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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO RELATOR
DESTE EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
Impetrante: CAMILA Paciente: GUILHERME Autoridade Coatora: MM Juiz de Direito da 1 Vara de Criminal da Cidade e Comarca de 0000000000/SP.
Processo n° 21760000000000000000
“A regra é a liberdade, a prisão é exceção. A culpa
do réu não se presume antes da condenação definitiva. A custódia, antes da sentença final, só se justifica em hipóteses extremas, previstas em lei, cujo texto, não comporta interpretação extensiva em desfavor da liberdade das pessoas. (HC 508/419)”;
CAMILA brasileira, advogada, inscrita na OAB-SP
sob o nº 100000, com escritório na Rua 000000000, cidade de Birigui, nesta Capital, onde recebe intimações, vêm com o devido respeito e acatamento perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, inciso LXVIII da Constituição Federal, artigo 647 e seguintes do Código de Processo Penal c/c artigo 7º da Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de San José da Costa Rica (1969) – aprovado pelo governo brasileiro através do Decreto Legislativo nº 678/92, nos termos do art. 5º, §2º da Constituição Federal, impetrar a presente ordem de:
HABEAS CORPUS LIBERTÁRIO COM PEDIDO LIMINAR
em favor de GUILHERME 000000000000000000, na cidade de Birigui/SP,
em face do Excelentíssimo Doutor Relator REINALDO CINTRA, da 7ª Câmera de Direito Criminal, aqui tecnicamente designado Autoridade Coatora, pelas razões de fato e de direito que passa a expor.
I - DOS FATOS
Consta da denúncia que o Paciente, supostamente, teria
infringido o artigo 33, caput da Lei 11.343/06, em 00 de fevereiro de 0000 às 17hh43min, na Rua João 00000000000000 na cidade de Birigui/SP. Consta da referida denúncia que, no horário e data supracitados, Vitor e Guilherme , agindo em concurso e com unidade de desígnos, guardavam e tinham em depósito 9,28 gramas de cocaína, fracionados em 13 (treze) invólucros plásticos, além de 347 (trezentos e quarenta e sete) “epeendorfs” vazios, um telefone celular marca Galaxy J7, além de R$1.560,00 (mil e quinhentos e sessenta reais), sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
Em contraste com as acusações proferidas, o Paciente
esclareceu que apenas pediu para que VITOR que é amigo de infância do paciente, pois seus familiares se conhecem e ambos residem próximos, lhe desse uma carona da oficina onde deixaria o seu carro instalando aparelhagem de som até a sua residência para que não precisasse retornar a pé, uma vez que o veiculo permaneceria na oficina. Após chegar na residência do VITOR, o paciente buscou um refrigerante para que ambos tomassem enquanto VITOR terminava as suas obrigações para poder sair e acompanhar o paciente ate a referida oficina.
Neste período a residência de VITOR foi invadida por
policiais da Cidade de ARAÇATUBA, comarca vizinha a residência em questão para cumprir mandado de busca e apreensão na residência, bem como contra VITOR, uma vez que existia investigação em face a este.
Nota-se que nos documentos existem nos autos, bem
como pelos testemunhos colhidos, além do que foi apreendido, NADA FOI ENCONTRADO EM POSSE DE GUILHERME, bem como em seu veiculo, ou em sua residência, a testemunha FEIO, deixou claro que não conhece o paciente, bem como os policiais informaram tanto na delegacia, quanto em juízo que não existia nenhuma denuncia ou investigação contra GUILHERME, bem como o mesmo a todo momento colaborou com a ação dos policiais.
É patente que durante toda a instrução criminal o VITOR
proprietário e residente no imóvel assumiu toda a propriedade dos objetos apreendidos, tendo inclusive o seu genitor que é policial aposentado, informado de que as armas e passarinhos também apreendidos no imóvel eram de sua propriedade, nada tendo com os acusados.
Autuada a Prisão em Flagrante, não houve manifestação
do Ministério Público pela conversão em Prisão Preventiva, contudo a M.M Juíza de Direito Cassia de Abreu, proferiu decisão às fls. 84/86 do processo principal convertendo a prisão em flagrante em preventiva, sem dar uma fundamentação adequada sobre o caso, lastreando sua decisão na GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO, senão vejamos:
[...]Estão presentes os requisitos autorizadores da prisão
preventiva, em especial a garantia da ordem pública em face da periculosidade da conduta, bem como às circunstancias do delito, eis que o delito que ora se investiga causa desassossego à população ordeira desta Circunscrição Judiciária (artigo 312 do CPP). Primeiramente, observo que os autos comprovam que o decreto de prisão cautelar não apresenta qualquer vício que justufuqye sya revogação, razão pela qual deve-se manter o autuado VÍTOR DE ASSISVASQUES e GUILHERME CABULON no cárcere. O autuado foi preso em flagrante pela prática da conduta tipificada no art. 33, caput e §1º e artigo 35, caput, da lei 11.343/06, do Código Penal, crime equiparado a hediondo e que, em razão de sua natureza, causa natural insegurança junto à população local. A par de a Lei 11.464/07 haver retirado do art. 2º, II, da Lei de crimes hediondos a vedação expressa à concessão de liberdade provisória a delitos que tais, o que nos autorizaria conceder tal benesse ao acusado, vislumbro que no presente caso a prisão cautelar se impões. A lei nº 11.464/07 genérica que é não prevalece, pois, sobre a especial (lei nº 11.343/06), caso em que a proibição nos afigura ainda presente. [...] A própria gravidade da infração, ou antes, as circunstâncias em que foi cometida, podem determinar a justificação para a prisão cautelar. No mais das vezes, condutas reputadas hediondas causam séria repercussão no meio social, tornando-se necessária a prisão do acusado já no curso do processo para salvaguarda da ordem pública. Observo que, no caso em rela, a considerável quantidade de entorpecente apreendido em pode do autuado sinaliza que a incolumidade pública se viu seriamente abalada com a sua conduta, já que a droga poderia ter sido distribuída a um número indeterminado de pessoas. [...] De rigor, portanto, a prisão preventiva-conversão prevista no artigo 310, inciso II, do CPP. [...]”
Nesse contexto, houve pedido para revogação da prisão
em flagrante do paciente, uma vez que não havia qualquer condenação contra o mesmo, já que se trata de pessoa viciada em drogas e não comerciante de tais ilícitos.
Ocorre que o pedido fora indeferido baseando-se na
manifestação do M.P. que juntou sentença condenatória que não havia sido sequer publicada em diário oficial, ou seja, não poderia ser utilizada como prova, INCLUSIVE tal sentença fora reformada por este tribunal tendo substituída a pena privativa de liberdade em restritiva de direitos.
O paciente desde sempre afirmou e assumiu ser
dependente químico, fato que poderia facilmente ter sido comprovado através de exame toxicológico por varias vezes solicitado, contudo não realizado. Insta salientar ainda que mesmo após a juntada da informação sobre a substituição da pena, bem como o real investigado ter sido posto em liberdade haja vista a fragilidade das provas existentes nos autos, o juiz de primeira instancia mais uma vez negou o pedido de revogação da prisão preventiva imputada ao paciente.
MM. Ministro Relator, constata-se que o ilustríssimo
Juiz de Direito a quo, indeferiu o pleito, sob fundamentação abstrata da gravidade do delito, saúde publica e equiparação do delito a crime considerado como hediondo.
Ora, nobre Ministro Relator, não se pode permitir que
seja mantida prisão preventiva em face de um réu tecnicamente primário a época dos fatos, uma vez que sua sentença não havia sequer sido publicada, muito menos transitada em julgado para que fosse utilizada como parâmetro para conversão da prisão em flagrante em preventiva.