Anomalias de Drenagem Na Bacia Do Suaçuí Grande
Anomalias de Drenagem Na Bacia Do Suaçuí Grande
Anomalias de Drenagem Na Bacia Do Suaçuí Grande
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
Este trabalho se propõe a analisar dados coletados por meio de imagens de satélite que possam
explicar as possíveis causas de comportamentos anômalos identificados na sub-bacia do Rio
Suaçuí Grande, objeto deste estudo localizado à margem esquerda do Rio Doce em Minas
Gerais. Neste sentido, pretendeu-se neste estudo utilizar uma base de dados secundários,
apoiada no geoprocessamento para espacialização de atributos ambientais, com intuito de
levantar hipóteses fundamentadas na litologia e na geomorfologia local (falhas) que expliquem
as anomalias de drenagem que ocorrem na bacia. As anomalias foram mapeadas sob duas
escalas diferentes, tendo em vista que cada uma delas apresentou resultados que embora sejam
semelhantes, foram distintos.
Palavras-chave: Bacia do Rio Suaçuí Grande; Anomalias de Drenagem; Rio Suaçuí Grande
ABSTRACT
This work aims to analyze data collected through satellite images that can explain the possible
causes of anomalous behaviors identified in the sub-basin of the Suaçuí Grande River, the object
of this study located on the left bank of the Doce River in Minas Gerais. In this sense, it was
intended in this study to use a secondary database, supported by geoprocessing for spatialization
of environmental attributes, in order to raise hypotheses based on lithology and local
geomorphology (fails) that explain the drainage anomalies that occur in the basin. The anomalies
were mapped under their different scales, considering that each of them presented results that,
although they are similar, were different.
Keywords: Suaçuí Grande River Basin; Drainage Anomalies; Suaçuí Grande River
Subsídio das anomalias de drenagem no leste de Minas Gerais: um recorte de anomalias
fluviais na bacia do Rio Suaçuí Grande
INTRODUÇÃO
Os processos físicos que ocorrem nos rios e suas áreas circundantes estão associados à
dinâmica fluvial, que por sua vez pode ser influenciada por diversos fatores geológicos,
geomorfológicos e climáticos. Atualmente no Brasil, diversas pesquisas têm se dedicado ao
estudo de elementos fluviais com o suporte de uma análise da evolução geomorfológica e a
escolha de uma bacia hidrográfica como escala de análise geomorfológica permite uma
abordagem integrada dos fenômenos ambientais que nela ocorrem, como mudanças bruscas de
direção da drenagem (cotovelos). As anomalias de drenagem correspondem a irregularidades
relacionadas ao padrão de escoamento da água em uma determinada região, sendo decorrentes
principalmente de processos morfoestruturais e morfotectônicos. Segundo Howard (1967), as
anomalias podem ser compreendidas como discordâncias locais do padrão de drenagem regional
e/ou dos padrões de canais, sugerindo desvios topográficos ou estruturais. Elas são fundamentais
para entender a dinâmica fluvial e a evolução da paisagem de uma região já que refletem
processos complexos que moldam a distribuição e o movimento da água na superfície terrestre,
influenciando diretamente a morfologia do terreno, a ecologia e até mesmo aspectos sociais e
econômicos das áreas afetadas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A partir da junção dos dados, foram analisadas as áreas de anomalias. Quando o trecho
anômalo da drenagem possui encontro de litologias, as anomalias são classificadas como
anomalias geradas por contato litológico, e quando há a existência de falhas próximas ao trecho,
considera-se como anomalias geradas por falhas. Além disso, quando o contato litológico e a
falha são encontrados em um mesmo ponto, as anomalias são consideradas por ambas as
hipóteses. Por fim, quando não se encontra contato litológico e falha próximo ao trecho
anômalo, a razão da anomalia é considerada como gerada por nenhuma das hipóteses. A partir
disso foram feitas duas tabelas referentes ao mapa de maior detalhamento e outro de menor.
O Rio Suaçuí é uma rede de drenagem localizada no leste do estado de Minas Gerais,
onde abrange uma área de 21.555 Km² e se divide entre as sub-bacias Suaçuí Pequeno e Suaçuí
Grande. Nascido no município de Serra Azul de Minas, localizada no Parque Estadual do Pico
do Itambé, o Rio Suaçuí surge no maciço rochoso da Serra do Espinhaço inicialmente com o
nome de Rio Vermelho e segue seu curso até se encontrar com os rios Turvo Grande e Cocais,
em Paulistas, onde passa a se chamar Suaçuí Grande. A bacia do Rio Suaçuí Grande se localiza
na Depressão Inter-planática do Médio Rio Doce, marcada pela predominância de relevos de
baixas amplitudes na sua porção leste e nos Planaltos dos Campos das Vertentes (PCV) na
porção oeste. Os trechos de maior inclinação exibem características morfológicas marcadas por
áreas de formas abruptas, incluindo relevos escarpados e encostas muito íngremes em vales
encaixados. Essas feições são predominantes no limite norte e na parte central da sub-bacia. A
variação altimétrica na sub-bacia hidrográfica vai de 150 a 1732 metros, com uma altitude média
de 543 metros.
De acordo com o IBGE, a sub-bacia hidrográfica do Rio Suaçuí Grande está localizada
na mesorregião Vale do Rio Doce e nas microrregiões Guanhães, Governador Valadares e
Peçanha. Em termos populacionais, destaca-se na sub-bacia do Rio Suaçuí Grande, os setores
censitários dos municípios de Itambacuri, Malacacheta, São Sebastião do Maranhão, Rio
Vermelho, que apresentaram as malhas urbanas com as maiores populações. As principais
rodovias federais que dão acesso à sub-bacia são a BR-116 BR-120, BR-259 e BR-381/MG-381.
As rodovias estaduais mais importantes são: MG-117, MG-314, MG-217, MG-259, MG-417 e
MG-422.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com o mapa com mais detalhes, grande parte das anomalias está concentrada
na unidade litológica Serra Negra de Guanhães, onde se encontram 21 das 38 anomalias
registradas. A serra está localizada em terreno de Embasamento Cristalino, onde predominam
gnaisses finamente bandados, com intercalações decimétricas a métricas de anfibolitos,
quartzoxistos, quartzitos, formação ferrífera e metaultramáficas. Os comportamentos anômalos
da drenagem em contato com este tipo de litologia são equivalentes a 55,26% do valor total das
anomalias catalogadas durante este estudo, o que corresponde a mais da metade das anomalias
em um só tipo de litologia. Os outros registros realizados foram no Alto do Rio Guanhães, onde
há a presença de um território sedimentar e outro vulcânico. Essa unidade conta com 3
anomalias de drenagem, correspondendo a 7,89% do total, sendo uma por contato litológico e as
outras duas por ambas as situações. Na unidade litológica do Basal de Guanhães, a litologia é
feita de metagranitoides: quartzo, monzonito e metatonalito e conta com o número de 4
anomalias equivalentes a uma porcentagem de 10,53%, sendo duas anomalias por contato
litológico e apenas uma por falha. Nos depósitos aluvionares e de terraços, foram encontradas 4
anomalias equivalentes a 10,53% do valor total, onde uma anomalia é por falha, outra é por
contato entre diferentes litologias e duas são por ambas as hipóteses.
No geral, a maior parte das anomalias na bacia do rio Suaçuí Grande podem ser
explicadas através da hipótese levantada sobre as falhas que ocorrem na bacia. Foram registradas
ao todo 14 falhas, sendo 12 destas apenas na unidade litológica da Serra Negra de Guanhães. As
anomalias por contato litológico possuem um número inferior ao número das falhas, sendo 10
anomalias por contato litológico e 6 por ambas as situações. Apenas 8 anomalias registradas não
se explicam por nenhuma das hipóteses que foram levantadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Deve-se lembrar, contudo, que os indícios levantados pelas técnicas aplicadas são
auxiliares e complementares no estudo das relações entre a dinâmica da rede de drenagem, a
configuração do relevo e a evolução geológica regional. Em áreas tecnicamente mais estáveis,
como no Escudo Brasileiro, as técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento são mais
eficientes na identificação de controle litoestrutural (passivo) do que tectônico (ativo).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS