Anomalias de Drenagem Na Bacia Do Suaçuí Grande

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

Subsídio das anomalias de drenagem no leste de Minas Gerais: um recorte de anomalias


fluviais na bacia do Rio Suaçuí Grande

Antônio Rezende Morais Estevam


Maria Eduarda dos Santos Pedro

Belo Horizonte, 2024


RESUMO

Este trabalho se propõe a analisar dados coletados por meio de imagens de satélite que possam
explicar as possíveis causas de comportamentos anômalos identificados na sub-bacia do Rio
Suaçuí Grande, objeto deste estudo localizado à margem esquerda do Rio Doce em Minas
Gerais. Neste sentido, pretendeu-se neste estudo utilizar uma base de dados secundários,
apoiada no geoprocessamento para espacialização de atributos ambientais, com intuito de
levantar hipóteses fundamentadas na litologia e na geomorfologia local (falhas) que expliquem
as anomalias de drenagem que ocorrem na bacia. As anomalias foram mapeadas sob duas
escalas diferentes, tendo em vista que cada uma delas apresentou resultados que embora sejam
semelhantes, foram distintos.

Palavras-chave: Bacia do Rio Suaçuí Grande; Anomalias de Drenagem; Rio Suaçuí Grande

ABSTRACT

This work aims to analyze data collected through satellite images that can explain the possible
causes of anomalous behaviors identified in the sub-basin of the Suaçuí Grande River, the object
of this study located on the left bank of the Doce River in Minas Gerais. In this sense, it was
intended in this study to use a secondary database, supported by geoprocessing for spatialization
of environmental attributes, in order to raise hypotheses based on lithology and local
geomorphology (fails) that explain the drainage anomalies that occur in the basin. The anomalies
were mapped under their different scales, considering that each of them presented results that,
although they are similar, were different.

Keywords: Suaçuí Grande River Basin; Drainage Anomalies; Suaçuí Grande River
Subsídio das anomalias de drenagem no leste de Minas Gerais: um recorte de anomalias
fluviais na bacia do Rio Suaçuí Grande

INTRODUÇÃO

Os processos físicos que ocorrem nos rios e suas áreas circundantes estão associados à
dinâmica fluvial, que por sua vez pode ser influenciada por diversos fatores geológicos,
geomorfológicos e climáticos. Atualmente no Brasil, diversas pesquisas têm se dedicado ao
estudo de elementos fluviais com o suporte de uma análise da evolução geomorfológica e a
escolha de uma bacia hidrográfica como escala de análise geomorfológica permite uma
abordagem integrada dos fenômenos ambientais que nela ocorrem, como mudanças bruscas de
direção da drenagem (cotovelos). As anomalias de drenagem correspondem a irregularidades
relacionadas ao padrão de escoamento da água em uma determinada região, sendo decorrentes
principalmente de processos morfoestruturais e morfotectônicos. Segundo Howard (1967), as
anomalias podem ser compreendidas como discordâncias locais do padrão de drenagem regional
e/ou dos padrões de canais, sugerindo desvios topográficos ou estruturais. Elas são fundamentais
para entender a dinâmica fluvial e a evolução da paisagem de uma região já que refletem
processos complexos que moldam a distribuição e o movimento da água na superfície terrestre,
influenciando diretamente a morfologia do terreno, a ecologia e até mesmo aspectos sociais e
econômicos das áreas afetadas.

O presente trabalho se propõe a investigar as anomalias de drenagem na evolução da rede


hidrográfica da sub-bacia do Rio Suaçuí Grande, afluente da margem esquerda do Rio Doce em
termos de padrões de direção, levantando possíveis conexões com o quadro litoestrutural e com
a dinâmica tectônica regional. Esta sub-bacia se localiza na porção leste de Minas Gerais e
possui uma área de 12.413km2 que drena cerca de 29 municípios, dos quais 19 estão inseridos
por inteiro na bacia, enquanto 10 estão parcialmente inseridos. A drenagem do Rio Suaçuí se
inicia no município de Serra Azul de Minas, onde recebe o nome de rio Vermelho e sua foz se
localiza no município de Governador Valadares, com uma extensão aproximada de 372km. Sua
bacia se subdivide e passa a se chamar Suaçuí Grande ao encontrar-se com os rios Turvo Grande
e Cocais, na cidade de Paulistas. A bacia do Rio Suaçuí Grande possui um padrão de drenagem
tipicamente dendrítico com uma elevada densidade. No extremo oeste da bacia, em sua porção
alta, está localizado o compartimento montanhoso da Serra do Espinhaço meridional, onde se
encontram as principais cabeceiras do Rio Suaçuí Grande.

A litologia dominante em toda a extensão do rio é derivada do metamorfismo regional


ocorrido durante o Evento Brasiliano. A partir da sua porção média da bacia até a sua foz, o Rio
Suaçuí Grande e seus principais afluentes escavaram a abriram amplos vales, com planícies
aluviais largas e importantes zonas de sedimentação. A bacia conta com um relevo ondulado,
característico de colinas, apresentando vales encaixados e a altitude da bacia varia de 150 a
1.732 metros, sendo a altitude média de 543 metros. Em relação aos recursos geológicos de
viabilidade econômica, é possível encontrar na sub-bacia processos minerários de minério de
ferro, diversas gemas, materiais de construção (com predomínio de areia e argila) e rochas
ornamentais. A bacia do rio Suaçuí Grande está situada sob domínio do bioma Mata Atlântica, o
qual representa um dos maiores repositórios de biodiversidade do planeta. Em seu território, há
baixa conservação da vegetação nativa em decorrência do processo histórico de ocupação
antrópica da área (pastagem, agricultura, áreas antrópicas indiscriminadas, influência urbana e
agropecuária), resultando em uma paisagem atual de ambientes antropizados.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O levantamento de anomalias se deu a partir da análise da rede hidrográfica vetorial


obtida no IDE-SISEMA em imagens de satélite, considerando-se somente cursos d’água a partir
de 4ª ordem, conforme a hierarquia fluvial no modelo de Strahler (1952). Este recorte se mostrou
necessário, tendo em vista a amplitude da área em estudo e sua grande densidade de drenagem,
bem como a busca por correlações com fatos e condicionantes tectônicos e estruturais de
significância regional. Assim, definiu-se a escala de 1:100.000 para realizar a análise visual,
registrando-se em ambiente SIG cada anomalia identificada. Foram consideradas como
anomalias os cotovelos de drenagem, que marcam forte mudança de direção de cursos d’água,
segmentos com forte tendência à retilinearidade, bem como trechos confinados de destacada
sinuosidade. Para interpretação do significado das anomalias, estas foram analisadas em
conjunto com as informações geológicas disponíveis.

Para interpretação do significado das anomalias, estas foram analisadas em conjunto


com as informações geológicas disponíveis. A delimitação das bacias hidrográficas foi realizada
por meio do produto Bacias Hidrográficas do Brasil (BHB250), em escala 1:250.000, no formato
vetorial, disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A
hidrografia em escala 1:50.000 foi obtida em formato vetorial no portal Infraestrutura de Dados
Espaciais do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IDE-SISEMA) do
Governo do Estado de Minas Gerais, enquanto a geologia foi obtida em formato vetorial no
Portal da Geologia em escala 1:1.000.000. Também foi utilizado o Modelo digital de elevação
(MDE) Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) com resolução espacial de 30 metros,
disponibilizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) no portal TopoData. Os
dados foram importados para os softwares QGIS e/ou ArcGis. As informações geológicas foram
retiradas de duas companhias diferentes, devido a extensa área de 21.555km² da bacia. Desse
modo, a carta geológica referente a seu território possui pouca exatidão e identificamos a
necessidade de analisar em uma escala mais aproximada. A carta referente a todo o território da
bacia provém do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) na escala de 1:1.000.000. Para a escala
aproximada foram utilizadas 6 cartas da CPRM na escala de 1:100.000, além de 6 cartas da
Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (CODEMIG) na escala de
1:100.000. Na etapa do pré-processamento, foi realizada a padronização do sistema de
coordenadas dos dados vetoriais e matriciais para a projeção plana Universal Transversa de
Mercator (UTM) e datum SIRGAS 2000 UTM zona 23S.

A partir da junção dos dados, foram analisadas as áreas de anomalias. Quando o trecho
anômalo da drenagem possui encontro de litologias, as anomalias são classificadas como
anomalias geradas por contato litológico, e quando há a existência de falhas próximas ao trecho,
considera-se como anomalias geradas por falhas. Além disso, quando o contato litológico e a
falha são encontrados em um mesmo ponto, as anomalias são consideradas por ambas as
hipóteses. Por fim, quando não se encontra contato litológico e falha próximo ao trecho
anômalo, a razão da anomalia é considerada como gerada por nenhuma das hipóteses. A partir
disso foram feitas duas tabelas referentes ao mapa de maior detalhamento e outro de menor.

ÁREA DE ESTUDO DO TRABALHO

O Rio Suaçuí é uma rede de drenagem localizada no leste do estado de Minas Gerais,
onde abrange uma área de 21.555 Km² e se divide entre as sub-bacias Suaçuí Pequeno e Suaçuí
Grande. Nascido no município de Serra Azul de Minas, localizada no Parque Estadual do Pico
do Itambé, o Rio Suaçuí surge no maciço rochoso da Serra do Espinhaço inicialmente com o
nome de Rio Vermelho e segue seu curso até se encontrar com os rios Turvo Grande e Cocais,
em Paulistas, onde passa a se chamar Suaçuí Grande. A bacia do Rio Suaçuí Grande se localiza
na Depressão Inter-planática do Médio Rio Doce, marcada pela predominância de relevos de
baixas amplitudes na sua porção leste e nos Planaltos dos Campos das Vertentes (PCV) na
porção oeste. Os trechos de maior inclinação exibem características morfológicas marcadas por
áreas de formas abruptas, incluindo relevos escarpados e encostas muito íngremes em vales
encaixados. Essas feições são predominantes no limite norte e na parte central da sub-bacia. A
variação altimétrica na sub-bacia hidrográfica vai de 150 a 1732 metros, com uma altitude média
de 543 metros.

De acordo com o IBGE, a sub-bacia hidrográfica do Rio Suaçuí Grande está localizada
na mesorregião Vale do Rio Doce e nas microrregiões Guanhães, Governador Valadares e
Peçanha. Em termos populacionais, destaca-se na sub-bacia do Rio Suaçuí Grande, os setores
censitários dos municípios de Itambacuri, Malacacheta, São Sebastião do Maranhão, Rio
Vermelho, que apresentaram as malhas urbanas com as maiores populações. As principais
rodovias federais que dão acesso à sub-bacia são a BR-116 BR-120, BR-259 e BR-381/MG-381.
As rodovias estaduais mais importantes são: MG-117, MG-314, MG-217, MG-259, MG-417 e
MG-422.

Figura 1 - Localização da bacia hidrográfica

Mapa da localização da sub-bacia hidrográfica do Rio Suaçuí Grande


Entre as classes de solos presentes na área de estudo, os LATOSSOLOS
VERMELHO-AMARELO Distróficos típicos ocupam a maior porção da área total, enquanto os
ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELO Eutróficos típicos abrangem ocupam o restante e
estão localizados nas áreas mais estáveis da paisagem.. Além disso, encontram-se também os
NEOSSOLOS FLÚVICOS Tb Distróficos típicos, NEOSSOLOS LITÓLICOS Distróficos
típicos e NEOSSOLOS LITÓLICOS Eutróficos típicos. Embora possua baixa representatividade
em comparação aos demais tipos de solos e de possuir certas limitações para o uso agrícola, a
sua localização é estratégica a partir do ponto de vista da conservação ambiental. A sub-bacia do
Rio Suaçuí Grande está inserida em região de domínio do bioma Mata Atlântica, um dos maiores
repositórios de biodiversidade do planeta. Sob o ponto de vista econômico, na sub-bacia são
encontrados processos associados à mineração, sejam eles com ou exploração, como gemas
diversas, rochas ornamentais, materiais de construção predominantemente de areia e argila e
minério de ferro.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As anomalias de drenagem analisadas neste trabalho foram as geradas em sua maioria


por contato litológico ou por falhas. As anomalias de drenagem influenciadas pela litologia
(item A, figura 2), são geradas quando diferentes litologias geram diferenças de altitude em seus
encontros, haja vista as suas diferentes resistências para intemperismos, erosão, dissecação,
tendendo a ser uma área em que a água tende a acumular. As anomalias influenciadas por falhas
geológicas (item B, figura 2) se dão com a reativação a partir da dissecação pela drenagem, uma
determinada área pode se encontrar com uma falha que estava inativa e a partir disso a drenagem
segue o curso da falha, ou uma falha que a partir dos tectonismos sejam geradas em uma área de
hidrografia. Dessa forma, o curso da drenagem é direcionado a partir da falha.
Figura 2 - Exemplo de anomalias por contato litológico e por falhas geológicas

Anomalias de drenagem geradas por contato litológico em A e por falhas na letra B

É possível ver na sub-bacia que na porção à direita há uma retilinearidade na hidrografia


que se diferencia de todas as drenagens da bacia. Essa hidrografia percorre do norte para o sul
em grande parte da extensão vertical da bacia (Figura 3). O fato dessa anomalia ser de grande
proporção gerou a necessidade de apresentá-la com maior destaque neste trabalho. Esta anomalia
foi fortemente influenciada pelas falhas, as quais percorrem por todo o percurso da drenagem
destacada na figura 5, que influenciou o padrão retilíneo da drenagem.
Figura 3 - Anomalia de drenagem muito retilínea

Drenagem com um padrão acentuadamente retilíneo causado por falha geológica

Ao todo, foram mapeadas 38 anomalias de drenagem na bacia do Rio Suaçuí Grande,


observando-se que o motivo das anomalias se deve ao contato litológico e as falhas geológicas.
As anomalias foram catalogadas e divididas de acordo com a unidade litológica em que elas
ocorrem e analisadas em um mapa de maior detalhamento e outro de menor, além da
porcentagem sobre o número total de anomalias presentes. A litologia, o número de anomalias e
as hipóteses foram divididas em duas tabelas diferenciadas pelo detalhamento, conforme a
Tabela 1 e a Tabela 2.

Tabela 1 - Análise das anomalias do mapeamento com mais detalhes

Levantamento de anomalias realizados a partir do mapa de maior detalhamento

Figura 4 - Mapa litológico da sub-bacia com maior detalhamento

Mapa com mais detalhes sobre a litologia presentes na sub-bacia

De acordo com o mapa com mais detalhes, grande parte das anomalias está concentrada
na unidade litológica Serra Negra de Guanhães, onde se encontram 21 das 38 anomalias
registradas. A serra está localizada em terreno de Embasamento Cristalino, onde predominam
gnaisses finamente bandados, com intercalações decimétricas a métricas de anfibolitos,
quartzoxistos, quartzitos, formação ferrífera e metaultramáficas. Os comportamentos anômalos
da drenagem em contato com este tipo de litologia são equivalentes a 55,26% do valor total das
anomalias catalogadas durante este estudo, o que corresponde a mais da metade das anomalias
em um só tipo de litologia. Os outros registros realizados foram no Alto do Rio Guanhães, onde
há a presença de um território sedimentar e outro vulcânico. Essa unidade conta com 3
anomalias de drenagem, correspondendo a 7,89% do total, sendo uma por contato litológico e as
outras duas por ambas as situações. Na unidade litológica do Basal de Guanhães, a litologia é
feita de metagranitoides: quartzo, monzonito e metatonalito e conta com o número de 4
anomalias equivalentes a uma porcentagem de 10,53%, sendo duas anomalias por contato
litológico e apenas uma por falha. Nos depósitos aluvionares e de terraços, foram encontradas 4
anomalias equivalentes a 10,53% do valor total, onde uma anomalia é por falha, outra é por
contato entre diferentes litologias e duas são por ambas as hipóteses.

Em relação ao número de anomalias inferior à 4, mostra-se a litologia Dom Silvério,


onde foi encontrada apenas 1 anomalia correspondente a porcentagem de 2,63% mas que não se
explica por nenhuma das hipóteses levantadas. A litologia presente é composta de
granada-biotita xisto, cianita-grafita, xisto, sericita quartzito, anfibolito, biotita-anfibólioxisto e
gondito. Em Galiléia a litologia é composta de granitos pré-colisionais e apenas uma anomalia
foi registrada por ambas as hipóteses, o que equivale a 2,63%. Na unidade de Juiz de Fora, a
litologia são litofácies ortognaisse migmatítico e foi encontrada apenas uma anomalia, também
sendo 2,63% dos números. A unidade litológica Sopa-Brumadinho possui quartzito, filito
hematítico, metapelito, xisto, metaconglomerado, níveis carbonáticos, níveis fosfáticos e
vulcânicas. Apresenta uma anomalia devido à uma falha e corresponde à porcentagem de 2,63%
das anomalias. Por fim, a litologia da Formação Tumiritinga é composta por paragnaisse/xisto
com cordierita e/ou sillimanita, rocha calcissilicática, mármore e rochas metavulcanoclásticas.
Possui 2 anomalias, sendo uma por falha e a outra por nenhuma das hipóteses, correspondendo à
5,26% da quantidade total de anomalias.

No geral, a maior parte das anomalias na bacia do rio Suaçuí Grande podem ser
explicadas através da hipótese levantada sobre as falhas que ocorrem na bacia. Foram registradas
ao todo 14 falhas, sendo 12 destas apenas na unidade litológica da Serra Negra de Guanhães. As
anomalias por contato litológico possuem um número inferior ao número das falhas, sendo 10
anomalias por contato litológico e 6 por ambas as situações. Apenas 8 anomalias registradas não
se explicam por nenhuma das hipóteses que foram levantadas.

Tabela 2 -Anomalias do mapeamento com menos detalhes

Levantamento de anomalias realizados a partir do mapa de menor detalhamento

Figura 5 - Mapa litológico e de anomalias com menos detalhes

Litologias presentes na sub-bacia do Rio Suaçuí Grande


Em relação ao mapa de menor detalhamento, também foram catalogadas 38 anomalias de
drenagem e 21(55,26%) delas inseridas no contexto geológico da Serra Negra de
Guanhães,sendo 3 ocasionadas por falha e 3 por contato litológico, 5 por ambas as situações e 10
por nenhuma das hipóteses. No Basal de Guanhães foram encontradas 4 anomalias, sendo 1 por
contato litológico, 1 por falha e 2 por nenhum dos casos. Em depósitos aluvionares e de terraços
também foram identificadas 4 anomalias, sendo 3 delas por contato entre litologias e 1 por
ambos os casos. As anomalias das duas litologias correspondem a 10,53% do total de anomalias.
No Alto Rio Guanhães, registram-se 3 anomalias, equivalentes à porcentagem de 7,89%, sendo 1
por contato litológico, 1 por ambos e 1 por nenhuma das hipóteses. Em Tumiritinga, foram
mapeadas 2 anomalias (5,26%), sendo 1 por contato litológico e 1 por nenhum dos casos. No
contexto geológico Galiléia, Dom Silvério, Juiz de Fora e Sopa-Brumadinho 1 anomalia foi
registrada por nenhuma das hipóteses em cada uma das litologias, correspondendo a 2,63% do
total de anomalias.

Diferentemente da análise sob maior detalhamento, a maioria das anomalias analisadas


com menor detalhamento são ocasionadas e condicionadas por nenhuma das situações
hipotéticas levantadas. Em relação ao número de anomalias, 3 são por falhas, 9 são por contato
litológico, 8 são por ambos os casos e 18 delas são por nenhuma das hipóteses. Desse modo, é
importante considerar a importância do detalhamento das imagens obtidas através do
sensoriamento remoto para o levantamento de dados em determinada pesquisa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final do trabalho, foi possível perceber que em áreas de maior complexidade


geológica e com um passado tectônico mais ativo, a rede de drenagem tende a ser mais
condicionada pelo quadro litoestrutural, mais variado, deformado e falhado. Além disso, esse
quadro estrutural mais rico e diversificado pode estar propiciando uma maior sensibilidade à
atividade neotectônica intraplaca. Assim, é possível perceber que a análise da mesma área mas
com dois mapas de detalhamento diferentes faz com que os resultados provenientes de cada um
gera um resultado diferente que impacta na forma de análise da situação.

Deve-se lembrar, contudo, que os indícios levantados pelas técnicas aplicadas são
auxiliares e complementares no estudo das relações entre a dinâmica da rede de drenagem, a
configuração do relevo e a evolução geológica regional. Em áreas tecnicamente mais estáveis,
como no Escudo Brasileiro, as técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento são mais
eficientes na identificação de controle litoestrutural (passivo) do que tectônico (ativo).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, T. M; DE LIMA, V. F.; FURRIER, M. Anomalias em padrões de redes de


drenagem como fator de verificação de neotectônica–um estudo de caso nas sub-bacias do
rio Mamuaba-PB. Revista do Departamento de Geografia, v. 26, p. 195-213, 2013.

HOWARD, A. D. Drainage analysis in geologic interpretation: A summary. AAPG Bulletin,


v. 51, p. 2246-2259, 1967.

JÚNIOR, Antônio Pereira Magalhães; DE PAULA BARROS, Luiz Fernando.


Hidrogeomorfologia: formas, processos e registros sedimentares fluviais. Editora Bertrand
Brasil, 2020.

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