Grid e Composição 4

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GRID E COMPOSIÇÃO

AULA 4

Prof. Fabiano de Miranda


CONVERSA INICIAL

Olá aluno, seja muito bem-vindo a mais uma aula da disciplina de Grid e
Composição!
Neste momento, chegamos ao nosso quarto encontro, ou seja, acabamos
de passar da metade das nossas seis aulas previstas para a disciplina. Até aqui,
vimos como as estruturas visuais são utilizadas na produção editorial visando
organização e clareza nas comunicações. De forma mais específica, na última
aula abordamos as variações mais comuns nos formatos do grid tipográfico e
suas possíveis aplicações, considerando a importância do total domínio desse
tipo de estrutura para qualquer bom profissional que deseje trabalhar no meio
editorial. Dessa maneira, concluímos a parte do “grid”, que dá nome a esta
disciplina.
Nesta aula, nosso objetivo é dar aos estudos da segunda parte da
disciplina. Isto significa que de agora em diante trataremos da parte intitulada de
“composição”, mais especificamente do tipo de composição empregado no
contexto de trabalhos editoriais. Uma vez mais, utilizaremos a literatura
específica sobre o tema como base para explicarmos os principais conceitos e
fundamentos envolvidos, e também apresentaremos diversos exemplos práticos
dos assuntos que estivermos tratando.
Seguindo nessa linha de raciocínio, começaremos tratando da definição
de composição, bem como de alguns princípios que podem nortear as
composições. Esse tema será importante para delimitarmos qual será a nossa
abordagem nesta e nas próximas aulas.
Logo em seguida, trataremos de um tema que já esteve presente em
alguns momentos de nossas aulas anteriores, porém de forma bastante breve:
formatos editoriais. Aqui, abordaremos os principais tamanhos de papel
disponíveis no mercado editorial, e como melhor utilizá-los para que você possa
fazer as suas composições. No final deste tema, também trataremos um pouco
dos formatos disponíveis atualmente para as telas digitais.
Embora seja muito importante considerarmos aspectos de tipografia
quando estamos falando sobre projetos editoriais, ainda não havíamos dado o
foco necessário a esse assunto, que é bastante relevante para composições de
todos os tipos de publicações. Assim, este será o terceiro tema desta aula.

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No quarto tema, veremos como utilizar da melhor maneira os elementos
de cor em projetos editoriais. Assim, trataremos brevemente de sua importância
na condição de elemento informacional em composições, e compreenderemos
quais são os modelos principais e os mais adequados para a diagramação de
páginas digitais e impressas. Para finalizar, no quinto e último tópico da aula
observaremos os elementos de imagem em publicações.
Desejo que você tenha uma aula proveitosa e bons estudos!

CONTEXTUALIZANDO

De modo abrangente, a ideia aqui é que, após conhecer os elementos


disponíveis para a composição de layouts, você finalmente entenda como juntar
tudo e montar “bloquinhos” de informação para obter um resultado final
organizado e harmonioso no seu projeto. Mais do que isso, desejamos que você
também possa tomar decisões projetuais racionais e bem embasadas para a
composição dos layouts.
Portanto, a questão-problema que podemos colocar para esta aula é:
quais são os conhecimentos básicos que preciso ter para fazer isso? Para
responder essa questão, analisaremos os temas elencados na seção anterior.
Esses temas compõem um bom complemento para o que abordamos até o
momento na disciplina de Grid e Composição, pois assim teremos uma visão
mais ampla e completa da composição de layouts.
Falando sobre a prática profissional: conhecer um mínimo desses
assuntos é fundamental na hora de trabalhar com projetos gráficos de diversas
naturezas. Então, vamos lá?

TEMA 1 – PRINCÍPIOS DA COMPOSIÇÃO

Quando falamos em composição, podemos nos referir ao termo em


vários sentidos. Considerando a definição formal da palavra, composição
consiste no ato de compor algo. Ok, mas dizer isso não é muito elucidativo sobre
o seu significado. Compor algo pode significar unir elementos para formar uma
outra coisa, maior e mais abrangente. Pode significar também o ato de criar,
como quando nos referimos a um músico que compõe canções. E, ainda,
podemos pensar na organização de elementos em um determinado espaço. E é

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justamente esse último sentido que daremos à palavra composição daqui em
diante na nossa disciplina.
De fato, até o momento tratamos de vários conceitos e ideias referentes
a essa ideia de composição. Se lembrarmos da nossa primeira aula, por
exemplo, vamos recordar sobre as diferentes formas de reprodução gráfica, e
como moldaram as estruturas visuais utilizadas para compor trabalhos gráficos,
desde a escrita suméria na Antiguidade, passando pela Bíblia de Gutenberg (c.
1450), a composição de páginas com tipos móveis, até a editoração eletrônica,
quando as composições passam a ser produzidas com o auxílio do computador.
Mas compor o quê? Afinal, se organizamos, temos de organizar algo. Na
segunda aula da disciplina, exploramos como fazer essa organização por meio
de grids tipográficos, bem como os elementos básicos da página que podem –
aí sim – compor uma publicação editorial.
Assim, é da organização desses elementos e de seu resultado gráfico-
informacional, nas páginas de revistas, jornais, livros, catálogos de produtos,
manuais de instrução, materiais didáticos etc., que estamos nos referindo
quando falamos em composição editorial.
A seguir, vamos analisar brevemente alguns fatores que afetam a
harmonia das composições, como por exemplo a relação estabelecida entre os
elementos gráficos, bem como os conceitos de alinhamento, repetição e
contraste. De forma bastante abrangente, podemos usar esses conhecimentos
como dicas úteis para melhorar as composições em nossos projetos. Como
reflete Collaro (2012, p. 13): “O julgamento de uma obra de arte passa pela
avaliação de sua beleza, que leva em conta a relação entre seus componentes.
Por esse motivo, dizemos que obras são consideradas esteticamente agradáveis
quando a proporção entre a forma e o conteúdo estiverem em harmonia”.
Ainda segundo autor, essa harmonia é derivada de condições específicas,
como a unidade da concepção, a variedade dos seus elementos, a
oportunidade de usar componentes que transmitam bem a mensagem, a
naturalidade com a qual o artista se expressa, e a originalidade da obra em
comparação ao que já existe (Collaro, 2012).

1.1 Relações entre os elementos gráficos

Em sua pesquisa de doutorado, Engelhardt (2002) desenvolveu uma


teoria para ser aplicada na análise gráfica de composições, contendo elementos
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como mapas, gráficos e diagramas. Em meio aos vários conceitos propostos
pelo autor, destacamos aqui as relações espaciais entre objetos gráficos em
composições. De acordo com o autor, tais relações são:

• Agrupamento e separação: quando os elementos gráficos são


posicionados próximos uns dos outros, tendemos a perceber como se
eles pertencessem a um mesmo grupo. Por outro lado, elementos
separados por espaços em branco, linhas ou faixas divisórias, tendem a
ser percebidos como pertencentes a grupos ou categorias de informação
diferentes.
• Linearidade: elementos que são organizados em uma sequência linear
(seja na vertical ou na horizontal) tendem a ser percebidos como etapas
de um mesmo processo;
• Conexão: ocorre quando linhas, faixas, setas, pontos etc. conectam
visualmente elementos gráficos na composição.
• Contenção: quando um elemento gráfico contém outro, como por
exemplo os balões em uma história em quadrinhos, que contêm os textos.
• Superimposição: relação entre uma figura em primeiro plano e outra em
segundo plano, dando uma ideia de “figura-fundo”.

Cada uma dessas relações pode ser aplicada nos elementos de layouts
no intuito de produzir composições mais harmoniosas e instigantes para o leitor,
privilegiando a mensagem pretendida na comunicação.

1.2 Alinhamento, repetição e contraste

Além das relações apresentadas no tema anterior, existem outras


configurações dos elementos na página que podem auxiliar na tarefa de compor
layouts harmoniosos. Entre os mais importantes, estão o alinhamento, a
repetição e o contraste.
Quando tratamos de alinhamento, estamos nos referindo à disposição
dos elementos gráficos em um espaço, guiados por uma mesma linha reta
horizontal ou vertical. Essa estratégia ajuda a tornar os layouts, de forma geral,
mais claros e organizados. Nas aulas anteriores, vimos que essa linha reta pode
ser parte integrante do grid tipográfico. Portanto, com base nisso concluímos
facilmente que os grids auxiliam a alinhar os elementos para a composição de
layouts. Mazzarotto (2018, p. 161; 163) reflete que “não se preocupar com o

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alinhamento pode deixar o layout com cara de amador” e que “o posicionamento
e a relação entre os objetos devem ser sempre conscientes e planejados”.
Já a repetição, por sua vez, consiste em um princípio segundo o qual
associamos um significado a objetos semelhantes visualmente, dando a
sensação de consistência. Conforme pontua Peruyera (2018, p. 186), “podemos
pensar na repetição de elementos como o fólio ou o padrão tipográfico dos textos
ao longo de uma publicação”.
Finalmente, o contraste ocorre quando há clara diferenciação entre
elementos gráficos em uma composição. Tanto Mazzarotto (2018) quanto
Peruyera (2018) apontam que esse tipo de relação ajuda a destacar elementos
e a manter em evidência a separação entre eles, como por exemplo a relação
de contraste existente entre um texto escuro sobre um fundo mais claro. Outra
forma comum de contraste observada em materiais editoriais é o uso de fontes
regulares juntamente com trechos destacados em itálico ou negrito, como você
pode observar neste texto que está lendo.
Esses princípios auxiliam a criar layouts mais claros, organizados e com
uma aparência mais profissional para o público.

TEMA 2 – FORMATOS EDITORIAIS

Uma questão bastante explorada na primeira parte da nossa disciplina de


Grid e Composição foi a seguinte: “como podemos dividir o espaço gráfico para
acomodar os conteúdos?” Vimos que podemos usar estruturas visuais, sendo o
grid tipográfico a mais popular delas no meio editorial, para fazer essa divisão do
espaço. Mas aí você deve ter se perguntado “o que é esse espaço gráfico, afinal
de contas?” A resposta mais recorrente que demos até agora para esta questão
foi “o espaço vazio da página ou da tela”.
Entretanto, ainda ficou no ar mais uma questão: Qual página? Qual tela?
Afinal, também já observamos em nossas aulas anteriores que há diferentes
tamanhos existentes para cada um. E é exatamente para preencher esta lacuna
que exploraremos esse assunto neste segundo tópico da aula.
A seguir, veremos quais os tamanhos de papel mais comuns no meio
editorial, especialmente no que diz respeito a produção de revistas, livros e
jornais. Em seguida observaremos critérios técnicos que podemos utilizar para
a seleção do formato de papel mais adequado para produtos impressos. Para

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finalizar, veremos brevemente quais são os principais formatos para publicações
disponíveis atualmente em formato digital.

2.1 Formatos para impressão

Quando tratamos de composições impressas, um dos aspectos que


devemos considerar é o tipo e o formato de papel que iremos utilizar. Afinal, não
faz sentido que o nosso layout fique maravilhoso na tela do nosso computador e
quando imprimimos o trabalho vá por água abaixo por conta da escolha
inadequada do tamanho de papel para aquele tipo de publicação, não é mesmo?
Ou ainda, que os custos do projeto se tornem tão altos que tenhamos que refazer
todo o trabalho porque não nos atentamos ao tamanho das páginas que
escolhemos logo de início.
Assim, o primeiro passo para a escolha correta do papel para a impressão
do nosso trabalho é avaliarmos cuidadosamente quais são os objetivos do
projeto. Conforme coloca Peruyera (2018, p. 162): “Por exemplo, qual deve ser
a característica soberana de um guia de bolso? Exato. Ele precisa caber no
bolso. Várias revistas femininas têm versões menores que, além de mais
baratas, são mais fáceis de carregar; é preciso, portanto, considerar o dia a dia
do público-alvo”.
O mesmo autor aponta que normalmente é difícil escolher livremente o
tamanho do papel com que iremos trabalhar, pois é mais comum usarmos
tamanhos pré-definidos pela indústria gráfica (Peruyera, 2018). Isso quer dizer
que no mercado editorial as gráficas costumam adotar padrões comuns de papel;
por conta disso, formatos não convencionais que fogem desses padrões
costumam ter um custo mais alto, o que pode até mesmo inviabilizar um projeto.
De qualquer forma, cabe ao projetista analisar qual é a melhor escolha para cada
situação.
De acordo com Buggy (2004) e Capelasso, Nicodemo e Menezes (2018),
o tamanho de folha mais empregado na indústria gráfica brasileira é o formato
BB (660 mm x 960 mm). Confira na tabela 1 a seguir outros formatos comuns
encontrados em gráficas para a impressão.

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Tabela 1 – Formatos de papel em gráficas.

Formato Em milímetros
Papel Oficial 660x850
Formato BB 660x960
Formato AA 760x1120
Formato Americano 870x1140
Formato Francês 760x960
Formato AM 890x1170
Cartolina SP 500x650
Cartolina A 560x760
Fonte: Elaborado com base em Buggy, 2004.

Você reparou que o tamanho dessas folhas é diferente daquelas que


usamos para fazer as nossas impressões do dia a dia? Os tamanhos de papel
mostrados aqui são bem maiores! Estes são os principais formatos usados pela
indústria gráfica para imprimir trabalhos em grandes quantidades. De acordo
com Capelasso et. al (2018, p. 100):

Esses formatos de papel, por serem grandes, permitem a impressão,


numa única folha, de várias repetições do mesmo projeto. Por isso, ao
solicitar um orçamento à gráfica, é necessário enviar as informações
sobre o formato aberto e fechado, pois, a partir do formato aberto, a
gráfica calcula quantas repetições do mesmo material podem ser
impressas numa única folha, sendo possível otimizar a produção.

Conforme podemos conferir na citação acima, ao pensarmos no melhor


aproveitamento de recursos, há cálculos que podemos fazer para chegarmos ao
formato ideal das páginas para impressão. Nas palavras de Peruyera (2018), às
vezes um ou dois centímetros podem fazer uma diferença bem grande na
economia dos custos de um projeto!
Quanto a essa questão, para a nossa sorte existem esquemas prontos,
com cálculo já feito, para o aproveitamento de papel ideal pelas gráficas. Confira
na Figura 1, a seguir como as folhas podem ser melhor aproveitadas para a
impressão de tamanhos diferentes de páginas no formato BB.

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Figura 1 – Tamanhos de folha versus aproveitamento de papel

Fonte: elaborado com base em Buggy, 2004; Capelasso; Nicodemo; Menezes, 2018.

Cabe ressaltar que os formatos apresentados até o momento são comuns


para a impressão de peças gráficas, como livros e revistas. Para jornais, há
outros tamanhos de papel padronizados na indústria, seguindo uma lógica
diferente de formatos. De acordo com Zappaterra e Caldwell (2014), embora
existam outros tamanhos, os três formatos mais comuns de jornal, com as
medidas aproximadas, são: Tabloide (35,5 cm x 25,5 cm), Berliner ou Berlinense
(47 cm x 31,5 cm) e Standard (56 cm x 43,2 cm). Mais uma vez, destacamos que
a escolha do formato ideal dependerá dos objetivos de comunicação da
publicação, do público ao qual se destina e, nesse caso, mesmo de fatores
econômicos envolvidos.

2.2 Formatos digitais

Quando estamos tratando do projeto de publicações digitais, em tela as


medidas dos formatos disponíveis variam tanto de tamanho quanto existem
dispositivos e plataformas diferentes no mercado. De fato, extensas listas

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contendo dimensões compatíveis com os diversos aparelhos e sistemas estão
disponíveis para consulta nos sites dos principais desenvolvedores de sistemas
para dispositivos digitais atualmente: no site voltado para os desenvolvedores de
produtos para a Apple, responsável pela plataforma iOS 1, e no site do Material
Design, desenvolvido pelo Google, responsável pela plataforma Android 2.
Ambos os materiais estão em inglês, mas mesmo que você tenha dificuldades
com a língua estrangeira, vale a pena fazer uma consulta rápida para verificar a
diversidade com que estamos lidando.
Muito embora o ambiente digital muitas vezes seja visto como mais “livre”
do que o suporte impresso, por possibilitar a acomodação de uma quantidade
virtualmente infinita de informações, o tamanho físico das telas ainda é um fator
bastante limitador. Como vimos em nossa primeira aula, Lupton (2015) afirma
que as telas ainda são formadas por um grande número de pixels quadrados, e
mesmo com os avanços tecnológicos a aparência quadrada/retangular dessas
telas não mudou.
De qualquer modo, se precisássemos eleger um padrão para
começarmos a trabalhar, ainda de acordo com Lupton (2015), seria o tamanho
de tela de 1024x768 pixels. Nas palavras da autora, “Nessa resolução, a maioria
dos smartphones consegue acompanhar o conteúdo, e o projeto se mantém
escalável para telas maiores. Na prática, 1024x768 é o tamanho aproximado de
toda a tela”. (Lupton, 2015, p. 50)

TEMA 3 – TIPOGRAFIA

Um dos temas mais importantes quando lidamos com projetos editoriais


é a tipografia. O aspecto geral das letras do alfabeto e dos demais caracteres
escritos, como por exemplo os números e outros sinais, bem como a sua
articulação no intuito de compor palavras, frases etc., é quesito fundamental a
considerar na criação de qualquer layout. Tendo em vista essa importância,
neste tema da aula observaremos mais atentamente o assunto sob uma
perspectiva teórica e técnica.
Nesse contexto, veremos como o desenho das letras tem diferentes
partes, e qual a nomenclatura adequada. Da mesma maneira, analisaremos

1 Disponível no link: <https://developer.apple.com/design/human-interface-guidelines/ios/visual-


design/adaptivity-and-layout/>. Acesso em: 15 abr. 2019.
2 Disponível no link: <https://material.io/tools/devices/>. Acesso em: 15 abr. 2019.

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como as características visuais de cada desenho de letra nos levam a diferentes
estilos tipográficos, isto é, como podemos classificar as fontes de diferentes
maneiras quanto à aparência. Em seguida, traremos algumas dicas para o uso
da tipografia: quais são as melhores práticas? O que devemos evitar em nossos
trabalhos? Vamos mergulhar juntos no universo da tipografia!

3.1 Anatomia e classificações tipográficas

Em seu livro Guia de Tipografia, Timothy Samara (2011) propõe um


esquema gráfico para conhecermos as características estruturais das letras do
alfabeto. Segundo o autor, essa estrutura permanece a mesma quando
observamos diferentes alfabetos. Nesse aspecto, concordamos com as palavras
de Collaro (2012), que destaca a importância de entendermos a estrutura das
letras, porque assim garantimos uso, avaliação e sugestões tipográficas sem
medo de cometer erros.
Veja a seguir na Figura 2 alguns dos elementos mais comuns que
devemos observar quando analisamos um alfabeto.

Figura 2 – Anatomia das letras

Fonte: elaborado com base em Samara, 2011.

Ainda segundo Samara (2011, p. 17),

A capacidade de reconhecer pequenas diferenças entre as formas


ajuda os designers a entender o que faz uma letra se comportar de
determinada maneira. Serifas mais angulosas dão às linhas de um

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texto uma textura diferente das serifas quadradas. Em tamanhos
maiores, os menores detalhes das letras tornam-se exagerados.

Ao observarmos as características em comum de diferentes fontes,


percebemos que é possível agrupá-las em diferentes categorias. De fato, na
literatura específica sobre tipografia, existem diversas classificações para as
fontes tipográficas, variando de autor para autor. Dentro dos limites da disciplina,
seguiremos uma classificação bem simples:

• Serifadas: como o próprio nome já indica, são as fontes que possuem


serifas, isto é, pequenos terminais nas extremidades das letras. Em geral,
essas fontes são vistas como tendo um aspecto mais tradicional.

• Sem Serifa: ao contrário das fontes serifadas, estas não possuem as


serifas. São relativamente recentes na história da tipografia, e por esse
motivo normalmente passam uma ideia de contemporaneidade ao
material;

• Display: também conhecidas como fontes decorativas, essa categoria


inclui letras com aspecto mais “divertido” e bastante peculiar. Segundo
Peruyera (2018), essas fontes não são boas para leitura em textos longos
e, em geral, devem ser evitadas em projetos editoriais. Entretanto, podem
ser uma boa escolha para os títulos em projetos que demandam uma
personalidade específica.

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• Manuais: comumente chamadas de caligráficas ou manuscritas. Nesta
categoria, observamos todo tipo de fonte “com pretensão de imitar a
escrita à mão” (Peruyera, 2018, p. 52). Assim como as fontes display,
normalmente não são recomendadas para a composição de textos
longos.

Agora que já vimos alguns dos aspectos formais que definem a tipografia,
vamos ver algumas dicas para podemos usar melhor as letras nos nossos
layouts.

3.2 Dicas de uso da tipografia

Se temos algo a dizer sobre boas práticas que podem melhorar o uso da
tipografia, com certeza isso já foi tratado na excelente obra de referência no
assunto escrita por Ellen Lupton, o livro Pensar Com Tipos (2013). Além de uma
escrita inspiradora e bastante didática, a autora propõe uma série de pequenas
dicas para evitar o que ela chama de “crimes tipográficos”, isso é, práticas que
não devem ser feitas. Confira a seguir uma seleção que fiz de algumas delas:

• Distorção horizontal e vertical: as proporções das letras devem ser


mantidas constantes, sem distorções.
• Pequeno demais: algumas fontes em tamanhos muito pequenos podem
não funcionar bem.
• Pseudo itálico: fontes itálicas não são só letras inclinadas, elas possuem
um desenho próprio.
• Combinações tipográficas: caprichar no contraste para combinações de
fontes diferentes e/ou com tamanhos diferentes.
• Espacejamento entre letras: evitar usar espacejamento muito aberto ou
muito apertado entre as letras, o que pode dificultar ou mesmo
impossibilitar a leitura.

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• Alinhamentos dos textos: cuidar com os buracos no meio dos textos
justificados e com o equilíbrio entre os comprimentos das linhas nos textos
alinhados à esquerda ou centralizados.
• Caixa-baixa empilhada: não empilhar as letras para um texto ou palavra
na vertical. Caso precise escrever na vertical, rotacione todo o texto.
• Muitos sinais: cuidar com as ênfases escolhidas para os textos. O ideal
é usar somente ou CAIXA ALTA, ou itálico, ou negrito, ou sublinhado,
mas não TODAS AO MESMO TEMPO;
• Espaços e pontuação: não usar dois hífens (--) ao invés de um traço (–
), não usar plicas ('') no lugar de aspas (“), não usar dois espaços entre
as sentenças ou palavras, e não usar espaços entre a última palavra e
a pontuação, como neste exemplo .

Embora, depois uma olhada rápida, essas dicas possam parecer minúcias
bobas, elas fazem toda a diferença para um resultado elegante em um produto
editorial bem produzido. Obviamente, essa é uma lista condensada; existem
muitas outras dicas e recomendações sobre o assunto.

Saiba mais

Aqui vai uma pequena lista com outras referências bibliográficas além daquelas
citadas nesta aula. Elas com certeza te ajudarão com dicas valiosas sobre o uso
da tipografia:

• BRINGHURST, R. Elementos do estilo tipográfico. São Paulo: Cosac Naify,


2005.
• SPIEKERMANN, E. A linguagem invisível da tipografia. São Paulo: Blucher,
2011.
• WILLBERG, H. P.; FORSSMAN, F. Primeiros socorros em tipografia. São
Paulo: Rosari, 2007.

TEMA 4 – COR

As cores também entram no rol dos elementos importantes que devemos


considerar atentamente em nossos projetos. Como apontam Banks e Fraser
(2012, p. 140), “existem muitas convenções que regem a composição e o layout,
e todas interagem com a cor para produzir uma impressão geral.”. De maneira

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bastante sucinta, a cor pode ser definida como uma porção de luz refletida pelas
superfícies e então captada por células especiais dos nossos olhos.
Indo além das questões fisiológicas dos olhos e do cérebro, que nos
permitem enxergar as cores, também devemos considerar os filtros culturais que
nos induzem a interpretar as cores de acordo com algum significado em
contextos particulares – por exemplo, a cor branca é usada para simbolizar a
paz. É preciso ter em mente que a cor também é um tipo de informação que deve
ser considerada muito seriamente ao projetarmos qualquer produto. Inclusive,
outro uso recorrente da cor é auxiliar na navegação do leitor dentro de
publicações, demarcando claramente a separação entre diferentes capítulos ou
seções, por exemplo.
A seguir, veremos um pouco mais sobre aspectos ligados às cores e como
isso pode afetar o nosso trabalho em composições editoriais.

4.1 Modelos de cor

Quando lidamos com as cores em nossos projetos, precisamos nos


atentar ao meio de publicação do produto final, se digital ou impresso. Isso se
deve ao fato de que a cor se comporta de maneira diferente, física e
quimicamente nesses dois meios. Para entendermos melhor como isso funciona
na prática, existem dois modelos que explicam o fenômeno: o modelo aditivo e
o subtrativo.
O sistema de cores aditivas, também conhecido como RGB, está presente
em todos os tipos de telas, como por exemplo celulares, televisões, câmeras
fotográficas, projetores e demais fontes emissoras de luz. Nesse sistema, as
cores primárias consistem em vermelho, verde e azul (red, green e blue, em
inglês). A ausência de qualquer luz gera a cor preta, ao passo que a
sobreposição das três cores primárias produz a cor branca. As inúmeras
combinações dessas três cores geram as outras cores luz do espectro visível
aos nossos olhos.
Diferentemente, quando estamos lidando com cores destinadas à
impressão, utilizamos um outro sistema: o subtrativo, também conhecido como
CMYK. Nele, as cores principais são ciano (parecido com o azul), magenta
(parecido com o rosa) e amarelo (Yellow, em inglês). Aqui, em teoria, a soma de
todas as cores gera a cor preta, ao passo que a ausência de cores acarreta na
cor branca. Essas cores são complementadas pelo próprio preto, representado
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pela letra K (Key, em inglês, por ser considerada uma cor chave básica para o
processo de impressão).
Veja na figura a seguir como esses dois sistemas de misturas de cores
podem ser representados visualmente.

Figura 3 – Sistemas de cor RGB e CMY.

Crédito: Fabiano de Miranda, 2019.

Conhecer esses sistemas de cores é importante para que possamos fazer


escolhas corretas em nossos projetos. Usar o sistema aditivo como base para
trabalhos impressos ou o sistema subtrativo para o meio digital pode ocasionar
distorções nas cores, e assim afetar os resultados pretendidos para as nossas
comunicações.

4.2 Como harmonizar as cores

Nesse momento da aula, quero tomar a liberdade para compartilhar com


você um segredo particular: eu não sei como combinar cores de um jeito que
formem composições interessantes visualmente. Mesmo após anos trabalhando
na área de Design, esse sempre foi um dos meus pontos fracos. Entretanto, esse
fato nunca me impediu de criar trabalhos interessantes, com cores coerentes
com os objetivos da comunicação, e que fossem harmoniosamente adequadas
ao seu contexto.
Para muito além da ideia que possamos ter sobre a criatividade – ou sobre
o bom gosto – para combinar cores, podemos usar esquemas prontos de
combinação que nos ajudam a fazer composições harmônicas, tendo como base
fundamental os conhecimentos teóricos sobre as cores. Nesse sentido, há vários
esquemas que podemos utilizar e tudo depende dos nossos propósitos
comunicacionais!

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A figura a seguir apresenta seis esquemas diferentes de associar cores
com base no círculo cromático (ou roda das cores).

Figura 4 – Combinações de cores usando o círculo cromático

Fonte: elaborado com base em Lupton, 2015.

Segundo Lupton (2015, p. 148), “harmonias cromáticas são relações


particulares entre cores agrupadas ao redor da roda de cores; paletas de cores
construídas ao redor dessas constelações comuns geralmente parecem
equilibradas e completas”. As principais harmonias cromáticas são as seguintes:

• Complementares: também chamadas de cores opostas, devido à sua


posição no círculo cromático.
• Complementares decompostas: elegemos uma cor elementar e mais
outras duas localizadas ao lado da cor oposta.
• Análogas: cores localizadas lado a lado no círculo cromático.
• Tríade: traçamos um triângulo equilátero dentro do círculo cromático, e,
com base em seus vértices, encontramos três cores que harmonizam
entre si;
• 90º: o mesmo procedimento das cores triádicas, porém ao invés de um
triângulo, traçamos um quadrado e encontramos quatro cores que
harmonizam.
• Tetrádicas: conjunto de dois pares de cores complementares.

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Mesmo que essas dicas não garantam o sucesso de suas composições
por si, com certeza já serão de grande ajuda na hora de formar paletas de cores
harmoniosas para um projeto.

Saiba mais

• Conheça o Color Blender, uma ferramenta online e gratuita que gera


automaticamente paletas de cores harmoniosas de acordo com as combinações
do círculo cromático: <http://www.colorblender.com/>.
• A Adobe também possui a sua própria ferramenta para harmonização de cores,
o Adobe Color: <https://color.adobe.com/pt/create/color-wheel/>.

TEMA 5 – IMAGEM

No último tema desta aula, trataremos de aspectos da apresentação de


imagens em composições. Esses elementos podem – e devem – ser vistos como
tão importantes quanto os textos nas suas composições. Às vezes são até mais
importantes! Nesse aspecto, devemos ter em mente as palavras de Peruyera
(2018, p. 118): “esses recursos deixam as páginas mais atraentes, embora não
devam ser usados apenas com esse propósito, mas principalmente como
maneiras de transmitir informação”.
Com base nessa ideia, a seguir abordaremos alguns aspectos ligados à
aplicação de fotografias e ilustrações para a composição de layouts.

5.1 Fotografias e ilustrações

A fotografia é um recurso bastante utilizado em composições visuais em


geral, tendo um papel fundamental em produtos como revistas e jornais, por
exemplo. Para Caldwell e Zappaterra (2014, p. 99): “A fotografia funciona como
uma reportagem ou narrativa visual, e a enorme variedade de técnicas e estilos
fotográficos contemporâneos disponíveis oferece ao designer editorial uma vasta
gama de opções de jornalistas e cronistas”.
No sentido de criar uma narrativa visual, também é possível utilizar várias
fotografias próximas umas das outras, conforme aponta Peruyera (2018). Confira
na figura a seguir a aplicação de fotografias integradas ao conteúdo de uma
página.

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Figura 5 – Fotografias integradas à página

Créditos: Song_About_Summer/Shutterstock; Kertu/Shutterstock; Fabiano de Miranda (2019)

Além da aplicação da fotografia em estado original, tanto Caldwell e


Zappaterra (2014), quanto Peruyera (2018), destacam as possibilidades de
edição visual e tratamento digital, caso necessário, para que as imagens se
adequem ao layout e/ou à publicação. Como exemplos, os autores citam
reenquadramento, recortes e outras mudanças na forma e nas proporções,
alteração de brilho e contraste, entre outras técnicas de manipulação (Caldwell;
Zapaterra, 2014; Peruyera, 2018). Porém, cabe ressaltar que esses recursos de
edição sempre devem ser utilizados com toda a cautela.
Quanto à ilustração, seguiremos aqui o entendimento de Peruyera (2018),
que considera toda imagem desenhada, manual ou digitalmente, como
desenhos, histórias em quadrinhos e charges. De acordo com Male (2007), a
ilustração pode ter as seguintes finalidades: documentação, referência e
instrução; comentário de um assunto; contar histórias; persuasão; e em
identidades visuais. Veja na figura a seguir como as ilustrações podem ser
encaixadas em uma página para dialogar com os conteúdos textuais.

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Figura 6 – Ilustrações integradas às páginas

Crédito: Puresolution/Shutterstock.

Em termos gerais, as ilustrações também podem ser boas substitutas às


fotografias como imagens, caso não haja fotos boas o suficiente, ou caso seja
difícil/impossível consegui-las. Indo além, “a ilustração pode expressar um
conceito ou sentimento mais do que a fotografia [...] permitindo que a matéria, o
editor de arte e o leitor criem outras associações, muitas vezes mais expressivas
e abstratas”. (Caldwell; Zapaterra, 2014, p. 103).
Outras imagens que podem ser utilizadas em layouts, além das fotografias
e ilustrações, incluem: infográficos, usados para explicar algum procedimento ou
para representar grandes quantidades de dados; mapas, que servem para
localização; e tabelas e quadros, que organizam números e outras informações
em uma estrutura visual de matriz.
Para finalizar, uma recomendação muito importante ao planejar
composições com fotografias, ilustrações e/ou outras imagens em geral: valorize
esses elementos quanto ao seu tamanho e posicionamento na página. Lembre-
se que todo o esforço para produzir e selecionar a imagem adequada pode ser
desperdiçado se ela não tiver o merecido destaque no layout.

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TROCANDO IDEIAS

Você usará o fórum online para dar a sua opinião sobre quais aspectos
da aula você acha mais importantes para a composição de layouts. Isto é, o que
é mais relevante sobre os princípios de composição? Formatos editoriais?
Tipografia? Cor? Imagem? E para finalizar: na sua opinião, algum aspecto
importante ficou de fora dos assuntos da aula?

NA PRÁTICA

O desafio aqui será dar o pontapé inicial para a criação de um projeto


gráfico para uma revista especializada em cinema utilizando os elementos
descritos na aula de hoje. Para isso, siga os passos listados a seguir:

1. Leia esta aula.


2. Defina qual será o público-alvo e os objetivos da publicação.
3. Com base nas informações do item acima, defina o formato adequado
para a publicação, isto é, especifique as medidas do seu projeto.
4. Com base nas medidas, defina qual será o grid tipográfico mais adequado
para o seu projeto.
5. Escolha a(s) fonte(s) do projeto. Lembre-se de não exagerar, o
recomendado é usar no máximo até três tipografias diferentes em um
mesmo projeto de revista. Em muitos casos, uma fonte com variações (ex.
regular, negrito etc.) já dá conta do trabalho. Você pode encontrar boas
fontes aqui: <https://fonts.google.com/> (acesso em: 15 abr. 2019).
6. Defina uma palheta de cores para o seu trabalho. Você pode – e até deve
– usar as ferramentas indicadas nesta aula.
7. Qual tipo de imagens será usado? Fotografias? Ilustrações? Mapas,
infográficos, tabelas? Todas essas e mais algumas outras? Defina, em
linhas gerais, qual será o direcionamento para as imagens da publicação.
8. Bons estudos e bom trabalho!

FINALIZANDO

E com isso chegamos ao fim de mais uma aula da nossa disciplina de


Grid e Composição. Nesta quarta aula, demos início à segunda parte da
disciplina, isto é, deste ponto em diante trataremos de conteúdos específicos

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ligados à composição. Para isso, usamos como base a literatura específica no
assunto; recomendamos que você, se possível, consulte-a diretamente para um
melhor entendimento e aprofundamento dos tópicos aqui abordados.
Logo no início da aula, tratamos da definição de composição no meio
editorial, e em seguida de alguns princípios compositivos que podem guiar a
organização de layouts. Em seguida, vimos características dos formatos
editoriais, tanto digitais quanto em papel, que são mais comuns no mercado
atualmente. Já o terceiro tema da aula foi tipografia. Aqui analisamos aspectos
morfológicos, de classificação, e encerramos com algumas dicas sobre como
aplicar da melhor forma os tipos nas suas composições. Na sequência,
observamos assuntos referentes à cor e por fim às imagens que podem estar
presentes nas composições digitais e impressas.
Espero que tenha sido proveitoso até aqui, e que você tenha aprendido
bastante. Até o nosso próximo encontro!

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REFERÊNCIAS

BANKS, A.; FRASER, T. O essencial da cor no design. São Paulo: Editora


Senac São Paulo, 2012.

BUGGY, L. Curso de produção gráfica. Recife: Fundição Designe Tecnologia,


2004.

CAPELASSO, E. L.; NICODEMO, S.; MENEZES, V. del R. Produção gráfica:


do projeto ao produto. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2018.

COLLARO, A. C. Produção Gráfica: arte e técnica na direção de arte. 2. ed.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.

ENGELHARDT, J. von. The Language of Graphics. Tese (Doutorado) –


Interfacultary Research Institutes, Amsterdam, 2002.

LUPTON, E. Pensar com tipos: guias para designers, escritores, editores e


estudantes. 2. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2013.

_____. Tipos na tela: um guia para designers, editores, tipógrafos, blogueiros e


estudantes. São Paulo: Gustavo Gili, 2015.

MALE, A. Illustration: A Theoretical & Contextual Perspective. Switzerland: AVA


Books, 2007.

MAZZAROTTO, M. Design gráfico aplicado à publicidade. Curitiba:


InterSaberes, 2018.

PERUYERA, M. Diagramação e Layout. Curitiba: InterSaberes, 2018.

SAMARA, T. Guia de tipografia: Manual prático para o design de publicações.


Porto Alegre: Bookman, 2011.

ZAPPATERRA, Y.; CALDWELL, C. Design editorial: Jornais e revistas / Mídia


Impressa e digital. São Paulo: Gustavo Gilli, 2014.

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