José's Surrender (Sons of Eros 4)

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A Rendição de José

Filhos de Eros 04
Remmy Duchene

José DeLuz é o melhor amigo dos Anatolis. Ele está sempre lá, com uma
piada ou para dizer as coisas que eles estavam todos pensando, mas tinham
medo de dizer. Quando se trata da vida amorosa deles, ele tem todos os
movimentos certos, mas quando se trata de sua própria, José tem dois pés
esquerdos. Quando seu pintor se demite, José está à procura de um novo
pintor, para um grande trabalho que ele está fazendo para Laird. Quando
Laird sugere Ronin McCall, José decide checá-lo - mas quando os dois se
encontram, o mundo de José é abalado e não há nada que ele possa fazer
sobre isso.

Depois de seu tempo na Marinha, Ronin McCall se aposenta e retoma a


sua pintura, novamente. Ele se muda para Eros, para um novo começo e para
gerir seu negócio. As primeiras pessoas que encontra na pequena cidade à
beira-mar são os irmãos Anatolis, e, instantaneamente, se sente acolhido.
Quando ele conhece o amigo deles, José, tudo está prestes a mudar.

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1 - Bolos de Mel de Savaro
2 – A Sedução de Rajan
3 – A Escolha de Laird
4 – A Rendição de José

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Capítulo 1
Na noite anterior não tinha sido o que Ronin McCall planejara.

Ele queria dirigir até Eros, apenas para que ele pudesse dormir em sua
própria cama. Então, ele descobriu que sua equipe favorita estava jogando e
decidiu assistir ao jogo de hóquei em um bar, no lobby de um hotel ao longo
da estrada. Durante o jogo, tomou um par de cervejas e, embora não se
sentisse bêbado, ele se recusou a dirigir depois. Simplesmente, pegou um
quarto e passou a noite. No momento em que sua cabeça bateu os

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travesseiros, Ronin apagou como uma luz. Ele tinha caído em um sono
profundo e sem sonhos, após o longo dia. A aversão que sentia pela perda
horrível de sua equipe não tinha impedido a sua capacidade de dormir.

Por um breve momento, ele entendeu os rebeldes do hóquei.

Quando amanheceu, ele estava descansado. Ainda assim, ele


permaneceu na cama só porque ele podia. A Marinha não lhe proporcionou
dias para se esconder e dormir até tarde. Ele usou sua licença para viajar pelo
país em que estavam ou para visitar seu irmão. Muito tempo depois dele
acordar, Ronin tomou um banho. Parcialmente vestido, ele caminhou ao
longo do fundo da cama e abriu as cortinas para o lado, para olhar para fora.
Estava chovendo – neblina - de novo. Mesmo com a água, o sol subiu sobre
Century como uma lufada de ar fresco. Um carro de polícia, sirene estridente,
disparou pelo hotel, seguido de perto por outro carro e um caminhão grande
preto. Ele não tinha que ser um gênio para saber que o caminhão continha
agentes da SWAT - ele tinha visto demasiados programas policiais. Ele ouviu
a sirene e viu os veículos atravessarem as ruas ensolaradas, até que
desaparecerem de vista. Ainda assim, continuou a olhar para o local que
passaram, antes de piscar para se focar.

Respirando fundo, ele agarrou sua camisa da parte de trás da cadeira do


hotel e foi até à janela, enquanto passava os braços por ela. Ele não entendia
como as pessoas podiam viver em Century, uma vez que o tempo passava de
um extremo ao outro. Abaixo dele, as árvores pareciam que estavam
emaranhadas umas nas outras. Névoa levantava para o céu, a partir da
floresta, deixando-o maravilhado com a majestade da natureza. Ele se

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perguntou o que aconteceria se seu pai estivesse vivo e o ouvisse usando
palavras como majestade das coisas.

Rindo baixinho, ele abotoou a camisa e voltou para a mesa. Ele pegou
suas chaves e jogou-as no bolso de trás, depois pegou o Stetson e deslizou-o
em sua cabeça, antes de pegar sua bolsa. Com um último olhar, para garantir
que ele não tinha se esquecido de nada, Ronin passou pela porta.

A viagem até ao lobby foi lenta. Parecia que todos queriam fazer check-
out naquele momento, e o elevador parou em quase todos os pisos, desde o
décimo quinto andar. A música que tocava no elevador fazia com que a
abertura das portas, entre os andares, parecesse bom. Por que eles colocavam
música clássica – música clássica ruim, provavelmente, de algum artista
faminto - em um meio de transporte tão lento? Ele sufocou um gemido e
esperou a sua vez de sair.

Quando chegou ao fundo, a chuva tinha parado. Ele caminhou para a


frente e puxou a carteira para fora. O lobby parecia, exatamente, como
qualquer outro lobby de hotel. Possuia grandes vasos de plantas, assentos de
couro de luxo, telefones gratuitos e a correria dos hóspedes. Homens em fatos
de negócios, com pastas e telefones celulares presos aos seus ouvidos,
caminhavam por ele, como se ele não existisse. Mulheres com roupas
elegantes desfilavam pelo lobby, estiletes clicando no chão polido. Ele sempre
se perguntou como eles poderiam ficar presos em escritórios, lidar com
pessoas que, provavelmente, não gostavam e desconfiavam. Isso não era
maneira de viver. Ele sabia que ele ia querer arrancar a cabeça.

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─ Teve uma boa noite, Sr. McCall? ─ o atendente da recepção
perguntou, quando aceitou o cartão de crédito.

Ronin tirou a atenção dos empresários e encarou a mulher. ─ Sim.


Dormi como um bebê.

─ Bom! ─ Ela devolveu o cartão de crédito e uma fatura, junto com uma
caneta de cortesia. ─ Tenha um bom dia.

─ Obrigado ─ disse Ronin, tocando seu chapéu com um sorriso


malicioso. A mulher riu e ele notou o rubor que subiu em suas bochechas. Ele
nunca se acostumou com mulheres fazendo isso ao seu redor. Na maioria das
vezes, ele iria colocá-las fora de seu torpor de tesão, explicando que era gay.
Elas, então, iriam rir, dar-lhe aquele olhar que dizia se não fosse, eu agitaria
seu mundo e murmuravam, “Que pena”.

Ele virou seus calcanhares e correu pela porta. Seu carro alugado
brilhava ao sol recém-ressuscitado. Ele sorriu - agora ele não precisava lavar a
coisa por mais alguns dias.

Ronin jogou sua bolsa no banco de trás, antes de cair no assento do


motorista. Ele dirigiu até uma loja na próxima esquina e pegou algumas
coisas para a estrada; batata frita, uma grande garrafa de suco de laranja,
amêndoas cobertas com chocolate, e uma grande garrafa de água. Ele odiava
conduzir sem comida não saudável para petiscar. Claro, nada disso era bom
para ele, mas quem se importava?

A viagem para Eros não era o que ele esperava. Era pitoresca. De todos
os lugares para se mudar, depois de seu período na Marinha, Eros parecia o

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mais lógico. Ele precisava da paz e tranquilidade de uma pequena cidade e da
facilidade da vida do rancho. Uma semana antes todas as suas coisas foram
transferidas para o seu novo lugar, e ele esperava que não tivessem quebrado
nada. Ele esfregou os olhos e olhou para o espelho retrovisor, quando seu
olhar pegou a bolsa no banco de trás. Ela tinha pertencido a seu pai.

Em momentos como este, ele sentia falta de seu irmão Mack, acima de
tudo.

Com um gemido baixo, ele trocou de faixa, verificou seus espelhos, e


saiu da rodovia. Ele verificou o tráfego, de novo, depois pegou um punhado de
amêndoas cobertas com chocolate e colocou algumas em sua boca. Ele dirigiu
o longo caminho que conduzia a Eros, até que as árvores abriram, expondo o
belo azul do oceano. A visão da água e o cheiro de sal no ar deixaram-no à
vontade, perfeitamente descontraído, enquanto ele seguia para o leste, além
do centro da cidade.

Um cartaz com um apelido chamou sua atenção - Anatolis. Parecia ser


um daqueles restaurantes elegantes. Ele arqueou uma sobrancelha, virou para
a berma, e parou com o motor ainda ligado. As letras douradas, em uma
coluna de concreto na frente, diziam 3425, Rua Baiser. Normalmente, ele não
seria apanhado nem morto em um lugar tão pitoresco. Isso o lembrava de
cada pequeno café, em cada filme horrível que ele já tinha visto - perfeita
construção, vistas perfeitas e segredos mortais.

─ Anatolis. ─ Ele soou com o cara com a voz profunda, de cada filme de
comercial que ele já tinha visto.

─ Sombrio, sombrio, sombriooo! ─ Ronin riu.

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O prédio em si era um triplex, com bandejas de flores bonitas nas
janelas. A porta parecia como a de uma casa – vermelha, com um botão
dourado. Ele desligou o motor e saiu do carro, quando ele cheirou a sua
camisa. Ele fez uma careta e voltou para o carro. De jeito nenhum, ele iria
ficar em público com sua camisa cheirando como se ele a estivesse usando por
alguns dias. Com esse pensamento, ele correu para seu novo lar e tomou um
banho rápido. Ele não parou para olhar para qualquer coisa. A verdade era
que Ronin era o rei do adiamento, e começar a desempacotar estragaria sua
reputação e aumentaria seu zumbido. Também ignorando a luz vermelha
piscando no correio de voz, ele olhou para seu rosto, no espelho, e deu de
ombros. Ele passou a mão sobre a barba, antes de esguichar alguma colônia.

Quando ele saiu de casa, novamente, e correu para o carro, ele estava
vestido com uma calça jeans preta, com uma camisa preta, junto com seu
Stetson preto. Não demorou muito, até que ele subisse do banco da frente de
seu carro e caminhou pela rua semi movimentada, para o restaurante. Ele
girou a maçaneta e entrou.

O interior era quente e acolhedor. Uma lareira crepitava,


tranquilamente, em um canto. Música clássica – boa música clássica –
tocavam nos alto-falantes invisíveis ao redor dele, mas o lugar não parecia
estar aberto ainda. A lembrança da sala de estar de sua avó flutuou por sua
mente e lhe dava a mesma calma que sentiu cada vez que ele passou um
tempo com sua nana, antes de sua morte. Ele sorriu e piscou, para que seus
olhos se ajustassem à luz baixa. Quando os abriu novamente, ele olhou para a
foto acima da lareira. Era um belo abstrato, algo que Ronin amava apenas

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olhar. Sentados a uma mesa estava um grupo de homens, um dos quais ele
reconheceu como o jogador de basquete, Jamal Kendricks. Os outros homens
eram um grande Afro-Americano com trancinhas, um homem Indiano, um
homem Caucasiano com longos cabelos escuros e um vaqueiro de aparência
rude. Eles olharam para cima.

─ Desculpe. Pensei que estivessem abertos para o jantar. ─ Ronin disse.

─ Nós não estaremos por mais alguns minutos, ─ disse o homem com os
longos cabelos castanhos, enquanto se levantava. ─ Você é bem-vindo em
ficar por aqui, se quiser.

─ Eu não quero me intrometer.

─ Absurdo. ─ O homem bateu um pulso para ele. ─ Puxe uma cadeira.


Tome um copo de vinho.

Ronin deu um passo à frente e estendeu a mão. ─ Eu sou Ronin McCall.


Acabei de me mudar para a cidade.

─ Eu sou Savaro Kendricks-Anatolis, e estes homens são meu irmão


Rajan, meu marido Jamal Kendricks, Xavier Crawford, e este... ─ Ele parou e
virou-se para o vaqueiro com os cabelos faciais esquisitos e os cabelos
escuros, desarrumados pelos dedos. ─ Este é Race McKade.

Ronin apertou a mão de cada homem, antes de puxar uma cadeira e


sentar-se. Sentia-se bastante estranho, mas eles pareciam ser pessoas
amigáveis. Quando lhe ofereceram uma cerveja ele sacudiu a cabeça. ─
Desculpe. Estou dirigindo esta noite. ─ Ele tirou o chapéu e colocou-o sobre
os joelhos, antes de olhar ao redor.

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─ Você precisa beber algo ─ disse Xavier com uma risada.

─ Você quer um pouco de suco? ─ Rajan perguntou. ─ Temos cranberry,


laranja, uva, e toranja.

─ Cranberry seria ótimo.

Depois que Rajan deixou, para ir para trás do bar, Ronin olhou os
outros na mesa.

─ Há quanto tempo você está aqui? ─ Race perguntou.

─ Um total de três dias, dentro e fora, ─ Ronin respondeu. ─ Eu vim


aqui e procurei um lugar para viver. Assim que eu encontrei, voltei para
Century, empacotei e enviei as minhas coisas para aqui.

─ Você comprou o antigo lugar de Kenzie ─ acrescentou Jamal


Kendricks. ─ Eu amo esse edifício antigo.

─ Obrigado. ─ Ronin aceitou o copo frio de Rajan. ─ Eu também gosto.


Parece tranquilo e fora do caminho, para que eu possa dormir um pouco e
trabalhar.

─ Trabalhar? O que você faz?

─ Eu sou um artista. Eu projeto gráficos para camisetas e eu pinto. Não


tive a chance de trabalhar ao longo dos últimos anos, apesar de tudo.

─ Por quê? ─ Savaro se inclinou.

─ Estava longe, na Marinha, por um tempo. Não tinha tempo para


muita coisa, muito menos fazer um trabalho que eu amo. Todas essas coisas,
eu tive que adiar por um pouco, até eu ter terminado.

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Os homens ao redor da mesa parabenizaram-no e o acolheram em casa.
Sua conversa mudou rapidamente, mas a companhia foi bem-vinda. Quando
a equipe, finalmente, começou a aparecer, Savaro desculpou-se, junto com
Jamal e Rajan. Quase instantaneamente um outro homem, de olhos
brilhantes e com cabelos longos, atravessou pela porta.

Ronin observou, enquanto um sorriso iluminou o rosto do cowboy e ele


se apressou puxar o recém-chegado para seus braços. Depois de um abraço
bastante íntimo, os dois se aproximaram.

─ Ronin, este é Laird Anatolis, ─ Race apresentou.

Ronin levantou-se e tomou a mão do homem, em uma trepidação


saudável.

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Capítulo 2
─ José! Um homem nu acabou de passar por mim perto de sua...
Hum... está tudo bem?

José desviou seu olhar de seu breve-a-ser ex, para ver o marido de seu
melhor amigo, Xavier Crawford. O agente da SWAT ainda estava vestido
com uma parte de sua calça de uniforme – calça preta e camisa
ordenadamente metida dentro da calça, um emblema de prata enganchado
no cinto, do lado esquerdo, com uma arma no coldre e segura do lado
direito. Ele também usava um coldre vazio amarrado em torno de sua
enorme coxa direita. As pernas de sua calça estavam enfiadas em botas, que
estavam amarradas de forma limpa e firme. Com um pequeno sorriso, José
apoiou as mãos contra os quadris. ─ Oh, tudo está perfeito. Richie aqui não
achou que eu fosse homem o suficiente para ele, então ele teve que sair e
encontrar outra pessoa.

─ Não foi assim! ─ Richie empurrou, estendendo a mão para José.

José se afastou para longe de Richie. ─ É melhor levá-lo para fora da


minha vista! ─ José se aproximou do lado de Xavier.

─ Você quer ir? Isso é o que você quer, certo, Richie? Você quer ir,
então vá! Saia! Comece a se mexer.

─ Oh, vamos lá! Eu cometi um erro!

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─ O quê? Você escorregou e caiu em seu pau, uma e outra vez? Minha
mãe não criou nenhum tolo. Você vai pegar suas merdas e sair.

Quando Richie deu um passo em direção a ele, novamente, Xavier se


moveu entre eles. José era grato por isso, porque se o agente da SWAT não
tivesse, ele tinha certeza que teria rasgado a garganta de Richie para fora e
o alimentado com ela.

─ Você deve sair ─ Xavier explicou para Richie.

Um silêncio espesso fechou a sala, enquanto Xavier olhava, fixamente,


para Richie. Por um momento, José pensou que Richie era estúpido o
suficiente para começar uma briga com Xavier. Felizmente, ele virou-se,
murmurou um palavrão, e saiu da sala. José ia dar um tempo ao idiota para
pegar suas coisas. Se ele não fosse embora em dez minutos, José ia começar
a atirar Richie e suas coisas para fora. Ele passou por Xavier e entrou na
cozinha.

Uma buzina soou atrás dele e José balançou a cabeça e olhou para
cima. A luz estava verde e, aparentemente, ele não estava prestando atenção.
Ele olhou para os dois lados, antes de passar através do cruzamento, ligando
seu sinal para ir para a esquerda, e fez a curva para entrar no estacionamento.
Ele queria estacionar perto da porta, mas ele não podia. Embora houvesse um
ponto entre dois caminhões, ele não tinha vontade de tentar.

O céu estava escuro, enquanto José caminhava de seu carro para a


grande loja de sapatos. Ele odiava fazer compras, mas, às vezes, isso,
simplesmente, tinha que ser feito. Ele entrou pela porta e um sinal sonoro
soou - um que o irritava frequentemente, mas era usado para alertar os

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funcionários que alguém tinha entrado na sua loja. Ele, mentalmente,
encolheu os ombros e navegou pelo corredor até encontrar a seção de
tamanho dez. A procura foi mais difícil do que ele pensava. Era como se ele
tivesse perdido todas as coisas boas. Quando ele encontrou um par, que
parecia que poderiam ser para ele, ele arrancou a caixa da prateleira e sentou-
se para experimentá-los. José empurrou seus pés para o novo par de sapatos e
se levantou. Ele olhou para eles, inclinou a perna esquerda para dentro,
ligeiramente, e olhou para o lado. Ele não era um fã. Empurrando um pouco
de ar para fora de sua boca, ele removeu o calçado, colocou-os de volta na
caixa, e empurrou a caixa na prateleira, novamente. Ele olhou para o relógio e
fez uma careta. Se ele não saisse agora, nunca iria chegar a Eros a tempo.
Rapidamente, ele deu um último olhar para as prateleiras, antes de sair da
loja. Na saída, ele derrapou até parar, enquanto a chuva batia nele. Revirando
os olhos dramaticamente, ele procurou o estacionamento onde seu carro
estava e gemeu.

Por que ele estacionou tão longe?

─ Ah, certo... não queria estacionar entre dois caminhões ─ ele


murmurou.

Os caminhões tinham ido embora, deixando-o para caminhar através do


parque, na chuva. Se havia uma coisa que ele odiava, era aparecer em uma
reunião parecendo desgrenhado. Ele respirou, correu para fora, através da
chuva, e acelerou para o outro lado da rua. Ele apertou o controle remoto,
para abrir a porta do carro, e quase mergulhou no banco da frente. A chuva
não era a sua coisa favorita, no melhor dos dias. Assim que a porta fechou, ele

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ligou a ignição e limpou as palmas das mãos contra as coxas, para secá-las.
Depois de uma pausa rápida, para dar ao carro um pouco de tempo para
aquecer, ele saiu do parque de estacionamento e virou o carro em direção a
Eros. Tinha sido uma manhã longa, e tudo o que ele queria fazer era fugir.
Mas ele tinha uma reunião com Laird, que ele não poderia perder.

Ele ligou o rádio em música chata, fez uma careta e desligou. Ele dirigiu
o resto do caminho, até ao lugar de Laird, em silêncio. Quando ele chegou lá,
ele ainda estava úmido, mas a chuva tinha parado, então, ele pensou que era
uma vantagem. Ele agarrou seu portfólio, enfiou-o debaixo de um braço,
enfiou o cabelo para trás, com a mão, e se levantou do assento de couro.
Entrou na grande casa e tirou os sapatos.

─ Laird? ─ ele chamou, parando para olhar para si mesmo no espelho.


Seu cabelo estava úmido, mas tirando isso parecia bom.

Ele odiava a forma fraca que seus olhos verdes olharam para ele.

Eram os olhos do seu pai. ─ Laird? Você está aqui?

─ No covil, ─ Laird gritou.

José deu uma última olhada em si mesmo, depois atravessou o


vestíbulo, descendo um corredor e emergiu no covil.

Ele colocou o portfólio na mesa, diante de um de seus melhores amigos,


sentou em um assento de couro, e gemeu dramaticamente.

─ O que você tem? ─ Laird perguntou, o riso em sua voz.

José levantou a cabeça e respirou fundo. ─ Oh, o horror, ─ brincou. ─


Fui pegar um novo par de sapatos, uma vez que o fundo do único par preto

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que eu possuo caiu na outra noite. Não consegui encontrar nada que se
encaixasse bem.

Laird riu. ─ Você só precisa ir às compras em algum lugar diferente de


Century, por uma vez.

─ E essa nem é a pior parte. O pintor que eu tinha na equipe decidiu, do


nada, que ele queria mudar para África, por um ano, para trabalhar com
algum tipo de organização de caridade - o que eu devo fazer agora?

─ Oh, por favor, esse cara sempre se deu mais importância do que ele
merecia. Eu não sei como você o manteve ao redor, tanto tempo como você
fez.

─ Ele era bom.

─ Acho que isso é algo, para compensar suas birras aleatórias e


explosões estranhas.

─ Agora, eu tenho que encontrar um novo.

─ Eu conheci um cara, ontem à noite, no Anatolis, que é um pintor.


Race lhe pediu para fazer algumas peças para a casa de férias.

─ Então, vocês dois, finalmente, sabem o que fazer com a casa de Race,
hein?

Laird assentiu. ─ Sim. Nós vamos alugá-la como uma propriedade de


férias, para os turistas que querem um lugar agradável na praia para suas
acomodações. Race gosta da ideia e ele está analisando toda a papelada agora.
Iria ajudar ter alguma arte agradável nas paredes. De qualquer forma, esse
cara que eu estou te falando - ele acabou de se mudar para a cidade. Talvez

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você possa falar com ele sobre trabalhar de freelancer para você, quando você
precisar dele. Dessa forma, você não tem que pagar-lhe um salário, apenas
quando ele trabalhar para você.

José se inclinou para frente, os cotovelos sobre os joelhos e dedos


entrelaçados, e arqueou uma sobrancelha para Laird. ─ É mesmo? Que
coincidência.

─ Ele vive no lugar de Kenzie, então, acho que você poderia visitá-lo.

─ Ótimo. Vou falar com um homem estranho, no lugar de Kenzie. Isso


não é nada estranho.

Laird riu. ─ Quer parar de ser uma rainha do drama? Ele parecia
bastante inofensivo.

José fez uma careta. ─ E se ele tentar se atirar a mim? Você vai defender
minha honra?

─ Defender... um... defender a sua quê, agora?

─ Minha honra... virtude...

Laird olhou para ele com uma expressão vazia, antes de estourar em
risadas. Laird riu tanto que dobrou, testa pressionada contra sua mesa, com
um grande punho batendo, repetidamente, a superfície de mogno.

─ Bem, tudo bem. Se você vai ser um idiota sobre isso.

José levantou-se e saiu da sala, com o riso de Laird ecoando através da


grande casa, atrás dele. Ele entrou na cozinha e abriu a geladeira. Não havia
muito lá, na forma de alimentos cozinhados, mas ele conseguiu roubar um

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Patty Jamaicano1 da geladeira e enfiá-lo no forno, para descongelar e aquecer.
Desde que o irmão de Laird, Savaro, se casara com um descendente
Jamaicano, eles tinham todo o tipo de comida deliciosa do Caribe ao redor.
Enquanto aquecia, ele pegou uma garrafa de leite com chocolate da geladeira
e torceu a tampa. O selo estalou e a tampa caiu em sua mão. Até então, ele
ouviu passos vindo em sua direção.

─ Desculpe, ─ Laird riu. ─ Você sabe que eu sempre vou apoiar você. O
que está errado?

─ Nada. Eu estou mal humorado, hoje, é tudo.

─ Você? Mal humorado? Por quê?

José sorriu, suavemente, e respirou fundo, antes de tomar um gole da


garrafa. ─ Eu não sei. Eu acho que preciso sair esta noite... me animar.

─ Oh, você se alegraria bem ─ Laird disse, olhando-o com desconfiança


e apoiando as costas contra o balcão. ─ Apenas fique longe da Jamaica.

José queria bater com a cabeça em uma mesa. ─ Nunca vão me deixar
esquecer isso, pois não?

Laird sorriu maliciosamente e balançou a cabeça.

José sorriu. ─ Então, mudando de assunto. Você já conseguiu o lugar


para seus novos escritórios?

─ Sim. Eu encontrei alguns escritórios em Century. Eu só quero que


você faça o lugar parecer acolhedor e pronto para clientes, em quatro meses.

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Bolo de carne

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─ Quatro meses? Quantos pisos estamos falando aqui?

─ Oito. Este é um pequeno escritório, uma vez que eu não vou estar lá
para o gerir.

─ Quantos escritórios por andar?

─ Doze. O primeiro andar é o lobby. Eu não quero muito lá em baixo. Eu


os mandei deitar abaixo todos os escritórios, menos dois. Um é para o sistema
de segurança e o outro é para o escritório do segurança. Tudo o que você,
realmente, precisa é de uma mesa, alguns vasos de plantas e todas essas
coisas boas, por isso pode ser feito por último. Mas os escritórios no andar de
cima precisam de um pouco mais de trabalho. Eu quero colocar sete novos
agentes lá, mais o departamento de marketing, e, talvez, o departamento de
estágio.

José suspirou. Ele, realmente, não estava prestando muita atenção a


Laird. Em vez disso, ele estava fazendo a matemática dentro de sua
cabeça, ele e sua equipe teriam de fazer oito andares inteiros, doze escritórios
por andar. ─ Bem, eu posso ter que trazer alguns freelancers, mas acho que
podemos fazê-lo. E sobre esse cara que você conheceu, na noite passada. Eu
acho que vou fazer-lhe uma visita, depois que eu sair daqui. Quanto mais cedo
eu conseguir encontrar um substituto melhor. Vai ser uma preocupação a
menos no meu prato.

─ Leroy ainda está à procura de um lugar para ser voluntário. Sua escola
tem essa coisa de certificado de voluntário que ele quer.

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─ Ah, certo, ele estava dizendo que precisa fazer quarenta horas de
serviço comunitário. Por que ele não faz isso com você?

Laird deu de ombros. ─ Jamal se ofereceu para ajudá-lo também, mas


ele disse que queria fazer algo em sua linha de trabalho, por isso, se você tem
um lugar para ele...

─ Bem, é claro que eu tenho um lugar para ele ─ disse José, com uma
sobrancelha arqueada. ─ Esse é o meu afilhado favorito!

Laird riu. ─ Ele é o seu único afilhado.

─ Tecnicalidades. ─ José sorriu e bateu um pulso para ele.

─ Ok, então. Vamos tirar alguns contratos e coisas fora do caminho...

Três horas mais tarde, José, finalmente, saiu da casa de Laird.

A conversa de negócios acabou muito tempo antes disso, mas ele ficou
por lá jogando alguns jogos de vídeogames com seu amigo, até que o marido
de Laird, Race, chegou em casa. José passou por Anatolis, no centro da
cidade, e continuou dirigindo até chegar à antiga casa de Kenzie. Ele se sentou
no banco da frente do carro, olhando para o lugar, por um minuto. A porta da
frente era nova. A última vez que ele visitou ele era uma criança, mas ele
ainda podia se lembrar da velha porta, negra e batida, que costumava ter.

As janelas também eram novas - o velho Kenzie tinha colocado em cima


delas algo forte, todos aqueles anos atrás. A grande árvore, à esquerda do
pátio, ainda estava lá, e parecia tão fora do lugar, de todos as outras, como
sempre pareceu.

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José se levantou do banco da frente, enfiou a carteira no bolso e
deslizou o chaveiro sobre seu dedo indicador direito. Ele subiu os degraus da
frente e bateu na porta. Enquanto esperava, ele se virou e olhou para a
esquerda.

Havia um balanço lá, pendurado em uma árvore. A árvore tinha


desaparecido, assim como o balanço. Ele se perguntou, fugazmente, o que
aconteceu com ele, mas conhecendo o velho Kenzie, ele, provavelmente, o
cortou, porque ele estava bloqueando sua visão ou algo tão idiota.

A porta da frente rangeu levemente e José virou. Ele esperava um


homem velho com uma barriga de cerveja.

Em vez disso, o cara que deu um passo adiante era impressionante. Ele
era alto, talvez cerca de 1.90, e se elevava sobre José.

Ele não tinha cabelo na cabeça. Sua barba, impecavelmente, cortada, era
marrom escuro. Seus claros olhos azuis brilhavam de curiosidade, enquanto
ele olhava para José.

─ Posso te ajudar?

José limpou a garganta. ─ Sinto muito incomodá-lo ─ Disse José,


orgulhoso que sua voz não quebrou. ─ Meu nome é José DeLuz. Estou aqui
para falar com você a respeito de sua pintura.

─ Er...

─ Eu sou amigo dos irmãos Anatolis, ─ José esclareceu.

─ Oh... Laird, Rajan e Savaro! Eu sou Ronin McCall. Vamos entrar.

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José agradeceu e passou por ele através da porta. Suas mãos estavam
suando, assim manteve-as pressionadas a suas coxas, enquanto ele olhava ao
redor da entrada. As paredes estavam nuas.

─ Não se preocupe com a bagunça. Acabei de me mudar e não tive a


chance de desempacotar muito ainda ─ explicou Ronin. ─ Por aqui.

José seguiu, olhando para a bunda do homem. Ela estava coberta por
um par de jeans azul e era perfeita. Ele lambeu os lábios, enquanto lembrou a
si mesmo que ele estava tentando fazer com que este homem trabalhasse para
ele, então, ele não poderia arruinar isso. Ainda assim, ele não podia deixar de
se perguntar, se o cabelo no corpo de Ronin era um castanho tão escuro
quanto a barba cobrindo seu rosto. Ele tinha cabelos espalhados por todo o
seu peito, com mamilos perfeitamente duros espreitando? José queria
descobrir.

Ele acelerou seus passos para a sala e encontrou caixas empilhadas no


centro. Ronin pegou uma, flexionando seus músculos por baixo da camisa que
ele usava, e José mordeu um gemido. Ronin limpou as caixas, antes de
estender a mão para um assento.

─ Gostaria de uma bebida? ─ ele perguntou.

─ Não, obrigado. Eu comi e me sinto um pouco cheio.

Ronin riu suavemente. ─ Tudo bem. Sobre o que gostaria de falar? ─


ele sentou-se à beira de uma mesa vazia.

Suas coxas eram perfeitamente visíveis através do jeans, enquanto


pressionavam contra a mesa. Suas pernas estavam espalhadas, dando a José

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uma visão perfeita do que estava entre elas. Mas José não podia olhar. Ele
lutou contra sua luxuria e manteve o olhar fixo no de Ronin.

─ Eu possuo um negócio de decoração de interiores. Junto com os


serviços que ofereço aos meus clientes, eu ofereço pinturas originais para ir
com suas propriedades. Essas pinturas são únicas. O pintor que tinhamos na
equipe decidiu ir encontrar-se em África. Acabei de assinar contrato para
fazer um grande trabalho e estou na necessidade desesperada de um artista.
Quando eu disse a Laird, ele sugeriu você.

─ Quão grande é o trabalho?

─ Oito andares, doze escritórios cada...

─ Mais banheiros e lobby?

José concordou. ─ E pequenas cozinhas em cada andar, exceto o lobby.


Há uma pequena sala de equipe, no lobby, para a segurança também. Mas
essas não precisam de mais do que duas peças.

Ronin desencostou da mesa, para alegria e decepção de José, e


caminhou até uma caixa marcada coisas do escritório.

Abriu-a e logo voltou para a mesa com uma caneta e um bloco de notas.
Ele rabiscou em silêncio por um tempo, então encontrou os olhos de José.

─ Bem, eu acho que poderia ajudá-lo. Teríamos que nos encontrar,


novamente, para descobrir quais são os seus esquemas de cores e quantas
pinturas você precisaria por escritório e esse tipo de coisa.

─ Sim. Concordo. Primeiro eu preciso ir ver o lugar. Ainda não


consegui chegar isso. Então, eu vou ter que me encontrar com a minha

24
equipe e meus compradores e, então, eu posso te dizer. Eu farei tudo isso o
mais cedo possível, para que isso não seja um trabalho de última hora para
você.

─ Quanto tempo nós temos?

─ Quatro meses.

─ Porra. Isso não é muito tempo.

─ Foi o que eu disse, ─ José disse, suavemente. ─ Mas ele é um amigo e


eu vou fazer isso.

─ Um amigo?

José assentiu. ─ Laird.

Mais uma vez, Ronin procurou um par de caixas e depois voltou com
dois quadros de tamanho médio. Ele entregou o primeiro. ─ Eu fiz isto há
alguns meses atrás, para uma gravadora em Careless, Arizona. O que você
acha?

José levantou-se e pegou o quadro. Ele caminhou até a mesa e apoiou-o


na posição vertical contra ela, em seguida, afastou-se para inspecionar a
pintura. Ele acenou com a cabeça em apreciação.

─ Então, você acha que estaria dentro? ─ José perguntou.

Ronin deu de ombros. ─ Por que não? Eu poderia usar a distração de


desembalar as caixas.

─ Eu não invejo você.

─ Ninguém inveja. ─ Ronin riu.

25
A conversa continuou sobre algumas coisas... a maioria era essencial
para o trabalho à frente, mas outras nem tanto. Através de tudo isso, José não
podia deixar de imaginar tirando as roupas de Ronin, deixando-o nu, e
lambê-lo a partir da ponta do queixo, até a ponta dos dedos dos pés. Seu
corpo estava tremendo. Ele podia sentir cada pitada de prazer dançando de
sua coluna vertebral.

Eles trocaram e-mails e apertaram as mãos, antes de Ronin acompanhá-


lo até à porta. No momento em que José pôde escapar, ele correu para o
carro. Ronin, provavelmente, pensou que ele estava louco, com a velocidade
que ele partiu. Sentado atrás do volante, ele ofegou por ar e passou a mão
sobre a excitação em pé, na frente de sua calça. Como ele iria trabalhar com
Ronin McCall?

26
Capítulo 3
Muito tempo depois de seu convidado tê-lo deixado, Ronin ainda podia
sentir o cheiro de seu perfume. Ele podia ver o verde dos olhos de José, a
magreza de seu corpo musculoso sob sua camisa, e a maneira como seu cabelo
longo, preto, caia contra suas costas. Embora José fosse mais baixo do que
ele, Ronin não podia deixar de pensar que José poderia mais do que combiná-
lo na cama. Pressionando seus olhos fechados, ele se perguntou por que sua
mente iria lá, de todos os lugares. Mas ele não podia evitar. Ele amava os
planos endurecidos do corpo de um homem e José parecia duro em todos os
lugares certos.

Um rosnado baixo emanou da garganta de Ronin e ele lambeu os lábios.


Curvando seus dedos, Ronin mordeu contra a traseira de seus dedos. ─ Isto é
ridículo. ─ Ainda assim, ele ficou junto à janela, observando o pó cair, na
direção que o carro de José tinha ido. Fazia tanto tempo que ele tinha ficado
excitado, simplesmente, por olhar para um homem, pensando em um
homem. Fazia muito tempo que ele sequer tinha saido em um encontro. Não
era por falta de homens elegíveis, mas Ronin tinha estado enterrado na
Marinha e não precisava do drama extra que um relacionamento em
desenvolvimento traria.

Agora, ele estava fora - qual era a sua desculpa?

No dia a seguir, a ter encontrado José, Ronin acordou de um sonho. Ele


olhou para baixo, para o seu corpo nu, para ver seu pênis duro. Ele mordeu o

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lábio inferior, mantendo seu corpo imóvel. Se ele se movesse e qualquer coisa
roçasse seu pênis, ele tinha certeza que ia explodir. Respirando fundo, Ronin
fechou os olhos e pensou no inverno, água, em qualquer coisa que pudesse,
para fazer desaparecer sua excitação. Nada funcionou.

Cautelosamente, ele saiu da cama, entrou no banheiro, e ficou de pé sob


um chuveiro frio. Assim que ele estava tremendo, ele saiu e enrolou uma
toalha em torno de seus quadris.

O dia passou com ele trabalhando como louco para desempacotar tudo.
Ele tinha alguns projetos que tinha que fazer, para o seu negócio de camiseta,
além de uma teleconferência com alguns de seus distribuidores, bem como
com uma divisão de caminhões monstro de Ottawa. Saindo da cozinha, ele
olhou para todas as caixas com frágil rabiscadas nas laterais, com a letra de
seu irmão.

─ Este vai ser um dia muito longo ─ ele murmurou.

Duas reuniões, alguns telefonemas improvisados para outros designers


e alguns desenvolvedores de camisetas, e desempacotando o que parecia ser
um milhão de caixas, depois, Ronin recuou e olhou em volta. A sala de estar
estava, finalmente, pronta.

Ele tinha desempacotado todas as caixas e ficou bastante orgulhoso. Ele


abriu mais algumas, em seguida, levou as caixas até a varanda e deixou-as cair
em cima das outras. Embora estivesse cansado, ele só levou um momento
para inalar o ar fresco de Eros.

28
Ele foi tingido com sal do mar, soprando por toda a terra. Ele tirou seu
chapéu, passou a mão sobre a cabeça, e fechou a porta. A próxima coisa era o
jantar. Ele queria voltar para Anatolis. Se José DeLuz era amigo dos irmãos
Anatolis, talvez ele estivesse lá.

Pressionando as costas na parede, ele limpou a garganta.

Esse pensamento o assustou. Ele iria trabalhar com o homem, então


não havia nenhuma maneira que ele deveria querer vê-lo, novamente, fora
disso. Um relacionamento não era o motivo dele ter se mudado para Eros, em
primeiro lugar, maldição. Além disso, José parecia um tipo de alta sociedade,
que enlouqueceria se ele se encontrasse em uma posição maravilhosa,
comprometida.

Ronin sacudiu isso para longe e se concentrou em fazer o jantar. Ele


estava no meio de cortar algumas cebolas quando o telefone tocou.

─ Sim ─ Ronin respondeu, fungando. Ele usou as costas de sua mão


para enxugar as lágrimas, mas a queima ainda estava lá. Sua mãe sempre lhe
disse para colocar a cebola na geladeira para parar a queima, mas ele não
tinha esse tipo de paciência.

─ Ro, é seu irmão. Como você está se instalando?

Ronin fungou. ─ Hey. Eu estou muito bem.

─ Você está chorando? Você nunca chora?

─ Mack, eu não estou chorando. Eu estava cortando um pouco de


cebolas para o jantar. O que está acontecendo? Você ainda esta vindo visitar?

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─ Você não ouviu o que a mãe disse sobre as cebolas? E, claro, que eu
ainda estou indo. Eu só tenho que - aguente um segundo-

Mack McCall deve ter pousado o telefone. Houve um som de colisão,


seguido de uma conversa abafada. ─ Ok. Estou de volta. Então, eu estava
pensando em duas semanas. Eu tenho algum tempo de folga em breve.

─ Você é sempre bem-vindo aqui, Mack. Você sabe disso.

Mack riu. ─ Eu, simplesmente, não quero aparecer, entrar pela porta da
frente e pegar você e um jovem quente em uma posição comprometedora. Eu
precisaria de terapia para a vida.

Ronin riu. ─ É sexo, irmão...

─ Eu sei disso. Mas você é meu irmão. Ick.

Ronin revirou os olhos. ─ Você é um pervertido, você sabe disso?

─ Foi me dito. Mas sério - duas semanas e então eu estarei ai. Estou
esperando até você terminar de desempacotar tudo.

─ Então você não precisa ajudar, heim?

─ Eu não admito nada...

─ Pergunta pra você, Mack.

─ Sim, claro.

─ Você acha que é muito cedo para eu começar a namorar?

Mack riu. ─ Você já encontrou alguém ai?

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─ Eu ainda não sai de casa para encontrar alguém, ─ Ronin mentiu. ─
No entanto, consegui um trabalho para fazer algumas pinturas, para um
decorador de interiores. Será enorme.

─ Bem parabéns, irmãozinho! Estou feliz que a mudança esteja dando


certo para você. Eu estava um pouco preocupado, por um minuto. Olhe, sobre
sua pergunta. Não é como se você tivesse acabado de terminar com alguém.
Não consigo me lembrar da última vez que você namorou alguém. Então, não,
eu não acho que é muito cedo.

Os dois irmãos sempre foram próximos, mesmo quando adultos. Uma


parte de Ronin era tão grato por esse amor e apoio, que ele tendia a fazer todo
o possível para mostrar ao seu irmão o quão amado ele era. ─ Ok, me ligue
quando você tiver seus planos definidos, ─ Ronin disse a seu irmão mais
velho. ─ Eu vou terminar o jantar e, talvez, sair, hoje à noite, para tirar
algumas fotos.

─ Para aquele clube de site que você tem?

Ronin assentiu. ─ Sim. Você fique seguro, hein?

Mack prometeu que sim e os dois desligaram.

Olhando para fora da janela, Ronin respirou fundo e jogou a cebola


picada na panela. Ele seguiu com alguns tomates picados, alho, gengibre, e
alguma salsa. Ele mexeu tudo junto, cobriu a panela, baixou o fogão, e sentou-
se no balcão, para mexer com sua câmera.

31
Capítulo 4
A visita aos escritórios não levou muito tempo. José até mesmo
verificou os andares através de escadas para avaliá-las. Depois de garantir que
eram seguras, ele conferiu uma boa parte dos escritórios e passou seu dedo
sobre algumas paredes, antes de deixar sua equipe. Quando terminou, ele se
encontrou em seus escritórios, em Eros, para falar sobre o que deveria ser
feito para o projeto Anatolis. Ele amava seu trabalho, mas as reuniões
deixavam muito a desejar. Às vezes, ele preferia atear fogo a sua calça, do que
sentar-se em uma reunião. Mas tinha que ser feito. No momento em que a
reunião terminou, sua equipe de finanças estava mastigando números para
enviar para Laird, e seu designer-chefe estava voltando para os escritórios, em
Century. José foi para casa. Foi difícil, porque tudo o que ele queria fazer era
passar pela casa de Ronin, mas ele não iria querer que alguém fosse a sua casa
tão tarde da noite.

Brilhante e cedo, na manhã seguinte, José estava acordado e fazendo


telefonemas. Embora ele tivesse esvaziado os escritórios, para sua equipe dar
uma olhada, ele queria que o verdadeiro inspetor de segurança entrasse.
Enquanto isso acontecia, ele achou que poderia informar Ronin e ver o que
acontecia. Ele ligou para Laird, em seguida, para uma empresa de
distribuição, que tinha usado antes para vender os móveis que havia
projetado. Quando essas tarefas estavam fora do caminho, ele tomou um
banho, vestiu-se no par mais agradável de jeans preto que possuía e

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acrescentou uma camisa rosa claro. Ele amarrou seu cabelo para trás, com
uma faixa de borracha, antes de pulverizar alguma colónia no ar e caminhar
através dela.

Verificando seu reflexo no espelho, ele agarrou sua bolsa de couro e


assobiou, enquanto saía de casa e corria pela calçada da frente, para o carro.
Instalou-se no Mustang preto. Foi um presente de uma estrela de Hollywood,
para quem ele projetou um condomínio premiado. Esse foi o seu primeiro
trabalho importante. Não só ela pagou-lhe, como ela lhe deu o carro e uma
bela pulseira que tinha comprado em Marrocos. Todos os anos ela
redecorava, e cada vez ela chamava José e sua equipe. Por causa dela, José
DeLuz era um nome bem conhecido - ele apenas tendia a se esconder longe
dos holofotes.

Com os planos em mãos, José conduziu para a casa de Ronin. Ele


respirou fundo e bateu na grande porta da frente. Parecia diferente de alguns
dias atrás. A caixa de correio também era nova. Ele riu. Ronin parecia ter
estado ocupado. Limpando a garganta, José virou-se, mais uma vez, para
olhar para a porta, assim que foi aberta. José mordeu o lábio inferior, lutando
contra um gemido. ─ Bom dia. ─ Ronin sorriu.

─ Entre. Eu estava fazendo o café da manhã. Está com fome?

─ E ele cozinha! ─ José riu, passando por Ronin. ─ Tudo depende do


que você está comendo.

─ Eu fiz um shake de proteína e há bagels e ovos mexidos com alguma


fruta.

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José permitiu que Ronin o conduzisse à cozinha e ficou surpreso com a
boa aparência do lugar. Não havia caixas agora e ele podia se mover sem
medo de bater em uma. Ele sentou-se à mesa e colocou sua bolsa no chão.

─ Você trabalhou rápido ─ disse José, procurando, desesperadamente,


por um tópico de conversa. O ar ao redor deles estava tenso e ele não sabia
por que. Cada vez que seus olhares se encontraram, um arrepio percorreu-o.
Talvez fosse seus anos de apenas ser José, de ser tão aberto para a maioria das
coisas - mas mesmo com esse pensamento, Ronin ainda parecia fora de seu
alcance.

─ Obrigado. Eu não tive qualquer ajuda, porque meu irmão me deixou


na mão no último minuto. ─ Ronin riu, colocando dois pratos carregados na
mesa. ─ Ele teve que trabalhar.

─ O que ele faz?

─ FBI

José agradeceu a Ronin pelo prato e colocou o garfo contra a borda do


mesmo. ─ Sério? Eu nunca conheci um agente do FBI, ou melhor, a família de
um antes. Ele gosta?

─ Eu não acho que ele poderia fazer qualquer outra coisa. ─ Ronin
parou de se mover, por um segundo, no que parecia ser contemplação, antes
de sorrir e balançar a cabeça. ─ Na verdade... Eu sei que ele não poderia fazer
mais nada.

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José assistiu Ronin colocar uma xícara de chá fumegante na frente dele,
antes de se sentar. Eles comeram em relativo silêncio, o som de garfos
raspando os pratos interrompendo periodicamente o silêncio.

─ Eu trouxe-lhe fotos do lugar ─ disse José.

Ele não podia suportar mais o azul dos olhos de Ronin o observando. ─
Eu sei que não é o mesmo que ver o lugar em primeira mão, mas vai ter que
servir. Os caras da segurança não querem ninguém no edifício agora, além de
seus trabalhadores. Antes da reunião com a minha equipe, eu entrei e tirei
essas fotos.

─ Elas vão servir muito bem ─ Ronin respondeu. ─ Eu só queria ver as


cores que você está usando e ter uma ideia do que você pensou, quando viu o
lugar pela primeira vez.

─ O quê?

─ O quê?

José riu. ─ Você está olhando.

─ Estou? Desculpe.

─ O contrato também está ai, juntamente com alguns outros papéis para
o departamento de finanças-esse tipo de coisa... bem, o quê?

─ Eu sou olhando de novo, não é? ─ Ronin perguntou com um pequeno


sorriso. ─ Desculpe. ─ Ronin levantou-se e pegou o prato.

José levantou uma sobrancelha, quando o homem tentou passar por ele.

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Instintivamente, ele estendeu a mão, pegando o braço de Ronin para
impedi-lo. Uma rajada certeira de fogo percorreu seu braço, e através de todo
o seu corpo. Ele não sabia por que ele fez isso e não sabia o que iria
acontecer.

─ Eu não sei por que fiz isso... ─ A voz de José era pequena. Sentia-se
como um idiota completo. Tudo o que ele tinha que fazer era deixar os papéis,
contrato, fotos e correr. Agora, ele sabia como o braço coberto de pêlos, de
Ronin, se sentia contra a palma da sua mão e queria mais. Ele deslizou sua
mão pelo braço de Ronin, prolongando a ligação, aquecendo-se na
eletricidade. Deixou cair o guardanapo que estava segurando em sua mão, e
levantou-se da cadeira.

─ Merda ─ ele murmurou. Ele nunca antes tinha tido a língua presa ao
redor de um homem. Ele estava sempre aberto e pronto. Agora, ele estava
diante de Ronin, o tipo de homem que ele não poderia sonhar que iria a
qualquer lugar perto de sua cama, sentindo como se ele tivesse acabado de
mergulhar na luz do sol líquida e saiu molhado.

─ Você não sabe? ─ A voz de Ronin era grossa e rouca, e tão sexy. ─ Eu
sei.

Ronin se moveu tão rapidamente, que José não teve tempo para sequer
perceber o que estava acontecendo. Houve um baque do prato de Ronin,
quando caiu contra a mesa. O barulho estava queimado no cérebro de José
desde sua infância, quando ele iria colocar um prato de vidro na mesa de
vidro de sua mãe.

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Ronin pegou seus lábios então, quente e áspero. José abriu a boca para
ofegar de surpresa, e Ronin enfiou a língua na boca de José. Ofegante e
orando por sanidade, José emaranhou os dedos de uma mão no pescoço de
Ronin, se arqueou para os braços do homem forte, e gemeu, quando os
mamilos com piercings, de Ronin, se pressionaram em seu peito. Sua mente,
imediatamente, foi para o que mais Ronin poderia ter perfurado. As imagens
fizeram água na boca de José. Ele choramingou, permitindo que este homem
o dominasse, bebesse com ganância de seus lábios, enquanto lhe dava tanto
prazer que seus joelhos ficaram fracos. Não era apenas um simples beijo -
José sabia que estava sendo, parcialmente, saqueado e, Deus o ajudasse, ele
amava cada sensação de tirar o fôlego disso. Ronin cravou os dentes no lábio
inferior de José. José gemeu, moendo seu pênis, agora duro, na parte da
frente da calça de Ronin. Ele queria que Ronin o tocasse - talvez até mesmo o
puxar para dentro de sua boca. Mas ele estava tão preso em ser beijado, que
ele, simplesmente, não conseguia se mover. Algo atingiu o chão, forte, mas
José não conseguia se concentrar.

Foi Ronin quem se afastou em primeiro lugar, respirando pesadamente.


Ele aproximou-se de novo, desta vez, foi um pequeno beijo.

─ Você deve ir agora, ─ Ronin aconselhou.

José estava fraco, atordoado, e excitado. Ele balançou a cabeça


entorpecido. Olhando para baixo, ele percebeu que foi seu celular que tinha
caído. Ele o pegou, deu mais uma olhada para Ronin, e deixou a casa.

37
Capítulo 5
José estava desgostoso com ele mesmo. Quando se tratava de homens
ele nunca andava em casca de ovos. Ele via um homem que queria, ele ia atrás
dele. Mas Ronin era diferente.

─ Eu fiz uma coisa ruim! ─ José invadiu a sala dos fundos de Anatolis e
caiu no sofá. Savaro e Rajan olharam para ele. Ambos tinham o mesmo olhar
interrogativo em seus rostos.

─ Oh-kay ─ Savaro foi o primeiro dos dois irmãos a falar. ─ O que você
fez?

─ Er... Ele não precisa de fiança, já que ele está aqui ─ Rajan ressaltou.
─ Então, isso deve significar que você precisa de ajuda para mover um corpo.
Provavelmente, devemos chamar X para isso.

─ Pare de ser um idiota. ─ José fez beicinho, cruzando os braços e


deslizando mais profundamente no assento. Ainda assim, ele não poderia
evitar o sorriso que surgiu em seus lábios pela provocação de seus amigos. ─
Eu, realmente, preciso de alguma ajuda aqui.

─ Oh menino. Ele parece sério. ─ Savaro escorregou de trás da mesa


para sentar-se ao lado de José. ─ Comece pelo começo.

José prendeu a respiração por um momento, em uma tentativa de


acalmar os nervos. Ele olhou para a garrafa de uísque na prateleira de vinho,
mas não poderia tomar uma bebida, uma vez que ele estava dirigindo.

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Olhando de Rajan para Savaro, ele pressionou os joelhos juntos e
explicou o que aconteceu. A história toda parecia cair de sua boca em um
longo suspiro. Quando ele parou, ele ofegava por ar. José foi pegar uma
bebida nesse momento.

Ele contornou a uísque e pegou uma garrafa de água do pequeno


frigorífico. Os irmãos atrás dele assobiaram e ele virou-se para olhar para
eles. Torcendo a tampa da garrafa, ele se inclinou, pesadamente, contra a
geladeira e tomou um longo gole.

─ Quero dizer, agora o que eu faço? ─ José questionou.

─ O que quer dizer 'o que você faz’? ─ Savaro queria saber. ─ Nós não
precisamos ter a conversa com você, certo? Eu estou muito certo que você
sabe como isso funciona.

─ Droga, Sav!

─ Não é como se você nunca foi beijado antes. Lembra-se da sua


pequena incursão na Jamaica? ─ Savaro empurrou.

─ Não foi você quem disse a Jamal que eu amava um homem com pouca
carne em seus ossos? O que aconteceu com aquele José? ─ José queria bater a
cabeça em algo. ─ Vocês, realmente, não vão me deixar esquecer isso, pois
não?

Rajan riu. ─ Jamaica? Não. É muito divertido provocar você sobre isso.
Mas, falando sério. Ele é apenas um outro homem, José.

─ Bem, para sua informação, o José que é um homem-puta extrovertido


- esse José teve uma morte lenta e dolorosa. E não, Ronin não é apenas um

39
outro homem. Ele é o tipo de garanhão que eu procurei desde que eu tinha
quinze anos. Mas eu não posso deixar mais nada acontecer. Ele vai ver o
grande idiota que eu sou, e correr pela porta.

Savaro suspirou profundamente. ─ José, não tente ser algo que não é
por este homem. Você acabou de conhecê-lo. E, além disso, se ele é um bom
sujeito, ele estaria com raiva se as coisas resultassem entre vocês dois,
então ele descobrir que você estava escondendo o seu verdadeiro eu dele.
Trabalhe com ele. Conheça-o. Então, se parecer que ele está pronto, coloque
seu traseiro em uma de suas salas traseiras e fale com ele.

Rajan começou a rir. ─ Sinto muito. Eu acho que você está casado há
muito tempo. Você está começando a falar como Jamal.

Savaro gemeu.

─ Vocês dois poderiam se focar em mim por um segundo? Eu sabia que


deveria ter ido ver Laird para isto.

─ Laird? Ele não é melhor - tudo bem. Desculpe-me! ─ Rajan levantou


uma mão em sinal de rendição. ─ Mas Savaro está certo. Um dia de cada vez.

─ E nesse meio tempo? Você sabe que eu sou susceptível de fazer algo
estúpido - ou pior.

─ O que é pior que fazer algo estúpido? ─ Savaro coçou a cabeça.

─ Dizer algo estúpido ─ José respondeu.

Savaro deu de ombros. ─ É uma chance que você vai ter que tomar,
maldição, José, você nunca foi do tipo de ficar nervoso em ir atrás de um
homem. O que há de tão especial sobre Ronin McCall?

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─ Você não entenderia. Ele é diferente.

─ Diferente? ─ Savaro riu. ─ Quer falar sobre diferente? Eu sou casado


com um jogador de basquete Afro Americano.

─ E eu sou casado com o líder de uma louca equipe da SWAT. Nem


sequer mencione Laird... ─ Rajan ofereceu. ─ O que estamos tentando dizer, é
que podemos compreender diferente. Explique-nos, José. Experimente.

José caminhou de onde ele estava, para olhar pela janela na sala de
jantar. Ele ficou lá por um momento, tentando formar um pensamento,
tentando encontrar as palavras certas para explicar o que sentia quando ele
estava em torno de Ronin.

Por um breve momento, ele estava com medo que Rajan e Savaro iriam
julgá-lo. Então, ele lembrou - os dois nunca tinham julgado ele antes. Eles
estavam sempre lá para ele, juntamente, com Laird. Mais recentemente, seus
maridos tinham começado a mostrar a mesma lealdade que os irmãos.
Respirando, ele enfrentou-os novamente. Rajan estava se servindo de uma
bebida e Savaro estava torcido no sofá, para vê-lo.

─ Quando estou perto dele, mesmo naquele primeiro dia que eu fui lá,
eu me sinto dominado. Eu não estou falando sobre o tipo doloroso, prejudicial
de dominação. Quero dizer o tipo que iria me deixar sem fôlego e... ─ Ele
parou, quando as palavras lhe falharam e se sentou ao lado de Savaro.

─ Você sempre foi um pouco de uma aberração, irmão ─ explicou Rajan.


─ Não tenha medo. Deixe sua aberração voar! Ronin parece o tipo de homem
para encorajar um comportamento ruim.

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José sorriu. ─ Ele parece, não é? ─ Pensamentos do beijo que ele tinha
compartilhado com Ronin passou pela sua cabeça e ele gemeu. ─ De qualquer
forma não importa. Ele e eu temos trabalho a fazer, e, se eu estragar tudo
Laird iria morrer.

Rajan respirou. ─ O convide para jantar aqui. Diga-lhe que é uma noite
de caras e você quer que ele venha. Então, quando ele chegar aqui, podemos
nos desculpar, então vocês dois podem ficar sozinhos e conversar.

─ Conversar? É isso que você acha que eu ia fazer com Ronin? ─ José
perguntou, levantando uma sombracelha.

Os irmãos riram.

Depois de mais algumas piadas, José desculpou-se e foi para casa. Era
como se sua mãe estivesse olhando para ele. No momento em que ele entrou
pela porta, o telefone da casa tocou. Sem pensar, ele alcançou.

─ José Calderon DeLuz!

José ficou em atenção e estava prestes a se esconder atrás da porta.


Sempre que sua mãe o chamava pelo nome completo, nesse tom de voz, ele
sabia que iria levar nas orelhas. ─ Ma? O que eu fiz agora?

─ Você deveria me chamar esta manhã. Lembra-se disso?

José pousou suas chaves no balcão e passou a mão pelo rosto. Ele tinha
esquecido. Mas quem se lembra de algo, depois de ser beijado por Ronin
McCall?

─ Desculpe, mãe. Eu tenho um monte na minha mente agora. Está tudo


bem?

42
─ Está tudo bem, mi hijo2. Você não parece muito bem.

Ele pegou uma garrafa de suco na geladeira e agarrou uma maçã. ─


Estou bem. Apenas cansado. Peguei um cliente importante e vai dar um
monte de trabalho.

─ Novo cliente?

─ Sim, Ma. Laird Anatolis. Lembra dele?

─ Claro que eu me lembro dele. Eu fui sua acompanhante no seu


casamento, lembra-se? Embora eu ainda esteja confusa sobre como você
deixou aquele sexy deus, de cabelo escuro, casar com outa pessoa...

─ Ma!

─ Não me venha com “Ma”. O homem é um partidão!

─ Ele também é um melhor amigo. Eu nunca!

Sua mãe estalou. ─ Esse é o problema com vocês, jovens. Você deixa a
amizade ficar no caminho do amor. Sheesh3.

─ Não seria amor, Ma. ─ José tomou uma bebida do suco. Ele deixou
cair à maçã na mesa de centro e caiu no sofá, atrás dele.

─ Sério? É sobre isso que você está preocupado? Laird parece como se
ele cresceu para ter algum lixo4 em seu tronco, se você sabe o que quero dizer.
José, esse homem poderia fazer coisas para você, que iriam fazer o seu...

─ Ma! Ma, pare! Você está me deixando cicatrizes aqui!

2
Meu filho
3
Forma de mostrar desgosto ou impaciência
4
Aqui refere-se ao pênis

43
─ Oh, elegante. Se você ainda não tem cicatrizes, isso nunca acontecerá.
Apenas pense nisso.

José esfregou os olhos e tomou outro gole da garrafa de suco. ─


Desculpe, Ma. Mas eu apenas não tenho vontade de pensar no lixo de Laird,
de qualquer maneira. Olhe, Ma, eu te amo, mas eu tenho que ir.

─ Si5, si. Tome cuidado e não trabalhe muito duro.

─ Eu não vou. Eu te amo, mãe.

─ Te amo, mi hijo6.

José ficou feliz quando a conversa terminou. Ele amava sua mãe, mas,
às vezes, ela o deixava louco.

Largando o telefone sem fio ao lado dele, ele balançou a cabeça.

Sua mãe queria que ele ficasse com Laird - não era assim que
funcionava. Ele nunca poderia ver Laird, Rajan ou Savaro de uma forma
sexual.

─ Ew... Eu me sinto sujo, de repente. ─ Ele se levantou e se despiu


enquanto subia as escadas para o quarto. Ele parou o tempo suficiente para
remover o relógio, então, entrou no banheiro e tomou um banho. Assim que
ele reuniu alguns lanches e algumas garrafas de água, ele passou o resto do
dia verificando os números para o lugar de Laird, mais uma vez. Logo, os
números estavam todos borrando juntos e se transformando no rosto de
Ronin. Ele franziu a testa, fechou a pasta, desligou o laptop, e pegou as chaves

5
Sim
6
Te amo, meu filho

44
do carro. Se ele dirigisse para os novos escritórios, em Century, a brisa iria
limpar sua cabeça. Ou, talvez, ele deveria ir para a praia. De pé, ao lado de seu
carro, ele decidiu pela praia. Não haveria ninguém lá, naquele momento do
dia. Ele sempre amou andar a pé na areia. Na maioria das vezes, ele iria fazê-
lo com os pés descalços, até se lembrar que os adolescentes bebiam lá nos
finais de semana. Sempre havia garrafas quebradas e restos de fogueiras. José
fez uma nota mental para manter seus sapatos. A última coisa que ele queria
era acabar no hospital para uma vacina contra o tétano, porque ele cortou o
pé.

Desde o momento em que ele entrou no carro e puxou sua cabeça do


torpor em que estava, ele não estava na praia. José estava do lado de fora da
porta de Ronin, com o urso sexy olhando para ele com um olhar aquecido.
José sabia que Ronin sabia, exatamente, por que ele estava ali. A parte triste
foi, mesmo enquanto ele estava lá, encontrando o olhar de Ronin, José ainda
estava tentando negar tudo. Isto não estava acontecendo. Era tudo um sonho.

A forma como José ficou diante dele o assustou, no início.

Então, ele viu algo nos olhos do homem, que tanto o excitava, como o
deixava curioso. Ainda assim, ele não se mexeu. ─ Duas visitas em um dia,
José? A que devo o prazer?

─ Eu não queria vir aqui, ─ José respondeu, passando por Ronin. Ele
esfregou as palmas das mãos contra as coxas no jeans que vestia. ─ Eu queria
ir para a praia, mas aqui estou.

45
José tinha um perfume que fez seu coração pulsar dentro do seu peito.
Era uma colônia que ele nunca esqueceria- Hearbeat7. Mas ele nunca gostou
desse cheiro em nenhum homem antes.

Talvez fosse porque eles se banhavam nele. Respirando fundo, Ronin


fechou a porta e seguiu. Ele encostou-se no batente da porta e cruzou os
braços. Ele observou José caminhar pela cozinha, em silêncio, por um tempo,
antes de respirar. ─ José…

─ Dê-me um segundo, ─ José respondeu, ainda andando furiosamente.

─ Você quer uma bebida? Algo para comer?

─ Droga, Ronin! Me dê um segundo!

Ronin observou-o, durante o tempo que podia, antes de se aproximar,


ficando na frente dele, e agarrar o ombro de José. ─ Pare. Pare com isso. Você
vai fazer um maldito buraco no meu piso novo. Agora, qual é o problema?

Quando seus olhares se encontraram, Ronin não precisava de uma


explicação. Ele viu o fogo, o incerto desejo, que se alastrava dentro dos olhos
do homem. Mas, mesmo assim, ele, simplesmente, não entendia por que
aquele fogo queimava por ele, tanto quanto ele estava rugindo dentro dos
olhos de José. Respirando fundo, ele levou José para uma cadeira e se sentou
ao lado dele.

─ Você sabe por que estou aqui. ─ A voz de José foi preenchido com
suave finalidade.

─ Sim.

Coração disparado (marca perfume)


7

46
─ E?

Silêncio.

Silêncio?

O que ele deveria dizer a isso? Ele só tinha conhecido o homem por um
dia e ele já o queria de maneiras que não faziam sentido lógico. Ronin não se
moveu, ele nem sequer virou a cabeça, para olhar para o belo exemplar de
homem sentado ao lado dele. Havia um calor irradiando do corpo de José,
que aqueceu Ronin - que o fazia querer fugir e ficar, tudo ao mesmo tempo.
Prendendo a respiração, ele estendeu a mão para a coxa de José e acariciou-o
suavemente.

Lentamente, ele foi subindo a mão. José agarrou-a e parou a meros


centimetros de seus quadris.

─ Ronin...

Ele puxou a mão para trás. ─ Eu sinto muito.

José levantou-se de onde estava sentado e pressionou suas costas na


parede. Ronin esticou as pernas diante dele e sentou-se para trás, no sofá,
dando a José a chance de olhar para ele. Ronin descobriu que adorava a
maneira como o olhar de José percorria seu corpo, como se o despindo. Ele
olhou para os lábios de José, percebendo a maneira como eles se separaram
levemente. Ele sorriu.

─ Você vai ficar ai e olhar para mim o dia todo? ─ Ronin estava
orgulhoso de quão suave sua voz estava com sua pergunta.

47
─ Sim, eu vou. Eu acho que é mais seguro, do que o que está passando
pela minha cabeça.

─ E o quê ─ ele se inclinou para frente, para descansar os cotovelos


contra seu joelho. ─ está acontecendo em sua cabeça?

─ Eu não quero... quero dizer, eu não sei se eu posso... Ronin, eu não


sou nada como os homens que você está acostumado.

─ E como você sabe o tipo de homens que eu estou acostumado?

José riu e esfregou as palmas das mãos contra as coxas. ─ Quero dizer,
olhe para você? Você é tudo grosso e musculoso e todo... urso. Eu estou tão
longe de urso como você pode obter.

Ronin riu. ─ Quando se trata de homens, eu não discrimino. Eu os amo


inteligentes, engraçados... aberrações.

Os olhos de José se arregalaram.

─ Assustado, José?

─ De?

─ Ser uma aberração.

José lambeu os lábios. ─ Não assustado.

O quarto caiu em um silêncio que ameaçava deixar Ronin insano. José


caminhou até ele e, desta vez, Ronin assistiu o adorável homem ajoelhar-se
diante dele. José agarrou suas coxa e acariciou para cima.

48
─ Eu quero você, Ronin. Porra, você me deixa tão nervoso e eu nunca
antes me senti tão assustado em ficar com um homem. Quem me conhece
nunca iria acreditar que eu, realmente, estou tremendo.

Ronin sorriu e embalou o rosto de José. ─ Você quer que eu faça amor
com você?

Ronin o beijou, permitindo que sua língua mergulhasse na boca de José,


para sugar a resposta dele. José gemeu e Ronin sentiu uma onda de calor em
sua espinha.

Gemendo, Ronin escorregou do sofá, ficando de joelhos, e continuou se


alimentando de sua boca, enquanto deslizava a mão pelas costas de José, para
pegar sua bunda. O pensamento de espalhar José no chão e provar todos os
seus locais secretos fez o pênis de Ronin endurecer. Ele levantou a cabeça e
sorriu.

─ Vamos, José. Deixe-me mostrar-lhe o meu quarto.

José riu. ─ Essa linha não é suposto trabalhar em mim, porque eu a usei
antes, mas inferno sim.

49
Capítulo 6
José permitiu que Ronin o conduzisse pelas escadas e entrasse em um
quarto grande. Normalmente, ele iria demorar algum tempo a olhar ao redor,
conferir os móveis, mas com Ronin, tudo o que ele podia fazer era alcançar a
camisa do homem. Ele respirou fundo, em seguida, bateu a boca sobre a de
Ronin, forçando sua língua na boca de seu amante e abriu sua camisa. Ronin
fez o mesmo com ele e logo eles estavam mais próximos, do que José tinha
estado com um homem em um tempo. Os mamilos com piercings de Ronin
cavaram no peito de José, mas ele não se importava. Ao contrário, ele
estendeu a mão e roçou as unhas contra os mamilos. Ronin rugiu e puxou
para trás, apoiando-se em direção à cômoda e pressionando as costas nela.
José sorriu, observando o olhar faminto, quase selvagem, que passou através
dos olhos de Ronin. Ele sabia por que ele beliscou os mamilos de Ronin.
Sorrindo, ele se aproximou, prendendo Ronin contra o móvel, e chupando o
mamilo direito de Ronin.

─ Merda, ─ Ronin rosnou. ─ Merda.

Os dedos de Ronin apertaram os cabelos de José e puxaram, mas José


não estava prestes a largar sua presa. Ronin praguejou, repetidamente; seu
corpo se contraiu violentamente. Descendo, José massageou o pau de Ronin,
apertando.

─ Espere, deixe-me tirar minha calça ─ Ronin sussurrou.

50
José soltou o cinto, em vez disso, e enganchou um dedo abaixo do
botão. Quando estava livre, José liberou Ronin e voltou para a cama. Ele se
sentou, assistiu Ronin retirar seu jeans, então sua cueca. Os olhos de José se
arregalaram.

Ronin estava excitado e seu pau se contraiu sob o olhar de José. Ele
sorriu, enquanto Ronin caminhava na direção dele, ajoelhou-se, montado ele
na cama, e deitou-o de costas.

O beijo era tão hipnotizante como o primeiro. José perdeu a cabeça.


Cada vez que o peito de Ronin roçava contra ele, José sentiu uma carga de
eletricidade disparar através dele. Ele sussurrou o nome de Ronin, mordeu o
lábio inferior, e arqueou, para obter seu corpo pressionado contra o de Ronin,
a qualquer custo. Ronin colocou a palma da mão no peito de José,
empurrando-o para a cama.

─ Merda, Ronin.

─ Não gosta de um gosto de seu próprio remédio? ─ Ronin riu.

─ Você está tentando me fazer pegar o que eu quero.

Ronin respirou fundo, em seguida, puxou o lábio inferior de José entre


seus dentes. Ele mordeu delicadamente, fazendo com que José ronronasse.
José passou os braços em torno do corpo de Ronin, traçando os dedos contra
cada pedaço de carne que ele poderia encontrar. Ele sentiu como se estivesse
voando alto, e se ele não se segurasse, ele voaria para longe.

Ronin se afastou, momentaneamente, para despir José e pegar um


preservativo e uma garrafa de lubrificante, de uma mesa de cabeceira. Com

51
isso na cama, ao lado de José, José observou enquanto Ronin deslizava por
seu corpo. José fechou os olhos e os apertou. Ele esperou, segurando a
respiração, até a boca quente, molhada, de Ronin engolir seu pênis.

─ Oh... querido... querido! ─ José sussurrou. ─ Papai, pegue isso.

Agarrando a fronha ao seu lado esquerdo, José agarrou a parte de trás


da cabeça, suavemente, raspada de Ronin. Ele empurrou seus quadris para
cima, sentindo o pênis deslizar mais profundo na boca de Ronin. Seus olhos
rolaram em sua cabeça, quando onda após onda de prazer disparou através
dele. A pressão sobre seu pênis o deixou fraco e delirante de alegria. Então,
um dos grandes dedos de Ronin penetrou ele.

─ Droga José, quanto tempo tem sido?

Fracamente, ele empurrou os cotovelos e sorriu através de seu torpor


para seu amante. ─ Você não... não iria acreditar em mim se eu lhe disser.
Você poderia simplesmente... ─ José parou e girou seus quadris, para mostrar
a Ronin o que ele queria.

Ronin puxou o dedo de volta, apenas para empurrá-lo de volta, duro e


rápido. José gritou o nome de Ronin, enquanto seus cotovelos cederam e ele
bateu de volta na cama.

─ Foda-me... por favor...

Ronin não ia reclamar. Ele mal se mantive de gozar, enquanto dava um


boquete a José.

52
Rapidamente, ele colocou o preservativo, jogou a garrafa de lubrificante
por cima do ombro, após usá-lo, e espalhou as pernas de José mais
amplamente. Seus olhos se encontraram, mesmo quando ele guiou seu
latejante pau no buraco de José, e empurrou para a frente com cuidado. Um
assobio alto encheu o ar. Ele piscou, tentando impedir que seus olhos
cruzassem para ver o que era. Estava vindo de seus lábios, porque seu corpo
estava preso dentro de uma calha quente, apertada, que ameaçava deixá-lo
louco. O aperto quente do buraco de José deixou-o agarrando os quadris de
seu amante e segurando muito quieto. Se ele mesmo respirasse, ele sabia que
estava tudo acabado.

Lambendo os lábios, ele se inclinou para a frente, esmagando o pau de


José entre seus corpos, para capturar os lábios de José, e empurrou sua língua
para a boca dele. Enquanto o beijo continuava, os quadris de Ronin bateram,
repetidamente, no corpo de José, com tanta força que a cama nova rangia
impiedosamente.

Ele não conseguia respirar, mas ele não se importava. Ele puxou sua
boca para longe, ofegante, para entrelaçar seus dedos com os de José.

José parecia tão lindo, arqueado para cima e ofegante. Seus olhos
estavam fechados, seus lábios, inchados pelo beijo, separados levemente.
Ronin arrastou uma mão pelo corpo de José, sobre seu abdomen, e parou nos
mamilos de José. Ele beliscou-os, torcendo os botões apertados, enquanto
torcia.

─ Oh! ─ José engasgou. ─ Dê isso para mim!

53
Ronin permitiu que os sentimentos corressem através dele, para
assumir seu corpo. Cegamente, ele fodeu José, apreciando a sinfonia do
ranger de cama e os gritos cheios de prazer de José.

─ Toque meu pau, ─ José engasgou. ─ Por favor…

Ronin agarrou o pau de José e acariciou. Não demorou muito para que
o corpo de José ficasse duro e explodir.

─ Droga! ─ José chorou. Ele ergueu a mão, para morder os dedos contra
um grito, enquanto seu corpo estremecia e se debatia contra a cama.

Sua buraco apertado, sufocando o pau de Ronin e deixando-o impotente


para o que veio a seguir. Uma onda quente tomou conta de Ronin, seus olhos
rolaram em sua cabeça, em seguida, e ele empurrou sua bunda para trás,
puxando seu pênis do corpo de José, mesmo quando ele explodiu dentro do
preservativo. Ele sentiu José se movendo, mas estava fraco demais para fazer
muita coisa, além de cair de cara na cama, ofegante. Ele sentiu as mãos de
José contra a sua bunda, e sorriu enquanto empurrava sua bunda para cima,
ligeiramente. José espalhou-o e usou a língua para jogar ao longo do buraco
de Ronin.

Ele pensou que estava muito cansado, muito gasto para nada mais, mas
no instante em que a língua de José roçou sobre ele, sua excitação aumentou.
Ele olhou por cima do ombro, para ver a cabeça de José para cima e para
baixo, tanto quanto pôde, antes que ele não tinha controle sobre nada. José
lambeu, chupou, e tocou-o para outro clímax poderoso.

54
De algum lugar, na escuridão da mente cheia de sono de José, ele podia
ouvir Tequila tocar. Gemendo, ele se aconchegou no calor da cama, até suas
costas baterem em algo duro. Seus olhos se abriram enquanto se empurrava
na cama. A música ficou mais alta e ele percebeu que era o seu telefone
tocando. Então, o que ele tinha feito na noite anterior voltou para ele e foi
preciso toda a sua força de vontade para não fugir. Ele olhou para o rosto
adormecido de Ronin e um sorriso se espalhou em seus lábios.

Seu coração martelando deu um salto e pulsou de novo, mas, desta vez,
foi por uma razão completamente diferente. Desta vez, foi pela emoção de ter
um homem como Ronin ao lado dele, na parte da manhã. Houve uma calma
estranha, uma bela sensação que veio com isso. José se perguntou se ele
poderia se agarrar a isso, engarrafá-lo mesmo, para manter sempre com ele.
O telefone parou de tocar, por apenas um mero momento, antes de começar
mais uma vez. Ele se mexeu.

─ Volte para a cama, ─ Ronin sussurrou, estendendo a mão para ele.

─ Ronin.

─ Mais dez minutos. ─ Ronin o puxou de volta para baixo e passou um


braço em torno dele.

─ Eu sei, querido, mas meu telefone não vai parar até que eu responda.

Ronin gemeu, mas seu braço soltou, assim José deslizou para fora. Ele
encontrou seu telefone sob a calça de Ronin, pegou, e viu que era Savaro. Ele
arqueou uma sombracelha e repondeu. ─ Ei. Está tudo bem?

─ Meio... escuta, eu preciso de um favor.

55
José se sentou no lado da cama. Ronin começou a acariciar a parte
inferior de suas costas. José gemeu. ─ O que você precisa?

─ Trata-se de um momento ruim? Você achou alguém para animá-lo?

─ Savaro Kendricks-Anatolis! Vá direto ao ponto. ─ José riu, enquanto


calor cobria seu rosto.

─ Eu vou deixar isso... por agora... Ok, então, o que eu queria. Jamal
está fora da cidade para um jogo e todo mundo está ocupado fazendo uma
coisa ou outra. Eu queria saber se Leroy poderia ir vê-lo depois da escola e
você o poderia manter para nós, por um par de dias. Quero fazer uma
surpresa a Jamal, para o seu aniversário, em Los Angeles.

─ Claro! ─ José aplaudiu, arqueando para os dedos curiosos de Ronin. ─


Você sabe que eu adoro ter meu afilhado ao redor.

─ Tudo bem. Eu vou passar por seu lugar mais tarde, com algumas de
suas coisas.

─ Ele é alérgico a leite, certo?

─ Sim. Intolerância à lactose. Os médicos deram-lhe alguns


comprimidos para tomar, antes de comer qualquer lacticínios, mas eu não sei
se eles funcionam ou não. Então, se ele for ter algum sorvete, ele deve tomar
um comprimido meia hora antes, e ele só pode comer uma colher.

─ Tudo bem. Que horas você estava pensando em passar?

─ Bem, eu imagino que você não está em casa, desde que sua respiração
está ficando difícil, então eu vou dizer, não até ao final do dia de hoje.

56
─ Você é um idiota, você sabe disso?

─ Cara, olhe quem são meus irmãos! Acredite em mim, já me disseram.

Savaro estava rindo demais e, embora José estivesse sorrindo, ele ainda
desligou na cara do homem. Ele deixou cair o telefone na mesa de cabeceira
de Ronin e se arrastou de volta para a cama de seu amante.

Escorregando muito perto, José beijou Ronin duro, enquanto


serpenteava a mão debaixo das cobertas para acariciar o arredondamento
perfeito do traseiro de Ronin.

─ Há uma guitarra no canto, ─ José sussurrou, acariciando. ─ Você


toca?

─ Um pouco. ─ Eles se beijaram, Ronin gemeu e suspirou antes de se


afastar. ─ Meu pai ensinou a mim e meu irmão Mack.

─ Você poderia me tocar alguma coisa? ─ José levantou da cama e foi


até onde a guitarra estava no suporte e pegou com cuidado. Segurou-a como
se fosse um bebê recém nascido, com medo que ele fosse puxar um momento-
José e tropeçar nos próprios pés. A última coisa que ele queria fazer era
quebrar o belo instrumento. Quando ele chegou à cama, ele sorriu e entregou
a Ronin, que agora estava sentado, maravilhosamente, nu.

Lambendo os lábios, ele se sentou em frente a Ronin e viu como ele


embalou a guitarra. Ronin parecia à vontade segurando o instrumento,
enquanto seus dedos dançavam sobre as cordas e uma bela melodia familiar
flutuou pelo ar.

57
Então, para sua surpresa, Ronin tocou uma bonita versão de Always on
My Mind, de um cantor que Jamal tinha apresentado a José, chamado
Da'Ville. José estremeceu. Havia algo sobre um homem do tamanho e físico
de Ronin cantando uma canção de amor, com uma voz que só poderia ter
vindo do céu. Quando a música terminou, José não tinha palavras. Tudo o
que ele fez foi se aproximar e beijar Ronin, envolvendo um braço em torno da
parte de trás de sua cabeça, e tomando cuidado para não pressionar muito
perto da guitarra.

─ Isso foi lindo ─ José sussurrou.

─ Você é muito bem-vindo - tem sido um tempo desde que eu toquei.


Ela costumava ser de meu pai.

─ Esse é um dos melhores presentes que um pai pode dar a uma


criança.

Ronin sorriu suavemente e colocou a guitarra ao lado da cama,


encostada na parede. ─ Música.

58
Capítulo 7
Dois dias se passaram, desde que José esteve com Ronin. Embora eles
falassem ao telefone, José decidiu, a fim de obter qualquer trabalho feito, que
ele ia ter que enfrentar uma seca de Ronin. Todas as noites, antes de dormir,
os dois conversavam, assistiam filmes e compartilhavam sonhos, por telefone
ou mensagens instantâneas. Até ao momento em que o terceiro dia chegou,
José, finalmente, puxou-se de correr, para trás e para a frente, entre Eros e
Century, e passou pela casa de Rajan, para uma conversa amigável.

Quando ele chegou lá, no entanto, Rajan não estava sozinho e Xavier
convidou José pra ficar para o almoço.

─ Então, como vão as coisas com você? ─ Xavier perguntou, colocando


três pratos na mesa de centro, ao lado de uma grande bacia de frango de curry
e um prato cheio de pão de pita. José se sentou no outro lado da mesa e, em
conjunto, os três homens comeram. Foi estranho. A forma como José amava
estes homens, como se fossem seus irmãos, e sabia que sempre podia
depender deles. Mas, além disso, sentia-se tão à vontade ao seu redor, era
como respirar.

─ Bem, eu estou feliz por você, José ─ disse Rajan. ─ Ronin parece ser
um bom sujeito.

─ Ele é. Eu não o vi em três dias e eu quero arrancar meu cabelo para


fora.

59
─ Por que não? ─ Xavier quis saber.

─ Bem, nós queremos acabar o trabalho de Laird, e um par de outros


trabalhos que eu tenho ─ José respondeu, enfiando um pedaço de pão coberto
de curry em sua boca. ─ Falamos ao telefone o tempo todo e outras coisas,
mas não é o mesmo.

─ Você quer sentir seu toque ─ Xavier sussurrou. ─ Eu entendo como


você se sente. Quando Raj vai embora, para suas filmagens, às vezes, eu sinto
como se estivesse escalando as paredes.

─ Descuple ─ disse Rajan.

Xavier riu e beijou a cabeça de Rajan. ─ Não é uma coisa ruim. Eu sabia
que isso iria acontecer. O que eu estou tentando dizer é, a maneira como você
se sente sobre ele, mesmo que vocês dois apenas tenham ficado juntos, nunca
deixe isso mudar.

José concordou, em silêncio, e comeu por um tempo. Uma vez que a


refeição terminou, ele ajudou os caras a limpar, em seguida, retirou-se para a
sala de estar com uma cerveja. Ele disse-lhes o que aconteceu com Ronin e a
guitarra.

─ Ele fez o quê? ─ Rajan perguntou, sentando-se no braço do sofá e


mastigando uma maçã. ─ Dang! X, por que você nunca cantou para mim?

Xavier bateu a testa contra a mesa e gemeu. ─ Agora olhe o que você fez!
E, além disso, você não é o cantor neste casamento?

─ Oh! ─ Rajan exclamou. ─ Touché!

José riu. ─ Sério. Ele tem uma voz que é apenas - apenas tão boa.

60
Suspirando, José tomou um gole de sua cerveja e esticou as pernas
diante dele. Ele ficou em silêncio por um tempo, antes de, finalmente,
respirar fundo e olhar para Rajan. ─ Eu não sei, caras. Eu acordei ao lado dele
e eu não poderia dizer a última vez que passei a noite na casa do homem, e
não fugi de manhã.

─ A clássica caminhada da vergonha? ─ Rajan riu.

─ Nós todos já fizemos isso.

─ Oh... diga. ─ Xavier olhou para Rajan, naquela maneira calorosa, que
José sabia que ele olhova para Ronin.

Mas antes que Rajan pudesse dizer qualquer coisa, o telefone de Xavier
tocou. Rajan suspirou e levantou-se. José sabia o que isso significava também.
Xavier, comandante da SWAT, tinha que sair para um trabalho. Ele viu como
Xavier beijou Rajan e ouviu como os dois murmuraram seu amor um pelo
outro.

─ Venha para casa ─ disse Rajan.

─ Eu te amo ─ Xavier respondeu e saiu pela porta.

José viu o coração de Rajan quebrar um pouco quando a porta fechou.


Rajan não se moveu de onde estava, até muito tempo depois do som do motor
morrer na distância. José respeitava a enormidade do que estava acontecendo
e permaneceu em silêncio. Finalmente, Rajan se moveu e sorriu.

─ Eu não posso imaginar o quão difícil é para você, vê-lo sair para o
trabalho assim. ─ José tomou um gole de sua garrafa e se inclinou para a
frente. Ele apoiou os cotovelos sobre os joelhos. ─ Eu sinto muito.

61
Rajan sentou ao lado de José e tomou a cerveja de José de sua mão,
para tomar um gole, antes de entregá-la de volta. ─ É difícil. Eu vi o trabalho
que ele faz em primeira mão e me preocupo com ele passando por portas. Mas
eu também conheci o CT e eles são caras e moças maravilhosos, que têm suas
costas.

José deu um tapinha na coxa de Rajan, carinhosamente. ─ Pense


positivo, menino Rajie. O seu homem te ama demais, para deixar algum punk
idiota levá-lo para longe de você.

─ Obrigado, José.

─ À qualquer momento.

─ Então, você e Ronin estão ficando sério?

─ Espero que sim ─ respondeu José, olhando para a garrafa. ─ O


homem faz coisas para mim, ele me faz sentir como naqueles filmes em que o
homem é tão maldito perfeito para você, que tudo o que você quer fazer é
chorar.

─ Você? Chorar? Estou sendo enganado?

─ Você sempre tem que ser um babaca? ─ José perguntou.

─ Claro! Isso é parte do meu charme.

José balançou a cabeça e sorriu. Ele esvaziou sua cerveja e relaxou no


assento. Ele tinha levado algum trabalho, mas depois de passar a maior parte
da manhã a pôr em dia a papelada, ele tinha que verificar com a sua equipe.
Ele não estava a ponte de ir a qualquer lugar, embora-bem, talvez o banheiro.

62
─ Eu tenho que ir ao banheiro.

Rajan puxou as pernas e José passou por ele.

Ronin olhou para as amostras de material e olhou para a parede. A cor


era um belo bronze. Ele tinha acabado de comprar algumas novas tintas que
seriam perfeitas para esta tarefa.

Sorrindo, ele dobrou as amostras de cores e colocou-as de volta em sua


mochila. José tinha as dado a ele, antes de sair, para que ele pudesse começar
a formular as imagens, mas a verdade era que tudo em que ele podia pensar
era José. Um dia se passou desde que eles fizeram amor. Três horas desde que
ele tinha visto José. Ele queria tocá-lo na mais íntima de maneiras, mas
Leroy, afilhado de José, iria passar algum tempo com ele. O menino era
brilhante, tinha maneiras, e era divertido.

Ele deu a volta para seu laptop e enviou uma mensagem ao seu
fornecedor para pergaminho, quadros, e algumas outras necessidades, antes
de desligar o computador e o empurrar em sua bolsa. Fora da porta, ele podia
ouvir a equipe de José se movendo ao redor. Ao longe, uma serra começou a
roncar, alguém estava batendo alguma coisa, e riso explodiu de vez em
quando.

─ Ei, Ronin.

Ronin olhou para cima para ver uma mulher, que José tinha
apresentado como Marley, a pintora. ─ Marley, tudo bem?

─ Será que você já descobriu o que você precisava?

63
Ronin assentiu. ─ Sim. Mesmo encomendei o material.

─ Tempo perfeito, então! A equipe e eu estamos indo até Anatolis para o


almoço. Savaro nos alimenta, gratuitamente, sempre que vamos. Você está
dentro?

─ Você está dirigindo todo o caminho até Eros para almoçar?

Marley concordou com a cabeça, os olhos arregalados. ─ Você está


brincando? Você provou os pães de mel daquele homem?

Ronin pensou na insinuação sexual nisso e riu. ─ Não posso dizer que
eu tenho.

─ Arrume suas coisas. Você terá uma surpresa! ─ Ela sorriu para ele, em
seguida, caminhou para fora da porta gritando: ─ Ei! Ronin esta dentro!

O grupo aplaudiu e ele balançou a cabeça com uma risada. José tinha
dito que eles iriam recebê-lo bem, mas ele nunca, em um milhão de anos,
pensou que seria tão agradável. Puxando-se de seus pensamentos, ele agarrou
sua bolsa, desconectou seu telefone celular da parede e saiu para o corredor.

─ Você vai encontrar-nos no Anatolis? ─ Keith o encanador perguntou.

─ Claro. Eu dirigi aqui e eu, realmente, não quero deixar o carro


alugado aqui ─ explicou Ronin. ─ Alguém precisa de uma carona?

─ Presley! Você precisa de uma carona? ─ Marley gritou.

A mulher de ébano, no casaco e o cinto de ferramentas, se levantou de


onde ela estava e permitiu que a fita métrica deslizasse com uma paulada. Ela

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empurrou a aba de seu chapéu duro para cima e sorriu com um aceno. ─
Quem quer me dar uma carona?

Ronin riu. ─ Tudo bem, Presley. Você está comigo.

─ Ponto. Deixe-me pegar minhas coisas.

A viagem de volta para Eros foi interessante, para dizer o mínimo.


Presley encontrou uma estação de hip-hop de Mousa e acionou-a. Ela estava
dançando no assento como uma louca.

─ Vamos, sorria, Ronin. Não é o fim do mundo, ─ ela encorajou.

Ronin riu. ─ Eu sei.

─ José mudou ─ explicou Presley.

─ Mudou? O que você quer dizer?

─ Eu não sei. ─ Ela deu de ombros e desligou o rádio. ─ Ele ficou um


pouco quieto, ultimamente.

─ E isso é novo?

─ Sim. O velho José era engraçado, sempre fazendo piadas Ele era um
pouco de uma cabeça oca e nós o amamos dessa maneira. Quero dizer, nós
ainda o amamos, mas ultimamente ele tem sido tão... eu não sei como dizer
isso.

─ E todos vocês pensam que é por minha causa. ─ Era mais uma
afirmação do que uma pergunta.

65
─ Sabemos que é por sua causa. Ele, realmente, gosta de você, eu acho, e
ele está com medo, que se ele mostrar o verdadeiro José, você vai sair e não
lhe dar uma chance. Eu estou apenas sendo intrometida, mas eu não acho que
você o merece, se você o forçar a mudar quem ele é.

Ronin estava atordoado. Depois que eles tinham feito amor e que
tinham falado e roubado beijos, ele nunca pensou que José estava sendo
diferente do homem nervoso que ele tinha conhecido dias antes.

Ele, realmente, gostava de José e o pensamento de ser a causa de


alguma infelicidade para este homem era mais do que ele podia suportar. ─
Eu não pedi a ele para mudar quem ele é, Presley. Realmente.

─ Então, algo aconteceu. Eu o conheço desde-eu nem me lembro. Isso é


quanto tempo tem sido. Ele nunca foi assim em torno de um homem antes e a
maioria não é bom.

─ Eu vou falar com ele.

No Anatolis, Ronin olhou para o relógio. Era a hora do dia em que Leroy
deveria estar na escola. Quando Presley saiu do carro, Ronin viu como ela se
inclinou para frente para olhar para ele.

─ Você vem? ─ ela queria saber. ─ A última pessoa tem que comprar a
tequila na noite de festa.

Ronin conseguiu um sorriso, mas balançou a cabeça. ─ Não. Eu tenho


algo que eu preciso fazer primeiro. Vocês se divirtam.

─ Tudo bem. Como você quiser.

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Ele observou ela entrar no Anatolis, em seguida, inverteu a direção, do
local de estacionamento. Ele virou o carro para leste e não parou até que ele
parou diante da casa de José. Ele respirou fundo, subiu até aos degraus da
frente e tocou a campainha. Quando José abriu a porta, Ronin passou por ele
para a casa, tirou os sapatos, e continuou para a cozinha.

─ Ro?

Ele não disse nada. Os passos de José viram pelo corredor e logo José
estava inclinado, facilmente, no batente da porta, observando-o com
preocupados olhos castanhos.

─ Qué pasa?

─ O que isso significa? ─ Ronin queria saber.

─ Significa, “o que há de errado?”

─ Você mudou quem você é por causa de mim? ─ Ronin perguntou.

─ O quê?

─ Você mudou quem você é por causa de mim?

─ De onde vem isso?

─ Você mudou?

─ Ronin, pelo amor de Deus.

Ronin cruzou os braços sobre o peito, da mesma forma que seu pai
costumava fazer quando os rapazes estavam em apuros. ─ Então, é um sim.

─ Não foi uma mudança tão grande.

67
─ É grande o suficiente. As pessoas perceberam.

─ Quem se importa com o que eles pensam? Ronin, você está agindo
como se eu te trapaceei ou algo assim. Eu fazer algumas mudanças em minha
vida não é um grande negócio.

─ Mas fazer essas mudanças fazem você feliz, José?

Ronin assistiu os ombros de José subir e descer, drasticamente, com


uma respiração, antes que ele empurrou o batente da porta e caminhou para
mais perto. Ele agarrou os quadris de Ronin e olhou para o rosto dele. ─ Eu
fiz as mudanças, porque eu não quero estragar isto tudo, como eu fiz em meus
relacionamentos passados. Tenho trinta e até agora eu nunca tive um
relacionamento sério. Eu não quero que meus altos e baixos me custem uma
chance com você.

─ Mas José, as pessoas que te amam estão preocupados. ─ Ronin


procurou seus olhos. ─ Eles vêem essas mudanças como algo negativo. E qual
é o uso de você fazer essas alterações quando você está infeliz?

─ Eu não estou infeliz.

─ Mas você vai estar. Você vai acordar um dia e perceber que essas
coisas são o que fazem você, você. Elas são o que fazem seus amigos amarem e
cuidarem de você. Que mudanças você fez?

─ Eu tenho sido meio que um festeiro... E tendo a ser desajeitado e,


acima de tudo, eu falo o que vem à minha mente, na maioria das vezes, não
são as coisas mais inteligente. Eu não queria que você acordasse um dia e se
perguntasse por que você estava comigo. Eu só-eu quero que isto funcione.

68
Sentindo-se, particularmente, fraco, do calor de José estar tão perto,
Ronin abaixou a cabeça e beijou José suavemente. ─ E eu também. Passou
tanto tempo desde que eu estive com alguém, especialmente, alguém como
você, que me mantém jovem e me faz rir, mesmo sem saber isso. Nunca
desista de sua felicidade pela minha.

─ E se eu achar que você vale a pena?

Ronin sorriu, seus olhos se fecharam, e ele baixou a boca para a de José.
─ Então, me fale sobre isso primeiro. Promete?

─ Eu prometo.

José respirou profundamente, sentindo que um entendimento mútuo


tinha sido alcançado entre ele e Ronin. Ele amava a maneira como eles
fecharam o acordo, mas ele queria mais do que apenas um beijo. Puxando sua
boca para trás, ele verificou a hora. Pouco passava do almoço e Leroy não
estaria em casa por mais quatro horas. Sorrindo, ele estendeu a mão e
começou a desabotoar a camisa de Ronin. Seus olhares se encontraram e José
estava tão ligado, por apenas olhar nos olhos de Ronin, que ele agarrou os
lados da camisa de Ronin e puxou. Quando ele podia pressionar as palmas de
suas mãos contra o calor do peito do homem, ele gemeu e acariciou cada
pedaço de pele que pudesse alcançar. Ele então usou a boca para traçar o
mesmo curso com as mãos fizeram, só que ele parou para serpentear a língua
sobre cada um dos mamilos perfurados de Ronin.

─ José…

69
Ele enfiou os dentes no piercing e puxou, suavemente, antes de soltar o
botão com um pop suave, para passar os dentes sobre a cabeça sensível.
Ronin entrelaçou os dedos no cabelo de José e moveu a cabeça de José para o
próximo mamilo. José mostrou a mesma atenção, provocando, torturarando,
amando o mamilo, até que sentiu Ronin tremer violentamente. José não
desistiu, ele chupou o mamilo, mordeu, até Ronin grunhir alto e usar o cabelo
para alavanca, afastando a boca de José.

─ Esse é o Ronin que eu lembro ─ José sussurrou, fechando o espaço


entre eles. ─ Por que você está se segurando?

Ele estendeu a mão e apertou o mamilo de Ronin com um sorriso. Ele


adorava a maneira como Ronin fechou os olhos e permitiu que sua cabeça
caisse para trás, expondo seu belo pescoço. Ele lambeu os lábios e atacou,
usando os dentes para arrastar sobre a pele exposta do pescoço de Ronin. Ele
sugou o pulso e puxou sua língua ao longo do comprimento.

─ Eu estou com vontade, Ronin-para um pouco de mau


comportamento, ─ José sussurrou, passando o dedo pelo cinto e puxando-o
para longe do trinco. ─ Eu quero que você use meu corpo nas mais deliciosas
maneiras. Pode fazer isso por mim?

Ronin resmungou suavemente.

─ Isso é um sim?

─ Oh, bebê ─ disse Ronin, agarrando o cabelo de José e puxando sua


cabeça para trás. Ele chupou a base do pescoço de José, antes de traçar o
comprimento com sua língua, em seguida, mergulhando-a na boca de José.

70
Ele exigiu o beijo de José e quando ele recebeu, Ronin puxou para trás, para
sugar seu queixo. ─ Isso é um, inferno sim. De joelhos.

José deslizou para o chão e terminou de desfazer o cinto segurando a


calça de Ronin em sua cintura. Em silêncio, com apenas os sons fora de casa e
sua respiração pesada como interrupções, José liberou o pau de Ronin,
lambendo os lábios na cabeça, perfeitamente, arredondada, antes de engoli-la
com sua boca.

Ele gemeu quando o pré-sêmen quente deslizou em sua língua. Ele


chupou com fome para mais, fechou os olhos e acariciou Ronin. Ele usou a
língua para deslizar sobre a cabeça do pênis, em busca de mais sucos para
provar. Ele não ficou desapontado.

Os dedos de Ronin encontraram seu cabelo e se enroscaram ali,


tentando mover a cabeça mais rápido. Mas José não tinha pressa. Ele estava
indo tomar seu tempo e desfrutar de todos os pedaços do membro de Ronin
que podia. Quando ele se afastou por ar, foi apenas para lamber contra o eixo
e as bolas dançando de Ronin, sobre sua língua, antes de sugá-las para sua
boca. Um som baixo retumbou no peito de Ronin e José tomou isso como um
sinal de que estava fazendo algo certo.

─ José…

A resposta de José foi virar Ronin ao redor e pressionar uma mão contra
a parte inferior das costas de seu amante. Quando Ronin mergulhou para a
frente, ele espalhou as bochechas de Ronin e mergulhou sua língua. Um
grunhido escapou de seu peito, com o gosto que lhe era familiar. Ele amava o
calor do corpo de Ronin e a forma como ele derretia apenas para ele.

71
Suspirando, José esfregou as palmas para cima, pelas pernas cobertas de
cabelo de Ronin, até suas coxas, e ao longo das arredondadas meias-luas de
suas nádegas.

─ Venha aqui, ─ Ronin sussurrou, afastando-se.

José aceitou suas mãos e a ajuda para levantar-se. Quando eles estavam
cara-a-cara, Ronin embalou suas bochechas e pegou seus lábios. José aceitou
a aspereza da língua de Ronin, o peso de sua respiração, e a forma como o pau
de Ronin cutucou contra o de José.

─ Você disse que queria um mau comportamento. ─ A voz de Ronin era


rouca.

─ Sim.

─ Tudo bem, se dobre para o Papai.

Sorrindo, José aproximou-se do balcão. Descansando os cotovelos sobre


ele, inclinou-se e foi recompensado por uma palmada.

Ele mordeu o lábio inferior e gemeu. Quando veio outra, seus olhos
rolaram para a sua cabeça e um suspiro escapou de sua garganta, mesmo
quando a mão livre de Ronin serpenteava por suas costas e ao redor, para
torcer seu mamilo. José lutou para manter as mãos onde estavam. Ele
entrelaçou os dedos com força e empurrou sua bunda para fora, para mais.
Ronin deu a ele o que ele desejava – uma palmada que ele sabia que deixaria
suas nádegas vermelhas, mas seu pênis em pé e pingando pré-sêmen no chão
abaixo dele.

─ Ronin, merda!

72
Ronin estava acariciando suas bochechas, acalmando a pele. Ele beijou
lá, lambeu e chupou a carne, antes que sua língua serpenteasse entre os dois.

Ronin tinha arriscado. Ele não sabia se José gostava de ser espancado,
mas a forma como José se arqueou e contorceu, depois de cada bofetada,
deixou Ronin salivando. Ele inclinou a cabeça para ver o fluxo de branco
deixando o pênis de José e sabia que o homem Espanhol diante dele estava
curtindo cada picada doce de sua mão. Agora, enquanto ele se ajoelhava atrás
de José e se divertia com seu buraco apertado, Ronin sabia, não importa o
quê, que ele tinha que manter este pedaço sexy com ele. Fechando os olhos
contra a força do sentimento, ele chupou um dedo e inseriu-o. Puxando-o
para frente e para trás várias vezes, ele permitiu que seu corpo fosse tomado
pelos sons feitos por José, a maneira como seu corpo se movia, empurrando
de volta para o dedo, levando-o mais fundo.

Com a mão livre, ele afastou mais as pernas de José e alcançou por
baixo o pau de José. Estava rígido e uma dor súbita, para obtê-lo entre os seus
lábios, era mais esmagadora do que ele poderia imaginar. Ele agarrou os
quadris de José e virou-o. Sem aviso, ele empalou sua boca no poste e chupou
duro. Sucos deslizaram contra sua língua e ele engoliu.

─ Mais, ─ ele sussurrou, tendo José tão profundamente quanto podia.

─ Oh merda! ─ José gritou. ─ Droga!

73
José empurrou a testa de Ronin, mas Ronin não o libertou. Em vez
disso, ele agarrou o balcão de cada lado do corpo de José e puxou José mais
profundo.

─ Ronin! Por favor... oh merda, eu vou...

Ronin não deixou terminar. Ele moveu uma mão em torno de José,
colocando-a entre seu amante e o balcão, e inseriu apenas a ponta do seu
dedo na bunda de José. José ficou rígido. Suas mãos se afastaram de testa de
Ronin e, antes que ele sabia o que estava acontecendo, a boca de Ronin foi
completamente inundada com suco de José. Ronin permitiu que a maioria do
sêmem derramasse pelos lados de sua boca, para o chão, enquanto ele sugava
José.

74
Capítulo 8
A subida das escadas fez, realmente, José pensar em vender a casa para
comprar um bangalô. Com a ajuda de Ronin, ele entrou no quarto e caiu,
fracamente, em sua cama grande, com o peito ainda palpitante. Ronin estava
sobre ele, sorrindo para baixo em seu rosto.

─ Eu adoraria, muito, te foder agora. Mas eu devo ir.

─ Por que isso

Ronin empurrou alguns cabelos do rosto de José e esperou um


momento antes de responder. Por um tempo, José pensou que ele tinha
perguntado ou dito algo errado. Então, ele pensou que havia algo preso ao seu
rosto. Mas os olhos de Ronin mudaram para um tom mais profundo de azul e
José sorriu. ─ Ronin?

─ Mmm?

─ Por que você acha que você tem que ir?

─ Seu afilhado vai estar em casa logo. ─ Ronin beijou os lábios de José,
deixando um gosto de José lá. ─ Eu estou indo limpar o sêmem no chão e
pegar as roupas. Tome um banho.

─ Eu adoro quando você manda em mim ─ confessou José, estendendo


a mão para outro beijo.

─ Eu prometo mandar em você mais tarde, quando poderemos estar


sozinhos e eu vou fazê-lo alegremente.

75
─ Você é uma provocação.

Ronin sorriu e depois de outro beijo, José lhe permitiu sair da cama.
José assistiu a bunda de Ronin enquanto se movia para fora da porta. Quando
Ronin tinha ido, José encontrou-se sorrindo e suspirando de forma
sonhadora. Ele nunca tinha feito isso antes, nem mesmo nos dias quando ele
sonhava com quem ele iria acabar. Seria Ronin esse homem?

Droga, eu espero que sim.

Puxando-se para fora de seus sonhos, ele respirou fundo e gemeu.


Mesmo que ele, realmente, não queria levantar, ele sabia que tinha que juntar
as coisas antes de Leroy chegar em casa, depois da escola. Ele levantou-se da
cama e entrou no banheiro, assim que Ronin retornou. Abrindo a porta, ele
enfiou a cabeça para fora. ─ Temos cerca de vinte minutos antes de Leroy
chega em casa. Quer tomar um banho comigo?

Ronin sorriu. ─ Deixe-me pegar um preservativo.

José riu e deixou a porta aberta para ligar a água do chuveiro, para
aquecer um pouco antes de entrar. Tomando um momento, ele escovou os
dentes e, quando ele ouviu os passos de Ronin, ele entrou no chuveiro. Com a
água em cascata sobre ele, ele simplesmente virou as costas para Ronin,
apoiado contra a parede, e esperou que o grosso pau de Ronin o invadisse.

Foi glorioso.

Cada impulso enviou José em um estado de delírio, que era muito


melhor do que o chocolate. Ele bateu com o punho na parede, para manter
seus gritos dentro, apenas no caso de Leroy chegar em casa mais cedo do que

76
o planejado. Quando Ronin estendeu a mão e puxou seu cabelo, José não
podia suportar.

─ Espanque-me! ─ José exigiu. ─ Espanque minha bunda!

Ronin o espancou.

José se deleitou com a vulgaridade absoluta do que estava acontecendo


e o som que veio da grande impressão das mãos de Ronin em suas bochechas.
Ele se inclinou para a frente, pressionou a testa contra a parede, e olhou para
baixo, quando seu corpo perdeu o controle e seu pau explodir. Ele gritou o
nome de Ronin, em seguida, mordeu seu braço, enquanto Ronin o perfurava
mais forte.

Com a água fluindo sobre sua pele aquecida, José choramingou,


apertando as costas contra as coxas de Ronin por um pouco, antes de afundar
suas unhas na carne musculosa. Ronin gritou seu prazer, puxou para trás, e
gozou contra a parte inferior das costas de José.

Virando nos braços de seu amante, José tomou os lábios de Ronin em


um beijo suave.

─ Tio José?

Os olhos de José se abriram e ele gemeu. ─ Merda!

─ Isso não foi vinte minutos!

José riu. ─ Deixe-me enxaguar e sair.

─ Isso vai ser estranho para ele?

77
José balançou a cabeça. ─ Eu tenho certeza que ele entende como isto
funciona. Eu só não quero que ele nos veja nus. ─ Roubando um beijo final e
torcendo o mamilo de Ronin, José saiu do chuveiro.

A noite caiu sobre Eros, lentamente. Leroy estava, finalmente, na cama


e José pegou uma xícara de chá e andava pela casa garantindo que tudo estava
trancado e o alarme foi ajustado. Em seguida, ele apagou as luzes, exceto as
do escritório. Lá, ele checou seus e-mails, para os relatórios que sua equipe
enviou no final do dia. Depois de lê-los cuidadosamente, ele enviou instruções
de volta. Quando ele terminou, ficou bastante feliz que as coisas estavam indo
rapidamente - antes do previsto. Respirando, ele tomou um gole de seu chá
agora morno e voltou a sentar.

Ele verificou o tempo e achou que seria melhor chamar sua mãe, antes
que ela descobrisse sobre Ronin através de um dos irmãos Anatolis. Parecia
que eles falavam mais com sua amada mãe do que ele. Sorrindo, ele virou-se
para o telefone da casa, colocou-o entre a cabeça e o ombro e discou o número
dela.

─ Hola8?

José sorriu. ─ Ei, mãe.

─ José! Mi hijo9!

─ Como você está? Eu tive que chamar, porque precisava falar com você
sobre algo.
8
Olá
9
Meu filho

78
─ Oh, absurdo. É sobre quando você está vindo para Espanha, para
visitar sua pobre mãe? Te extraño10.

─ Eu sinto sua falta também, Ma, mas isto deve fazer você feliz. Eu
conheci alguém.

Sua mãe suspirou dramaticamente. ─ E você é sério sobre ele, porque


você não teria me contado sobre ele, se você não estivesse.

─ Eu estou.

─ Bem, qual é o nome dele? O que ele faz? De onde ele é?

José riu. ─ O nome dele é Ronin McCall...

─ O pintor?

─ Hum... ele pinta, sim. Usted le conoce11?

─ Bem, eu nunca o conheci. Mas ele fez umas surpreendentes pinturas


para uma empresa para a qual eu fui contratada, alguns anos atrás. Então, ele
desapareceu por um tempo.

─ Ele estava na Marinha.

─ A Marinha? Bem, isso explica tudo. Isso significa que ele é sexy...

José queria bater a cabeça em uma mesa. ─ Ma!

─ Oh, vamos lá! Eu sou uma mulher que você conhece.

─ Yo se12. Mas, ainda assim! E sim, ele é sexy. Eu não sei, eu somente...
eu não quero estragar isto. Ma, o que eu faço? Ele disse que eu não tinha que

10
Senti sua falta
11
Você o conhece

79
me preocupar ou mudar quem eu era para fazê-lo feliz. Mas e se o desajeitado
José não é o que ele quer?

─ Então, eu espero que ele seja homem o suficiente para dizer isso.
Olha, querido, o amor não é complicado. Nós o tornamos complicado. Basta
ir com ele, fazer esse relacionamento crescer. Conheça-o em todas as formas
possíveis e veja o que sai disso. Invista nele.

─ Você é muito inteligente, Ma.

Ela riu suavemente. ─ Eu sei. É por isso que eu sou a mãe. Agora, eu sei
que é tarde em Eros, com a diferença de horário e tudo. Durma um pouco, ok?

─ Gracias13, Ma. Eu vou te ver em breve, hein? Talvez, depois que


terminar este trabalho para Laird.

─ Eu vou cobrar isso de você. E você não precisa agradecer, querido.


Boa noite.

─ Buenas noches14. ─ Ele mal tinha desligado o telefone com sua mãe,
quando seu celular vibrou ao lado dele na mesa e ele estendeu mão para ele.

─ Hey, ─ José respondeu.

─ Eu gostaria de poder segurá-lo esta noite. ─ a voz de Ronin era suave,


como o vento soprando sobre a pele de José. ─ Parece que nós, realmente,
não tivemos uma chance de ter algum tempo de qualidade desde que
começamos esta coisa.

─ Esta coisa?
12
Eu sei
13
Obrigado
14
Boa noite

80
─ Sim. Você sabe o que quero dizer.

José riu e pousou sua xícara de chá. Ele enrolou sua perna esquerda sob
seu bunda. ─ Eu sei o que você quer dizer. Eu estava pensando em nós antes.
Eu estava tentando tomar uma decisão.

─ Sim... o que você estava pensado?

─ Eu estava pensando que, se eu me sinto assim por você agora, como


será se tivermos a chance de, realmente, crescermos juntos?

Houve um silêncio no outro lado, que ameaçou deixar José maluco.


Finalmente Ronin limpou a garganta. Quando ele voltou a falar, sua voz era
diferente, quase dura.

─ Tudo bem. O que você decidiu?

─ Isto seria mais fácil se estivéssemos juntos, ─ José disse suavemente.


─ Eu quero você, Ronin. Em todas as maneiras possíveis.

Ronin riu. Era um som áspero, que lembrou José do jeito que Ronin o
dominou, puxando seu cabelo, espancando sua bunda, fodendo-o rudemente,
deixando José de boca aberta, por um grito que nunca veio. O que ele obteve
foi uma paixão cegadora que ele, alegremente, deixaria envolvê-lo.

─ Bem vamos fazer isso, então.

José sorriu. ─ Tem certeza disso?

─ Certeza absoluta. Nós não somos crianças, José. Nós já passamos de


apenas estarmos juntos, para estarmos juntos. Eu posso viver com isso.

81
Quando eu acordei com você ao meu lado, no outro dia, eu estava tão feliz de
ver você lá e eu não conseguia entender o porquê.

─ Porque eu dou-lhe uma recompensa?

Ronin riu. ─ E isso... esse humor que você tem faz bem ao meu coração.

José baixou a cabeça então, o calor se espalhando em suas bochechas


enquanto seu corpo pulsava docemente. ─ Boa noite, Ronin.

─ Boa noite, querido.

82
Capítulo 9
Ronin carregou o quadro final de sua sala de trabalho e colocou-o ao
lado dos outros na marquise grande. Ele deu um passo para trás e passou a
mão sobre seu rosto, enquanto olhava para o último conjunto de pinturas que
ele estava fazendo para José. Um sorriso apareceu em seu rosto, quando ele
se perguntou como ele os tinha acabado todos. Ele se manteve roubando
tempo para ver José, para levar José a jantar, almoçar, ou apenas obter
alguma recompensa.

Mas ele amou cada momento disso. Ele lambeu os lábios, apoiou as
mãos nos quadris, e caminhou da sala, enquanto abriu uma das alças de seu
macacão coberto de tinta. Na cozinha, ele pegou uma garrafa de água e depois
de um longo gole, ele virou-se para a geladeira, para ver o que tinha para o
jantar.

O telefone tocou alto atrás dele e ele gemeu.

─ Amarelo?

Mack riu. ─ Bem, alguém está de bom humor. Isso significa uma coisa.

─ Sim? E o que é?

─ Você está transando.

Ronin riu. ─ Sim, seja o que for. O há de novo?

─ Bem, eu arrumei uma mal. Eu terminei o meu número de casos e eu


estou indo para Eros.

83
─ Finalmente, ─ Ronin aplaudiu. ─ Quando você está saindo?

─ A primeira hora, amanhã de manhã. Eu devo pousar em Century por


volta das onze. Você vem me pegar ou eu tenho que caminhar para Eros?

─ Tentador. Mas eu vou buscá-lo. Eu tenho que falar com você sobre
algo também, mas eu vou esperar até você chegar aqui.

─ Parece sério. Você disse a eles que o seu irmão carrega uma arma para
ganhar a vida?

Ronin riu. ─ Você está sendo um rei do drama, novamente. Não é nada
ruim, confie em mim. É sobre minha vida amorosa.

─ Quer que eu tire o olho vermelho?

Ronin sacudiu a cabeça. ─ Não, eu posso esperar. Você tenha cuidado. E


eu vou te ver amanhã, ok?

─ Sim? Ro?

─ Sim.

─ Eu te amo.

Ronin sorriu. ─ Também te amo. Te vejo amanhã, em Century.

Com o pensamento de que seu irmão estava chegando, Ronin deixou o


jantar e subiu as escadas. Ele passou o próximo tempo colocando novos
lençois na cama, em um dos quartos de hospedes, além de reabastecer as
toalhas e tudo no banheiro privativo. Quando ficou satisfeito, ele trocou de
roupa e pegou a carteira e as chaves do carro. Se seu irmão estava vindo ele,
provavelmente, deveria comprar alguns mantimentos.

84
Desde que ele estava indo para a cidade de qualquer maneira, ele
poderia muito bem parar e comer alguma coisa na Anatolis. Alcançando o
telefone novamente, discou e esperou.

─ Olá?

─ José... Savaro pegou Leroy?

─ Hum, está manhã. Por quê?

─ Posso te roubar, esta noite?

─ Bem, isso depende. Você está me propondo, Sr. McCall?

─ Sim. E para adoçar o negócio, vou dar-lhe acesso total ao meu corpo
de todas as maneiras impertinentes em que possa pensar.

O som do gemido de José, do outro lado da linha, despertou Ronin


rapidamente e ele sorriu, passando a mão sobre a protuberância na frente de
sua calça. ─ O que você disse?

─ Me pegue.

─ Eu vou te ver em breve.

Com a conversa acabada, Ronin mudou novamente.

Desta vez, ele colocou um par de jeans preto, uma camisa branca e
sapatos pretos. Ele alcançou uma vez mais seu celular, carteira e chaves, e
correu para fora da porta. Quando ele parou em frente da casa de José, ele
estava de pé do lado de fora, encostado a um carro, falando com um homem.
Ronin piscou, enquanto seu coração afundava, mas então sorriu e balançou a

85
cabeça. Era o cowboy da primeira noite que ele chegou em Eros - Race algo, o
homem de Laird.

Ele desligou o motor e saiu do carro para se juntar a eles.

─ Race. ─ Ronin estendeu a mão. ─ É bom ver você novamente.

─ O que está acontecendo? ─ Race tomou sua mão com um forte aperto.
─ Vocês dois têm planos para esta noite?

Ronin olhou para José, que estava olhando para ele daquela maneira
com fome. ─ Algo parecido com isso. Eu estava pensando que eu poderia
roubar José aqui para jantar no Anatolis.

─ Soa como um plano. A equipe de Savaro preparou alguns pães de mel


frescos para esta noite, então certifque-se de aproveitar alguns deles ─
explicou Race. ─ Eu deveria voltar. Laird chega em casa hoje à noite e eu
quero fazer-lhe um jantar.

─ Você vai ver Winston em breve? ─ José queria saber.

─ Sim. Ele me pediu para visitar. Acho que ele está tendo problemas
com os cavalos novamente.

José riu. ─ Bem, eu vou jantar com o meu homem. Falarei com você
mais tarde.

─ O seu homem? ─ Race levantou uma sobrancelha. ─ Oh meu. Quando


isso aconteceu?

─ Eu não tenho certeza ─ Ronin respondeu.

86
Race bateu Ronin no ombro. ─ Estamos planejando um jantar, quando
todos estiverem de volta a Eros. Talvez no fim de semana. Vocês querem
entrar?

─ Ronin? ─ José perguntou.

─ Sim, com certeza. Mas haverá um terceiro, se você não se importa.

─ Quem? ─ Race questionou.

─ Meu irmão está vindo de Nova York, amanhã de manhã. Ele vai ficar
aqui um tempo, desde que ele está de licença.

─ Sim, claro. Eu não acho que vai ser um problema. Vejo vocês dois
mais tarde.

Depois de mais apertos de mão e as lanternas traseiras de Race


desaparecerem à distância, Ronin fez o que queria fazer durante todo o dia.
Ele puxou José em seus braços e o beijou. Esse beijo foi diferente dos outros.
Era macio e todo consumado. Quando ele se afastou, foi com relutância. ─
Nós devemos ir agora.

José riu. ─ Tudo bem. Mas eu quero minha recompensa mais tarde.

Ronin beijou-o novamente e eles caminharam até ao carro de mãos


dada. Ronin liberou José, tempo suficiente para que eles pudessem entrar no
carro. Mas quando eles estavam dirigindo em direção ao restaurante, ele
pegou a mão de José novamente. Enquanto dirigia, ele distraidamente
acariciou a mão de José com o polegar. Havia algo sobre a ligação que tinha
com José que o deixou sem fôlego e se sentindo muito vazio quando era
quebrada.

87
─ Você está bem? ─ José perguntou.

Ronin deu uma respiração instável e sorriu. Ele olhou para José,
rapidamente, antes de olhar para a estrada.

─ Estou bem.

─ Você está preocupado com o seu irmão me encontrar, não é?

─ Na verdade, não.

─ Ele sabe que você é gay?

Ronin assentiu. ─ Ele foi a primeira pessoa a saber. É só que...eu nunca


levei um cara para casa antes. Não sei qual é etiqueta apropriada.

─ Realmente? Nunca? Por que eu sou diferente?

─ José.

─ É uma pergunta válida.

Ronin ligou seu sinal e puxou para o estacionamento do restaurante.


Quando ele desligou a ignição, ele se mexeu na cadeira para enfrentar José. ─
Você apenas é. Você faz coisas para mim... com você eu, realmente, quero que
as coisas funcionam...

O sorriso que lhe José deu fez com que sua respiração pegasse sua
garganta e seu corpo queimasse docemente. ─ Obrigado, ─ José sussurrou.

Ronin beijou-o.

─ Para o registro, eu disse à minha mãe sobre você.

─ E?

88
─ Ela quer saber quando estamos indo para a Espanha.

Ronin riu e saiu do carro. ─ Bem, nós podemos ir quando quiser.

─ Você está me provocando.

─ José, ─ Ronin pegou José pelos quadris e prendeu-o, suavemente,


contra o capô do carro. ─ Eu pensei que você já soubesse, quando eu,
realmente, estou provocando você. ─ Para enfatizar seu ponto, ele estendeu a
mão e acariciou o pau de José através de sua calça. Ele então pegou o pênis de
José e puxou-o algumas vezes, até que ele o sentiu endurecer.

─ Droga, Ronin. Será que realmente precisamos comer agora? ─ José


queria saber e serpenteou os braços em volta do pescoço de Ronin.

─ Nós não vamos ficar muito tempo. Apenas dentro e fora, porque eu
tenho que pegar alguns mantimentos antes de eu pegar Mack, amanhã.

─ Posso ir com você pegá-lo?

─ Sim. E, se você quiser vir, você tem que passar a noite na minha casa.

José sorriu. ─ Eu posso viver com isso. Agora, devemos entrar, porque
eu tenho certeza que existem leis contra o que quero fazer com você em
público.

Com um puxão final do pau de José, Ronin deixou-o ir e juntos eles


entraram. No momento em que entraram pela porta, no entanto, Ronin sabia
que eles não estavam indo partir em breve. Xavier e Rajan estavam sentados a
uma mesa em uma seção privada e os convidaram para se juntar a eles.

─ Vocês dois estão em um encontro? ─ José perguntou.

89
─ Não realmente. Apenas uma noite fora... ─ Rajan disse, em seguida,
arqueou uma sobrancelha e olhou de José a Ronin. ─ Vocês dois estão juntos?

Ronin pressionou os lábios em uma linha fina. José acariciou suas


costas.

─ Está tudo bem, querido ─ disse ele, caindo em uma das cadeiras ao
lado de Xavier. ─ Com estes caras, você aprende a se acostumar com as
súbitas explosões. Quando Savaro começou a namorar Jamal, Rajan aqui
disse a Savaro que ele parecia como culpa e sexo.

─ Oh inferno, ─ Ronin gemeu. Ele se sentou em frente a José, ao lado de


Rajan. ─ Isso vai levar algum tempo para se acostumar.

─ Entãooo... ─ Rajan arrastou para fora, enquanto torcia o pulso e


olhava Ronin. ─ Você estão dormindo juntos?

José bateu-lhe e Rajan gemeu.

─ Sim, estamos dormindo juntos. ─ Ronin riu. ─ Feliz agora?

Xavier gemeu e espalmou a testa.

─ Quais são suas intenções com o nosso bom amigo aqui? ─ Rajan
pediu, imitando um pai de espingarda em punho.

─ Bem, esperava roubar sua virtude e depois fugir, ─ Ronin brincou.


Houve um breve momento de silêncio, antes de José, Rajan e Laird
começarem a rir. Ronin olhou para os três, imaginando o que ele tinha dito.
Ele tinha a certeza que a piada não era tão engraçada.

─ O que? ─ Ronin perguntou.

90
─ A minha virtude! ─ José engasgou através de seu riso.

Ronin balançou a cabeça e riu. ─ Minha culpa.

91
Capítulo 10
A primeira coisa, na parte da manhã, Ronin abriu os olhos e estendeu a
mão para José. Sua mão atingiu a cama vazia. Ele empurrou para a posição
sentada e olhou ao redor do quarto. Ele estava sozinho. Imediatamente seu
coração caiu. Esfregando os olhos, ele empurrou-se da cama e pegou um par
de jeans que estava descartado no chão, da noite anterior. O cheiro de comida
recém cozinhada dançou seu caminho até as escadas, fazendo Ronin gemer e,
rapidamente, puxar a calça e fechar.

Ele não sabia que José sabia cozinhar. Sorrindo, ele desceu as escadas e
parou na porta da cozinha, cruzou os braços sobre o peito, e inclinou seu
ombro contra o batente da porta.

Um prato fumegante de ovos mexidos estava no balcão. Ao lado dele


estava um prato de morangos, que Ronin nem sabia que tinha. A cafeteira
estava ligada e uma panela estava no fogão com vapor saindo dela.

─ Eu tenho morangos?

─ Bom dia! ─ José gritou. ─ Pensei que você iria dormir o dia inteiro.
Temos de ir buscar o seu irmão, lembra? E não, você não tinha morangos. Eu
fiz Savaro correr um pouco, logo de manhã. ─ José dançou ao redor do balcão
da cozinha, arrumando as coisas, depois parou para mergulhar um garfo na
panela fervente, misturado o conteúdo, e pegou uma garrafa de pimenta. Que
ele colocou de volta no armário, desligou o fogão, em seguida, olhou para ele.
─ O quê? ─ ele perguntou.

92
─ Você pode cozinhar? ─ Ronin sorriu.

─ Mal. A única coisa que eu sei fazer é o café da manhã, ─ José


respondeu. ─ Tudo o resto, Jamal e Savaro são os cozinheiros.

Ronin riu, suavemente, e aventurou-se mais para dentro da cozinha. Ele


envolveu um braço ao redor dos quadris de José e pegou um morango com a
outra mão. Ele puxou a haste e colocou esse pedaço em sua boca, deixando a
parte aguçada para fora. Inclinando a cabeça, ele sorriu quando José pegou a
ideia e mordeu a ponta do morango. Gemendo, Ronin agarrou a parte de trás
da cabeça de José e beijou-o em torno da fruto. Quando ele se afastou para
comer sua parte, José estava mastigando e sorrindo para ele.

─ Você me estraga, ─ José disse suavemente. ─ E eu, realmente,


gostaria de mostrar uma certa apreciação. Mas temos de comer, em seguida,
pegar seu irmão. São quase oito e meia.

─ Mack estará lá, não importa a hora que apareceremos ─ disse Ronin,
alcançando outro beijo. ─ Mostre-me um pouco de apreciação. Volte para a
cama, apenas por um momento.

E, pela primeira vez em sua vida, Ronin fez amor com um homem.
Deitou José na cama e tocou-o suavemente, sentindo o arrepio suave do corpo
de José. Ele beijou cada pedaço de pele, acariciou cada músculo, e lambeu
cada ponto sensível que podia alcançar. Ele ouviu a respiração rápida de José
e se deliciou com as chamadas suaves de seu nome, caindo várias vezes dos
lábios de José. Quando ele, finalmente, embalou o rosto de José, fechado
olhares, e penetrou seu amante, o mundo inteiro de Ronin eclodiu em nada,
além de José. Gemendo, impotente, ele montou José com cursos longos,

93
lentos. Os dedos de José cavaram em suas costas e arrastou para baixo. A
doce queima de prazer percorreu seu corpo.

─ José ─ Ronin sussurrou e abaixou sua boca para a de José.

De repente, José mordeu o lábio inferior de Ronin, pouco antes de


sêmen quente e molhado deslizar entre seus corpos, onde estavam
pressionados tão sensualmente juntos.

Depois de seu clímax, ele encontrou o olhar de José, novamente, para


ver lágrimas derramando pelo lado do rosto de seu amante. Ronin
rapidamente se ajoelhou entre as pernas de José.

─ Querido? Qual é o problema? Eu machuquei você? José, por favor,


fale comigo.

Um sorriso dançou nos lábios de José. ─ Não, você não me machucou.


Só... só me segura, ok?

─ Mas você estava chorando.

─ Eu não queria. Eu apenas estava tão...você me tocou tão ternamente.


Nada está errado, eu prometo.

Ronin não tinha certeza, mas ele se deitou por trás de José e puxou-o
para seus braços. Embora ele estivesse feliz em ficar do jeito que eles estavam,
Ronin logo teve que beijar as costas de José e permitir que seu amante
tomasse um banho rapidamente, antes dele tomar o seu. Preparar-se não
demorou nada, e, enquanto José dormia no banco do passageiro, ele dirigiu
para Century, em silêncio. Uma vez lá, os monitores revelaram que o avião de

94
Mack estava atrasado, então ele estacionou no ponto mais perto que ele
poderia encontrar e os dois relaxaram e esperaram.

Ronin sentou no capô do caminhão, com as costas contra o pára-brisa e


os tornozelos cruzados. Eles não foram autorizados a entrar no aeroporto,
então eles tiveram que esperar lá fora. José estava sentado ao seu lado, com a
cabeça apoiada no ombro de Ronin. Mesmo com o som da rua e do aeroporto,
Ronin sentiu-se em paz. Um silêncio estranho deixou seu coração batendo
rapidamente e todo o seu corpo pulsando docemente. Virando a cabeça, ele
pressionou um beijo no cabelo de José, o que fez o espanhol olhar para ele.
Implacável, ele abaixou a cabeça e tomou os lábios de José. Ele inalou
enquanto suas línguas emaranhavam uma na outra.

─ Vamos para Espanha ─ Ronin sussurrou.

─ Ro.

─ Vamos fazê-lo. Se você está confortável comigo conhecendo sua mãe.


─ Ele mudou de posição e sentou-se, para virar e olhar para José
plenamente. ─ Ela significa muito para você, José. Eu vi isso claramente na
última noite, quando nós estávamos falando sobre ela. E se ela significa muito
para você, eu quero conhecer essa mulher.

José riu suavemente e beijou a mão de Ronin.

─ Você vai se arrepender disso.

─ Arrepender do quê?

─ Querer conhecê-la. Ela é um pouco... franca.

─ Você quer dizer, um pouco como você?

95
José fez beicinho lindamente e Ronin riu e beijou-o. ─ Então, você está
bem com isso?

José concordou. ─ Sim. Podemos ir logo que a visita de seu irmão


acabar e tivermos terminado o trabalho de Laird.

─ Minha parte está terminada. ─ Ronin levantou o queixo com


orgulho. ─ Eu só estou esperando por você, lembra?

José lhe deu um tapa de brincadeira e Ronin, simplesmente, grunhiu e


se inclinou. ─ Obrigado, senhor, posso ter outra?

─ Você é incorrigível! ─ José acusou.

96
Capítulo 11
José ficou silencioso ao lado de Ronin, observando as portas para o
aeroporto. O sol estava alto, mas não o suficiente para que estar ali fosse,
excessivamente, quente. Ele sentiu que deveria dizer algo, mas a paz em torno
deles era tão bem-vinda, que ele ficou onde estava, e, embora ele soubesse
que não deveria, ele fechou os olhos. Ele agora conhecia a calma sobre a qual
sua mãe falou, um longo tempo atrás, quando ela falou sobre o pai de José.

─ Eu preciso lhe falar sobre o meu pai, ─ José disse, finalmente.

─ Por quê?

─ Porque você está tentando conhecer-me, certo?

─ Sim.

─ Então, você tem que saber sobre a minha família.

Ronin não se moveu, mas seus ombros subiam e desciam. ─ Tudo bem.
Conte-me sobre seu pai.

─ Ele era um bom homem ─ começou José. ─ Você teria gostado dele.
Eu duvido que ele teria gostado de mim.

─ Por que você diz isso?

─ Ele era um policial. Um policial muito bom, viril, que gostava de


futebol. E seu filho ser gay seria ruim para os negócios.

Ronin riu. ─ Ser gay nunca é ruim para os negócios.

97
José mudou-se, para mover sua cabeça contra o ombro de Ronin. Ronin
pegou sua mão e apertou. ─ De qualquer forma. Ele amava minha mãe
ferozmente, eu nunca o ouvi dizer uma palavra cruzada para ela. Às vezes,
quando eu era uma criança, eu sentava-se nos degraus que levavam até aos
nossos quartos e os observava, sentados ao lado um do outro, segurando a
mão um do outro, sem dizer uma palavra. Um ano depois que eu conheci os
garotos Anatolis, eu tinha quinze anos na época, estávamos na escola e o
diretor me chamou para o escritório. Eu estava apavorado. Quando cheguei
lá, havia um policial e eu sabia o que deu errado.

─ O que aconteceu? ─ Perguntou Ronin.

─ Meu pai foi morto no cumprimento do dever. Ele fez uma batida de
trânsito, apenas fora de Eros, e os rapazes no carro atiraram nele no peito,
quando ele caminhou até a janela. ─ José engoliu o nó na garganta, enquanto
Ronin apertava sua mão mais apertado. Ele se aconchegou mais perto e
passou a mão livre do outro lado do quadril de Ronin. ─ Eu nunca estive tão
quebrado como naquele dia. Eu ficava perguntando como minha mãe estava -
se alguém tinha dito a minha mãe o que aconteceu. Eles já haviam dito a ela, e
ela estava tão perturbada que o parceiro do meu pai veio me dizer. Por muito
tempo, culpei-o pelo que aconteceu com meu pai. Mas não foi culpa dele. Sua
esposa estava tendo seu primeiro filho, então ele tirou a manhã para ir ao
hospital.

─ Eu sinto muito.

─ Depois desse dia, prometi que faria o sonho de minha mãe se tornar
realidade. Ela sempre quis se mudar para Espanha e abrir um pequeno

98
restaurante em Madrid. Ela queria ir com o meu pai e ele estava trabalhando
muito duro para fazer isso acontecer. Depois que ele morreu, ela passou um
ano vagando, sem saber o que ela ia fazer ou o que fazer com ela mesma.

─ Você é um bom filho, José.

─ Não foi difícil. Ela é uma mãe maravilhosa.

Ronin beijou a cabeça de José. ─ Meu pai faleceu também. Ele e minha
mãe morreram uns anos atrás, em um acidente de barco, no México.

─ Eu sinto muito.

─ Está tudo bem. Mack levou isso mais duro do que eu. Ele e meu pai
eram muito próximos. Eu era mais o filho de minha mãe. Mas eles eram bons
pais. Quando saí, minha mãe olhou para mim e disse: 'enquanto recebo
netos'. ─ Ele riu suavemente. ─ Eles eramos pais que apoiavam.

─ E você.

Ronin riu. ─ Eu não sei.

─ Sim, eles teriam sido. Você serviu seu país e fez uma vida maravilhosa
para si mesmo. Eles são seus pais e eles sempre estarão orgulhosos de você.

─ Agora, eu quero que você tome o seu próprio conselho. ─ Ronin riu.

José fez beicinho e levantou o rosto para olhar para Ronin. ─ Touché.

Quando Mack saiu, Ronin não teve que dizer a José. Ele era a cara de
seu irmão. A única diferença era que Mack não tinha barba. Mack McCall não
tinha nenhum cabelo, cabeça completamente raspada, com um pescoço
musculoso. Ele usava um par de calça jeans, uma camista gráfica que espiava

99
para fora cada vez que ele se movia, e uma jaqueta para esconder a arma, sem
dúvida. O pensamento de ter uma arma perto dele assustou José. Ainda
assim, ele cutucou Ronin com o cotovelo.

─ Você é gêmeo de Mack?

─ Oh Deus, não. Eu sou o que tem boa aparência. ─ Ronin riu. ─ Por
quê?

─ Ele está aqui. ─ José apontou.

Ronin se sentou e José escorregou pelo lado do caminhão, para ficar de


pé. Ele alisou as mãos sobre seu cabelo, enquanto Ronin acenava para chamar
a atenção de Mack. José ficou na frente do caminhão, enquanto os dois
irmãos se abraçaram e Ronin levou a mala.

─ Mack, este é José DeLuz. José, este é meu irmão Mack.

José se adiantou e apertou a mão de Mack com um sorriso. ─ É um


prazer conhecê-lo ─ disse ele, não tendo certeza se ele deveria dizer o que ele
era para Ronin ou não.

─ Ah sim, o namorado ─ Mack exclamou alegremente. ─ É ótimo,


finalmente, colocar um rosto ao nome.

O coração de José fez uma dança feliz e ele riu. ─ Vamos, nós devemos
levá-lo de volta para casa, antes da hora do rush começar em Century.

─ José, meu amigo, eu moro em Nova York... a capital de todos os


engarrafamentos ─ explicou Mack. ─ Mas você está certo. Eles sugam.

100
Os três entraram no caminhão. José optou por se sentar na parte de
trás, depois que Ronin jogou a mala no bagageiro. José pegou o pacote ao
lado dele, se inclinou para frente, e entregou-o a Mack. ─ Nós pensamos que
você poderia estar com fome. Comida de avião não é o melhor para a saúde
de ninguém.

Mack pegou. ─ Obrigado. ─ Ele riu. ─ Eu gosto dele já, Ro, ele me
alimenta.

─ Uma coisa que você precisa saber sobre o meu irmão, José. A melhor
maneira de fazê-lo seu amigo é alimentá-lo ─ disse Ronin.

Mack enfiou uma salsicha em sua boca. ─ Eu me ressinto disso! ─


exclamou ele, mas ele estava rindo, no entanto.

José sentou-se e olhou pela janela. Ele permaneceu em silêncio, dando


aos irmãos a oportunidade de conversar enquanto se dirigiam de volta para
Eros. A rota cênica sempre foi bonita para ele e ele duvidava que poderia
encontrar o seu caminho através das estradas secundárias, se ele tentasse. Ele
sempre adorou dirigir ao longo do oceano e sentir o ar salgado dançar pelo
seu rosto e cabelo. Ele baixou o vidro e enfiou a mão para fora, permitindo
que o vento fluisse através de seus dedos e sobre sua carne. Não havia nada
melhor.

─ José, você volta para casa com a gente? ─ Ronin perguntou.

José inalou e puxou sua mão para dentro. ─ Não. Me deixa no meu
lugar? Eu quero dar aos dois tempo para recuperar o atraso.

─ Você está bem? ─ perguntou Ronin.

101
─ Eu estou bem, querido. Eu tenho algum trabalho para terminar, se
estamos indo ver a minha mãe. Eu tenho vindo a adiar, por isso, enquanto
você está com Mack, eu vou ter que fazê-lo, certo?

Mack riu. ─ Cara, estou feliz por ser a cura para o adiamento.

─ Se você tem a certeza ─ Ronin respondeu, fazendo a curva à esquerda.

José se inclinou e beijou a nuca de Ronin. ─ Tenho certeza.

Em sua casa, ele se despediu e estava caminhando em direção à porta da


frente quando Ronin chamou. Ele se virou e viu Ronin caminhar até ele. Ele
estava excitado quando Ronin o tomou em seus braços e beijou-o tão
profundamente que seus joelhos tremiam. Havia um orgulho que vinha com
ser reivindicado por um homem tão forte, e isso excitava José. Ele soube
então que Ronin não tinha vergonha dele. Ronin queria que os outros
soubessem. Quando recuaram, José sorriu. ─ Vejo você mais tarde.

─ É melhor mesmo. ─ A voz de Ronin era suave, mas aquecida.

Rindo, José bateu Ronin na bunda e saiu de seus braços. ─ Vá.

De volta ao caminhão, o ar ficou em silêncio. Ronin sabia que seu irmão


estava olhando para ele. Respirando, ele olhou para Mack. O homem tinha
um sorriso nos lábios e Ronin sacudiu a cabeça.

─ O quê? ─ Ronin questionou, voltando-se para a estrada mais uma vez.

─ Você o ama.

102
Ronin sorriu, mas balançou a cabeça. ─ Eu não sei o que eu sinto por
ele, com certeza. O que eu sei é que existe esta fome que tenho por ele, que eu
nunca senti por qualquer outro homem. É muito cedo para falar de amor.

─ Tempo? Bah.

─ Agora você está começando a soar como o Capitão Estrella. O que isso
significa?

Mack riu. ─ Por favor. Eu tenho a certeza que José não quer que você
professe seu amor infinito, ainda. Mas, desde que você não o tome como
garantido, e você mostre a ele como seu corpo e coração se sente, vocês dois
serão felizes, por agora.

─ Sim... Eu estou lutando para que isto funcione, Mack. Você não
acreditaria o quão duro.

─ Eu posso acreditar. A maneira como você o segurou, agora mesmo -


isso dizia algo.Você parece feliz, Ro.

Ronin sorriu. ─ Você sabia que ele passou a noite? E, esta manhã, eu
acordei e ele não estava. Eu pensei que ele tinha deixado. Quando desci, ele
tinha feito o café da manhã, fez um de nossos amigos conduzir até à casa com
morangos frescos, e pensou que você poderia estar com fome depois de seu
vôo. Quem faz isso?

─ Um homem que se importa.

─ Sim. Estamos fazendo planos para ir a Espanha.

─ A Espanha? Por quê?

103
─ Sua mãe mora lá.

─ Você está pensando em conhecer sua família?

Ronin sorriu, enquanto pensava nos irmãos Anatolis e seus homens. ─


Eu acho que eu já conheci metade da sua família ─ explicou Ronin. Ele puxou
e parou.

─ Você vê esse restaurante lá?

Mack assentiu.

─ Anatolis... alguma relação com Jamal Kendricks?

─ Sim. Savaro Anatolis é o marido de Jamal Kendricks. Savaro tem dois


irmãos, Laird e Rajan. Então há Race e Xavier... eles são uma família para
José. Tudo o que ele quer, eles estão lá para ele. Quando cheguei aqui, no
primeiro dia, eles me acolheram e me alimentaram. Então, eles me
conseguiram um importante contrato com a empresa de José.

─ Uau... Tem certeza de que eles são reais?

Ronin riu. ─ Sim, eles são reais. Eles são apenas boas pessoas. Meu
ponto é, eu tenho que encontrar a mãe. Eu conheci o resto da família de José.

Mack balançou a cabeça novamente. ─ Estou feliz por você, Ro.

─ Quer voltar para Anatolis para o jantar? ─ Ronin perguntou,


verificando seus espelhos antes de dar ré na estrada.

─ Eu tenho um desejo por algo doce... ─ Mack lambeu os lábios.

─ Então eu tenho a sugestão perfeita de Anatolis!

104
Epílogo
Cinco meses mais tarde

─ Estou feliz que José encontrou você ─ disse Gabriella DeLuz, enfiando
as mãos na bacia de batatas descascadas e sorrindo. Ela as moveu e depois
entregou a tigela para Ronin.

Ronin sorriu. ─ Por que? ─ Ele derramou a água na pia, depois colocou
as batatas na panela de água fervente. Ele acrescentou um pouco de sal na
panela, cobri-a e virou-se para encará-la. Ela era uma mulher bonita, com
cabelos longos, ligeiramente grisalhos. Seus olhos castanhos brilharam,
maliciosamente, para ele.

─ José é um bom filho ─ respondeu Gabriella. Ela estava cortando


algumas cenouras e pimentas verdes. Finalmente, ela parou e pousou a faca
para encará-lo. ─ Mas eu sempre achei que ele ficava procurando o amor em
todos os lugares errados. Ele nunca trouxe um homem para casa antes, você
sabe disso?

Ronin não poderia deixar de sentir uma onda de orgulho e amor. ─ É


mesmo?

─ Es verdad15. Eu estava começando a me preocupar. A única coisa que


um pai, realmente, quer é saber que seus filhos estão felizes e saudáveis. José

15
É verdade

105
tem sido saudável toda a sua vida, mas depois que seu pai morreu, eu nunca
pensei que ele ficaria feliz novamente.

─ Eu estou feliz que eu poderia ajudar.

─ Oh, você ajudou, tudo bem. Ouvi vocês dois, na noite passada.

As bochechas de Ronin aqueceram. Ele virou-se dela, para pegar um


grande jarro de limonada e um copo. ─ Me desculpe por isso.

─ Oh Deus, por favor. Vocês são homens adultos. Simplesmente... tente


manter o barulho para baixo, à noite, hein?

Ronin riu, suavemente, enquanto ele levava o copo aos lábios, para
arrefecer o calor súbito no rosto. ─ Sim, senhora.

─ Bom ─ disse ela. Ela veio até ele, deu um beijo em seu queixo, e
caminhou até a porta. ─ Eu tenho que correr até ao restaurante por um
pouco. Mantenha um olho sobre as batatas. Se elas estiverem prontas antes
de eu voltar, basta tirá-las do fogão e despejar a água.

─ Eu vou ─ prometeu Ronin.

As batatas já haviam cozido e Ronin subiu as escadas, até ao quarto que


compartilhava com José. Quando ele entrou no quarto José ainda estava
dormindo. Depois de subir na cama, ele passou os braços em volta de José e o
puxou para perto. Ele sentiu-se fraco com o puro poder que José tinha sobre
ele. Ronin beijou a nuca de José através de seu cabelo escuro. Ele inalou e
gemeu com o forte cheiro de seu homem.

─ Ro?

106
─ Mmm?

─ Você está bem?

─ Eu te amo.

As palavras pairaram no ar por uma eternidade, antes de José se virar


nos braços de Ronin e seus olhares se encontrarem.

─ O que você disse?

─ Eu disse que eu te amo.

José se empurrou para fora da cama e afastou-se de Ronin.

Ronin sorriu e sentou-se. Ele observou José por um momento, em


seguida, se jogou em suas costas na cama. ─ Sinto muito. Eu não deveria ter
apenas jogado isso em você, mas eu não poderia evitar. ─ Ele riu
suavemente. ─ Eu estou indo fazer uma salada.

Ronin respirou, saiu da cama, e estava se dirigindo para a porta quando


José pegou seu braço.

─ Você me ama - eu nunca fui amado antes.

─ Claro que você foi. Gabriella o ama. Os irmãos Anatolis te amam. Seus
maridos te amam. Seu afilhado te ama e agora eu te amo.

─ Não, você não entende - eu nunca tive um homem, um amante, me


amando. Não de verdade. Eles disseram que sim, e, por vezes, eu sei que eles,
realmente, queriam me amar, mas nunca, realmente, o fizeram. Eu só queria
mergulhar no som de sua voz dizendo essas palavras, porque eu senti

107
significado por trás delas. Eu não queria apressar as coisas - torná-lo
barulhento e confuso.

Ronin sorriu e acariciou o rosto de José, gentilmente. ─ Eu vou dar-lhe


tempo para absorver isso

─ Eu amo-

Ronin pressionou um dedo sobre os lábios de José. ─ Você não precisa


dizer nada de volta. Eu não esperava que você dissesse isso de volta.

José sorriu e beijou o dedo de Ronin, antes de levar a mão para o seu
coração. Ele esperava que Ronin sentisse o bater de seu coração, e soubesse
que era real. ─ Você sente isso?

─ Sim.

─ Meu coração bate por você, Ro. Todas as manhãs que eu acordo com
você em meus braços, está tudo certo com o mundo. Ontem à noite, eu
acordei e a janela estava aberta. Era tão brega, mas eu sentei lá assistindo
você dormir e cada batida do meu coração me disse que ali mesmo, mesmo ao
seu lado, era, precisamente, onde eu precisava estar. Eu apenas não quero que
você pare de me dizer que você me ama.

Ronin suspirou e se aproximou. Ele apertou um beijo na testa de José.


Ele roçou os lábios contra ela, suavemente, permitindo que sua respiração
fluisse sobre a carne, ligeiramente, bronzeada lá. Beijando-o, novamente, ele
embalou o rosto de José para espalhar beijos contra as páplebras de José.

─ Onde está Ma? ─ José sussurrou.

108
─ Ela foi lá abaixo–não consigo lembrar.

José riu, suavemente, e respirou fundo, antes de se afastar de Ronin. Ele


passou um dedo sobre os lábios de Ronin e ficou nos braços de Ronin, no
silêncio do quarto, por um momento. O doce aroma do ar de Espanha fluía
através da janela. Ele esfregou a palma da mão contra as costas de Ronin,
tocando a dureza muscular dele e sentindo-se bastante seguro. Ele virou a
cabeça e beijou o pescoço de Ronin. ─ Obrigado-por tudo isto. Sei que minha
mãe amou você no momento em que ela colocou os olhos em você.

─ Essa é a primeira vez. As mães nunca gostaram de mim. Talvez, fosse


porque eu estava sempre tão nervoso em torno delas.

José riu. ─ Nervoso? Ao redor de mães? Tudo o que você tinha que fazer
era deixá-las ouvir essa voz e elas estariam apaixonadas.

─ Eu canto para sua mãe, então?

─ Minha mãe já gosta de você!

Ronin ficou pensativo por um instante, depois deu de ombros. ─ Ei,


pelo menos, isso é algo no bolso traseiro, para o dia em que eu fizer alguma
coisa para estragar isso.

José bateu-lhe no braço. ─ Agora, cale a boca e vamos transar.

─ Nós não podemos. Sua mãe estará em casa em breve.

─ Bem, vai ser uma boa prática na arte de rapidinha ─ José pensou,
enquanto suas mãos estavam ocupadas nos botões da camisa de Ronin.

109
─ Já ouviu falar de não cutucar o urso?

─ Ah, mas querido, o urso será o único que vai estar cutucando.

Fim

110

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