Dissertação Renata Lima Duraes Reis 18.06.2024
Dissertação Renata Lima Duraes Reis 18.06.2024
Dissertação Renata Lima Duraes Reis 18.06.2024
SÃO PAULO
2023
RENATA LIMA DURÃES REIS
SÃO PAULO
2023
FICHA CATALOGRÁFICA
Inclui bibliografia
Dissertação (Mestrado) – Universidade da Cidade de São
Paulo - Orientadora: Profa. Dra. Ida Carneiro Martins.
CDD 371.2
RENATA LIMA DURÃES REIS
BANCA EXAMINADORA
Agradeço,
A Deus, autor da vida, por me permitir ser uma pessoa melhor a cada dia.
Às minhas crianças, Ruan e Bernardo, que dividiram o seu tempo para que eu me
debruçasse sobre o sonho de alcançar o mestrado, que integra o meu fazer na Rede
Municipal de São Paulo. Externo aqui a minha gratidão a vocês pela colaboração nas
tarefas, pelos momentos de solidão e de medo por ficarem sozinhos enquanto eu estava na
universidade, cursando as disciplinas. Vocês aprenderam a tomar banho sozinhos, a se
alimentarem sozinhos, a fazerem as tarefas da escola sozinhos, a ligarem para o profissional
do transporte, a chamar os vizinhos quando as coisas apertavam, enquanto eu estudava e
pesquisava, e assim tivemos um crescimento esplêndido grandioso. Enquanto isso, eu ia
para a universidade com a esperança de que um dia iríamos colher bons frutos todos juntos.
Deixo, aqui, uma reflexão para vocês: o impossível não é um fato, é só uma opinião. Eu
tive que escolher entre me sentar ou chorar ou seguir. Eu escolhi me levantar e andar com a
esperança que a vida deveria ser melhor, e será.
À minha aluna Lorenna, dentro do espectro do autismo, que vem me ensinando, na
troca das experiências e vivências, a ser melhor a cada dia.
À minha avó, Laudelina, pelo apoio durante a infância e pelo amor incondicional.
A Laura e Adão, pelo acolhimento em sua residência e a motivação para estudar.
A Olga. por me motivar constantemente com sua sabedoria e luz.
Aos meus pais, José e Joeliza, que me deram a preciosa vida.
Ao José Reis e ao Agnelo Durães, pela parceria constante e apoio para que eu
pudesse realizar este sonho.
À professora Ida Carneiro Martins, exemplo de humanidade e profissionalismo, que
me orientou com sabedoria e afetividade, amor e confiança. Meu profundo agradecimento
pela generosidade em me acolher como orientanda e por acreditar na pesquisa, me
redirecionando e estimulando minhas potencialidades quando necessário, com todo o seu
carinho e incentivo, e pela contribuição de seus conhecimentos, que me ajudaram a
construir esse lindo trabalho. Sou grata pelas oportunidades que a senhora me proporcionou
ao longo da história que construímos juntas na pós-graduação.
Aos meus colegas do PPGP-GE, Leonardo, Cristiane Makida, Djalma e Ivanice,
pela amizade e pelas palavras de carinho. Juntos trilhamos de mãos dadas este caminho que
tanto nos desafiou e nos fez crescer. Vocês foram meus ouvidos quando eu não conseguia
me ouvir e refletir.
Agradeço a todos os demais professores do mestrado, que, com grande empenho,
dividiram seus conhecimentos e contribuíram, cada um de sua maneira, com a pesquisa.
Em especial, às Profas. Dra. Ecleide Furlanetto e Dra. Maria Conceição Passeggi, e aos
Profs. Dr. Alexsander Santos e Dr. Roberto Gimenez, pela atenção durante as aulas, a
delicadeza e a gentileza em me proporcionar debates produtivos, responsáveis pelo
amadurecimento e pelas potencialidades de ideias que aqui são compartilhadas por mim.
Às equipes gestoras participantes da pesquisa, que possibilitaram a escuta sobre o
seu olhar a respeito do acesso e da permanência dos bebês e crianças com deficiência em
instituições de Educação Infantil.
À professora Roberta Gaio e ao professor Rodnei Pereira, pelo aceite ao convite
para a banca desta pesquisa e pelas ricas contribuições.
Agradeço por me permitirem fazer parte e crescer junto durante as aulas e Grupo de
Estudo e Pesquisa sobre Aprendizagem, Desenvolvimento e Inclusão na Educação Básica
(GEPADIEB).
Um conjunto de cores...Uma grande árvore no outono...
concentra sua beleza na variedade de seu colorido.
Observamos, perplexos, por uns instantes essa
maravilha, buscando entender suas nuanças. Um
amarelo forte, um verde escuro, um alaranjado muito
claro, podem compor uma intensa harmonia. Talvez sua
beleza esteja concentrada não em excluir, mas em incluir
e, então, completar-se na diversidade. A desigualdade, a
diferença, pode despertar criticidade ou ousadia;
contudo, retrata a grandiosidade do todo. (Silva;
Facion, 2008, p.186).
RESUMO
The purpose of this research is to design and implement intervention actions that enable the
reorganization and improvement of educational management practices. The focus is to
develop an intervention proposal for the training of educational managers in the context of
Special Education from the perspective of Inclusive Education. To guide the research, the
following guiding questions were established: a) What are the conditions and resources
needed for the management team to ensure access and permanence for babies and children
with disabilities in early childhood education institutions? and b) Do these conditions really
guarantee access and permanence for children with disabilities? The general objective is to
develop an intervention proposal for educational managers formation, based on the
identification of the challenges and needs of the management team in relation to Special
Education from the perspective of Inclusive Education for the access and permanence of
babies and children with disabilities in Early Childhood Education institutions. A qualitative
and exploratory approach was used to conduct the research, which was carried out in two
Early Childhood Education Units (Unidades Educacionais – UEs – de Educação Infantil): a
Nursery School (Centro de Educação Infantil – CEI) and a Municipal Early Childhood
Education School (Escola Municipal de Educação Infantil – EMEI), both belonging to the
public network of the Municipality of São Paulo. The results showed that the management
team fulfills a central role in promoting inclusive school environments, implementing
inclusive policies and supporting adapted teaching practices. It is therefore essential that
managers receive training to understand the complexities of inclusion and develop the skills
needed to lead inclusive schools effectively. Ultimately, inclusion in the managers’ and
teachers’ formation at undergraduate level contributes to a more equitable and quality
education that meets the diverse needs of children and promotes equal opportunities in the
educational environment. This effort benefits not only children with disabilities but also
contributes to a fairer, more equal and inclusive society, where everyone has the opportunity
to participate fully in education and social life.
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................15
2 REFERENCIAL TÉORICO.................................................................................22
NT 1 – O papel da gestão para a Educação Inclusiva......................................................29
NT2 – O trabalho colaborativo para a Educação Especial............................................29
NT3 – A formação para uma Educação Inclusiva...........................................................30
NT4 – As normativas e documentos para a Educação Inclusiva...................................31
NT5 – O acolhimento de crianças para uma Educação Inclusiva.................................31
2.2 Marcos históricos e legais da Educação Inclusiva e da Educação Especial......33
2.2.1 Educação Inclusiva.................................................................................................34
2.2.2 Educação Especial.................................................................................................39
2.2.3 Educação Especial na Educação Infantil..............................................................44
2.2.4 A BNCC da Educação Infantil e a inclusão de crianças com deficiência..........48
2.3 A gestão escolar na perspectiva da educação inclusiva.......................................50
2.3.3 Gestão escolar inclusiva na Educação Infantil.....................................................55
3 METODOLOGIA...................................................................................................57
3.1 Caminhos Metodológico da Pesquisa....................................................................57
3.2 Contexto geral: passo a passo da pesquisa...........................................................58
3.2 Procedimento Metodológico: Caracterização e identificação do Universo da
Pesquisa.................................................................................................................59
3.3 Características dos sujeitos....................................................................................60
4 ANÁLISE DE DADOS...........................................................................................62
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................87
REFERÊNCIAS......................................................................................................94
APÊNDICE 1 – Roteiro da Entrevista................................................................103
1 INTRODUÇÃO
Acredito ser importante que o leitor conheça meu lugar de fala e, para tanto,
convido vocês a caminharem comigo pelas minhas trajetórias profissional e acadêmica,
que são integradas ao meu percurso docente. Nesse sentido, peço licença para fugir ao
protocolo da escrita do texto acadêmico e empregar a primeira pessoa do discurso, de
modo que o leitor possa se aproximar dos significados e sentidos pessoais de cada passo
nessa minha jornada. Após o relato pessoal, retomarei o discurso acadêmico.
Proponho, então, que observem as cenas de onde fluem as justificativas para a
realização do presente trabalho, e começo o meu relato com a fala da professora Vera
Campellini, que dizia em suas aulas: “Eu posso te ensinar e propor diversas possibilidades
de caminhos, mas só ande por aquele que te afeta e te faz feliz!”.
Desde criança, gostava de conversar, escrever e me questionava sobre como
poderia fazer a diferença no mundo, o que me impulsionou para, em fevereiro de 2005, me
matricular no curso de Pedagogia. Nos estágios curriculares, me encaminhei para uma
escola de Ensino Fundamental I da Rede Municipal de São Paulo. Foi quando despertei
para o gosto pela área de educação de crianças pequenas.
Logo que conclui a graduação de Pedagogia, em 2010, me matriculei em um curso
de Especialização em Psicopedagia Institucional e Clínica, o que me possibilitou um maior
entendimento sobre as dificuldades de aprendizagem. Era um curso semipresencial, o que
me possibilitou estudar e trabalhar para manter a casa, porque era o que eu conseguiria dar
conta em termos de tempo e condições financeiras que possuía.
Para não encerrar os estudos, iniciei a graduação em Artes Visuais, em 2010, pois,
ainda nao curso de Pedagogia, como estagiária na Rede Estadual no Fundamental I e II,
tive o desejo de cursar essa área específica para potencializar as experiências de bebês,
crianças e jovens para quem eu poderia ministrar aulas.
Após terminar a licenciatura em Artes Visuais, em 2013, comecei a dar aula
eventualmente na Rede Estadual de São Paulo, para os 3º anos na modalidade de Educação
de Jovens e Adultos, uma experiência que me ajudou para a atuação posterior, porque me
permitiu a compreensão de formas diferenciadas de ensinar para públicos específicos. Em
paralelo a essa graduação, fiz o curso de especialização em Gestão Escolar e, após o
término, cursei especialização em Direito Educacional, buscando a compreensão da
atuação na gestão escolar e com o pensamento de que o professor tem que ser pesquisador,
16
um eterno aprendiz.
Mais à frente no tempo, em 2014, já como professora de Educação Infantil,
desenvolvi um projeto integrado em parceria com as famílias das crianças, em um Centro
Educacional Infantil (CEI), na perspectiva do Documento Orientador da Rede Municipal
para Currículo Integrador, que propõe o envolvimento das famílias em um projeto com um
tema gerador, no caso, com “Enfoque na alimentação saudável e meio ambiente e horta”,
que foi muito relevante para toda a comunidade educativa. Com o sucesso do projeto, a
equipe gestora convidou a supervisão da Unidade Escolar (UE), para uma visita a uma
feira livre, o que requereu o apoio de muitos, pois levamos os bebês e as crianças ao local,
acompanhadas pelas professoras e pelos profissionais da unidade escolar, em um dia muito
significativo.
A Secretaria Municipal de Educação (SME), juntamente com a Diretoria Regional
de Educação (DRE), promoveram um congresso e convidaram a UE para participar. Nesse
momento, a equipe gestora me fez o convite para apresentar o projeto para mais de 400
pessoas, o que despertou em mim, mais ainda, o desejo de continuar na vida acadêmica.
Em 2016, fiz minha inscrição para um curso de especialização na Universidade
Estadual Paulista (UNESP) sobre “Educação Especial na Perspectiva Inclusiva” e estudei
na universidade por dois anos. Foi um curso muito promissor, pois, na rede estadual, na
modalidade Educação para Jovens e Adultos (EJA), eu tinha dois estudantes, um com
deficiência física e cadeirante, outro com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e eu
poderia ensiná-los melhor.
Depois de três anos em sala de aula com as crianças, inquieta e apaixonada pela
Educação Especial, fui trabalhar na Diretoria Regional de Educação de São Mateus (DRE)
como Professora de Apoio e Acompanhamento a Inclusão (PAAI), que tinha como foco a
perspectiva de eliminação de barreiras para a garantia do aprendizado dos bebês e das
crianças, jovens e adultos, público-alvo da Educação Especial. Passei a estudar ainda mais,
porque, no meu polo, eu tinha 90 unidades de CEI e EMEI e 150 unidades de CEI
parceiras e conveniadas. No meu fazer como formadora na perspectiva do Atendimento
Educacional Especializado (AEE) para Educação Infantil, orientava a equipe gestora,
articulava os processos da rede de proteção intersetorial e da equipe multidisciplinar, na
perspectiva da educacão inclusiva como um compromisso de todos.
Fui formadora, no curso de Pedagogia com enfoque na Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI), de estagiários que
17
auxiliavam os professores regentes na turmas que tinham crianças, jovens e adultos
público-alvo da Educação Especial. Nesse período, formamos mais de 370 estagiários em
turmas matutinas e vespertinas.
Ademais, na DRE/SM, acompanhava e organizava formações junto ao Projeto
Brincar, vinculado à Mais Diferenças (MD). Esta é uma Organização da Sociedade Civil
de Interesse Público (OSCIP) que tem projetos em parcerias com os setores públicos e
privados e se empenha em promover uma educação e cultura inclusivas para assegurar os
direitos humanos, especialmente das pessoas com deficiência, Transtorno Global do
Desenvolvimento (TGD), Transtorno do Espectro Autista (TEA) e altas habilidades e
superdotação.
Esse projeto tinha a proposta formativa de Educação e Cultura Inclusiva integradas
ao brincar inclusivo, a partir de teorias, estratégias, recursos e materiais com foco na
realidade e nas necessidades dos professores, no chão da escola, para contribuir com
ensino e aprendizagem dos bebês e crianças público-alvo da Educação Especial.
Paralelamente, no período noturno, fui formadora do curso de Altas
Habilidades/Superdotação para os professores do território da DRE de São Mateus, com
turma de 50 professores. Neste, considerava a escuta efetiva e as reais necessidades para
identificar crianças, jovens e adultos com indicadores de Altas Habilidades e
Superdotação.
Meu fazer diário nas escolas era orientar a equipe gestora, os professores e outros
profissionais da Educação frente às necessidades relacionadas ao público-alvo da Educação
Especial. Além disso, também propunha estratégias pedagógicas, recursos e materiais, em
parceria com a rede Intersetorial, para a formação em Jornada Especial Integral de
Formação (JEIF) e Projeto Especial de Ação (PEA), com a finalidade de consolidar juntos
uma escola inclusiva com ideia norteadora de garantir o direito à educação, considerando
as características dos estudantes, com uma proposta de pedagogia centrada na criança e que
respeite suas limitações e potencialidades.
Diante dessa experiência, surgiu o sonho de fazer o Mestrado Profissional em
Formação de Gestores Educacionais da Unicid (PPGP-Ge), com foco no fazer da equipe
gestora, na perspectiva da Educação Especial, pois a pesquisa se alinhava com a função
que estava exercendo na DRE de São Mateus.
Nesse sentido, prossigo no PPGP-Ge com a vontade/sonho de fazer a diferença e
somar na questão da formação e da orientação para trios gestores, com a supervisão da
18
equipe de professores da rede Municipal de São Paulo, articulando realidade, teoria e
prática, para construirmos e propormos uma escola de qualidade e que seja inclusiva para
todos.
O que despertou a temática da pesquisa foi que, mesmo considerando a
promulgação da Portaria nº 8764 de 23/12/2016, que regulamentou o Decreto nº 57.379 de
13/10/16 quando instituiu o Sistema Municipal de Ensino da Política Paulistana de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, verifiquei grande dificuldade
para a sua real implantação (São Paulo, 2016ª; 2016b).
A regulamentação da Portaria nº 8764, emitida em 23 de dezembro de 2016, para
implementar o Decreto nº 57.379, divulgado em 13 de outubro de 2016, com o propósito
de estabelecer o Sistema Municipal de Ensino da Política Paulistana de Educação Especial
com um foco na Educação Inclusiva, enfrentou desafios consideráveis durante seu
processo de implementação (São Paulo, 2016ª; 2016b). A dificuldade na execução dessa
política está relacionada à falta de adesão e à compreensão em relação à própria política
municipal, como apontado por Santos e Pereira (2022).
Ainda mais, o Censo Demográfico de 2022 (Brasil, 2022) revelou que, na faixa
etária de 0 a 4 anos de idade, a deficiência atinge cerca de 3,5 milhões de crianças que
teriam o direito de estar inseridas na Educação Infantil. Porém, apesar do aumento de
matrículas que ocorre anualmente, ainda estamos longe de atingir a demanda que temos
nas instituições infantis brasileiras (Bossi; Junges; Piccinini, 2018).
Se tal condição está presente no contexto do país, essa realidade não se apresenta de
modo diferenciado na Rede Municipal de Ensino de São Paulo. Sendo assim, a busca pela
compreensão das condições para o acesso, o acolhimento e a permanência de bebês e
crianças com deficiência nas unidades escolares de Educação Infantil, a identificação de
recursos necessários, as possibilidades e as dificuldades de atendimento em seus processos
educativos farão parte da pesquisa. Todavia, sob a ótica da equipe gestora, no sentido de
que escutar aqueles que estão na gestão do processo educativo dos bebês e das crianças
pequenas é fundamental para compreender a estruturação de uma escola inclusiva.
A inclusão escolar impõe uma escola em que todos os alunos estão inseridos sem
quaisquer condições pelas quais possam ser limitados sem seu direito de
participar ativamente do processo escolar, segundo suas capacidades, e sem que
nenhuma delas possa ser motivo para uma diferenciação que os excluirá das suas
turmas (Ropoli et al., 2010, p. 6).
19
Municipal de Educação e de seus órgãos administrativos às Unidades Educacionais, ou
seja, à equipe gestora, aos professores e a toda a comunidade educativa, pois inclusão é
considerar a escola como a instituição escolar das diferenças ao invés de uma escola dos
diferentes. Ou seja, deve ser uma escola que considere a equidade, as especificidades e as
singularidades dos bebês e das crianças para o desenvolvimento de seu melhor potencial
humano (Mantoan, 2017).
Diante do que foi apresentado e considerando que o Mestrado Profissional em
Formação de Gestores Educacionais da Universidade Cidade de São Paulo tem como um
de seus objetivos “Propiciar a elaboração e a implementação de ações de intervenção via
um plano formativo que possibilitem a reorganização e o aprimoramento das práticas de
gestão educacional”, e com o intuito de elaborar uma proposta de intervenção para a
formação de gestores educacionais sobre a Educação Especial na perspectiva da Educação
Inclusiva, estabelecemos como questões norteadoras: quais são as condições e recursos
necessários para que a equipe gestora assegure o acesso e a permanência de bebês e
crianças com deficiência em instituições de Educação Infantil? Essas condições realmente
garantem o acesso e a permanência das crianças com deficiência?
Para o alcance daquilo que esta pesquisa pretende, o objetivo geral estabelecido foi
elaborar uma proposta de intervenção para a formação de gestores educacionais, a partir da
identificação dos desafios e necessidades da equipe gestora em relação à Educação
Especial na perspectiva da Educação Inclusiva para o acesso e a permanência de bebês e
crianças com deficiência em instituições de Educação Infantil.
Na busca de alcançar o objetivo geral, estabeleceram-se enquanto objetivos
específicos: discutir as relações entre o trabalho da equipe gestora e a Educação Especial
inclusiva na Educação Infantil; identificar as necessidades formativas dos gestores no que
diz respeito ao trabalho pedagógico com bebês e crianças com deficiência; elaborar uma
proposta formativa para gestores escolar, a partir das necessidades identificadas.
O Referencial Teórico foi apresentado e organizado de forma pedagógica, seguindo
três principais pontos. Primeiramente, destacou-se a importância da "Revisão Sistemática",
na qual são apresentados os artigos obtidos na Scientific Electronic Library – Scielo – e na
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – BDTD –, duas fontes de referência
fundamentais no campo da Educação. Essa revisão foi realizada com foco na análise por
meio de núcleos temáticos, permitindo uma compreensão aprofundada das tendências e
descobertas no campo da Educação Inclusiva.
20
Em seguida, foram explorados os "Marcos Históricos e Legais da Educação
Inclusiva e da Educação Especial". Essa seção aborda os fundamentos legais que norteiam
essas áreas, bem como a Educação Inclusiva, com destaque para a Educação Infantil. Neste
contexto, a pesquisa fundamentou-se especialmente nas contribuições de Mantoan (2004,
2006, 2015, 2017) e Padilha (2012).
Por fim, adentrou-se na discussão sobre "A Gestão Escolar na Perspectiva da
Educação Inclusiva". Essa seção analisa o processo que visa promover a participação plena
e efetiva de todas as crianças, levando em consideração suas singularidades e necessidades
educacionais especiais. Para tal discussão, recorreu-se aos estudos de Lück (2013),
Mantoan (2015) e Pinheiro (2015), que oferecem abordagens práticas e estratégias para a
gestão escolar inclusiva. Além disso, enfatizou-se que esses dois últimos itens também se
fundamentam nas bases legais que orientam a estruturação da Educação Inclusiva,
garantindo que as práticas educacionais estejam em conformidade com os princípios e
diretrizes estabelecidos.
A seção denominada “Metodologia” apresenta o trabalho, que é de natureza
qualitativa e de cunho exploratório, e a coleta de dados, que se deu por meio de entrevistas
individuais com a equipe gestora de duas instituições de Educação Infantil da RME do
município de São Paulo, a partir de roteiro semiestruturado (Gil, 2019). Essas entrevistas
serão examinadas por meio da análise interpretativa que consiste em inter-relacionar os
dados obtidos com os princípios teóricos identificados na literatura (Minayo, 2012). Ainda,
foi feito o contato com três Centros de Educação Infantil da RME e a explicitação do
projeto para a equipe gestora com as finalidades de adesão à investigação e do
encaminhamento do projeto ao Comitê de Ética da Pesquisa – CEP.
Por fim, são estabelecidas as considerações da pesquisadora e descreve-se a
proposta de intervenção, de acordo com o Programa de Mestrado Profissional em
Formação de Gestores Educacionais da Universidade Cidade de São Paulo, que tem como
um de seus objetivos proporcionar a elaboração e a implementação de ações de intervenção
que visam reorganizar e aprimorar as práticas de gestão educacional. Nesse contexto, foi
elaborada uma proposta de plano formativo a ser desenvolvido por meio da plataforma
Teams, que é amplamente utilizada pela equipe gestora, sendo acessível a partir de seus e-
mails corporativos.
A proposta de plano de formação para gestores educacionais na abordagem da
Educação Inclusiva, na perspectiva da Educação Especial, é cuidadosamente elaborada
21
para atender às necessidades identificadas a partir dos depoimentos e dos eixos temáticos
expressos pelas participantes. Cada tópico incluído nessa formação foi selecionado com
base em um profundo entendimento das demandas e dos desafios específicos enfrentados
no contexto educacional. Todas as ações planejadas estão alinhadas de forma consistente
com a política de Educação Inclusiva, conforme preconizado na Portaria 8.764 de 2016,
refletindo o compromisso em promover uma educação que seja verdadeiramente inclusiva
e equitativa, evidenciando a proposta de um plano formativo que reverbere conhecimento e
possibilidades para toda a comunidade educativa.
O foco desse plano é formar gestores educacionais na abordagem da Educação
Inclusiva na perspectiva da Educação Especial, e os tópicos a serem abordados em tal
formação emergiram, em especial, dos eixos temáticos advindos dos depoimentos das
participantes. Todas as ações planejadas estão alinhadas com nossa política de Educação
Inclusiva, conforme estabelecido na Portaria 8.764 de 2016.
Nesse sentido, acredita-se que, ao formar a equipe gestora com conhecimento
teórico e prático sobre a Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva,
incluindo seus princípios e recursos, será possível mobilizar todo o corpo docente. Essa
formação servirá como catalisador para superar as barreiras existentes, com o objetivo de
consolidar uma educação inclusiva que garanta o acesso e a permanência de crianças com
deficiência em nosso ambiente educacional, e a gestão educacional desempenhará um
papel fundamental como multiplicadora desse conhecimento para toda a comunidade
educativa.
22
2 REFERENCIAL TÉORICO
23
Gestão Escolar + Educação Inclusiva + Educação Infantil; Gestão Escolar + Inclusão +
Educação Infantil; Gestão Escolar + Inclusão + Criança; Gestão Escolar + Educação
Inclusiva + Criança.
As pesquisas foram realizadas na Scientific Electronic Library – Scielo – e na
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – BDTD –, por serem duas bases de referência
no campo da Educação. Depois da obtenção dos resultados, procedeu-se a leitura dos
títulos para uma primeira seleção dos trabalhos. Em seguida, empreendeu-se o estudo dos
resumos daqueles que estavam em consonância com a pesquisa, o que consolidou seleção
final. Depois de excluídos os duplicados em duas equações, foram selecionados 5 artigos
na Scielo e 3 trabalhos na BTDT.
Os resultados que emergiram da literatura apontam para a seguinte síntese, descrita
no Quadro 1.
Google
Seleção de SCIELO BDTD
Scholar
Trabalhos
Palavras-Chave 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª
Total Total Total
Seleção Seleção Seleção Seleção Seleção Seleção
24
Quadro 2 – Artigos publicados em periódicos
Base de
Nº Autor Título Ano
dados
O papel da gestão escolar na
Mércia Marques de Mesquita
1 construção da Educação Infantil SCIELO 2022
Reinehr; Roselaine Ripa
inclusiva.
O trabalho em parceria na
Patrícia Cristina Rosalen; Laura
2 Educação Inclusiva: experiências SCIELO 2020
Noemi Chaluh
na Educação Infantil.
25
a parceria entre os diversos profissionais da escola nos processos colaborativos
estabelecidos entre a professora regente, a professora do Atendimento Educacional
Especializado – AEE e o agente educacional, que se responsabilizaram por elaborar e
desenvolver projetos, atividades e materiais pedagógicos para atender às necessidades da
criança em questão. Destaca-se, também, a importância da participação da família para
alcançar os objetivos propostos em relação às crianças.
Mauch (2017) se propôs, em seu trabalho, a trazer uma reflexão na perspectiva de
um olhar investigativo e de experimentação sobre o brincar inclusivo, as infâncias e seus
transbordamentos. Inspirada nos trabalhos de Manoel de Barros, apresenta
questionamentos em relação ao brincar e à gestão nas Unidades Educacionais. Ela enfatiza
as ações que caracterizam a gestão das escolas, os comportamentos de adultos que se
envolvem com as brincadeiras, as atitudes que demonstram acolhimento, as condutas que
existem em uma escola inclusiva, que acolhe crianças com diferentes deficiências e
corporeidades.
Os autores Alves e Ferrazzo (2021) conduziram uma reflexão sobre o papel do
gestor escolar na promoção de uma escola inclusiva. A pesquisa revelou uma carência de
documentos que abordem de maneira clara e específica esse tema, envolvendo tanto as
responsabilidades do gestor quanto a inclusão de pessoas com necessidades educacionais
especiais. O objetivo central foi a identificação das diretrizes presentes nos documentos
oficiais, com o intuito de compreender o papel do gestor na integração e na permanência
escolar de todos os estudantes. Conclui-se que a atuação do gestor desempenha um papel
central na construção de uma escola inclusiva, enfatizando a importância da formação de
recursos humanos e da promoção de práticas pedagógicas eficazes.
O estudo não se propôs a apontar falhas ou perfeições, mas sim, trazer reflexões
sobre possíveis caminhos que a gestão escolar pode seguir para promover a inclusão na
escola. Os autores ressaltam que a atuação do gestor escolar é fundamental para que se
possa construir uma escola para todos e todas, observando as adaptações necessárias que
deem prioridade à formação de recursos humanos, financeiros e materiais, e uma atenção
especial ao processo pedagógico.
O trabalho das autoras Oliveira e Drago (2012) trata do “Programa Inclui”, que, em
parceria com a rede municipal de ensino de São Paulo, tem como foco o público-alvo da
Educação Especial e busca promover a inclusão escolar por meio de respostas educativas
para crianças com deficiência. O estudo buscou alinhar os princípios teóricos e legais à
26
realidade cotidiana escolar. A proposta de inclusão escolar requer transformações políticas,
administrativas e pedagógicas significativas, e a Secretaria Municipal de Educação de São
Paulo demonstrou a intenção de alcançar essas metas por meio da implementação do
programa. Mas, apesar das diretrizes nacionais que apontam os caminhos para práticas
inclusivas, há diferenças profundas na forma como os sistemas educacionais compreendem
o significado de cada uma delas e, consequentemente, na forma como incorporam esse
novo paradigma na prática cotidiana, seja na instância administrativa, seja na formativa, na
organizacional ou na pedagógica.
Ao final, o estudo aponta que o trabalho com as diferenças apresenta contradições
relevantes que precisam ser consideradas. A concepção de inclusão muitas vezes se limita
ao atendimento de crianças com deficiência, deixando de lado as necessidades das demais
crianças e dos profissionais que trabalham na escola. O isolamento e a falta de
envolvimento em questões essenciais do trabalho pedagógico são aspectos centrais a serem
abordados para superar as barreiras atitudinais e promover a construção de um ambiente
inclusivo.
Ambientes escolares inclusivos são fundamentados em uma concepção de
identidade e diferenças, nos quais as relações entre elas não se ordenam em torno de
oposições binárias (normal/especial, branco/negro, masculino/feminino, pobre/rico). Neles
não se elege uma identidade como norma privilegiada em relação às demais.
O ambiente educacional inclusivo foi preconizado no documento Declaração de
Salamanca sobre Princípios, Política e Prática na Área das Necessidades Educativas
Especiais, produzido na conferência mundial realizada pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, em 1994, na Espanha. Esse
documento postula o direito fundamental de toda de uma construção coletiva, na qual o
diretor escolar exercerá um papel decisivo. De acordo com o documento,
27
ambientes inclusivos devem perpassar os muros da escola, pois a sociedade precisa ser
inclusiva, abranger todos os âmbitos e assim combater todas as barreiras.
Após feita a análise dos artigos, passa-se ao exame das dissertações e teses, cuja
síntese está descrita no Quadro 3.
28
criar e recriar. Portanto, quando uma criança não tem acesso a essas oportunidades, isso
contribui para uma exclusão profundamente prejudicial. O objetivo principal da pesquisa
foi analisar e compreender como a Política de Educação Especial, sob a perspectiva da
Educação Inclusiva, pode levar à exclusão do atendimento educacional voltado para a
primeiríssima infância (0 a 3 anos) das crianças com deficiência em creches públicas.
Os procedimentos metodológicos adotados envolveram técnicas documentais,
incluindo a análise de leis, decretos, declarações, relatórios e dados estatísticos coletados
ao longo de um período de 10 anos de atendimento às crianças nas creches públicas
municipais de Manaus. A abordagem utilizada foi fundamentada no método hermenêutico-
dialético, que buscou compreender os significados dos dados apresentados. Em suma, a
pesquisa revelou a falta de atendimento adequado às crianças com deficiência nas creches
públicas municipais de Manaus.
Por fim, a pesquisa realizada por Lima (2016) teve como foco a formação
continuada oferecida aos gestores das redes públicas e a coerência entre os conteúdos
abordados nessa formação e suas práticas de gestão. O objetivo do estudo foi analisar as
ações formativas do programa chamado "A Rede em Rede – a formação continuada na
Educação Infantil" e investigar como os gestores apropriam-se dos conceitos de gestão
pedagógica e compartilhada nos Centros de Educação Infantil e Escolas Municipais de
Educação Infantil na cidade de São Paulo. Utilizando uma abordagem qualitativa, com
foco na Educação Infantil e tendo como ponto de partida a publicação da Constituição de
1988, foram realizadas pesquisas documentais no arquivo da Memória Técnica
Documental da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo a fim de compreender os
princípios que orientaram as ações de formação dos gestores escolares.
Além disso, foram conduzidas entrevistas semiestruturadas com gestores em
exercício na rede municipal de São Paulo, especificamente em Centros de Educação
Infantil, para analisar como eles se apropriam dos conteúdos abordados no programa de
formação. Dessa forma, o estudo aborda a formação continuada dos gestores escolares,
investigando a relação entre os conteúdos tratados nessa formação e as práticas de gestão,
por meio de pesquisa documental e entrevistas com gestores atuantes na rede municipal de
Educação Infantil de São Paulo.
A seguir, será realizada a discussão a partir dos núcleos temáticos (NT) que
resultaram da seleção dos trabalhos, artigos, teses e dissertação que foram analisados via
sistematização, e de várias leituras e fichamentos tanto dos estudos presentes e
29
selecionados nesta revisão, quanto da fundamentação legal e dos conceitos teóricos que
deram origem às questões que orientam a nossa investigação. No processo de análise,
emergiram 5 núcleos temáticos: O papel da gestão para a Educação Inclusiva; O trabalho
colaborativo para a Educação Especial; A formação para uma Educação Inclusiva; As
normativas e os documentos para a Educação Inclusiva; O acolhimento de crianças para
uma Educação Inclusiva.
30
realizadas, é enfatizada a relevância da formação continuada realizada no ambiente escolar,
com o objetivo de fortalecer os saberes e um trabalho colaborativo que abracem toda a
comunidade educacional (Alves; Ferrazzo, 2021; Oliveira; Drago, 2012).
Nessa perspectiva, busca-se estabelecer e fortalecer uma cultura inclusiva, tendo em
vista a percepção que se tem na pesquisa conduzida por Alves e Ferrazzo (2021), que
mostrou lacunas e atenção aos documentos que abordem de maneira clara e específica o
tema, incluindo tanto o papel do gestor escolar, quanto a inclusão de pessoas com
necessidades educacionais especiais para se pensar e concretizar uma escola para todos,
inclusiva.
Nesse sentido, a atuação integrada dos gestores escolares, na coordenação do
trabalho de toda a equipe, desempenha um papel fundamental na construção de uma escola
inclusiva, com foco prioritário na formação dos recursos humanos, alocando recursos
financeiros e materiais de forma adequada.
A concepção de inclusão muitas vezes se limita ao atendimento de crianças com
deficiência, deixando de lado as necessidades das demais crianças e dos profissionais que
trabalham na escola. Assim, o isolamento e a falta de envolvimento em questões essenciais
do trabalho pedagógico devem tornar-se aspectos centrais a serem abordados para superar
as barreiras atitudinais e promover a construção de um ambiente inclusivo.
31
Como sujeitos no processo de autoformação, as gestoras participantes da pesquisa
ampliaram sua compreensão dos processos educacionais em uma perspectiva de totalidade,
o que é necessário para ser um gestor de unidades escolares de Educação Infantil, uma
prática social complexa.
Nesse sentido, os trabalhos de Lima (2016) e Borges (2022) esclarecem as lacunas
que existem na formação continuada. Sabendo dessa importância para o âmbito do gestor
escolar, os autores enfatizam que é preciso insistir em formação continuada que reverbere
em toda comunidade educativa. Com isso, lutar por políticas públicas que contemplem
mais ações promotoras de formação na perspectiva de formação e implementação de
Educação Inclusiva é necessário para se pensar em uma escola inclusiva.
Porém, o movimento por uma escola inclusiva é de todos, [...] as normativas não
são tão eficientes na perspectiva da construção de uma escola inclusiva. Porém, o
movimento por uma escola inclusiva é de todos, mas tem na figura do diretor que
é o grande articulador que envolve toda a equipe em busca da melhoria da
qualidade do processo de educacional (Alves e Ferrazzo, 2021, p 16).
32
NT5 – O acolhimento de crianças para uma Educação Inclusiva
33
O modelo brasileiro de Educação Inclusiva se destaca como uma abordagem
contemporânea e progressista em comparação com muitos outros países, mas é
fundamental reconhecer que não podemos tolerar um atendimento inadequado. É preciso
promover com determinação a implementação de escolas inclusivas que adotem práticas
que fomentem o convívio social, a interação e o estímulo constante, estabelecendo altas
expectativas para todos os estudantes, independentemente de suas habilidades.
É imperativo que continuem os avanços na evolução do sistema educacional
brasileiro, e, para alcançar esse objetivo, é crucial reconhecer que a escola inclusiva
desempenha um papel vital na vida de bebês, crianças, jovens e adultos,
independentemente de terem ou não deficiências. Deve-se considerar a inclusão não apenas
como uma prática escolar, mas como um princípio que se estende para além dos limites da
escola. Uma abordagem inclusiva pode contribuir significativamente para a construção de
uma sociedade mais diversificada e democrática (Rosalen; Chaluh, 2020).
Portanto, é fundamental promover e fortalecer a Educação Inclusiva como parte
integral do sistema educacional do país, assegurando que todos os estudantes tenham a
oportunidade de desenvolver todo o seu potencial e participar plenamente da sociedade.
Para que um indivíduo se torne parte efetiva de uma sociedade, é necessário que
esteja inserido nela, com condições básicas de saúde, moradia, alimentação e educação.
Portanto, não se pode pensar em indivíduo social sem que sejam supridas suas
necessidades básicas. Padilha (2019) argumenta que as desigualdades existentes na
sociedade colocam em risco o pertencimento, a construção do sujeito social e aponta que
para que de fato a inclusão aconteça, é necessário que se pense nos mais diversos aspectos.
A inclusão refere-se à ideia de que todas as pessoas têm o direito de participar
plenamente e de forma igualitária em todos os aspectos da sociedade, incluindo a
educação, pois há de se reconhecer e valorizar a diversidade humana, respeitando as
características individuais de cada pessoa e promovendo a igualdade de oportunidades para
todos.
Mantoan (2004, p. 7-8), tratando sobre inclusão argumenta que "há diferenças e há
igualdades, e nem tudo deve ser igual nem tudo deve ser diferente, [...] é preciso que
34
tenhamos o direito de ser diferente quando a igualdade nos descaracteriza e o direito de ser
iguais quando a diferença nos inferioriza”.
Em outro escrito, Mantoan (2000, p. 2) declara,
Mantoan (2015) nos faz refletir que Educação Inclusiva consiste na ideia de que
todos os cidadãos têm direito ao acesso no sistema de ensino, sem segregação e
discriminação, mais do que isso, é necessário que a inclusão escolar garanta a permanência
na escola e a aprendizagem de todos. A autora traz os momentos de mudanças pelos quais
o país passou ao longo dos anos e diz que é preciso uma transformação radical. Nesse
sentido, faz-se necessário que as escolas e a comunidade escolar abandonem seus velhos
paradigmas para que aconteça a inclusão de verdade, pois eles “continuam sendo
contestados, e o conhecimento, matéria-prima da educação escolar, mais do que nunca,
passa por uma reinterpretação” (Mantoan, 2015, p. 21).
Nesse mesmo contexto, Padilha (2019, p.23-24) afirma:
É necessário que a escola, com seu currículo e suas práticas pedagógicas, exerça
papel relevante na formação dos valores e dos direitos constitutivos de uma
identidade do ser genérico. [...] Tal atitude supõe profundo processo de
transformação de valores, ou seja, de uma profunda transformação ética.
Destaca-se que, para uma educação que considere a diferença, é necessária uma
escola plural e democrática, na qual as diferenças sejam defendidas e respeitadas. Gaio e
Dias (2011, p. 109) afirmam que "Não é possível construir a inclusão escolar sem propor
35
mudanças na escola, seja no ensino comum ou no especial, que busquem superar os seus
atuais limites, limites esses que deram origem à necessidade das propostas de inclusão".
A Educação Inclusiva tem como objetivo estabelecer a igualdade de possibilidades
e oportunidades, visando uma abordagem educacional que busque garantir que todos os
estudantes, independentemente de suas diferenças, tenham acesso a uma educação de
qualidade em um ambiente inclusivo. A Educação Inclusiva envolve a adaptação do
currículo, dos métodos de ensino e dos recursos para atender às necessidades individuais
dos estudantes, promovendo a participação plena e efetiva de todos.
Os movimentos educacionais atuais trazem a Educação Inclusiva como um tema
central em movimentos educacionais, com o objetivo de promover uma educação que seja
acessível a todos, levando em consideração a diversidade e buscando a equidade em todas
as suas práticas e políticas. Todavia, ainda coexistem, em concepções no campo
educacional, dois modelos: o médico e o social. É fundamental compreender a distinção
entre dois modelos para uma abordagem pedagógica que seja efetivamente promotora ao
desenvolvimento humano.
No modelo médico, o foco está na deficiência em si, sendo uma abordagem pontual
e determinista. A perspectiva social, por outro lado, tanto na educação quanto em outros
contextos, considera o sujeito de maneira holística, reconhecendo suas limitações como
algo que pode ser superado, dependendo das condições proporcionadas a ele. Nesse
modelo, concentramo-nos nas potencialidades individuais (Mittler, 2003).
Desconsiderar a diversidade humana equivale a criar um ambiente que perpetua a
visão equivocada de que as pessoas com deficiência são incapazes, não devido às suas
características pessoais, mas às barreiras sociais que lhes são impostas. Em uma sociedade
inclusiva, é crucial questionar discursos que subestimam e fortalecem práticas
discriminatórias.
Conforme Mittler (2003) aponta, o modelo social da deficiência se baseia na ideia
de que a sociedade e suas instituições são as responsáveis pela discriminação, pela
opressão e pela limitação das pessoas com deficiência. Portanto, é imperativo buscar a
remoção de obstáculos à participação dessas pessoas na vida em sociedade, o que implica a
necessidade de mudanças institucionais, regulamentares, e de combate a atitudes que
perpetuam a exclusão.
Com base na compreensão do termo "inclusão" e nos argumentos para evitar o uso
da expressão "integração", é fundamental revisitar os fundamentos legais que orientam a
36
prática educacional voltada para a inclusão em nosso país. Esse movimento surgiu como
uma crítica ao modelo integrativo, que apenas considerava aptas para a convivência na
sociedade as pessoas com deficiência que atendessem a critérios específicos, como as
habilidades de aprender, trabalhar, se expressar e se locomover pelas cidades. O
movimento em prol da integração social era limitado em sua abrangência.
É importante salientar que o termo "integração" tem sido gradualmente substituído
por "inclusão", refletindo a visão de que todos os indivíduos têm o direito à participação
plena na sociedade, e cabe à sociedade como um todo minimizar as barreiras de todos os
tipos.
Gaio e Dias (2011) afirmam que a escola tem papel principal na construção da
cidadania de todas as pessoas. As autoras ressaltam que isso se dá porque a escola,
além de procurar superar a visão de aluno ou aluna com deficiência como origem
dos problemas, visão essa decorrente do modelo médico-terapêutico,
psicométrico e de propostas que supõem a necessidade de adaptação aos padrões
de normalidade, deve se assentar sob fundamento democrático, de direitos
humanos, sem que haja imposição de um segmento da comunidade escolar sobre
outro. (Gaio; Dias, 2011, p. 109).
37
Dentro dessa lógica de superação, respaldada por portarias, resoluções e decretos,
compreendemos que a força e a luta para consolidar uma escola inclusiva devem ser
compartilhadas por todos nós. A visão capacitista não deve prevalecer em nossos
ambientes educacionais, pois estamos empenhados em promover uma sociedade e uma
escola com uma perspectiva inclusiva. Assim, apresentamos o modelo social como uma
alternativa para superar o modelo médico na Educação Inclusiva, promovendo uma
reflexão sobre a ideia de que uma Educação Inclusiva implica necessariamente uma
sociedade inclusiva. Assim, entende-se a Educação Inclusiva como direito incondicional e
alienável de cada cidadão, o que está expresso na legislação que trata do tema, e que
passamos a discutir a seguir.
Internacionalmente, a Declaração Mundial de Educação para Todos de 1990, da
Conferência de Jomtien na Tailândia (Unesco, 1990), foi um marco para a Educação
Inclusiva. No documento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura (Unesco), no art. 3º, consta que “as necessidades básicas de aprendizagem das
pessoas portadoras de deficiências requerem atenção especial. É preciso tomar medidas
que garantam a igualdade de acesso à Educação aos portadores de todo e qualquer tipo de
deficiência, como parte integrante do sistema educativo”. O texto ainda usava o termo
“portador”, hoje não mais utilizado.
A adesão do Brasil à Convenção de Guatemala, em 1999, que foi denominada
Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
as Pessoas Portadoras de Deficiência, resultou no Decreto nº 3.956/2001. O texto brasileiro
afirma, em seu caput, que as pessoas com deficiência têm “os mesmos direitos humanos e
liberdades fundamentais que outras pessoas e que estes direitos, inclusive o direito de não
ser submetidas a discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade e da
igualdade que são inerentes a todo ser humano” (Brasil, 2001).
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pela ONU,
que foi promulgada no Brasil em 2009, afirma que os países são responsáveis por garantir
um sistema de Educação Inclusiva em todos as etapas de ensino e, por ser signatário, o país
teve que se comprometer a implementar o processo (Brasil, 2009).
Em 2015, o Brasil participou do Fórum Mundial de Educação, em Incheon, na
Coreia do Sul, e assinou a Declaração de Incheon, comprometendo-se com uma agenda
conjunta por uma educação de qualidade e inclusiva. A declaração, assinada por mais de
38
100 países, tem como objetivo a defesa da educação como a grande promotora para o
desenvolvimento mundial (Unesco, 2015).
Decorrente da Declaração de Incheon, a Unesco publica, em 2015, os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável, um documento que traz 17 objetivos que devem ser
implementados até 2030. Nele, o 4º objetivo propõe que os países assegurarem
uma Educação Inclusiva, equitativa e de qualidade e que promova oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida para todos.
Após tratarmos as legislações que impactaram ou determinaram a estruturação da
Educação Inclusiva advindas de convenções internacionais, trazemos para a discussão a
legislação e os dispositivos do âmbito nacional.
A Constituição Federal (CF) de 1988, no art. 3, inciso IV, preconiza que se deve
“promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação”. Já no art. 205, é definido que a educação como um direito
de todos deve ser garantida para o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da
cidadania e a qualificação para o trabalho. Ainda, o art. 206, no inciso I, estabelece a
“igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para
o ensino e garante às pessoas com deficiência, a oferta do atendimento educacional
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, como dever do Estado (Brasil,
1988).
Em 1989, a Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras
(terminologia utilizada na época) de deficiência e sua integração social, definiu como
crime a recusa da matrícula de pessoas com deficiência sobre qualquer alegação, em
qualquer nível de ensino, indicando a pena de prisão de até 4 anos, mais multa (Brasil,
1989).
Com a promulgação do Estatuto da Criança e Adolescente, em 1990, a Lei nº
8.069/90, em seu art. 55, reforça a atribuição para os pais e/ou responsáveis da obrigação
de matricularem seus filhos na rede regular de ensino (Brasil, 1990).
O Decreto Legislativo 186/2008 e Decreto Executivo 6.949/2009, que ratificaram a
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinada pelo Brasil, em seu art.
24, determinou que os Estados têm a obrigação de garantir um sistema educacional
inclusivo (Brasil, 2009b).
Por sua vez, o documento final da Conferência Nacional de Educação, de 2010,
enfatiza a necessidade de se garantirem condições políticas, pedagógicas e financeiras para
39
a construção de uma política nacional de Educação Inclusiva que assegure que as crianças
e os jovens com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação possam ter sucesso por meio do acesso e da permanência nas
escolas de educação básica e ensino superior (Brasil, 2010a).
Em 2011, é publicado o Plano Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência
(2011-2014) que, em seu texto, traz uma série de ações afirmativas voltadas para a inclusão
social da população com deficiência para os eixos: acesso à educação, atenção à saúde,
inclusão social e acessibilidade. Na educação, propõe-se a inserção de 378 mil estudantes
(sem especificar se no ensino comum); transporte escolar acessível; implantação de 45 mil
salas de Recursos Multifuncionais; contratação de 1,2 mil professores e tradutores e
intérpretes de Libras; 150 mil vagas no ensino profissionalizante (Brasil, 2011).
No ano de 2014, é publicado o novo Plano Nacional de Educação (PNE) (Brasil,
2014), que propõe que seja universalizado o acesso à educação básica e ao atendimento
educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de
sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou
serviços especializados, públicos ou conveniados para a população de 4 a 17 anos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. O
entrave para a inclusão é a palavra “preferencialmente”, que abre espaço para que as
crianças com deficiência permaneçam matriculadas apenas em escolas especiais.
A Lei Brasileira de Inclusão – 13.146/2015, denominada de Estatuto da Pessoa com
Deficiência, é destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício
dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua
inclusão social e à sua cidadania. Essa lei foi um grande passo para ações favorecedoras ao
processo de inclusão no país (Brasil, 2015).
Por fim, o Decreto nº 9.465/2019 traz as Modalidades Especializadas de Educação,
extinguindo a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
(SECADI). A nova pasta é composta por três frentes: Diretoria de Acessibilidade,
Mobilidade, Inclusão e Apoio a Pessoas com Deficiência; Diretoria de Políticas de
Educação Bilíngue de Surdos; e Diretoria de Políticas para Modalidades Especializadas de
Educação e Tradições Culturais Brasileiras (Brasil, 2019).
40
A Educação Inclusiva reconhece e valoriza a diversidade, promove a participação
de todos os estudantes e busca eliminar as barreiras que impedem a inclusão plena na
escola por meio da Educação Especial, tendo em vista que ela é uma modalidade de
educação voltada para o atendimento de bebês, crianças, jovens e adultos com deficiência,
transtornos do espectro autista, altas habilidades/superdotação e outras necessidades
educacionais especiais. Seu objetivo é oferecer suporte específico para garantir que o
público-alvo da Educação Especial possa participar plenamente do processo educacional,
alcançar seu pleno desenvolvimento pelo processo de ensino-aprendizagem (Caiado;
Martins; Antonio, 2008)
O acesso à aprendizagem refere-se à garantia de que todos os estudantes tenham a
oportunidade de participar ativamente e se beneficiar do processo educacional. Isso
envolve a remoção de barreiras físicas, a disponibilidade de materiais acessíveis, o uso de
estratégias de ensino diferenciadas, o fornecimento de suporte individualizado e a
utilização de tecnologias assistivas, entre outros recursos que possam colaborar com os
docentes, que são componentes essenciais da Educação Especial.
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) é uma das estratégias utilizadas
na Educação Especial. Trata-se de um conjunto de serviços, recursos e atividades
pedagógicas que são oferecidos de forma complementar ou suplementar à educação
regular. O AEE tem como objetivo promover o desenvolvimento das potencialidades dos
estudantes com necessidades especiais, bem como auxiliar na superação de suas
dificuldades e combater as barreiras.
As atividades próprias do AEE são de grande relevância para a promoção da
inclusão e a eliminação de barreiras, e têm como função complementar ou suplementar a
formação do estudante por meio da disponibilização de serviços e recursos de
acessibilidade. Entretanto, para que o AEE possa acontecer nas escolas, o trio gestor, o
professor regente, os professores especialistas, os intérpretes de Libra, os cuidadores e
demais profissionais deverão trabalhar com o mesmo propósito.
Conforme determinado na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva
da Educação Inclusiva (Brasil, 2008), o Atendimento Educacional Especializado (AEE)
configura-se como um serviço de suporte da educação especial ao ensino regular.
41
função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade
que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando
suas necessidades específicas (Brasil, 2008, p. 16).
42
administração, o recrutamento de educadores e o envolvimento comunitário (Declaração
de Salamanca, 1994).
A Declaração de Salamanca reflete uma tendência global em prol da consolidação
da Educação Especial e tem servido de referência para orientar as ações de vários países na
concepção e na implementação da Educação Inclusiva, apontando que
43
contempla o atendimento educacional especializado, todavia é complementar ou
suplementar, o que diminui a força dada à Educação Inclusiva, já que traz a possibilidade
de substituição do ensino regular (Brasil, 2001a).
No mesmo ano, foi publicada a Lei nº 10.172/2001, que estabeleceu o Plano
Nacional de Educação – PNE –, que colocava como verdadeiro avanço a construção de
uma escola inclusiva para o atendimento à diversidade humana (Brasil, 2001b). No ano de
2006, é publicado o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, um trabalho
conjunto entre Secretaria Especial dos Direitos Humanos, o MEC, o Ministério da Justiça e
a UNESCO que objetivava fomentar, no currículo da Educação Básica, os temas relativos
às pessoas com deficiência (Brasil, 2006).
Em 2009, por meio da Resolução CNE/CEB n° 04/2009, que institui as Diretrizes
Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, foi
instituída a Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) em relação à atuação do professor do
AEE. As SRMs configuram-se como espaços físicos integrantes das escolas públicas de
educação básica, destinados à realização do Atendimento Educacional Especializado. Tal
atendimento é conduzido por um professor devidamente especializado, cuja formação
abrange não somente à docência, mas também uma preparação específica no campo da
Educação Especial.
O termo "Salas de Recursos Multifuncionais" é empregado para caracterizar esses
espaços visto que eles são equipados com mobiliário, materiais didáticos e pedagógicos
diversificados, recursos de acessibilidade e tecnologia assistiva, além de outros
dispositivos específicos necessários para o atendimento dos estudantes que compõem o
público-alvo da Educação Especial. Todavia, apesar de existirem tais determinações legais,
no cotidiano das instituições, isso nem sempre acontece.
A Resolução n° 04, de 2009, que institui as Diretrizes Operacionais para o
Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, estabelece as seguintes ações
como principais atribuições do professor do AEE:
44
IV. Acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de
acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros
ambientes da escola;
V. Estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e
na disponibilização de recursos de acessibilidade;
VI. Orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de
acessibilidade utilizados pelo aluno;
VII. Ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais
dos alunos, promovendo autonomia e participação;
VIII. Estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à
disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e
das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades
escolares. Para o desenvolvimento dessas ações, é necessário que o professor
estabeleça uma relação de proximidade com seu aluno, buscando conhecer suas
particularidades, suas relações com o conhecimento, para além das condições
cognitivas.
45
Mantoan (2015) nos faz refletir que construir uma escola inclusiva desde a
Educação Infantil requer observar espaços, tempos, recursos pedagógicos, recursos
humanos, parceria intersetorial, parceria com a família e as equipes de saúde, com
objetivos voltados para a possibilidade de acesso e permanência que contemple o
desenvolvimento pleno dos bebês e das crianças com deficiência.
O direito das crianças à educação é amparado pela Constituição Federal (CF) de
1988, que garante o acesso e a permanência em escola regular a todos os brasileiros, sem
qualquer discriminação. Desse modo, a CF assegura, em seu texto, o acesso das crianças na
faixa etária de 0 a 5 anos de idade à Educação Infantil, em creches e pré-escolas, , como o
dever do Estado e da família na garantia deste direito (Brasil, 1998).
Esse direito consta na Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009,
que alterou o art. 208 da CF ao afirmar, em seu texto, o acesso, a permanência e a
participação das crianças com deficiência, de 0 a 3 anos de idade, na creche, e dos quatro
aos cinco anos nos Centros de Educação Infantil. São diretrizes imprescindíveis para a
consolidação do sistema educacional inclusivo desde a primeira etapa da Educação Básica.
Assim sendo, prever o atendimento educacional especializado como um serviço
que identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminam
as barreiras, para a plena participação dos estudantes considerando suas necessidades
específicas. Contudo, entendemos que o AEE na Educação Infantil é fundamental para que
as crianças, de seus primeiros anos de vida, usufruam de acessibilidade física e pedagógica,
aos brinquedos, aos mobiliários, à comunicação, utilizando-se da tecnologia assistiva como
uma área que agrega recursos e estratégias de acessibilidade.
Nesse sentido, considera-se que a educação constitui um direito humano
incondicional e inalienável, sendo fundamental assegurar aos bebês e às crianças com
deficiência o acesso à Educação Infantil inclusiva bem como atendimento educacional
especializado nas redes públicas e privadas de ensino, conforme preconiza o Plano
Nacional de Educação (PNE) que passou a vigorar com a promulgação da Lei nº
13.005/2014 (Brasil, 2014).
A partir dos documentos orientadores e da legislação, acreditamos que todos CEIs e
EMEIs precisam ser inclusivos, caso contrário, não cumprirão o seu papel social e não
garantirão os direitos fundamentais para todas as crianças. Para assegurar uma Educação
Inclusiva conforme estabelece na Resolução CNE/CEB 040/2009, quando instituiu as
Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação
46
Básica, modalidade Educação Especial, o projeto político-pedagógico necessita estar
integrado a uma concepção de desenvolvimento inclusivo da Educação Infantil, assim
como os demais serviços de Educação Especial.
No ano de 2016, foi publicado o Decreto nº 57.379/2016, que estabeleceu a Política
Paulistana de Educação Especial sob a perspectiva da Educação Inclusiva, regulamentado
pela Portaria 8.764/2016. O decreto teve como objetivo principal implementar o uso de um
sistema online para o registro dos dados dos estudantes que são público-alvo da Educação
Especial, o que foi estabelecido pelas diretrizes e orientações para a implementação dessas
medidas, visando a garantia do acesso e do atendimento educacional especializado de
qualidade aos estudantes com necessidades educacionais especiais (São Paulo, 2016a;
2016b).
Mais à frente, publica-se a Resolução 68/2017, da Secretaria da Educação do
Estado de São Paulo, para a implementação da Política Paulistana de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva, conforme determinado no Decreto nº 57.379/2016. Tais
medidas visaram promover a inclusão e garantir o acesso à educação de qualidade para
todas as pessoas, inclusive aquelas com deficiência, assegurando seus direitos e
promovendo uma sociedade mais igualitária e inclusiva
Diante do exposto, a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) representa uma das grandes
vitórias no contexto da educação inclusiva, pois introduz uma perspectiva humanizada em
relação à deficiência. Ela reconhece a deficiência como um atributo inalienável, que não
pode ser separado de seu contexto, e identifica as barreiras que podem obstruir o pleno
desenvolvimento das pessoas com deficiência. A presente lei estabelece e reforça o direito
de cada criança de se desenvolver plenamente e ressalta a necessidade de disponibilizar
todos os recursos necessários para superar obstáculos que possam impedir o
desenvolvimento integral das crianças, conforme descrito na lei vigente (Brasil em 2015).
Destaca-se a importância de se oferecer um ambiente inclusivo para os bebês e as
crianças em instituições de Educação Infantil, de acordo com o seu ritmo, encorajando suas
potencialidades e respeitando suas limitações para que eles sejam acolhidos em sua
singularidade, independentemente da presença de deficiência ou não , pois entende-se que a
inclusão é muito mais do que apenas colocar uma criança com deficiência em uma sala de
aula e acolher sua família. A inclusão escolar é fazer com que os bebês e as crianças com
deficiência estejam integrados, participando e aprendendo, construindo conhecimentos
como cidadãos de direito. Nesse sentido, Mazzota (1982) salienta que
47
[...] a criança com necessidades educacionais, em razão de deficiências orgânicas
ou ambientais, deve ter o máximo de oportunidades para usufruir dos serviços
comuns de educação pré-escolar, ainda que para isto ela possa necessitar de
alguns auxílios especiais (Mazzotta, 1982, p. 29).
48
formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora
dela (Brasil, 2009a).
49
igualdade educacional, que reconhece e respeita as singularidades de cada um. Dessa
forma, a BNCC emerge como um guia para a criação de uma estrutura educacional que não
só valoriza as diferenças individuais. A ênfase na equidade conduz à compreensão de que a
igualdade não se traduz em um tratamento uniforme, mas, sim, em um compromisso de
responder adequadamente às necessidades variadas dos estudantes, a fim de promover uma
Educação Inclusiva, justa e enriquecedora (Brasil, 2017).
A BNCC menciona a importância da educação para pessoas com deficiência em sua
introdução, referindo-se à Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015, que estabelece a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, também conhecida como Estatuto da
Pessoa com Deficiência. Essa lei é baseada na Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência, assinada em Nova Iorque, em 30 de março de 2007, da qual o Brasil é
signatário. Essa convenção compromete os Estados-Parte a assegurarem um sistema
educacional inclusivo para pessoas com deficiência em todos os níveis e modalidades de
ensino (Brasil, 2015).
Embora a BNCC mencione essa legislação, é necessário recorrer às Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN) de 2009, que também compõem a política curricular
nacional, para obter uma compreensão mais detalhada sobre a importância de se pensar,
organizar e promover uma educação verdadeiramente comprometida com a inclusão. As
DCN enfatizam a interconexão entre cuidar e educar, ressaltando a necessidade desses
aspectos nos processos educacionais para promover o desenvolvimento completo do
indivíduo, independentemente das suas características específicas.
50
I. O respeito à dignidade humana e o direito de cada estudante de perseguir seus
próprios projetos de estudo, trabalho e integração na sociedade, com autonomia
e independência;
II. O reconhecimento da identidade única de cada estudante, a valorização das
diferenças e habilidades, o atendimento às necessidades educacionais no
processo de aprendizagem, formando a base para o desenvolvimento de
valores, atitudes, conhecimentos e competências;
III. O desenvolvimento da cidadania, capacidade de participação social, política e
econômica, ampliando-se por meio do cumprimento de obrigações e do
exercício de direitos (Brasil, 2009, p. 42).
A gestão escolar vai além dos limites físicos da escola quando considera o
desenvolvimento e o processo de construção da Educação Inclusiva, fundamentados nos
princípios da justiça e equidade para os estudantes da Educação Infantil. Atualmente, as
contribuições da gestão escolar derivam do modelo de Gestão Democrática e
compartilhada, com o objetivo de ampliar a possibilidade de mudanças de paradigmas,
promover uma cultura inclusiva e construir um ambiente escolar que valorize o estudante
como um ser social, ético, histórico e único. Nesse contexto, é fundamental o apoio de
regulamentações, políticas públicas e outros atores envolvidos na efetivação de uma escola
inclusiva.
Para fortalecer a gestão escolar inclusiva, é necessário estabelecer conexões nos
espaços educacionais, de modo que o processo de inclusão seja construído de maneira
colaborativa. Os gestores escolares desempenham um papel essencial no processo de
inclusão escolar, pois lideram e mantêm a estabilidade do sistema. Portanto, é crucial que
envolvam toda a escola na construção e no desenvolvimento de uma cultura inclusiva.
Além disso, têm a responsabilidade de facilitar o estabelecimento e a melhoria do contato e
da interação entre os professores e os demais funcionários, criando oportunidades para a
51
troca de experiências significativas e democráticas que contribuam para a efetivação da
inclusão na escola.
Além disso, se a gestão abrir as portas da escola para inserir os pais em projetos em
cursos, promovendo uma participação na vida educacional de seus filhos, eles também se
tornam agentes e responsáveis sociais no processo de aprendizagem de tomada de decisões
da vida escolar.
Souza (2009) e Przylepa (2019) ressaltam que o percurso que a gestão escolar deve
percorrer, na perspectiva de uma educação democrática e inclusiva, é o da
descentralização, que possibilita a autonomia para o gestor desenvolver um trabalho
coletivo e colaborativo, ou seja, envolvendo toda a comunidade escolar, sem distinção de
cargo ou função, visto que pensar a realidade local e as melhores estratégias educacionais
para a comunidade dessa forma já representa uma prática inclusiva, com a contribuição de
todos.
52
compromisso claro com a promoção da igualdade de oportunidades e a valorização da
diversidade.
Eles devem estabelecer uma visão inclusiva e compartilhá-la com a comunidade
escolar, estimulando a participação de todos os membros da equipe, buscando a formação
em temas relacionados à inclusão educacional. Isso inclui o desenvolvimento de
conhecimentos sobre as necessidades específicas dos estudantes com deficiência e outras
necessidades especiais, estratégias de ensino inclusivas, uso de tecnologia assistiva e
adaptação de currículo. A formação contínua permitirá que a equipe gestora ofereça
suporte efetivo aos professores e funcionários da escola.
De acordo com o Decreto Municipal nº 54.453/2013, estabelece-se a figura do trio
gestor, composto de diretor, assistente de diretor e coordenador pedagógico. Cada um dos
componentes tem responsabilidades e atribuições específicas (São Paulo, 2013). Seguem-
se os artigos que especificam cada um deles, iniciando pelo diretor de escola:
Em relação a suas atribuições, o decreto elenca no artigo 6º, item VI: “prover as
condições necessárias para o atendimento aos alunos com deficiência, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação”.
Por sua vez, o assistente de diretor de escola tem suas atribuições expostas no
artigo 8º (São Paulo, 2013), quais sejam:
53
é o responsável pela coordenação, articulação e acompanhamento dos
programas, projetos e práticas pedagógicas desenvolvidas na unidade
educacional, em consonância com as diretrizes da política educacional da
Secretaria Municipal de Educação, respeitada a legislação em vigor.
54
É importante criar espaços para ouvir as preocupações e sugestões das famílias,
além de fornecer informações claras sobre os serviços e apoios disponíveis na escola.
Mantoan (2015) enfatiza que uma escola inclusiva deve ser construída de forma integrada
junto às famílias, professores e gestão com apoio da Diretoria Regional de Educação
(DRE) e do Centro de Formação e Acompanhamento a Inclusão (CEFAI), a rede
intersetorial. Essa articulação conjunta contribui com estratégias para a escola, o ensino de
qualidade e a equidade.
No estudo conduzido por Boaventura (2008), as narrativas dos gestores revelam
uma visão restritiva de escola inclusiva, pois foca, principalmente, em questões estruturais,
como os aspectos físicos e arquitetônicos. Caiado (2008), em suas pesquisas, também
verificou a ausência de financiamento para a formação dos profissionais de educação. Silva
Santos (2008) discorrem, em seu estudo, que o entendimento sobre os princípios que
norteiam a proposta de Educação Inclusiva na unidade escolar não está bem definido para
os gestores. Ainda que prevaleça o entendimento de gestão compartilhada, os gestores não
dão relevância para a necessidade de formação para uma gestão escolar inclusiva, o que se
verifica nos achados dos estudos supracitados.
Na mesma direção, Tezani (2004) discorre a respeito da inexistência desse tema no
Projeto Político-Pedagógico – PPP, que é construído coletivamente. A este respeito, Tezani
(2004, p. 28) alerta que: “a construção de uma gestão democrática que vise à inclusão
escolar constitui-se, ainda, num grande desafio que requer a colaboração de todos para ser
superado, inclusive das políticas públicas educacionais”.
Pinheiro (2015), assim como Santos (2011), ao analisarem as barreiras que
impedem o trabalho da gestão pedagógica, considerando as propostas educacionais
inclusivas, destacam que o papel do coordenador pedagógico nas escolas regulares de
ensino é bastante distorcido por grande parte das pessoas que compõem a comunidade
escolar, uma vez que, ao realizar atividades de outro profissional, as de competência do seu
cargo deixam de ser realizadas, o que com certeza trará prejuízos para todos.
Ao apresentarmos as reflexões dos autores, é possível observar que o papel da
gestão pedagógica vai além de um atendimento imediato, pois é, também, sua
responsabilidade organizar reuniões pedagógicas com o objetivo de auxiliar o professor no
desenvolvimento de planejamentos que considerem práticas inclusivas. Dessa forma, pode
fornecer a esse profissional o suporte técnico e científico necessário para atingir os
55
objetivos pedagógicos, realizar as adaptações de grande porte e promover equidade e
acessibilidade no contexto escolar visando a participação e o aprendizado das crianças.
A Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva é fundamentada pelos
princípios orientadores do Currículo da Cidade (SME, 2019), quais sejam: educação para a
equidade, Educação Inclusiva e educação integral, valorizando a diversidade com enfoque
numa educação para todos, constituindo-os como sujeitos e cidadãos. O foco é o
desenvolvimento de todas as crianças atrelado à garantia dos direitos de aprendizagem.
Cabe destacar que uma escola inclusiva precisa estar alicerçada na gestão
democrática, participativa e autônoma, fomentar formação de professores e contemplar no
PPP a realidade na qual está inserida. Assim será possível a promoção de estratégias que
atendam às necessidades e especificidades das crianças com deficiência.
É necessário que gestores e educadores estejam cientes de suas funções frente aos
desafios de uma Educação Inclusiva, visando sempre a melhoria das estruturas físicas e
pedagógicas de acordo com as especificidades apontadas para a realidade do contexto
escolar, articulada à pedagogia da diferença que considere o sujeito em sua singularidade
(Mantoan, 2015).
56
Além disso, o gestor pedagógico deve fomentar a formação continuada dos
professores e demais profissionais da instituição, garantindo que estejam atualizados com
as melhores práticas pedagógicas para a Educação Infantil. Ele também deve promover
uma comunicação efetiva e colaborativa com as famílias, buscando estabelecer parcerias
que fortaleçam o processo educativo das crianças.
Outro aspecto relevante é o papel do gestor na articulação com os órgãos
responsáveis pelas políticas educacionais, buscando garantir condições adequadas de
infraestrutura, recursos pedagógicos e formação para os profissionais, a fim de promover
uma Educação Infantil de qualidade.
58
3 METODOLOGIA
Em relação à base teórica, esta pesquisa se apoia em autores como Minayo (2012) e
Flick (2009), que têm afinidade com a abordagem da pesquisa qualitativa.
Conforme Minayo (2012, p. 623) destaca, na pesquisa qualitativa, a compreensão,
envolvendo a habilidade de se colocar no lugar do outro e compreender sua perspectiva, é a
atividade central do pesquisador, reconhecendo que este, como ser humano, é capaz de
exercitar esse nível de compreensão. A pesquisa qualitativa concentra-se na interação entre
o pesquisador e o ambiente em análise, em que se examinam as relações sociais, os
comportamentos, e, a partir dessa observação, realizam-se interpretações e análises sobre o
significado dessas interações para a pesquisa.
O pesquisador, como protagonista do estudo, deve adotar uma perspectiva aguçada
e sensível para a investigação em questão. Diferentemente da abordagem quantitativa, a
pesquisa qualitativa no contexto educacional exige um olhar atento às relações e interações
que têm impacto no processo de ensino.
Neste estudo, a coleta de dados foi conduzida em etapas, inicialmente envolvendo
um levantamento bibliográfico em dissertações de mestrado e artigos científicos
relacionados à área de estudo. Em seguida, realizou-se uma revisão de literatura,
identificando estudos que se alinhassem com os temas de pesquisa.
A coleta de dados também envolveu entrevistas, que foram realizadas em três
etapas, agendadas de acordo com a disponibilidade das equipes gestoras das instituições
educacionais (CEI e EMEI). As entrevistas foram realizadas individualmente, com cada
59
participante da pesquisa, e tiveram duração média de uma hora. A partir dessas ações, o
áudio foi ouvido várias vezes e foi realizada a transcrição das entrevistas. Por fim, após as
sínteses das análises, foram identificados, nas falas das participantes, os temas recorrentes
dos eixos temáticos que se aglutinaram com os trabalhos dos teóricos selecionados,
proporcionando grande relevância nos dados obtidos.
60
De acordo com Minayo (2012, p. 623), “Interpretar é um ato contínuo que sucede à
compreensão e também está presente nela: toda compreensão guarda em si uma
possibilidade de interpretação, isto é, de apropriação do que se compreende”. A autora
define a pesquisa qualitativa como aquela em que a compreensão desempenha um papel
central para o pesquisador. Ela descreve essa compreensão como a capacidade de se
colocar no lugar do outro, reconhecendo que, como ser humano, o pesquisador é capaz de
demonstrar empatia para compreender as experiências dos outros.
61
composta por 35 funcionários, sendo 21 professores, alguns dos quais possuem dois
cargos, além da equipe gestora, que consiste na diretora, na assistente de direção e na
coordenadora pedagógica. Há também 3 Auxiliares Técnicos de Educação (ATEs), 1
Agente escolar, 1 Auxiliar de Vida Escolar (AVE), para apoiar o público-alvo da educação
especial, e 2 vigias.
Quanto ao espaço físico, a EMEI dispõe de 5 salas de referência, 1 sala de leitura, 1
ateliê, 1 sala multiuso, 1 pátio, 1 quadra, 1 sala de professores, 1 refeitório, 1 sala de
direção, 1 secretaria, 1 parque, 1 redário, 5 banheiros para crianças e 2 para funcionários.
Os serviços de limpeza e cozinha também são terceirizados, e a escola participa do
programa Jornada Especial Integral de Formação (JEIF) com 3 grupos. Da mesma forma, a
instituição não conta com estagiários do CEFAI.
62
com Ênfase em DI CEFAI
Fonte: Elaborado pela autora (2023).
63
4 ANÁLISE DE DADOS
Após a coleta dos dados, foi feita a análise interpretativa observando núcleos
temáticos que emergiram dos depoimentos das participantes. Para a sua interpretação,
serviram de fundamento os princípios teóricos que deram sustentação à presente pesquisa.
Gatti (2002) argumenta que pesquisar significa buscar o conhecimento referente a
uma determinada coisa, embora ressalte que, com a pesquisa, não se procura “qualquer
conhecimento, mas um conhecimento que ultrapasse o entendimento imediato na
explicação ou na compreensão da realidade que observamos” (Gatti, 2002, p. 11).
Para o aprofundamento da compreensão dos dados, foi dado seguimento à análise
interpretativa, observando o que diz Minayo (2012), que a interpretação nunca é a última
palavra sobre o objeto da pesquisa, porque o sentido de uma mensagem é aberto a diversas
interpretações a depender da realidade e do tempo.
Após a leitura densa dos depoimentos, emergiram 12 núcleos temáticos, a saber:
1. Acolhimento inicial à família e a criança com deficiência; 2. Orientação para a equipe
escolar; 3. Necessidade de um trabalho intersetorial; 4. Recursos existentes; 5. Falta de
recursos humanos; 6. Falta de formação de professores e coordenadores; 7. Falta de
formação de professores e coordenadores; 8. Barreiras arquitetônicas; 9. Necessidade da
Presença do PAAI x PAEE; 10. Socialização entre crianças; 11. Direitos como garantias
para uma Educação Inclusiva; 12. Concepção de Educação Inclusiva e Inclusão. A
discussão dos dados foi feita a partir da inter-relação da fala das participantes com a
literatura consultada com vistas à compreensão do problema e dos objetivos da
investigação.
A seguir, serão abordadas as análises das respostas das participantes à luz da
revisão sistemática realizada nesta pesquisa. Como já afirmado, foi possível elencar das
respostas o Eixo 1 – acolhimento inicial à família e a criança com deficiência. No Quadro
5, são apresentados os exertos das falas das participantes sobre esse eixo.
64
Quadro 5 – EIXO 1: Acolhimento inicial à família e a criança com deficiência
P Excertos dos Depoimentos
A secretaria faz acolhimento inicial com a mãe que tem a criança com laudo e comunica [...] para
a equipe gestora que foi feita a matrícula de uma criança público-alvo da Educação Especial. [...]
P2
a equipe gestora marca uma entrevista com a família para passar informações da criança e sobre o
laudo e as especificidades e as particularidades dessa criança.
Normalmente quando uma família chega até a nossa unidade nós temos nosso secretário que é o
ATE, Edson, que faz esse primeiro contato com a família, fazendo orientação inclusive de
documentação [...] Sempre que a mãe traz alguma demanda da criança que tem alguma
especificidade, tem alguma dificuldade, uma deficiência agente pede para que eles nos chame,
para podermos fazer esse primeiro contato com a família. Então, agente já chama essa família
para vir até aqui. [...] Sempre eu ou a [X] e a [X] que é a coordenadora pedagógica para agente
fazer esse primeiro contato com família. [...] A gente tem que preencher um documento
P3
importante para as professoras onde elas se juntam para fazer um plano específico para aquela
criança, [...] então o primeiro contato é isso. [...] Acho que o mais importante é nesse primeiro
momento a familia se sentir acolhida e segura, [...] uma mãe ela até se emocionou, falou que
acontece é que quando a gente chega na unidade fala tem um filho com deficiência a gente
percebe no rosto da pessoa que atende um certo receio e aqui foi diferente. [...] não é deixar tudo
na mão do CP. Eu acho que o diretor e o assistente ele tem que estar junto essa questão da
parceria com a família [...]
O acompanhamento é feito por meio de questionário com as mães, elas nos falam um pouquinho.
P4 Muitas mães têm um pouco de receio de se abrir e falar um pouco da criança que elas têm [...] a
gente busca essa família para gente que essa criança fazer os encaminhamentos [...]
O acompanhamento é, geralmente, de quem faz a matrícula uma atendente da secretaria, a gente
orienta como fazer acolhimento, essa recepção das famílias. Já tem uma ficha [...] para ser
P5
preenchida com as necessidades das crianças [...] Assim ver se a gente precisa ter uma atenção
maior, a gente marca com a coordenação [...]
[...] propomos o acolhimento para todas as crianças, pois quando elas chegam e não
necessariamente elas já tem um laudo médico. Então as crianças com deficiência, com mais
tempo que elas permanecem na Instituição, passando por vários professores/as que vão sentindo a
necessidade dessas crianças, são características bem expressivas, elas comunicam as famílias.
Então eu posso dizer que não é um atendimento diferenciado para criança. [...] a gente vai
P6
percebendo essas necessidades da criança que já vem com laudo e que já vem com um
diagnóstico, mas aos poucos a gente vai fazendo intervenções com essa criança vai percebendo
essas necessidades e vai solicitando a parceria junto com a família para encaminhamento médico,
então esse laudo na maioria das vezes é construído ao longo do percurso da criança aos 3 anos
[...]
Inicialmente o acolhimento do bebê e da criança é feito por meio da matrícula, na instituição no
momento da inscrição da criança, geralmente eu faço como coordenadora e como assistente, eu
faço um acolhimento com a família [...] tem uma fichinha que a gente fez na escola uma
anamnese, a gente pergunta vários pontos para família [...] a gente procura acolher a família e
P7
tentar entender um pouco a rotina familiar e como que se dão os acompanhamentos também dessa
criança que está entrando [...] encaminhado a inclusão do bebê e da criança com deficiência junto
aos seus funcionários falo da questão dos ates dos agentes, dos profissionais da cozinha, como é
feito então com os professores.
Fonte: Elaborado pela autora (2023).
Sobre esse eixo, é possível verificar, nos depoimentos, duas formas diferenciadas
de acolhimento: uma que é feita pela secretaria e outra que é feita por alguém da equipe
gestora. O primeiro caso fica perceptível com a fala de P2, quando diz “A secretaria faz
acolhimento inicial com a mãe que tem a criança com laudo e comunica [...] para a equipe
gestora que foi feita a matrícula de uma criança público-alvo da Educação Especial”.
Também aparece na de P4, ao afirmar “O acompanhamento é feito por meio de
65
questionário com as mães, elas nos falam um pouquinho” e na de P5, quando relata que “O
acompanhamento é, geralmente, de quem faz a matrícula uma atendente da secretaria, a
gente orienta como fazer acolhimento, essa recepção das famílias”.
No segundo caso, constata-se a importância da acolhida da família na instituição, o
que fica claro na fala de P3, quando diz que “Acho que o mais importante é nesse primeiro
momento a familia se sentir acolhida e segura, [...] uma mãe ela até se emocionou, falou
que acontece é que quando a gente chega na unidade fala tem um filho com deficiência a
gente percebe no rosto da pessoa que atende um certo receio e aqui foi diferente”. O
mesmo pode ser percebido na fala de P7, ao relatar que “a gente procura acolher a família e
tentar entender um pouco a rotina familiar e como que se dão os acompanhamentos
também dessa criança que está entrando”.
Nas respostas das participantes P3 e P7, fica notório o acolhimento com as crianças
com deficiência voltado especialmente para garantia de direitos e o bem-estar da criança e
da família. Já nas falas de P2, P4 e P5, ressalta-se que o acolhimento inicial à família é
feito a partir da intervenção da secretaria, o que nem sempre garante a percepção das reais
necessidades pedagógicas da criança.
No depoimento de P6, é possível observar a realização de um acompanhamento
contínuo ao processo da criança, verificado no encaminhamento cotidiano, pois “aos
poucos a gente vai fazendo intervenções com essa criança vai percebendo essas
necessidades”.
Este eixo temático estabelece uma conexão fundamental com a abordagem
inclusiva na educação, abordado no trabalho de Carla Mauch (2017). A proposta de Mauch
consiste em criar um ambiente de acolhimento para as famílias e crianças com deficiência,
baseado em investigação e experimentação, incorporando atitudes que demonstrem um
acolhimento genuíno. Além disso, ela enfatiza a necessidade de práticas que caracterizem
uma escola inclusiva, na qual crianças com diversas deficiências sejam acolhidas e
integradas de maneira eficaz. Isso envolve não apenas a inclusão dessas crianças nos
tempos e espaços da escola, mas também nas interações e brincadeiras, criando
oportunidades que promovam o acesso e a permanência dessas crianças de forma
significativa.
A abordagem reflete a importância de ir além das políticas inclusivas no papel e na
teoria, enfatizando a necessidade de uma implementação prática e eficaz no ambiente
escolar. Ela destaca a relevância do acolhimento não apenas como um gesto simbólico,
66
mas como uma atitude que efetivamente permita que as crianças com deficiência se sintam
parte integrante da comunidade escolar. Isso não se restringe apenas à participação nas
atividades didático-pedagógicas, também abrange a promoção de interações sociais,
brincadeiras e experiências que enriquecem o desenvolvimento e a aprendizagem dessas
crianças. Nesse sentido, a abordagem de Mauch ressalta a necessidade de uma
transformação efetiva na cultura escolar, na qual a inclusão não seja apenas um conceito,
mas uma prática concreta que promova a igualdade de oportunidades e o pleno
desenvolvimento de todos os estudantes, independentemente de suas diferenças e
necessidades.
Outro trabalho que trata desse tema é o estudo de Odani (2019), apresentado em sua
dissertação, que ressalta a importância do acolhimento diário tanto para a família quanto
para a criança e como esse acolhimento desempenha um papel significativo no
desenvolvimento infantil. A autora enfatiza que o acolhimento não deve se limitar a um
mero procedimento burocrático ou administrativo, mas deve ser permeado por uma
dimensão afetiva que valorize a relação entre a instituição de ensino e a família. Essa
abordagem afetiva visa criar um ambiente acolhedor, no qual a criança se sinta bem-vinda,
apoiada e amada. Essa atmosfera de cuidado e afeto é fundamental para garantir a
permanência da criança na instituição e para seu desenvolvimento integral.
A pesquisa chama a atenção para a necessidade de estabelecer vínculos e relações
sólidas com as famílias, reconhecendo que elas desempenham um papel vital no
desenvolvimento e na educação de suas crianças. O acolhimento afetivo promove uma
parceria entre a instituição e a família, na qual ambas trabalham juntas em prol do bem-
estar e do desenvolvimento da criança. Além disso, ao criar um ambiente de acolhimento e
afeto, a escola contribui para a construção de uma atmosfera de confiança, na qual as
famílias se sentem mais à vontade para se envolver na vida escolar de seus filhos. Isso, por
sua vez, fortalece a participação ativa dos pais na educação e na inclusão de crianças com
deficiência, criando um ciclo positivo que beneficia não apenas as crianças, mas toda a
comunidade escolar.
A seguir, discute-se as respostas das participantes que conduziram à elaboração do
Eixo 2, que trata da orientação pra a equipe escolar no trabalho de implementação de uma
Escola Inclusiva. O Quadro 6 apresenta essas respostas.
67
Quadro 6 – EIXO 2: Orientação para a Equipe Escolar
P Excertos dos Depoimentos
Fazemos uma escuta com as famílias para conhecer a especificidade dessas crianças, para a gente
poder tomar providências em relação à elas, os recursos e ao que é necessário para essas crianças,
[...] juntamos os funcionários nas reuniões iniciais do ano letivos. A gente, imediatamente, socializa
P1 com toda a equipe as crianças que a gente tem com um laudo, com hipótese ou mesmo a crianças
que estão com alguma investigação de uma possível deficiência [...] A gente já socializa com a
equipe nos momentos de horário coletivo ou na hora atividade do professor, a nossa CP, ela faz
isso.
Por meio de reuniões pedagógicas, reunião dos indicadores, de pais e mestres para atender melhor a
P2 todos, acreditamos que por meio de reuniões de informações, nossos profissionais terão um olhar
amplo para entender melhor todas as crianças sem distinção.
No início do ano letivo fazemos reuniões que orientam todos os profissionais da unidade na questão
P3 do público-alvo da Educação Especial, e de todas as crianças que têm especificidades físicas ou
cognitivas para as tomadas de decisões em conjunto.
No início do ano letivo fazemos uma reunião de pais e mestres, que abarca toda a comunidade
educativa, assim aproveitamos e falamos da rotina, dos espaços, da proposta do PPP, e as intenções
de uma escola para atender todas as crianças considerando as brincadeira, as interações norteada,
P4
nos documentos da rede municipal. Acreditamos que se potencializamos nossa equipe educativa,
teremos mais resultado no ensino aprendizado, na parceria com a família, e numa escola inclusiva
para todos.
Trabalhamos de forma integrada e pensamos em orientações que potencializem nossa equipe na
P5 questão pedagógica, em relação ao público-alvo da Educação Especial [...] em reuniões durante
todo o ano.
A equipe gestora se organizava para pensar em conjunto nas reais demandas frente às matrículas
recebidas no início do ano letivo. [...] Orientar sobre nosso público de criança, as intenções da
escola dentro do projeto de pedagógico, as crianças com especificidades como as com deficiência,
P7
para todos entender que a criança não só professor editora escola e o cuidar e educar está para todos
os profissionais da unidade educacional, assim sendo é importante o olhar de todos para mesma
direção. Um a escola de verdade e inclusiva se faz com mão de todos nós juntos.
Fonte: Elaborado pela autora (2023).
A escolha desse eixo temático se deve ao fato de, durante toda a pesquisa, se
perceber a relevância da orientação formativa para com toda a comunidade educativa, no
que diz respeito a: reunião de pais e mestres, como afirmam P2 e P4; reuniões
pedagógicas, como destacam P1, P3 e P5; reuniões sobre os projetos desenvolvidos, como
diz P7.
Conforme destacado por Mendes (2002), a construção e a efetiva implementação de
uma Educação Inclusiva envolvem uma série de abordagens abrangentes e interconectadas.
Para promover um atendimento de excelência a todas as crianças, é essencial adotar uma
abordagem holística que leve em consideração diversos aspectos que vão além do espaço
escolar. Primeiramente, é crucial observar e compreender a comunidade escolar em toda a
sua diversidade, identificando as necessidades, expectativas e desafios dos estudantes, pais,
professores e outros membros desse espaço. Isso implica uma análise profunda das
características individuais, culturais e sociais dos bebês e crianças e de suas famílias.
68
Além disso, a abordagem inclusiva também requer a consideração dos contextos
político, social, econômico e cultural em que a escola está inserida. Isso inclui a análise das
políticas educacionais vigentes, das questões sociais que afetam a comunidade, das
condições econômicas que podem influenciar o acesso à educação e das características
culturais que moldam as experiências de aprendizado dos estudantes. A compreensão desse
contexto mais amplo é fundamental para desenvolver estratégias e proposições
educacionais que atendam efetivamente às necessidades de todas as crianças.
Em resumo, a abordagem nos faz refletir sobre a importância de uma visão ampla e
integrada da Educação Inclusiva, que transcende as fronteiras da escola e considera as
múltiplas dimensões que influenciam o processo educativo. Essa abordagem orienta a
criação de ambientes escolares inclusivos e de políticas educacionais que visam promover
a igualdade de oportunidades e a excelência na educação para todas as crianças,
independentemente de suas diferenças e desafios individuais.
Mittler (2003), por sua vez, enfatiza a importância do diálogo e da orientação
formativa como elementos cruciais na promoção da inclusão de bebês e crianças no
sistema regular de ensino. O autor ressalta que a inclusão educacional não é uma tarefa
solitária, mas um esforço coletivo que requer a colaboração de toda a comunidade
educativa, incluindo escola, família e demais atores envolvidos no processo educacional. A
orientação formativa desempenha um papel fundamental na formação e no
desenvolvimento de competências para atender às necessidades diversas das crianças,
garantindo que todos os profissionais estejam preparados para receber e apoiar os bebês e
as crianças em sua jornada educacional.
A parceria entre a escola, a família e a comunidade educativa é crucial para
estabelecer um ambiente de acolhimento e apoio, no qual as crianças com diferentes
capacidades e características individuais possam prosperar. Essa colaboração não se limita
apenas ao aspecto técnico da inclusão, mas também se estende ao aspecto afetivo, à criação
de laços e à construção de um ambiente de respeito e compreensão mútua. Pressupõe
também a compreensão da inclusão como um esforço coletivo, com a escola
desempenhando um papel de liderança na promoção da equidade e da justiça educacional
(Mittler, 2003).
Em resumo, Mittler (2003) destaca que a inclusão não se trata apenas de uma
questão técnica, mas de um compromisso social e moral de criar oportunidades iguais para
todas as crianças, independentemente de suas características individuais. Para alcançar esse
69
objetivo, é essencial que a escola, a família e a comunidade educativa trabalhem em
conjunto, compartilhando conhecimento, experiência e empatia, para construir uma
educação inclusiva e equitativa que atenda a todas as crianças de maneira significativa .
Segue-se a apresentação, no Quadro 7, das respostas das quais emergiu o Eixo 3,
sobre o trabalho intersetorial para a construção de uma Escola Inclusiva.
70
fonoaudiólogos o posto de saúde, mas que também é próxima que a gente busca a
parcerias”. As três falas demonstram o quão moroso e dificultoso é para a criança ter,
enquanto cidadã, acesso a todos os serviços que contribuiriam, efetivamente, ao seu
desenvolvimento, condição a que elas deveriam ter o direito.
Os relatos das participantes são reais frente aos desafios que o CEI e EMEI
enfrentam hoje. Nessas falas, é possível observar o quão moroso é articular o processo com
a rede de proteção da criança com deficiência. No apoio às famílias que tem crianças com
deficiência, o ponto crucial é que quanto menor a renda familiar, menor a possibilidade de
atendimento em todas as suas particularidades, o que é corroborado na afirmação da P2.
Muitas crianças com deficiência carecem de um acompanhamento multidisciplinar da
saúde para que se insira de modo a ter melhor rendimento na frequência e aprendizado no
CEI e na EMEI.
Tezani (2010) ressalta que a base para construção de uma escola inclusiva e de
qualidade para todos é decorrente da reflexão e da parceria da comunidade educativa e,
nesse viés, pode-se afirmar que a rede intersetorial contribuiria em muito para tal. Porém,
pelas falas das participantes, percebe-se que essa parceria não acontece. Padilha (2019),
por sua vez, enfatiza que a escola sozinha não dá mais conta de uma educação de
qualidade, e é necessário um trabalho ampliado em diferentes âmbitos sociais para se
combater a exclusão das crianças e dos jovens. Rosalen e Chaluh (2020) também destacam
a relevância de um trabalho colaborativo entre os profissionais da escola e de seu entorno.
Nessa perspectiva, é fundamental que a educação inclusiva seja um esforço
coletivo, que envolva conhecer, ouvir e buscar estratégias pedagógicas, assegurando os
direitos de todas as crianças de participarem do ensino regular e de aprenderem de maneira
significativa. Diante do exposto, ressaltamos os estudos de Silva e Facion (2009), que
fazem refletir que a inclusão apresenta diversos desafios para o sistema educacional,
incluindo a sensibilização da sociedade em geral, investimentos em formação contínua dos
professores, o desenvolvimento de métodos, estratégias, técnicas e recursos apropriados, a
participação ativa da família e da comunidade, bem como articulação Intersetorial.
A próxima discussão diz respeito ao Eixo 4, que trata da existência de recursos e se
são suficientes para o desenvolvimento de uma educação verdadeiramente inclusiva. O
Quadro 8, na página a seguir, apresenta as respostas das participantes das quais emergiu
esse eixo.
71
72
Quadro 8 – EIXO 4: Recursos Existentes
P Excertos dos Depoimentos
[...] Atualmente para atender as crianças, nós temos materiais e todos os recursos assim, que nós
P1 pensamos até o momento. Com a chegada da sala de aula digital também favoreceu bastante o
trabalho das professoras pensando também nessas crianças, não é?
[...] todas as salas tem o equipamento multimídia e no início do ano também nós fizemos uma
compra de alguns brinquedos sensoriais. A gente montou uma sacolinha para cada sala então,
P2
são cinco kits que nós temos para essas crianças, não é? [...] mas nós não temos por exemplo um
tablet específico para essas crianças [...]
[...]Vou pontuar na questão de tablet mobiliários e brinquedo para permanência dos bebês e das
crianças com deficiência e para os demais [...] nós temos sim equipamentos. Esse ano a gente
P3
teve a instalação de da salas digitais, os equipamentos chegaram aqui há dois anos estavam
guardados foram instalados esse ano.
Recursos tecnológicos nós temos, agora que instalou nossa sala digital, porém com reforma a
gente está com ela foi desativada. Celular que a gente compra com as verbas da prefeitura a
P4
gente procura disponibilizar para eles e na necessidade de mobiliário que surgir também a
unidade compra para suprir a necessidade da criança.
Estamos em constante aquisição de materiais, então a gente procura escuta os professores sobre
as necessidades e dentro do que a gente consegue com as verbas, ou até muitas vezes com
P5
recursos próprios, adaptar ou adquirir novos materiais que a gente compra [...] as criancas que
nós temos eles usam o que as professoras conseguiram adaptar.
Eu posso dizer que não tem nenhum recurso, que seja específico para uma criança de inclusão
todos os brinquedos e os materiais permitem que todos exporem e brinquem, então tanto os
P6
espaços da escola com os brinquedos ofertados eles podem ser potenciais para todas as crianças
não há uma divisão ou uma seleção de material adequado ou não.
Sobre esses recursos a gente tem essa parte tecnológica, agora tem a sala de aula digital foi
implantado esse recurso que antes não tinha, mas desde a pandemia estava chegando
P7 equipamentos Agora ele foi implantado, mobiliário na medida do possível eles têm
disponibilizado para nós, brinquedos e outros objetos que a gente necessite tem as verbas
próprias para isso.
Fonte: Elaborado pela autora (2023).
73
A Portaria nº 8.764/2016, que regulamenta o Decreto nº 57.379/2016 da Prefeitura
de São Paulo, estabelece em seu artigo 4º a obrigatoriedade de oferecer Atendimento
Educacional Especializado em todos os contextos e momentos escolares, com o propósito
de eliminar as barreiras que afetam a aprendizagem das crianças.
Diante dos relatos, é importante ressaltar que a Secretaria Municipal de Educação
(SME) disponibiliza recursos financeiros para a aquisição de materiais pedagógicos. No
entanto, nos depoimentos dos participantes, foi notável o destaque dado aos tablets,
enquanto pouco foi mencionado sobre brinquedos destinados às crianças com deficiência.
Esse enfoque aponta para uma preocupação maior com a acessibilidade tecnológica,
alinhando-se à perspectiva de Sassaki (2009), que destaca o envolvimento de diversos
recursos de tecnologia assistiva para melhor atender o público-alvo da educação especial
com qualidade.
A disponibilização de recursos financeiros pela Secretaria Municipal de Educação
(SME) para a aquisição de material pedagógico é um passo importante na promoção da
Educação Inclusiva. No entanto, é crucial observar como esses recursos estão sendo
direcionados e se estão atendendo às necessidades específicas das crianças com
deficiência. Conforme apontado nos relatos dos sujeitos participantes, os tablets foram
enfatizados como um recurso importante, mas houve uma notável ausência de discussão
sobre a disponibilidade de brinquedos adequados para crianças com deficiência.
Essa observação evidencia uma preocupação com a acessibilidade instrumental, ou
seja, com os recursos e ferramentas que são disponibilizados para apoiar o processo de
ensino e aprendizagem. Como mencionado por Sassaki (2009), a acessibilidade
instrumental abrange uma ampla gama de recursos de tecnologia assistiva que podem
facilitar a participação e o desenvolvimento das crianças com deficiência. Isso inclui não
apenas dispositivos eletrônicos, como tablets, mas também brinquedos adaptados,
materiais sensoriais, equipamentos de mobilidade e outros recursos que são essenciais para
atender às necessidades específicas de cada criança.
Carla Mauch (2017) traz, em seu estudo, a relevância da materialidade e da
experimentação de possibilidades de brinquedos que despertaram a potência em todas as
crianças. Para proporcionar uma escola inclusiva é necessário pensar em propostas
pedagógicas inclusivas, em brinquedos, mobiliários, acessibilidade, dentre outras, quando
isso acontece podemos falar respectivamente que a educação está sendo inclusiva (Sassaki,
2009).
74
Portanto, é importante que a SME avalie a alocação de recursos de forma
abrangente, garantindo que haja uma diversidade de recursos de tecnologia assistiva e
materiais pedagógicos disponíveis, de modo a atender às necessidades variadas das
crianças com deficiência. Além disso, é fundamental promover a conscientização e a
formação dos profissionais da Educação Infantil para a utilização adequada desses
recursos, garantindo que as crianças com deficiência tenham acesso a uma educação
inclusiva e de qualidade. A acessibilidade instrumental desempenha um papel fundamental
na remoção de barreiras para a aprendizagem e no empoderamento das crianças com
deficiência, proporcionando-lhes oportunidades significativas de desenvolvimento e
participação na escola.
Passa-se, então, à discussão do Eixo 5, que é relativo à falta de recursos humanos
para o atendimento especializado às crianças e aos bebês com deficiência nos espaços
pesquisados. O Quadro 9 traz os excertos dos depoimentos das participantes no que
concerne a esse eixo.
Quadro 9 – EIXO 5: Falta de Recursos Humanos
P Excertos dos Depoimentos
Acredito que a nossa maior falta seria a presença de um estagiário para atender as crianças que
nós temos, temos cinco crianças com autismo e que seria um grande apoio para o professor que
P1 com certeza o professor poderia ter um olhar mais diferenciado para essa criança ter mais
condições devido à quantidade de crianças que temos em sala todas as turmas tem 32 crianças
matriculadas e frequentes [...]
[...] como também na questão dos estagiários [...] temos cinco crianças público-alvo da
P2
Educação Especial, elas são autistas [...]
O estagiário e o AVE somariam bastante no atendimento das crianças público-alvo da Educação
P3
Especial [...]
Não temos recursos humanos suficiente para atender toda essa demanda. Os ATEs e os agentes
P4
escolares que colaboram e às vezes o pessoal da limpeza também ajuda.
[...] Falta recursos humanos para o apoio à demanda de crianças com deficiência, pois os ATEs.
Pois os Atés e as agentes escolar não dão conta. [...] Na questão do público-alvo da Educação
Especial não temos apoio, porque a rede entende que o currículo da conta e enfatiza que eu
P5
cuidar e educar indissociável por isso que não vem estagiário para auxiliar a professora e o
AVE. As barreiras mais gritantes são de pessoas para estar na unidade, porque assim, não são só
eles na escola tem, mais 140 e poucas crianças que também precisam, elas são pequenas [...]
Eu acho que o mais gritante são os recursos humanos, porque recursos pedagógicos e tudo mais
os professores são criativos [...] então a grande dificuldade é a falta de recursos umanos pessoas
que têm suporte, querendo ou não a gente tem o número muito grande de crianças por professor,
P6 então isso já é uma questão que a rede tem como deficiência mesmo
[...] precisa também de formação para os coordenadores nos precisamos de uma atenção
especial, de um tempo a mais para se desdobrar para dar esse atendimento, o ideal seria ter mais
recursos humanos, mais profissionais para dar esse suporte.
Falta formação específica continuada nas questões do público-alvo da com deficiência e suas
P7 especificidades, tendo em vista que a maioria dos professores não tem formação nessa área. Os
recursos a AVE e estagiário a prefeitura só disponibiliza se tiver casos atípico no CEI.
Fonte: Elaborado pela autora (2023).
75
No Currículo da Cidade – Educação Infantil (2019), que representa a abordagem
pedagógica da política educacional na cidade de São Paulo, destaca-se a ênfase nos pilares
da educação inclusiva, equidade e educação integral. Nessa perspectiva, fica evidente o
compromisso com o direito à educação, acesso e permanência e as condições adequadas
para proporcionar oportunidades, recursos e materiais que potencializem o
desenvolvimento integral dos bebês e crianças.
Nesse sentido, as participantes trouxeram muitas queixas sobre a falta de recursos
humanos, dizendo que as necessidades mais gritantes são as de pessoas, conforme afirma a
P5. Todas enfocam a necessidade de estagiário e enfatizam que até as pessoas da limpeza
ajudam, conforme diz a P4, pois a UE não dá conta de atender as demandas do público-
alvo da Educação Especial, e então buscam recursos humanos, que são os estagiários e o
AVEs. De acordo com a política do município, estes só podem ser disponibilizados se a
criança com deficiência tiver alguma necessidade que a instituição, sozinha, não dê conta
de atender, porém esse aspecto não está claro no entendimento dos gestores, que
compreendem que tais recursos terão que vir para as escolas que têm crianças público-alvo
de Educação Especial.
Entendendo que a escola precisa estar preparada para acolher todas as crianças no
sentido de acessibilidade, materialidade e brinquedos, e recursos humanos, Souza (2009)
destaca o olhar para o gestor pedagógico na vida cotidiana da escola. Segundo o autor,
cabe ao gestor ter apropriação dos pressupostos da Educação Especial para um bom
atendimento à diversidade, encaminhando uma gestão democrática e compartilhada.
Entende-se que um ambiente escolar adequado ao ensino e aprendizagem exige por
parte da gestão escolar um trabalho coletivo, participativo colaborativo tendo no horizonte
a implementação de estratégias metodológicas apropriada aos bebês e às crianças com
deficiência (Silva, 2015).
A proposta de Oliveira e Drago (2012) reforça a importância da formação
continuada para os gestores educacionais, especialmente no contexto da Educação Infantil,
onde a promoção de uma cultura inclusiva é de vital importância. Essa cultura inclusiva
abrange não apenas a aceitação e a acomodação das crianças com deficiência, mas também
a transformação das práticas pedagógicas, do currículo e do ambiente escolar de modo a
garantir que todas as crianças tenham a oportunidade de participar plenamente e de
alcançar seu potencial máximo.
76
Os gestores desempenham um papel fundamental na construção dessa cultura
inclusiva. Eles são responsáveis por liderar a equipe educacional, promover a formação dos
professores e demais profissionais, planejar estratégias de ensino que atendam às
necessidades diversas das crianças e assegurar que os recursos e apoios necessários estejam
disponíveis. Para realizar essas tarefas de maneira eficaz, os gestores precisam de formação
contínua que os habilite a compreender as complexidades da inclusão, a lidar com os
desafios que surgem e a liderar a mudança em direção a práticas pedagógicas mais
inclusivas.
Além disso, também destacam a importância de considerar os recursos humanos
disponíveis na equipe escolar. Isso significa aproveitar o conhecimento e as habilidades de
todos os profissionais, incluindo professores, especialistas em Educação Especial e demais
membros da comunidade escolar, para construir uma cultura inclusiva de maneira
colaborativa. A formação continuada dos gestores deve promover a colaboração e a
coletividade, incentivando o compartilhamento de experiências e a construção de práticas
pedagógicas inclusivas.
Em resumo, a proposta de Oliveira e Drago (2012) destaca a formação continuada
como um componente-chave na construção de uma cultura inclusiva na Educação Infantil.
Ela enfatiza a importância do papel dos gestores na liderança desse processo e ressalta a
necessidade de considerar os recursos humanos disponíveis para promover uma abordagem
colaborativa e abrangente da inclusão. A formação continuada dos gestores é fundamental
para que eles estejam preparados para enfrentar os desafios da inclusão e liderar o caminho
em direção a uma educação inclusiva de qualidade na Educação Infantil.
A seguir, discute-se o Eixo 6, que trata da falta de formação de professores e
coordenadores dentro da temática da Educação Inclusiva e como isso impacta no trabalho
junto a crianças e bebês com deficiência nas instituições pesquisadas. No Quadro 10, estão
presentes os trechos das falas de três entrevistadas sobre o tema desse eixo.
77
formação específica coletiva, não é? Sempre é o professor que faz essas buscas tanto por meio
de Sindicato, por cursos particulares, cursos de livre escolha, que ele faz fora do horário de
trabalho e até mesmo é pesquisa, leitura para aprimoramento dele mas nada que venha viesse da
SME, porque os cursos ofertados são muito disputados e demoram para que o professor consiga
seja efetivo, então precisamos de formação efetiva. [...] precisa também de formação para os
coordenadores nos precisamos de uma atenção especial, de um tempo a mais para se desdobrar
para dar esse atendimento [...]
Mas a gente não tem como disponibilizar a formação também, ainda falta um pouco de
formação para os professores, existe uma verba própria para formação que as escolas têm porém
ainda falta mais oferta mesmo de formação para preparar os professores para isso vindo mesmo
P7 da SME, da secretaria vindo da DRE, não é? [...] Falta formação específica continuada nas
questões do público-alvo da com deficiência e suas especificidades, tendo em vista que a
maioria dos professores não tem formação nessa área. Os recursos a AVE e estagiário a
prefeitura só disponibiliza se tiver casos atípico no CEI.
Fonte: Elaborado pela autora (2023).
78
Borges (2022) também faz incursões sobre a importância da formação continuada
de gestores escolares, tendo em vista que eles são os multiplicadores de toda a
comunidade, nas reuniões de PEA, JEIF, reunião pedagógica. Assim, pode-se disseminar e
pensar junto um processo que considere as necessidades de formação pensando no publico-
alvo: bebês e criancas com deficiência.
O Quadro 11, a seguir, traz as resposta a partir das quais emergiu o Eixo 7, que
discute as barreiras arquitetônicas para um melhor desenvolvimento da atividades com
bebês e crianças público-alvo da Educação Especial.
Neste eixo, nos relatos dos sujeitos participantes identificados como P1, P2 e P3,
aparece a barreira arquitetônica nos três depoimentos.Tal questão merece ser abodada, pois
a questão da falta de acessibilidade em prédios escolares municipais, especialmente
aqueles de construção mais antiga, é verdadeira, o que dificulta a autonomia de algumas
crianças com deficiência. Nesse contexto, a consideração da acessibilidade e a modificação
da estrutura do edifício são passos críticos para eliminar barreiras arquitetônicas que
possam existir.
Conforme destacado por Sassaki (2009), existem seis tipos fundamentais de
acessibilidade que desempenham um papel essencial na superação das barreiras à inclusão.
Dentre elas, destaca-se a arquitetônica:
79
acessíveis, boa iluminação, ventilação adequada, mobiliário ergonomicamente
projetado, entre outros aspectos (Sassaki, 2009, p. 10).
80
Diante do exposto, é imprescindível direcionar a atenção às condições de ensino e
aprendizagem a fim de garantir a permanência das crianças na escola e a construção de
aprendizagens significativas. Como salientado por Mantoan (2015, p. 21), os antigos
paradigmas da modernidade continuam a ser questionados, e o conhecimento, que é o
alicerce da educação escolar, está sujeito a uma reinterpretação mais profunda do que
nunca. Isso se deve ao fato de que uma abordagem verdadeiramente inclusiva na educação
vai além de simplesmente acolher a criança; envolve também compreender como apoiá-la
de maneira plena.
O próximo passo é a discussão do Eixo 8. Quadro 12 traz a resposta da entrevistada
P1 a respeito da necessidade da presença do Professor de Apoio e Acompanhamento à
Inclusão – PAAI – e do Professor de Atendimento Educacional Especializado – PAEE –
para o atendimento às crianças e aos bebês com deficiência nos CEIs e nas EMEIs.
81
Segue-se à discussão sobre o Eixo 9, que diz respeito à socialização entre crianças,
e que emergiu dos cinco depoimentos apresentados no Quadro 13.
82
importantes pelo fim das desigualdades nos ambientes educacionais e na sociedade em
geral, em busca de uma educação de qualidade e equitativa para todos.
Nesse sentido, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência passou
a ser incorporada à Constituição Federal, na forma da Lei Brasileira de Inclusão (LBI), em
2015, com uma ampla cobertura legal para amparar o combate à segregação, estabelecendo
práticas inclusivas que respeitem a todas as crianças na sua individualidade e assegurem
um ambiente saudável para o seu pleno desenvolvimento.
Para tanto, é preciso garantir que as crianças com deficiência possam ser não
somente acolhidas, mas também integradas à comunidade escolar. Estimular a socialização
entre as crianças com deficiência e as outras crianças, e também com os adultos, é uma
maneira de fazer cumprir o que está estabelecido nos documentos legais, de que não haja
segregação, e que elas sejam respeitadas em suas individualidades e totalmente integradas
ao grupo.
Dos relatos apresentados no Quadro 14 (próxima página), emergiu o Eixo 10, que
discute os Direitos com garantias para uma Educação Inclusiva.
83
Fonte: Elaborado pela autora (2023).
Neste eixo, trata-se dos direitos e das garantias das crianças, em especial as com
deficiência. Entende-se que toda criança tem direito à educação, toda criança possui
características, interesses, habilidades e necessidades particulares e únicas. Nessa
perspectiva, ela deve ter direito ao acesso e à permanência nas instituições de Educação
Infantil, à aprendizagem, à participação nas vivências e experiências no ensino regular
juntamente com as outras crianças. Assim, cabe destacar, quando se trata do direito
educacional das crianças, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de
número 9.394/96. Essa lei reconhece que a Educação Infantil é a primeira etapa da
Educação Básica, quando diz em seu Art. 29:
84
Seguindo-se as análises, passa-se à discussão do Eixo 11, que aborda a concepção
que as participantes possuem sobre educação inclusiva e inclusão. Os excertos que
correspondem a esse eixo estão apresentados no Quadro 15, na página a seguir.
85
Quadro 15 – EIXO 11: Concepção de educação inclusiva e inclusão
P Excertos dos Depoimentos
Educação Inclusiva é pensar em atendimento de educação, considerando as diferenças
e as culturas. Acredito que a gente precisa entender sobre a individualidade a
P1
singularidade da pessoa com deficiência pois todos são capazes de aprender no seu
tempo e no seu jeito.
Minha visão de Educação Inclusiva é a educação que se propõe a trabalhar com todos e
P2 com toda a diversidade que nós temos e encontramos nas escolas, a diversidade
humana. Eu penso que é isso, trabalhar com todos. [...]
Acredito que a Educação Inclusiva deve ocorrer na totalidade e para todos no chão da
P3
escola, com a participação efetiva e ativa de todos os atores da escola.
Educação Inclusiva como direito à diferença dos diferentes, além de ser uma
P4 importante movimento para fazer da escola um ambiente participativo inclusive que
acolhe a todos os estudantes.
Acredito que o objetivo maior da Educação Inclusiva é visar a garantia de acesso
P5
participação e aprendizagem de todos os alunos.
A escola a sociedade o mundo precisa ser inclusivo, esse olhar para além dos muros é
necessário porque o público-alvo de Educação Especial encontra-se em vários âmbitos,
P6
estão todos têm que ter essa concepção de estrutura física e comunicação de atitudes
para se fazer uma sociedade inclusiva.
Minha visão sobre Educação Inclusiva é como o próprio nome diz, é incluir essa é uma
educação para todos, é respeitar as diferenças ter um olhar diferenciado para cada um
independente do de ter uma deficiência ou não. O que eu vejo sobre Educação
P7
Inclusiva é isso, não só respeito a criança com deficiências, mas as diferenças que cada
um tem cultural, familiar seja o que for, a história de cada um, respeitar a história das
crianças e de todos os estudantes.
Fonte: Elaborado pela autora (2023).
86
Especial, e que busca promover a participação plena no ensino regular e o aprendizado de
todos os estudantes, independentemente de suas diferenças e necessidades.
A Educação Inclusiva tem como premissa os direitos humanos, que conjugam
“igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à ideia de
equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão
dentro e fora da escola” (Brasil, 2008, p. 1).
Esse viés dialoga com os estudos de Mantoan (2003), que define a Educação
Inclusiva como um modelo de educação que integra todas as crianças sem fazer nenhuma
distinção e as escolas regulares que são inclusivas devem propor a organização do sistema
educacional para que possar atender as necessidades apresentadas por diferentes
estudantes.
Nesse mesmo sentido, discute-se, no Eixo 12, qual a concepção de educação
especial que as participantes da pesquisa possuem, e as respostas estão presentes no
Quadro 16, a seguir.
87
Contribuindo com discussão deste eixo, compreende-se a Educação Especial como
uma modalidade de ensino que abrange todos os níveis, etapas e modalidades
educacionais. Ela oferece atendimento educacional especializado, disponibiliza recursos e
serviços, e orienta sobre sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas
regulares do ensino comum (Brasil, 2008).
Nesse sentido, as participantes demonstram que a compreendem como uma
modalidade de ensino, mas tal entendimento parece vir mais da formação da SME do que
da experiência em Atendimento Educacional Especializado (AEE), de forma complementar
e suplementar, atendendo às necessidades específicas do público-alvo com deficiência.
Esse atendimento especializado é projetado para apoiar os bebês e crianças em suas
atividades educacionais regulares, garantindo que suas necessidades individuais sejam
atendidas de maneira plena e equitativa. Compreende-se que a Educação Especial
representa uma modalidade educacional desenvolvida para atender especificamente a
estudantes com necessidades especiais.
Nesse viés, é de extrema relevância considerar a importância da Nota Técnica
Conjunta nº 02/2015, sobretudo por seu enfoque na relação entre o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) e a Educação Infantil. Esse documento destaca que a
principal responsabilidade do professor de AEE, nessa etapa do ensino, reside em
promover a plena participação das crianças com deficiência em todos os espaços da
instituição, através da implementação de práticas que levem em conta o desenvolvimento
global da criança e da capacidade de eliminar as barreiras existentes.
A oferta de serviços de educação especial para apoiar a inclusão das crianças com
deficiência na Educação Infantil requer a criação de políticas públicas que considerem a
especificidade dessa etapa da educação básica. Isso inclui o reconhecimento do papel
crucial do Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola, conforme estabelecido pela
Resolução CNE/CEB nº 4/2009, em relação à implementação da educação inclusiva. Isso
alinha-se com as diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (2008) e com as orientações da Nota Técnica Conjunta nº
02/2015/MEC/SECADI/DPEE-SEB/DICEI, que visam garantir o acesso, a permanência e
a participação plena das crianças com deficiência, desde a idade de zero a três anos, nas
creches, e dos quatro aos cinco anos na pré-escola, assegurando seu desenvolvimento
integral.
88
A implementação do Atendimento Educacional Especializado (AEE) deve ser
disponibilizada para a criança desde a primeira etapa da educação básica, com o Projeto
Político-Pedagógico (PPP) desempenhando um papel orientador crucial na abordagem
pedagógica. Sob a perspectiva da educação inclusiva, o PPP deve considerar a diversidade
desses estudantes, promovendo uma educação que valorize as diferenças e respeite as
habilidades e singularidades individuais.
As abordagens são complementares e são vistas como necessidades fundamentais
nas instituições educacionais, o que também transparece nos depoimentos das
participantes. O conceito de Educação Inclusiva transcende os grupos de estudantes
atendidos pela Educação Especial. Ela promove e luta pelo envolvimento de todos os
indivíduos no processo de ensino-aprendizagem, independentemente de suas necessidades
especiais, classe social, cultura, raça, cor, gênero e outros aspectos diversos.
Por fim, ao observar os resultados da análise interpretativa dos dados, é possível
perceber que eles revelaram sintonia com a questão problema e os objetivos da pesquisa. A
partir dessa premissa, compreender a essência de uma gestão inclusiva implica questionar
constantemente, buscar parcerias interdisciplinares e colaboração com a rede de apoio,
enquanto também se assegura o cumprimento das normativas vigentes.
É crucial enfatizar a importância de discutir todas as intenções do projeto político-
pedagógico, que desempenha um papel fundamental como instrumento teórico-
metodológico da escola, esclarecendo o que será feito, por que será feito, para que será
feito e para quem será feito, com um foco em todas as crianças, especialmente aquelas
cujas necessidades são acometidas por suas deficiências.
89
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
90
A análise foi estruturada em núcleos temáticos que foram desenvolvidos para
atender aos objetivos da pesquisa e emergiram dos dados coletados por meio das
entrevistas com a equipe gestora. A discussão dos dados foi conduzida através da inter-
relação entre as respostas das participantes e a literatura consultada, visando a
compreensão do problema e dos objetivos da investigação.
Os resultados indicaram que a gestão escolar na perspectiva da Educação Inclusiva
representa um estudo, via formação da equipe gestora, essencial para promover o acesso e
a permanência de crianças com deficiência na Educação Infantil. pois é necessário
construir uma concepção sólida e reflexiva de uma escola inclusiva. Desse modo, será
possível motivar e sensibilizar toda a comunidade a fim de atender às necessidades e
expectativas daqueles que veem a escola como um espaço de inclusão e ascensão social
por meio da construção do conhecimento.
Para efetivar uma visão inclusiva da escola, é essencial que gestores e professores
recebam formação adequada. Além disso, é crucial observar e ouvir aqueles que estão
envolvidos no cotidiano escolar, identificando suas necessidades e preocupações
relacionadas à implementação da Educação Inclusiva.
Esta pesquisa identificou avanços na viabilidade da articulação realizada pela
equipe gestora para a implementação de uma escola inclusiva. No entanto, no que diz
respeito à inclusão de crianças com deficiência, são necessárias ações mais direcionadas e
coordenadas para construir experiências que promovam a cultura inclusiva. Esse trabalho
é, por natureza, democrático, pois envolve participação, colaboração, ações coletivas e
discussões em toda a comunidade escolar. Além disso, a inclusão abre novas perspectivas
nas relações sociais, enfatizando a importância dos encontros entre as pessoas, na
igualdade e na diferença.
A possibilidade desses encontros não apenas favorece a articulação entre gestores
do ensino regular e sala de recursos de outras unidades, mas também permite que os
próprios gestores troquem experiências e estratégias de ensino que possam ser adaptadas à
realidade da escola. Portanto, os resultados deste estudo destacam a importância da
formação continuada para gestores e professores, bem como a necessidade de promover
uma cultura inclusiva na escola.
A construção de uma escola inclusiva requer igualmente o apoio às Unidades
Educacionais, englobando a equipe gestora, os professores e toda a comunidade educativa.
Apesar de os princípios estarem bem delineados nas normativas de Educação Inclusiva da
91
RME, nem sempre estes se traduzem de forma eficaz no dia a dia escolar.
Como resultado deste trabalho, esperava-se identificar facilidades, desafios e metas
para elaborar diálogos e estratégias formativas que solidificassem uma escola inclusiva, os
quais seriam direcionados para a estruturação de processos formativos destinados a
professores e gestores.
Para tanto, a abordagem consistiu na construção de um plano de formação
continuada para a equipe gestora por meio da plataforma Microsoft Teams, aproveitando o
acesso já disponível via e-mail corporativo no Outlook. O plano de ação formativa foi
construído com base na realidade vivenciada pela pesquisadora, levando em consideração
as lacunas identificadas como barreiras para a concretização de uma escola inclusiva.
Após a coleta de dados, procedeu-se a análise interpretativa, identificando núcleos
temáticos emergentes das entrevistas. Essa interpretação foi guiada por princípios teóricos
que sustentaram esta pesquisa. Foi possível observar também que os trabalhos selecionados
destacam a importância da formação continuada dos gestores na criação de ambientes
inclusivos para bebês e crianças com deficiência nas instituições de Educação Infantil.
Também ressaltam a necessidade de uma compreensão mais profunda dos documentos
normativos a fim de garantir uma educação inclusiva de alta qualidade.
A revisão da literatura também aponta para a relevância de estudar os documentos
oficiais e investir na formação tanto dos gestores quanto dos professores como meios para
estabelecer ambientes inclusivos. Os estudos enfatizam que a verdadeira inclusão só pode
ocorrer por meio de um atendimento que vá além das dificuldades e atenda às necessidades
individuais das crianças.
Os trabalhos analisados convergem ao destacar a educação inclusiva como um meio
de promover uma abordagem educacional inovadora, que leve ao pleno desenvolvimento
das potencialidades humanas. Para concretizar uma visão inclusiva na escola, é
fundamental que gestores e professores recebam a formação adequada. Além disso, é
crucial ouvir a comunidade educativa e a família para compreender as necessidades e
preocupações daqueles envolvidos no cotidiano escolar em relação à implementação da
educação inclusiva
Contribuir com os gestores educacionais e pesquisadores da área da gestão
educacional é uma tarefa complexa e de ampla abrangência, que requer formação contínua
e aprofundamento constante dos conceitos e das leis que a regem. Isso é particularmente
relevante ao considerar a designação de gestores em diferentes níveis e modalidades de
92
ensino, com destaque para a Educação Infantil. Os gestores educacionais desempenham
um papel fundamental não apenas na educação das crianças mas também na formação dos
docentes que compõem a equipe, no apoio às crianças com deficiências e na promoção de
uma comunidade educativa coesa.
A preocupação com a qualidade da educação e o compromisso com a aprendizagem
integral das crianças são questões centrais que demandam atenção constante. Esta pesquisa
busca contribuir para o meio acadêmico investigando essas questões e sublinhando a
importância da gestão escolar como um pilar fundamental na promoção e na consolidação
da Educação Inclusiva. Além disso, incentiva as escolas a refletirem sobre suas práticas,
valorizando e reconhecendo as diferenças como atributos humanos essenciais. A busca por
políticas educacionais que fomentem a excelência em uma educação inclusiva e
comprometida com o desenvolvimento pleno dos bebês e crianças deve permanecer como
uma prioridade constante na agenda educacional da primeiríssima infância.
Por fim, a formação continuada, com a inserção de conteúdos relacionados à
educação inclusiva nas licenciaturas e em outros cursos de formação, tanto para gestores
educacionais como para futuros professores, é de suma importância em uma sociedade
inclusiva. Os gestores desempenham um papel crucial na promoção de ambientes escolares
inclusivos, na implementação de políticas inclusivas e no apoio a professores e equipes
pedagógicas na adaptação de suas práticas. Portanto, é relevante que os gestores sejam
formados para entender as complexidades e os desafios da inclusão, bem como para
desenvolver as habilidades necessárias para liderar uma escola inclusiva de maneira eficaz.
Da mesma forma, os futuros professores devem estar preparados desde o início de
sua formação acadêmica para atender a uma gama diversificada de estudantes, cada um
com suas próprias necessidades e potencialidades. Nesse sentido, a inclusão de tópicos
relacionados à educação inclusiva na formação de professores durante a licenciatura é
muito necessária. Isso prepara os futuros educadores para uma compreensão mais profunda
das necessidades dos estudantes com deficiência e para o desenvolvimento de práticas
pedagógicas que atendam a uma variedade de estilos de aprendizagem.
Dessa forma, a inclusão na formação de gestores e professores na licenciatura
contribui para uma educação mais equitativa e de qualidade, que atende às diversas
necessidades das crianças e promove a igualdade de oportunidades no ambiente
educacional. Isso não apenas beneficia os estudantes com deficiência mas também
contribui para uma sociedade mais justa, igualitária e inclusiva, onde todos têm a
93
oportunidade de participar plenamente na educação e na vida social.
INTRODUÇÃO
PRODUTO/MATERIALIDADE/RECURSO
94
Nesse viés, a plataforma Teams é eficaz, pois a equipe gestora já a utiliza a partir do
seu e-mail corporativo. Assim, as reuniões de formação aconteceriam nesse ambiente.
OBJETIVOS
ESTRUTURA
95
Aqui estão alguns elementos-chave da estrutura, em que cada módulo dos encontros
de formação será chamado de Temas Gerados pelos Dados (TGD):
TGD 1: O que é Educação Inclusiva e o que é Educação Especial?
Retirada de depoimentos dos Eixos 11 e 12.
Exploração dos princípios e conceitos da Educação Inclusiva, bem como das leis
e políticas que a orientam no contexto nacional e internacional.
TGD 2: Direitos como garantias para uma Educação Inclusiva. Direitos de quem?
Retirada dos depoimentos do Eixo 10.
Os direitos das crianças, da família, dos professores.
Direitos previstos na legislação e nos documentos curriculares.
TGD 3: Recursos e barreiras para a Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva
Retirada dos depoimentos dos Eixos 3, 4, 5, 7 e 8.
Identificação e superação de barreiras físicas, atitudinais e pedagógicas que
podem prejudicar a inclusão.
TGD 4: Envolvimento da Comunidade
Retirada dos depoimentos dos Eixos 1 e 2.
Estratégias para envolver pais, responsáveis e a comunidade na promoção da
inclusão escolar.
TGD 5: É brincando com os parceiros que se aprende – socialização de crianças.
Retirada do Eixo 9.
A brincadeira entre crianças enquanto potencializadora do desenvolvimento e do
processo de acolhimento e inclusão da criança.
TGD 6: Trabalho em Equipe
Engloba todos os Eixos.
Promoção da colaboração entre os membros da equipe gestora e outros
profissionais da escola para planejar e implementar ações inclusivas.
AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO
CONCLUSÃO
96
A formação continuada da equipe gestora escolar desempenha um papel crucial na
construção de uma escola inclusiva. Esta proposta visa formar a equipe gestora com os
conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para liderar o processo de inclusão na
escola e garantir que todas as crianças tenham a oportunidade de aprender e crescer juntos.
Com uma equipe gestora bem preparada, a escola estará mais próxima de consolidar uma
cultura inclusiva que beneficie toda a comunidade escolar.
97
REFERÊNCIAS
ALVES, P. H.; FERRAZZO, D. Gestão escolar e a proposta de uma escola inclusiva: o que
consta nos documentos oficiais. Saberes Pedagógicos, v. 5, n. 2, 2021. Disponível em:
<https://doi.org/10.18616/rsp.v5i2.6285>. Acesso em: 05 set. 2022.
BLANCO, R. Aprendendo na diversidade: Implicações educativas. Foz do Iguaçu: 2003.
BOAVENTURA, R. S. A gestão escolar na perspectiva da inclusão. 2008. 123f.
Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas) – Universidade do Oeste Paulista,
Presidente Prudente, 2008.
BORGES, A. L. Formação continuada de gestores na Educação Infantil na perspectiva
da educação desenvolvente. Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022. Disponível em:
<http://hdl.handle.net/11449/234519>. Acesso em: 05 set. 2022.
BOSSI, T. J.; JUNGES, A. P. P.; PICCININI, C. A. Fatores que interferem no processo de
inclusão de bebês com deficiência física no berçário. Psicologia Escolar e Educacional
[online]. 2018, v. 22, n. 2, pp. 377-384. Disponível em: < https://doi.org/10.1590/2175-
35392018011348>. Acesso em: 29 jul. 2022.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial,
1988.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Lei Nº. 7.853, de 24
de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua
integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência – Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas
pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras
providências. Brasília/DF, 1989.
BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Brasília/DF, 1990. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 2 maio 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de
Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf>. Acesso em: 2 maio 2023.
BRASIL. Lei nº 9.3945, de 20 de novembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Brasília/DF, 1996.
BRASIL. Decreto Nº 3.956, de 8 de outubro de 2001. Promulga a Convenção
Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas
Portadoras de Deficiência. Guatemala: 2001a. Disponível em:
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/d3956.htm>. Acesso em 02 set. 2018.
BRASIL. Lei nº 010172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação
e dá outras providências. Brasília/DF, 2001b. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/L10172.pdf>. Acesso em 2 maio 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução nº 2,
CNE/CEB 2001. In: BRASIL. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na
Educação Básica. Brasília: MEC; SEESP, 2001c. p. 68-79.
98
BRASIL. Presidência da República. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Plano
Nacional de Educação em Direitos Humanos. Brasília: MEC/SEDH, 2006.
BRASIL. Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Plano Nacional de
Educação em Direitos Humanos / Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. –
Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Ministério da
Justiça, UNESCO, 2007. 76 p.
BRASIL/SEE/MEC. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva. Brasília/ DF, 2008. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf >. Acesso em: 2 maio
2023.
BRASIL. Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para
o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação
Especial. Brasília/DF, 2009a. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf. Acesso em: 2 maio 2023.
BRASIL. Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009. Promulga a Convenção
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo,
assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Brasília/DF. 2009b. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/ decreto/d6949.htm>. 2 maio
2023.
BRASIL. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, de 30 de março de
2007. Protocolo Facultativo a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência:
Decreto Legislativo nº 186, de 09 de julho de 2008; e Decreto Executivo nº 6.949, de 25 de
agosto de 2009.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais. Brasília: Conselho Nacional de Educação:
2009.
BRASIL. Conferência Nacional de Educação – Documento Final. Brasíla/DF: CONAE,
2010a. Disponível em: <http://pne.mec.gov.br/images/pdf/CONAE2010_doc_final.pdf>.
Acesso em 2 maio 2023.
BRASIL. Projeto de Lei 8035/2010. Estabelece o Plano Nacional de Educação - PNE para
o decênio 2011-2020, e dá outras providências. Brasília/DF. 2010b. Disponível em:
<http://fne.mec.gov.br/images/pdf/notas_tecnicas_pne_2011_2020.pdf>. Acesso em 2 maio
2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares
nacionais para a Educação Infantil. Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC,
SEB, 2010. Disponível em:
<http://www.uac.ufscar.br/domumentos1/diretrizescurriculares_2012.pdf>. Acesso em: 20
out. 2022.
BRASIL. Decreto nº 7.612 de 17 de novembro de 2011. Institui o Plano Nacional da
Pessoa com Deficiência – Plano Viver sem Limite. Brasília/DF, 2011. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7612.htm>. Acesso
em 26 de mai 2023.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013.
Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras
99
providências. Brasília/DF, 2013. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12796.htm>. Acesso em
20 ago. 2022.
BRASIL. Lei nº. 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação e
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 jun. 2014 – Edição Extra.
Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm>. Acesso
em: 09 ago. 2022
BRASIL. Congresso Nacional. Lei Nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, DF,
2015. 42p. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>. Acesso
em: 26 ago. 2022.
BRASIL. Nota Técnica Conjunta n. 2, de 4 de agosto de 2015. Orientações para
organização e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educação
Infantil. Brasília, 2015.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular-BNCC. Ministério da Educação, 2017.
Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 19 out. 2022.
BRASIL. Decreto nº 9.465, de 02 de janeiro de 2019. Aprova a Estrutura Regimental e o
Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do
Ministério da Educação, remaneja cargos em comissão e funções de confiança e transforma
cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS e Funções
Comissionadas do Poder Executivo – FCPE. Diário da União: seção 1- Edição Extra,
Brasília, DF, ano 157, n. 1-B, p. 6, 02 jan. 2019.
CAIADO, K. R. M.; MARTINS, L. S.; ANTÔNIO, N. D. R. A formação do professor
para educação especial no ensino superior: tema em debate. In: CONGRESSO
PAULISTA SOBRE FORMAÇÃO DE EDUCADORES, 9., 2007, São Paulo. Livro
Eletrônico... São Paulo: UNESP, 2007. p. 96-102. CD-ROM
CAIADO, K. R. M.; MARTINS, L. de S.; ANTONIO, N. D. R. A Educação Especial em
Escolas Regulares: tramas e dramas do cotidiano escolar. Revista Diálogo com Educação,
Curitiba, v. 9, n. 28, p. 621-632, set. /dez. 2008. Disponível em:
<http://www2.pucpr.br/reol/index.php/DIALOGO?dd1=2837&dd99=view>. Acesso em:
05 set. 2022.
CARNEIRO, R. U. C. Formação em serviço sobre gestão de escolas inclusivas para
diretores de escolas de Educação Infantil. 2006. 219 f. Tese (Doutorado em Ciências
Humanas) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2006. Disponível em:
<https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/2826>. Acesso em: 29 jul. 2022.
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Sobre princípios, políticas e práticas na área das
Necessidades Educativas Especiais. Brasília, DF: Coordenadoria Nacional para
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 1994. Disponível em:
<portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em: 02 ago. 2022.
DIAS, D. A. Inclusão da criança com deficiência na Educação Infantil: uma análise da
Base Nacional Comum Curricular. 2019. 47 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Psicologia) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2019.
100
DURAES, R. L.; MARTINS, I. C. Jogos e as brincadeiras na Educação Infantil na
perspectiva inclusiva: será que todos brincam? In: 2º Nexos Games, 2022, Fortaleza - CE.
Anais do 2º Nexos Games. Fortaleza - CE: Instituto Nexos, 2022. v. 1. p. 35-36.
DURAES, R. L.; MARTINS, I. C. As condições de Acesso e Permanência de Bebês e
Crianças com Deficiência em Instituições de Educação Infantil. In: 2º Congresso
Internacional de Investigação e Experiência Educativa, 2021, Arthur Nogueira -SP. Anais
do 2 Congresso Internacional de Investigação e Experiência Educativa. Arthr Nogueira -
SP: Unasp, 2021. v. 1. p. 1-3.
DURAES, R. L.; MARTINS, I. C. O olhar da equipe gestora sobre a permanência de bebês
e das crianças com deficiência em instituições de Educação Infantil do município de São
Paulo A educação em perspectiva no contexto pós-pandêmico (2023 : São Caetano do Sul,
SP) Anais [recurso eletrônico] IV Seminário de Políticas e Gestão Educacional III
Congresso de Pós-graduação Stricto Sensu Profissional em Educação – ConProEduc /
Editores Ana Silvia Moço Aparício, Marco Wandercil, Nonato Assis de Miranda, Paulo
Sérgio Garcia, Sanny S. da Rosa – São Caetano do Sul : Universidade Municipal de São
Caetano do Sul - USCS, 2023. p. 440-444.
DURAES, R. L.; CARNEIRO, Ida Martins. As condições de acesso e permanência de
bebês e crianças com deficiência em instituições de Educação Infantil do município São
Paulo. In: Anais do 2 Congresso Internacional de Investigação e Experiência Educativa.
Anais... Engenheiro Coelho (SP) UNASP, 2021. Disponível em:
<https//www.even3.com.br/anais/CIIEE2021/399053-AS-CONDICOES-DE-ACESSO-E-
PERMANENCIA--DE-BEBES-E-CRIANCAS-COM-DEFICIENCIA-EM-
INSTITUICOES-DE-EDUCACAO--INFANTIL-D>. Acesso em: 30/06/2023 20:16
DURAES, R. L.; DEL-MASSO, M. C. S. É possível identificar alunos com altas
habilidades superdotação na modalidade de educação de jovens e adultos? In: Congresso
Internacional Movimentos Docentes, 2022, Diadema. É possível identificar alunos com
altas habilidades superdotação na modalidade de educação de jovens e adultos?
Diadema: V&V Editora, 2022. v. 4. p. 718-742.
DURAES, R. L.; MARTINS, I. C. O olhar da equipe gestora sobre a permanência dos
bebês e das crianças com deficiência em instituições de Educação Infantil do Município de
São Paulo. In: Congresso Internacional Movimentos Docentes, 2022, Diadema. O olhar
da equipe gestora sobre a permanência dos bebês e das crianças com deficiência em
instituições de Educação Infantil do Município de São Paulo. Diadema: V&V Editora,
2022. v. 2. p. 453-453.
DURAES, R. L.; MARTINS, I. C. O olhar da equipe gestora sobre o acesso e
permanência de bebês e das crianças com deficiência em instituições de Educação
Infantil. 1ed. Florianópolis: Instituto Scientia, 2023, v. 1, p. 1268-1269.
FLICK, Uwe. Introdução à pesquisa qualitativa. Tradução Joice Elias Costa – 3. ed. –
Porto Alegre: Artmed, 2009. 405 p.
GAIO, R.; DIAS, T. Escola inclusiva e formação de educadores: reflexões sobre a
realidade brasileira. Innovación Educativa, n.º 21, 2011: pp. 107-118 107.
GALVÃO, T. F.; PEREIRA, M. G. Revisões sistemáticas da literatura: passos para sua
elaboração. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 23(1):183-184, jan-mar 2014.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2019.
101
GIMENEZ, R. A inclusão de crianças com dificuldades motoras nas aulas de educação
física: o que fazer com o último a ser escolhido no time? In: GIMENEZ, R.; FREITAS, A.
(orgs.). Educação física inclusiva na Educação Básica: reflexões, propostas e ações.
Curitiba: CRV, 2015, p. 245-258.
GOMES, I. S.; CAMINHA, I. O. Guia de estudos de revisão sistemática: uma opção
metodológica para as Ciências do Movimento Humano. Movimento. Porto Alegre, v. 20,
n. 01, p. 395-411, jan/mar de 2014.
GONÇALVES, M. A. S. Sentir, Pensar, Agir: Corporeidade e Educação. Campinas:
Papirus, 1994.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo
Brasileiro de 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2012.
KRAMER, S.; NUNES, M. F.; CARVALHO, M. C. Educação Infantil: formação e
responsabilidade. Papirus Editora, 2017.
LIMA, M. A. C. de. A formação continuada de gestores da Educação Infantil:
possibilidades e limites do programa de formação "A Rede em rede" – a formação
continuada na Educação Infantil. 2016. 229 f. Dissertação (Mestrado em Educação) –
Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Paulo,
Guarulhos, 2016.Disponível em: <http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/39229>.
Acesso em: 29 jul. 2022.
LIMA, P. A. Educação Inclusiva e Igualdade Social. São Paulo: Avercamp, 2006.
LÜCK, H. Perspectivas da Gestão Escolar e Implicações quanto à Formação de seus
Gestores. In: Gestão Escolar e Formação de Gestores. Em Aberto. Brasília, v. 17, n. 72,
2000, p. 11-33.
LÜCK, H. Dimensões de gestão escolar e suas competências. Curitiba: Ed. Positivo,
2009.
LÜCK, H. A gestão participativa na escola. 11ª ed. Petrópolis: Vozes, 2013.
MAIA, E. T. da; PRZYLEPA, M; MIRANDA ARANDA, M. A. de. Conselhos gestores:
descentralização, controle social e participação. Pedagogia em Foco, v. 14, n. 11, 2019, p.
76-94.
MAKIDA–DYONISIO, C. ; MARTINS, I. C.; GIMENEZ, R. R. Inclusão escolar: uma
reflexão sobre a transição da Educação Infantil para o ensino fundamental. Comunicações
Piracicaba, v. 23, n. 2, p. 207-224 . Disponível em:
<https://www.metodista.br/revistas/revistas-unimep/index.php/comunicacoes/article/view/
2819/1760>. Acesso em: 03 de maio de 2023.
MANTOAN, M. T. E. O verde não é azul listrado de amarelo: considerações sobre o uso
da tecnologia na educação/reabilitação de pessoas com deficiência. In: Espaço, n. 13,
junho 2000, p. 55-59.
MANTOAN, M. T. E. Educação Especial na Perspectiva Inclusiva: O Que Dizem os
Professores, Dirigentes e Pais. Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial,
2(1), 23- 42, 2015.
MANTOAN, M. T. E. Inclusão, diferença e deficiência: sentidos, deslocamentos,
proposições. Inclusão Social, v. 10, n. 2, 2017. Disponível em:
<http://revista.ibict.br/inclusao/article/view/4030>. Acesso em: 29 jul. 2022.
102
MANTOAN, M. T. E. O direito de ser, sendo diferente, na escola. Centro de Estudos
Judiciários do Conselho da Justiça Federal. v. 8, n. 26, jul/set, 2004.
MANTOAN, M. T. E. O Sentido das Diferenças. Inclusão Social, Brasília, DF, v. 4, n. 2,
p.103- 104, jan./jun. 2011.
MANTOAN, M. T. E. PRIETO, Rosângela Gavioli. Inclusão Escolar: pontos e
contrapontos. São Paulo: Summus, 2006. p.103
MAUCH, C. A gestão de uma escola pública de Educação Infantil inclusiva–ampliando
olhares. [Online]. 2017. Disponível em:
<https://fundacaogrupovw.org.br/wp-content/uploads/2020/05/Artigo_GestaoEscolar.pdf>.
Acesso em: 29 jul. 2022.
MAZZOTA, Marcos José da Silveira. Fundamentos de educação especial. São Paulo:
Pioneira, 1982
MESQUITA REINEHR, M. M. de; RIPA, R. O papel da gestão escolar na construção da
Educação Infantil inclusiva. v. 7, n. 13, 2022. Revista Estudos Aplicados em Educação –
REAe. Disponível em: <https://doi.org/10.13037/rea-e.vol7n13.8580>. Acesso em: 03 de
ago. 2022.
MINAYO, M. C. de S. Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade. Ciência &
Saúde Coletiva [online]. Mar. de 2012,17(3), p. 621-626. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S1413-81232012000300007>. Acesso em: 10 de set. 2022.
NUNES, M. F.; KRAMER, S. Gestão pública, formação e identidade de profissionais de
Educação Infantil. Cadernos de Pesquisa, São Paulo: Fundação Carlos Chagas;
Campinas: Autores Associados, v. 37, n. 131, p. 423-454, maio/ago. 2007a, p. 423-454.
NUNES, M. F.; KRAMER, S. Gestão municipal e formação: a Educação Infantil no estado
do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília: INEP, v. 88, n.
218, jan./abr. 2007b, p. 48-72.
ODANI, J. A. G. Educação Inclusiva na primeira infância em creches públicas. 2019.
111 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus,
2019.
OLIVEIRA, A. A. S.; DRAGO, S. L. S. A gestão da inclusão escolar na rede municipal de
São Paulo: algumas considerações sobre o Programa Inclui. Ensaio: Avaliação e Políticas
Públicas em Educação. Fundação CESGRANRIO, v. 20, n. 75, p. 347-372, 2012.
Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/29845/S0104-
40362012000200007.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 21 jul. 2022.
OLIVEIRA, D. A. O trabalho docente na América Latina: Identidade e profissionalização.
Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 2, n. 2-3, p. 29-39, jan./dez. 2008. Disponível em:
<http//www.esforce.org.br>. Acesso em: 29 jul. 2022.
PACHECO, J.; EGGERTSDÓTTIR, R.; MARINÓSSON, G. L. Caminhos para a
Inclusão: um guia para o aprimoramento da equipe escolar. Porto Alegre: Artmed, 2007.
PADILHA, A. M. L. Práticas pedagógicas e a inserção sócio-cultural do deficiente: a
complexidade da proposta. In: MANZINI, E. J. (Org.). Inclusão e acessibilidade. Marília:
ABPEE, 2019. p. 43-50.
PADILHA, A. M. L.; OLIVEIRA, I. M. Educação para todos: as muitas faces da
inclusão. Campinas: Papirus, 2013.
103
PADILHA, A. M. L. Inclusão social e escolar das pessoas com deficiência intelectual: do
direito e do dever, dos fundamentos e da práxis. In: OLIVEIRA, A. A. S. et al. (Orgs.).
Educação Especial e inclusiva: contornos contemporâneos em educação e saúde.
Curitiba: CRV, 2018, p.53-71.
PADILHA, E. S. A Implementação de políticas públicas de inclusão escolar no ensino
municipal de Santana do Livramento: integração ou inclusão?. Trabalho de conclusão de
curso apresentado ao curso de Tecnologia em Gestão Pública. Santana do Livramento:
Unipampa, 2019.
PAGAIME, A.; MELO, D. C. F. Vamos falar de capacitismo na escola? In: DRAGO, R.;
ARAÚJO, M. P. M.; DIAS, I. R. Inclusão de pessoas com deficiência e transtornos
globais do desenvolvimento em espaços tempos educativos: reflexões e possibilidades.
Campo dos Goytacazes (RJ): Encontrografia, 2021, p. 42-57.
PARO, V. H. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática. 2001.
PARO, V. H. As Funções da Escola, a Estrutura Didática e a Qualidade do Ensino. In:
PARO, V. Gestão Escolar, Democracia e Qualidade do Ensino. São Paulo: Ática. 2007,
p. 33-81.
PINHEIRO, C. R. A gestão educacional inclusiva na escola. 2015. Disponível em:
<https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/EST_0f3218c1e505c07437ecab74e78aaabd>. Acesso
em: 24 de abr. 2023.
RODRIGUES, D. (org.). Inclusão e educação: Doze olhares sobre a Educação Inclusiva.
São Paulo: Summus, 2006.
RODRIGUES, David. Inclusão e Educação: doze olhares sobre a Educação Inclusiva. S.
Paulo, SP: Summus Editorial, 2006.
ROPOLI, E. A. et al. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: a escola
comum inclusiva. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial;
Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010. v. 1
ROSALEN, P. C.; CHALUH, L. N. O trabalho em parceria na Educação Inclusiva:
experiências na Educação Infantil. Revista Eletrônica de Educação, [S. l.], v. 14, p.
e3579065, 2020. Disponível em:
<https://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/view/3579>. Acesso em: 24 de
abr. 2023.
SAMPAIO, R. F.; MANCINI, M. C. Estudos de revisão sistemática: um guia para síntese
criteriosa da evidência científica. Rev. bras. fisioter., São Carlos, v. 11, n. 1, p. 83-89,
jan./fev. 2007.
SANTOS, A. N.; PEREIRA, R. Diretores de escola na implementação das políticas de
Educação Especial inclusiva em um município da Região Metropolitana de São Paulo.
RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. esp.
3, p. 2386-2404, nov. 2022.
SANTOS, M. T. C. T. Inclusão escolar: desafios e perspectivas. In: MANTOAN, M. T. E
(Org.). O desafio das diferenças nas escolas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. P. 152.
SÃO PAULO (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica.
Currículo da cidade: Educação Infantil. 1. ed. São Paulo: SME/COPED, 2019. 224p.
SASSAKI, R. K. Inclusão: acessibilidade no lazer, trabalho e educação. Revista Nacional
104
de Reabilitação (Reação), São Paulo, Ano XII, mar. /abr. 2009, p. 10-16.
SEKKEL, M. C.; ZANELATTO, R.; BRANDÃO, S. B. Ambientes inclusivos na Educação
Infantil: possibilidades e impedimentos. Psicologia em estudo, v. 15, 2010, p. 117-126.
Disponível em: <https://www.scielo.br/j/pe/a/kwHDPL8WVwdX85fGcvPxGmh/>. Acesso
em: 29 jul. 2022.
SILVA, M. C. F. O atendimento educacional especializado e o processo de
escolarização dos alunos com deficiência. 2015. 2015. f. Dissertação (Mestrado em
Educação). Universidade Federal da Fronteira Sul, Chapecó, 2015.
SILVA, M. F. M. C.; FACION, J. R. Perspectivas da inclusão escolar e sua efetivação. In:
Facion, José Raimundo (Org.). Inclusão escolar e suas implicações, 2. ed. rev. e atual.
Curitiba, Ibpex, 2009. p. 185-216
SILVA SANTOS, R. R. Gestão escolar para uma escola inclusiva: conquistas e desafios.
Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE,
Presidente Prudente, SP, 2011, 90f.
SILVA, W. A. O papel da gestão no cotidiano escolar na perspectiva inclusiva. 2018.
63f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Pedagogia) – Faculdade de
Educação e Ciências Sociais, Campus Universitário de Abaetetuba, Universidade Federal
do Pará, Abaetetuba, 2018. Disponível em: <http://bdm.ufpa.br/jspui/handle/prefix/1095>.
Acesso em: 24 de abr. 2023.
SME/SP. Decreto nº 57.379, de 13 de outubro de 2016. Institui, no âmbito da Secretaria
Municipal de Educação, a Política Paulistana de Educação Especial, na Perspectiva da
Educação Inclusiva. São Paulo/P, 2016a. Disponível em:
<http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/decreto-57379-de-13-de-outubro-de-2016>.
Acesso em: 28 jul. 2022.
SME/SP. [Portaria] SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO – SME, Portaria Nº
8.764 de 23 de dezembro de 2016. Institui no Sistema Municipal de Ensino a Política
Paulistana de Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva. São Paulo,
2016b.Disponível em: http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/portaria-secretaria-
municipal-de-educacao-8764-de-23-de-dezembro-de-2016. Acesso em: 28 jul. 2022.
SOUZA, F. D. Análise do Projeto Político-Pedagógico: o movimento em direção a uma
escola inclusiva. 2009. 158 f. Dissertação (Mestrado em Educação na área de
concentração: Educação Especial no Brasil) – Faculdade de Filosofia e Ciências,
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Marília. 2009. Disponível em:
<http://hdl.handle.net/11449/91200>. Acesso em: 05 jul. 2018.
SOUSA, S. M. Z. L.; PRIETO, R. G. A SAPNE como recurso de integração do aluno
deficiente mental na rede regular. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 22., 1999,
Caxambu. Anais... 1999.
SOUZA, S. F.; OLIVEIRA, M. A. M. Políticas para a inclusão: ênfase na formação de
docentes. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 32., 2009, Caxambu. Anais… 2009.
SOUZA, M. K.; SILVA SANTOS, L. P.; MELO, R. M. Diretrizes de implementação para
Sistemas de Gestão da Qualidade em instituições de ensino sob o enfoque da Educação
Inclusiva. Revista Educação Especial. Santa Maria, 2021, v. 34, p. 1-19. Disponível em:
<https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial>. Acesso em 27 abr. 2023.
105
SOUZA, B. C. S. Programa INCLUIR: uma iniciativa governamental de Educação
Especial para a educação superior no Brasil (2005 – 2009). Dissertação (Mestrado em
Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 2010.
STAINBACK, S.; STIANBACK, W. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre:
Artmed, 1999.
TEZANI, T. C. R. Os caminhos para a construção da escola inclusiva: a relação entre a
gestão escolar e o processo Universidade Federal de São Carlos. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, 2004.
TEZANI, T. C. R. Gestão escolar: a prática pedagógica administrativa na política de
Educação Inclusiva. Educação UFSM, v. 35, n. 02, p. 287-301, 2010.
UNESCO. Declaração mundial sobre educação para todos e plano de ação para
satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. Jomtien, Tailândia: UNESCO,
1990.
UNESCO. Marco da educação 2030: Declaração de Incheon. Incheon, Coréia do Sul:
UNESCO, 2015.
VEIGA, L. C. L. O Papel do Gestor Escolar no Processo de Inclusão de Alunos com
Necessidades Educativas Especiais. Brasília/DF, 2014. Disponível em:
<https://bdm.unb.br/bitstream/10483/9198/1/2014_LigiaCorreaLustosadaVeiga.pdf>.
Acesso em: 01 ago. 2022.
106
APÊNDICE 1 – Roteiro da Entrevista
GESTÃO INCLUSIVA
1. Como é feito o acolhimento do bebê ou criança com deficiência quando estes procuram
a instituição? Qual a sua função no processo?
2. Como é encaminhado a inclusão do bebê ou da criança com deficiência junto aos seus
professores? Qual a sua função no processo?
3. Como é encaminhado a inclusão do bebê ou da criança com deficiência junto aos seus
funcionários? Qual a sua função no processo?
4. Como é orientado a inclusão do bebê ou da criança com deficiência junto a outras
crianças? Qual a sua função no processo?
5. Me fale sobre o processo de comunicação entre a família e a escola. Como a família é
inserida no processo de inclusão do bebê ou da criança com deficiência? Qual a sua
função no processo?
6. Que tipos de recursos a instituição oferece para apoiar a inclusão do bebê ou da criança
com deficiência?
7. Quais tipos de recursos faltam para a instituição apoiar a inclusão do bebê ou da
criança com deficiência?
8. Como as normativas municipais facilitam ou dificultam o trabalho da gestão escolar
para uma Educação Inclusiva?
9. Quais os maiores desafios e dificuldades para a implementação de uma escola inclusiva
para a permanência do bebê ou da criança com deficiência?
10. Quais os maiores desafios e dificuldades para a implementação de uma escola inclusiva
para a permanência do bebê ou da criança com deficiência para a equipe gestora?
11. Qual a realidade de sua escola dentre recursos tecnológicos, mobiliário, brinquedos
para a permanência do bebê ou da criança com deficiência?
12. Quais barreiras para a inclusão de bebês e crianças a equipe gestora se depara
cotidianamente?
13. Concepção de Educação Inclusiva
14. Concepção de Educação Especial
107