu Deus”.
40
está chamada a revelar Deus Pai. Essa ferida em seu coração pode ser
que ainda não esteja fechada. Certamente, a ausência de um pai nunca é
o plano de Deus. Mas não desanimem e não percam a esperança. Permi-
tam que Cristo lhes mostre o Pai que nunca abandona Seus filhos, mas
que até mesmo ofereceu o Seu próprio Filho amado. Se vocês ainda não
tiverem feito isso, Cristo os guiará para ver seu pai como Ele o vê. Ele
não os deixará sem a graça necessária para perdoar e curar o seu pai. Isso
poderia acontecer em conjunto com as graças oferecidas por seus pais es-
pirituais, seus sacerdotes no Sacramento da Reconciliação. Ao descobrir
a paternidade de Deus, nosso amoroso Pai Eterno, serão testemunhas do
único pai que nunca falha31.
41
Conclusão: Enviados por Cristo
O melhor amigo de São Gregório de Nissa era São Basílio. Quando eles
eram jovens em seus vinte anos, sua busca pessoal em direção a uma
compreensão mais profunda da fé cristã os levou a Constantinopla por
caminhos separados. Logo eles desenvolveram um profundo respeito
mútuo, que Gregório descreveu da seguinte maneira: “Se isto não é mui-
to para eu dizer, fugimos à regra e ao modelo de cada um através do qual
aprendemos a distinção do que é certo e do que não é.”32 Sua amizade
inspirou cada um a crescer em virtude e liberdade, menos preocupação
para com eles mesmos e mais dispostos a colocar suas vidas no serviço
aos outros. Espero que cada homem ao ler esta exortação experimente,
se ainda não tiver feito isso, a bênção de bons amigos como estes santos.
Não posso imaginar o que seria da minha vida sem os bons amigos que
Deus me deu.
Espero também que tomem o que é útil nesta mensagem, levem consigo
diante do Senhor em oração; e sigam adiante confiantes em sua vocação
masculina. A nossa vida em Cristo não é uma vida de “o que fazer” e “o
que não fazer”; é sim uma aventura na verdadeira liberdade. Abracem
essa liberdade para colocar suas vidas a serviço de Cristo, começando
em seu lar e irradiando-a para o mundo.
32- “Sobre São Basílio o Grande”, Oratoria Funeraria (Os Padres da Igreja, Vol. 22), 27
42
Onde está a fé de nossos pais hoje?
+ Thomas J. Olmsted
Bispo de Phoenix
_____
Tradução: Pedro Miranda
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